O Bandeirante - n.212 - Julho de 2010

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Pizza e Pizza Literária 240 a Edição!!! Ano XVIII - n o 212 - JULHO de 2010 Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP O Bandeirante Jornal Helio Begliomini Médico urologista Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010). A origem da pizza perde- se em tempos imemoriais. Uns atribuem-na aos egípcios que há 6.000 mil anos foram os pri- meiros a misturar farinha com água, verificar sua fermentação e submetê-la ao forno. Outros afirmam que os gregos faziam massas à base de farinha de tri- go, arroz ou grão-de-bico e as assavam em tijolos quentes. Por sua vez, sabe-se também que os babilônios e hebreus há mais de 5.000 anos faziam u’a massa com a mistura do trigo e água que, após assada em fornos rústicos, denominavam-na de “pão de Abraão” – muito parecido com os pães árabes atuais – ou “piscea” quando continha o acréscimo de ervas e alho. Os fenícios, três séculos antes de Cristo, acrescentavam cober- turas de carne e cebola ao pão de Abraão. Sabe-se que os nobres da Roma pré-cristã já comiam a “piscea”. Aliás, o poeta romano Virgílio (70-19 a.C.) registrou a receita do “moretum”, uma mas- sa não fermentada, assada, reche- ada com vinagre e azeite, coberta com fatias de alho e cebola crua. Os turcos muçulmanos, na Idade Média, comiam a piscea e, em consequência das Cruzadas, essa receita acabou chegando na Itália pelo porto de Nápoles. Cristóvão Colombo trouxe o tomate à Euro- pa e, daí por diante, foi incorpo- rado à receita, juntamente com o já usual azeite de oliva.(...) Entretanto, outros referem que a primeira pizzaria foi “Pie- tro il Pizzaiolo”, também de Ná- poles, cujo proprietário era Don Rafaelle Espósito, considerado o primeiro pizzaiolo da história. Sua fama deu-se após o verão de 1889, quando foi cozinhar para o rei Humberto I e a rainha Mar- gherita de Sabóia, que estavam em visita à cidade e hospedados no palácio Capodimonte. Rafaelle Espósito homena- geou a rainha, cozendo vários tipos de pizza, mas a que mais a agradou foi uma que continha as cores da bandeira italiana: bran- co, vermelho e verde, ressaltadas pela muçarela, tomate e basilicão (manjericão). Ela apreciou tanto a combinação que Rafaelle a bati- zou com o seu nome. Embora a pizza seja conhecida como originária da Itália, os paí- ses que mais a consomem são Es- tados Unidos da América e Brasil e, dentro deles, particularmente as cidades de Nova Iorque e São Paulo.(...) Pizza Literária A história da Sociedade Bra- sileira de Médicos Escritores – Regional do Estado de São Paulo (Sobrames – SP) começou numa pizza. E por ironia do destino, a Pizzaria chamava-se Ilha de Cós, nome do local onde nasceu Hi- pócrates, considerado o Pai da Medicina (460-380 a.C.).(...) Embora a Sobrames – SP tenha sido fundada em 16 de setembro de 1988, numa pizzaria, a primei- ra Pizza Literária como ato delibe- rativo da diretoria vigente aconte- ceu somente 10 meses após, em 20 de junho de 1989, no “Gorducho – Pizzaria e Restaurante”, localiza- do na Rua dos Pinheiros, n o 833. Naquela ocasião compareceram oito pessoas. Na seguinte, um mês depois, havia 12 presentes e, em setembro, já se contava com mais de 20 participantes! (...) Assim, atingimos neste mês a marca da 240 a edição (!!!) de nossa aprazível Pizza Literária. Não temos dúvida alguma de que este feito deve ser muito bem co- memorado pelos seus membros. Afinal, poucas entidades culturais em nosso meio conseguem fazer tanto com tão poucos recursos fi- nanceiros como a Sobrames – SP!

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Pizza e Pizza Literária 240a Edição!!!

