O Caminho do Bem - Jornal da SaudeO Caminho do Bem EuropeanSocietyfor QualityResearch Lausanne EUROP...

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Cerca de 40% desconhecem que estão infectados O essencial actualizado sobre o VIH/sida. Epidemia poderá ser controlada até 2030. África do Sul testa nova vacina. En- trevista à directora do INLS, Lúcia Furtado. Inquérito de rua revela que os angolanos estão mais tolerantes e discri- minam menos. |Pags.6 a 12 Na sua boca há cerca de 700 espécies diferentes de bactérias Como prevenir as cáries dentárias? A existência de placa bacteria- na nos dentes, resultante do consumo de hidratos de car- bono refinados / açúcares, leva à acção de uma bactéria espe- cífica, Streptococcus Mutans, que conduz à desmineraliza- ção do esmalte dentário e, consequentemente, à cárie dentária. A remoção da placa bacteriana dos dentes e uma dieta equilibrada cria as con- dições favoráveis para que tal não aconteça. Tudo o que pre- cisa saber para uma boa saúde oral.|Pag.4 VIH/SIDA O Caminho do Bem European Society for Quality Research Lausanne EUROPE BUSINESS ASSEMBLY OXFORD jornal Ano 7 - Nº 77 Dezembro 2016 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Saúde materno-infantil melhora em Angola Resultados de inquérito do INE A taxa de mortalidade infantil na República de Angola reduziu nos últimos cinco anos de 115 para 44 por mil nascidos vivos, de acordo com os resultados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde, referente a 2015/2016, divulgado este mês pelo INE. O mesmo relatório traz outras informações relativas à saúde que fazem crer que a taxa de mortalidade materna terá também melhorado. De acordo com o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, estes indicadores representam uma tendência positiva no domínio da saúde em Angola. |Pag.2 As bebidas alcoólicas são das mais antigas e consumidas em todo o mundo, sendo Angola um dos países em que o seu consumo, por habitante, é elevado. O risco de envolvimento em acidente mortal aumenta rapidamente à medida que a concentração de álcool no sangue se torna mais elevada: 2 taças de vinho ou 2 copos de cerveja (0,5 g/l) – o risco aumenta 2 vezes 4 taças de vinho ou 4 copos de cerveja (0,8 g/l) – o risco aumenta 4 vezes 4 doses de uísque ou 4 latas grandes de cerveja (1,20g/l) – o risco aumenta 16 vezes ENTRE COM SAÚDE EM 2017. NESTA QUADRA NÃO BEBA, OU FAÇAO MODERADAMENTE. UM CONSELHO DO JORNAL DA SAÚDE. Álcool e o risco de acidente mortal QUADRA FESTIVA

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Page 1: O Caminho do Bem - Jornal da SaudeO Caminho do Bem EuropeanSocietyfor QualityResearch Lausanne EUROP BSIN A M LY OXFORD Ano 7 - Nº 77 jornal Dezembro 2016 Mensal Gratuito Director

Cerca de 40%desconhecemque estão infectadosO essencial actualizado sobreo VIH/sida. Epidemia poderáser controlada até 2030. Áfricado Sul testa nova vacina. En-trevista à directora do INLS,Lúcia Furtado. Inquérito derua revela que os angolanosestão mais tolerantes e discri-minam menos. |Pags.6 a 12

Na sua bocahá cerca de700 espéciesdiferentes de bactériasComo preveniras cáries dentárias? A existência de placa bacteria-na nos dentes, resultante doconsumo de hidratos de car-bono refinados / açúcares, levaà acção de uma bactéria espe-cífica, Streptococcus Mutans,que conduz à desmineraliza-ção do esmalte dentário e,consequentemente, à cáriedentária. A remoção da placabacteriana dos dentes e umadieta equilibrada cria as con-dições favoráveis para que talnão aconteça. Tudo o que pre-cisa saber para uma boa saúdeoral.|Pag.4

VIH/SIDA

O Caminho do BemEuropean Society for

Quality ResearchLausanne

EUROPE BUSINESS ASSEMBLY

OXFORD

jornalAno 7 - Nº 77Dezembro2016Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDEGOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude

a saúde nas suas mãosA N G O L A

da

Saúde materno-infantilmelhora em Angola

Resultados de inquérito do INE

A taxa de mortalidade infantil na República de Angola reduziu nos últimos cinco anos de 115 para 44por mil nascidos vivos, de acordo com os resultados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde,referente a 2015/2016, divulgado este mês pelo INE. O mesmo relatório traz outras informações relativas à saúde que fazem crer que a taxa de mortalidade materna terá também melhorado. De acordo com o ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, estes indicadores representam uma tendência positiva no domínio da saúde em Angola. |Pag.2

As bebidas alcoólicas são das mais antigas e consumidas em todo o mundo, sendo Angola um dos países em que o seu consumo, por habitante, é elevado. O risco de envolvimento em acidente mortal aumenta rapidamente à medida que a concentração de álcool

no sangue se torna mais elevada:2 taças de vinho ou 2 copos de cerveja (0,5 g/l) – o risco aumenta 2 vezes4 taças de vinho ou 4 copos de cerveja (0,8 g/l) – o risco aumenta 4 vezes

4 doses de uísque ou 4 latas grandes de cerveja (1,20g/l) – o risco aumenta 16 vezes

ENTRE COM SAÚDE EM 2017. NESTA QUADRA NÃO BEBA, OU FAÇA-O MODERADAMENTE. UM CONSELHO DO JORNAL DA SAÚDE.

Álcool e orisco de

acidentemortal

QUADRA FESTIVA

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2  OPINIãO Dezembro 2016 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus (coordenador),Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Al-berto, Enf. Lic. Conceição Martins,Dra. Filomena Wilson, Dra. HelgaFreitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dú-nem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.Josinando Teófilo, Prof. Dra. MariaManuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá

[email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos.Correspondentesprovinciais: Elsa Inakulo (Huambo);Diniz Simão (Cuanza Norte); Casimi-ro José (Cuanza Sul); Victor Mayala(Zaire) MARKETING E PUBLICIDA-

DE: Maria Luísa Tel.: + 244 928013 347 E-mail: [email protected] Fotografia: JorgeVieira. Editor:Marketing For You, Lda- Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º an-

dar - Ingombota, Luanda, Angola,Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780462, [email protected]ória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.

Delegação em Portugal:Beloura Of-fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247670 Fax: + (351) 219 247 679

Periodicidade: mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SA

Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

FICHA TÉCNICA 

Parceria: 

www.jornaldasaude.org

Segundo o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde de 2015-2016, publicado este mês de Dezembro pelo INE, há uma evoluçãopositiva em todos os indicadores avaliados. Em mil nascimentos vi-vos registam-se 44 mortes. Há cinco anos, a relação era de 115 mor-tes em mil nascimentos vivos. Os dados colocam Angola como oquarto país na SADC com menos óbitos à nascença e o décimo emÁfrica.

Outro dado importante tem a ver com o relacionamento entrehomens e mulheres. O estudo revela que apenas dois por cento demulheres com idades entre os 15 e 49 anos tiveram mais de umparceiro nos últimos 12 meses.

Um segundo relatório, a ser lançado em Fevereiro próximo,apresenta dados como a situação da mortalidade materna, trabalhoinfantil, violência doméstica e taxa de prevalência do VIH/Sida. O mi-

nistro da Saúde, Luís Gomes Sambo, adiantou, entretanto, que osindicadores apurados demonstram, também, uma redução da mor-talidade materna.

Recentemente, o responsável do pelouro anunciou que o Minis-tério da Saúde vai admitir, ainda durante este mês de Dezembro,482 médicos, e, em Janeiro de 2017, mais 900.

Ora, tratam-se de boas novidades que espelham uma evoluçãosignificativa num país que saiu de uma fase de pós-conflito e que estáa procurar recuperar todo o seu sistema sanitário. Ainda há muitoa fazer, mas há que evidenciar a evolução positiva, à qual não é alheioo trabalho árduo dos profissionais de saúde – médicos, farmacêu-ticos, enfermeiros e outros técnicos.

