Nutrição em Cirurgia
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NUTRIÇÃO EM
CIRURGIAFACULDADE DE MEDICINA – UNIC
INTERNATO – CLÍNICA CIRÚRGICA
AILLYN F. BIANCHICAROLINE GIORDANI
SUELLEN S. BERALDO
BIBLIOGRAFIAINTRODUÇÃOStudley,
1936DESNUTRIÇÃO Estado em que há deficiência, excesso ou desequilíbrio de energia, proteína e outros nutrientes causando efeitos adversos na estrutura tecidual ou corporal. Desequilíbrio de micronutrientes encontrado frequentemente em idosos, obesos e portadores de doenças crônicas debilitantes.
BIBLIOGRAFIAINTRODUÇÃO A desnutrição pré-op é um fator independente de risco de maior
morbidade e mortalidade pós-op por diminuição dos compartimentos de composição corporal (massa magra), imunodepressão do tipo celular e retardo na cicatrização de feridas.
A própria repercussão da RIT varia de acordo com o estado nutricional anterior e com a presença de comorbidades.
As manifestações da desnutrição são mais evidentes quando a perda involuntária de peso ultrapassa 10%, havendo perda de massa muscular e comprometimento do estado geral do paciente.
Butterworth e cols., 1974 Estudo e observações sobre as causas de desnutrição hospitalar estado
nutricional pre-op não avaliado, terapia nutricional para paciente com desnutrição grave subindicada, etc.
BIBLIOGRAFIAINTRODUÇÃOEPIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA
BR, estudo Ibranutri – 50% dos pacientes internados em rede pública encontram-se desnutridos de forma moderada e grave.
Desnutrição primária de base socioeconômica. Vitimas de trauma abdominal grave tendem a apresentar maior
incidência de complicações devido ao hipermetabolismo associado a períodos de jejum prolongado, o que aumenta o risco de desnutrição.
Desnutrição pode decorrer da evolução de complicações pós-op, de caráter grave, que permanece por longo tempo em estado inflamatório e/ou infeccioso na UTI.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
• Deve ter início no pré-operatório, na consulta médica - procedimentos eletivos;
• Objetivo:– Identificar o grau de comprometimento do
estado nutricional e a necessidade de intervenção;
• A avaliação nutricional envolve métodos subjetivos e objetivos - Avaliação Subjetiva Global.
AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG)• Conjunto de observações que consideram itens como
perda de peso do paciente, modificação da ingestão
alimentar, entre outros;
• Tem correspondência clínica significante com o grau de
complicações pós-operatórias;
• Simples e fácil de ser aplicada
– Pode ser usada na sala de emergência;
• IMC: subestima a real incidência de desnutrição.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG)
ACERTO – Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória, 2011.
VALORES NORMAIS E ALTERADOS DAS PROTEÍNAS SÉRICAS EM AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Proteínas Séricas Normal Depleção Leve Depleção Moderada Depleção Grave
Albumina > 3,5 mg/dl 3,0 – 3,5 mg/dl 2,4 – 2,9 mg/dl < 2,4 mg/dl
Pré-albumina 20 mg/dl 10 – 15 mg/dl 5 – 10 mg/dl < 5 mg/dl
Transferrina > 200 mg/dl 150 – 200 mg/dl 100 – 150 mg/dl < 100 mg/dl
AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (ASG)
ACERTO – Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória, 2011.
VIAS DE ACESSO• Via digestiva disponível: primeira escolha (oral ou
enteral);• Indisponível: terapia parenteral;
– Não recomenda-se iniciar a NP apenas no pós-operatório;
• Pacientes nutridos intervenções cirúrgicas de grande porte sobre aparelho digestivo:– Período maior de jejum PO;– Recomenda-se jejunostomia tipo Witzel para nutrição
precoce (12-48h após cirurgia);• Se não possível NE, avaliar possibilidade de terapia
mista (mantém trofismo intestinal - evita translocação de endotoxinas/bactérias);
TERAPIA NUTRICIONAL
INÍCIO DA TERAPIA NUTRICIONAL
• Deve ser iniciada no pré-operatório;
• Desnutridos graves: entre 7-10 dias antes;
• Via digestiva disponível: até 3 semanas antes;
• Realimentação precoce no PO.
TERAPIA NUTRICIONAL
NUTRIÇÃO ENTERAL• Administração de dietas industrializadas por
cateteres nasoenterais ou estomias;• A formulação é escolhida de acordo com cada
paciente e suas comorbidades;• Fórmulas poliméricas, oligoméricas e elementares;• Administração no estômago: mais fisiológica,
preferencial - exceto gastroparesia e DRGE;• POI e doentes graves: BIC no jejuno - possibilita
início e uso precoce TGI, oferta mais adequada de nutrientes;
• Não usar em instabilidade hemodinâmica;
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA NUTRICIONAL
ACERTO – Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória, 2011.
