Nova iguaria pode ser congelada e administração...

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1 Ano XVI - Nº 52 - Abril e Maio / 2013 - Rua Piauí, 220, 5º andar - Santa Efigênia - BH/MG CEP: 30150-320 HAMBÚRGUER DE QUEIJO Nova iguaria pode ser congelada e não derrete ao ser aquecida pág. 11 PROTAGONISTA DA FAZENDA LEITEIRA Marcelo Otenio, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, ensina como usar e cuidar da água nas propriedades rurais pág. 05 Empresas buscam qualificação e investem na gestão dos seus processos págs. 08 a 10 ADMINISTRAÇÃO INTELIGENTE Impresso Fechado Pode ser aberto pela ECT EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS Mudou-se Em ___/___/___ Responsável ________________ Ausente Endereço insuficiente Desconhecido Não procurado Não existe o nº indicado Recusado Falecido

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Protagonista da fazenda leiteiraMarcelo Otenio, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, ensina como usar e cuidar da água nas propriedades ruraispág. 05

Empresas buscam qualificação e investemna gestão dos seus processospágs. 08 a 10

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EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS

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A gestão das diferentes etapas da cadeia produtiva é essencial para manter a saúde do negócio. É assim com o nosso corpo, em que cada órgão realiza sua função para o melhor desempenho. Afinal, aquele que estiver debili-tado pode comprometer, de forma irreparável, a boa performance de outros órgãos e, dessa forma, danificar a saúde do organismo. Ao ado-tar um modelo de gestão, cada setor da empre-sa precisa ser avaliado e, quando necessário, orientado a redirecionar atitudes para obter o resultado desejado.

Mas, como cada organismo reage de uma forma, o modelo de gestão a ser implantado na indústria de lácteos também é singular. O importante é acompanhar o desempenho de cada setor de forma individualizada e medir sua contribuição para o todo. Conhecer e ma-pear os diferentes processos na indústria de laticínios significa alcançar, entre outras van-tagens, redução de perdas, maior segurança alimentar e diminuição de efluentes líquidos, sólidos e atmosféricos, com consequente me-lhoria de resultados financeiros.

Por outro lado, não adotar um modelo de gestão eficiente, com registros contábeis e gerenciais confiáveis, e que gerem dados para avaliação do desempenho da empresa, poderá influenciar negativamente em seu desenvolvi-mento. Nesta edição do Silemg Notícias, mos-tramos que, com o dinamismo da economia e a necessidade de tomada de decisão rápida, não contar com boas ferramentas de gestão pode

ser o diferencial entre se manter ou não com capacidade concorrencial frente aos demais fa-bricantes.

Para se tornar competitivo no mercado, também é preciso acompanhar e estar atento às normas que regem o setor de lácteos. A publi-cação recente de vários decretos pela Secretaria da Fazenda de Minas Gerais alterou a legislação do ICMS referente à transferência e utilização de créditos acumulados do imposto para a compra, por exemplo, de ativo imobilizado, retirando a possibilidade de uso daqueles oriundos de ope-rações interestaduais e determinando o estorno de saldo credor acumulado em condições pre-vistas na legislação modificada.

Dessa maneira, os associados devem sa-ber planejar ao fazer suas aquisições de forne-cedores situados fora do Estado, contribuindo, entre outros resultados, para a eficiente gestão tributária do negócio. Não há novos caminhos, o que há é uma maneira nova de caminhar.

Boa leitura!Guilherme OlintoPresidente do Silemg

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gestão Para o crescimento

editorialexPediente

ANO XVI / Número 52 / Abril e Maio de 2013SILEMG / Endereço: Rua Piauí, 220 / 5º andar / Santa EfigêniaCEP: 30150-320 / BH/MG / Tel: (31) 3223-1421www.silemg.com.br / [email protected]: BimestralImpressão: Gráfica CGB Artes Gráficas / Tiragem: 3.500

DIRETORIA EXECUTIVAGuilherme Olinto Abreu Lima Resende - CoaperiodocePresidentePaulo Bartholdy Gribel - Laticínios São Vicente de Minas LtdaVice-presidenteJoão Lúcio Barreto Carneiro - Laticínios Porto Alegre LtdaDiretor AdministrativoGuilherme Silva Costa Abrantes - Laticínios Dona Formosa LtdaDiretor FinanceiroAlessandro José Rios de Carvalho - Laticínios Verde Campo LtdaDiretor Tecnológico

