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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS IV CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ALAN ESTEVAM DE SOUZA O CONTEÚDO ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICÍPIO DE SEABRA-BAHIA JACOBINA 2015

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ALAN ESTEVAM DE SOUZA

O CONTEÚDO ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO

ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO

MUNICÍPIO DE SEABRA-BAHIA

JACOBINA

2015

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ALAN ESTEVAM DE SOUZA

O CONTEÚDO ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO

ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE DAS ESCOLAS ESTADUAIS DO

MUNICÍPIO DE SEABRA-BAHIA

Monografia apresentada como requisito parcial de

aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de

Curso II, do curso de Licenciatura em Educação

Física da Universidade do Estado da Bahia do DCH/ IV para obtenção do título de licenciado em

Educação Física.

Orientador: Profº. Msc. Michael Daian Pacheco Ramos.

JACOBINA

2015

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Dedico esse trabalho a minha mãe

(Mulher guerreira), minha irmã

(Conselheira de fé), e minha

sobrinha (Meu amor), as mulheres

da minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e fé para o enfrentamento e

conclusão desse trabalho e dessa jornada acadêmica, e que nos momentos difíceis nunca me

abandonou e mostrou o quanto ele é gracioso e maravilhoso em minha vida.

A minha mãe/pai e amiga Alzira, que sempre lutou para que eu conseguisse o melhor

em minha vida, e que mesmo sendo mãe solteira nunca me deixou faltar nada, sempre me deu

muito carinho e amor, esteve sempre ao meu lado com toda sua dedicação me apoiando para

realizações dos meus sonhos, foi muito difícil nossa separação para que eu viesse para

Jacobina estudar, no começo foi difícil muitos dias e noites de choro, mais agora estou

vencendo essa batalha por você MÃE!

A minha irmã Manuela, que sempre me apoiou, minha conselheira de fé, nunca

deixou que ninguém me fizesse mal nenhum, ela sendo a irmã mais velha sempre me

protegeu, agradeço todo seu carinho e seu amor minha irmã, um pouco dessa conquista

também é sua, te amo!

Ao amor da minha vida, minha sobrinha Ana Luiza, que sempre com seu sorriso e

seu carinho me deu forças para continuar, eu te amo meu tio!

A meu primo (irmão) Marlon, que sempre me apoiou nessa jornada, me

incentivando, com sua calma e tranquilidade e fazendo com que eu crescesse ainda mais em

minha vida, É NÓIS PRIMÃO!

Ao meu cunhado André, que nunca mediu esforços para me ajudar.

Aos meus familiares (Tios, Tias, Primos e Primas) que sempre me estenderam a mão

nos momentos difíceis. Em especial meu tio Odilon que mais que um tio é um amigo, pois sei

que com ele posso contar todas as horas e a minha segunda mãe Adelzita, que me viu crescer,

e assim como minha mãe sempre lutou por minha felicidade.

Aos meus amigos e amigas que sempre quiseram meu bem para que eu pudesse

seguir em frente. Em especial quero destacar minha amiga (irmã) Juliane Hora (Juh) e sua

mãe (Tia Ná) que sempre estiveram do meu lado nos momentos difíceis e foram por elas que

eu fiquei sabendo em primeira mão que eu tinha passado no vestibular, as duas tem todo meu

respeito e admiração.

Aos meus amigos Saulo e Thiago que sempre vão estar no meu coração, pois são

amigos para uma vida inteira, mesmo a distancia nos afastando o meu amor por eles continua

o mesmo. AMIZADE ETERNA!

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A minha namorada Vanessa Abade e sua filha Julia Abade, que são muito especiais

para mim, namorada linda e dedicada que sempre me dar uma palavra de força nos momentos

difíceis.

Aos meus amigos da faculdade, amigos esses que vou levar pra vida inteira “UZ

CABA DE EDUCAÇÃO FÍSICA” (Agenor, Isaac, Jerrão, Fernandinho, Gildson, Vandinho,

André, Edivan, Léo, Tom e Douglas) amigos que sempre tiveram ao meu lado nessa jornada,

resenhando e ajudando um ao outro na vida acadêmica e pessoal. Destacando meu brother

Douglas parceiro de todos os estágios, e também parceiro da vida, e meu amigo Raimundo

Uilton popular Tom, que foi um cara que desde quando começamos a faculdade criamos um

vinculo de irmãos, e você Tom tem todo meu carinho e admiração.

