Noites nada mornas de Dina Salústio

download Noites nada mornas de Dina Salústio

of 6

Transcript of Noites nada mornas de Dina Salústio

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    1/6

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    2/6

    Noites nada mornas de DinaSalústio: a oportunidade do diálogo

     Maria Teresa Salgado (UFRJ)

    RESUMO

     A partir de alguns dos contos de  Mornas eram as noites , da ficcionista cabo-verdiana DinaSalústio, procuro discutir, com auxílio de Walter Benjamin e Tvetan Todorov, asdeclara!"es de algumas escritoras africanas na contemporaneidade# $efiro-me n%o s& aSalústio, mas tamb'm a poetas e ficcionistas africanas (ue testemun)am sua dificuldadeem assumir-se como escritoras na atualidade, reivindicando a condi!%o de contadoras deest&rias ou porta-voes de experi*ncias, atestando, dessa forma, uma valoria!%o daemo!%o# +oncluo (ue os contos de Salústio renovam significativamente a fic!%o cabo-

     verdiana, dramatiando a tens%o entre fic!%o e sociedade, por meio de um narrador

    absolutamente comprometido com as experi*ncias das personagens (ue flagra no mun-do circundante mul)eres, crian!as e )omens desvalidos -, ao mesmo tempo em (uepromovem uma releitura de temas tradicionais da literatura cabo-verdiana, comoinsularidade, evas%o e mis'ria#alavras-c)ave. Dina Salústio, valoria!%o da experi*ncia, narradora, tens%o, ficcionista#

     

     A vo de Dina Salústio destaca-se como uma das mais provocadoras da fic!%ocabo-verdiana do p&s-independ*ncia, mas n%o s A escritora navega pela poesia e peloensaio com maestria# Sua produ!%o vem despertando a crítica, (ue afirma (ue ela/inaugura uma nova maneira de dier o mundo a partir de +abo 0erde1 23456S,7888, p# 99:;#

    ncia parauma reflex%o sobre o papel da mul)er na contemporaneidade# 4 entusiasmo dapes(uisadora tem aumentado o número de admiradores da obra de Salústio no Brasil,gerando estudos como os de Sonia 5aria Santos, (ue, orientada por Simone, emdisserta!%o de mestrado, enfatiou a releitura inovadora (ue Salústio prop"e das

    tradi!"es culturais cabo-verdianas# Abordo, a(ui, apenas alguns dos contos ou cr?nicas de  Mornas eram asnoites , procurando salientar o comprometimento da narrativa na representa!%o de novassubjetividades no espa!o da literatura caboverdiana e africana#Diferente de epetela, 5ia +outo, @uandino, para citar apenas alguns dos escritoresafricanos (ue refletem sobre o seu processo ficcional e as t'cnicas aí envolvidas, Salústioparece n%o dar muito relevo ao papel de escritora, afirmando (ue n%o o considera comouma atividade separada da sua vida, como declara em entrevista concedida a 3omes em9. /Sou uma mul)er (ue escreve umas coisas1 ou ainda. /C%o s%o fic!%o, ' c= umencontro (ue ' verdade, um momento s&1 23456S, 7888, p#99;#

    6mbora a(ueles (ue con)ecem sua obra n%o ten)am a menor dúvida em rela!%o

    ao valor liter=rio de seus textos e a sua verdadeira dimens%o como fic!%o e poesia, difícildeixar de refletir sobre a concep!%o da cria!%o liter=ria (ue perpassa suas declara!"es,

      BRIL $evista do Cúcleo 6studos de @iteraturas ortuguesa e Africanas da EE, 0ol# 9, nF 9, Agosto de 788G 36

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    3/6

    Coites nada mornas de Dina Salústio. a oportunidade do di=logo

    bem como de algumas escritoras africanas# 6scritoras (ue n%o se assumem escritorasHescritoras (ue parecem se /desvincular1 do faer liter=rio para se apresentarem comoporta-voes de experi*ncias e de sentimentos de )omens e mul)eres#