Ano XVIII - no 212 - juLHO de 2010Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP

O Bandeirantejornal

Helio Begliomini Médico urologista Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010).

A origem da pizza perde-se em tempos imemoriais. Uns atribuem-na aos egípcios que há 6.000 mil anos foram os pri-meiros a misturar farinha com água, verificar sua fermentação e submetê-la ao forno. Outros afirmam que os gregos faziam massas à base de farinha de tri-go, arroz ou grão-de-bico e as assavam em tijolos quentes. Por sua vez, sabe-se também que os babilônios e hebreus há mais de 5.000 anos faziam u’a massa com a mistura do trigo e água que, após assada em fornos rústicos, denominavam-na de “pão de Abraão” – muito parecido com os pães árabes atuais – ou “piscea” quando continha o acréscimo de ervas e alho.

Os fenícios, três séculos antes de Cristo, acrescentavam cober-turas de carne e cebola ao pão de Abraão. Sabe-se que os nobres da Roma pré-cristã já comiam a “piscea”. Aliás, o poeta romano Virgílio (70-19 a.C.) registrou a receita do “moretum”, uma mas-sa não fermentada, assada, reche-ada com vinagre e azeite, coberta com fatias de alho e cebola crua. Os turcos muçulmanos, na Idade Média, comiam a piscea e, em consequência das Cruzadas, essa

receita acabou chegando na Itália pelo porto de Nápoles. Cristóvão Colombo trouxe o tomate à Euro-pa e, daí por diante, foi incorpo-rado à receita, juntamente com o já usual azeite de oliva.(...)

Entretanto, outros referem que a primeira pizzaria foi “Pie-tro il Pizzaiolo”, também de Ná-poles, cujo proprietário era Don Rafaelle Espósito, considerado o primeiro pizzaiolo da história. Sua fama deu-se após o verão de 1889, quando foi cozinhar para o rei Humberto I e a rainha Mar-gherita de Sabóia, que estavam em visita à cidade e hospedados no palácio Capodimonte.

Rafaelle Espósito homena-geou a rainha, cozendo vários tipos de pizza, mas a que mais a agradou foi uma que continha as cores da bandeira italiana: bran-co, vermelho e verde, ressaltadas pela muçarela, tomate e basilicão (manjericão). Ela apreciou tanto a combinação que Rafaelle a bati-zou com o seu nome.

Embora a pizza seja conhecida como originária da Itália, os paí-ses que mais a consomem são Es-tados Unidos da América e Brasil e, dentro deles, particularmente as cidades de Nova Iorque e São Paulo.(...)

Pizza Literária

A história da Sociedade Bra-sileira de Médicos Escritores – Regional do Estado de São Paulo (Sobrames – SP) começou numa pizza. E por ironia do destino, a Pizzaria chamava-se Ilha de Cós, nome do local onde nasceu Hi-pócrates, considerado o Pai da Medicina (460-380 a.C.).(...)

Embora a Sobrames – SP tenha sido fundada em 16 de setembro de 1988, numa pizzaria, a primei-ra Pizza Literária como ato delibe-rativo da diretoria vigente aconte-ceu somente 10 meses após, em 20 de junho de 1989, no “Gorducho – Pizzaria e Restaurante”, localiza-do na Rua dos Pinheiros, no 833. Naquela ocasião compareceram oito pessoas. Na seguinte, um mês depois, havia 12 presentes e, em setembro, já se contava com mais de 20 participantes! (...)

Assim, atingimos neste mês a marca da 240a edição (!!!) de nossa aprazível Pizza Literária. Não temos dúvida alguma de que este feito deve ser muito bem co-memorado pelos seus membros. Afinal, poucas entidades culturais em nosso meio conseguem fazer tanto com tão poucos recursos fi-nanceiros como a Sobrames – SP!

