COMUNICAÇÃO INTEGRADA CIM48: COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MKT NIVEA VIVA ELIS.
NOS BASTIDORES: A COMUNICAÇÃO INTEGRADA COMO … · FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO...
Transcript of NOS BASTIDORES: A COMUNICAÇÃO INTEGRADA COMO … · FACULDADE INTEGRADA AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO...
1
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NOS BASTIDORES: A COMUNICAÇÃO INTEGRADA
COMO FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO EMPRESARIAL
Juliana Carvalho Leal Cravo
Orientador: Prof. Mário Luiz
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
NOS BASTIDORES: A COMUNICAÇÃO INTEGRADA
COMO FERRAMENTA NO PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Comunicação Empresarial.
Por Juliana Carvalho Leal Cravo
Rio de Janeiro
2012
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, autor e consumador da minha fé que, de forma
surpreendente, se revelou a mim cuidando das pessoas que eu iria encontrar,
coisas que iria fazer, preparando em cada detalhe um caminho de retidão e
felicidade. Agradeço aos meus amigos e familiares, pessoas com as quais
convivemos e que fazem do mundo que vivemos um lugar melhor. Aos
companheiros dessa jornada que dia a dia se mostraram irmãos, confidentes e
verdadeiros amigos, os quais levarei sempre em minhas recordações. Aos
mestres que com tamanha generosidade transmitiram seus ensinamentos,
fazendo das aulas verdadeiros momentos crescimento intelectual e pessoal.·.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos amantes do jornalismo que, assim
como eu, encontram nessa arte de comunicar um verdadeiro estado de
espírito. À minha família que, com apoio incondicional, contribuiu para o
resultado expresso nas páginas que se seguem, em especial à minha mãe que,
com mais um de seus sábios conselhos, me fez encontrar no jornalismo a
grande paixão da minha vida. E ao desejo contínuo pelo conhecimento que me
fez chegar até aqui.
5
RESUMO
Este trabalho pretende abordar a importância da participação de
uma das ferramentas que vem ganhando força no ambiente corporativo: a
comunicação integrada. Serão analisadas as dinâmicas que envolvem este
processo e a contribuição da adoção desta atividade para o incremento do
planejamento como também o papel dos jornalistas neste desenvolvimento.
6
ABSTRACT
This work intends to approach the importance of the participation of
one of the tools that come gaining force in the corporative environment: the
integrated communication. They will be analyzed the dynamics that involve this
process as well the contribution of the adoption of this activity for the increment
of the planning and the paper of the journalists in this development.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO E A ARTE DE COMUNICAR 10
CAPÍTULO II
COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL 18
CAPÍTULO III
A COMUNICAÇÃO INTEGRADA E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 28
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRÁFIA 38
8
INTRODUÇÃO
A comunicação tem ganhado cada vez mais espaço nas instituições,
mais do que nunca, as organizações, sejam elas públicas ou privadas e até
mesmo as não governamentais ou que representam a sociedade civil,
enxergam na comunicação uma poderosa ferramenta para difusão de sua
marca, política ou ideologia. O crescimento das assessorias de comunicação
no Brasil comprova que este segmento tem se tornado mais especializado e
preparado para atender o ritmo acelerado dos processos e da lógica de
produção da notícia nas redações e nos mais variados públicos de
relacionamento da empresa/instituição.
Desta forma percebe-se que a comunicação recebe status de
estratégia dentro do ambiente organizacional, o que falar, como falar, para
quem falar e quando falar, tornam-se questões chaves que permeiam o
cotidiano das instituições cujas respostam norteiam planos de comunicação
que podem contribuir para o posicionamento da imagem da organização.
Neste trabalho será apresentado o conceito de comunicação, do que
trata este a importância ferramenta cada vez mais presente desta nos
processos estratégicos das organizações. E como estas por sua vez legitimam-
se como verdadeiras redações, reproduzindo em seu escopo funcional corpo
técnico capaz de transformar em notícias, eventos ordinários.
No capítulo dois, a notícia institucional será o enfoque, quais os
elementos ela agrega e que características são necessárias para torná-la
interessante às redações e formatação da comunicação institucional
atualmente praticada.
Por último, será mostrada a comunicação integrada, esta complexa
cadeia que ocupa as organizações, principalmente, as de grande porte, que por
meio da unificação do discurso desenvolve práticas diferenciadas de
relacionamento com os públicos de interesse da instituição. Esta prática, em
evolução, tem se apresentado como processo estratégico para a perpetuação
de imagens já conceituadas, a criação de outros e que a comunicação alcance
9
finalmente o status que merece, estando como parte do planejamento
norteador, do desenvolvimento estratégico empresarial/institucional.
Este trabalho foi desenvolvido amparado a partir de revisões
bibliográficas com abordagem e discussão de conceitos chaves da rotina de
profissionais de comunicação, com os quais eles precisam estar atentos ao
tratamento da comunicação, a comunicação empresarial estratégica e o seu
planejamento estratégico.
Os caminhos são muitos e as ferramentas também e há de se
ressaltar que a comunicação é um organismo vivo e como tal não há formatos
engessados e procedimentos burocratizados, ou seja, não há “receita” pronta,
porém existem boas práticas, estudos e análises que permitem uma orientação
ao planejamento do trabalho.
Desta maneira, o propósito deste trabalho não é o de estabelecer
nenhuma nova diretriz ou ordenamento da lógica de trabalho desses
profissionais de comunicação e em suas atividades dentro das organizações,
apenas criar mais um espaço para reflexão de algo tão importante como a
comunicação institucional.
10
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO E A ARTE DE COMUNICAR
O ato de comunicar-se é uma das capacidades mais antigas do
homem. Desde os primórdios, nossos antepassados, traduziam em suas artes
rupestres seus pensamentos, temores, anseios, enfim, transmitiam uma
mensagem. Cada vez mais as modificações sociais impetram uma
necessidade de que esta atividade, a de se comunicar se dê de maneira
aprimorada. E isto não exclui as organizações que se veem impelidas a
aprimorar os seus processos comunicativos, traduzindo em suas mensagens
sua imagem 1 e seu posicionamento no mercado.
1.1 O que é Comunicação
A habilidade de se comunicar tem como finalidade compartilhar algo,
uma informação, ideia, alerta. Daí a origem da palavra comunicação, que do
latim comunicare quer dizer tornar comum. E isto como visto anteriormente é
inerente ao ser humano desde seus estímulos mais primitivos.
Juan Bordenave (1982, p.38), diz que a comunicação pode ser
definida como “a interação social através de mensagens”, ou seja, a
comunicação como característica própria permeia as relações sociais e faz
com que indivíduos consigam se relacionar por inúmeros códigos e signos, daí
sua importância e contribuição na constituição de conceitos dos mais variáveis 1 Imagem, segundo o Dicionário de Comunicação (2001) seria um conceito ou conjunto de opiniões subjetivas de um indivíduo, do público ou grupo social, a respeito de uma organização, empresa, produto, marca, instituição, personalidade etc. Sendo uma representação mental, consciente ou não, formada a partir de vivências, lembranças e percepções passadas passível de ser modificada por novas experiências.