O Jornal da Saúde deseja a todos os seus leitores e parceirosBoas Festas e um ano de 2017 com ganhos em saúde!

Boas notícias

Indicadores de saúde melhoram em Angola

Rui MoReiRa de Sá

Director [email protected]

O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças ao apoio das seguintes em-

presas e entidades socialmente responsáveis que contribuem para o bem-estardos angolanos e o desenvolvimento sustentável

do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente

Responsáveis

n O ministro da Saúde,Luís Gomes Sambo, asse-gurou, este mês, em Luan-da, que o seu pelouro vaiencontrar formas paracombater o exercício ile-gal da medicina ou da en-fermagem, com o fito decontinuar a garantir umasaúde fiável aos cidadãos.

Luís Gomes Sambo mani-festou esta intenção duran-te uma reunião que mante-ve com o governador pro-vincial de Luanda, HiginoCarneiro, administradoresmunicipais e responsáveisde unidades hospitalares daprovíncia de Luanda.De acordo com o minis-

tro, será estudado com osresponsáveis das adminis-trações municipais a formade controlar melhor deter-minadas práticas clandesti-nas de profissionais quenem sempre estão habilita-

dos e que enganam a popu-lação.“Temos que encontrar

formas de combater o exer-cício ilegal da medicina, daenfermagem ou de qual-quer outra profissão de saú-de, porque é dever do Esta-do regular a prática do exer-cício da medicina e saúdeno país”, disse.A situação da rede sani-

tária e as determinantes desaúde foram os dois temasque nortearam o encontro

entre o ministro da Saúde,Luís Gomes Sambo, o go-vernador provincial, HiginoCarneiro, administradoresmunicipais e médicos.Fez saber que, em virtu-

de das duas epidemias re-gistadas no princípio doano, a febre-amarela e o pa-ludismo, foram já acautela-das algumas medidas pre-ventivas, com vista a evita-rem-se mais casos dogénero em 2017.Chamou atenção para

uma maior responsabilida-de da população nas ques-tões que têm a ver com aprevenção das doenças, hi-giene do meio ambiente e osaneamento.O governante conside-

rou imperiosa a luta contraos vectores responsáveis devárias doenças como a có-lera, febre-amarela, chicun-gunha, dengue, paludismoe a ameaça do zica.

nO director provincial da saúde da Huí-la, Altino Matias, entregou este mês osdiplomas a 725 técnicos de saúde, for-mados em diferentes especialidades, naEscola Técnica de Saúde do Lubango.

A formação durou quatro anos, nas áreasde enfermagem geral, análises clínicas,saúde ambiental, estomatologia, farmá-cia, nutrição, fisioterapia, serviço de parto,instrumentalização cirúrgica, anestesia ediagnóstico terapêutico.Na ocasião, Altino Matias apelou aos no-vos técnicos a exercerem a actividade comcompetência e muito amor, dentro dopríncípio da humanização dos serviços desaúde, “acção que deve ser uma prática re-petida no dia-a-dia”.Realçou a importância dos cursos, parti-cularmente o de parteiras, esperando queos profissionais dessa área revertam oquadro da mortalidade materno infantil e“dêem resposta ao que a mulher grávida eo recém-nascido esperam: saúde".

Ministério da Saúde vai combater exercícioilegal da medicina em Angola

HuílaEscola de saúde lança 725 profissionaisno mercado de trabalho

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n O cuidado nutricional contribui paramelhorar a qualidade de vida dos pacien-tes com Anemia Falciforme, porque as de-ficiências nutricionais podem condicionare/ou agravar algumas situações na doença,informou a nutricionista Cármina Pelin-ganga, no encontro para pais sobre "Nutri-ção da Criança com Anemia Falciforme -da teoria a prática" promovido pela Direc-ção Nacional de Saúde Pública / Minsa, emparceria com a Fundação Lwini.A especialista alertou os pais para a ne-

cessidade da pessoa com doença falcifor-me ter uma dieta saudável e equilibrada,baseada em todos os grupos de alimentosda pirâmide alimentar, embora algunsajustes possam ser feitos de acordo comcada paciente.Fez saber que a hidratação ajuda a mi-

nimizar, ou mesmo a evitar as crises vasooclusivas, diminuindo a viscosidade dosangue, o que melhora a circulação dos va-sos. O consumo de dois a três litros deágua/dia é o ideal.Cármina Pelinganga alertou para o

facto da anemia falciforme poder serconfundida com a anemia ferropri-va, que ocorre pela falta de ferro noorganismo e leva algumas pessoas

a seguirem uma alimentação inadequada,sendo que a doença falciforme, no geral,não exige qualquer restrição alimentar,apenas uma dieta equilibrada, acompa-nhada de cuidados de saúde – o que me-lhora a qualidade de vida do paciente.A nutricionista adiantou que,

recentemente, vários avan-ços têm sido feitos, tantoa nível de citogenéticae diagnóstico, co-mo também notratamento dascomplica-

ções. As recentes pesquisas em busca detratamentos curativos, como implante demedula óssea.O diagnóstico precoce da anemia falci-

forme poderá ajudar a diminuir o númerode mortes nos primeiros cinco anos de vi-da. Os sintomas são: dor nos ossos, múscu-los e articulações associada ou não ao es-forço, infecção ou exposição ao frio, fe-bre, cansaço fácil, olhos amarelados,palidez, feridas nas pernas, incha-ço nas mãos e nos pés e maiortendência de contrair infec-ções.

3ACTUAlIDADEDezembro 2016 JSA 

Cuidado nutricional melhora vida dos doentes de anemia falciforme

Medicamento para epilepsia alargado a criançasn A Comissão Europeia aca-ba de alargar a indicação te-rapêutica de Zebinix (aceta-to de eslicarbazepina) a ado-lescentes e crianças commais de seis anos.

O Zebinix, fabricado pela Bial,está agora indicado em todosos países da UE como tera-pêutica adjuvante em doentesadultos, adolescentes e crian-ças com mais de seis anoscom crises epiléticas parciais,com ou sem generalização se-cundária.Os medicamentos pediá-

tricos na área da epilepsiacontinuam a ser uma necessi-dade premente para os profis-sionais de saúde, pacientes,seus familiares e cuidadores.

Em AngolaA epilepsia é uma doença quetem como ponto de partidauma perturbação no funcio-namento do cérebro devido auma descarga anormal de al-guns ou da quase totalidadedos neurónios cerebrais. La-mentavelmente, é alvo degrande discriminação. Actual-mente, mesmo com a infor-

mação de que cerca de 80%dos casos podem ser contro-lados com tratamento, as pes-soas com essa condição aindasofrem preconceito por faltade conhecimento da socieda-de, principalmente em rela-ção às convulsões. Essas cri-ses, que costumam durarpoucos minutos, podem ma-nifestar-se de formas diferen-tes. Em alguns casos, a pessoafica ausente, parada com oolhar fixo, em outros é como seela levasse um pequeno susto.No tipo mais conhecido, apessoa tem movimentos invo-luntários com os músculos,pode se contorcer, babar e, al-gumas vezes, urinar e vomitar. De acordo com a chefe de

Departamento de Neurolo-gia do Hospital Militar Prin-cipal, médica Antónia Silva, aepilepsia é o segundo caso deinternamento no banco deurgência do Hospital MilitarPrincipal, a seguir ao AVC.Esta profissional tem apela-do à população, em particu-lar, aos técnicos de saúde, aprocurarem obter maior in-formação sobre esta patolo-gia, acrescentando que odoente de epilepsia é estig-matizado, sofrendo limita-ções sobretudo no sector daeducação, garantindo queesta doença pode ser contro-lada e o enfermo levar umavida normal como qualquerpessoa.

Designa-se por "células falciformes" porque osglóbulos vermelhos, que normalmente são re-dondos e muito flexíveis, ganham a forma demeia lua em quarto crescente ou de uma foice.Na doença das células falciformes, os glóbulosvermelhos em meia lua não duram tanto tempono corpo quanto os glóbulos vermelhos nor-mais, e isto conduz à anemia. Os glóbulos verme-lhos falciformes também não são tão flexíveisquanto os glóbulos vermelhos normais e nemsempre conseguem passar pelos vasos sanguí-neos muito pequenos. Se as células falciformesficarem presas nos vasos sanguíneos, dificulta acirculação do sangue, e isto causa um bloqueiocirculatório, provocando dor na zona afectada.Esta situação é conhecida como uma crise dascélulas falciformes ou crise de dor: é frequente ador aparecer subitamente e pode durar váriashoras ou dias.