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2 O BANDEIRANTE - Julho de 2010

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Iniciamos este O Bandeirante para trazermos de volta aqueles bons momentos do XXIII Congresso Nacional da Sobrames, com destaque para os trabalhos de nossa regional de São Paulo que foram premiados. É uma honra e uma grande responsabilidade para nós, responsáveis por este informativo, publicarmos a boa produção literária de nossos confrades. Nossos sobramistas de São Paulo tiveram muitas premiações e publicaremos durante os próximos meses uma página dedicada a eles. Aos colegas premiados de São Paulo que não nos mandaram seus trabalhos por e-mail, que o façam o mais rapidamente possível, assim todos teremos o prazer de degustar mais esta especiaria da casa: seus textos e poesias maravilhosos!

Anúncios menores, trabalhos com a qualidade característica dos sobra-mistas, porém curtos salvo algumas exceções, tornando agradável ouvi-los. Com a pizza deliciosa, correu tudo muito bem. Só notei o Galvão muito “agoniado”; ele aproveita os textos grandes para fumar lá fora e desta vez não teve muita chance.

Novidades... parece que cresceu a “Confraria do Vinho”, mas atenção aos neófitos: não se deve beber vinho como se bebe cerveja; é porre na certa.

Jornal O Bandeirante ANO XVIII - no 212 - Julho 2010

Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP. Sede: Rua Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo - SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Carlos A. F. Galvão, Roberto A. Aniche. Jornalista Responsável e revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671 - SP). Colaboradores desta edição: Alcione Alcântara Gonçalves, Carlos Augusto F. Galvão, Helio Begliomini, Hélio José Déstro, José Jucovsky, Josyanne Rita de Arruda Franco, Márcia Etelli Coelho e Roberto Antonio Aniche.Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.

Diretoria - Gestão 2009/2010 - Presidente: Helio Begliomini. Vice-Presidente: Josyanne Rita de Arruda Franco. Primeiro-Secretário: Ligia Terezinha Pezzuto. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: Marcos Gimenes Salun. Segundo-Tesoureiro: Roberto Antonio Aniche. Conselho Fiscal Efetivos: Flerts Nebó, Carlos Augusto Ferreira Galvão, Luiz Jorge Ferreira. Conselho Fiscal Suplentes: Geovah Paulo da Cruz; Rodolpho Civile; Helmut Adolf Mataré.

Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a

opinião da Sobrames-SP

Editores de O Bandeirante

Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009 Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - janeiro 2010 -

Presidentes da Sobrames – SP

1o Flerts Nebó (1988-1990;1990-1992 e out/2005 a dez/2006)2o Helio Begliomini (1992-1994; 2007-2008 e 2009-2010) 3o Carlos Luiz Campana (1994-1996)4o Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)5o Walter Whitton Harris (1999-2000)6o Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)7o Luiz Giovani (2003-2004)8o Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)

Editores: Carlos A. F. Galvão, Roberto A. Aniche

Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto

Diagramação: Mateus Marins Cardoso

Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica

Carlos Augusto F. Galvão Roberto Antonio Aniche

O Malho

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O BANDEIRANTE - Julho de 2010 3 SuPLEMENTO LITERÁRIO

Notícias

Edital de Convocação

IV Sabatina Literária

Assembleia Geral Ordinária

Eleição de nova diretoria em setembro de 2010

O confrade Carlos Augusto Galvão teve matéria editada no Jornal da Tarde na página dos editoriais, com excelente texto sobre drogadição: “Como erradicar o vício”, que pode ser lido na Internet, na página:

http://www.clinicadavila.com.br/RevistaClinica/MATCAP.ASP?id=12

Aconteceu no dia 3 de julho, sábado, na sede do Movimento Poético Nacional, em Mirandópolis, próximo à Vila Mariana, na capital paulista, a IV Sabatina Literária da Sobrames-SP, juntamente com membros desse tradicional sodalício.