DIRETORIA ADJUNTAAntônio Fernandes de Carvalho - Laticínios Union LtdaArmindo José Soares Neto - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéBernardo Bahia - Laticínios MB LtdaCarlos da Silveira Dumont - Coop. dos Produtores Rurais do Serro LtdaCarlos Eduardo Abu Kamel - Coop. dos Produtores Rurais de Itambacuri LtdaCarlos Henrique Pereira - Forno de Minas Alimentos S/ACarlos Roberto Soares - Dairy Partners Americas Manufacturing/DPA NestléCícero de Alencar Hegg - Laticínios Tirolez LtdaClaudinei Ribeiro Chaves - Laticínios Bom Gosto LtdaEstevão Andrade - Laticínios PJ LtdaGiovanni Diniz Teixeira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéGuglielmo Agostini da Matta - Godiva Alimentos LtdaHumberto Esteves Marques - Barbosa & Marques S/AIvan Teixeira Cotta Filho - Cottalac Indústria e Comércio LtdaJaime Antônio de Souza - Laticínios Bela Vista LtdaJoão Bosco Ferreira - Coop. Central Mineira de Laticínios Ltda/CemilJosé Antônio Bernardes - Embaré Indústrias Alimentícias S/AJosé Márcio Fernandes Silveira - CristaulatJosé Samuel de Souza - Coop. Agropecuária de Raul Soares LtdaJuarez Quintão Hosken - Laticínios Marília S/ALéo Luiz Cerchi – Scalon & Cerchi LtdaLúcia Alvarenga - Laticínios Lulitati LtdaMarcelino Cristino de Rezende - Nogueira e Rezende Indústria de Laticínios LtdaMarcos Alexandre Macedo Narciso - Laticínios Vida Comércio e Indústria LtdaMarcos Campos Dell’Orto - Coop. Agropecuária de Resplendor LtdaMarcos Sílvio Gonçalves - Indústria de Laticínios Bandeirantes LtdaMaurício Chucre de Castro Silva- Puroleite Industrial LtdaOlavo Imbelloni Hosken - Laticínios Marília S/ARicardo Cotta Ferreira - Coop. Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais/ItambéRodrigo de Oliveira Pires - Brasil Foods S/AValéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida LtdaVicente Roberto de Carvalho - Vicente Roberto de Carvalho e Cia. LtdaWelson Souto Oliveira - Coop. de Laticínios Vale do Mucuri LtdaWellington Silveira de Oliveira Braga - Laticínios Bela Vista LtdaWilson Teixeira de Andrade Leite - Laticínios Vitória Ltda

CONSELHO FISCAL EFETIVOJosé Nilton Gomes Barbosa - Coop. dos Produtores de Leite de Leopoldina de Resp. LtdaLuiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/ARoberto de Souza Baeta - Cayuaba Agroindustrial LtdaCONSELHO FISCAL SUPLENTEAna Paula Reis Lopes - Laticínios Nutrileite Ind. e Com. LtdaElias Silveira Godinho - Laticínio Sevilha LtdaRamiz Ribeiro Junqueira - Laticínios Curral de Minas LtdaDELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG - EFETIVOSGuilherme Olinto Abreu Lima Resende - CoaperiodoceFrancisco Rezende Alvarenga - Alvarenga & Cia. LtdaDELEGADOS JUNTO AO CONSELHO DE REPRESENTANTES/FIEMG - SUPLENTESLuiz Fernando Esteves Martins - Barbosa & Marques S/AValéria Cristina Athouguia Dias - Indústrias Flórida Ltda

Jornalista responsável: Flávia Rios (06013 JP)Projeto Editorial: Rede Comunicação de ResultadoEdição: Jeane Mesquita e Licia LinharesRedação: Bárbara Fonseca, Beatriz Debien, Hellem Malta, João Luís Chagas e Rita CardosoFotos: Arquivo Pessoal, Cia. da Foto, Danone/Divulgação, Laticínios Scala/Divulgação, Leandro Bifano, Rubens Neiva, Secretaria de Turismo de São Roque de Minas/Divulgação, Shutterstock e Trevo Alimentos/DivulgaçãoCapa: ShutterstockProjeto Gráfico, Diagramação e Ilustrações: Obah Design

ErrataNa edição nº 51, a foto mostrada na pág. 10 é do queijo parmesão e não do queijo do reino, conforme foi publicado.

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giro no mercado

soro de leite: novo regulamentoEstabelecer os padrões de identidade e qualidade do soro de leite

destinado ao comércio nacional e internacional. Esse é o objetivo da Ins-trução Normativa DILEI nº 01/85 publicada, em abril, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e divulgada por meio do Ofício Circular DILEI nº 26/85 de 04.11.85.

Além de classificar os soros de leite ácido e doce, o novo regulamento especifica as características sensoriais do produto - aparência, cor, odor e sabor - físico-químicas, como pH, umidade e quantidade de proteína. Ele também define formas de conservação do soro e atualiza as regras para o transporte presentes na normatização de 1985. Outro ponto importante são os critérios estabelecidos a respeito do uso de aditivos que não po-

Com foco no aumento da exportação de derivados do leite em 30% até 2014, a Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), a Organização das Cooperativas Brasi-leiras (OCB) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) assi-naram o protocolo de intenções para a execução do Projeto Setorial de Promoção de Exportações de Produtos Lácteos Brasileiros.

Para isso, serão investidos R$ 2,3 milhões em ações de promo-ção no mercado externo nos próximos dois anos. Entre elas, estão previstas missões de prospecção de negócios e parcerias nos países

volta Por cima

derão ser usados no soro refrigerado. Para os demais (termizado e pas-teurizado), uma tabela indica quais estabilizantes, reguladores de acidez e antiumectantes devem ser adicionados.

A regulamentação permitirá que novos produtos à base de soro se-jam desenvolvidos e o subproduto não seja descartado como rejeito. Há também as vantagens para o consumidor final, que poderá consumir com mais segurança os produtos feitos com o soro, já que a norma abrange a quantidade de contaminantes e normas de higiene.

Não há previsão para que o regulamento entre em vigor. Após a consul-ta pública – encerrada em 10 de maio – a Instrução Normativa deve passar por adaptações antes de ser publicada no Diário Oficial da União.

Angola, Arábia Saudita, Argélia, Emirados Árabes, Venezuela, China, Iraque e Egito.

Presente em 1,3 milhão de propriedades brasileiras, a atividade leiteira foi prejudicada pela crise econômica internacional. Em 2008, o país bateu o recorde na exportação de leite, faturando US$ 541 milhões. Mas, devido às oscilações do mercado, na ocasião, diversos países passaram a adotar polí-ticas protecionistas, reduzindo o número de exportações. O convênio assi-nado entre OCB, Apex-Brasil e MDA visa ter o Brasil como um importante exportador novamente, revertendo o quadro atual.

