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Redacçom Nem que fosse como resposta ao badalado filme de Menem "A Pelota Basca", o cinema espanhol estava chamado a levar aos ecrás umha história que idealizasse a figura de algum "herói" contra a organizaçom armada ETA. A figura escolhida foi "o Lobo" e o resultado péssimo: poucas vezes tinha apare- cido em cartaz umha visom tam preconceituosa da realidade basca, mitificando-se umha personagem sem escrúpulos que interpreta o actor espanhol Edu-ardo Noriega. Mas a vida do infiltrado dá para muito mais que a mitificaçom sim- plista: chantagista, proxeneta e delator de Moncho Reboiras, que caía assassinado meses depois de o Lobo ter passado pola Galiza. PÁGINA 13 Redacçom Depois de quinze anos de poder fraguista na Galiza, só um esmerado artifício da lin- guagem pode levar-nos a cha- mar "administraçom pública" ao que antes parece a quinta particular de certas famílias "populares". Numerosos orga- nismos privados com orça- mentos públicos tenhem vindo a conformar umha verdadeira rede caciquista que se enca- rrega de promover familiares de altos cargos do PP, entre os quais Fraga Iribarne, para os mais elevados postos da admi- nistraçom paralela e das pró- prias conselharias galegas. NOVAS da GALIZA divulga a trama e umha dúzia de exem- plos bem esclarecedores. PÁGINA 8 novas da Número 26, Janeiro de 2005 BNG defende poluiçom nas Pontes e Meirama Multas de 300 por se oporem às missas por Franco Centros sociais galegos querem coordenar-se Avança ensino do galego no Berzo Dragados recebe concessom do Porto Exterior da Corunha AMI promove boicote a impulsores da "Asociación de Amigos de la L" Devastação do Corpo Celso Álvarez Cáccamo 26 número “O Lobo” colaborou no assassinato de Reboiras A família de Sam Caetano Redacçom A Plataforma Galega polo Nom à Constituiçom Europeia respon- deu com um completo e ambicio- so cartaz à escassa presença mediática que estám a receber as posiçons contrárias à carta consti- tucional. Importantes vozes do mundo político, intelectual e social apresentam nos dias 20, 21 e 22 de Janeiro as razons da sua rejeiçom à carta constitucional no Foro Social Galego que decorre em Compostela. Entre outros e outras, ali estará Carlos Taibo, que volta a debruçar-se sobre o tratado neste número, defendendo posiçons opostas às de Pedro Gómez-Valadés, que também opina para NOVAS da GALIZA, mas em prol da euroconstituiçom. PÁGINA 4 Foro Social Galego frente a Constituiçom Europeia NGZ desvenda a verdadeira vida obscura do delator basco

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Redacçom

Nem que fosse como resposta aobadalado filme de Menem "APelota Basca", o cinema espanholestava chamado a levar aos ecrásumha história que idealizasse afigura de algum "herói" contra aorganizaçom armada ETA. A figuraescolhida foi "o Lobo" e o resultadopéssimo: poucas vezes tinha apare-cido em cartaz umha visom tampreconceituosa da realidade basca,mitificando-se umha personagemsem escrúpulos que interpreta oactor espanhol Edu-ardo Noriega.Mas a vida do infiltrado dá paramuito mais que a mitificaçom sim-plista: chantagista, proxeneta edelator de Moncho Reboiras, quecaía assassinado meses depois de oLobo ter passado pola Galiza.

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Redacçom

Depois de quinze anos depoder fraguista na Galiza, sóum esmerado artifício da lin-guagem pode levar-nos a cha-mar "administraçom pública"ao que antes parece a quintaparticular de certas famílias"populares". Numerosos orga-nismos privados com orça-mentos públicos tenhem vindoa conformar umha verdadeirarede caciquista que se enca-rrega de promover familiaresde altos cargos do PP, entre osquais Fraga Iribarne, para osmais elevados postos da admi-nistraçom paralela e das pró-prias conselharias galegas.NOVAS da GALIZA divulga atrama e umha dúzia de exem-plos bem esclarecedores.

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novas daNúmero 26, Janeiro de 2005

BNG defendepoluiçom nasPontes e Meirama

Multas de 300 €por se oporem às missas porFranco

Centros sociaisgalegos queremcoordenar-se

Avança ensino dogalego no Berzo

Dragados recebeconcessom doPorto Exterior da Corunha

AMI promoveboicote a impulsores da"Asociación deAmigos de la L"

Devastação doCorpo

Celso Álvarez Cáccamo

26número

“O Lobo” colaborou noassassinato de Reboiras

A família de Sam Caetano

Redacçom

A Plataforma Galega polo Nom àConstituiçom Europeia respon-deu com um completo e ambicio-so cartaz à escassa presençamediática que estám a receber asposiçons contrárias à carta consti-tucional. Importantes vozes domundo político, intelectual esocial apresentam nos dias 20, 21e 22 de Janeiro as razons da suarejeiçom à carta constitucional noForo Social Galego que decorreem Compostela. Entre outros eoutras, ali estará Carlos Taibo,que volta a debruçar-se sobre otratado neste número, defendendoposiçons opostas às de PedroGómez-Valadés, que tambémopina para NOVAS da GALIZA,mas em prol da euroconstituiçom.

PÁGINA 4

Foro SocialGalego frente aConstituiçomEuropeia

NGZ desvenda a verdadeira vida obscura do delator basco

segunda

Editora: Minho Media S.L.

Director: Ramom Gonçalves

Redactor-chefe: Carlos Barros G.

Conselho de Redacçom: MartaSalgueiro, Antom Santos, Antón Álvarez, Ivám Garcia, Alonso Vidal,Xiana Árias, Sole Rei

Colaboraçons: Maurício Castro,Inácio Gomes, Davide Loimil, JoámCarlos Ánsia, Santiago Alba Rico,Kiko Neves, José R. Pichel, RamomPinheiro, Carlos Taibo, IgnacioRamonet, Ramón Chao,GermámHermida, João Aveledo, AdelaFigueroa e Carlos Taibo

Fotografia: Arquivo NGZ

Humor Gráfico: Suso Sanmartin,Pepe Carreiro, Pestinho +1,Xosé Lois Hermo, Gonzalo Vilas,Aduaneiros sem fronteiras

Publicidade: 639 146 523

Correcçom lingüística:Eduardo Sanches Maragoto

Imagem Corporativa: Paulo Rico

Desenho gráfico e maquetaçom:Miguel Garcia, Carlos Barrose Alonso Vidal

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Fecho de Ediçom: 15.01.05

2 segunda Janeiro 2005 novas da galiza

Devastação do corpoCelso Álvarez Cáccamo 18 de Janeiro de 2005

Confesso-o: há semanas começa-ra a escrever para esta publica-ção um ordenado texto sobre a

nação, sobre as nações, quando umasúbita doença de uma pessoa da famíliae um confinamento quase diário emhospitais fez-me pensar na dura evidên-cia do corpo. Da fragilidade do corpo.Da sua essencialidade. Da sua inapelá-vel realidade. E agora, poucas horasantes de terminado o prazo para a entre-ga deste artigo, dias depois de corredo-res de hospital, de contemplar em quar-tos carentes infinitas tosses de anciãos,inacabáveis queixumes nocturnos, ros-tos decaídos, enormes solidões dentroda casca seca da velhice, compreendique tudo revolve em torno do corpo,que contém a mente, que contém aque-le falido artigo sobre as nações quefelizmente nunca existirá. E compreen-do que a política é a expressão docorpo, que a clara ligação entre um tsu-nami assassino e a miséria de um trabal-ho nos sujos arrabaldes da cidade residena dimensão incombustível do corpo, anossa única propriedade: a que nos for-çam a oferecer como escravos, a quelanceiam os doutores e modernos drui-das, a que é matada nas guerras, a quedecai nas minas de carvão, nos prostí-bulos onde jovens injectadas de mortesão penetradas por armas de carne edepois sangram pequenos corpos clan-destinos nas lixeiras. Tudo (o amor, araiva, o trabalho, o sexo, o fruto quechamam a poesia) é a mesma massa decorpo, a mais elementar matéria quepossuímos, a que eu alimento para elaalimentar os meus escritos. A humani-dade é a matéria universal que é violadaa diário por si própria. O corpo, casa doser, cárcere e campo simultâneos, ocorpo que limita.Por isso, observar com a mente docorpo o que acontece hoje no mundo sópode entristecer?nos. Algo está profun-damente errado quando a mente se cegaà miséria do mundo, que é simplesmen-te a miséria de milhares de milhões decorpos: quando a mente se recusa a vero roubo de uns corpos por outros, o trá-fico de cadáveres em vida em que con-siste o mundo. Alguma horrível ceguei-ra nos invade quando não compreende-mos em que consiste o espólio da forçade trabalho, a solidão da pele da velhiceque cheira a leite azedo, a penumbrosaprostituição como método, o brutalassassínio nas cozinhas de azeitesrequeimados e monótonas sopas amare-

las. Dia após dia matando-nos o corpo ea mente da humanidade. Dia após diarenunciando à utopia, ferindo a massaorgânica do mundo. Eis a doença inaca-bável, eis o terror. E nós, cegos, silen-ciosos.O Capital, fera imortal como todos ostumores, compra em grandes saldos oscorpos, devora-os, devolve-os comoutras formas no fumegante caldeiro dasusinas, das oficinas clandestinas de lâm-padas poeirentas, no patamar de pensõesesfregadas de joelhos com ressessa lixí-via. O Capital compra corpos de escra-vos nas fileiras do desemprego, nassonoras praças públicas, nas canteirasonde meninos de raças magras batempedras por centavos, nos gabinetespovoados de máquinas plásticas, noscampos arados por antiquíssimo ferro,nos bous que soçobram pálidos cadáve-res de olhos muito abertos entre um marde água e outro de ar. O Capital abre-nosdiariamente a mente do corpo e inoculavírus como ideias. E pouco a poucovamos pensando como Ele. E julgamosque sobrevivermos décadas assim ésuficiente para chegarmos vivos até àmorte. E assim ao longo da vida o corpoque nos contém vai supurando imper-ceptivelmente a sua dignidade, e vamosarrojando membros em cada trabalhoprovisório, e a nossa mente vai ficando

em esqueleto de si própria. E o Capitalcresce e impõe com a nossa conivêncianovas cirurgias. E um dia inesperadosomos velhos, e nenhum humano lem-bra já que esse frágil resíduo de nós tam-bém faz parte do seu corpo, do corpo eda mente histórica da humanidade.Por tudo isso, e por muito mais, é obs-ceno e cínico falar política sem pensar-mos no corpo. Sem repararmos no diá-rio latrocínio. Mas não resta muitotempo para ressuscitarmos. Estão aenvelhecer todas as utopias. Se não res-gatamos o valor do corpo e da menteque contém, se o mundo não reclamacom unhas essa mínima dignidade dehabitarmo-nos a nós próprios, então porfavor não peçamos contas a ninguém, anenhum dos nossos profetas de artifí-cio. Não protestemos qualquer política,não nos sintamos legitimados a qual-quer combate. Pois, se continuarmosassim, com tal docilidade, estaremoscomendo-nos a nós próprios masengrossando porém apenas a monstruo-sa anatomia do Capital. A nossa forçade trabalho vive só no corpo e na menteque temos, que é um só, que é unica-mente uma: provavelmente seja maisdigno morrer que mal-vendê-los. Porisso sempre contra Espanha. Contra aávida Europa que já espreita. E semprecontra esta forma de Galiza.

editorialJaneiro 2005novas da galiza 3

Xosé Lois Hermo

sumário

"A MÚSICA NOM ESTÁ EM

CRISE, O QUE ESTÁ EM CRISE

É A INDUSTRIA MUSICAL"

Perante a hipocrisia daSociedade Geral de Autores eEditores (SGAE), os nossoscolaboradores da secçom demúsica nom tenhem dúvidas.

EMPRESAS DO JOGO E

BRANQUEAMENTO DE

DINHEIRO

Neste número oferecemosmais informaçom sobre alavagem de dinheiro pormeio da trama das "slot-machine"

DICIONÁRIO e-ESTRAVIZ

Entrevistamos Isaac AlonsoEstraviz, autor do melhor

dicionário de galego até a data que agora

também está na rede.

A CONSTITUIÇOM SEM POVO

Carlos Taibo continua a analisar neste número as

sombras do tratado constitucional europeu 10

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Orecorrido tópico que afirma a falta de sentidodas fronteiras no momento de abordarmos a

problemática ambiental deve ser, polo menos,matizado. Se é inquestionável a condiçom globalda crise ambiental que pom em causa mesmo anossa sobrevivência colectiva e exige respostascoordenadas genuinamente internacionalistas,também o é o facto de cada espaço do Planetaestar a sofrer de modo muito específico os efeitossociais desta agressom ao meio sustentada ininte-rruptamente pola humanidade nas duas últimascentúrias.

