O Bom Perfume De Cristo

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O BOM PERFUME DE CRISTO UMA EXEGESE DE 2 CORÍNTIOS 2: 14-17 Comunicação Evaldo Beranger II Simpósio Internacional de Teologia PUC-Rio 31/03 – 02/04/2009

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Exegese de 2º Coríntios 2:14-17

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O BOM PERFUME DE CRISTOUMA EXEGESE DE 2 CORÍNTIOS 2: 14-17

Comunicação

Evaldo Beranger

II Simpósio Internacional de Teologia

PUC-Rio

31/03 – 02/04/2009

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A SUFICIÊNCIA PARA O MINISTÉRIO

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TEXTO DE TRABALHO2 CORÍNTIOS 2:14-17 – BJ

14 Graças sejam dadas a Deus, que por Cristo nos carrega sempre em seu triunfo e, por nós, expande em toda a parte o perfume do seu conhecimento.

15 Em verdade, somos para com Deus o bom odor de Cristo, entre aqueles que se salvam e aqueles que se perdem;

16 Para uns, odor que da morte leva à morte; para outros, odor que da vida leva à vida. E quem estaria à altura de tal missão?

17 Não somos como aqueles muitos que falsificam a palavra de Deus; é antes, com sinceridade, como enviados de Deus, que falamos, na presença de Deus, em Cristo.

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TEXTO GREGO: NESTLE 27ª. EDIÇÃO 14 Tw/| de. qew/| ca,rij tw/| pa,ntote

qriambeu,onti h`ma/j evn tw/| Cristw/| kai. th.n ovsmh.n th/j gnw,sewj auvtou/ fanerou/nti diV h`mw/n evn panti. to,pw|\

15 o[ti Cristou/ euvwdi,a evsme.n tw/| qew/| evn toi/j sw|zome,noij kai. evn toi/j avpollume,noij(

16 oi-j me.n ovsmh. evk qana,tou eivj qa,naton( oi-j de. ovsmh. evk zwh/j eivj zwh,nÅ kai. pro.j tau/ta ti,j i`kano,jÈ

17 ouv ga,r evsmen w`j oi` polloi. kaphleu,ontej to.n lo,gon tou/ qeou/( avllV w`j evx eivlikrinei,aj( avllV w`j evk qeou/ kate,nanti qeou/ evn Cristw/| lalou/menÅ

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ESTRUTURA DO TEXTO – 1ª PESSOA SINGULAR 1:1-2:13 1:1-2 pré-escrito 1:3-11 a eulogia 1:12-14 explanação pessoal - boa

consciência 1:15-2:4 seus planos de viagem,

impedimentos e tristeza 2:5-11 sua atitude em relação aos opositores

e ofensores coríntios 2:12-13 -saída de Trôade Digressão ? 7:5 Retoma a narrativa sobre a saída

deTrôade

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RUPTURA – 1ª PESSOA PLURAL

12 Ora, quando cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e uma porta se me abriu no Senhor,

13     não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito, porque não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles, parti para a Macedônia.

14     Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.

Sociedade Bíblica do Brasil. (2003; 2005). Almeida Revista e Atualizada - Com Números de Strong (2Co 2:14). Sociedade Bíblica do Brasil.

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RETOMA O ASSUNTO EM 7:5 4     Mui grande é a minha franqueza para

convosco, e muito me glorio por vossa causa; sinto-me grandemente confortado e transbordante de júbilo em toda a nossa tribulação.

5     Porque, chegando nós à Macedônia, nenhum alívio tivemos; pelo contrário, em tudo fomos atribulados: lutas por fora, temores por...

Sociedade Bíblica do Brasil. (2003; 2005). Almeida Revista e Atualizada - Com Números de Strong (2Co 7). Sociedade Bíblica do Brasil.

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PROPOSTA DE QUESNEL, MICHEL. AS EPÍSTOLAS AOS CORÍNTIOS, ED. PAULINAS

a. 1:8-2:13 Invólucro superficial – uso 1.p singular

b. 2:14-6:13 Primeiro invólucro 1.p plural predomina

c. 6:14-7:1 Núcleo central – Advertência/incrédulos

b`.7:2-4 Primeiro invólucro 1.p plural predomina

a`.7:5-16 Invólucro superficial – uso 1.p singular

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MOTIVAÇÃO DA CARTA E DA PERÍCOPE.

A tentativa de Paulo de restabelecer a ordem em Corinto, pelas cartas anteriores e o envio de delegados apostólicos parece não ter surtido efeito, pela leitura de 2ª Coríntios.

A carta fala de questionamentos a Paulo, surgidos na comunidade, tanto à sua ausência, como a sua autoridade apostólica.

Há até a sugestão de que eles estavam exigindo cartas de recomendação, colocando o ministério de Paulo sob suspeita.

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KRUSE SUGERE QUE A OPOSIÇÃO A PAULO EM CORINTO TEVE DUAS FASES.