O que é a doença dascélulas falciformes?

FIGURA DO ANO

Imee Pinille – a melhor aluna de medicinan A UAN entregou recentemente os diplo-mas aos alunos licenciados e aos que ter-minaram o mestrado. A jovem Imee Pinil-le foi a melhor aluna de medicina. O Jornalda Saúde homenageia esta nova médicaque quer "ajudar a reduzir a mortalidadeinfantil no país".“Acredito que ser distinguida num universode uma centena de alunos da Faculdade deMedicina da UAN, como a melhor aluna doano académico 2015*, não se deveu unica-mente ao empenho, dedicação e entrega to-tal aos estudos, mas pelo grande auxílio doscolegas que sempre primaram no apoio mú-tuo para conseguirmos superar as grandesdificuldades.Receber este diploma é uma grande ale-

gria, não só para mim, mas também para osmeus familiares.As maiores dificuldades que enfrentei no

percurso da formação foram a carga horáriaa que nos submetiam – tínhamos que abdi-car do convívio familiar para dedicar-nosaos estudos – e a falta bibliotecas para con-sultas aos conteúdos académicos. Gostei de fazer amigos, irmãos, e apren-

der a arte da medicina. O que mais me mar-cou pela positiva foram os mestres e profes-sores que nos instruíram na Faculdade. Pretendo seguir posteriormente a espe-

cialidade de cuidados intensivos em pedia-

tria, porque tenho a intenção ajudar a redu-zir a mortalidade infantil no país e pelo cari-nho que sinto pelas crianças. O papel e a função social do médico em

Angola é reduzir e minimizar o sofrimentodos pacientes.O sector da saúde no país tem vindo a

melhorar devido o empenho do Ministérioda Saúde. Deve evoluir em todas as suas ver-tentes para termos uma saúde ideal para to-dos”. *Recebeu o seu diploma em 2016

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4 ActuAlidAde Dezembro 2016 JSA

Meça regularmente o seu nível de glicémia

Dia mundial da diabetes assinalado em Luanda

n O Dia Mundial da Diabetes foi assinalado comuma marcha na marginal de Luanda, entre outrasactividades.

A diabetes é uma doença crónica que se caracteri-za pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) nosangue e pela incapacidade do organismo emtransformar toda a glicose proveniente dos ali-mentos.Dados publicados este ano pela OMS estimam

que cerca de 422 milhões de adultos no Mundo vi-viam com diabetes em 2014, quatro vezes mais doque em 1980.“Estão a diagnosticar-se cada vez mais angolanos

com esta enfermidade. Nos próximos 15 anos, umem cada dez adultos terá diabetes”, garantiu a presi-dente da Sociedade Angolana de Diabetologia, Sa-brina Coelho da Cruz, ao Jornal da Saúde. A médica responsável pela área das doenças cróni-cas não transmissíveis da Direcção Nacional de Saú-de Pública, Joseth de Sousa, sempre muito activa, es-clareceu que a data é comemorada anualmentecom o objectivo de aumentar o conhecimento sobreesta doença e de como preveni-la.

Na sua boca há cerca de 700 espécies diferentes de bactérias

Como controlá-las, prevenir as cáries e outras doenças orais?

nEm meados do século XVI,Anton van Leewenhoek in-ventou o microscópio. Acontribuição desta desco-berta para a ciência em geral,e para as ciências da saúdeem particular, tem sido deci-siva na melhoria das condi-ções de vida das populações.A observação de microorga-nismos, do seu comporta-mento e interacção com osseres humanos tem-se reve-lado uma mais valia no con-trolo e tratamento de patolo-gias que outrora, pelo desco-nhecimento, eram fatais.Em termos da saúde oral,

fruto do estudo da micro-biologia da flora oral, sabe-mos hoje que uma quanti-dade e variedade de micro-organismos interagem nanossa cavidade oral. Resul-tante dessa interacção, emque se destacam as bacté-rias, registamos patologiasque afectam grande partedas populações com mani-

festações agudas e crónicas.Foram detectadas cerca de700 espécies diferentes debactérias na cavidade oral,cada uma com as suas espe-cificidades e grau de pato-genicidade. Da observaçãodo comportamento dasbactérias e interacção comos hospedeiros, percebe-seque estas precisam das con-dições adequadas para de-

senvolverem o seu poten-cial patogénico. Que condições são essas

e como as podemos contro-lar tem sido o grande desafioque tem conduzido a dife-rentes formas de actuaçãono sentido de prevenir asdoenças orais. Se, por um la-do, há que prevenir as doen-ças orais, por outro há quepromover a saúde oral no

sentido da obtenção da me-lhor qualidade de vida pos-sível. A cárie dentária e adoença periodontal (doençadas gengivas e suporte den-tário), doenças que mais seregistam na cavidade oral,são em grande escala resul-tado da relação estabelecidaentre as bactérias da cavida-de oral e as condições nelaexistentes.

Remoção da placa bacteriana

Sendo a cavidade oral cons-tituída por diferentes tecidos(duros e moles) as bactériasdiferenciam-se na sua loca-lização e conforme as condi-ções encontradas desenvol-vem ou não o seu potencialpatogénico. Assim, enquan-to hospedeiros, temos a pos-sibilidade de controlar a re-lação que se estabelece comas bactérias. Por exemplo: aexistência de placa bacteria-na nos dentes, resultante doconsumo de hidratos de car-

bono refinados/ açúcares,leva à acção de uma bactériaespecífica, StreptococcusMutans, que conduz à des-mineralização do esmaltedentário e consequente-mente à cárie dentária. A re-moção da placa bacterianados dentes e uma dieta equi-librada cria as condições fa-voráveis para que tal nãoaconteça. Com este exem-plo vemos que, o binómiohospedeiro/microorganis-mos é a chave para a preven-ção das doenças orais. En-quanto hospedeiros cabe-nos a tarefa de controlar obiofilme oral/ placa bacte-riana que está na origem dasdoenças orais mais comuns.Esse controlo passa, generi-camente, pela remoção daplaca localizada nos dentes,gengiva, língua e por umcontrolo da dieta, temas queabordaremos no futuro. So-mos, assim, agentes activosna prevenção das doençasque nos possam afectar epromovemos a saúde oralpor forma a não afectar asaúde em geral.

Celso serra

Higienista oral

[email protected]

“Enquanto hospedeiros cabe-nos a tarefa de controlar o biofilme oral/ placa bacteriana que está na origem das doençasorais mais comuns. Esse controlo passa, genericamente, pela remoção da placa localizada nos dentes, gengiva, língua e por um controlo da dieta”

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6 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

nEstima-se que, desde o iní-cio da epidemia, na décadade 80 do século passado,mais 78 milhões de pessoasterão sido infectadas peloVIH. Desde essa época, 35milhões de pessoas terãomorrido de doenças relacio-nadas com a sida. No final de2015, a ONUSIDA, institui-ção das Nações Unidas quemonitoriza a doença, calcu-lava que 36,7 milhões depessoas viveriam com oVIH. Nesse ano, o númerode novas infecções terá ul-trapassado os dois milhões.

Apesar dos números re-velarem um decréscimo

progressivo do número deinfecções e mortes relacio-nados com a doença desde2005, ano em que o númerode vítimas da doença atin-giu o seu auge, a verdade éque ainda há muito para fa-zer para se conseguir cum-prir a meta ousada dentrodos Objectivos de Desen-volvimento Sustentável dasNações Unidas, que consis-te em pôr um termo à epi-demia de sida até 2030. Pa-ra atingir esse objectivo, aONUSIDA recomenda umaabordagem baseada numaumento substancial do in-vestimento nos próximos

anos para acelerar o impul-so necessário para superar,em menos de 15 anos, umdos maiores desafios desaúde pública nesta gera-ção.