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giro dos associados

A Danone e a Mauricio de Sousa Produções (MSP) vão repetir a parceria de sucesso dos anos de 1980 – uma linha completa com nove produtos lácteos da Turma da Môni-ca. Entre eles, um deve chamar a atenção das crianças: O Verdadeiro Danone Monta Turma.

A embalagem do iogurte – com oito unidades disponí-veis, totalizando 760 gramas – poderá ser reutilizada para mon-tar bonecos dos personagens criados pelo cartunista Mauricio de Sousa. Cada unidade vem com uma cartela de adesivos – com olhos, cabelos, braços e sapatos – que permite montar e customizar até quatro brinquedos.

Completam a linha de produtos O Verdadeiro Danone Turma da Mônica a embalagem de 450g – seis garrafinhas – de leite fermentado; a garrafinha de 170g sabores framboesa free-ze e frutmix; o iogurte polpa de morango e banana com maçã, disponível em embalagens de 570g e 760g; o iogurte sabor mo-rango de 56g em embalagem stick e a bebida láctea sabor cho-colate disponível em embalagem UHT de 200ml.

sabor de brincadeira

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A Brasil Foods (BRF) registrou forte alta nos lucros do primeiro trimestre de 2013. A receita líquida da empresa atingiu R$ 7,2 bilhões, número 134% maior que o do mes-mo período do ano anterior. O mercado interno represen-tou 78,5% do resultado operacional e foi o principal res-ponsável por esse crescimento.

O segmento de lácteos contribuiu positivamente para os lucros, colaborando com R$ 647,6 milhões para o faturamento, quase 9% do lucro total. O mercado exter-no também ajudou a alavancar os resultados. As 602,1 mil toneladas exportadas no período representaram R$ 3,1 bi-lhões da receita total, um aumento de 31% em relação ao exercício anterior.

Com expectativas positivas em relação ao atual ce-nário econômico, a BRF prevê investimento em torno de R$ 516 milhões em diversos projetos voltados para o cres-cimento, a eficiência e a infraestrutura da empresa, além da aquisição de ativos biológicos – plantas e animais vivos.

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Nova linha de iogurtes da Danone deve chamar a atenção das crianças

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Ponto de vista

car em um riacho, poluindo-o com matéria orgânica que resultará no aparecimento de algas, por exemplo.

Mas, ainda que a água seja “limpa”, podem ocorrer outros problemas para a atividade. A lavagem de ordenhadeiras, por exemplo, exige cuidados especiais. A última etapa da higienização dos equipamentos deve ser feita com água em abundância para retirar todos os resíduos de saneante (cloro). Semanalmente, é necessária uma limpeza especial, utilizando detergente ácido para retirar aquela espécie de poeira branca que se acumula na tu-bulação. Em regiões onde a água é muito “dura”, a limpeza com detergente ácido deve ser feita em intervalos mais curtos.

A dureza da água se deve ao alto teor de cálcio e magnésio. Te-ores elevados desses elementos resultam na água salobra, que não deve ser utilizada para a lavagem de equipamentos. Para conhecer a qualidade da água, é necessário analisá-la do ponto de vista físico, químico e microbiológico. A análise pode ser realizada em universi-dades ou em empresas municipais de saneamento. Se os testes indi-carem uma “água dura”, não estará ao alcance do produtor resolver o problema. Os tratamentos para corrigir a dureza da água custam caro e só são realizados por indústrias e empresas de saneamento. Desde que a dureza não afete o consumo por parte dos animais, o produtor poderá conviver com o problema. Basta limpar os equipa-mentos com mais frequência, usando os produtos indicados pelo fabricante da ordenhadeira.

*Pesquisador – Embrapa Gado de Leite

ServiçoPara mais informações, acesse o site: http://www.infoteca.cnptia.

embrapa.br/bitstream/doc/875235/1/COT60cloracao.pdf

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*Por Marcelo Otenio

A água é o item de maior requisição quantitativa para o bovi-no e o principal personagem na rotina de uma fazenda leiteira. Na dieta, menos consumo de água significa queda na produção de lei-te. A necessidade desse elemento varia conforme a categoria animal e está relacionada à temperatura ambiente, umidade relativa, peso corporal. Uma vaca de alta produção pode consumir até 170 litros de água por dia.

Após a ordenha, quase sempre ocorre um pico de consumo de água pelos animais, quando a vaca pode ingerir até 50% de suas neces-sidades hídricas diárias. Isso torna a saída da sala de ordenha um dos locais estratégicos para a localização dos bebedouros, que devem ficar em locais frescos e de fácil acesso, com espaço suficiente para que os animais não precisem “disputar” o acesso à água.

Bebedouros artificiais são mais indicados que as fontes naturais. Eles permitem um melhor monitoramento da qualidade da água ofe-recida. As fontes naturais, quando contaminadas com matéria orgâni-ca, podem trazer riscos à saúde dos bovinos. Não é incomum encon-trar reservatórios naturais ou artificiais de água com uma coloração verde, contendo algas que podem ser nocivas aos bovinos.

Não permitir o acesso do rebanho às minas, aos lagos, aos riachos e aos rios é também importante para evitar a contaminação da água por fezes e urina e o pisoteio da área. Essa medida contribui para a pre-servação das fontes naturais, já que o pisotear do rebanho compacta o terreno e destrói a vegetação ao redor.