Havia de 35 a 40 pessoas, sendo que 6 eram da Sobrames-SP.Fomos muito bem recebidos tanto pelo presidente Walter Argento, como por demais membros da diretoria. Todos

tiveram oportunidade de declamar seus poemas.Foi uma tarde inesquecível de muito enlevo lítero-musical, uma vez que as poesias eram intercaladas com apresen-

tações musicais, cantadas ou tocadas ao som de um piano. O Movimento Poético Nacional tem uma sede própria que deu uma “santa inveja” a nós.Participaram, da Sobrames-SP: Josyanne Rita de Arruda Franco (Jundiaí), Márcia Etelli Coelho, Hélio José Déstro,

Geovah Paulo da Cruz, Jacyra da Costa Funfas e Helio Begliomini.

No próximo dia 16 de setembro, serão realizadas as eleições para escolher a nova diretoria da regional paulista da Sobrames, para o biênio 2011-2012. De acordo com o Estatuto, podem candidatar-se os membros titulares, aca-dêmicos e colaboradores com mais de um ano de filiação e quites com a tesouraria. As chapas deverão ser inscritas com antecedência de 45 dias (até o próximo dia 7 de agosto) e deverão ser completas, contendo presidente e vice-presidente, primeiro e segundo tesoureiros, primeiro e segundo secretários. Além desses cargos, deverão ser indicados três membros para compor o Conselho Fiscal, com igual número de suplentes.

Nota: Os cargos de presidente e vice-presidente deverão, estatuariamente, ser preenchidos por médicos.

Ficam todos os membros da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, Regional do Estado de São Paulo – Sobra-mes-SP, convocados para a Assembleia Geral Ordinária que se realizará no dia 16 de setembro de 2010, na pizzaria “Bonde Paulista”, situada na Rua Oscar Freire, 1.597 em São Paulo, às 20h00, em primeira convocação, com presença de cinquenta por cento dos Membros Titulares, Acadêmicos e Colaboradores quites com a tesouraria da sociedade e dos Membros Eméritos, Honorários e Beneméritos e, em segunda convocação às 20h30, com qualquer número de membros da Sobrames-SP, para deliberação sobre a seguinte pauta do dia:

1) Eleição da nova diretoria para o Biênio 2011-2012 e 2) Assuntos Gerais: inscritos com antecedência de 5 (cinco) dias.

Helio Begliomini Presidente da SOBRAMES-SP (2009-2010).

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4 O BANDEIRANTE - Julho de 2010 SuPLEMENTO LITERÁRIO

A trajetória dos milhões do H. Sapiens nascidosSob o mesmo Sol festivo no vendaval da sorteOu do baço olhar do escravo labor sofridoAlinham os genes do seu “eu” com os DNA consorte.

A linhagem direta de nossos antepassados trazEm cada um de nós crucial adormecido legadoEstrutura helicoidal de gene a repetir fecundo loquazO último gradual degrau final do longínquo passado?

Compostos químicos de base e de ácidos a se catalisarMoldam unidades essenciais no horizonte vitalFileiras externas envolvendo o complexo molecularOrganização coreográfica da vida humana em espiral. Filhos nos idos tempos vagando neste vasto oceanoAvançam séculos a perpetuar genético itinerárioDecisivo alvorecer a repetir em cada parto humanoO espaço tempo cerebral evolutivamente visionário.

Um homem se torna outro homem redesenhadoNo ventre materno em sua descendente primaziaE mesmo antes de nascer recita ditoso recapitulandoUma vez eu fui peixe, agora sou a máxima hierarquia.

Um bebê nasce sem saber um só fonema articuladoNem sequer balbuciar mamãe se não for ensinadoSeu cérebro é como se fosse um CD intocadoAlma apagada se ficasse do grupo social isolado.

Hábeis mãos e cérebro moldam luzes na escuridãoMomento crítico de talentos capaz de controlarO fogo e fazer a pedra lascada entrar em açãoE na Zona de Broca o milagre da fala se fazer anunciar.

Por acaso, estamos aqui segundo o universo darwiniano? E só nós podemos refletir sobre tal relativa singularidade...Já na futurista fábula profética criada no mundo huxleyanoOs bebês de proveta nascem sob rigorosa seletividade.