Resultados animadores Os dados mais recentes daONUSIDA, que cobrem 160países, demonstram osenormes ganhos já alcança-dos e o que pode ser alcan-çado nos próximos anosatravés de uma abordagemFast Track. Nos últimos doisanos, o número de pessoasinfectadas pelo VIH inseri-das em programas de tera-

pia anti-retroviral aumen-tou cerca de um terço, atin-gindo os 17 milhões de pes-soas - dois milhões acimados 15 milhões até 2015 fi-xados pela Assembleia Ge-ral das Nações Unidas em2011. Desde que a primeirameta de tratamento globalfoi estabelecida, em 2003, asmortes relacionadas com asida diminuíram 43%. Naregião mais afectada domundo, a África Oriental eAustral, o número de pes-soas em tratamento mais doque duplicou desde 2010,atingindo cerca de 10,3 mi-lhões de pessoas e as mor-

tes relacionadas com adoença nesta região dimi-nuíram 36% desde esse ano.No entanto, grandes desa-fios estão por vir.

Por todo o mundo, espe-cialistas nas mais variadasáreas da ciência procuramsoluções que ajudem a con-trolar a doença. Com umafrequência cada vez maior,surgem notícias que aju-dam a conhecer a sida e aencontrar formas de me-lhor a combater. Muitas de-las notícias são bastantepromissoras. Deixamos, aseguir, algumas das mais re-centes.

SuSana GonçalveS com

Rui MoReiRa de Sá

No mês em que se assinala o

Dia Mundial de Luta Contra

a Sida, compilámos algumas

das mais promissoras notí-

cias veiculadas nos últimos

meses relativas a avanços no

combate a uma doença que

já foi sinónimo de “sentença

de morte” e a uma epide-

mia que as Nações Unidas

pretendem eliminar até

2030.

Epidemia poderá ser controlada até 2030

n Entre as mulheres, as ado-lescentes e jovens mulheresna África Oriental e Australtêm taxas de infecção até oi-to vezes mais altas do que oshomens nas mesmas re-giões e menos de uma emcada cinco das jovens entreos 15 e 19 anos sabem se es-

tão ou não infectadas.O diagnóstico é também

baixo em algumas popula-ções-chave, como os ho-mens que têm sexo com ho-mens, os trabalhadores se-xuais, os transgénero, aspessoas que injectam drogase os reclusos, que represen-

tam aproximadamente 44%dos 1,9 milhões de novos ca-sos de infecção por VIH emadultos no ano passado.

O autodiagnóstico dupli-ca a frequência com que oshomens que têm sexo comoutros homens fazem o testedo VIH.

Cerca de 70% dos parcei-ros de pessoas com VIHtambém estão infectados emuitos deles não estão diag-nosticados.

As novas diretrizes daOMS recomendam formasde ajudar as pessoas que es-tão infectadas a informar os

seus parceiros e a encorajá-los a fazer o teste.

Actualmente, 23 países játêm políticas nacionais queapoiam o autodiagnósticodo VIH e muitos outros estãoa desenvolver políticas nessesentido, mas uma imple-mentação abrangente do

autodiagnóstico continua li-mitada.

A OMS recomenda a dis-tribuição gratuita de kits deautodiagnóstico do VIH eoutras medidas que permi-tam reduzir o custo dos kits,de forma a aumentar o aces-so.

Mulheres com taxas de infecção mais altas

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8 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

nLúcia Furtado, directorageral do Instituto Nacionalde Luta Contra a Sida (IN-LS), explica que em Angola,assim como em muitos paí-ses com recursos limitados,a prevalência do VIH “é cal-culada através de progra-mas matemáticos orienta-dos pela ONUSIDA e ali-mentados com dados deestudos de seroprevalênciarealizados em mulheresgrávidas em consulta pré-natal e em populações es-pecíficas. Assim, obtemosas estimativas de prevalên-cia na faixa etária de 15 a 49

anos (2,4 % em 2015) e de-mais indicadores de inte-resse”. Estes estudos de se-roprevalência são realiza-dos “a cada dois anos, desde2004, em todas as provín-cias, em 36 sítios sentinela.Desses, onze estão na zonarural”. Questionada sobre aexistência de números re-centes relativos à prevalên-cia da sida no País, revela:“Aguardamos os resultadosdo inquérito de indicadoresmúltiplos de Saúde, que es-tá em fase final e que irá nosmostrar a prevalência deforma mais representativa”.Para o tratamento dos pa-cientes seropositivos, Ango-la “tem um Protocolo Na-cional de Normas para oAcompanhamento e Trata-mento com anti-retrovirais,que orienta os critérios deinício de tratamento, as me-dicações a serem utilizadas(que são as recomendadaspela OMS), e todo acompa-nhamento clínico e labora-torial para as pessoas quevivem com VIH/sida”, escla-rece a médica. Apesar dos recursos li-

mitados, nos últimos trêsanos a cobertura de trata-mento tem avançado, em-

bora ainda esteja “aquémdo desejado”, lamenta, refe-rindo que para melhorar oacesso das pessoas ao trata-mento, “temos investidoem capacitação, informa-ção ao público, diagnóstico,

além de melhoria da gestãode stock e sistema de infor-mação”. Além de facilitar o acesso

dos doentes ao tratamento,é necessário evitar queaqueles que já estão a ser

tratados desistam do trata-mento. Embora a maioriados pacientes siga o trata-mento prescrito, “temos re-gistado uma taxa de aban-dono alta, e este é uma dasmaiores preocupações edesafios para os serviços desaúde”, alerta a especialistaque justifica este abandonocom “o estigma e a discrimi-nação, que estão entre osprincipais factores de nãoadesão, assim como a po-breza, a ignorância e fragili-dades do Sistema de Saúde”.Tratando-se de uma

doença contagiosa, o com-bate à mesma passará, obri-gatoriamente, pela preven-ção e, nesse aspecto, a di-rectora geral do INLSdefende que para fazer che-gar à população a impor-tância de travar o contágiodeve continuar a “divulgar-se informação com quali-dade, respeitando a diversi-dade cultural; ampliam oacesso à testagem para oVIH; envolver e comprome-ter outros sectores do Go-verno e da sociedade civil;advogar o respeito aos direi-tos humanos; capacitarprofissionais da saúde e deoutros ministérios; e fazer

trabalho comunitário, prin-cipalmente com envolvi-mento das pessoas vivendocom VIH”. No entanto, ain-da existem obstáculos, aonível social e cultural, queimpedem o controlo dapropagação da doença. Lú-cia Furtado confirma que “opreconceito e os tabus mo-rais são grandes obstáculosà prevenção”. “Discriminarpessoas com VIH ou pes-soas de grupos mais vulne-ráveis, excluí-las social-mente, julgar e condenarcomportamentos, não dia-logar e nem assumir as prá-ticas sexuais que existem,mas que estão encobertas, apobreza, a desigualdade degénero” são factores que,segundo a especialista, “in-fluenciam directamente aocorrência de novas infec-ções.Questionada sobre os

principais desafios que secolocam aos profissionaisde saúde ligados ao trata-mento da doença, LúciaFurtado resume: “ter a ca-pacidade de acolher as pes-soas com empatia, sem dis-criminar, e envolver-se nasdiversas frentes de preven-ção, tratamento e cuidados”.

Lúcia Furtado, Directora Geral do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida

Cerca de 40% desconhecem que estão infectados

SuSana GonçalveS

A ONUSIDA calcula que

existam em Angola 320 mil

pessoas infectadas pelo VIH

e que o número de mortes

associadas à doença atinja as

12 mil. A esmagadora maio-

ria dos pacientes infectados

terá mais de 15 anos, mas

existirão cerca de 25 mil

crianças afectadas. Já o nú-

mero de órfãos até aos 17

anos, em resultado da epide-

mia, será de 130 mil.

OMS recomenda autodiagnóstico do VIHn Quatro em cada dez pes-soas infectadas com o VIHnão sabem que têm o vírus,alertou a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)que defende uma apostano autodiagnóstico.