A primeira, protagonizada por um indivíduo. A Igreja toma providências para a punição (2:6) e Paulo parece estar satisfeito com o resultado.

A segunda, refletida nos cap. 10-13, fala de uma oposição mais consistente e abrangente, pois se refere a falsos apóstolos.

Kruse, Colin, II Coríntios – Introd. e Com., Vida Nova

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ESTRUTURA DE 2:14 -4:6SEGUNDO VIELHAUERA Liberdade de expressão

(parrhsi,a)O tema: A pergunta pela suficiência

apostólica (a i`kano,j). 2:14-17O critério da i`kano,j. : 3:1-6A Característica do ministério apostólico

(diakoni,a) 3:7-18A Prática da (parrhsi,a) na atividade

apostólica. 4:1-6.

Vielhauer Philipp, História da Literatura Cristã Primitiva, Academia Cristã

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TEMAS DOS SEGMENTOS DA PERÍCOPE

14 a – Gratidão pela condução de Deus em Triunfo no ministério apostólico –

14 b – O perfume do conhecimento é manifestado em todo lugar – efeito positivo do ministério

15 a – O efeito positivo do ministério. A Fragrância agradável de Cristo está no Ministro aprovado

15 b – Nos salvos 15 c – Nos perdidos

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TEMAS DOS SEGMENTOS DA PERÍCOPE

16 a – Nos Perdidos – odor de morte 16 b – Nos salvos - odor de vida16 c – A pergunta pela aprovação do

Ministério – Quem é suficiente? 17 a O efeito negativo do falso

ministério – mercadores não são suficientes.

17 b Porém os que são manifestos à luz do sol – sinceros. Estes comparecem diante de Deus e falam (conduzidos?) por ( perante a face) ele.

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14 a – Gratidão – O Triunfo

14 b – O perfume

15 a –A Fragrância agradável de Cristo

15 b – Nos salvos

15 c – Nos perdidos

16 a – Nos Perdidos – odor de morte

16 b – Nos salvos - odor de vida

16 c –Quem é suficiente?

17 a falso ministério

17 b O ministério aprovado

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ANÁLISE SEMÂNTICA PRINCIPAIS TERMOS

qriambeu,w - 2:14Conduzir em uma procissão Triunfal,

conduzir em triunfo (sendo uma referência direta ao Triunfo Romano); fazer triunfar, triunfar sobre

ovsmh,,. 2:14Qualidade de alguma coisa que estimula o

sentido do olfato, odor, cheiro.

fanero,w – 2:14tornar manifesto ou visível ou conhecido o

que estava escondido ou era desconhecido, manifestar, seja por palavras, ou ações, ou de qualquer outro modo.

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euvwdi,a – 2:15 1) aroma doce, fragância; 2) algum cheiro doce ou

fragância, incenso, sobre odor ou algo que cheira doce. 2a) odor de aquiescência, satisfação. 2b) odor doce.

sw,|zw – 2:15 1) salvar, manter são e salvo, resgatar do perigo ou

destruição. 1a) alguém (de dano ou perigo). 1a1) poupar alguém de sofrer (de perecer)

avpo,llumi – 2:15 1) destruir..1a) sair inteiramente do caminho, abolir,

colocar um fim \a ruína.1b) tornar inútil.1c) matar.

i`kano,j – 2:16 1.suficiente em grau, suficiente, adequado, grande o

bastante 2. De acordo com o padrão, encaixado, apropriado, competente, qualificado, capaz.

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kaphleu,w – 2:17kapeloj (vendedor ambulante);

1) ser um varejista, mascatear. 2) ganhar dinheiro pela venda de algo. 2a) conseguir ganho sórdido por meio de qualquer tipo de negócio, fazer algo para ganhos ilícitos. 2b) negociar com palavra de Deus. 2b1) tentar conseguir ganho ilícito pelo ensino da verdade divina

2c) corromper, adulterar. 2c1) mascates tinham o hábito de adulterar suas mercadorias para aumentar os seus lucros.

Sinônimo de dolow - Ambas palavras significam adulterar, e alguns mantêm que elas são praticamente

idênticas. Mas é mais provável que dolow signifique simplesmente adulterar, enquanto kaphleuw

transmite a idéia de obter lucro injusto por meio do processo.

 

eilikrineia 2:17 1) pureza, sinceridade, ingenuidade, simplicidade. Resiste

ao exame da luz.

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METÁFORAS PARA ENTENDER A SUFICIÊNCIA DO MINISTÉRIO

•O Triunfo Romano•O Bom perfume de Cristo•O Mascate da Fé

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O TRIUNFO ROMANO.

Quando um General voltava de uma batalha vitoriosa e preenchia certos requisitos ele era recebido em triunfo na cidade de Roma.

O verbo qriambeu,w era usado para descrever este momento e se tornou característico. Muito incenso era queimado aos deuses e a fragrância se espalha por toda região, impressionando o sentido olfativo das pessoas, de tal forma que era associado a honra que era prestada aos vencedores.