Mais de 80% da área rural brasileira não possui saneamento bási-co. A água utilizada vem das reservas naturais das fazendas e o produ-tor quase sempre desconhece sua qualidade. Na maioria das vezes, é o próprio produtor o responsável pela má qualidade da água. É muito comum a sujeira oriunda da limpeza das salas de ordenha desembo-

Água na fazenda: cuide bem Para não faltarNão permitir o acesso do rebanho às fontes naturais é importante para evitar a contaminação da água por fezes, urina e o pisoteio da área

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Recentemente, a publicação de vários decretos estaduais alterou a legislação do ICMS referente a utilização de crédito acumulado do imposto e sua transferência para a compra de ativo imobilizado (cami-nhões, tratores, máquinas e equipamentos). O novo artigo 75-A, da Parte Geral e o artigo 27 do Anexo VIII, ambos do RICMS/02, respectivamente, determinam que a apropriação de crédito presumido, acumulada com os créditos normais da entrada, não poderá resultar em saldo credor ao final do trimestre civil e o crédito acumulado oriundo de operações inte-restaduais de compra não pode ser usado para a aquisição de caminho-nete destinada ao transporte exclusivo de carga, com carroceria aberta ou furgão, de caminhão ou trator.

Preocupado com os impactos desses decretos na cadeia produtiva do leite, o Silemg criou um grupo de trabalho para discutir e avaliar, jun-to à Secretaria de Estado da Fazenda, as mudanças da legislação tributá-ria do ICMS e propor alterações que simplifiquem e deem mais agilidade aos processos referentes aos laticínios.

Para falar sobre o assunto, o Silemg Notícias convidou o advogado, que atua como gerente Administrativo e Financeiro da Cemil e também membro do grupo do Sindicato, Antonio Marcos dos Reis. Confira o bate-papo.

O que muda na legislação do ICMS com a publicação dos De-cretos nº 46.044, de 15.09.12, nº 46.131, de 09.01.13 e nº 46.142, de 30.01.13 em relação ao setor lácteo?

Além desses decretos relacionados, adiciono o nº 46.031 de 20.08.12 e o nº 46.238 de 10.05.13. Ressalto que os efeitos decorrentes da edição deles, de forma geral, não têm alcance restrito ao setor lácteo. As altera-ções mais significativas relacionam-se às restrições para transferência de créditos de ICMS, destinados à aquisição de bens para o ativo imobiliza-do, e restrições à utilização de crédito presumido.

O que muda na legislação tributária referente à transferência e utilização de créditos acumulados do ICMS?

Basicamente, passa a haver, a partir da vigência do Decreto nº 46.031, restrição à transferência de créditos oriundos de entradas (com-pras) de outros estados da federação para a aquisição de caminhões, trator ou caminhonete destinada ao transporte exclusivo de carga, com carroceria aberta ou furgão. Além disso, a soma do crédito presumido com os créditos normais não poderá resultar em saldo credor no período equivalente ao trimestre civil.

entrevista

O uso de crédito acumulado do ICMS e sua transferência para a aquisição de bens ou mercadorias têm novas restrições

mudanças na legislação tributÁria

Antonio dos Reis acredita que as indústrias devem se planejar para fazer suas aquisições de fornecedores de MG

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Quando essas alterações entraram em vigor? A alteração que restringe a utilização do crédito de ICMS na compra

de caminhões e afins entrou em vigor no dia 21 de agosto de 2012, a partir da publicação do Decreto nº 46.031. Já as restrições relacionadas ao acú-mulo de crédito presumido estão em vigor desde 1º de janeiro de 2013.

Como temos leitores de públicos diferenciados, esclareça: o que é crédito acumulado de imposto e quais as desvantagens para as in-dústrias detentoras desses créditos?

Quando a indústria faz uma compra, os impostos compõem o preço pago pela mercadoria. Tratando-se de impostos não cumulati-vos, especificamente o ICMS, aquele valor que compôs o preço pode ser objeto de crédito. Quando a empresa vende a mesma mercadoria ou produtos originados desta ou de um conjunto destas, ela também compõe o preço com os impostos, havendo, nesse caso (venda), a ge-ração de um débito do mesmo imposto. O valor a recolher do ICMS, de forma sucinta, é o resultado da diferença entre débitos (nas saídas, especialmente pela venda) e créditos (nas entradas, principalmente pela compra).

Mas, por diversos motivos ou mesmo particularidades do negócio, os débitos em cada mês de apuração podem ser menores que os créditos do mesmo período. Nesse caso, o crédito acumula-se mensalmente.

A desvantagem para as indústrias é que se trata de valores de-sembolsados na compra. Tais créditos só podem ser utilizados para abater débitos de operações futuras ou aquisição de bens ou mer-cadorias na forma disposta no RICMS com as limitações existentes como, por exemplo, apenas de fornecedores de Minas Gerais. O cré-dito, independentemente do tempo que fique sem utilização, não tem nenhum tipo de atualização; não havendo possibilidade de uso, converte-se em perda.

Por outro lado, quando se permite a utilização do crédito, esse se transforma em investimento, convertido em aquisições de outros insumos para produção, vendas, empregos e, consequentemente, no-vos investimentos, além de fomentar a indústria local.

Qual a perspectiva da cadeia leiteira em relação a essa mudança na legislação?

A perspectiva para as empresas que não puderem adquirir seus in-sumos, matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem de Minas Gerais é de que tenham um aumento do crédito acumulado de ICMS, em função da restrição a sua utilização. A principal consequência é o impacto negativo no caixa, em função de não haver perspectiva de transferi-lo para a aquisição de ativos, por exemplo, caminhões. Nesse caso, se a empresa quiser fazer um investimento, apesar de possuir o cré-dito, tem que desembolsar o dinheiro ou buscar um financiamento.

Quais os cuidados que as indústrias devem ter para a otimiza-ção do uso dos créditos acumulados de ICMS com a mudança na le-gislação?