Quatro em cada dez pessoasinfectadas com o VIH nãosabem que têm o vírus, aler-tou este mês a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS)que defende uma aposta noautodiagnóstico para alargaro tratamento e a prevençãoda transmissão.“Milhões de pessoas com

o VIH ainda estão excluídasde um tratamento que salvavidas e que também previnea transmissão a terceiros”,disse a diretora-geral daOMS, Margaret Chan, citadanum comunicado da organi-zação sedeada em Genebra.“O autodiagnóstico do

VIH deverá abrir a porta amuito mais pessoas paraque saibam o seu estado epara que descubram comoreceber tratamento e acederaos serviços de prevenção”,acrescentou a responsável.A OMS divulgou este mês

novas orientações sobre o

autodiagnóstico que permi-te que as pessoas saibam,através de uma análise aosseus fluidos orais, ou a umapicada no dedo, se estão ounão infectadas com o vírus,num local privado e conve-niente.Os resultados estão pron-

tos em 20 minutos ou me-nos.As pessoas que tiverem

um resultado positivo sãoaconselhadas a realizar tes-tes de confirmação nos ser-viços de saúde e a OMS reco-menda que recebam infor-mação e que sejam

encaminhadas para aconse-lhamento e para serviços deprevenção e tratamento.Segundo a organização, a

falta de diagnóstico de VIH éum enorme obstáculo à re-comendação da OMS deque todos os infectados de-vem receber terapia anti-re-troviral.Um relatório da OMS re-

vela que mais de 18 milhõesde pessoas com VIH estãoactualmente a receber tera-pia anti-retroviral, mas ou-tras tantas pessoas não rece-bem ainda tratamento, amaioria das quais por desco-

nhecer que está infectada.Hoje, 40% de todas as

pessoas com VIH (mais de14 milhões) ainda desco-nhecem o seu estado, mui-tas das quais estão em gru-pos de risco de infecção, masconsideram difícil acederaos serviços de diagnósticoexistentes.Entre 2005 e 2015, a pro-

porção de pessoas com VIHque já sabe o seu estado au-mentou de 12% para 60% emtodo o mundo.Das pessoas que já têm

um diagnóstico, mais de80% estão a receber terapia

anti-retroviral.Mas a cobertura do diag-

nóstico do VIH permanecebaixa em alguns grupos,sendo mais reduzida noshomens do que nas mulhe-res, por exemplo.Os homens representam

apenas 30% das pessoas quefizeram testes de diagnósti-co do VIH. Como resultado,os homens com VIH têmmenor probabilidade de es-tarem diagnosticados e emtratamento e têm maior pro-babilidade de morrer decausas associadas ao vírusdo que as mulheres.

“O preconceito e os tabus moraissão grandes obstáculos à prevenção”

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9JSA Dezembro 2016

Nova vacina contra VIH testada na África do Suln Uma nova vacina contra o VIHfoi testada este mês na África doSul. O teste pretende incluir5.400 homens e mulheres activossexualmente.

Uma nova vacina contra o VIH,testada este mês na África do Sul, é

tida como o “prego final no caixão”para a sida caso se prove o seu su-cesso, estimaram cientistas.O director de um instituto go-

vernamental dos Estado Unidosligado a doenças infecciosas,Anthony Fauci, afirmou, em co-municado, que a nova vacina é

promissora.O início do teste denominado

HVTN 702 teve inicio recente-mente, em 14 locais da África doSul, e pretende incluir 5.400 ho-mens e mulheres activos sexual-mente, com idades entre os 18 eos 35 anos.

Segundo a agência noticiosaAssociated Press, trata-se domaior e mais avançado teste parauma vacina contra o VIH a decor-rer na África do Sul, onde mais demil pessoas são infectadas diaria-mente com o vírus que provoca asida.

Jovens mulheres têm alta taxa de HIV apesar dos medicamentos anti-retroviraisn O número de pessoas infecta-das pelo VIH que estão a tomarmedicamentos anti-retroviraisduplicou em apenas cinco anos,mas há uma grande taxa de in-fecção entre mulheres jovens,sobretudo as africanas.

O número de pessoas infectadaspelo VIH que estão a tomar medi-camentos anti-retrovirais dupli-cou em apenas cinco anos, mashá uma grande taxa de infecçãoentre mulheres jovens, sobretudoas africanas, segundo um relató-rio da ONU divulgado este mês.Em junho de 2016, cerca de

18,2 milhões de pessoas tiveramacesso aos medicamentos quesalvam vidas, incluindo 910 milcrianças, o dobro do número emrelação há cinco anos”, indicou odocumento do Programa Con-junto das Nações Unidas para oVIH/SIDA (ONUSIDA) intitulado“Get on the Fast-Track: the life-cycle approach to HIV”.Neste relatório, lançado recen-

temente em Windhoek, na Namí-

bia, refere-se que está em cursouma meta de 30 milhões de pes-soas em tratamento com anti-re-trovirais (ARV) até 2020.Entretanto, o relatório mostra

também os enormes riscos que asmulheres jovens estão a enfren-tar. No ano passado, mais de7.500 adolescentes e mulheres jo-vens foram infectadas com VIHpor semana, em todo o mundo, amaior parte delas em África, no-meadamente no sul do continen-te.As mulheres jovens enfrentam

uma ameaça tripla. Elas sofremcom um alto risco de infecção pe-lo VIH, têm baixas taxas de testesde HIV e têm pouca adesão aotratamento. “O mundo está a fa-lhar com as jovens e temos neces-sidade de fazer mais, urgente-mente”, disse o director executivoda ONUSIDA, Michel Sidibé, du-rante o lançamento do relatóriona capital namibiana.Sidibé saudou o progresso fei-

to com o tratamento do VIH, masalertou que qualquer avanço é

“incrivelmente frágil”. A elevadataxa de infecção entre as jovens eas adolescentes é muitas vezesmotivada por relacionamentoscom homens mais velhos.O relatório apontou que os da-

dos recolhidos na África do Sulmostraram que mulheres e ado-lescentes estavam a ser infecta-das com o VIH por homens adul-tos. Muitos homens contraem oVIH muito mais tarde na vida e,depois, continuam com o ciclo deinfecção.O relatório apontou um estu-

do na província de KwaZulu-Na-tal, na África do Sul, que revelouque apenas 26% dos homens sa-biam o seu estado de portador doVIH e apenas cinco por cento es-tava em tratamento.Globalmente, entre 2010 e

2015, o número de novas infec-ções por VIH nas mulheres jo-vens, entre 15 e 24 anos, reduziuem apenas seis por cento, pas-sando de 420.000 para 390.000.Para atingir o objectivo de menosde 100.000 novas infecções por

VIH entre adolescentes e mulhe-res jovens até 2020, exigirá umaredução de 74% entre 2016 e2020.O relatório também alertou pa-

ra o risco de resistência aos medi-camentos e a necessidade de re-duzir os custos dos tratamentosde segunda e terceira linha.Também destacou a necessi-

dade de mais sinergias com osprogramas de combate à tuber-culose (TB), ao papilomavírushumano (HPV) e o cancro de colodo útero, e aos programas de he-patite C, a fim de reduzir as prin-cipais causas de doença e morteentre pessoas a viver com VIH.Em 2015, das 1,1 milhões de

pessoas com VIH que morreram,440.000 tinham tuberculose, in-cluindo 40.000 crianças. Global-mente, o acesso a medicamentoscontra o VIH para prevenir atransmissão do vírus de mãe parafilho aumentou em 77% em 2015.Como resultado, as novas infec-ções por VIH entre crianças dimi-nuíram 51% desde 2010.

A propósito do Dia Mundial de Luta

Contra a Sida, a ONU lançou este ano

uma campanha para promover os direi-

tos das pessoas portadoras de VIH e

combater a discriminação de que são al-

vo no local de trabalho.

“Actualmente, devemos trabalhar todos

juntos, governos, empregadores e orga-

nizações de trabalhadores – membros

da Organização Internacional do Traba-

lho (OIT) – e outras partes interessadas,

e comprometermo-nos a proteger os

direitos humanos das pessoas que vivem

com o VIH, para que estas possam bene-

ficiar de um trabalho produtivo e viver

com dignidade”, afirmou o Director Ge-

ral da OIT, Guy Ryder, no lançamento da

campanha em Genebra. De acordo com

a OIT, mais de 30 milhões de pessoas

portadoras de VIH em idade activa ainda

lidam com elevados níveis de discrimina-

ção, o que limita ou impede o seu acesso

ao emprego. Os jovens em idade activa

representam 40% das novas infecções

por VIH que ocorrem anualmente em

todo o mundo.