11
dependendo de seu uso e aproveitamento, como afirma Juan Bordenave
(1982, p.91).
É próprio da comunicação contribuir para a modificação dos significados que as pessoas atribuem às coisas. E, através da modificação de significados, a comunicação colabora na transformação de crenças, dos valores e dos comportamentos. Daí o poder da comunicação. Daí o uso que o poder faz da comunicação.
1.2 Organizações: nascem as novas redações
É possível perceber um significativo crescimento dos processos de
comunicação para que esta cumpra inúmeros propósitos bem além do que
simplesmente tornar comum, como também propagar ideias, como legitimar um
posicionamento. E este pensamento alcançou as organizações e não é de
hoje. Ivy Lee, jornalista americano é apresentado como idealizador deste
rearranjo de papéis, procedimentando a interface entre organização e
imprensa, conhecida hoje como assessoria de imprensa ou de comunicação,
em 1906, uma era em que o “capitalismo selvagem” trazia mudanças sociais e
o nascimento de um novo tipo de jornalismo, mais realista, de denúncia, como
aponta Chaparro (2008, p.35).
Este fenômeno provocou uma nova postura dos que se despontaram
como poderosos capitalistas, uma maneira de refazer o desgaste de sua
imagem ante a opinião pública2, apontada por Hebe Wey (1986, p. 30-31, apud
Chaparro, 2008, p.36. “... os grandes capitalistas, denunciados, acusados e
acuados, encontram em Ivy Lee o grande caminho para evitar denúncias, a
partir de uma nova atitude de respeito pela opinião pública”.
Tal cenário reforçou a necessidade de se criar instrumentos para
que a atividade se desse de forma satisfatória, o primeiro deles se tornou um
documento histórico, segundo Chaparro (2008, p. 36), a declaração de
princípios redigida por Ivy Lee.
2 O Dicionário de Comunicação (2001) define Opinião Pública como um agregado das opiniões predominantes em uma comunidade. Juízo de valor (subjetivo). A opinião pública manifesta-se e modifica-se coletivamente (...) e não implica o conhecimento do assunto sobre o qual se opina. Nela interferem fatores psicológicos, sociológicos e históricos.
12
Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos fazer a divulgação de notícias. Isto não é agenciamento de anúncios. Se acharem que nosso assunto ficaria melhor na seção comercial, não o usem. Nosso assunto é exato. Maiores detalhes, sobre qualquer questão, serão dados prontamente. E qualquer diretor de jornal interessado será auxiliado, com o maior prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nosso plano é divulgar prontamente para o bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta franqueza, à imprensa e ao público dos Estados Unidos, informações relativas a assuntos de valor e de interesse para o público.
Este comportamento e estabelecimento de relação de confiança
foram fundamentais para o sucesso da empreitada de Ivy Lee como interlocutor
de organizações. No Brasil, a atividade se consolidou a partir da década de 70,
quando até então era exercida de forma não profissionalizada, como afirma
Bueno (2009, p. 6) “Antes da década de 70, as atividades de comunicação
desenvolvidas pelas empresas ou entidades eram absolutamente
fragmentadas. (...) Pode-se dizer mesmo que a comunicação era, quase
sempre, uma atividade residual, exercida muitas vezes por profissionais de
outras áreas”.
Mas, de lá para cá, o cenário mudou e muito. A complexidade do
trabalho trouxe para as organizações, os jornalistas, que dentro das
assessorias tem dotado estas de status cada vez mais de instituição-fonte,
como diria Chaparro (1996). O nível de qualificação em seu desempenho diário
na apuração, redação e atendimento à imprensa tem credenciado e legitimado
um número crescente de fontes que se tornam indispensáveis à concepção
rotineira do fazer jornalístico.
A legitimação das instituições como fontes credíveis advêm de um
criterioso trabalho realizado pelos profissionais que se articulam dentro das
organizações, captando suas necessidade e carências de comunicação e
realizando, muitas vezes de forma proativa, uma interface com a imprensa e as
demandas dos jornalistas de redação.
13
Podemos, então, estabelecer, como critério preliminar e
fundamental, que as assessorias de imprensa, para serem respeitadas e
interagirem eficazmente com as redações, devem oferecer, sempre e só,
informações que, além de verazes, tenham relevância jornalística, vinculadas à
atualidade. (Chaparro, 1996)
Cinco características são apontadas por Chaparro (1996) como
fundamentais ao exercício das assessorias que, garantem o comportamento
jornalístico, sem descuidar do atendimento ao viés mercadológico daquilo que
está sendo reportado como notícia, garantindo à instituição a comunicação
desejada com a sociedade. Estes critérios serão apresentados abaixo:
Oferecer informações e explicações relevantes para a atualidade; Garantir e
preservar a confiabilidade recíproca; Estar sempre disponível para receber e
atender as demandas das redações; Atuar na instituição como extensão das
redações.
No primeiro critério vale ressaltar que cabe ao assessor identificar e
apurar as informações que podem ser tratadas dentro do âmbito de interesse
social destacando-o como acontecimento público, dentro de uma infinidade de
fatos que acontecem dentro da instituição, sabendo selecionar qual aspecto
pode e deve ser retratado, mensurando seu grau de importância e impactos
que podem ser gerados para o dia a dia das pessoas; Ter competência para
agregar qualidade jornalística aos materiais produzidos.
Já no segundo vemos a importância do bom relacionamento entre
assessores e jornalistas de redação está entre as premissas da legitimação de
uma organização como fonte, sendo para isso fundamental a confiabilidade
mútua dispensada por ambas as partes tanto de quem veicula como de quem
permeia junto a informação.
O terceiro aspecto diz respeito ao fato de que um assessor que não
consegue ser localizado, que não retorna as solicitações feitas ou não o faz
com clareza e com completude de informações está fadado a deixar sua
instituição cair no esquecimento ou fazer com que a mesma seja preterida
durante as reuniões de pauta, simplesmente pela dificuldade de acesso.
Manter canais abertos de comunicação e o pronto atendimento à imprensa que
garantam agilidade ao processo de produção da notícia não só credibilizam a
14
organização como a colocam no patamar de procura pelas redações pela
certeza da objetividade do trabalho realizado com objetivo de ser um facilitador
no processo comunicativo desde o acontecimento à sua veiculação.
A quarta característica advém da percepção de que mais do que um
produtor de notícias, as organizações que se legitimam junto aos meios de
comunicação, são aquelas que não disparam qualquer acontecimento como
fato noticioso, mas, sim àquelas que primam pelo valor notícia daquilo que está
sendo reportado, ainda que seguindo as normativas de serem notícias
institucionais, como vimos anteriormente. É preciso que o assessor seja
criterioso em sua seleção, sabendo tornar o seu conteúdo respeitoso do ponto
de vista jornalístico com qualidade técnica e informativa.