O principal cuidado é se planejar para fazer suas aquisições (de ma-téria-prima, insumo e outros) de fornecedores situados no Estado.

Quais foram as propostas do Silemg para atenuar as regras atu-ais de utilização dos créditos acumulados do ICMS, feitas em reunião com os técnicos da Secretaria da Fazenda?

O Silemg solicitou a eliminação das restrições, mas não foi possível. Diante disso, o sindicato pediu que fosse permitida a utilização integral dos créditos originados das aquisições internas, a contagem de prazo para utilização de créditos a partir do mês seguinte àquele aprovado em regime especial anterior e o fracionamento da utilização do crédito em um ou mais regimes para um ou mais fornecedores.

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Mercado de lácteos exige que empresas se qualifiquem e invistam, cada vez mais, na gestão de seus processos

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No Laticínios Scala, a gestão dos processos de produção, como a maturação dos queijos, é feita com base em metas e resultados

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Planejar, organizar, otimizar. Por definição, o conceito de ges-tão abrange essas situações, porém, na prática, a questão vai mais além. Gerir é fazer com que o negócio seja cada vez mais compe-titivo e, ao mesmo tempo, sustentável. A grande concorrência de mercado e os consumidores exigentes – fora os avanços tecnoló-gicos – têm levado as empresas a rever seus processos internos e a investir em sistemas de gestão nas mais diversas áreas. Na indústria de laticínios, não é diferente. Desde a produção à administração, a reestruturação interna gera lucros, visibilidade da marca e acesso a financiamentos.

Ciente da importância de focar nesta área, o Laticínios Scala, que em 2013 completa 50 anos de atividades em Sacramento, no Alto Paranaíba, implantou, há cinco anos, o sistema que ganhou o nome de Gestão Integrada dos Processos da Scala (Gips).

Segundo o especialista em Custos e Orçamento, Dempsey Jú-nior, antes do Gips, a empresa era administrada de forma bastante centralizada, com apenas um superintendente que respondia por toda a organização. O modelo foi se mostrando inviável, pois os resultados da produção estavam cada vez mais expressivos e, dian-te desse aumento, algo precisava mudar. “A partir daí, foi imple-mentada uma gestão descentralizada, baseada em indicadores de desempenho e controle orçamentário, sendo esses os pilares do nosso processo de gestão. Hoje, cada responsável por departamen-to gerencia a rotina em busca de resultados e presta conta em caso de atingir ou não a meta. Tudo muito transparente”, explica.

O primeiro passo para a implantação do sistema ocorreu com a divisão do laticínio em duas áreas: industrial e administrativo, cada uma com seu gerente. Feito isso, foi sendo elaborado o mode-lo de gestão que fosse voltado para metas e resultados e envolvesse todos os 500 funcionários. Para isso, eles participaram de treina-mentos com as lideranças com foco nas metodologias que seriam adotadas no processo.

A partir dessa etapa, definiram-se as metas corporativas e se-toriais, que passaram a ser divulgadas mensalmente em reuniões e quadros de gestão à vista, fixados nos setores da empresa. Como forma de motivar o engajamento dos colaboradores, ficou esta-belecido também um plano de remuneração variável a partir do alcance das metas.

De acordo com Dempsey, no primeiro ano de implantação do Gips, registrou-se uma redução de aproximadamente R$ 1,5 milhão em despesas. O resultado foi possível, entre outros fatores, devido ao acompanhamento diário da evolução das metas, o que é feito pelas lideranças.

organização dos processosHerdeira da tradição dos dinamarqueses na produção de

queijos finos no Estado (leia mais na página 14), o Laticínios São

Vicente, em São Vicente de Minas, no Campo das Vertentes, tam-bém investiu, nos últimos quatro anos, na melhoria dos processos internos. “Para nós, a gestão sempre foi importante, mas nesse pe-ríodo demos mais ênfase a essa questão, em função da evolução do mercado de lácteos, que está em um processo de profissionali-zação muito rápido”, explica Paulo Gribel, presidente da empresa e vice-presidente do Silemg.

O empresário ressalta que é importante que se trabalhe a transparência e a circulação das informações na organização, o que permite uma maior padronização e adequação de detalhes opera-cionais. “A qualidade da informação e um bom planejamento são fundamentais para o alto desempenho de uma organização.”

No mercado desde 1994, o São Vicente acaba de se associar ao Fundo de Private Equity, que adquiriu 45% da empresa. Segundo Paulo, a venda já fazia parte do planejamento do laticínio, que esta-va focado no crescimento e na competitividade no mercado. “Sem dúvida, ter uma gestão corporativa foi determinante para que tal associação fosse possível”, comenta.

Segundo o consultor do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas), Ricardo Augusto Bosca-ro, que atua na área de agronegócios, grande parte das empresas do ramo de laticínios percebe a necessidade de se organizar quando

O especialista em Custos e Orçamentos, Dempsey Junior, acompanha pelo Gips os processos de gestão do Laticínios Scala

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começa a crescer. Isso, em sua opinião, é um erro que pode com-prometer o sucesso do negócio. “O ideal é que a empresa cresça de forma consciente, já organizada desde seu início. Mas o que vemos é o contrário. O estabelecimento aumenta as vendas e a produção e só depois se preocupa em organizar seus processos e sua gestão”, acredita.

O consultor explica ainda que o investimento em gestão é tão importante quanto os recursos que se aplicam em tecnologia, pes-soas e modernização, afinal, de nada adianta ter um maquinário de ponta se não se sabe os resultados que serão obtidos com o seu uso. “O empresário precisa ter consciência de que aumento de vendas não significa, necessariamente, aumento de lucros. Pode, inclusive, levar a perdas. Sem controles internos organizados e sistematizados, o empresário não sabe se está ganhando ou perdendo.”