     Tal posi!%o n%o ' nova na literatura e menos ainda no espa!o africano# I= vimossentimento semel)ante, no depoimento de uma das primeiras voes po'ticas da

    literatura mo!ambicana# Co'mia de Sousa, ao ser entrevistada por atricJ +)abal, aprop&sito do papel pioneiro de sua obra po'tica, Sangue negro, tentou diminuir a suaimport>ncia como escritora# D'cadas depois de Co'mia, aulina +)iiane, ficcionistamo!ambicana, cujas narrativas j= se projetaram al'm do espa!o africano, sendotraduidas em v=rios idiomas, tamb'm se negou como escritora, em diversas entrevistas,e insistiu no seu papel de /contadora de )ist&rias1# 

    Sabemos (ue essa atitude de se negar como escritor pode faer parte das v=riasestrat'gias (ue o autor emprega, seja para c)amar a aten!%o da crítica, seja pra constituiro seu pacto com o leitor, seja por (ual(uer outro motivo# Se n%o nos cabe levar suasdeclara!"es ao p' da letra, podemos, no entanto, especular sobre possíveis rela!"esentre seus depoimentos e suas obras# +om certea, as produ!"es liter=rias de Co'mia de

    Sousa, aulina +)iiane e Dina Salústio s%o diferentes em muitos aspectos, assim comodiferem as motiva!"es do seu negar-se como poetas ou ficcionistas# or outro lado, a vincula!%o entre a experi*ncia e a escrita, entre a vida e a obra, ' um dado (ue pareceunir essas tr*s mul)eres e talve mere!a ser mais detidamente avaliado# C%o pretendoa(ui sugerir uma associa!%o simplista entre vida e obra# arece-me, contudo, interes-sante, destacar o modo como essa valoria!%o da experi*ncia ou valoria!%o da emo!%ose manifesta na obra de tr*s escritoras de grande significa!%o, sobretudo numa 'poca em(ue se cultua tanto a figura do escritor#

     Tal sentimento levou-me a refletir sobre as palavras de Todorov na introdu!%ode  Nós e   os outros. A partir de um contato mais íntimo com as ci*ncias sociais, essebril)ante te&rico sentiu a necessidade de nutrir cada ve mais as suas pes(uisas a partir

    de suas experi*ncias pessoais, de suas convic!"es e simpatias, buscando uma liga!%omais estreita entre viver e dier# Ksso n%o significou, em nen)um momento, menosprecis%o ou renúncia ao princípio da ra%o na abordagem das ci*ncias )umanasHsignificou, antes, (ue se recusava a eliminar o (ue para ele constitui a especificidade detais ci*ncias, a comun)%o entre sujeito e objeto, entre fatos e valores# m pensamento(ue n%o se nutrisse da experi*ncia ou da emo!%o do pensador s& traria satisfa!%o Lsinstitui!"es burocr=ticas# 6m resumo, di o pes(uisador. como se ocupar do )umanosem tomar partidoM

    4 modo como Salústio nutre sua escrita a partir de suas experi*ncias pessoais 'exemplar, pois cada um dos g*neros pelos (uais navega gan)a for!a justamente gra!as aesse envolvimento (ue sua escrita parece preconiar# Co terreno do ensaio, por

    exemplo, salta aos ol)os o seu s&lido con)ecimento da )ist&ria da literatura cabo- verdiana e do sofisticado processo de cria!%o de seus escritores# Co texto /Ainsularidade na literatura cabo-verdiana1, por exemplo, ela fa uma sensível reflex%osobre a literatura do ar(uip'lago e suas rela!"es com o espa!o il)'u, levando-nos arefletir, tamb'm, sobre a integra!%o entre vida e obra, patenteada na sua pr&priaprodu!%o de modo t%o impositivo# 6is um trec)o. /### apesar de a escrita n%o ser ummodo de gan)ar a vida, o il)'u exercia-a como modo de viver a vida, com extremoengajamento, n%o se dedicando exclusivamente a ela geralmente por impossibilidade deescol)a1 2SA@NSTK4, 9G, p OO;# A escrita torna-se, a partir dessa &tica,inevitavelmente, uma atividade de alto comprometimento#

    ara Salústio, a insularidade revela-se como uma for!a avassaladora no universo

    cabo-verdiano (ue envolve a condi!%o do escritor-il)'u, sempre dominado por seuespa!o, num cen=rio marcado pelo sentimento de isolamento, de injusti!a, de solid%o e