A bioengenharia em fascinantes clonagens enaltecerSignifica tentar criar o Super-homem em evolução?Contudo oscilações da alma do “eu” em cognitivo conviverMantêm imensurável enredo cérebro-mente em íntima criação!

Quem Sou Eu? – Quem Somos Nós?

José Jucovsky

O amor que eu queria,Dissipou-se num só dia!Não era amor, que ironia!Inebriou-me e me iludiu,Deixando apenas a nostalgia.

Mas o que eu pensei ser amor,Era, apenas, um grande desejo,Uma atração carnal e fatal!Que inebria e ofusca mente,Sensibilizando e anestesiando o sentimento.

A emoção em tocar seu corpo,A luxúria de um beijo ardente,Naqueles lábios úmidos e quentes,Transportou-me para além do pensamento,Na excelsa ALCOVA do FIRMAMENTO.

Diante daquele corpo belo e escultural,Das duas silhuetas cônicas frontais,Terminadas e adornadas por dois mamilos sensuais;Vislumbro ainda, as curvas da delgada cintura,Seguida da belíssima curvatura da massa glútea.

Era a deusa que eu queria!A VÊNUS encarnada, para minhas orgias!Entre as deusas do OLIMPO, fui buscá-la,Na constelação de ANDRÔMEDA a encontrei, Mas, já estava protegida por PERSEU;E, assim, o meu grande amor pereceu.

Amor Estelar

Alcione Alcântara Gonçalves

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O BANDEIRANTE - Julho de 2010 5 SuPLEMENTO LITERÁRIO

Conspiração do Desejo

Não, não é verdade que quero um amor perfeito, eterno, inesgotável!

Quero o apaixonamento que me faz compor como oração,

sem infinitude nem arroubos de eternidade!

Sou covarde para o amor. Prefiro o desejo que aquece minha alma fria e triste

de pássaro sem voos, de leão velho... Um lobo solitário.

Tenho o céu, a selva, a caça e desgraçadamente nada me basta, nada detém

minha vontade de viver o impossível, de desgastar-me nas leviandades

de efêmeros encontros que resultam em partidas sôfregas e eternas.

Admiro o belo nas belas composições que nunca farei e, portanto,

jamais esgotarão meu desejo de criar! O belo que emana

do sentir, do querer, do extasiar. Não o belo da paisagem,

cenário de momentos felizes ou lamentáveis, adorno natural

oferecido graciosamente a quem é bom ou mau.

Busco incansavelmente a ti, imperioso desejo de vida!

Manancial que não precisa ter motivos nem pequenas ambições.

Contemplo o erro que me ensina que o equívoco é fácil e possível,

arrisco-me para sorrir, para encontrar-me absorta na estupefação

do ocorrido sem razão ou utilidade, apenas pela beleza do instante.

Para quê motivo? Para quê desculpa? Para quê tristeza?

Ah, meu desejo, que pulsa e impulsiona todo descobrimento!

Alma e coração despidos de sobressaltos mesquinhos e constantes.

Estou no amor, na ilusão do pertencimento, ainda que só ilusão.

E quando sonho, quando estou imersa em ti, meu desejo,

nada é enfadonho, tudo é radiante, sem os falsos escrúpulos

da maturidade ressentida de tempos idos em amores naufragados.

Abro minha voz, solto meu verbo e acato teu domínio.

Desejo soberano, impraticável para uma só vida... Preciso de muitas.

Eu canto para ti - meu desejo renovado e eternamente jovem!-

com as vozes que invento e deságuam poesia,

com as toscas ilusões que me agasalham à noite,

com todos os segredos descortinados com o dia,

com a força da paixão que dentro de mim não escolhe

ser acaso ou compromisso...Mas castiga, feito açoite!

Josyanne Rita de Arruda Franco

Page 6: O Bandeirante - n.212 - Julho de 2010

6 O BANDEIRANTE - Julho de 2010 SuPLEMENTO LITERÁRIO

- Eu recrio.

Eu, comigo mesmo Vestido de mim.Nós, o comigo e eu.

Gritamos juntos:

- Não se perca de mim, não se perca.