No geral, os passos que os empresários de laticínios devem se-guir para implementar sistemas de gestão interna não se diferem dos demais setores produtivos. “O Sebrae Minas oferece treinamentos em diferentes áreas da gestão, como financeira, pessoas, indicadores, es-tratégia e vendas. Existem, ainda, empresas que desenvolvem softwares e/ou processos específicos para a indústria de laticínios. O importante é que o empresário pesquise e identifique qual programa atende suas necessidades e o perfil do seu negócio”, conclui Ricardo.

Ricardo Boscaro, consultor do Sebrae Minas, considera um erro as empresas deixarem para organizar seus processos após o crescimento do negócio

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Tecnologia: Queijo em formato de hambúrguer resistente ao calorPesquisador responsável: Antônio Fernandes de Carvalho – pro-

fessor-doutor do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Univer-sidade Federal de Viçosa (UFV)

O Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Transferência de Conhecimento em Leite e Derivados (Inovaleite) do Departamento de Tecnologia de Alimentos (DTA), da Universidade Federal de Viçosa (UFV), desenvolveu um novo queijo, diferente e sem similares no mercado.

Congelável, em formato de hambúrguer e resistente ao derreti-mento, o Queijo para Hambúrguer é uma proposta alternativa e nutri-tiva para pessoas que não consomem carnes ou buscam por novidades e praticidade em suas refeições. “Como o queijo concentra nutrientes, especialmente cálcio e proteína, ele pode suprir as necessidades diárias do corpo humano se ingerido junto a uma dieta balanceada”, explica o professor-doutor do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e responsável técnico do produ-to, Antônio Fernandes de Carvalho.

As justificativas para o seu desenvolvimento foram retiradas do mer-cado consumidor. Atualmente, cerca de 8% da população brasileira faz opção pelas dietas vegetarianas, por motivos de saúde. Por fornecer boa quantidade de proteínas, o queijo é a opção para essa significante parcela

de consumidores que ingere em maior quantidade fontes proteicas vege-tais, como a soja e o levedo de cerveja.

aprovado pelos consumidoresDurante o desenvolvimento do Queijo para Hambúrguer foram

feitos testes com consumidores – frequentadores de uma lanchonete da cidade puderam experimentar a novidade. “O feedback foi muito positi-vo. A maioria das pessoas que conheceu o produto gostou muito”, conta Antônio. Para agradar ainda mais os clientes, o queijo de sabor suave – se-melhante ao muçarela – também pode ser aromatizado.

As principais tendências de mercado para os próximos anos são a maior segmentação, diferenciação e praticidade de produtos e serviços – que faci-litem as tarefas domésticas, por exemplo, o crescimento da participação da faixa etária economicamente ativa, além do surgimento de consumidores cada vez mais exigentes e responsáveis do ponto de vista socioambiental.

radar acadÊmico

Desenvolvido na UFV, iguaria com formato diferente e congelável não derrete ao ser aquecida

Hambúrguer de queijo: inovação na mesa

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Produtos inovadores vêm ganhando cada vez mais força e con-quistando espaços nas gôndolas dos supermercados. Um estudo da Euromonitor, consultoria internacional, indica que até 2014 o merca-do brasileiro de alimentos saudáveis movimentará R$ 38 bilhões, com expansão de 39% em relação ao volume atual.

A bola da vez é o iogurte grego que caiu no gosto dos brasilei-ros. Já lançado pelas grandes indústrias do setor, o produto chegou ao Brasil por meio de um laticinista de Sete Lagoas (MG). “Fomos o primeiro a lançar o iogurte grego, em junho de 2011. Apesar da difi-culdade de divulgação que as empresas menores enfrentam, o nosso produto tem uma taxa média de crescimento mensal de 18%, ou seja, muito significativa dentro do mercado”, conta Marcelino Cristino de Rezende, diretor Financeiro e Administrativo da Trevo Alimentos.

Na época, o iogurte grego era uma inovação. “Nossa equipe fez visitas técnicas a outros países e percebeu essa oportunidade, que deu muito certo. Para a fabricação do novo produto, usamos a mes-ma tecnologia e fornecedores que já tínhamos. O que precisou de adaptações e estudo foram os processos de produção”, observa.

Na visão do diretor, a Trevo Alimentos investe em produtos que são desejos dos consumidores, o que contribui para colocar a empre-sa em um patamar mais elevado. “O retorno quanto ao volume de vendas com produtos mais específicos é menor, no entanto, eles nos ajudam a consolidar uma boa imagem da empresa. A partir do mo-mento que você atende às mudanças exigidas pelo perfil do cliente e do mercado, você surpreende e ganha o público”, acredita Marcelino.

Lançamentos caem no gosto do consumidor e garantem às indústrias retornos positivos

inovar Para ganHar

Seguindo a tendência de alimentos saudáveis, a Trevo Alimentos lançou, no primeiro trimestre de 2013, a coalhada com granola e as op-ções de iogurte com polpa de frutas com zero açúcar ou zero gordura.

qualidade de vidaAssim como a Trevo Alimentos, outras empresas do setor lácteo

– de grande e pequeno porte – viram nesse nicho de mercado uma oportunidade de faturamento e retorno positivo. É assim com a Ba-tavo, que decidiu, em 2012, apostar em novos produtos com foco na qualidade de vida. “Um dos recentes lançamentos e grande inovação da marca foi o Batavo Hidra, um suco à base de soro do leite, nos sabores maracujá, pêssego e uva. Além disso, a marca ampliou a linha Batavinho, voltada ao público infantil, com um novo iogurte integral, feito à base de polpa de fruta e sem corantes artificiais”, explica Lucia-ne Matiello, diretora de Lácteos da BRF.