E por último, estar socializado com o ambiente de trabalho é
fundamental ao assessor. É pertinente dizer que este profissional tem que se
tornar um especialista da organização que assessora de modo, a saber,
traduzir suas necessidades de comunicação pelo material que produz. Instituir
rotinas de trabalho é apontado como imprescindíveis para tornar o trabalho
proativo, sem estar “amarrado” às solicitações da mídia, credenciando-se como
fomentador de boas pautas.
Saber situar-se entre esse fluxo contínuo de informações é um
desafio e tanto para as organizações que dependem da exposição midiática
para difundir não só sua imagem/marca, como ideologias. Para isso, os
profissionais das assessorias de imprensa tem se qualificado e se dedicado a
esta função, vencendo de tal forma este desafio a ponto de gerar uma certa
dependência das redações por parte das assessorias.
Podemos apreender que legitimar-se como uma boa fonte requer
dedicação, trabalho árduo e atendimento aos itens dispostos acima e saber
lidar com os imprevistos que teimam em surgir diante do mais bem preparado
assessor. A dinâmica da comunicação exige das organizações métodos de
transparência e agilidade diante de demandas enérgicas que podem colocar
em risco todo um planejamento, daí a importância desses riscos também
serem mensurados, ainda que indesejáveis.
A articulação entre organização e redações permite um
relacionamento saudável e a desmistificação de uma constante briga de
15
gladiadores entre assessores e jornalistas de redação como veremos adiante,
quando na realidade o exercício da atividade do assessor contribui para a do
jornalista, cabendo a cada um dos envolvidos resguardarem seus interesses,
ainda que em alguns casos sejam opostos, para a promoção social do serviço
à informação.
Não estamos desenhando um cenário utópico, apenas apontando
uma realidade existente, em que as organizações assumem papel de fontes-
origem do processo jornalístico e da importância do reconhecimento destes
novos arranjos para um melhor entendimento do trabalho exposto.
Desta forma, é possível compreender a amplitude da atividade
realizada pelas assessorias, bem como o comprometimento das empresas com
o nível de qualificação de suas formas de comunicação com seus
stakeholders3, visando o fortalecimento de suas ações perante, acima de tudo,
à opinião pública, dependente, por sua vez, dessas condicionantes para seu
estabelecimento.
É possível ter-se nas organizações fontes que podem contribuir
para a cobertura de determinado acontecimento, contado para isso com a ética
profissional de quem se dispõe a atuar como mediador desse discurso entre
instituição e imprensa tendo como resultado um trabalho de qualidade que
agregue alto poder informativo. Desta forma, as organizações estão cada vez
mais presentes no dia a dia da rotina de produção jornalística como afirma
Traquina (1993, p.173 apud Graça França, 2001, p.153) ao dizer que “uma
parte significativa das notícias produzidas [pelas mídias] tem como base fontes
que são profissionais no ‘negócio’ de lidar com o campo jornalístico
[assessores de imprensa]”.
3 Os stakeholders podem ser definidos como os indivíduos, esteja em grupo ou não, que podem ser afetados pela organização como por exemplo: acionistas, empregados, clientes, consumidores, fornecedores etc.
16
1.3 - Jornalistas: os repórteres das organizações
Agregar valor público à informação e transformar em notícias os
acontecimentos das organizações foi logo uma maneira encontrada pelos
jornalistas-assessores de legitimar sua atuação na comunicação institucional.
A profissionalização do exercício dessa atividade vem a cada
instante tornando o “faro” dos assessores de imprensa mais aguçado e
despertado uma verdadeira cadeia de informações de origem institucionais,
que acabam por permear grande parte da mídia. O Manual de Assessoria de
Imprensa (2007) explicita a consolidação do segmento de assessoria de
imprensa e revela ser a área que, atualmente, mais emprega jornalistas.
Os assessores cada vez mais podem ser vistos como os repórteres
das organizações. São eles que primeiramente identificam e avaliam os fatos
que podem ser noticiados, apuram internamente, redigem os releases e
acabam por não apenas auxiliar o trabalho do jornalista de redação como por
quase que fazê-lo por completo.
Prova disso está na afirmação de Lima (1985, p.111 apud Jorge
Duarte, 2001, p.91), ao dizer que “muitos jornais encontrariam dificuldades para
manter suas portas abertas se não pudessem contar com o material distribuído
pelas assessorias de imprensa”. Basta dar uma olhada nos jornais e outros
veículos para comprovar essa constatação que já se tornou um caminho
natural da lógica da produção de notícias das redações.
Esse fluxo concede às organizações um poder de interferência na
pauta, na agenda do jornalismo, eximindo-se da máscara de simples
autopromoção e elevando-se ao status de ator de bem social, uma vez que
permite o acesso à informação daquilo que se passa dentro da instituição e que
seja, em geral, do seu interesse divulgar.
Reconhecendo essa primeira fase, de que a comunicação faz parte
do dia a dia da organização, o assessor-jornalista, como visto anteriormente,
tem de ser capaz de identificar entre as inúmeras ações aquilo que tem caráter
de notícia, realizando um minucioso trabalho de hierarquizar as informações,
focando o que julgar mais importante, bem como adequar à pauta das
redações. Essa rotina da comunicação institucional requer um feeling por parte
17
daquele que se propôs a fazê-lo para não só não cair em descrédito como
também conseguir transmitir informação desejada com clareza e objetividade.
Os profissionais que trabalham em assessorias de imprensa devem
acumular informações e saberes que os tornem especialistas indispensáveis
nos assuntos referentes às respectivas instituições e temáticas. Para isso,
precisam estabelecer rotinas e hábitos jornalísticos em relação ao mundo
interno das instituições (...) (Chaparro, 1996)4
Os jornalistas assessores de imprensa, diferente dos jornalistas de
redação, têm uma preocupação que ultrapassa a de apenas comunicar. Eles o
têm de fazê-lo certos de que, por meio de sua atividade, estejam colaborando
para a preservação ou construção da imagem do assessorados, seja ele
pessoa física ou jurídica. Essa imagem está intimamente ligada à percepção
que se tem sobre a instituição, e que é construída, em boa parte, pela
visibilidade das ações institucionais que passam a ser divulgadas revestidas de
roupagem jornalística. Isso sem falar na legitimidade.
Congregar características de repórter e de assessor de imprensa
requer não só habilidade como também capacidade profissional. Esses
repórteres das organizações, como anunciado inicialmente atuam no pilar da
comunicação como ferramenta estratégica, como visto no capítulo anterior. A
sociedade cada vez mais pautada por apelos de necessidade de informação
não exime as instituições de cumprirem o seu papel e de também se
mostrarem ante a opinião pública.