      BRIL $evista do Cúcleo 6studos de @iteraturas ortuguesa e Africanas da EE, 0ol# 9, nF 9, Agosto de 788G 37

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    4/6

    5aria Teresa Salgado

    de angústia, mas tamb'm, em contrapartida, um espa!o (ue alimenta v?os de amplitude,de desejo, de liberdade e de solidariedade, marcas t%o caras L literatura cabo-verdiana(ue, segundo a escritora, tornam-se um legado L literatura universal, uma ve (ue ossentimentos de fragilidade, solid%o e angústia configuram conflitos (ue encontram ecoem (ual(uer parte do planeta#

    6m  Mornas eram as noites,  livro de cr?nicas ou mini-contos escrito em 9,percebemos em (ue medida esse espa!o funciona como um elemento (ue exacerba osconflitos )umanos e, por isso mesmo, pode ser visto como mat'ria prima passível de sertransformada para novos v?os liter=rios ou novas representa!"es da subjetividade nanarrativa de Salústio#

     A palavra morna, como aponta Simone +aputo 3omes, abre-se para muitossignificados. permite-nos a associa!%o entre prosa e poesia, uma ve (ue ' /modalidademusical típica de +abo 0erde (ue veicula a poesia oral1 23456S, 7888, p# 99:;# Al'mde ser, tradicionalmente, um canto de mul)eres, muito cultuado em +abo 0erde, asmornas s%o verdadeiras cr?nicas vivas e expressivas da vida do cabo-verdiano, podendoexprimir a dor, a alegria, a nostalgia, os problemas existenciais, a esperan!a# 6nfim, trata-

    se de um g*nero musical de enorme plasticidade, (ue se diversifica em cada uma dasil)as do ar(uip'lago# A morna ' música da nacionalidade e da identidade cabo-verdiana23456S, 7888, p# 99:;H e ' signo, tamb'm, pensamos, de um sentimento deambigPidade, uma ve (ue a id'ia de mornid%o tanto pode sugerir um estado de tepideconfort=vel (uanto uma sensa!%o de passividade nada agrad=vel, diante da (ual ' precisoreagir, diante da (ual ' preciso, posicionar-se, tomar partido, como sugerem (uase todasas narrativas do livro#

     A maior parte das curtas )ist&rias constr&i-se como instant>neos de cenascontundentes, muitas vees angustiantes, algumas vees bem-)umoradas e outras veesat' plenas de son)o e esperan!a# +enas (ue envolvem (uase sempre mul)eres, cercadaspor circunst>ncias sociais como a pobrea, a doen!a, a viol*ncia, os preconceitos, mas

    tamb'm flagrantes (ue enfocam os espa!os dom'sticos e as sutis rela!"es entrefamiliares, amigos e con)ecidos# S%o )ist&rias (ue se voltam para as mais variadasclasses e tipos sociais, abra!ando personagens e cen=rios da sociedade cabo-verdiana,revelando-nos antes de tudo um narrador comprometido ao extremo com o mundocircundante, atento e sensível aos dramas (ue percebe a sua volta#

    Ca primeira )ist&ria, /@iberdade adiada1, uma mul)er miser=vel pensa em seatirar do barranco, en(uanto passam por sua cabe!a os mil motivos para terminar de vecom uma vida na (ual n%o )= nada a perder# Sentimentos ambíguos de &dio e amormesclam a paisagem ao seu corpo, tornando-os um s& elemento. /+omo seria ocora!%oM Teria mesmo a(uela forma bonita dos postais coloridosM Seriam todos oscora!"es do mesmo formatoM Ser= (ue as dores deformam os cora!"esM ensou em

    atirar a lata de =gua ao c)%o, esparramar-se no lí(uido, enc)arcar-se, faer-se lama,confundir-se com a(ueles camin)os (ue durante anos e mais anos l)e comiam a solados p's, l)e (ueimavam as veias, l)e roubavam as for!as1 2SA@NSTK4, 9, p# :;#