Para satisfazer um público ávido por produtos que aliem saú-de à inovação, a Batavo também se atentou às oportunidades e re-posicionou a marca em abril do ano passado. “Criamos o conceito ‘Pensado para sua natureza’ para reforçar o DNA da marca, isto é, o relacionamento com a natureza, que passou a ser a principal fon-te de inspiração para as nossas criações. A partir daí, modernizamos as embalagens e lançamos produtos inéditos no mercado nacional”, conclui Luciane.

A Trevo Alimentos, de Sete Lagoas (MG), foi o primeiro laticínio a lançar o iogurte grego no Brasil

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Um dos mais deslumbrantes cenários de Minas Gerais, o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972, abrange os municípios de Sacramento, Delfinópolis e São Roque de Minas, sendo esse último detentor de 80% dos 71.525 hectares da área total do local. Situada a 330 quilômetros de Belo Horizonte, na região Centro-Oeste do Estado, a pequena cidade tem o turismo como uma de suas principais fontes de renda, além de abrigar a tradição dos queijos artesanais que há séculos vem sendo passada de geração a geração.

É dentro dos limites da Serra da Canastra, que o Rio São Francisco começa sua longa viagem de quase 3.000 quilômetros até o litoral do Nordeste, onde se encontra com as águas do mar. A nascente do Velho Chico é formada por dois pequenos córregos que surgem no meio de

trilHas de minas

um charco. O acesso ao local se dá pela portaria principal do Parque Nacional, a seis quilômetros da entrada.

Em sua jornada, as águas do Rio da Integração Nacional surpreendem o visitante quando despencam por um paredão de 340 metros, em uma que-da de 186 metros que forma a Cachoeira Casca d’Anta. Considerada a maior atração local, a cachoeira pode ser visitada pelo alto da Serra ou por baixo, em ambos os casos com acesso relativamente fácil por estradas de terra. Seja qual for a escolha, o caminho reserva ao turista quedas d’água menores, que deslizam por cânions e formam piscinas naturais.

Além do Parque Nacional da Serra da Canastra, São Roque de Mi-nas reserva aos visitantes o bucolismo de seus distritos, como o de São José do Barreiro, outras cachoeiras, como a do Cerradão, além da incon-fundível hospitalidade mineira.

tradição secularTombado como bem de natureza imaterial pelo Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008, o queijo artesanal da Canas-tra, assim como os do Serro, de Araxá e da Serra do Salitre, tem características únicas, resultado de uma combinação de fatores naturais, como as pastagens e a qualidade da água da região, além do modo de preparo, herdado dos colo-nizadores portugueses à época do ciclo do ouro.

Da região compreendida como produtora do queijo Canastra, que abrange, além de São Roque de Minas, os municípios de Bambuí, Delfinópolis, Medeiros, Piumhi, Tapiraí e Vargem Bonita, são feitas 5.000 toneladas do pro-duto que abastece mercados de Minas Gerais e estados vizinhos. A atividade, mais que ser fonte de renda para as milhares de famílias que vivem no campo, se confunde com a própria história da região.

Somente em São Roque de Minas, são cerca de 900 fazendas registradas como produtoras de queijo, segundo dados da Empresa de Assistência Técnica Rural de Minas Gerais (Emater). Duas destas propriedades – a já famosa fazen-da do Zé Mário e do João Carlos Leite – têm sido incluídas em roteiros turísti-cos da região, no qual o visitante pode conhecer as etapas da fabricação, ouvir boas histórias e experimentar a iguaria em diversos estágios de maturação.

“Recebemos muitos visitantes por causa de nossas belezas naturais e aproveitamos para oferecer os passeios às fazendas. As pessoas gostam de ouvir as histórias, pois se trata de uma tradição que já vem da família dos produtores há muitas gerações”, conta André Picardi, secretário de Esportes, Cultura, Lazer, Turismo, Meio Ambiente e Agricultura de São Roque de Minas.

Devido ao fato de ser feito com leite cru, o queijo minas artesanal está novamente no foco de discussões que envolvem as diversas pontas da cadeia produtiva, além do poder público. Para este ano, um grupo formado por técnicos, produtores e representantes do governo estadual está estudando a criação de uma nova instrução normativa que vai permitir a comercialização do produto, sem entraves, para fora dos limites de Minas Gerais, além de criar um certificado de origem que proteja e classifique os queijos, garantin-do a sustentabilidade do negócio para os pequenos produtores.

Famosa por suas paisagens naturais, a Serra da Canastra é, ainda, um dos berços das mais antigas técnicas de fabricação de queijos artesanais do Estado

exuberância natural

A Cachoeira Casca d’Anta, em São Roque de Minas, tem uma queda d’água de 186 metros

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contando HistÓrias

Desde os tempos do Brasil Colônia, no período da corrida do ouro, havia muitos aventureiros que desbravaram Minas Gerais à pro-cura de riquezas. Se, no início, eram os bandeirantes que cortavam o interior das Gerais, na primeira década do século 20, um grupo de dinamarqueses decidiu deixar o Velho Mundo para fazer a vida entre as montanhas do Estado. Pequenas cidades do Campo das Vertentes foram as eleitas para que esses corajosos europeus dessem início à produção de queijos finos no país, tal qual eram feitos na terra natal. Passados tantos anos, muita coisa mudou na região, mas o importante legado deixado pelos pioneiros persiste não só no imaginário da po-pulação, como também na economia local.