A nossa intimidade, o nosso silêncio.

Eu, e o comigo.

No espelho de mim mesmo

Nosso tempo, nosso viver.

O talvez, o certo.

“No Mundo Nada se Cria”

Hélio José Déstro

Em tempo de mimO talvez tenha que me amar.

O certo se perdeu na multidão.

Sem o eu, o comigo seria só silêncio.

Viver sem alma, sem coração.

Preciso de mim para milhões de coisas.

Quero azul. Quero cor de rosa. Quero branco.

No pacto com o meu eu.

Eu recrio porque tenho que recriar.

Não há efeito sem causaDiz o axioma utilizado pela ciência.Dogmas aprisionam o ser pensante,Objetivando manter o poder Sacerdotal.

Os gentios, homens assim chamados,Por não comungarem com as pregaçõesDos Judeus, Sacerdotes, Escribas e Fariseus,Eram discriminados e chamados: homens sem Deus.

Moisés nos revelou os dez mandamentos,Código divino para a coexistência dos homens.Jesus explicou que aquele Deus vingativoDe Moisés, era, na verdade, o Deus-Amor.

Que é Deus?Alcione Alcântara Gonçalves

O Cristianismo nascente revela o Deus-Pai,Ensinado e pregado por Paulo de Tarso,O Convertido de Damasco, o Apóstolo dos Gentios,O maior divulgador da Doutrina Cristã.

Einstein declarou: “A Ciência sem ReligiãoÉ manca, a Religião sem Ciência é cega.”Allan Kardec indagou: “Que é Deus?”O Espírito de Verdade respondeu:“É a inteligência suprema, causa primária.De todas as coisas.”

Page 7: O Bandeirante - n.212 - Julho de 2010

O BANDEIRANTE - Julho de 2010 7 SuPLEMENTO LITERÁRIO

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Francisco é o nome do santo padroeiroda natureza itálica e dos animais.

Irmão do Sol, vida e luz para o mundo inteiro.Servo de Cristo, instrumento de vossa paz.

Uberaba contempla um grande missionário,cândido no espírito, um exemplo de fé.

As letras de Buarque encantam o cenário.Em Navarra, outro santo, também Xavier.

Francisco é o rio que se apresenta mineiro,embala as carrancas que afugentam o mal.

Com a graça de ser o Nilo brasileiro,berço de lendas, integração nacional.

Muitos são os Franciscos e, entre os que eu conheço,meu coração se abre para aquele Odará.

Suas águas doces me serviram de espelho.Em seu leito manso descobri o meu lar.

Assim como ele, eu não sei ser pequeno.Avô carinhoso, deixo-me navegar.

As gaiolas flutuam no fluxo ameno,e eu sigo o meu curso, sonhando com o mar.

Se, na prova maior, a bondade se cansa,nossa força servil se desfaz, traiçoeira.

O rio afoga, sem dó, a quem nele se lança.Mágoas eu dissipo na sutil cachoeira.

No apogeu do silêncio, nós dois temos medo.Ventos distantes nos convidam a sair.

Canastra trancada... Quem detém o segredo?Raízes fincadas... Tão difícil partir!

Na calada da noite, o progresso é urbano,antecipo a saudade, embargo minha voz.Como águas singelas compõem o oceano,

há um rio São Francisco em cada um de nós.

São Tantos Franciscos...

Márcia Etelli Coelho

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8 O BANDEIRANTE - Julho de 2010 SuPLEMENTO LITERÁRIO

Sou paulistano, daqueles que pouco viajam. Não conheço o São Francisco, aliás, acho que muita gente de lá também não conhece, apesar da grande intimidade com o Velho Chico, mas não lhe sabem o nome. Américo Vespúcio, em 1501 navegou em sua foz, não sei se algum indígena avisou que ele estava nas águas do Opará.

Eu só conheço o velho Rio Tietê, aquele que nasce em Salesópolis, com água saindo debaixo de pedras, atravessando nossa metrópole e desaguando no Rio Paraná, depois de navegar quase um mil e duzentos quilômetros.