Se fazer presente tornou-se mais do que nunca uma necessidade
de sobrevivência. Para isso, os assessores de imprensa tornam-se peças
chaves nesse processo de relacionamento com a mídia, colaborando com a
imersão de seu assessorado nesse universo complexo da comunicação.
O assessor de imprensa deve ter consciência de que sua
credibilidade depende de um bom relacionamento com os jornalistas dos
veículos de comunicação, pautando-se sempre pela transparência e por uma
postura de colaboração.
4 Jornalismo na Fonte - texto disponível em www.oxisdaquestao.com.br
18
Desta forma, é possível reconhecer as inúmeras variáveis que
incidem sobre a atividade do assessor, que precisa agir dentro da lógica de
produção da notícia sendo apenas uma parte desse processo, que envolve
ainda características subjetivas como manipulação e adequação de conteúdo.
Para isso, tem que se ater não apenas à noticiabilidade do fato como também
aos interesses da instituição.
19
CAPÍTULO II
COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL
Estar cercado por informações virou rotina no mundo atual. Ler,
ouvir ou ver uma notícia faz parte do dia a dia da maioria das pessoas e reflete
uma das eras mais aprimoradas do desenvolvimento de umas das ânsias mais
primitiva dos homens: a de se comunicar.
Com o crescimento das assessorias, este volume de informações
teve um aporte considerável e a notícia passou a ser uma ferramenta
estratégica das organizações e até mesmo a influenciar e a modificar a
dinâmica das redações. Em meio a inúmeras mudanças estruturas provocadas
principalmente pela globalização, ser notícia tornou-se uma necessidade de
sobrevivência das instituições, como ressaltado por Graça França Monteiro
(2001, p. 148) que afirma que, além de conquistar o apoio da opinião pública,
as organizações buscam na mídia uma forma de sobreviver no mercado.
Talvez esteja neste apelo econômico a necessidade de que um
processo tão rotineiro das redações como o “fazer” notícia tornou-se
fundamental às instituições e a notícia institucional tem assumido cada vez
mais um caráter de legitimação do órgão que a produz e uma maneira de
tornar-se crível, contribuindo para a qualidade de vida das organizações ante a
um dinâmico sistema social e econômico.
2.1 O que é notícia
“Se um cachorro morde um homem, não é notícia, mas, se um homem morde um
cachorro, é notícia” – Ammus Cummings
Notícia é o relato de fatos ou acontecimentos atuais, de interesse e
importância para a comunidade, e capaz de ser compreendido pelo público.
Esta é a definição que O Dicionário de Comunicação (2001) traz sobre o termo.
20
Mas o universo que faz com que um acontecimento vire notícia pode ser muito
mais complexo.
Como Lage (2001) bem explicita o pensamento de Jonh Hohenberg,
“os fatos que são ou não são notícia variam de um dia para o outro, de país
para país, de cidade a cidade e, sem dúvida, de jornal para jornal”. Assim
podemos apreender que a notícia não é algo estático e uniforme, mas algo
dinâmico, que para existir de fato depende de algumas variáveis.
Apesar de considerada por alguns teóricos marxistas como uma
ferramenta de alto poder de manipulação, sendo utilizada como objeto de
consumo e centralização às tendências da sociedade e parte de um processo
de monopolização da comunicação, o fazer notícia implica em atender alguns
princípios sem os quais o processo de produção pode perder o real sentido, o
de informar.
Vejamos alguns que, de acordo com Chaparro, seriam atributos
essenciais da informação jornalística como: atualidade, proximidade,
relevância, ineditismo e facilidade de assimilação, como veremos
separadamente a seguir.
Estes cinco atributos se fazem importantes, o primeiro deles, que é o
ser atual está relacionado ao aspecto de que, diferente da reportagem, a
notícia retrata o fato, o “aqui e agora”, o acontecimento imediato. O segundo
por sua vez mostra que para o receptor a notícia deve ter algum peso e
impacto em sua realidade, estar próximo de suas temáticas do dia a dia.
Já o conceito de relevante pode parecer subjetivo, pois o que
relevante para um pode não ser para o outro, por isso, este atributo relaciona-
se com o que seria relevante para a maioria, de que adianta para sociedade
brasileira como um todo saber sobre que a luz da casa do “seu José” que é
mais fraca do que a dos seus vizinhos. Este fato, no entanto, poderia se tornar
uma notícia se agregasse algum em si algum outro valor como uma descoberta
científica que comprovasse que determinado procedimento deixa a luz mais
fraca, além do que apenas a má conservação do circuito elétrico.
O quarto atributo, a necessidade de ser inédita, é o que torna um
fato notícia. O acontecimento de algo que foge à ordem natural, o
extraordinário, noticiar que o sol nasceu nesta manhã de segunda-feira claro e
21
amarelo como sempre não é uma notícia. Notícia seria se em uma manhã
normal de segunda-feira o sol não nascesse;
E por último, a fácil assimilação, a notícia precisa ser capaz de ser
traduzida e entenda pelo receptor, sendo essa uma de suas características
imprescindíveis, uma vez que busca relatar um acontecimento de forma
simples e clara.
É importante ressaltar que a notícia é produto do fazer jornalístico
que, para isso, necessita da intervenção humana. O olhar do jornalista ao
captar a essência de um fato e transmiti-lo de forma noticiosa vem imbuído de
inúmeros fatores que o levam a observar aquele fato de determinada forma.
Suas percepções pessoais, crenças, histórico, vivências contribuem ainda que
de forma indireta para a forma como a notícia será elaborada.
Estas razões nos levam a crer que o produto notícia, ainda que,
buscando ser algo notadamente objetivo, tem sua origem regida por condições
não mecânicas, formatada por interferências subjetivadas do meio sócio-
cultural como reforça Graça França Monteiro (2001, p. 144).
(...) existem várias angulações possíveis para conceituar notícia e, entre elas, as que veem não como um ‘espelho da realidade’ mas como uma ‘construção da realidade’, na qual o jornalista (produtor da notícia), teoricamente regido pela lógica da objetividade e da imparcialidade predominante no fazer jornalístico, na prática é afetado por inúmeros fatores que o levam a interagir socialmente e realizar uma série de negociações durante o processo de produção da notícia.
Vale destacar que os conceitos de imparcialidade e objetividade já
se encontram ultrapassados, uma vez que os teóricos enxergaram serem estes
ideais inatingíveis, tendo em vista que esse processo se dá de forma humana,
e não mecânica, logo, não podendo estar isenta dos fatos sociais5 a que
Durkheim se refere. Ou seja, os fatores que estão ligados à percepção são
altamente subjetivos, ligados à cultura, educação, valores, vivência,
“prejudicando” uma recepção isenta de qualquer que seja o acontecimento. 5 Émile Durkheim, sociólogo francês, considerado o pai da sociologia moderna. Formulador da teoria dos “fatos sociais” em que se considera fato social toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter. (Lakatos e Marconi, 1999, p.68).