A história começou com Ramus Nielsen, cuja vinda para o Brasil, em 1911, é cercada de causos. Um deles, o mais popular, é que ele teria feito um seguro de vida em nome de sua esposa, na Dinamarca. Num dia que pescava com seu cachorro, simulou a própria morte no Rio Copenhague. Após pegar um barco para Buenos Aires (Argentina), aportou no Rio de Janeiro, onde se tornou representante de queijos importados e, posteriormente, daqueles produzidos por seus conter-râneos mineiros.

Em 1922, Thorvald Nielsen chegou ao Brasil para “fazer a Améri-ca”. Observando os costumes da população, ele percebeu que os ricos pagavam caro para consumir queijos importados, o que lhe motivou a produzir, em Minas Gerais mesmo, as tão cobiçadas iguarias. Escolheu o Campo das Vertentes para iniciar a atividade, em uma fabriqueta arrendada na famosa Fazenda Campo Lindo, situada em Aiuruoca, que fica entre as cidades de Cruzília e São Vicente de Minas, e que se tornou o berço de toda esta trajetória.

Foi lá que Nielsen criou o queijo prato, uma fusão de paladar dos tipos europeus danbo, elbo, tybo e gouda. O produto, que rapidamen-te se popularizou no país, ganhou esse nome justamente por seu for-mato circular. Tanto o prato quanto os outros queijos que viriam a ser produzidos eram comercializados principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as marcas Dana e Luna.

contando HistÓrias

dinamarca entre as serras de minasCampo das Vertentes é reconhecida como a precursora na produção de queijos finos no país

uma só geraçãoPara expandir os negócios, Nielsen precisava de reforços. E não ha-

via gente melhor para ele convocar que os seus conterrâneos, que já de-tinham certa experiência no ramo. Em 1923, veio Axel Sorensen e, em 1924, Leif Godtfredsen - ambos técnicos em laticínios. O último a che-gar foi Hans Norremose, morto em 2011, aos 103 anos.

Na bagagem, Godtfredsen, que por aqui se transformou em Godo-fredo, trouxe, em um pão de centeio, o mofo que daria origem ao primeiro gorgonzola do país. As tentativas iniciais de reproduzir a iguaria, que tem origem na Itália, não deram certo. Apenas na década de 1950, quando Godtfredsen já estava à frente do Laticínios Skandia, na cidade de Seritinga, é que ele foi bem-sucedido na alquimia que resultou no Minas Azul. Con-ta-se que o produto chegou a ser alvo da polícia do Rio de Janeiro, após de-núncias de que ele estaria mofado, devido a sua cor. Há ainda outras lendas que rondam o queijo azul, como a de que sua tonalidade seria proveniente das cinzas dos tradicionais charutos que Godtfredsen tinha sempre à boca.

O dinamarquês Hans Norremose construiu uma pe-quena usina para

fornecer energia e viabilizar a produção

de queijos em sua fábrica

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A Skandia foi adquirida por Godtfredsen nas mãos de Nielsen, que chegou a ter 21 fábricas de queijo. Outros dinamarqueses também pas-saram de empregados de Nielsen a donos do próprio negócio, arrendan-do ou comprando as frabriquetas. Vale lembrar que, na época, devido às dificuldades com energia elétrica na área rural, era mais vantajoso que os laticínios fossem instalados dentro das fazendas, devido à ausência de câmaras frias para transportar e armazenar o leite.

Só a fazenda Campo Lindo chegou a abrigar 13 pequenas fábricas de vários tipos de queijos finos que empregavam 50 pessoas e produziam 150 toneladas de queijos por mês. Para se ter uma ideia das condições locais, para viabilizar a atividade na pequena Minduri, cidade que estava à beira dos trilhos da linha férrea, Hans Norremose chegou a construir uma pequena usina, que fornecia energia para a sua fábrica e as sessões de circo e cinema do lugar.

Foi na pacata Minduri, inclusive, que Hans viveu o resto de sua vida e casou-se com uma das filhas de Paul Bertholdy, outro queijeiro dina-marquês. O produtor se tornou responsável pela criação do primeiro camembert ao sul do Equador. Javert Gribel, engenheiro que participou da construção de Brasília (DF), também se casou com uma das filhas de Bartholdy. Ele deu continuidade à tradição dos dinamarqueses com

a criação, em 1994, do Laticínios São Vicente, em São Vicente de Minas, em atividade até hoje.

rompendo fronteirasNa década de 1980, as fábricas dos dinamarqueses começaram a

ser vendidas a multinacionais, como as gigantes Gessy Lever e Bongrain. Os ensinamentos deixados por esses aventureiros deram visibilidade à região e motivaram o surgimento de outros laticínios como o Cruziliense, em Cruzília, o PJ e a D’annita, em Lavras.

Hoje formado por 36 municípios, o Campo das Vertentes reúne ca-racterísticas essenciais para o sucesso da atividade queijeira, ao olhar dos dinamarqueses: fartura de água, qualidade das pastagens e clima ameno. Além disso, a região está estrategicamente localizada próxima ao Rio de Janeiro, São Paulo e à capital mineira. “Os dinamarqueses tiveram papel importante no desenvolvimento da região, pois o seu empreendedorismo encontrou barreiras tecnológicas e de infraestrutura, que eles tiveram que dar solução. Além disso, eles contribuíram para a disseminação do consu-mo dos queijos maturados e criaram o queijo prato, ícone da influência dos imigrantes”, afirma Antônio Carlos Carneiro, diretor do Laticínios PJ.

Os queijos maturados, como o gorgonzola, gruyére, emmental, além do prato, produzidos pelo Laticínios PJ, em Lavras, é uma herança deixada pelos imigrantes dinamarqueses na região

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