Eu não conheço o Velho Chico, apesar de saber que ele nasce na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, atravessa cerca de dois mil e oitocentos quilômetros até chegar ao Oceano Atlântico, lá mesmo aonde Américo Vespúcio deve ter se assustado com a cor do mar.

Eu não conheço a Serra da Canastra, mas conheço Salesópolis, quando fiz a minha primeira e única pescaria. Até hoje sinto remorsos de haver pescado um único peixe que ainda habita meus pesadelos por ter sido eu quem lhe tirou o direito à vida e a uma velhice calma e tranquila no Tietê.

Sei que o Velho Chico passa por cidades históricas e importantes: Pirapora, Juazeiro, Petrolina, Piranhas. Não conheço nenhuma delas nem por fotografia. Nunca vi cartão postal nem conheço ninguém que tenha vindo de lá para me dar um dedo de prosa.

O Tietê passa por São Paulo, a cidade mais importante da América Latina. Ganhou e ganha como prêmio pela sua ousadia, desde 1960, o esgoto mais rico do mundo, o odor mais fétido, o plástico mais contaminante. Meu pai aprendeu a nadar no Rio Tietê. Acredito, por lógica pura, que o pai de muita gente aprendeu a nadar no São Francisco. Não sei se ele é poluído como o Tietê, se for, é bom não se arriscar. No Tietê, só político em campanha em frente à televisão é capaz de entrar na água para se dizer hipocri-tamente patriota.

O São Francisco tem a mesma história religiosa. Em 1706 chegava a Juazeiro uma missão de São Fran-ciscanos para catequizar os índios. Em 1525 chegaram a São Paulo os jesuítas Padre José de Anchieta e Padre Manoel da Nóbrega para catequizar os índios daqui. No São Francisco, quase duzentos anos depois, a história se repetia.

Há muito em comum: as missões construíram cidades importantes, catequizaram os índios oferecendo a eles a única verdade aceita, vinda de um catolicismo medieval, em troca da destruição de sua cultura, de suas religiões, deuses e crenças, da implantação da vergonha em seus corpos nus. Os dois rios continuaram, impávidos, procurando seus caminhos através dos vales para se encontrar com o mar salgado, obedecendo às suas únicas verdades. As águas do rio sempre encontram os seus caminhos.

Não conheço Juazeiro, não conheço Pirapora, nem Petrolina, nem Piranhas. Conheço Salesópolis, São Paulo, Tietê, Botucatu. No interior, as cidades são mansas como as águas do rio. Acho que com o Velho Chico deve ser o mesmo: suas águas devem correr, imagino porque não conheço, cristalinas e mansas pelas cidades interioranas e quentes de Minas, da Bahia, de Pernambuco e de Alagoas. Deve colecionar histórias de crianças brincando, casais apaixonados, pescadores. Deve ter histórias de secas, de enchentes, de vida e de morte. O Tietê também deve ter, embora ninguém fale.

O São Francisco tem várias ilhas, com areia branca, tem vapores cruzando suas águas. Não sei se o Tietê tem ilhas, mas tem inúmeras barragens. Já andei de barco em Barra Bonita, num Tietê limpo de um qui-lômetro de largura, atravessando a eclusa e indo a outro mundo dentro do rio. Mas não vi nenhuma ilha de praias brancas. Nas margens os canaviais se perdem de vista no horizonte.

Quero conhecer o Velho Chico, um dia vou me aposentar, abandonar a medicina, se é que é possível e o São Francisco está na minha agenda. Conhecer o rio, suas praias, suas gentes, ver se é poluído ou não, conhecer quem aprendeu a nadar nas suas águas. Prometo não pescar, não tenho esse direito sobre a vida e a morte.

Guimarães Rosa disse que a história do rio é a história do seu sofrimento. Certamente Guimarães Rosa não conhecida o Tietê, se conhecesse, o que diria...

Roberto Antonio Aniche

Eu não Conheço o São Francisco