22
Desta maneira, é possível destacar que as influencias pessoais interferem
também na produção da notícia, estando esta sujeita a um julgamento e
processamento interno do indivíduo que a produz.
Além das razões elencadas anteriormente sobre os atributos
necessários à notícia, é preciso reconhecer que em muitos casos eles não são
suficientes para tornar um acontecimento um fato que tenha cobertura
midiática. Para isso, é necessário que o fato possua valores-notícia que, como
veremos a seguir. Esses valores estabelecem critérios para o que vai ou não
ser noticiado pelos meios de comunicação.
Esta “aptidão” para ser transformada em notícia como contempla o
conceito de newsmaking defendido por Wolf (1992, p. 168 apud Graça França,
2001, p. 150) em que a conexão e relações existentes entre a cultura
profissional dos jornalistas e a organização do trabalho e dos processos
produtivos estabelecem critérios para a noticiabilidade de um acontecimento
que ultrapassam somente a técnica.
Desta forma, podemos identificar algumas das complexidades que
estão imersas no fazer notícia. Ainda que existam alguns caminhos que deem
como automático o fazer jornalístico, inúmeras ramificações interferem e
permeiam este trajeto entre o acontecimento e o fato. Vale ressaltar que o
poder político e econômico também podem trazer influências sobre a cobertura
dada a um determinado fato, mas, este aspecto não será abordado com
profundidade nesta análise, uma vez que o propósito do trabalho é ater-se aos
princípios técnicos do processo de produção da notícia, ainda que em muitos
casos tenham este maior peso sobre a tomada de decisão sobre o que entra
ou não no circuito da cobertura midiática.
Refletiremos apenas ao tratamento dado a notícia por Motta (1997,
p.305 apud Graça França, 2001, p. 150) apresentando-a em três aspectos que
valem apena serem aqui retratados e levados em consideração por destacarem
com clareza os direcionamentos que a notícia pode vir a receber durante o seu
processo constitutivo.
(...) a notícia pode ser o fato em si (com seus atributos de excepcionalidade, atualidade, proximidade, proeminência, impacto, significância), pode ser a versão do fato (e aí entra a construção que o jornalista faz do real), ou pode, ainda, ser o
23
metafato, ‘onde o real é apenas um vago referente, reacontecendo com mais riqueza no enunciado do jornalista.
Desta forma, pode-se compreender a complexidade que rodeia essa
conceituação por tratar-se de um objeto fruto da produção humana estando
submetido a inúmeros fatores sociológicos que interferem em sua origem e
formatação final. Ou seja, não há uma receita a ser seguida. Notícia,
conceitualmente pode ser formatada a partir de aspectos pré-determinados,
mas, ainda assim, seu processo produtivo está subjugado a inúmeras nuances
que direcionam sua concepção como vimos acima.
2.2 Por onde a notícia anda?
A figura do repórter cobrindo um fato, um evento e até mesmo sendo
pautado para uma coletiva de imprensa pode estar cada vez mais rara de se
ver. Pode parecer exagero, mas, desde o boom da atividade de relações
públicas no Brasil em 1964, esta prática jornalística tem se fortalecido cada vez
mais e legitimando-se, não só como assessores das fontes, como também
responsáveis por boa parte da produção do que é noticiado pela mídia.
O assessor-repórter tem ganhado notoriedade principalmente pelo
enxugamento das redações e, consequentemente, o número reduzido de
profissionais disponíveis para atender a todas as demandas geradas. Além
disso, Chaparro no texto “Jornalismo na Fonte” também destaca o volume dos
acontecimentos e a velocidade da circulação dessas informações que
impossibilitaria, qualquer veículo por mais bem abastado de profissionais que
seja, de realizar de perto essas coberturas. Desta forma, a produção da notícia
se dá seguindo critérios previamente estabelecidos pela instituição,
proporcionando sua cobertura pela mídia sem o eventual deslocamento.
As fontes tornaram-se produtoras de fatos, como veremos mais
amplamente a seguir. E os conceitos tradicionais da notícia e seus atributos
vistos, ganham características que irão contribuir para o seu aproveitamento ou
não pelas redações como a facilidade de acesso, a imagem da fonte, a
disponibilidade e até mesmo o tratamento pessoal dado pelo editor, repórter ou
pauteiro na seleção da mesma.
24
O modelo jornalístico de assessoria é apresentado por Chaparro
(2001, p.45) como uma experiência brasileira em que proeminentes nomes do
jornalismo, como Reginaldo Finotti e Alaor José Gomes, fundaram uma
proposta inovadora, de levar os conceitos da produção jornalística para dentro
de uma empresa, no caso a Volkswagen do Brasil. Esses pioneiros
credibilizaram de tal forma o setor de imprensa da Volks que se tornaram
fontes obrigatórias de consulta para as coberturas midiáticas da indústria
automobilística. Transparência era o conceito adotado por eles que
acreditavam ser este o mecanismo para se credenciarem como alimentadores
de pautas.
A adoção da concepção jornalística dentro das assessorias trouxe
um novo fluxo de informação e uma separação com as relações públicas, que
até então era o modelo praticado no Brasil e no mundo, desde sua formatação
em 1906, por Ivy Lee. A notícia passa a ser construída dentro das
organizações e, a partir daí, encaminhada às redações que se encarregam de
avaliar e divulgar o material recebido. Esta ruptura da assessoria é tratada por
Chaparro (2001, p.47) como uma revolução que levou o país a ter uma
experiência única no mundo comprovada pelos números da evasão das
redações para as organizações.
A ocupação jornalística do segmento profissional da assessoria de imprensa tornou-se um movimento irreversível, a ponto de, em 1995, um estudo feito pela subseção do Dieese no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo ter revelado que cerca de um terço dos jornalistas profissionais com carteira assinada trabalhava fora das redações. Ou seja, nas fontes.
Estes fatores redesenharam um novo cenário em que a notícia,
antes limitada à cobertura das redações, fica disponível pelo acompanhamento
dado diretamente às fontes pela assessoria, colocando o assessorado em
evidência, tirando proveito, segundo Chaparro (2001, p.49), da credibilidade da
linguagem jornalística, dando origem ao nascimento de um novo conceito de
notícia, a notícia institucional.
Ampliar a presença na mídia tem sido uma das principais estratégias
empresariais em meio à competição voraz, em que o diferencial pode estar na
25
forma como um produto é visto pelo público e, acima de tudo, como a empresa
está estruturada conceitualmente pela opinião pública.
Pôr-se em visibilidade tornou-se palavra de ordem entre muitos
gestores que veem a comunicação como ferramenta indispensável não só para
a iniciativa privada que precisa fidelizar seu consumidor, como também para o
poder público e organizações não governamentais, seja para difundir suas
ideias, prestar contas ou legitimar suas ações.