Só através de umha análise minimamente cui-dadosa e inimiga de simplismos tranquiliza-

dores podemos compreender a posiçom que aGaliza ocupa no debate a respeito do efeito deestufa. Ham-se de abordar aparentes paradoxoscomo o que supom que umha naçom da periferiaeuropeia, com raquíticos índices de bem-estar,emita dez vezes mais CO2 do que o Estado espan-hol ou cinco vezes mais do que a Alemanha, sendoa nossa umha industrializaçom focalizada e precá-ria; ou como é que no nosso país as emissons degases poluentes aumentárom na última década arespeito dos índices dos EUA e da imensa maioriada UE; ou como a voracidade verde dos impulsio-nadores e construtores de parques eólicos e mini-centrais nom serve para substituir a produçom deumha energia por outra, mas para aumentaremtodas elas indiscriminadamente.

Reparar no custo ecológico das centrais térmi-cas das Pontes e Meirama, que recentemente

se colocárom no primeiro plano da actualidadepola polémica gerada ao redor do cumprimentodas condiçons de Quioto, é umha óptima oportu-nidade para desvendarmos a engrenagem concretaque os principais responsáveis da desfeita ambien-tal activam na nossa terra. A intençom de manteros actuais níveis de emissom de Endesa e Fenosanas duas localidades citadas é a aposta nítida num

modelo energético -a combustom de carvom- des-aconselhado mesmo polos órgaos assessores ofi-cialistas da sustentabilidade; a defesa da electrifi-caçom é a pura e simples falácia de quem continuaa ocultar que quase metade da energia produzidana Galiza emigra para o estrangeiro e que atéumha quarta parte da que fica no País é consumi-da polo gigante de Alumina, impedindo assimumha pequena e eficiente rede para o autoconsu-mo local; o pedido de serem desrespeitados osacordos do insuficiente tratado de Quioto –despre-zado pola primeira economia mundial- em favordas economias locais significa nom só ignorar osesforços realmente traumáticos das naçons do ter-ceiro mundo na reduçom de gases, mas oferecercomo modelo de progresso para a Galiza quatropólos desarticulados de industrializaçom irracio-nal rodeados de um deserto demográfico, turistifi-caçom “a la carte” e precariedade em alta.

Osim entusiasta ou o apoio crítico do naciona-lismo maioritário à continuidade das térmi-

cas em nome da sua rentabilidade imediata éumha mostra -já com numerosos e tristes prece-dentes, e com a notável e honrosa excepçom dacelulose pontevedresa- da assunçom do modeloprodutivista de importaçom que outrora era risca-do como dependente e colonial. O aplauso à plan-ta de gás de Mugardos ou aos portos exteriores daCorunha e Ferrol (ideados para fornecer Endesade carvom em sendo esgotada a mina), sem esque-cer o apoio a esse Plano Galiza que multiplicaráirracionalmente o tránsito de estrada, apontam namesma direcçom.

Tam-só o ambientalismo e o independentismopugérom a nota dissonante numha polémica

demasiado transcendente como para confiná-la aojuízo de especialistas, colunistas de imprensa ouprofissionais da política. NOVAS da GALIZAoferece informaçom e posiçom para activarsocialmente um debate necessário.

editorialPOLUIÇOM E DEPENDÊNCIA

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"UM PEQUENO PASSO

ADIANTE, MAS NA

DIRECÇOM CORRECTA"

Pédro Gómez-Valadés, coordenador da redacçom darevista ENCLAVE defende ovoto afirmativo no referendoconstitucional.

4 notícias Janeiro 2005 novas da galiza

notíciasA faculdade compostelana de Geografia e História é o cenário escolhido para a sua celebraçom

Activistas e intelectuais denunciam euroconstituiçom no Foro Social Galego

Redacçom

A Plataforma Galega polo Nomà Constituiçom Europeia, quecomeçara a sua caminhada emOutubro passado graças aoimpulso de diversas forças polí-ticas e sociais, entra já na rectafinal de umha campanha oposi-tora cujo ponto culminante serános dias prévios ao referendo noEstado espanhol. Com o intuitode reforçar as posiçons teóricascontrárias ao tratado constitu-cional, de sintetizar diversasexperiências resistentes deámbito nacional e europeu, e desocializar as teses que susten-tam a sua actividade contráriaao actual modelo de Europa, aPlataforma lançou a iniciativade um Foro Social Galegomesmo um mês antes da consul-ta popular.A faculdade compostelana deGeografia e História será ocenário escolhido para reunirdurante os dias 20, 21 e 22 deJaneiro dúzias de conferencistasdas mais variadas adscriçons ecentrados em diferentes blocostemáticos. O precedente de

umha iniciativa deste tipo háque procurá-lo nas jornadas quea Plataforma Galega por umhaEuropa Alternativa organizarana capital da Galiza em 2002como resposta à cimeira deministros da justiça e interior daUE celebrada na mesma cidade.Nesta ocasiom, forças políticascomo a basca Batasuna ou odeputado dos Verdes da Itália R.Butronelli (de umha perspectivacomprometida com as experiên-cias da esquerda radical doContinente) apresentarám asrazons da sua rejeiçom.Intelectuais galegos e galegascomo Chus Pato, Carlos Velascoou Hermínio Barreiro aborda-rám a questom dos déficesdemocráticos na Europa consti-tucional, enquanto filólogoscomo Xavier Cordal, MaurícioCastro ou Fernández Rei porámde manifesto -de pontos de vistaopostos- a negaçom dos direitosidiomáticos que o tratado consa-gra. O Foro Social tampoucodeixa de parte a relaçom daEuropa política com os fenóme-nos da militarizaçom e o impe-rialismo, como vai explicar

Carlos Taibo na palestra 'Europae a guerra global permanente'. Aproblemática da repressom seráanalisada por advogados impli-cados na defesa de activistas demovimentos populares, caso deGustavo Garcia ou JesúsSanjoás e por militantes emdefesa dos presos e presas comoFram del Buey.

As vozes do mundo do pensa-mento e a intelectualidade maisacadémica complementa-sedurante todas as jornadas comas achegas de protagonistas deprimeira fila de diferentes movi-mentos sociais como o feminis-ta ou o operário. Quanto ao pri-meiro, representantes daMarcha Mundial das Mulheres

na Galiza como Lupe Cês des-vendam quais as chaves maismarcadamente patriarcalistas daconstituiçom; no que ao movi-mento operário diz respeito,representantes do sindicalismoportuguês e de núcleos comu-nistas do país vizinho partilha-rám palestra com representantesda CIG e da CUT.

Redacçom

Apesar de nom se ter celebrado atradicional missa em homenagema Francisco Franco que opresidente da Cámara do PP deBeade organiza todos os anos porocasiom do 20-N, a concen-traçom antifascista da AMI naparóquia do Ribeiro nom passouinadvertida para a Guarda Civil ea subdelegaçom do governoespanhol em Ourense. Militantesda organizaçom juvenil daprópria cidade das Burgas, deVigo ou Compostela estám areceber nas suas moradasintimaçons judiciais para iremdepor em qualidade de teste-

munhas sobre os factos aconte-cidos naquele dia, quando umcarro que acudia à missa agitandoumha bandeira espanhola polajanela sofreu sérias danificaçonsao ter recebido pancadas epedradas. Mais chamativo é ofacto de que, para além dasdiligências judiciais abertas, asubdelegaçom do governo emOurense já se adiantou iniciandomedidas repressivas pola viaadministrativa. Precisamente somalguns destes militantes os que,para além da obrigaçom de iremdeclarar aos julgados, somcondenados a um pagamento de300 euros por “infracçomgrave”. Segundo Ocampo Gó-

mez, subdelegado do governo, atal infracçom está motivada por“cánticos fora de contexto”,como “independência”, ou “Ga-liza ceive, poder popular”, queprocurariam “provocar reacçonsno público que alterariam asegurança cidadá”. A AMI de-nunciou o que entende como“continuísmo repressivo doPSOE” a respeito do PP e “per-seguiçom da liberdade deexpressom”. Nenhum dos e dasmilitantes da organizaçom juve-nil envolvidos no processo tinhasido identificado no dia e no lugardos factos, polo que as sançons sópodem estar motivadas pola‘espionagem’ policial.

Redacçom

Aos 37 anos de idadeabandonou-nos José Tarrio,ícone da luita pola dignidadehumana nos centros deencarceramento. Acabavamassim três meses em comaapós um suposto enfartecerebral. Tarrio conheceu emprimeira pessoa o ilegalregime penitenciário FIES,'Ficheiro de Internos deEspecial Seguimento', quevisa a destruiçom psicofísicados presos e presas maisirredutíveis. Deixa-nos oautor de 'Foge, homem foge',livro em que descreve a

realidade das prisons e umexemplo da luita contra ainjustiça humana. As suascinzas fôrom espalhadascom o vento da Costa daMorte no dia 16 de Janeiro.Por outro lado, no sábado dia28 de Dezembro aComissom de Denúncia daGaliza, realizou umhamarcha à Cadeia deMonterrosso por ocasiom dadenúncia por torturas contraos carcereiros J.R Hidalgo,Luis Martínez e JoaquínEscudero, e reclamar adignidade penitenciária polaqual o companheiro Tarriodeu a vida.

Com o intuito de reforçar as posiçons teóricascontrárias ao tratado constitucional, de sinteti-zar diversas experiências resistentes de ámbitonacional e europeu, e de socializar as teses que

sustentam a sua actividade contrária ao actualmodelo de Europa, a Plataforma Galega poloNom à Constituiçom Europeia lançou a iniciati-va de um Foro Social Galego mesmo um mês

antes da consulta popular. O Foro reunirádurante os dias 20, 21 e 22 de Janeiro dúzias deconferencistas das mais variadas adscriçons ecentrados em diferentes blocos temáticos.

Condenam independentistas por semanifestarem contra o PP em Beade

Faleceu José Tarrio, símbolo da luita pola dignidade no cárcere

Subdelegaçom do Governo considera “umha provocaçom”berrar ante os franquistas “Galiza ceive, poder popular”

notíciasJaneiro 2005novas da galiza 5

Centrais térmicas galegas continuarám a poluir livrementeRedacçom

O grupo ambientalista das Pontes"Guerrilheiros das Fragas" eADEGA entendem que a centraldas Pontes deve recortar os seusdespejos poluentes à atmosferapara cumprir o Protocolo deQuioto. O Estado espanhol é,com a Irlanda, o estado europeumais afastado do cumprimentodeste Protocolo, que tenta ser umacordo válido para a reduçom damudança climática.Os grupos ambientalistas afir-mam que a "Galiza emite cercade dez vezes mais CO2 por com-bustom de carvom do que oEstado espanhol e umhas cincovezes mais do que a Alemanha. Opólo poluente mais intenso nonosso país é a central térmica dasPontes, um dos maiores focos deemissom de dióxido de carbonoda Europa, duplicando a de todosos veículos galegos". Nestemomento está a produzir 10,5milhons de toneladas de CO2 e,segundo o plano de assinaçons,deveria reduzir a sua emissom a7,8 milhons. No protocolo deQuioto contempla-se a obriga-çom de limitar as emissons degases com efeito de estufa dosestados mais desenvolvidos ecom esse objectivo acordou-se oPlano de Assinaçons da UniomEuropeia, para serem redistribuí-das as quotas poluentes. As orga-

nizaçons ambientalistas concor-dam basicamente com a distribui-çom das quotas que o governocentral contempla para as cen-trais galegas, mas esta reduçom évista por diversos grupos políti-cos e sociais como discriminató-ria. Assim, a Cámara Municipaldas Pontes, governada polo BNG,está a mobilizar-se para pressio-nar o governo espanhol no senti-do de "redistribuir" as quotas noPlano de assinaçons. Para lograreste objectivo, segundo o presi-dente da referida cámara, VítorGuerreiro, "o grupo do governofará todas as gestons institucio-nais e convocará quantas medi-

das mobilizadoras forem neces-sárias para garantir um futuroestável às Pontes". Neste sentido,meio milhar de pessoas manifes-tárom-se no dia 19 de Dezembrona Corunha convocadas polaCámara e a CIG para protestarpola distribuiçom por parte dogoverno espanhol das quotas deemissom de dióxido de carbono.Consideram que esta partilhaporia em perigo a viabilidade dascentrais térmicas galegas, com apossível perda de mais de milpostos de trabalho.Os 17 deputados e deputadas doBNG no Parlamento Galegoacompanhárom esta postura apre-

sentando umha proposiçom emque instam a Junta para actuar,mesmo judicialmente, contra oPlano de Assinaçons, caso oMinistério do Ambiente nomreformule em alta a distribuiçomde quotas de emisons de CO2para as centrais eléctricas dasPontes e Meirama.Por sua vez, o Governo espanhol,através do secretário de Estadode Energia, comprometeu-se agarantir o futuro das centrais,abrindo umha porta ao aumentodas quotas poluentes, tal comoestám a solicitar insistentementedos concelhos das Pontes eCerceda. Desta maneira, pareceque os grupos ambientalistas e osindependentistas ficam sós a exi-gir o cumprimento do Protocolo.Esta polémica sobre prioridadesquanto à conservaçom do meioambiente frente a fontes de ener-gia e industrializaçom, pareceumha questom nom resolvidadefinitivamente no campo dogrupo nacionalista maioritário.A atitude rotundamente ambien-talista do Presidente da Cámarade Ponte Vedra contra a deterio-raçom provocada por ENCE naria, convive com posturas depermissividade com as altasquotas de poluiçom ambientalpara a central de Endesa, apoia-da polo presidente da CámaraMunicipal das Pontes, da mesmaformaçom política.