A minha turma, que em todos os momentos difíceis nos unimos para o bem de todos,

sempre um ajudando ao outro.

Aos meus colegas de residência que nesses anos foram minha família do dia a dia.

Em especial Tovinho, Mozar, Lucicleia, Lucas e Julho que estiveram presente em todos os

momentos que precisei.

Ao meu orientador e amigo Profº. Ms. Michael Daian que me orientou nesse trabalho,

que com sua paciência e dedicação sempre me mostrou os melhores caminhos para produção

do conhecimento em Educação Física.

Aos meus professores da faculdade, (Joselito, Ângelo, Alexandra, Mussi, Emanuela,

Elmo, Osni, Jorge, Amália, Salomão e Rafael Estrela) pela dedicação, pois, seus

ensinamentos foram muito além dos conteúdos do currículo. Tive um aprendizado importante

para a vida.

Enfim, agradeço a todos que direto ou indiretamente me apoiaram nessa jornada, que

creio eu que somente é uma batalha vencida, pois a guerra da vida nunca terminará.

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RESUMO

Este trabalho tem como objeto de estudo o conteúdo esporte no âmbito das aulas de Educação

Física no ensino médio das escolas públicas estaduais do município de Seabra-Bahia.

Partimos da seguinte problemática de que maneira o conteúdo esporte vem sendo organizado

pedagogicamente nas aulas de Educação Física das escolas estaduais de ensino médio no

município de Seabra-Bahia? O objetivo geral da pesquisa foi analisar de que maneira os

professores de educação física organizam pedagogicamente em suas aulas do ensino médio o

conteúdo esporte. Realizamos uma pesquisa baseada no materialismo histórico-dialético, de

natureza qualitativa, descritivo-exploratória e um estudo de campo. O estudo foi realizado em

três escolas estaduais do município de Seabra-Ba, onde selecionamos quatro professores

licenciados em Educação Física. A coleta de dados foi através de um questionário aberto.

Utilizamos para a nossa análise dos dados a técnica da análise de conteúdo. Nosso aporte

teórico foi embasado em: Assis de Oliveira (2010), Kunz (2004), Coletivo de autores (1992),

Bracht (2005), dentre outros. Desta forma, destacamos nos resultados encontrados que: 1) o

conceito de esporte apresentados pelos os professores foram: cooperação, lazer, atividade com

regras fixas, educacional, lúdico, saúde, experiência e resgate cultural; 2) na classificação do

esporte apareceram os seguintes elementos: cooperativo, divertido, esporte de alto-

rendimento, esporte para todos, diferença entre o esporte e jogos, esporte saúde e esporte

competição; 3) os professores possuem algumas limitações a respeito de determinados

conhecimentos sobre o ensino do esporte; 4) há necessidade de se aprofundarem no

conhecimento sobre o conceito e classificação do esporte e sobre o ensino das técnicas, tática

e regras esportivas; 5) há uma confusão sobre as abordagens da Educação Física que

fundamenta sua prática. Nesse sentido, entendemos que o estudo apresenta importantes

reflexões sobre um conteúdo que é bastante realizado e pouco refletido no interior das aulas

de Educação Física.

Palavras-chave: Escola. Educação Física. Esporte. Ensino Médio.

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ABSTRACT

This work has as its object of study the content sport in the scope of Physical Education

classes in high school of public state schools of the municipality of Seabra-Bahia. We depart

in the following problematic what way the content sport comes being organized pedagogically

during physical education classes of the state schools of the high school in the municipality of

Seabra-Bahia? The general objective of the research was to analyze the way that physical

education teachers organize pedagogically into their classes of high school the sport's content.

We performed a search based on historical-dialectic materialism, qualitative, descriptive and

exploratory and a field study. The study was carried out in three state schools of the

municipality of Seabra-Ba, where we selected four teachers licensed in Physical Education.