Mas, por que noticiar e não simplesmente divulgar fazendo uso de
recursos tão poderosos como a propaganda e o marketing? A resposta está na
mudança de perfil do receptor que, em meio a tantas informações, está mais
qualificado e criterioso em suas escolhas. O receptor identifica a propaganda
como algo pago, que certamente teve suas técnicas e linguagem adequadas
para propagar aquilo que é de interesse da instituição, enquanto a notícia, tido
como algo de interesse público, é vista por um ponto de vista mais credível e
verossímil por aquele que a recebe. Como afirma Graça França (2001, p.150)
“... a divulgação de notícias e reportagens sobre a empresa na imprensa é
gratuita e, dessa maneira, assume caráter de imparcialidade, o que,
consequentemente, aumenta a credibilidade do que é dito sobre a instituição”.
O aproveitamento da notícia institucional pode ser enxergado com
uma necessidade das empresas de “criar fluxos de comunicação para
sobreviver” (Rego 1986, p. 123, apud Graça França, 2001, p. 148). A notícia
institucional agrega valores jornalísticos àquilo que a organização deseja
divulgar. Ou seja, o fazer jornalístico obedece aos critérios do processo de
produção da notícia como vimos anteriormente, mas, revela o que é de
interesse de sua fonte, revelando ou adaptando o fato em um acontecimento
público pela visão organizacional.
Estar cercado pela opinião pública requer um esforço das
organizações em busca de profissionais capacitados para apurar, selecionar e
produzir a notícia institucional. Esta por sua vez inunda as redações, ocupando
as caixas de e-mail dos pauteiros, repórteres e editores a fim de serem
“compradas” pelos profissionais ganhando status de informação pública neste
meio em que “... a mídia passa, então, a ser a arena ou campo social no qual
26
esses interesses tornam-se visíveis na batalha pela conquista da opinião
pública” (Graça França, 2001, p.147).
Koplin e Ferrareto (1993) ainda defendem a importância do trabalho
do assessor de imprensa que se relaciona diretamente em contribuir para a
formação da opinião pública, uma vez que influenciam o pensamento dos
receptores com as mensagens por estes difundidas pela mídia.
Percebemos aí este novo movimento das notícias, que passam a ter
origem nas próprias fontes. Esta circulação requer alguns cuidados para o
comprometimento com a informação pública, uma vez que as notícias
institucionais são carregadas de artefatos que têm como único objetivo a
promoção de suas fontes. Cabe às redações a aferição do conteúdo com
devida apuração que permitam ao meio o legítimo dessas notícias, tendo em
vista a parcialidade a que é subordinado este tipo de produção como afirma
Graça França (2001, p. 146).
(...) as notícias institucionais são marcadas por necessidades e limitações organizacionais que influenciam e condicionam o modo de fazer (organização do trabalho e rotinas produtivas) e o que é feito (a notícia em si), assumindo, portanto, um caráter intencional e negociado.
Logo, o processo de produção da notícia institucional está cercado
de intencionalidade, não só para “destacar do real uma superfície” como diria
Mouillaud (1997, p.37 apud Graça França 2001, p.146), como fazê-lo de modo
a valorizar qual parte desta superfície deve ser retratada e qual a melhor forma
de efetuá-la. Tendo para isto, ao executá-lo deixar implícita a participação
positiva da empresa, sem transparecer promoção pura e simplesmente de
conteúdo como um catálogo de loja de departamento. Deve-se preservar o uso
das técnicas de produção jornalística para agregar ao produto caráter crível,
objetivo e passível de interesse público.
27
2.3 A comunicação institucional
Como exposto no capítulo anterior a comunicação das instituições
vem ao longo dos últimos anos passando por processos significativos de
sofisticação e aprimoramento, seja ela uma organização pública, privada ou até
mesmo uma instituição da sociedade civil organizada. A comunicação
institucional tem contribuído significativamente para a agenda setting6 das
redações, com o volume de releases e sugestões de pautas emitidas
diariamente.
Fatos do cotidiano institucional vestem-se de nova roupagem por
profissionais capacitados e que conhecem bem o modus operandi da produção
da jornalística, transformando-as em fatos, na tentativa de atribuir a estas
características que as elevem ao status de notícia, tendo, para isso, obedecer
padrões criteriosos do se fazer notícia, que segundo Motta (1997, p.37) requer
que esta apresente: atributos de excepcionalidade, atualidade, proximidade,
proeminência, impacto e significância. Nasce aí, desta percepção dos
profissionais de comunicação e de sua capacidade de adequação, a notícia
institucional, como veremos mais a seguir.
Uma notícia institucional ao ser publicada na imprensa permite que
os fatos institucionais adquiram caráter de acontecimento público e por ser
originalmente um produto oriundo da própria instituição, já adquiriu contornos
que se adequem ao objetivo desejado, ampliando a sua visibilidade positiva na
mídia e fortalecendo sua imagem ante a opinião pública, preocupação esta que
há tempos vem tomando parte dos setores estratégicos das instituições que
reconhecem a importância de se fazer presente nos meios de comunicação,
como revela Graça França Monteiro.
Conscientes da importância do acesso à mídia e do poder que
têm junto a ela, as instituições trabalham para serem
6 Agenda Setting – A hipótese da agenda setting foi proposta de maneira mais consistente nos estudos de Maxwell McCombs, no final dos anos 60. Diz respeito, grosso modo, à construção da realidade engendrada pela mídia, a partir da seleção temática, do agendamento de assuntos que merecem ser discutidos publicamente, por serem portadores do status de notícia (Wolf, 1995, p. 130).
28
“lembradas pela imprensa”, para ampliarem sua presença nos
veículos e, mais do que isso, para serem reconhecidas como
referências. Para atingir esses objetivos, produzem textos
informativos para divulgação jornalística, compreendendo
pautas, releases, position papers, informes oficiais,
comunicados, artigos, notas técnicas. Enfim, produzem
notícias.
Percebe-se então que pôr se em visibilidade virou tarefa árdua das
empresas a ser desenvolvida por profissionais especializados que
desenvolvem peças comunicativas a fim de comunicar os interesses das
empresas aos seus mais variados públicos sejam eles externos ou internos. A
eficácia dos produtos comunicativos ferramenta de planejamento estratégico e
de posicionamento seja no mercado e/ou opinião pública como veremos a
seguir.
29
CAPÍTULO III
COMUNICAÇÃO INTEGRADA E
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O aprimoramento dos mecanismos de comunicação dentro das
instituições sejam elas públicas ou privadas criaram caminhos para uma nova
forma de se enxergar a comunicação e os seus processos da interface da
empresa com os seus mais variados públicos. Desta maneira vemos a
especialização do setor com a execução da comunicação integrada como
ferramenta estratégica do planejamento empresarial e tornando-se cada vez
mais essencial para o posicionamento de mercado, visibilidade e formatação
da imagem empresarial ante a opinião pública.