Redacçom

As autoridades francesas fizéromefectivo no passado dia 15 deDezembro a transferência aoEstado espanhol de Mª VictoriaGómez Méndez, acusada de per-tença aos Grapo. Victoria, naturalde Mugardos, fora detida emNovembro de 2000, junto àdirecçom do PCE(r) e dos Grapo.Entre as pessoas detidas, conhe-

cidas como os e as 'sete de Paris',encontrava-se o também galegoFernando Silva Sande, compan-heiro sentimental da militante. Aentrega é temporária, por cincomeses, já que está a cumprirumha pena no Estado francês.Victória recusou-se a deporperante o juiz Garzón e encontra-se actualmente na prisom de Sotodel Real.Após quatro anos de prisom cum-

pridos na França por pertença a"organizaçom de malfeitores",Victoria Gómez e Silva Sandesom as únicas pessoas cuja extra-diçom foi solicitada polaAudiência Nacional. A totalidadedas pessoas detidas neste proces-so estám condenadas a 8 anos deprisom pola judicatura francesa,sem que fossem aplicadas dife-renças entre a militáncia doPCE(r), partido político, e os

Grapo, organizaçom armada.Estám a sofrer regimes de isola-mento e transferências contínuas.A militante comunista fora detidapola primeira vez em 1979, masentom conseguiu a libertaçomsob fiança. Em 1991 conheceu aprisom, cumprindo dous anos depuniçom. Agora tem pendentesno Estado espanhol sete ordensde detençom emitidas por dife-rentes julgados.

Militante galega dos Grapo comparece peranteGarzón após quatro anos de prisom na França

AMI promoveboicote ao des-enhadorAntonio Pernas

NGZA Assembleia da MocidadeIndependentista realizou nopassado quatro de Janeiro umboicote a um estabelecimentode pronto-a-vestir do desenha-dor galego Antonio Pernas, umadas cabeças visíveis da autode-nominada 'Asociación deAmigos de la ELE'. Esta asso-ciaçom está a desenvolver umhacampanha muito agressiva a fimde legitimar o ilegal uso do 'L'no artigo que precede o topóni-mo Corunha, aderindo à batalhalivrada polo presidente daCámara Municipal da Corunha,Francisco Vázquez. O colectivoindependentista considerou, nareivindicaçom do acto, que setrata de umha gravíssima agres-som à nossa cultura e asseguramque nom ficarám impassíveis“perante este ataque do espan-holismo”, anunciando “uma res-posta coerente em todos e cadaum dos lugares onde tiveremconhecimento da presença dodesenhador”.

PrimeirasJornadasAntifascistasem Lalim

NGZA Associaçom Cultural Revoltano Frenopático organizou nosdias 7 e 8 de Janeiro as IJornadas Antifascistas de Lalimcom o lema 'Em Lalim, o berçodo fascismo galego, enfrentemo-lo'. Para além de umha conferên-cia sobre a repressom franquistae a guerrilha na comarca doDeça, em que se falou sobre oexílio, a resistência interior e arecuperaçom da memória histó-rica, fôrom projectados dous fil-mes: Terra e Liberdade de KenLoach e Nascido para Matar(Full Metal Jacket) de StanleyKubrick. As jornadas acabáromcom um concerto antifascistacom Escuela de Odio, Tiro naTesta, Skarmento e ÚltimaSakudida.

BNG também apoia aumento das quotas poluentes rejeitando plano de assinaçons

Redacçom

No País convivem nos dias dehoje onze centros e locais sociaisautogeridos. Alguns deles som derecente criaçom como Atreu naCorunha, a Esmorga em Ourenseou o cada vez mais próximo daGentalha do Pichel emCompostela. Outros contam jácom umha dilatada experiênciacomo a Casa Encanta na capitalgalega, A Revolta em Vigo ouMil Luas na Corunha. Centros elocais sociais que respondem adiferentes visons da realidade ecom finalidades também distintasmas sob o denominador comum

da autogestom. Só falta procuraros nexos comuns para articularumha rede galega de locaissociais que haveriam de conse-guir umha organizaçom mínimaconjunta que possibilitasse edinamizasse o movimento asso-ciativo galego. Com este objectivo, o de encon-trar pontos de convergência,desenvolveu-se no CentroSocial Atreu da Corunha umhacompleta jornada a que acudí-rom representantes de até onzeCentros Sociais da Galiza. Demanhá, a jornada consistiunumha reuniom entre estes onzelocais galegos com o objectivo

de trocar experiências e calculara possibilidade de pôr em anda-mento esta rede que permitiria,entre outros muitos projectos,editar material conjunto ou pôrem andamento um programanacional de actividades. Àtarde realizou-se umha mesaredonda aberta ao publico naqual cada representante expli-cou o funcionamento e osobjectivos propostos por partedo seu centro. À noite chegou afesta, e para encerrar a jornadaos vigueses Skárnio oferecêromum concerto solidário com ocentro Atreu que congregouumhas duzentas pessoas.

6 notícias Janeiro 2005 novas da galiza

Onze centros sociais autogeridostentam encontrar nexo comum

Grupo de Dragados recebe a concessom paraa construçom do PortoExterior da Corunha

Máxima tensom vicinal pola imposiçom do Plano Geral deOrdenaçom Municipal em Vigo

Redacçom

A Autoridade Portuária daCorunha adjudicou no passadodia 19 de Dezembro as obras deconstruçom do chamado PortoExterior da Corunha, umha obrade grande envergadura e impactoque custará 429 milhons de eurosàs diferentes administraçons. Ogrupo beneficiado pola conces-som é composto por Dragados,Sato, Copasa e Drace.A concessom tinha sido adiadano passado dia 4 de Novembropor desavenças entre o grupo deFrancisco Vázquez e autoridadesdo Governo espanhol. Aliás, nomomento da aprovaçom, quatrodos cinco representantes doEstado mostrárom o seu desacor-do com um projecto que, consi-

deram, nom se enquadra nas pau-tas da UE. De facto, as dúvidassobre o financiamento da obratenhem vindo a aumentar, já quea entidade comunitária acabou deadjudicar 247 milhons de euros àampliaçom do porto de Gijom,facto que chamou a atençom dopróprio Manuel Fraga.Diferentes organismos políticos esociais estám a denunciar o 'pro-jecto estrela' de FranciscoVázquez polo seu elevadoimpacto ambiental e polas opera-çons especulativas que está agerar no ámbito da construçom.Nom surpreende este alarmequando ACS está por detrás daconstruçom do porto, como ogrupo económico mais forte apósa sua fusom com Dragados, aprincipal empresa beneficiária.

Castela e Leom terá que publicitar ensino do galego no BerzoRedacçom

A promoçom do galego no ensinoreclamada pola AssociaçomCultural Fala Ceive foi defendidapolo Procurador do Comum deCastela e Leom. Este emitiuumha resoluçom instando aConselharia da Educaçom parapublicitar efectivamente a opçomde receber o ensino de línguagalega nas aulas, pedido que já foiassumido pola entidade autonó-mica.Até o momento a única forma ofi-cial de promoçom consistia noenvio de cartas individualizadasaos directores e directoras dos

centros de ensino berzianos, como qual a implementaçom destapossibilidade ficava a expensasda vontade dos cargos directivo.Agora, a Junta de Castela e Leomdeverá alargar a publicitaçom pordiferentes meios, como a ediçomde cartazes, para que cada vezpodam ser mais os centros educa-tivos a oferecer a opçom de lín-gua galega.Actualmente 15 centros de ensinoincluem o galego como matéria.Onze deles som de EducaçomInfantil e Primária, três som esco-las secundárias, podendo estudar-se também na Escola Oficial deLínguas de Ponferrada.

Programaçom culturalalternativa para o NatalferrolanoRedacçom

Com o lema 'Natal Ártabro', aFundaçom Artábria iniciou nasegunda quinzena do mês deDezembro um ambicioso pro-grama de actividades para todasas idades com o galego comofio condutor. O repertório tradi-cional estivo presente numharepichoca no próprio dia 25,enquanto outras expressons da

nossa música tivérom o seulugar no concerto dos corunhe-ses Dandy Fever. Especialmentededicada às crianças foi a pro-jecçom de vídeos com temáticainfantil durante duas jornadasdas férias. Para além disso, naprogramaçom tampouco faltá-rom outras actividades tornadasjá convencionais, tais como oleilom ou a festa heavy quefecha a quadra natalícia.

Redacçom

A imposiçom do Plano Geral deOrdenaçom Municipal por partedo Partido Popular e do BlocoNacionalista Galego tem vindo agerar umha grande tensom vicinalna cidade de Vigo, onde 1200vizinhos e vizinhas se concentrá-rom há dias nos Paços doConcelho desde as oito da manhá.As autoridades municipais reali-zavam a essa hora o plenário deaprovaçom do PGOM, um projec-

to do BNG abraçado polo PartidoPopular. Como pano de fundo dapolémica, um negócio imobiliáriode 25.000 milhons de euros. Alemdisto, centos de pessoas conse-guiam aceder às dependênciasmunicipais depois de ultrapassa-rem o primeiro cordom policial.Um vizinho de 75 anos, CelsoComesanha, foi agredido no rostopor um agente municipal, rece-bendo este umha dura resposta daspessoas concentradas. Minutosmais tarde, o agente era hospitali-

zado com um lábio partido. O pro-jecto urbanístico estratégico quePP e BNG desenham para Vigocaracteriza-se pola agressommaciça sobre o espaço rural com aconstruçom da Ronda de Vigo - 22km de via que arrasará trezentascasas, várias paragens naturais eprojecta o asfaltado das paróquiasde Vigo numha macrooperaçomespeculativa. Segundo a vizinhan-ça, o PGOM define-se por umclaro servilismo aos interesses doGrupo PSA-Citroën.

reportagemJaneiro 2005novas da galiza 7

Cirsa desembarca emACS da mao dos Albertos

Xan de Camorga

Os ex-presidentes do BancoSaragoçano Alberto Cortina eAlberto Alcocer nomeáromManuel Delgado, conselheirodelegado de Cirsa e assessor pes-soal de Manuel Lao, umha dastrês pessoas que os representamna construtora de FlorentinoPérez, presidente do Real Madride um dos ‘tubarons’ financeirosdo Partido Popular.Os primos Alberto Cortina eAlberto Alcocer possuem 10,15por cento do capital de ACS, umgigante que, após a fusom comDragados, conta com mais de100.000 empregados e emprega-das. De facto, som os segundosaccionistas, a seguir à famíliaMarch e por diante do própriopresidente da companhia.

Mas acontece que, segundo aLei de Contratos do Estado, acondenaçom do Supremo porfraude e falsificaçom em docu-mento mercantil na venda dosterrenos em que foram construí-

das as Torres KIO de Madrid,obriga-os a se manterem à mar-gem de todo o conselho empre-sarial. Por isso, os Albertosnomeárom três pessoas para osrepresentarem na construtora:

Javier Monzón, JavierEchenique e Manuel Delgado. Os novos conselheiros som vel-hos conhecidos do mundo empre-sarial. O primeiro, JavierMonzón de Cáceres, é presidenteda companhia de tecnologias dainformaçom Indra. JavierEchenique Landiribar, por suavez, foi responsável pola bancagrossista e retalhista no BBVA, edirector geral e líder do comité dedirecçom até que saiu do banco.Finalmente, Manuel DelgadoSolís, advogado, iniciou a trajec-tória profissional com a ex-ministra dos NegóciosEstrangeiros espanhola AnaPalacio, coincidindo com ela noconselho de Construçons eContratas. Foi conselheiro deCaja Madrid e actualmente é con-selheiro de Cirsa.