A campanha “Chegar a Zero no traba-

lho”, lançada dias antes do Dia Mundial

de Luta Contra a Sida, pretende promo-

ver as recomendações da OIT sobre o

VIH e a Sida no local de trabalho, reco-

mendações que se referem à promoção

dos direitos humanos, segurança no em-

prego e um melhor acesso à prevenção

do VIH, tratamento e serviços de assis-

tência e apoio no âmbito do local de tra-

balho.

“O objectivo mais desafiante é atingir

zero discriminação”, afirmou o Director

da ONUSIDA, Luiz Loures, afirmando

que os esforços da OIT são cruciais para

uma resposta efectiva ao VIH. "O local

de trabalho é o local mais eficaz para

proteger os direitos humanos dos traba-

lhadores e garantir um ambiente seguro

e favorável para as pessoas portadoras

ou afectadas pelo VIH".

Acabar com a discriminação contra os

portadores de VIH no local de trabalho

enquadra-se no mote “Chegar a Zero”,

tema dos Dias Mundiais de Luta Contra

a Sida de 2011 a 2015.

Este Dia Mundial foi lançado em 1988 e

foi o primeiro dia global dedicado à saú-

de. A Organização Mundial de Saúde de-

clarou que os objectivos da campanha se

afiguram difíceis, mas são alcançáveis.

Embora 2,5 milhões de pessoas tenham

contraído o VIH no ano passado e cerca

de 1,7 milhões tenham morrido em con-

sequência deste, estes números repre-

sentam menos 700.000 novas infecções

em todo o mundo do que há dez anos, e

menos 600.000 do que em 2005. Gran-

de parte do progresso alcançado é atri-

buída aos chamados medicamentos anti-

retrovirais utilizados para tratar as pes-

soas infectadas pelo VIH.

ONU lança campanha contra a discriminaçãono local de trabalho

No ano passado, mais de 7.500 ado-

lescentes e mulheres jovens foram

infectadas com VIH por semana, a

nível mundial

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10 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSA

“A sida não émotivo para discriminação” Francisco cosme dos santos

A sida, síndrome da imunodeficiência adquirida, é uma doença provocadapelo vírus da imunodeficiência humana (VIH).

A sua transmissão ocorre através do contactocom uma pessoa infectada, quer por meio derelações sexuais, quer pelo contacto com san-gue infectado, ou de mãe para filho (a chama-da “transmissão vertical”), durante a gravidezou o parto, ou pela amamentação.Ao entrar no organismo, o VIH dirige-se de

imediato ao sistema sanguíneo, onde começaa replicar-se, atacando o sistema imunológicoe destruindo as células defensoras do organis-mo. Desta forma, a pessoa infectada (seropo-sitiva), fica mais debilitada e sensível a outras

doenças provocadas por micróbios, as cha-madas infecções oportunistas, como a tuber-culose, a pneumonia ou a toxoplasmose, porexemplo, que não afectam de forma tão peri-gosa quem tem um sistema imunológico afuncionar convenientemente. Além disso, osdoentes com sida também podem sofrer dealguns tipos de tumores (cancros). A sida pro-voca ainda perturbações como perda de pesoe outros problemas de saúde e, sem tratamen-to, pode levar à morte. Esta síndrome, que semanifesta e evolui de modo diferente de pes-

soa para pessoa, é considerada actualmenteuma doença crónica. Com o devido tratamen-to, quem está infectado pode fazer uma vidapraticamente normal. No entanto, a melhorpolítica ainda passa pela prevenção e pelasensibilização da população para a mesma. O Jornal da Saúde foi para a rua tentar ava-

liar os conhecimentos de alguns angolanossobre a sida. Assim, colocámos aos nossos en-trevistados questões como o que é a sida, quala diferença entre sida e VIH, como se contraiou previne, se há razões para discriminação

ou receios, etc. Embora ainda seja evidente al-guma falta de informação relativa à doença e aconfusão que essa mesma falta de informaçãopossa causar, a verdade é que a maioria dosentrevistados sabe como se transmite e co-nhece as formas mais divulgadas de preven-ção. Porém, da análise das respostas, o desta-que vai para a forma unânime como os entre-vistados rejeitam a discriminação e afirmamque as pessoas infectadas devem ser respeita-das e têm o direito a uma vida absolutamentenormal.

FALA POVO

“Não podemos discriminar”Victor Ladislau António

Inglês,

32 anos

Electricista, bairro Rocha Pinto

A sida é a Síndrome de Imunodefi-ciência Adquirida. Não sei dizerqual é a diferença entre o VIH e a si-da, mas sei que pode contrair-se adoença mantendo relações sexuaissem o uso do preservativo quandoum dos parceiros é portador do ví-rus, ou pelo contacto com objectoscortantes infectados e não esterili-zados. Acho que não é um riscoabraçar uma pessoa infectada comVIH/sida e que os indivíduos comesta doença podem ter uma vidasocialmente normal desde que es-tejam protegidos. Penso que pode-mos conviver com pessoas com si-

da, porque não podemos discrimi-ná-las. O uso correcto do preserva-tivo previne a infecção e para meproteger não dispenso o uso da “ca-misinha” e cuido-me quando vou àbarbearia cortar o cabelo, porexemplo, primando sempre pelouso de máquinas que assegurem aminha saúde. Não tenho nojo nemmedo algum de quem tem sida por-que, muitas vezes, convivemoscom pessoas sem sabermos sequerque são portadoras desta doença.

“São pessoas como nós”Avelino Ngumbe Inock, 24

anos.Engraxador, bairro da Boavista

Sinceramente, não sei dizer bem oque é a sida e desconheço comple-tamente a diferença entre o VIH e a

SIDA. Mas sei que a doença se apa-nha, sobretudo, quando dois indiví-duos se envolvem sexualmente, esei que o uso correcto do preservati-vo previne a infecção. Aprendi quenão se apanha ou se contrai a sidaatravés da picada de um mosquito.Também não há qualquer risco emabraçar uma pessoa que tem estadoença, mas confesso que tenhomedo de ser infectado. Os indiví-duos com sida podem ir à escola,trabalhar e ter uma vida igual à daspessoas que não têm a doença. Nãotenho nojo ou medo de quem pade-ce de sida, até porque a doença não

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12 DIA MUNDIAL LUTA CONTRA A SIDA Dezembro 2016 JSAFALA POVO

se detecta sem haver um examemédico que comprove que a pessoaé seropositiva e podemos convivercom doentes que nem sabem que osão. São pessoas como nós

“Não se deve estigmatizar”Filomena Mário, 21 anos

Estudante, Bairro Benfica

Futungo de Belas

A sida é uma doença sexualmentetransmissível e o VIH e a SIDA são amesma doença, não têm qualquerdiferença. Pode contrair-se atravésdo acto sexual, do contacto com ob-jectos cortantes, por transfusão desangue quando o dador está infec-tado, por via do corte do cordãoumbilical de uma mãe infectadapara o seu filho. Tenho medo de serinfectada, mas sei que a sida não setransmite através da picada demosquitos e que não é arriscadoabraçar um seropositivo. Para meprevenir, não faço tatuagens, evitofazer cortes no corpo com lâminas equando assim procedo as lâminasdevem ser novas e esterilizadas.Uso também o preservativo, procu-ro fazer o teste de três em três me-ses, e, acima de tudo, primo pela fi-delidade. Qualquer pessoa que te-nha VIH/sida pode ir à escola etrabalhar, porque não deixa de serum ser humano. O que a distinguedos outros indivíduos é a doençaque possui, que não tem cura e temque ser controlada. Não tenho nojoou medo de pessoas com sida, por-que muitas vezes nem nos aperce-bemos que estamos a conviver comquem tem esta doença. Por outrolado, não se deve estigmatizar estesindivíduos pois pode dar-se o casode algum familiar nosso ficar doen-te e não o podemos abandonar. Po-deria perfeitamente conviver compessoas com sida, porque estoubem informada e já convivi com al-guém que tem esta doença