3.1 O que é Comunicação Integrada?
A organização dos processos comunicativos de uma empresa,
pensando a comunicação de forma global, buscando equalizar a mensagem de
forma que esta seja homogenia para todos os públicos receptores, sejam eles,
clientes, fornecedores, funcionários, etc., ou seja, todos os públicos com a qual
a empresa se relaciona, deu início ao que conhecemos hoje como
comunicação integrada. Esta nasceu da sofisticação do setor e Margarida
Kunsh (2003, p.150), define o termo como uma filosofia que direciona a
convergência sinérgica. Sendo uma junção da comunicação institucional,
administrativa e mercadológica, que formam o mix, o composto da
comunicação organizacional.
Logo, é possível observar que a comunicação integrada agrega a
responsabilidade pela uniformalização da imagem da empresa, sendo esta
desempenhada por profissionais que atuam em conjunto de diferentes áreas
como relações públicas, jornalistas e publicitários, todos estes trabalhando a
fim de adequar a imagem da empresa nos mais diversos produtos
comunicativos a serem desenvolvidos pela empresa, de maneira harmoniosa.
30
A comunicação integrada então pode ser entendida como a junção
das formas de comunicação que irão permitir a empresa se relacionar com
seus stakeholders e a sociedade de uma maneira geral. Tal a importância
deste setor que, principalmente nas grandes empresas, esta assumiu um novo
status, adquirindo de fato um caráter estratégico como veremos a seguir e
ressaltada por Kunsch como a “convergência de todas as atividades, com base
numa política global, claramente definida, e nos objetivos gerais da
organização, possibilitará ações estratégicas e táticas de comunicação mais
trabalhadas e mais com vistas na eficácia”.
Roberto de Castro Neves aponta a comunicação integrada como um
processo único de comunicação. Segundo ele diferentes funções dentro de
uma empresa como marketing, recursos humanos, serviços de atendimento ao
consumidor, assessor de imprensa deve estar sob o mesmo processo de
comunicação, não impedindo que cada uma delas tenham suas estratégias
próprias, desde que as ações estejam coordenadas, quando no momento da
comunicação empresarial, objetivando a unificação do discurso e dissonâncias
do mesmo, ou seja, a transmissão da mesma mensagem para todos os
públicos.
A segmentação somente ocorre na definição dos programas e
dos veículos, estes, sim, adequados às características do
público. Primeiro objetivo dessa abordagem: dar sinergia às
mensagens. Exemplo: o consumidor deve saber o que a
empresa faz no campo social tanto quanto o público interno ou
os formadores de opinião. Segundo: evitar dissonâncias no
discurso. Exemplo: a empresa dizer que está bem de vida e
anunciar plano de cortes de pessoal. (2002, p. 34)
Desta maneira é possível identificar o alto grau de comprometimento
que é preciso ter a fim de que a comunicação de fato seja integrada, evitando
frustações ou mensagens equivocadas aos públicos, afinal de contas, como
relata Roberto Castro Neves (2002, p.33), cada público tem uma
particularidade, uma linguagem própria, idiossincrasias, uma tendência a
desenvolver certas percepções. Ou seja, o papel da comunicação integrada,
31
entre outros, é contribuir para que a empresa/organização cumpra o seu papel
enquanto atividade fim, mas que também consiga focar na construção
adequada de sua imagem, por meio da comunicação eficiente com seus
públicos.
3.2 O planejamento estratégico
O termo estratégia tem origem no jargão militar e tem a ver com a
palavra stratego, que, em grego, significa “um general”. Já a definição dada
pelo Dicionário de Comunicação (2001, p.237) revela a estratégia como o
planejamento e execuções de operações de marketing com o objetivo de
alavancar posições favoráveis. Como visto anteriormente a comunicação e o
seu planejamento na adequação das ferramentas ao perfil corporativo, cada
vez mais ganha espaço nas empresas que reconhecem este setor como parte
de sua estratégia de posicionamento de mercado.
Segundo Wilson Bueno (2009, p.57), a Comunicação Empresarial
estaria prioritariamente incluída nas estratégias empresariais e teria papel
fundamental tanto na busca de eficácia na interação com os públicos de
interesse (stakeholders) como no desenvolvimento de planos e ações que
imprimam vantagem competitiva às organizações. Logo vemos a importância
deste setor e de estudos especializados que garantam a eficiência de distintos
planos de comunicação adequando-os de acordo com os variados grupos de
relacionamento da empresa, sejam eles externos ou internos, caminhos este
adotado por muitas empresas de prestígio no mercado atual, que identificaram
na inteligência da comunicação uma forma de se tornar uma empresa líder e
de notória expressividade ante a opinião pública.
Fato é que mais do que em qualquer outro momento de nossa
história, a comunicação feita de forma estratégica está inerente a bons
resultados, afinal de contas, “o que existe é o que está na mídia” (Graça
França, 2001, p.140). Fazer isto de modo a agregar valor àquilo que foi
previamente estabelecido como fato pela fonte/organização, entrar para a
agenda do jornalismo e virar notícia, requer mais do que uma preocupação
como este “está na mídia” a que Graça se refere, mas, em como essa aparição
32
se dará e que efeitos isto trará para o posicionamento da instituição ante a
opinião pública. Daí a importância da qualificação dos profissionais envolvidos
e a perspectiva de planejamento que tem que estar atrelada a todos os outros
processos da empresa.
A comunicação estratégica não se sustenta em ambientes
organizacionais em que perspectiva de planejamento esteja
ausente. Ela só pode ser pensada, implantada e exercida se a
organização (empresa pública ou privada, ONG, entidade)
adota e pratica a administração estratégica. Dificilmente se
poderia surpreender uma Comunicação Empresarial
Estratégica numa organização que fosse avessa a um sistema
de gestão comprometido com esse paradigma organizacional.
(Bueno, 2009, p.59)
Logo, a comunicação estratégica, tem de estar alinhada com os
outros processos de gestão da organização. Conferindo-lhe assim legitimidade
para realizar planos de comunicação que reflita de fato o que a empresa deseja
comunicar e como deseja se posicionar, tendo em vista a capacidade que as
estratégias de comunicação podem ter no fortalecimento da imagem ante a
opinião pública, fazendo das organizações canais capazes de transformar em
público aquilo que é, em um primeiro momento, de interesse particular.
Este planejamento deve levar em considerações caminhos
apresentados por Roberto Castro Neves (2002, p.73) que podem ser elencados
abaixo da seguinte forma:
1 – Conhecer o ambiente externo e interno;
2 – Identificação do que será trabalhado pela estratégia da
comunicação (questões públicas, questões de imagem, etc.);
3 – Definição de recursos, processos e programas a serem
utilizados.