Alberto Cortina eAlberto Alcocernomeárom ManuelDelgado, conselheirodelegado de Cirsa eassessor pessoal deManuel Lao, comoumha das três pessoasque os representamna construtora deFlorentino Pérez,um dos ‘tubarons’financeiros doPartido Popular

investigaçom

X. de C.

Cirsa é umha empresa familiarpresidida polo catalám ManuelLao Hernández (só com os seusfilhos desde que o seu irmao Juanoptou por continuar com a suavocaçom artística e cedeu a suaparte no negócio). Esta firma fac-tura anualmente uns 1.300 mil-hons de euros e conta com mais de10.000 empregados e empregadas. Lao é conhecido pola sua predi-lecçom polos carros de luxo, osavions (possui dous para os seusdeslocamentos) e os iates. Gaba-se de ser a pessoa que maisimpostos paga em todo o Estadoe, ainda, conta com umha imensaquinta (4.200 hectares) na pro-víncia de Toledo, precisamenteno feudo de origem dos irmaosFranco, que linda com a de MarioConde, embora tenha duas vezesmais extensom que a deste.Tangencialmente, Lao viu-se sal-picado nos últimos tempos polapolémica designaçom, por partedo Governo de Néstor Kirchner,de Carlos Antonio BautistaBettini como embaixador da

Argentina em Madrid. Bettini,entre outras muitas cousas, foidirector de Aerolíneas Argentinas(empresa que estivo perto dearruinar), quando esta companhiapertencia ainda à Ibéria e, ao queparece, desfruta de dupla nacio-nalidade, espanhola e austral. Retaliado polas ditaduras militares(vários membros da família delefôrom assassinados), tem fama deser um bom conseguidor, querdizer, umha pessoa que utiliza osseus contactos ao mais alto nívelem ambos os países para facilitaràs empresas a recíproca internacio-nalizaçom. Nom oculta tampoucoa amizade que o une a FelipeGonzález e a José Luis RodríguezZapatero. Assim se compreendeque Bettini formasse parte das duasúltimas comitivas de FelipeGonzález na Argentina. Tambémfijo parte da comitiva de Zapateroquando este país foi visitado poloentom primeiro candidato doPSOE, hoje presidente do Governoespanhol. A relaçom de Bettinicom o PSOE é tam boa que, no dia5 do Maio passado, a embaixadaespanhola na Argentina concedeu-

lhe a máxima condecoraçom queoutorga o Estado espanhol, aOrdem de Isabel a Católica.Noutro momento, com CarlosMenem ainda no poder, foi relacio-nado com a entrada do navio-casi-no ‘Estrela da Fortuna’ no porto deBuenos Aires, onde ainda continuaa operar. Levado aos tribunais polasua presumível participaçom emassuntos turvos (também é relacio-nado com certos “consertos” reali-zados para a construtora que dirigeFlorentino Pérez e para RepsolYPF), foi declarado inocente, jáque os seus acusadores nom pudé-rom provar nada.Por sua vez, Recreativos Franco,também de carácter familiar na suaorigem, pertence aos irmaosJoaquín e Jesús Franco, de Ajafrín,província de Toledo, e contamcom o ex-presidente da ONCE,Miguel Durán, como braço execu-tor. Durán foi, precisamente, umhadas pessoas que pujo a Justiçaatrás da pista de Manuel Lao.Apesar do dito pola imprensainternacional, nom tenhem nada aver com o ditador espanhol, comquem só compartilham apelido.O

seu forte som as 'slot-machine',máquinas recreativas das quaistenhem unhas 25.000 em circu-laçom. Facturam à volta de 1.000milhons de euros anuais, e o qua-dro de pessoal supera as 5.000pessoas. Também mostram umhaimportante inclinaçom para o lati-fundismo, de maneira que contamcom grandes quintas de explo-raçom pecuária, cinegética e deaproveitamento eólico na Castela eno País Valenciano.As empresas Codere e Orenessom algumhas das filiais destesirmaos, que introduzírom os seusfilhos no negócio. Curiosamente,há poucos meses era detido nosEstados Unidos um filho deJoaquín Franco Muñoz, JoaquínFranco Pérez, acusado de subor-nar um funcionário doDepartamento de Jogos deFortuna do Estado da Arizona.Franco Pérez, presidente deumha subsidiária de RecreativosFranco nos EUA, também foiacusado de alteraçom de compu-tadores, fraude e roubo. O empre-sário poderia ser condenado a ummáximo de 15 anos de prisom.

Cirsa e Franco: eternos concorrentes com muito em comumManuel Lao contacom umha imensaquinta na provínciade Toledo que lindacom a de MarioConde, embora tenhaduas vezes maisextensom que a deste.É conhecido pola suapredilecçom poloscarros de luxo, osavions e os iates.Joaquín e JesúsFranco contam comgrandes quintas deexploraçom pecuária,cinegética e deaproveitamentoeólico na Castela eno País Valenciano

A pessoa de confiança de Manuel Lao entra no Conselho da construtora de Florentino Pérez

Alberto Cortina e Alberto Alcocer possuem 10,15 por cento do capital de ACS, de facto, somos segundos accionistas, a seguir à família March e por diante do próprio Florentino Pérez.

8 reportagem Janeiro 2005 novas da galiza

Marta Salgueiro

Até 1.500 postos de "livre desig-naçom" cobertos por nomeaçomdirecta de conselheiros numha ati-tude que, segundo denuncia a CIG,tem aumentado nos últimos meses"de maneira alarmante". Destes1.500 postos, a modo de exemplo,a CIG pujo nome e apelidos a 21que "polas suas funçons e especifi-cidades, deveriam ter seguido cri-térios de profissionalidade" e que,polo contrário, fôrom designados"a dedo" beneficiando familiaresde conselheiros e políticos do PP.Entre estes 21 "prominentes" figu-ram a irmá de Manuel Fraga, doussobrinhos e o marido de umhasobrinha do presidente da Junta.A lista que ilustra a denúncia daConfederaçom IntersindicalGalega é encabeçada por JoséBenito Suárez Costa, marido da ex-ministra Ana Pastor e capitám damarinha mercante de profissom,que foi nomeado polo anterior con-selheiro Pilhado Montero e manti-do polo actual, Jesus Palmou, comodirector geral de Interior eProtecçom Civil. Rosario Fraga,irmá de Manuel Fraga, que apesarde se ter reformado depois de sercontratada pola Junta de Albor"figura como pessoal eventual noserviço de documentaçom depen-dente da presidência". O seguintena lista é Pedro Puy Fraga, filho dairmá do presidente da Junta esobrinho de Manuel Fraga, para oqual, segundo denunciam na CIG,"foi criada a direcçom geral derelaçons institucionais naConselharia da Presidência, postoem que ainda aparece a sua maecomo assessora". Também seencontram nesta particular lista ela-borada polo sindicato de classe,

María Puy Fraga, irmá do anterior,que foi nomeada subdirectora dojogo na Conselharia da Justiça"depois de um processo bastantetortuoso, já que nom participou naconvocatória pública, se bem quedepois das gestons feitas pola suamae tivesse sido declarada deserta aprovisom da vaga, adjudicando-sea ela". A Família dos que vivem dodinheiro público completa-se como marido desta sobrinha de Fraga.José Luis Rodríguez Pedreira "estánum posto de livre designaçom noConselho de Contas depois deter ocupado outro, tambémde livre designaçom, naConselharia de Educaçom".Outros exemplos que ilustram oproceder do Partido Popular somVictor Vázquez Seijas, filho dosenador do PP e ex-conselheiro deCultura, Victor VázquezPortomenhe, que depois de terpassado pola secretaria geral dePesca e de ter um contrato comumha alta remuneraçom noInstituto Energético da Galiza,

actualmente, a raiz da catástrofedo Prestige, foi nomeado directorgerente da Fundaçom Arao, enca-rregada de gerir os donativos parapaliar os efeitos da catástrofe. Aseguir encontramos o nome deCarmem Martim de PozueloRomay, sobrinha de José ManuelRomay Beccaria dirigente do PP eex-conselheiro da Saúde. Ocupaum posto de Assessora deConfiança no Gabinete do vice-

presidente Alberto Nunhez Feijoo.Com conhecimentos básicos deinformática na óptica do utilizadorfoi assessora do seu tio naConselharia da Agricultura e Saúdee também no Ministério da Saúdeem Madrid. Agora foi recuperadapolo vice-presidente primeiro daJunta para o seu gabinete.A CIG enviou estes 21 nomes aosgrupos parlamentares do PSdG-PSOE e do BNG e solicitou quereclamem umha comissom deinvestigaçom no Parlamento a fimde "depurar responsabilidadespola utilizaçom clientelar e nepóti-ca das faculdades de contrataçomde pessoal de fundaçons, entida-des, sociedades anónimas eempresas com participaçom maio-ritária da Junta da Galiza".

Perto de noventa organismoscom orçamento público econtrataçom privadaNo total, a Junta conta com 89organismos, entidades, fundaçonse sociedades mercantis com um

volume de gasto acima dos 90 mil-hos de euros e com 3.000 pessoascontratadas, que som geridas àmargem dos princípios fundamen-tais que deveriam reger toda aadministraçom pública, garantindoa igualdade de oportunidades. A Confederaçom IntersindicalGalega (CIG) elaborou um estudoque levou ao Parlamento sobre oacesso privilegiado às vagas daadministraçom autonómica: fun-daçons e entidades mercantis. Umrelatório em que se descreve o pro-cedimento para que a pessoadesignada polo Partido Popularocupe cargos e vagas nestes orga-nismos.Amparando-se nos estatutos dosorganismo públicos, dependentesda Junta e na natureza privada dasempresas com capital da adminis-traçom, os directivos som nomea-dos sem qualquer controlo públicoe actuam arbitrariamente. Namaioria dos casos os tribunais deselecçom som escolhidos à medi-da dos e das solicitantes dos

Familiares de políticos do PP e do próprio Presidente monopolizam o pessoal da administraçom paralela

Conselheiros de Fraga designárom‘a dedo’ até 1.500 postos de trabalho

Centro Europeu de Empresas e Inovaçom, XesGaliza, Fundaçom Hospital Verim, Barbança,Virgem de Junqueira, Galiza Qualidade S.A.,SOGAMA… Assim até 89 entidades, organismos eempresas dependentes da Junta da Galiza queconformam a administraçom paralela construídapolo Partido Popular em 15 anos de governo. Entidades que participam dos orçamentos geraisda Junta, embora a sua gestom seja privada, obeneficio privado, a contrataçom do pessoal laboral

também privada e nom esteja a responder aoscritérios de igualdade de oportunidades.Através destes organismos a rede caciquista doPartido Popular contrata as pessoas afins às"famílias prominentes" que depois de um tempoacumulam direitos e passam a formar parte daadministraçom pública galega. Som o exemplodo "nepotismo e da gestom clientelar" com quese constrói umha administraçom paralela quese converteu para 100 famílias relevantes

do PP em quinta particular e privada. Processos de escolha irregulares, semtransparência e sem tribunais de selecçom.O método empregado para a contrataçom dopessoal é a "livre designaçom", nom só naadministraçom paralela mas também naspróprias conselharias. A CIG fijo pública umhalistagem de 21 pessoas empregadas por estemétodo entre as quais destacam a irmá, ossobrinhos e a cunhada de Manuel Fraga.

reportagem

Juan Rodríguez Yuste, Celso Currás Fernández, Aurelio Miras Portugal, Enrique César López Veiga, José Manuel González Álvarez, Alberto Núñez Feijoo, José Antonio Orza Fernández,José Manuel Barreiro Fernández, Jesús Palmou Lorenzo, Jesús Pérez Varela, Jaime Pita Varela, Belén Prado Sanjurjo, Pilar Rojo Noguera e José Antonio Santiso Miramontes.

Igape, TVG,MedTec ou Xestur

dam emprego aumhas 100 famílias"importantes" doPP. Contrataçom

por livre designaçompara familiares dealtos cargos como

os do próprio Fraga

9reportagemJaneiro 2005novas da galiza

empregos. Nom contam com repre-sentaçom sindical e estabelece-seabusivamente a pontuaçom porentrevista pessoal que nalgunscasos chegou a ser de 35%, comono caso do Medtec. Mais de 100vagas médicas fôrom atribuídas nasfundaçons sanitárias, outorgando-se entre 30 e 50 por cento da pon-tuaçom à entrevista pessoal.Estabelecem-se uns temários"muito reduzidos" de maneira a queo "delfim" nom tenha que decorarcousas complicadas. No caso parti-cular das vagas de técnico jurídicoconvocadas para Portos da Galizasom exigidos somente 28 temas. Seo caminho escolhido para "a fraudeé a filtraçom do exame", isto com-plementa-se com uns exames

impossíveis de aprovar para desani-mar "inocentes" que se tenhamapresentado. Completa-se a tramacom a falta de objectividade e inde-pendência das provas. O candidato"delfim" sabe previamente o quelhe vam perguntar. Se mesmo assimo candidato errasse nom há proble-ma porque o exame nom é secreto epode ser "qualificado ou alteradoconvenientemente".No caso de existir algumha recla-maçom, conclui o relatório do sin-dicato de classe, a resposta é unáni-me: "isto é umha empresa privada,aqui nom vale o contencioso, nemrecurso de alçada, nem reclamaçomprévia...". Gestom privada, benefí-cio privado, mas com o dinheirodas galegas e galegos.

1. José Benito Suárez CostaMarido da ex-ministra da SaúdeAna Pastor e capitám da marinhamercante, nomeado polo anteriorconselheiro Pilhado Montero emantido polo actual JesusPalmou, como director geral deinterior e protecçom civil.