NUTRIÇÃO PARENTERAL• Administração de solução esterilizada, por via
central (cateter exclusivo para a NP) ou periférica (< 15 dias);
• Conteúdo: AA, Gli, TG, minerais, vitaminas e oligoelementos;
• Impossibilidade de utilizar o TGI total ou parcial;• Fórmulas manipuladas e padronizadas;• Controle de alterações metabólicas, PP/ controle
glicêmico (manter entre 110 e 130 mg/dl);• Monitorar eletrólitos (K, Mg, P), função renal e
hepática (antes e semanalmente), TG, água e Na.
TERAPIA NUTRICIONAL
TERAPIA NUTRICIONAL
ACERTO – Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória, 2011.
TRANSIÇÃO DA TERAPIA NUTRICIONAL• A transição da TN de NP para NE ou desta para VO
deve ser feita quando pelo menos 60% das necessidades nutricionais do doente são cobertas pela nova forma nutricional;
• Doentes nutridos: recuperam a capacidade de alimentação adequada no 9º PO, sem complicações e no 19º PO, com complicações;
• Doentes desnutridos: 12º PO, sem complicações e 26º PO, com complicações.
TERAPIA NUTRICIONAL
CONSIDERAÇÕES
• Objetivo geral – garantir esvaziamento gástrico
e evitar broncoaspiração (Sd de Mendelson);
• Síndromes:– Aspiração de alimentos sólidos;
– Sd Mendelson – aspiração de conteúdo líquido;
JEJUM PRÉ-OP
CONSIDERAÇÕES• Sec XX estipulou-se, após broncoaspiração em cirurgias de
urgência e emergência, empiricamente jejum de 8-12 horas;
• Atualmente – ASA libera o uso de líquidos claros sem
resíduos, até 2 horas antes do procedimento;
• Enriquecimento com substâncias energéticas – maior
satisfação, menos irritabilidade, aumento do pH e diminuição
da resposta catabólica ao estresse cirúrgico.
JEJUM PRÉ-OP
JEJUM PRÉ-OP
ACERTO, 2011
CONSIDERAÇÕES
JEJUM PRÉ-OPCONSIDERAÇÕES
ACERTO, 2011
ABREVIAÇÃO DO JEJUM PRÉ-OP E DA RIT
• JEJUM– Diminui insulina, aumenta glucagon;– Rápido consumo das reservas de glicogênio (SNS,
células sanguíneas);– Gliconeogênese hepática (regulado pela hipófise –
aumento de ACHT aumento de cortisol);– Jejum prolongado – consumo de Corpos
Cetônicos.
JEJUM PRÉ-OP
Músculo Aminoácido Glicose
JEJUM PRÉ-OPGLICONEOGÊNESE
HEPÁTICACortisol
Triglicérides Glicerol Glicose
JEJUM PRÉ-OPRESISTÊNCIA À INSULINA
• Varia conforme o porte da cirurgia;
• O jejum pré-op contribui para o aumento da resistência à
insulina, piorando o estresse metabólico perioperatório;
• Excesso de ácido graxo -> disfunção da GLUT 4
resistência à insulina -> diminui a produção de glicogênio
aumento da gliconeogênese hiperglicemia aumento da
morbimortalidade.
JEJUM PRÉ-OPBEBIDA COM CARBOIDRATO COM OU SEM PROTEÍNAS
• Reverter a RI relacionada com o trauma;• Redução da ansiedade e da fome;• Não altera pH gástrico nem o seu conteúdo;• DM2 e SM necessitam de maior aporte insulínico;• Com proteína (glutamina ou prt hidrolisada) – diminui a
perda de massa magra diminuindo a RIT;• CI se gastroparesia ou qualquer dificuldade no
esvaziamento gástrico.
800ml na noite da véspera e400ml + 50g de
maltodextrina 2h antes
< 50% da RI em cirurgias de grande porte
JEJUM PRÉ-OPSEGURANÇA NA ABREVIAÇÃO DO JEJUM
• Tempo ideal e jejum: avaliação do volume gástrico e do
pH e sua relação com aspiração/regurgitação;
• Recomendação geral: 6h para sólidos e 2h para líquidos
claros;
• Gerir protocolos locais apresentados de maneira fácil de
ser seguida e acessível a todos os membros da equipe.
JEJUM PRÉ-OPSEGURANÇA NA ABREVIAÇÃO DO JEJUM
ACERTO, 2011
JEJUM PRÉ-OPINTERNAÇÃO NO DIA DA CIRURGIA
ACERTO, 2011
ACERTO, 2011
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
NUTRIÇÃO ORAL ANTES E DEPOIS DA
CIRURGIA ELETIVA• Alimentação oral precoce pós-op – tem sido
permitida em intervenções sobre o IG. Inicialmente líq.