Tal odor era agradável aos que estavam sendo honrados e aos que iriam usufruir vantagens decorrentes de uma campanha vitoriosa. O General, seus comandantes, os soldados.

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Alguns prisioneiros iriam ser libertados e seriam salvos (sw|zome,noij). Para eles era “cheiro de vida para a vida”(oi-j de. ovsmh. evk zwh/j eivj zwh,n).

Havia, no entanto, alguns, para os quais a fragrância não era agradável. Os prisioneiros condenados à morte que seriam “destruídos” (avpo,llumi) após o triunfo. Para estes, o odor “era de morte para a morte” (oi-j me.n ovsmh. evk qana,tou eivj qa,naton).

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O BOM PERFUME DE CRISTO( O[TI CRISTOU/ EUVWDI,A EVSME.N ).

A expressão (euvwdi,a) é usada na literatura paulina em duas outras ocasiões Efésios 5:2 e Filipenses 4:18.

Em ambas está associada ao ritual de sacrifícios do Antigo Testamento. De fato, a LXX usa em 54 ocasiões, na sua maioria, ligado ao sacrifício, onde o cheiro da oferta queimada ou do incenso a ela misturado subia até Deus e Deus aspirava o cheiro

suave (euvwdi,a). Era a condição de ser aceito por Deus.

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Paulo parece estar associando aqui, o seu ministério, com a presença e a aprovação do cordeiro de Deus que foi oferecido em sacrifício a Deus. Sua presença torna o ministério aceitável a Deus e aprovado por Deus.

O bom perfume de Cristo nos torna aceitáveis diante de Deus, e se alguém está colocando em cheque o seu ministério, ele tem a marca e o perfume de Cristo.

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MASCATE DA FÉ

A terceira metáfora presente na perícope

está ligada a palavra (kaphleu,w). É um Hapax Legomena e só aparece neste texto em toda a Bíblia. É colocada em

oposição ao termo (eivlikri,neia). O temo mercadejar já tinha uma forte

conotação negativa, como o ato de adulterar o que se vendia para obter lucro de origem duvidosa. Muito ao contrário do termo sinceridade que denotava o examinar algo à luz do sol, para verificar a sua autenticidade.

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Paulo está respondendo de modo claro à questão formulada no verso anterior. Quem tem a fragrância de Cristo e é conduzido em Triunfo como general vitorioso pelo próprio Deus tem a marca da suficiência. Pode ser examinado à luz do sol pelo próprio Deus, pois não está adulterando a Palavra de Deus nem querendo levar vantagem com a pregação do Evangelho.

Os que se lhe opunham assemelhavam-se ao mascate que mercadeja a Palavra de Deus e não se furta a adulterá-la para levar vantagem.

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CONCLUSÃO

A perícope é de uma beleza extraordinária e se constitui em uma introdução adequada e grandiosa ao tratado sobre o ministério apostólico que serve de base ao argumento principal da epístola.Pode ser aplicado na vida de todo aquele que deseja viver na presença de Deus, ao serviço do Senhor.

A presença de Cristo é o que dá autenticidade ao ministério. Seu perfume é a marca do verdadeiro apostolado e da verdadeira diaconia. Ele conduz, ele testa e aprova, à luz do sol e é perante ele que falamos.

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Tanto Deus Pai percebe a presença de Cristo no verdadeiro ministério como cheiro e sacrifício suave, como as pessoas de todas as classes.

Para aqueles que estão afinados com a ação de Deus, o ministério com a marca do perfume de Cristo, produz alegria e bem estar. Era assim que se comportavam os de Corinto que reconheciam no ministério de Paulo a marca do apostolado.

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Já para aqueles que não estão afinados com a ação de Deus, o verdadeiro ministério cheira mal. É cheiro de morte para a morte. Por isso a oposição.

Paulo, então vai desenvolver a partir desta introdução magnífica as bases para um ministério que tem a fragrância de Cristo como marca do apostolado.

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BIBLIOGRAFIA

TDNT – Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento

Buttrick, George Arthur (editor) et alli, The Interpreter’s Bible, volume X, Arlington Press, New York.

Vielhauer, Philipp, História da Literatura Cristã Primitiva, Santo André, SP, Academia Cristã, 2005.

Kistemaker, Simon, 2 Coríntios – Comentário do Novo Testamento, São Paulo, SP, Casa Editora Presbiteriana, 2004.

Braclay, William, El Nuevo Testamento Comentado por, I y II Coríntios, Buenos Aires, ARGENTINA, Editorial Aurora, 1954.

Kruse, Colin, II Coríntios – Introdução e Comentário, São Paulo SP, Vida Nova, 1987.

Quesnel, Michel, As Epistolas aos Coríntios, São Paulo, SP Ed. Paulinas, 1983.

Barbaglio, Giuseppe, 1-2 Corintios, São Paulo SP, Ed. Paulinas, 1993.

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OBRAS ELETRÔNICAS

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Bauer, Danker, Arndt & Gingrich Greek – Lexicon of Greek