2. Rosario FragaIrmá de Manuel Fraga, que ape-sar de se ter reformado depois deser contratada como administra-tiva pola Junta de Albor, figuracomo pessoal eventual no ser-viço de documentaçom depen-dente da Presidência.

3. Pedro Puy FragaFilho da irmá de Fraga, foi criadapara ele a direcçom geral derelaçons institucionais na consel-haria de Presidência, onde tam-bém aparece a sua mae comoassessora. Responsável executivopola formaçom e polos programaseleitorais do PP na Galiza, é filhode Francisco Puy Muñoz, o cate-

drático conhecido em finais de2002 por defender a lapidaçom demulheres como castigo cultural.

4. María Puy FragaSobrinha de Fraga, que foi nome-ada subdirectora do jogo na con-selharia da Justiça. Nom partici-pou na convocatória publica,depois das gestons da sua mae,Rosario Fraga, a vaga foi declara-da deserta, sendo-lhe adjudicada.

5. Jose Luis Rodriguez PedreiraMarido da anterior. Está num postode livre designaçom no Conselhode Contas depois de ter ocupadooutro, também de livre designaçom,na Conselharia da Educaçom.

6. Carmen M. de Pozuelo RomaySobrinha de José Manuel RomayBeccaria ex-conselheiro da Saúde.Ocupa um posto de assessora deconfiança no Gabinete do vice-presidente Alberto Nunhez Feijoo,que chegou à Junta apadrinhadopolo próprio Romay Beccaria.

7. Andrés Cabeza VilasFilho de Ricardo Cabeza Rama,mecánico que fai as funçons dechefe do parque móvel em SamCaetano (conhecido militante doPP, foi numero 13 na candidatu-ra do PP na Corunha nas passa-das eleiçons autárquicas). Pessoade confiança da Conselharia daPresidência, se bem que nomtrabalhe no gabinete de Pita masna Corunha, realizando funçonsrelacionadas com o parquemóvel da Junta.

8. Xabier Bouza RomeroIrmao de Jaime Bouza Romero(inspector geral de serviços), foinomeado director da Escola Galegada Administraçom Sanitária.

9. Enrique González MurgaIrmao do Secretário de CulturaAndrés Gonzalez Murga. Ocupaumha vaga de subdirector nadirecçom geral de telecomuni-caçons e audiovisual naConselharia da Cultura.

10. Víctor Vázquez SeijasFilho do senador do PP e ex-con-selheiro de cultura VíctorManuel Vázquez Portomenhe.Depois de ter passado polaSecretaria Geral de Pesca e deter um contrato com alta remu-neraçom no IEG, foi nomeadoDirector Gerente da FundaçomArao, encarregada de gerir osdonativos para paliar os efeitosda catástrofe do Prestige.

11. Sandra Torres VarelaFilha do Presidente da Cámarade Ribeira José Lois TorresColomer. Nomeada assessora noGabinete do conselheiro deEmigraçom.

12. Carlos Somoza FaresDirector da Residência deIdosos da Estrada. Filho dovereador do PP no mesmo con-celho Manolo Somoza. Está emcomissom de serviços "a dedo".O seu posto é ATS no Hospitalde Ponte Vedra.

Doze exemplos de nepotismo

Organismos autónomos, entidades, fundaçons e empresas da rede de Fraga desentendem-sede todas as reclamaçons alegando "nom estarem sujeitas ao direito administrativo".

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NGZ. A poucos meses das eleiçonse com a possibilidade de alternánciano governo autonómico, um núme-ro importante de altos cargos daadministraçom solicitárom seremtransferidos para outras vagas nomocupadas. Adenúncia partiu da CIG,que denunciou o conselheiro daPresidência, Xaime Pita, por "nomter pensado obrigá-los a tomar posseda vaga solicitada enquanto conti-nue a governar o PP".Assim, estas pessoas que ocupampostos de livre designaçom preten-deriam ficar na Junta com aobtençom de vagas onde nompudessem ser substituídos.Xan Carlos Ánsia, responsável poreste sindicato na Junta, adverte queeste pessoal está sobre-pontuado deforma arbitrária, o que assegura aobtençom de qualquer vaga de con-curso a qual se apresentem. Entreas pessoas denunciadas, cujosnomes revelará a CIG, encontram-se directores gerais, subdirectores,gerentes de fundaçons, pessoal degabinetes e chefes de serviço.

Aiminência de eleiçonsprovoca movimentosnos postos de livredesignaçom

A administraçomparalela criada em

15 anos de PP dispomde 89 organismos

com um volume degasto público acima

dos 90 milhos deeuros. Conta tambémcom 3.000 pessoas

empregadas e é geridaà margem dos prin-cípios de igualdadede oportunidades

10 análise Janeiro 2005 novas da galiza

taberna boémiaBeira-mar, 16. Corunha

A Constituição da União Europeia:um comentário impertinente(e 2)

análise

Os direitos sociais esquecidosNo terreno dos direitos sociais oque aparece por toda parte é umainflação de retórica como a quese vê, por seu turno, na suahomóloga espanhola. AConstituição lembra que as car-tas assinadas pela UniãoEuropeia em 1961 e 1989 com-prometem-na no "fomento doemprego, na melhoria das con-dições de vida e trabalho, paraconseguir a sua equiparação pelavia do progresso, numa pro-tecção social apropriada, no diá-logo social, no desenvolvimentodos recursos humanos para con-seguir um nível de emprego ele-vado e duradouro, e na luta con-tra as exclusões" (art. II-103). Em ausência de garantes expres-sos para que os direitos, converti-dos em obrigações, sejam umarealidade -não há motivo nenhumpara asseverar, por exemplo, que adiscriminação das mulheres vaiacabar de mãos dadas a medidasespecíficas-, é obrigado concluirque os compromissos correspon-dentes têm, como acabámos deanunciar, uma evidente carga retó-rica. Alguém pensa a sério quefórmulas tão etéreas estão chama-das a servir de freio perante airrupção de regras de jogo selva-gens como aquelas das quais éportadora a globalização capitalis-ta em curso? Mais fácil é deduzirque ao amparo da Constituição osdireitos sociais continuam a teruma condição inferior que facilitao seu desrespeito, tal e comoaconteceu com anteriores textoslegais próprios da UE.i

Para fazer as coisas ainda maisingratas, a Constituição nãoincorpora, de novo, nenhum pro-jecto sério de convergência social(e de garantias ambientais): nalinha do tratado de Maastricht, oscritérios de convergência

excluem a dimensão social. Emsemelhantes circunstâncias sur-preende que as cúpulas dos doissindicatos maioritários no Estadoespanhol, CC.OO. e UGT, consi-derem "de forma globalmentepositiva" uma Constituição que -elas mesmas reconhecem- nãooutorga maiores garantias de res-peito dos direitos objecto donosso interesse.ii

Acrescentemos que a Constituiçãoreclama "uma economia social demercado altamente competitiva"(art. 9), no que parece a quadratu-ra do círculo da mão do desígniode postular ao mesmo tempo umaeconomia de dimensão social eum mercado em que a competiti-vidade dita todas as regras. A mar-gem de movimento para o cresci-mento dos direitos sociais é míni-mo uma vez que se entronizam,em suma, regras de jogo como asvinculadas com o mercado, a livrecompetência e o défice públicozero, circunstância que remetepara um texto ajustado aos inte-

resses dos empresários, e não aosdos trabalhadores e trabalhadoras.Aliás, a regra de unanimidadeparalisa o reconhecimento dosdireitos sociais, manifestamenteafectados também pela ausênciade um orçamento comum quemereça tal nome, de políticas deharmonização fiscal e de normasunitárias no que à economia dizrespeito.iii

Só contam os EstadosAinda que o tratado deMaastricht falasse da UE como"uma união de povos", naConstituição estes últimos desa-parecem, ao mesmo tempo quese foge do adjectivo federal paradescrever a forma de coorde-nação das políticas e que se for-maliza um compromisso expres-so com a integridade territorialdos Estados (art. 1.11). Nos fac-tos, e ainda que formalmente seperfilem duas instâncias relevan-tes, os cidadãos, de um lado, e osEstados, de outro, tendo em

conta a leviandade objectiva dasatribuições que correspondemaos primeiros, é obrigado con-cluir que serão os segundos osque continuarão a assumir todo oprotagonismo.Pelo que contam, ainda que o pro-jecto inicial da Constituição fizes-se referência à "vontade dospovos" e a uma "relação federal",as expressões correspondentesforam retiradas, resultado dapressão exercida por Estadoscomo Espanha, França e o ReinoUnido.iv Assim, e no quadro deuma proposta em que os interessesdos Estados saem claramentebeneficiados, a custo pode surpre-ender que dirigentes políticoscomo o presidente do Governoespanhol, J.L. RodríguezZapatero, empreguem aConstituição da UE para sublinharque os projectos de secessão nãotêm espaço naquela:v é cómodode mais apoiar-se na Constituiçãoque um mesmo decidiu defendercomo se se tratasse de uma armalegal neutra que não responde aosinteresses próprios. A Constituição enuncia semmais, por outra parte, o propósitode reduzir "as diferenças entre osníveis de desenvolvimento dasdiversas regiões e o atraso dasregiões ou ilhas menos favoreci-das" (art. III-116), algo que A.Cantaro considera um exemplode "solidariedade desarmada".vi

O denominado Comité dasRegiões não parece chamado arebaixar, em suma, o desconten-tamento, tanto mais quanto nãoestá claro como se designarão osseus integrantes (art. III-292). Depouco -de nada- parece servirque a Constituição seja traduzi-da, enfim, para línguas como ocatalão, o basco ou o galego,que, segundo os prognósticosmais optimistas, poderiam

A Constituiçãoreclama "uma

economia social demercado altamente

competitiva". Amargem de movimentopara o crescimento dos

direitos sociais émínimo uma vez quese entronizam regras

de jogo como asvinculadas com omercado, a livre

competência e o déficezero, circunstânciaque remete para umtexto ajustado aos

interesses dosempresários

Carlos Taibo

Como os interesses dos Estados saem claramente beneficiados, a custo pode surpreender que dirigentes como Zapatero empreguem aConstituição da UE para sublinhar que os projectos de secessão não têm espaço naquela. Na fotografia: mobilizaçom na Corunha.

análiseJaneiro 2005novas da galiza 11

alcançar certo reconhecimentooficial. Muda esta circunstânciaa geral discriminação que pade-cem, desde muito tempo atrás,essas línguas?.

Uma política exterior militarizadaA "estrita observância e o desen-volvimento do DireitoInternacional, e em particular orespeito dos princípios da Carta daONU" formulam-se como objecti-vos da política exterior da UE noart. 3.10 da Constituição.Significativo é que este compro-misso fosse assumido por Estadosque pouco antes de aceitaremsemelhante redacção iludiram aCarta da ONU no que ao Iraque de2003 diz respeito. Acontece que,como era de esperar, tambémneste âmbito se revela uma alar-mante distância entre a prática reale a retórica enunciada. Fala-se(art. III-193, 2) de "consolidar eapoiar a democracia, o Estado deDireito, os direitos humanos e osprincípios do DireitoInternacional", de "manter a paz,evitar os conflitos e fortalecer asegurança internacional, conformeaos princípios da Carta da ONU",de "fomentar o desenvolvimentosustentável nos planos económico,social e ambiental dos países emvias de desenvolvimento, com oobjectivo principal de erradicar apobreza", de "elaborar medidasinternacionais de protecção e mel-horia da qualidade do meioambiente" ou de "promover umsistema internacional baseado nacooperação multi-lateral sólida e aboa governança". O leitor ou a leitora conscienteconhece bem qual é a distânciaque há entre as políticas que a UErealmente existente abraça e osprincípios enumerados. Haverá deextrair, também, as consequênciaspertinentes no que diz respeito àausência de medidas concretasque garantam que os segundos seabrem caminho. Bastará cominvocar, a título de exemplo, aleviandade dos fluxos de ajudagerados pela União e dirigidos

aos países mais pobres. Emrelação com estes últimos, a"erradicação da pobreza" invoca-se como objectivo, sem maioresprecisões, no art. 3.10. Necessário ainda é sublinhar quea Constituição revela, enfim, sig-nificativas dúvidas no que respei-ta à possibilidade de desenvolveruma política exterior comum. Oart. III-195, 2 afirma que "osEstados membros apoiarão acti-vamente e sem reservas a PolíticaExterior e de Segurança Comum,com espírito de lealdade e solida-riedade mútua". Porque semel-hante observação, que não serepete em relação com outrasdimensões da carta magna daUE? É difícil, por demais, que aUnião encontre uma voz comumno cenário internacional, dadoque a Constituição não propiciaum governo efectivo da econo-mia na zona do euro e mantém aexigência de unanimidade no res-peitante a matérias tão importan-tes como as relações exteriores, afiscalidade e as políticas sociais.vii