     Ap&s desistir do suicídio, a personagem corre em dire!%o L praia onde encontrar= onarrador# Eoi gra!as a esse encontro (ue a est&ria se transmitiu ao narrador (ue, por sua

     ve, p?de recont=-la a n&s leitores# 6 o conto termina. /Quando a encontrei na praia, elaesperando a pesca, eu atr=s de outros desejos, contou-me a(uele peda!o de sua vida, emresposta ao meu coment=rio de como seria bom montar numa onda e partir rumo aoutros destinos, a outros desertos, a outros natais1 2SA@NSTK4, 9, p# R;#

    4 discurso indireto livre favorece o clima de completa ades%o do narrador emterceira pessoa a essa personagem emblem=tica# A mul)er da )ist&ria n%o tem nome,

    pois representa, na verdade, n%o apenas todas as mul)eres (ue tiveram sua liberdadeadiada, mas tamb'm as crian!as, os jovens, os vel)os e os )omens cerceados em seus

      BRIL $evista do Cúcleo 6studos de @iteraturas ortuguesa e Africanas da EE, 0ol# 9, nF 9, Agosto de 788G 38

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    5/6

    Coites nada mornas de Dina Salústio. a oportunidade do di=logo

    mais profundos son)os#5ais uma ve, a imagem do mar, t%o recorrente na literatura cabo-verdiana, vem

    corroborar a sua for!a no imagin=rio do ar(uip'lago# 4 mar, como sempre, responde Lj= con)ecida e antiga ambival*ncia do il)'u. o eterno drama entre partir ficar# 5as agorao mar responde, tamb'm, a novos desejos e expectativasH volta-se, como lemos no final

    do primeiro conto, /rumo a outros destinos, outros desertos, outros natais1# preciso,portanto, faer emergir outras voes, (ue apontem camin)os e situa!"es n%o exploradasno imagin=rio cabo-verdiano#

    C%o ' L toa (ue esse primeiro conto se intitula /@iberdade adiada1# Aodenunciar a impossibilidade de realia!%o do desejo, a narrativa termina afirmando,paradoxalmente, a sua realia!%o# c)egado o momento de representar voes (ue at'ent%o n%o fora enunciadas# 0oes, em primeiro lugar, de mul)eres (ue falam das suasdores, de suas dúvidas, de suas vidas# 5as tamb'm (uais(uer outras voes (ue buscamconforto e o encontram na figura do narrador, (ue emergir=, (uase sempre, comonarrador-personagem, dialogando com os (ue at' ent%o n%o encontraram interlocutor,c)amando e provocando o leitor a con)ecer as personagens retratadas ou a nelas se

    recon)ecer#6m /A oportunidade do grito1 2SA@NSTK4, 9, p -G;, a personagem-narradora fa parte de um grupo de mul)eres (ue conversa sobre a necessidade deenfrentar os obst=culos da vida# Co conto em (uest%o, seu coment=rio final ' aprop&sito do praer de descobrir a coragem de uma das amigas, (ue incita a outra adesafiar at' mesmo Deus# A recusa de se entregar a fatalismos, determinismos ou(uais(uer outras ideologias (ue impon)am uma camisa de for!a ' uma t?nica, por sinal,de todos contos#

    6m /+ampe%o de (ual(uer coisa1, o tema ' o do ser e parecer, o da ridículanecessidade de nos apresentarmos sempre como figuras de sucesso# Trata-se, comoobserva Simone 3omes, de uma reflex%o sobre os comportamentos competitivos e

    mesmo agressivos (ue s%o esperados no tipo de sociedade em (ue vivemos 23456S,7888, p# 99;# 4 conto retrata uma interessante conversa entre um )omem (ue c)eganuma festa e uma mul)er (ue o recebe, sugerindo (ue ele escol)a um dos grupos decampe"es (ue se distribuem pela sala# Iuntos, os dois terminam analisando as m=scaras(ue criamos para cada um de nossos personagens sociais#