Não se aplica ainda a diabéticos, com gastroparesia,
história de mau esvaziamente gástrico ou que tenham
sofrido intervenção no trato digestivo alto.ACERTO,
2011
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS
NUTRIÇÃO HIPOCALÓRICA PERMISSIVA• Pacientes criticamente graves – alterações
metabólicas e hemodinâmicas impedem a oferta ideal
de energia e proteínas associadas;
• Permite-se oferta de energia < 25 Kcal/kg/dia e de
proteína 1,5g/kg/dia.ACERTO,
2011
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
Realimentação Precoce no Pós-Operatório
PRECOCE???
Insuficiência temporária da motilidade que ocorre após
operações abdominais ou extra-abdominais e que pode
durar até 03 dias.
Primário ou Secundário quando acontece associado a
uma condição ou complicação, como hipocalemia,
deiscência de anastomose, atelectasia, etc.
No ID dura 5-7h. Já a motilidade do IG demora mais
para recomeçar, em torno de 60h.
BIBLIOGRAFIAÍLEO PÓS - OP
ÍLEO PARALÍTICO/PROLONGADO Quando dura mais
do que 04 dias.
Há aumento do tônus simpático + inibição da liberação de
acetilcolina.
Disfunção temporária do sistema nervoso autônomo
do intestino relacionada com a duração da operação, com
o porte da cirurgia, manuseio de alças, exposição das
alças aos focos de luz, trauma operatório, etc.
BIBLIOGRAFIAÍLEO PÓS - OP
BIBLIOGRAFIA
ACERTO, 2011
ÍLEO PÓS - OP
Sonda nasogástrica não deve
ser usada como rotina em pós-
op de cirurgia abdominal.
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
Para diminuir o período de íleo adinâmico, deve-se
associar anestesia epidural à anestesia geral em grandes procedimentos
abdominais.
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
O bloqueio epidural em nível torácico, com anestésicos locais, diminui a resposta orgânica ao trauma, bloqueia os reflexos inibidores da peristalse e minimiza a inflamação.
Preferir medicações não
opiáceas na analgesia pós-op,
tais como: dipirona,
paracetamol.
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
Hidratação EV não deve ser prescrita em
herniorrafias e cirurgias ano-orificiais no pós-
op imediato.
A hidratação EV deve ser retirada em até
12h após colecistectomias.
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
Em cirurgias da via biliar, herniorrafias, cirurgias
ano-orificiais e afins, deve-se oferecer dieta
oral líquida no mesmo dia da operação, entre
6-12h pós-op.
Em cirurgias com anastomose esofágica, a
dieta deve começarem em até 24h por
jejunostomia ou por sonda nasoentérica.
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
RETORNO DA DIETA NO PÓS-OP Estudos atualmente demonstram que a realimentação precoce
após operações que envolvam ressecções e anastomoses
intestinais pode ser conduzida sem riscos e com potenciais
benéficos para os pacientes, tais como: alta precoce, menor
incidência de complicações infecciosas e diminuição de custos. As contrações na região antral do estômago já retornam ao normal
e até mesmo se exacerbam 2h após o ato operatório, sendo assim,
do ponto de vista da motilidade, é possível reintroduzir
precocemente a dieta no pós-op em cirurgias realizadas no tubo
digestivo. ACERTO,
2011
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
RETORNO DA DIETA NO PÓS-OP Efeitos do jejum prologando na luz intestinal: atrofia da mucosa
rompimento da barreia mucosa translocação bacteriana!!!
RIT exacerbada + Translocação bacteriana = SEPSE GRAVE!!!
Realimentação precoce em pacientes críticos ou em pós-op de
anastomoses intestinais = previne aumento da permeabilidade intestinal
+ alta precoce + baixa morbidade.
Estudos randomizados concluíram que a realimentação no mesmo dia da
operação ou no dia seguinte é segura e confere melhores resultados.
ACERTO, 2011
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
BIBLIOGRAFIARealimentação Precoce no Pós-Operatório
ACERTO, 2011
BIBLIOGRAFIA• AGUILAR-NASCIMENTO, J. E.; CAPOROSSI, C.;
SALOMÃO, A. B. ACERTO - Acelerando a Recuperação Total Pós-operatória. 2ªed. Rio de Janeiro: Editora Rubio, 2011.
• JUNIOR, R. S.; SALLES, R. A. R. V.; MAIA, A. M. Tratado de Cirurgia do CBC. ATHENEU EDITORA, 2009.
OBRIGADA!!!