As imprecisões que glosamoscontrastam com a clareza com que

se defende uma militarização dapolítica exterior. Agora, aConstituição postula missões mili-tares longe da UE, com o propósi-to de manter a paz, prevenir osconflitos e fortalecer a segurançainternacional (art. 40, 1 e art. III-210, 1); essas missões poderão serencomendadas polo Conselho deMinistros "a um grupo de Estadosmembros" (art. 40, 5). O art. III-210, 1 sublinha que "poderão con-tribuir para a luta contra o terro-rismo, mesmo com o apoio pres-tado a terceiros Estados para com-baterem aquele no seu território".Na Constituição tem-se renuncia-do a formular um compromissoexpresso de rejeição da guerracomo procedimento para dirimiras diferenças. Não foram segui-dos, em tal sentido, os critériosque inspiraram a Constituiçãorepublicana espanhola de 1931 oua italiana de 1947.viii

Salientemos, por outra parte, que aConstituição leva uma referênciaexpressa à "prevenção de confli-tos", "conforme aos princípios daCarta da ONU" (art. 40, 1). É pre-ciso sublinhar que o termo pre-venção tem hoje um significadoque é inevitável relacionar com aspercepções estratégicas dosEE.UU. O texto que nos interessarefere-se de maneira significativa-mente prolixa, aliás, à necessidadede criar uma Agência Europeia deArmamento, Investigação eCapacidades Militares, com oobjectivo de "determinar as neces-sidades operativas, fomentarmedidas para satisfazê-las, contri-buir para estabelecer e para aplicarqualquer medida ajustada que visefortalecer a base industrial e tec-nológica do sector da defesa" (art.40, 3 e art. III-212, 1). Em váriasoportunidades faz-se menção,enfim, ao compromisso de respei-tar as obrigações que, contraídaspor alguns membros da UE, sederivem do Tratado do AtlânticoNorte (art. 40, 2 e art. III-214, 4). Acrescentemos que a impressão éque, sem propostas de outra natu-reza que se revelem nos seus arti-

gos, a Constituição subordina-sesem receio ao projecto de umaEuropa fortaleza, cada vez maisfechada. O art. III-166, 1 reclama,assim, a instauração progressivade um "sistema integrado degestão das fronteiras", compro-misso que se acompanha da postu-lação de uma política comum quegaranta "a gestão eficaz dos fluxosmigratórios". Num terreno que aosolhos dos nossos governantes épróximo, o art. III-177 refere-se,enfim, à colaboração entre osEstados membros no que diz res-peito à luta contra a delinquência eo terrorismo. Não se procure porlugar nenhum a influência de umavisão aberta e concessiva quanto àimigração.

Aberta a todos os'Estados europeus'A Constituição não é muito explí-cita, em suma, quanto à determi-nação de quais são os Estados quea UE pode acolher. Assinala que aUnião "está aberta a todos osEstados europeus que respeitaremos valores mencionados no artigo2 e se comprometerem a pro-movê-los" (art. 57, 1). Não se cla-rifica, porém, que se entende porEstados europeus, ainda que éfácil concluir que se fecha o hori-zonte de incorporação de paísesque, conforme a um artifícioimpregnado de uma carga ideoló-gica que se esconde por detrás deum aparente rigorismo geográfico,comummente se entende que nãosão europeus.Num terreno diferente, são muitasas dúvidas que afectam o mecanis-mo de ratificação do texto objectodo nosso interesse. Que acontece-rá se forem menos de vinte osEstados que ratificam aConstituição? E que acontecerácom aqueles que não a assinarem?Em qualquer caso, e como temassinalado C. Closa, o mecanismoem questão faz lembrar mais, denovo, o comummente aplicado nocaso dos tratados que o próprio deuma Constituição.ix

A poucas semanas do referendo, publicamosa segunda parte da análise crítica daConstituiçom Europeia do especialista empolítica internacional Carlos Taibo. Se qui-ger aceder à primeira parte do artigo poderáconsultá-la no número 25 de NOVAS daGALIZA ou nos documentos de formaçom doportal galizalivre.org, onde será divulgada aversom íntegra do trabalho.

NOTAS

i. Ibidem, págs. 102-103.ii. "Los sindicatos ante la ConstituciónEuropea" (CC.OO.-UGT, s.l., 2004).iii. Cantaro, "La Europa social...", op. cit.,pág. 35. iv. J.R. Castaños, "Las nacionalidades en laConvención: una oportunidad perdida", inPueblos (nº11, Junho de 2004), pág. 38.v. El País (10 de Dezembro de 2003).vi. Cantaro, Europa sovrana, op. cit., pág.125.vii. Paciotti, "Introduzione", op. cit., pág. 9. viii. X. Pedrol e G. Pisarello, "Ni 'un pasoadelante' ni 'lo único posible': esta'Constitución' no es nuestra Europa", inPedrol e Pisarello (dirs.), La ilusión constitu-cional, op. cit., pág. 19.ix. C. Closa, "La ratificación de laConstitución de la UE: un campo de minas"(Real Instituto Elcano, Madrid, 2004).

São muitas as dúvidas que afectam o mecanismo de ratificação do texto objecto do nosso interesse, que faz lembrar mais,de novo, o comummente aplicado no caso dos tratados que o próprio de uma Constituição.

Postula missõesmilitares longe da

UE, que poderão serencomendadas poloConselho de Ministros

"a um grupo deEstados membros".

Sublinha-se que"poderão contribuirpara a luta contra oterrorismo, mesmo

com o apoio prestadoa terceiros Estadospara combaterem

aquele no seuterritório"

Em finais de Dezembro do passadoano, a delegaçom de Indústria daJunta de Castela e Leom autorizou aexploraçom mineira de 111 quadrí-culas na parte berciana da Serra daLastra à empresa CATISA, perten-cente ao grupo Martínez Núñez. AAssociaçom para a DefesaEcológica da Galiza (ADEGA)denuncia, que se se levar a cabo talexploraçom, seria destruída 50% daSerra da Lastra, o qual anularia, emboa medida, os objectivos de con-servaçom perseguidos polo ParqueNatural declarado na parte galegano ano 2002, fazendo inviável aconservaçom de muitas espéciesanimais e vegetais a longo prazo edestruindo a paisagem de jeito irre-versível.ADEGAacabou de instar àConselharia do Meio Ambiente daJunta a que apresente alegaçons emantenha os contactos oportunosao mais alto nível com a Junta deCastela e Leom a fim de impediresta desfeita ambiental. A conser-vaçom deste valioso espaço naturaldeveria ser o ponto de encontro deacçons de protecçom e nom o ponto

de partida de um conflito que instalaa ilegalidade e imoralidade maisescandalosas. A Serra da Lastra éum dos espaços naturais mais valio-sos do noroeste ibérico, contandocom uns valores naturais quanto àflora, a fauna e a paisagem verdadei-ramente excepcionais, para além doseu valor arqueológico e geomorfo-lógico. Esta serra encontra-se entre aComunidade Autónoma Galega(CAG) e o Berzo, estando portantoesta última comarca administradapola Junta de Castela e Leom. Todo o conjunto da Serra foi decla-rado LIC (Lugar de ImportánciaComunitária) sob a Directiva

Habitats, conhecida popularmentecomo Rede Natura 2000, e a partecorrespondente administrativamen-te à CAG está declarada numhaextensom de 3.150 hectares comoParque Natural, um dos 6 existentesno nosso país, o que nos dá umhaideia dos seus destacados valoresambientais. A paisagem que seriaafectada pola exploraçom mineiraencontra-se no contorno dasMédulas, declaradas Património daHumanidade e protegidas por umpadroado do qual, curiosamente,forma parte o próprio MartínezNúñez.

ADEGA

Por Pedro Gómez-Valadés*

Era difícil imaginar nom há muitosanos, que um continente dividido emdous sistemas políticos e económicosantagónicos, em dous tipos de socieda-de instaladas na desconfiança mútua,em duas civilizaçons enfrentadas,pudesse chegar a integrar-se semviolência num projecto comum, quehoje compreende a maioria de paíseseuropeus. Porque quando analisamos oque supom para a Europa, e para aGaliza como naçom europeia, a suaprimeira Constituiçom, nom podemosesquecer de onde vimos, em quesituaçom estava a Europa e sobretudo,para onde queremos e devemos ir.Reconheço que esta, a constituiçompara a Europa, nom convida a um«sim» entusiasta, rotundo e sem fissu-ras. Certamente, o texto submetido àaprovaçom popular é incompleto, con-fuso, com lacunas e mesmo impreci-sons que dificultam esse «sim» entu-siasta. Mas a minha posiçom afirmati-

va assenta na resposta simples a duasperguntas também simples: Há umhaalternativa real melhor? Melhora asituaçom actual? E a resposta às duasperguntas som, a meu ver, claras. Nomhá alternativa real melhor. E ainda queseja um passo pequeno, é um pequenopasso na direcçom correcta. Para dian-te. A aprovaçom da ConstituiçomEuropeia nom será portanto umhaestaçom terminal, antes deverá serentendida como um incontornávelponto de partida no processo. É evi-dente que a construçom europeia é umprocesso histórico que irremediavel-mente continuará a progredir. Os seusavanços serám mais ou menos rápidos,mais ou menos profundos e mesmomais ou menos traumáticos. Mas o

caminho da unidade da Europa é umcaminho afortunadamente sem retor-no. E quando digo afortunadamente,nom estou a pensar só em nós, os euro-peus e as europeias. Penso também noresto do planeta, que precisa, talvezcom mais urgência do que nós, deumha Europa forte que consiga exer-cer de contrapeso à esmagadora hege-monia dos EUA. Porque no actualcontexto político mundial e com arecente reeleiçom de George W. Bush,perante a crise ambiental galopante, eperante os múltiplos conflitos regio-nais, é mais urgente que nuncaavançarmos para a unidade política daEuropa, para podermos actuar comoum forte actor político no cenário inter-nacional. O possível travom ao avançoconstitucional europeu debilitaria opapel mediador e estabilizador daEuropa no mundo. E eles e elas, mui-tas pessoas que nom som europeias,também precisam da Europa.Eu votarei «sim». O vindouro mês deFevereiro, no referendo sobre a ratifi-

caçom popular da Constituiçom euro-peia, votarei «sim». Sem dúvidas, semnenhum tipo de vacilaçom. Porque aEuropa é o espaço de liberdade, paz eprogresso mais importante que jamaisconheceu a história da humanidade. Etambém votarei «sim» porque nompodo entender a minha galeguidadenem o meu nacionalismo galego à

margem da Europa. Umha Europa quehoje estám a fazer os estados, mas naqual o horizonte da Europa dos povosse enxerga irreversível, como conse-quência da própria complexidade con-tinental europeia.

* Coordenador do Conselho deRedacçom da revista ENCLAVE.

12 vários Janeiro 2005 novas da galiza

O Pelourinho do Novas

Quanto ao boicote (Na GZ emGalego) com que amanheceu a lojado desenhador "galego" AntonioPernas situada na Rua Sagasta 13em Ponte Vedra, a Assembleia daMocidade Independentista quercomunicar:- Sendo este persona-gem a cabeça visível da autodeno-minada "Asociación de Amigos dela ELE", o "artista", junto comoutros companheiros de andanças,acabárom de começar umha cam-panha muito agressiva, consistenteem tentar recolher por toda aGaliza 50.000 assinaturas, a fim delegitimar a mais clara e absolutadas ilegalidades, o uso do ele noartigo que precede o topónimoCorunha, (topónimo espanholizadopola desgraçada herança do fran-quismo como tantos outros).Parece portanto que esta deixou deser umha batalha livrada pratica-mente em solitário por PacoVázquez, passando o desenhador ase converter no novo Sancho Pançade um Quixote inclusive mais gro-tesco que o meramente literário.-Esta gravíssima agressom sem pre-

cedentes à nossa língua e culturapor parte de um desenhador, farácom que a MocidadeIndependentista deste país reajaem consequência. Nom vamos ficar impassíveisperante tal burla e tal ataque doespanholismo, e anunciamos por-tanto umha resposta coerente emtodos e cada um dos lugares ondetivermos conhecimento queAntonio Pernas se encontra, querseja com umha loja, acto publicitá-rio ou inclusive pessoalmente.- Acor laranja, que umha vez mais seencarregou de denunciar os ata-ques do espanholismo contra anossa língua, é portanto só ocomeço. Qualquer pessoa, empresau organizaçom política ou de outrotipo que fizer apologia do espanho-lismo em Ponte Vedra devem terpresente que receberám de parte damocidade mais combativa destepaís umha resposta como mínimoigual de contundente ao seu ataque.

Xiana Gomes (Ponte Vedra)

Boicote a António Pernas

Um pequeno passo adiante, mas na direcçom correcta

A Constituiçom Europeia será votada em Fevereiro.