     Todas as micro-narrativas do livro tratam de temas j= bastante explorados pelaliteratura. a solid%o, o medo, a viol*ncia social, a mis'ria, a frustra!%o dos desejos eexpectativas# Co entanto, por mais dolorosas (ue sejam as cenas aí retratadas, o saldofinal ' o do mergul)o do narrador no texto, nutrindo-o a partir de suas experi*nciaspessoais, n%o como algu'm mais s=bio, mas como algu'm capa de captaradmiravelmente experi*ncias e emo!"es, compartil)ando-as com o leitor#

    +om certea, como di W# Benjamin 2B6CIA5KC, 9G:, p# 788; n%o vivemosmais em sociedades (ue permitem a figura do narrador como um s=bio, como a(uele(ue ' capa de dar um consel)o# 5as parece ser ainda possível encontrarmos narradores(ue acreditam (ue sua tarefa ' trabal)ar a mat'ria prima da experi*ncia, a sua e a dosoutros, num produto s&lido e único, como fa Dina Salústio em cenas curtas, por'mcontundentes# A escritora retira da sua pr&pria experi*ncia o (ue conta, incorporando onarrado L experi*ncia de seus ouvintes-leitores#

     0ale observar (ue a possibilidade de di=logo, instaurada em seus micro-contos,n%o significa nunca uma resposta para as angústias do leitor, mas antes uma sugest%opara a continua!%o de uma )ist&ria (ue est= sendo narrada e vivida, como nos explicaBenjamin 29GR, p# 788;# 6stamos diante da op!%o por se ocupar do )umano tomando

    partido# Talve daí decorra uma das dificuldades da escritora em se assumir comoficcionista# Afinal de contas, o ficcionista contempor>neo, o c)amado ficcionista p&s-

    BRIL $evista do Cúcleo 6studos de @iteraturas ortuguesa e Africanas da EE, 0ol# 9, nF 9, Agosto de 788G 39

  • 8/18/2019 Noites nada mornas de Dina Salústio

    6/6

    5aria Teresa Salgado

    moderno, nada teria a ver com a ficcionista de  Mornas eram as noites # elo menos se oconsiderarmos, conforme sugere Silviano Santiago, como /a(uele (ue (uer extrair a sida a!%o narrada, em atitude semel)ante L de um rep&rter ou de um espectador# 6le narraa a!%o en(uanto espet=culo a (ue assiste 2literalmente ou n%o; da plat'ia2###;12SACTKA34, 9G;# 4 narrador de  Mornas eram as noites  compromete-se com seus

    personagens, (uer dar vo Ls suas dores, confort=-los e at' provoc=-los, e n%o extrair-seda a!%o narrada# As )ist&rias de Dina Salústio n%o dramatiam mais a condi!%o da insularidade, o

    eterno drama do il)'u dividido entre o partir e o ficar, (ue marcou toda a forma!%o daliteratura cabo-verdiana, ou o anti-evasionismo defendido pelos escritores p&s-claridosos# +ontudo, seus textos, atestando a maturidade da literatura cabo-verdiana,promovem uma releitura da )ist&ria liter=ria do ar(uip'lago, ao mesmo tempo eminovam a fic!%o cabo-verdiana, redimensionando o papel do narrador comprometidocom o di=logo e com o interc>mbio das experi*ncias#

    (Entregue para publicaço em !arço"#$$7%

    &pro'ado em &bril"#$$7

    REFERÊNCIAS

    B6CIA5KC, Walter# /4 narrador1 Kn. Obras escolhidas. Magia e Tcnica, !rte e "ol#tica # 0ol#

    9, 7a# ed# S%o aulo. Brasiliense, 9GR#+