33
3.3 A importância do planejamento
Fato é que mais do que em qualquer outro momento de nossa
história, a comunicação feita de forma estratégica está inerente a bons
resultados, afinal de contas, “o que existe é o que está na mídia” (Graça
França, 2001, p.140). Fazer isto de modo a agregar valor àquilo que foi
previamente estabelecido como fato pela fonte/organização, entrar para a
agenda do jornalismo e virar notícia, requer mais do que uma preocupação
como este “está na mídia” a que Graça se refere, mas, em como essa aparição
se dará e que efeitos isto trará para o posicionamento da instituição ante a
opinião pública. Daí a importância da qualificação dos profissionais envolvidos
e do planejamento. Roberto de Castro Neves (2002, p. 73) é enfático ao
responder essa pergunta do por que planejar?
Porque primeiramente, o ambiente é complexo e mutante.
Quando você acha que começa a entendê-lo, ele já mudou.
Segundo, porque os públicos com que a empresa tem que lidar
são muitos e de características especiais (...)Terceiro, porque
os recursos são finitos.
Como visto acima, a consistência de um bom planejamento está na
aproximação que este traz da realidade existente e da qual se pretende
estabelecer com mecanismos eficientes de mensuração de resultados mais do
que contar com um bom plano, este precisa estar adequado à realidade
existente. Pois como bem revela João José Azevedo Curvelo (2001 p. 126),
“(...) somente as atividades estratégicas e as que se justificarem numa relação
custo-benefício compensadora serão tratadas como prioritárias pelas
empresas”.
Ou seja, é importante que o as estratégias adotadas estejam dentro
da gestão e política da instituição. Uma empresa que quer consagrar-se pela
inclusão social, não pode rejeitar em seus processos seletivos realizados pelos
recursos humanos, por exemplo, pessoas com necessidades especiais.
34
Percebe-se aí a necessidade de que o planejamento da
comunicação seja de conhecimento de todos os setores da organização, a
mesma precisa ser alinhada e ajustada quando necessário, uma vez que a
organização é constituída por inúmeras complexidades que ultrapassam as
áreas relacionadas apenas à comunicação.
As organizações só existem porque uma rede de
comunicações e de expressões viabiliza a construção de sua
identidade. Nessa visão mais abrangente, a comunicação
perpassa em todas as direções o tecido organizacional. Não é
responsabilidade de um profissional ou mesmo de uma só
área, mas configura-se como algo que ao mesmo tempo atribui
e permite estabelecer regras de relacionamento entre a
organização e seus públicos. (Curvelo, 2001, p.135)
Logo, percebe-se aí uma necessidade de evolução contínua das
organizações que, reconhecendo a necessidade de se comunicar e de fazê-lo
de forma eficaz como estratégia de sobrevivência, como apontado nos
capítulos anteriores, estruturam seus setores de comunicação integrada na
busca de ampliar sua presença não só na mídia, como também na percepção
de seus stakeholders, colaborando para o posicionamento de sua marca,
imagem, ideologia e outros, contribuindo, desta maneira, para o alcance
positivo da percepção da opinião pública.
35
CONCLUSÃO
Ao longo deste trabalho pode-se perceber que, de fato, são muitos
os desafios existentes a pratica de construção de um planejamento estratégico
pelos profissionais que compõe o setor de comunicação integrada de uma
empresa/organização. Muitos autores têm se dedicado ao árduo trabalho de
tentar esmiuçar os complexos caminhos que permeio estas atividades.
Mais do que uma prática corriqueira é preciso que os profissionais
destinados à execução das atividades que fazem parte do processo
comunicativo estejam atentos para a importância da utilização de ferramentas
adequadas a cada propósito de um projeto de comunicação, mensurando
resultados e prospectando novas ações que garantam a eficiência e a eficácia
da comunicação.
O que se pretende nesse trabalho é explicitar quais são os
complexos caminhos que a comunicação organizacional/empresarial percorre,
a fim de realizar um trabalho comunicativo, de acordo com os atributos que a
dinâmica da informação exige indo ao encontro do interesse da organização de
acordo com os padrões estabelecidos pelo princípio básico da comunicação:
emissor, mensagem e receptor.
Mais do que nunca, nesta era da informação é preciso estar atento
para que todos os públicos de relacionamento estejam alinhados, para que não
haja “ruídos” que comprometam a integridade daquilo que uma organização
tem de mais precioso, a sua imagem.
O pensar estrategicamente tornou-se imperativo e os inúmeros
exemplos de empresas consagradas no mercado comprovam que além de sua
atividade fim, é preciso que as organizações estejam inseridas no contexto com
a sociedade. Não é possível mais esconder-se em casulos é preciso comunicar
e comunicar com eficiência e inteligência. Reverter cenários negativos,
preservar positivos e saber sobreviver em momentos de crise.
Certos da importância da comunicação estratégica buscou-se
apresentar aqui argumentos factíveis do estabelecimento desta nas
36
organizações e de como sua aplicação contribui para o alcance de resultados
favoráveis, partindo da analise da participação da comunicação integrada no
ambiente corporativo e as dinâmicas que envolvem este processo e a
contribuição da adoção desta atividade para o incremento do planejamento.
37
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 - CASTRO NEVES, Roberto. Comunicação Empresarial Integrada.
Rio de Janeiro: Editora Mauad, 2 Edição, 2002.
4 - DUARTE, Jorge (Coord.). Assessoria de Imprensa e Relacionamento com
a Mídia: Teorias e Técnicas. São Paulo: Editora Atlas, 2002.
3 - CHAPARRO, Carlos – Jornalismo na Fonte – Disponível em
www.oxisdaquestao.com.br consultado em 24 de setembro de 2011
4 - BUENO, Wilson da Costa. Comunicação Empresarial: Políticas e
Estratégias. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
5 - DIAZ BORDENAVE, Juan E. O que é Comunicação - Ed. Brasiliense, 2007
6 - RABAÇA, Carlos Alberto e BARBOSA, Gustavo Guimarães – Dicionário de
Comunicação, 2. ed. rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Campus, 2001, 795
páginas.
7 – KUNSCH, Margarida Maria Krohling – Planejamento de relações públicas
na comunicação integrada, Ed. Ver., atual e ampl. – São Paulo: Summus,
2003.
8 - - KOPPLIN, Elisa e FERRARETO, Luiz Artur – Assessoria de Imprensa, 1.
ed. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1993
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Comunicação e a arte de comunicar 11
1.1 – O que é comunicação 11
1.2 – Organização: nascem as novas redações 12
1.3 – Jornalista: os repórteres das organizações 16
CAPÍTULO II
Comunicação Institucional 19
21 – O que é notícia 19
2.2 – Por onde a notícia anda? 22
2.3 – A comunicação institucional 26
CAPÍTULO III
Comunicação Integrada e Planejamento Estratégico 29
3.1 – O que é comunicação integrada? 29
3.2 – O planejamento estratégico 31
2.3 – A importância do planejamento 33
CONCLUSÃO 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
ÍNDICE 38