Permitem destruiçom do Parque Natural da Serra da Lastra

As cartas enviadas ao Pelourino do Novas deverám ser originais e exclusivas e nom poderám exceder as 30 linhas digitadas a computador.É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons,como também resumi-las ou extractá-las quando se considerar oportuno. Endereço: [email protected]

Paisagem afectada pola exploraçom mineira

Janeiro 2005novas da galiza 13

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A 31 de Julho de 1975 a Políciaespanhola pujo em marcha umhagrande operaçom contra a ETA coma informaçom facilitada por MikelLejarza Egia, um confidente alcun-hado ‘o Lobo’ que tinha levado acabo um processo de infiltraçom naorganizaçom armada basca. Os ser-viços secretos da ditadura franquistacriados polo almirante CarreroBlanco, o Seced, informárom que onúmero de pessoas detidas ascendeua 158.Poucos dias depois começa naGaliza umha rusga contra o movi-mento independentista que se esten-de por todo o País, saldando-se commumerosos detidos e detidas e oassassinato do militante da UPGJosé Ramom Reboiras Noia a maosda Polícia em Ferrol. Meses antes, aETA tinha enviado Mikel Lejarza ànossa terra para estudar a possibili-dade de estabelecer colaboraçonsentre as duas organizaçons indepen-dentistas.Depois disto, ‘O Lobo’ submeteu-sea umha operaçom de cirurgia estéti-ca para mudar a sua fisionomia,ainda que já nunca deixasse de cola-borar com as forças repressivas. EmJulho de 1976 é reclamado porAndrés Cassinello, chefe dos ser-viços secretos da Guarda Civil, paraque com a sua nova cara viaje aoPaís Basco e identifique os seus

antigos companheiros e companhei-ras da organizaçom armada ETA. Aoperaçom, denominada ‘vassoura’,culmina com a detençom de maismilitantes independentistas.Um ano mais tarde, Lejarza muda asua identidade, converte-se no agen-te Pizarro e alista-se na Legiomespanhola. O seguinte passo consis-te em desertar para chegar atéArgélia e introduzir-se nos círculos deAntonio Cubillo, dirigente doMovimento pola Autodeterminaçom ea Independência do ArquipélagoCanário (MPAIAC). A operaçomfracassa e um ano depois o político

canário é objecto de um atentadoorganizado desde o Estado espanholque estivo à beira de lhe custar avida.‘O Lobo’ reaparece no País Bascono ano 1987, desta vez acompanha-do por Enrique Gacho Frontera, umdos seus sócios, e sob o falso nomede Miguel Ruíz Martínez para extor-quir em nome da ETA o dentista bil-baíno Pedro Ortiz Lang. O odonto-logista acudiu à Polícia, que detivoLejarza e os seus sequazes nestaoperaçom de chantagem. Mas aestadia em prisom do confidentenom durou demasiado; dias depois

saiu em liberdade provisional após aGuarda Civil ter pago, através de umcunhado polícia espanhol, umhafiança de 200.000 pesetas. Posteriormente viria a descobrir-se quefuncionários do Estado entregárom aodentista cinco milhons de pesetas paraque retirasse a acusaçom particularcontra Mikel Lejarza. O advogado doodontologista, Félix Rojo, apresentouum escrito de renúncia no julgado deInstruçom número 4 de Bilbau,lugar onde estava a ser tramitado oprocedimento abreviado 242/89.Tempo depois Mikel Lejarza trans-fere a sua residência para os Países

Cataláns, concretamente para umhapovoaçom das aforas de Barcelona.Nesta cidade catalá, segundo pudé-rom verificar membros da Equipade Investigaçom do antigo diáriobasco ‘Egin’, Lejarza possuía umhaempresa de vídeos pornográficos e,com a ajuda de elementos tammafiosos coma ele, fazia incursonsno mundo da prostituiçom. De facto,‘O Lobo’ chegou inclusive a ofere-cer trabalho a umha redactora dojornal nalgum dos locais que contro-lava a sua rede de proxenetismo. Mas as actividades delituosas desteelemento nom se ficárom por aqui.No ano 1992 é contratado por JavierGodó Muntaño, conde de Godó epresidente do Grupo Godó de comu-nicaçom. O conde suspeitava quedous dos seus sócios no LaVanguardia queriam atraiçoá-lo.Entom decidiu contratar Lejarzapara controlar os movimentos delesmediante a técnica dos telefonesintervindos. Javier Godó foi imputa-do mas estabeleceu um pacto desilêncio com o ‘Lobo’ e a sinistrapersonagem assumiu todas as res-ponsabilidades.Segundo afirmam os jornalistasManuel Cerdán e Antonio Rubio nolivro ‘Um espiom nas entranhas daETA’, hoje em dia Mikel Lejarzacontinua em activo e ajuda o novoCentro Nacional de Inteligência(CNI) em operaçons internacionaisde movimentos de capitais.

“O Lobo”, de confidente policial a chantagista e proxeneta

Redacçom

reportagem

reportagem

Nos últimos tempos a figura do confidente policial Mikel Lejarza Egia, conhecido como ‘O Lobo’, retomou de novo notoriedade devido à estreia de umfilme sobre a sua vida e às posteriores apariçons desta obscura personagem nos meios de comunicaçom para publicitar o filme. Mas a verdadeira históriadeste espiom que atraiçoou por dinheiro os seus ideais está cheia de escabrosos capítulos e nem todos tenhem um final feliz.

Mikel Lejarza Egia participou na operaçom que custou a vida a Moncho Reboiras

O Lobo (esq.), cartaz de ETA (dir.) e falsa

identidade de Mikel Lejarza (abaixo)

Hoje em diacontinua em

activo e ajuda onovo CNI

14 cultura Janeiro 2005 novas da galiza

portal galego da língua

Tesouro Lexical Galego apresentadopublicamente

PGL

Aversom electrónica do Dicionário daLíngua de Isaac Alonso Estraviz foiapresentada publicamente naFaculdade de Filologia daUniversidade de Santiago deCompostela. No acto, ao qual conco-rreu numeroso público, contou-se coma participaçom de Vítor ManuelLourenço Peres (coordenador daediçom electrónica do dicionário) e dopróprio autor da obra, o professor IsaacAlonso Estraviz (Secretário daAGAL). A obra de referência da lexi-cografia galega desde os anos oitentafora inicialmente publicada, em trêsvolumes, pola editorial Alhena; era naaltura o dicionário com mais entradaspara o idioma galego. Posteriormentefoi publicado por Sotelo Blanconumha versom algo reduzida.O Dicionário Electrónico Estravizencontra-se agora acessível emwww.agal-gz.org/estraviz Nesta novaversom fôrom suprimidas as entradasou definiçons consideradas castelha-nas ou desnecessárias em galego.Introduziram-se novos verbetes rela-cionados com as ciências e as novastecnologias, aumentando considera-velmente o número de vocábulos.Agora som mais de 91.000 entradas eo autor anuncia que em breve seráincrementado com mais 30.000.Conta, aliás, com vários jogos (trivial,falsos amigos, analogias...), sendo pos-

sível estar todo o dia a brincar com aspalavras sem umha pessoa ficar abo-rrecida, como já temos experimentado.É, em definitivo, um dicionário lexicalcom umha profunda orientaçomdidáctica.

Aequipa técnica Ao convite lançado por Vítor ManuelLourenço Peres –que se responsabili-zou pola coordenaçom dos trabalhos ea informática- responderam as seguin-tes pessoas: Sabela Agrelo Castro,Jesus Miguel Conde Llinars, MárioHerrero Valeiro, Raquel Miragaia,André Outeiro, José Manuel Outeiro,José Henrique Peres Rodrigues,Manuela Ribeira Cascudo, ValentimR. Fagim, Miguel R. Penas, JoséMaria Rodrigues, José Luís Valinha eFernando Vázquez Corredoira. Todosos trabalhos foram revistos polo autor,que introduziu as novas entradas. Naparte informática, além de VítorManuel Lourenço Peres, também tra-balhou Miguel R. Penas, a quem sedeve a formosa portada do Dicionárioe-Estraviz.

radioGaliza.net premiada pela rede brasileira«Direitos Humanos e Cultura»

PGL

A rede brasileira «DireitosHumanos e Cultura»www.dhnet.org.br concedeu aradioGaliza.net, cuja emissãose faz via Internet, o prémioSelo Direitos Nota 10. DHneté uma organização que incen-tiva a valorização e difusãodos Direitos Humanos em lín-gua portuguesa. A estaçãoradiofónica radioGaliza.netfoi impulsionada por pessoasindependentes e diversoscolectivos e projectos, todoscom o objectivo comum depromover uma rede comunica-tiva independente e em gale-go-português na Galiza.

Ricardo Cabanelas, um dosresponsáveis pela estação,disse que este reconhecimen-to, mesmo simbolicamente, "émuito importante para a conti-nuidade futura deradioGaliza.net, mais aindaquando apenas transcorreram6 meses desde o lançamento

em provas e pouco mais de 2desde que conta com uma grel-ha de programação estável".Ainda, acrescentou, "é tam-bém uma vitamina para conti-nuarmos na luta pela defesa dalusofonia na Galiza, junto aodesejo de promovermos nonosso país uma comunicaçãosocial mais livre e indepen-dente".

Isaac Alonso Estraviz: «Estou feliz porque, finalmente, vejo cumprido o sonho de toda umha vida»

PGL

O conselheiro da presidência doGoverno da Galiza, Jaime Pita,informou da hipótese de umha pos-sível mudança da actual Lei deNormalizaçom Lingüística galega.Respondendo a um requerimentodo BNG, a respeito da posiçom doGoverno na polémica do topónimoda Corunha. Assim, o representantedo executivo galego mostrou a suaconcordância com a atitude do PPda Corunha contra a legalidadevigente, evidenciando a escassavalidez das acçons administrativasempreendidas contra o governomunicipal corunhês. O próprio pre-sidente do Governo galego,Manuel Fraga, manifestou que secontasse com o apoio do PSdG-PSOE estaria disposto a modificara LNL para aceitar a forma castel-hana do topónimo. Apesar de terfortes contradiçons internas, porenquanto o PSdG-PSOE tem vindoa rejeitar este oferecimento, mani-festando que em princípio manteráo seu apoio à continuidade da actuallegislaçom lingüística galega.

Carteira de clien-tes que querem

bancos galeguiza-dos ascende já adez milhons de

eurosA Mesa

O Presidente da Mesa, CarlosCallón, apresentou a nova fase dacampanha “O galego, sempre emconta”, que persegue a intro-duçom do nosso idioma no sectorbancário. A Mesa mostra-se opti-mista diante da resposta queestám a obter com esta campanha,pois os ordenados das pessoasque estám dispostas a domiciliaras suas receitas mensais numhaentidade galeguizada chegam jáaos dez milhons de euros.CarlosCallón estimou que esta quantida-de se verá notavelmente incre-mentada nas próximas semanas,pois ainda nom se celebráromtodas as reunións comarcais deapresentaçom da campanha e, alionde se celebrárom, estám-se aacumular apoios que ainda nomfôrom contabilizados. “Vamospoder negociar a introduçom dogalego através de grandes quanti-dades de dinheiro, e isso é umhagrande notícia”, afirmou.

É um dicionário

lexical com

umha profunda

orientaçom

didáctica.

Portal Galego da

Língua alcança

345.000 visitas no

ano 2004

PGL

Mais de 1.000 notícias publicadasem 2004 e mais de 345.000 visitasnesse ano. Estes são os números queultrapassam largamente as melhoresexpectativas previstas polaAssociaçom Galega da Língua. Oano 2003 fechava-se com 100.000visitas, polo que o crescimento é demais do triplo e situa o Portal muitoperto do milhar de visitas diárias em2004. O número de páginas vistas éde 2.700.000, isto é, 2,7 páginas porsegundo.Outros dados que nos for-nece o nosso serviço de hospeda-gem bem como o do próprio domí-nio são os seguintes: 1.471 cadastra-dos e cadastradas (em 31 deDezembro de 2003 havia 646),1.700 notícias das quais 1.150foram geradas este ano o que nos dáuma média de 3,5 notícias por dia eainda 100 arquivos para serem liv-remente descarregados.

Isaac Estraviz e assistentes momentos antes de começar o acto de apresentaçom"

Partido Popular

ameaça mudar Lei

de Normalizaçom

Lingüística

PGL

A Associaçom Galega da Língua(AGAL) referendou, no decursoda assembleia celebrada namanhá do sábado 15 de Janeiroem Compostela, a nomeaçomcomo Membros de Honra damesma de José Pousada e CamiloNogueira. Ambos vem deste jeitoreconhecido publicamente o seucompromisso com o idioma gale-go, um compromisso que oslevou a ser os primeiros represen-tantes públicos da Galiza que seexpressárom em galego nas insti-tuiçons europeias.Com esta iniciativa, a AGAL quertestemunhar publicamente oreconhecimento do labor destesdous políticos que, desde organi-zaçons diversas -CG e BNG-apostárom polo uso continuadodo idioma galego na Eurocámara,em consonáncia com os postula-dos defendidos pola AssociaçomGalega da Língua desde a suafundaçom (1981).