“Não há qualquer riscono abraço”Ana Pedro, 43 anos

Doméstica, Bairro Rangel

A sida é uma doença que se trans-mite através do acto sexual e a di-

ferença entre o VIH e sida é que oVIH é o indivíduo que tem adoença e a sida é o indivíduo queé seropositivo. A infecção aconte-ce, não só através das relações se-xuais mas também de materiaiscortantes, como lâminas e objec-tos não esterilizados que sãocompartilhados. Não tenho medoalgum de contrair esta doençaporque no mundo actual tudo épossível. Não se apanha o VIHatravés da picada de um mosqui-to e não há nenhum risco emabraçar alguém que tenha sida.Quem tem esta doença pode ir àescola e trabalhar naturalmente.Não tenho nojo nem medo algumde quem tem VIH, porque estadoença não se transmite porcompartilhar um abraço, dar umbeijo, nem pela convivência. Pos-so, perfeitamente, conviver compessoas com sida, porque são in-divíduos como os outros e mere-cem o nosso apoio. Sei que o usocorrecto do preservativo previnea infecção do VIH, mas o único“método” de prevenção que utili-zo é a fidelidade, que adoptei nomeu relacionamento

“Estes indivíduos não de-vem ser ignorados”Antónia Francisco 43 anos

Vendedora ambulante, Bairro Golf 2

A sida é uma doença que dizemque não tem cura. Não sei qual adiferença entre a sida e o VIH massei que se contrai quando parti-lhamos uma agulha ou seringascom uma pessoa infectada ou portransfusão de sangue. Não sei di-zer se tenho medo ou não de apa-nhar esta doença, nem o que devofazer se tal acontecer. Tenho vistopublicidades que falam sobre apossibilidade de se apanhar a sidapor uma picada de mosquito, masnão sei como. Penso que não hánenhum risco em abraçar umapessoa com sida e que estes indi-víduos não devem ser ignorados,para que não se sintam despreza-dos e cheguem ao ponto de se sui-cidarem, devido à pressão psico-lógica. Quem tem sida pode ir àescola, trabalhar e ter uma rotinanormal, como qualquer outro serhumano. Não tenho nojo e nemmedo destas pessoas porque sãoseres humanos, como eu. Possoconviver com estes indivíduos,porque não são as relações pes-soais que estão doentes. Sei que ouso correcto do preservativo pre-vine a infecção mas confesso que

não uso de nenhum método parame prevenir.

“Solidariedade paracontrolar a doença”Geraldo Macaia Sunda, 36 anos.

Empreiteiro de obras, Bairro Bondo

Chapéu Belas

Não sei dizer o que é a sida, sei ape-nas que é uma doença e desconhe-ço a diferença entre a SIDA e o VIH.Sei que se “apanha” em objectoscortantes infectados, quando se fazsexo sem o uso do preservativo, portransfusão de sangue contamina-do, e tenho medo de contrair a in-fecção. Mas também sei que não épossível ser infectado por uma pi-cada de mosquito e que não há ne-nhum risco em abraçar pessoascom sida, que podem ir à escola etrabalhar naturalmente. Emboranem sempre o uso correcto do pre-servativo previna a infecção, uso-opara me prevenir e tenho muitocuidado quando vou ao barbeiro.Não tenho nojo nem medo daspessoas com sida, porque nuncaconvivi com alguém muito próxi-mo, como um parente ou amigoque tenha esta doença. Confessoque nem sei como é uma pessoaque tem sida. Mas acho que pode-ria conviver com pessoas com sidaporque esta é uma doença que sópode ser controlada quando há umgrande espírito de solidariedade eajuda mútua.

“Não devemos isolá-los”Marcos Inglês, 24 anos

Escritor, Bairro do Jumbo

A sida é uma doença que se trans-mite pelo sexo e a diferença entreVIH e SIDA é que VIH é o vírus daimunodeficiência humana, e a si-da, acho que é a Síndrome daImunodeficiência humana. Po-de-se ser infectado por via de al-guns materiais como facas, agu-lhas, lâminas e também pelo se-xo. Embora nunca tenha pensadomuito sobre isso, actualmentesinto medo de contrair esta doen-ça. Não sei se posso apanhá-la ounão através da picada de um mos-quito, mas sei que não há ne-

nhum risco em abraçar uma pes-soa com sida e que o indivíduocom esta doença pode ir à escola,ir trabalhar e viver normalmente.O uso correcto do preservativoprevine a infecção do VIH, as in-fecções urinárias, a sífilis, e de ou-tros vírus que podem ser contraí-dos sexualmente mas, para meprevenir, tenho uma única par-ceira. Não tenho nojo nem temoas pessoas infectadas porquenunca convivi com indivíduosque tenham esta doença. Mas, àpriori, são pessoas que não dife-rem das outras. Poderia convivercom uma pessoa com sida, por-que é um ser humano como qual-quer um de nós e está passar poruma situação que qualquer umpoderia atravessar. Por isso, nãodevemos isolá-lo.

“Não se transmite através do convívio”Júlio Laurindo, 52 anos. Segurança,

Bairro Cassequel do Buraco

A SIDA é uma doença que não temcura. Desconheço a diferença en-tre o VIH e a SIDA, mas não são amesma doença. Sei que se “apa-nha” através do acto sexual semqualquer protecção e tenho medode contraí-la. Não é um risco abra-çar uma pessoa com sida, porque adoença não se transmite por umsimples abraço. O indivíduo comsida pode ir à escola e ir trabalhar àvontade. Sei que o uso correcto dopreservativo previne a infecção epara me prevenir tenho feito sexocom preservativo. Também nãome envolvo com desconhecidos.Não tenho nojo ou medo das pes-soas com sida porque esta doençanão se transmite através do conví-vio, da comida. Posso convivercom pessoas com sida, porque nãopodemos rejeitar quem tem essadoença.

“Não seremos contami-nados por conversar”João Filipe Namuele, 28 anos

Relações públicas, Bairro da Corim-

ba, Samba

A sida é uma doença que setransmite sexualmente. Desco-

nheço a diferença entre o VIH e aSIDA. Sei que podemos ser infec-tados através das relações se-xuais e com objectos que não es-tão esterilizados. Qualquer ho-mem tem medo de apanhar estadoença e eu não sou excepção.Não estou informado sobre seposso ou não contrair a doençaatravés da picada de um mosqui-to, mas sei que não é um riscoabraçar uma pessoa com essadoença e que os indivíduos comsida podem ir à escola e trabalharsem problemas. Não tenho nojonem medo algum porque são se-res humanos como nós, que têmapenas a doença. Não seremoscontaminados ao conversar comeles. Posso conviver com umapessoa com sida, porque é umser normal. Sei que o uso correc-to do preservativo previne a in-fecção do VIH e faço questão deusá-lo.

“São pessoas válidas pa-ra a sociedade”Taikene Nunda, 33 anos

Bancário, Bairro Marçal

É uma doença contagiosa quesignifica síndrome de imunode-ficiência adquirida. A diferençaentre o HIV e a SIDA, é que o HIVé quando a doença é prolongadae a sida é apenas o vírus, que po-de “apanhar-se” através das rela-ções sexuais, objectos cortantes,transfusões de sangue sem o de-vido controle. Tenho medo decontrair a sida porque esta doen-ça pode ser adquirida de váriasformas. Pela informação que te-nho sei que não é transmitida pe-la picada de um mosquito, e quenão é um risco abraçar uma pes-soa com esta doença. A pessoacom sida pode ir à escola, traba-lhar e desenvolver as suas activi-dades com a maior normalidade.Para me prevenir das infecçõesdo VIH, tenho feito testes regu-larmente, uso o preservativo,porque acredito que é um dosmétodos de protecção, e tam-bém tenho cuidado quando ma-nejo objectos cortantes ou serin-gas. Não tenho nojo nem medode quem vive com sida, porquetodos nós sabemos os seus riscose como devemos nos prevenir.Devemos conviver com estaspessoas, porque são apenas pes-soas que vivem com a doençamas que contribuem e servem asociedade.