José Pousada eCamilo Nogueira,

Membros deHonra da AGAL

A estaçom premiada pola rede brasileira

A SGAE nom deixa de ser umhaempresa privada (e aliás monopo-lista, porque os grupos musicaisnom podem escolher seremrepresentados por outra entidade)que trafica com a arte com umhaclara intençom, tirar da activida-de dos autores e autoras (à suacusta) o máximo benefício possí-vel. A proliferaçom da piratarianom diminui, mesmo continuan-do aí a Sociedade de Autores,com a boca cheia de vitimismo,chorando polo que pensam, oupolo menos polo querem fazer-nos pensar: que é o começo dofim da música. A este respeitotomárom a medida de oferecerumha soluçom ao problema:receber pola compra de cada CDou DVD virgem um cánone (aSGAE chamou-o “direito”), dadoque consideravam provado queos usuários e usuárias iam fazeruso dele pirateando música (???).Sem dúvida, o mais lamentável éo discurso em si próprio, o esgri-mido tanto por pessoas da índolede Maria Jiménez como dos«capos» da SGAE: “nom somoscontra a gente que vende na rua,somos contra as máfias que estámpor detrás do pirateio”, nom dei-xam de proclamar mal tenhemoportunidade. Há casos piores,como o de Roberto Iniesta

(Extremoduro), que propom àpopulaçom imigrante árabe avenda de drogas (“que isso simque fai falta”). Em todo o caso agarremo-noscom força ao discurso esgrimi-do por muita da gente que nom se

descabela com o «pirateio» e que

tampouco entende que a soluçomdos problemas esteja em maos damáfia SGAE, berremos bemforte: “A música nom está emcrise, o que está em crise é aindústria musical”. E isto nomnos importa, polo menos nomdevia…O fundo desse discurso fastuosoem favor dos indefesos criadoresde música cheira a oportunismo ecorrupçom, a defesa dos interes-ses de uns quantos em nome doaltruísmo (Ramoncín, ImanolArias, Hevia ou El Fari).Lembremos as palavras do pró-prio presidente da SGAE:“Quando alguém compra numcentro comercial, está a pagar oque roubam outros. O preço demercado de um produto levaimplícito os riscos da comerciali-zaçom”. A distribuiçom de músi-ca gratuita pola Internet, ou abaixo preço na rua, nom acabarácom a criaçom musical, antesestaria em condiçons de oferecerà criaçom novos horizontes quan-to a possibilidades. O recurso a esta forma deaquisiçom de música deve serentendida como umha conse-qüência, ou como umha res-posta. Os entraves à livrecriaçom musical encontram-se precisamente nas empresasdiscográficas e nos seussequazes assalariados.

Redacçom

A comissom de festas da paró-quia viguesa de Linhares aca-bou de ganhar à SGAE o braço-de-ferro judicial que começaracom a denúncia desta entidadeprivada. A chamada Sociedadede Autores exigia da comissomo pagamento de um impostocompensatório de 7% do preçoda festa, para além do que jácobravam às orquestras por ver-sionarem conhecidos temasmusicais.Por ocasiom deste e de outroscasos, diferentes membros dascomissons de festas de Vigo, reu-nidos em assembleia, concluíromque a SGAE “já nom assusta nin-guém”. Asseguram que se recu-sarám a pagar qualquer impostodeste tipo, já que “ganhamos abatalha nos tribunais, porque avitória de Linhares é um triunfode toda a agrupaçom”.

Anteriormente tinha-se dado umcaso parecido em Betanços, ondea organizaçom da festa conse-guiu também ganhar o processo.Por sua vez, a SGAE reclama12.000 euros ao vereador deTurismo, Juventude e Desportosde Oleiros, Antón Tenreiro, por“danos contra a sua honra”, a raizde umhas declaraçons do repre-sentante municipal em que acu-sava a Sociedade de “extorsom,coacçom e perseguiçom”, aoexercer “actividades mafiosas”. Estas declaraçons tinham-seproduzido quando a SGAEreclamou da Cámara o paga-mento do correspondentecánone por um concerto orga-nizado em solidariedade comsindicalistas em greve defome.Entretanto, o cánone por cópiaprivada acaba de aumentar 30%,enquanto o salário mínimo sóserá incrementado 4,5%.

Janeiro 2005novas da galiza 15

música

S.G.A.E,

cultura

Davide Loimil / Inácio Gomes

Recentemente tivemos notícia de umha nova conquista do governo compostela-no para a “Compostela do milénio”: o acordo a que chegárom a Cámara

Municipal e SGAE (Sociedade Geral de Autores e Editores) para a construçomda chamada “Sede Integral SGAE Noroeste” no bairro de Vista Alegre.

Em palavras de Teddy Bautista, presidente da SGAE, o edifício visa “dinamizara vida cultural de todo o noroeste peninsular”.

A distribuiçom de

música gratuita

pola Internet, ou a

baixo preço na rua,

nom acabará com a

criaçom musical,

antes estaria em

condiçons de ofere-

cer à criaçom novos

horizontes quanto a

possibilidades.

«Sociedade de Autores»prossegue caça às bruxas na Galiza

a empresa financiada com osnossos impostos

A Sociedade Geral de Autores apoiadiscos contra a “pirataria”

Hoje quero referir-me a umpromotor histórico do gale-guismo chamado LuísPorteiro Garea. Nasceu emLugo no ano 1889 e morreuno ano em que o nossonacionalismo se declaroumaior de idade, quer dizer,em 1918, quando é assinadoem Lugo o PrimeiroManifesto da AssembleiaNacionalista em presençade Luís Pena Novo (na altu-ra o primeiro vereador decámara nacionalista, naCorunha) e Joám VicenteViqueira. Porteiro Garea eraumha das grandes promes-sas do nacionalismo, masmorreu muito novo, comotem acontecido amiúde nasfileiras históricas naciona-listas. Ocorreu uns diasantes da assembleia por umandaço de gripe, algo fre-qüente naquela época. LuísPena Novo foi quem fijo oóbito de defunçom do seuchorado amigo nas páginasd'A Nossa Terra. Fernandesdo Rego, sucinto, diz dele:"Foi umha das figuras polí-ticas mais representativasdas Irmandades da Fala”.Depois de fazer o “bachare-lato” na sua cidade natal,cursou Direito em Santiago.Doutorou-se em Madrid eregressou a Compostelacomo professor de DireitoCivil. Publicou "ATransformaçom do DireitoCivil pola Grande Guerra" e"Aos galegos emigrados".Em 1916 incorporara-se àsIrmandades da Fala desde oprimeiro momento, e pro-nuncia o discurso na fun-daçom da Irmandade deSantiago. A partir de entompassará a ser um dos princi-pais dirigentes galeguistas,sendo reconhecido comopartidário da clara luitapolítica das Irmandades -emoposiçom aos "culturalis-tas"- e como defensor dalinha mais "esquerdista"deste movimento.

novas da

«Na Galiza som muitas as palavras porquesom muitas as paisagens»

a entrevista Isaac A. Estraviz, lexicógrafo eautor do dicionário e-Estraviz

"Um país porinventar"

Xosé Neira

Entrar em casa do Professor Estraviz é como aventurar-sena casa das palavras. Umha pessoa fica com a sensaçomde que palavras perdidas nas aldeias remotas da Galiza teestám a espreitar de entre as estantes, de dentro das dúziasde dicionários ou dos montes de livros que se acumulamem perfeito desordem polo chao ou sobre as mesas de tra-balho. O professor Isaac trata cada palavra com o carinhodo arqueólogo que encontra um tesouro, umha peça únicaque nos explica o nosso passado como povo e que nos rela-

ciona com o nosso património. Ele é o responsável do maiscompleto dicionário feito na Galiza. Toda umha vida àprocura de palavras, recuperando-as, limpando-as do póda história escrita noutra língua e agora oferecendo-as narede. No Portal Galego da Língua acabou de lançar-se odicionário e-Estraviz, com mais de 91.000 verbetes.NOVAS da GALIZA falou com ele durante quase duashoras, embora neste espaço nom caibam todas as suaspalavras...

Quando e como começou o pro-jecto do dicionário?Quando estudava Románicas emMadrid o professor que nos davaaulas nom sabia nada de galego.Estávamos nos anos 1975/76 e eudecidi fazer um dicionário e umhagramática. Mais tarde, estando atrabalhar em Madrid, na AKALfizérom-me a proposta de fazer umdicionário galego-castelhano. Eusó aceitava se o dicionário fossegalego-galego e se utilizasse a gra-fia histórico-etimológica da língua.Afinal, acordamos que a seguir acada verbete aparecesse entreparênteses a forma etimológica.

Ainda nom fora fundada aAGAL...Nom fora, nom. E de certo modo,mesmo se pode dizer que a for-maçom da AGAL chegou a partirdaí. Eu falei com José LuísRodríguez e com MonteroSantalha para termos umha reu-niom em Compostela, procurandocolaboraçons para fazer o dicioná-rio. Lembro que nos reunimos numconvento de freiras. Na reuniom,Martinho Montero colocou a ideiade criar umha associaçom de tipocultural que publicasse umharevista escrita em galego correcto.Com o reintegracionismo a ferverjá por toda a parte, com grupos naCorunha, Compostela e Ourense,constituiu-se a AGAL. A revistaAGÁLIA aparecia mais tarde, apartir de conversas com AntónioGil no ano 1985.

Como era o trabalho de campo?O primeiro que tive que fazer foium estudo de todos os dicionáriosgalegos, confrontando-os comdicionários portugueses e mesmo

com castelhanos. O trabalho foiimenso, pois os meios informatiza-dos nom eram os actuais. Visto queeu já tinha recolhido muito mate-rial por toda a Galiza, dava aosmeus colaboradores umha lista-gem das palavras, indicando-lhesonde podiam ir procurá-las. Elestambém incluíam palavras que eunom recolhera e estavam vivas nasaldeias. A pesquisa era difícil poisera preciso ganhar a confiança daspessoas entrevistadas. O primeirodicionário que se publicou em trêstomos tem 110.000 entradas. Nesteúltimo publicado na Internet sommais de 91.000.

Quantas palavras da Galizarural levou o vento da moderni-dade, Isaac?Nem se pode contar a riqueza léxi-ca perdida. Pensa que um géniocomo Cervantes usou na sua obraao redor de 12.000 vocábulos. Poisbem, eu recolho na minha tese dedoutoramento, só nas aldeias daLímia, mais de 13.000 palavras.Trata-se de um léxico rural e fami-

liar que nos dá umha ideia daextraordinária riqueza oral donosso povo. Infinidade delas eramusadas polas pessoas mais velhas eagora estám definitivamente perdi-das. Nós temos muitíssimo léxicoporque a Galiza é um territóriocom muitíssimas paisagens dife-rentes, e umha paisagem diferentecria também umha linguagem dife-rente.O problema é que as culturas detipo tradicional agrícola desapa-recêrom. Por exemplo o léxico,riquíssimo, relacionado com olinho ou com os arados já nom seutiliza, salvo por especialistas quequerem explicar o processo ou porescritores ou escritoras paraambientar um romance...

Todas as palavras galegas somtambém portuguesas? Existemtambém no norte de Portugal?Existem. Se nom aparecem algum-has, é por nom estarem recolhidas.Surpreendeu-me muito encontrarem Arcos de Valdevez o adjectivo“choivoso” ou em Montalegre a

palavra “choiva”, quando eu pen-sava que “choiva” era exclusiva dacomarca de Compostela. Porexemplo, palavras como “anaçoa-do”, que eu recolhera na minhaaldeia há muitos anos, pode encon-trar-se num compêndio de falaresde Trás-os-Montes. Na verdade, éum trabalho por fazer. A recolha deléxico no norte de Portugal é muitoincompleta. Houvo tentativas porparte de dicionários que ficaram naletra E, trabalhos monográficos,revistas, dicionários de falares,mas nada de rigoroso e sistemáti-co. A minha intençom é trabalhareste campo, com colaboradorespola parte portuguesa e galega,compilando e confrontando léxicodas duas partes...

Como surgiu a ideia de elaboraro e-Estraviz na rede? Quem cola-bora neste magnífico projecto?Foi há um ano. O informático VitorLourenço e o lingüista ValentimFagim projectárom colocar oEstraviz na rede, distribuindo o tra-balho por letras. Eu comprometi-me a revisá-lo. Mas aqui colaboroumuita gente como Mário Herrero,Raquel Miragaia, José LuísValinha, Manuela Ribeira, MiguelPenas, José Henrique Rodrigues,André Outeiro... espero nom estar aesquecer ninguém. Os aspectoselectrónicos fôrom trabalhados porMiguel Penas e polo próprio Vítor.

O teu dicionário está vivo e emcontínua actualizaçom . Porcuriosidade, qual foi a últimapalavra introduzida?Há uns dias, a 9 de Janeiro, intro-duzimos «erbeijoar», que significapeneirar com cuidado, dandoumha ou duas voltas para cair omais fino da farinha ou de outromaterial.

O Professor Estraviz na sua casa conversando com NGZ

Alonso Vidal