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14 SAÚDE MENTAL Dezembro 2016 JSA

Portugal

Perturbações mentais aumentaram com acrise e já atingem um terço da população

nTrata-se dos resultados pre-liminares do projeto “CrisisImpact”, que estuda os efeitosda crise económica sobre asaúde mental das populaçõesem Portugal, apresentado emfins de Novembro, durante oFórum Gulbenkian de SaúdeMental.O estudo, da autoria de Jo-

sé Caldas de Almeida, presi-dente do Lisbon Institute ofGlobal Mental Health, ba-seia-se numa atualização doestudo nacional de saúdemental de 2008-2009, permi-tindo comparar os dados doinício da crise com os do finalde 2015.A conclusão que mais res-

salta do estudo é o “aumentosignificativo da prevalência deproblemas de saúde mentaldurante este período”, eviden-ciando uma relação estreitacom os factores sociais e eco-

nómicos resultantes da crise.Segundo os dados preli-

minares, os problemas desaúde mental passaram deuma prevalência de 19,8% em2008, para 31,2% em 2015,um aumento que se verificouem todos os níveis de gravida-de, mas sobretudo nos casosde maior gravidade.Nos problemas ligeiros

passou-se de 13,6% para16,8% (um aumento de trêspontos percentuais), nos pro-blemas moderados de 4,4%para 7,6% (3,2 pontos percen-tuais), e nos problemas maisgraves de 1,8% para 6,8% (5pontos percentuais).A prevalência de proble-

mas de saúde mental em2015 foi mais elevada entre asmulheres, os idosos, os viúvose separados e as pessoas combaixa escolaridade.Quanto à relação destes

problemas com a crise eco-nómica – nomeadamente adiminuição de rendimentos,o desemprego, a privação fi-nanceira e a descida de esta-tuto socioeconómico — o es-tudo demonstra que estãosignificativamente associa-dos, revelando igualmenteelevados padrões de pertur-bações depressivas e de an-siedade.Mais de 40% das pessoas

da amostra do estudo repor-

taram descida de rendimen-tos desde 2008, cerca de me-tade por corte de salários epensões, 14% por desempre-go, 6% por mudança de em-prego e 5% por reforma.Os que referem não ter

rendimentos suficientes parapagar as suas despesas sãoquase 40% da amostra e apre-sentam uma prevalência sig-nificativamente mais elevadade problemas de saúde men-tal do que as que não sentemprivação financeira.A situação agrava-se

quanto maior é a privação,

sendo especialmente marca-da no grupo de pessoas quenão conseguem pagar as des-pesas básicas (comida, eletri-cidade, água) e que têm dívi-das.Pelo contrário, a existência

de um elevado suporte sociale o viver em bairros onde aspessoas se sentem seguras ebem integradas provaram serfactores protectores em rela-ção ao risco de ter problemasde saúde mental.

Uso de medicamentosNo que respeita ao uso de

medicamentos, acompanhaa tendência crescente da pre-valência de problemas men-tais, tendo-se verificado umasubida progressiva das per-centagens de pessoas queusam psicofármacos, sobre-tudo antidepressivos e ansio-líticos.Em valores absolutos, o

uso destes medicamentos émuito mais elevado entre asmulheres, mas verificou-seum aumento particularmen-te elevado no consumo porparte dos homens, especial-mente ansiolíticos.Relativamente aos trata-

mentos, nos últimos cincoanos 27,9% das pessoas pro-curaram ajuda, sobretudojunto dos médicos de medici-na geral, seguidos dos psi-quiatras e psicólogos.No geral, o sistema de saú-

de revelou capacidade de res-posta, embora com algunsproblemas a nível do acessoaos cuidados e sobretudo anível da continuidade e daqualidade dos cuidados.Se entre 70% e 80% das

pessoas conseguiram teracesso a cuidados, apenas40% tiveram acesso aos cui-dados adequados, sendo asdificuldades em cobrir oscustos e em marcar consultasos principais obstáculosapontados.

Os problemas de saúde

mental em Portugal, sobre-

tudo os casos mais graves,

aumentaram com a crise

económica, atingindo quase

um terço da população em

2015, a par de um aumento

do consumo de antidepres-

sivos e ansiolíticos, revela

um estudo deste país.

“A conclusão que maisressalta do estudo é o aumento significativo da prevalência de problemas de saúde mental durante este período, evidenciando uma relação estreita com os factores sociais e económicos resultantes da crise”

A situação em AngolaRui MoReiRa de Sá

n As conclusões deste estu-do podem ser úteis para An-gola que atravessa actual-mente uma situação crítica.

As doenças mentais são mui-to prevalentes no país devidoao uso de drogas, ao alcoolis-mo, ao stress pós traumático,à depressão, à esquizofrenia,aos transtornos mentais e aosconflitos sociais e conjugais. Amaioria destes casos não temsido tratada com a devida an-tecedência devido à falta deinformação e ao estigma asso-ciado às patologias do foromental. Por outro lado, exis-tem poucos especialistas trei-nados para o seu acompa-

nhamento. A depressão dimi-nui a capacidade das pessoaslidarem contra os conflitosdiários, propicia a ruptura fa-miliar, a interrupção da esco-laridade e leva à perda de em-prego.

Evolução positivaEm Outubro último realizou-se, em Luanda, um fórum desaúde mental. Promover a in-formação relacionada com otema e garantir o acesso dapopulação aos serviços da es-pecialidades foram duas dasprioridades apontadas naocasião, conforme relatámosneste jornal. O Director Na-cional da Saúde Pública, Mi-guel de Oliveira, garantiu quese alcançaram ganhos signifi-

cativos nesta área já que, até2013, existiam apenas 10 uni-dades de referência no País,que estavam associadas aosserviços de psiquiatria e psi-cologia e, hoje, são já 40 asunidades sanitárias com ser-viços de saúde mental, quecontam com equipas de mé-dicos psiquiatras e psicólogosclínicos.O responsável afirmou que

considera importante au-mentar os investimentos e asparcerias em acções de saúdemental, bem como traçarem-se estratégias de voluntariadojunto de estudantes, profissio-nais de saúde e sociedade ci-vil, que contribuam para a re-dução do estigma, do precon-ceito e da discriminação

associados à doença mental.Promover a inclusão e au-mentar a informação da po-pulação em relação os cuida-dos da saúde mental devemser outras das prioridades dosresponsáveis ligados a estaárea.Recorde-se que, em 2012,

o Ministério da Saúde, fezuma avaliação em todo o ter-ritório nacional com o objec-tivo de melhorar a assistênciadestas doenças e garantir adignidade que o doente men-tal merece, conforme o JS no-ticiou na altura. Com basenessa avaliação, foram orga-nizados os serviços em Ben-guela, Cabinda, Huambo,Huíla, Malange e Luanda nu-ma primeira fase onde foram

integrados serviços de saúdemental, em 37 unidades de to-do país, culminando com aformação de vários profissio-nais, enfermeiros e médicoscom habilidades deste domí-nio e a inauguração de nor-mas e protocolos de actuação.Segundo a comunicação

apresentada por Massoxi Vi-gário, coordenadora do Pro-grama Nacional de SaúdeMental, na edição anteriordeste Fórum, em 2014 houveuma incidência de patologias,“destacando-se a esquizofre-nia, seguida dos transtornospor consumo abusivo de ál-cool e outras drogas, transtor-nos orgânicos que causammalária, e por último, mas nãomenos importante, as depres-

sões”. Ainda de acordo comesta responsável, em 2015,observaram-se mudanças,quer no aumento da procura,como da oferta de serviços,ainda que os resultados este-jam muito aquém dos preco-nizados devido à existência dediscriminação e estigma noseio das comunidades. A redede serviços de saúde mentalpermitiu implementar a inte-gração de serviços dentro doshospitais, facilitando o acesso,para que todas as pessoaspossam usufruir de cuidadosde saúde que outrora nãoeram facultados sobretudopelas longas distâncias emque se encontravam estasunidades, segundo a respon-sável.

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