Data collection was by means of a questionnaire open. We use for our data analysis the

technique of content analysis. Our theoretical approach was based on: Assis de Oliveira

(2010), Kunz (2004), Coletivo de Autores (1992), Bracht (2005), among others. In this way,

we highlighted in the results found that: 1) the concept of sport submitted by the teachers

were: cooperation, leisure, activity with fixed rules, educational, ludic, health, experience and

cultural redemption; 2) in the classification of the sport appeared the following elements:

cooperative, fun, sports with high-yield, sport for all, difference between the sports and

games, sports health and sport competition; 3) the teachers have some limitations in respect of

certain knowledge about the teaching of sport; 4) there is a need to deepen knowledge about

the concept and classification of sport and on the teaching of techniques, tactic and sport

rules; 5) There is confusion about the approaches of Physical Education which bases its

practice. In this sense, we think that the study presents important reflections on a content that

is fairly conducted and little reflected within the Physical Education classes.

Keywords: School. Physical Education. Sport. High School.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 8

2. METODOLOGIA 16

2.1 TIPO DE ESTUDO 16

2.2 CAMPO DE ESTUDO 17

2.3 SUJEITOS DO ESTUDO 17

2.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS 18

2.5 TECNICA PARA DE ANÁLISE DOS DADOS 18

3. FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA E A CONTRIBUIÇÃO

DA EDUCAÇÃO FÍSICA 19

4. O ESPORTE NA ESCOLA 24

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 31

6. CONSIDERAÇÕES PROVISORIAS 59

REFERÊNCIAS 62

APÊNDICES 65

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objeto de estudo o trato com o conteúdo esporte no âmbito

das aulas de Educação Física no ensino médio nas escolas públicas estaduais do município de

Seabra-Bahia.

Na construção de nosso problema de pesquisa, consideramos relevante situar alguns

indicadores do município investigado. Seabra está localizada no interior do Estado da Bahia,

com aproximadamente 41.708 (quarenta e um mil setecentos e oito) habitantes de acordo com

o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2010, ocupando assim a

posição 55º no ranking de municípios em relação com a população na Bahia.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que leva em consideração a

expectativa de vida do município, a educação e o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, em

Seabra no ano de 2014 foi de 0.635, enquanto no Brasil o IDH é de 0,7271.

Os dados educacionais da educação pública do Município nos apresenta o Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica2 (IDEB) do ano de 2013 para os anos finais do ensino

fundamental da rede pública em escolas rurais e urbanas foi de 3,9. Importante destacar que

esse índice foi superior aos números do Estado da Bahia, que recebeu uma nota de 3,2 nos

anos finais do ensino fundamental. Consideramos um avanço esse IDEB no ano de 2013, pois

superou o de 2011 que recebeu nota 3,3.

O resultado do ponto de vista quantitativo mostra um aumento consistente nos

índices educacionais do município. Para os próximos anos: 2015, 2017, 2019 e 2021, Seabra

tem perspectiva do IDEB respectivamente: 4,3, 4,6 4,9 e 5,1.

Outro dado que nos chama bastante atenção e consideramos fundamental para a

compreensão da realidade educacional do município, é a taxa de analfabetismo. No Brasil

essa taxa em 2012 foi de 8,7%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD, 2012) ocupando assim a posição 95º do ranking mundial segundo a Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2014). Com base nos dados do

� 1 Fonte: Brasil Sabido - 2014 2 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) foi criado pelo INEP em 2007 e representa a iniciativa pioneira de reunir em um só indicador dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da

educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas avaliações. Ele agrega ao enfoque pedagógico dos

resultados das avaliações em larga escala do INEP a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente

assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O indicador é calculado a

partir dos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e médias de desempenho nas avaliações do

INEP, o Sistema de Avaliação da Educação Básica – para as unidades da federação e para o país, e a Prova

Brasil – para os municípios. Disponível em: http://portal.inep.gov.br.

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2012) a taxa de analfabetismo de Seabra é

de 14,44% deixando assim a cidade na posição 776º do ranking nacional (INEP, 2013).

No âmbito do ensino médio para a cidade de Seabra temos uma taxa de aprovação de

87,6%, de reprovação de 3,8% e de abandono de 8,5%. Comparando com os dados do Estado

da Bahia, percebemos que eles se aproximam no que diz respeito a taxa de aprovação 75,6% e

abandono de 9,3%. Porém para o Estado da Bahia a taxa de reprovação foi de 15,1%. Essa

diferença percentual pode ser explicado, pois o cálculo para o Estado da Bahia leva em conta

todas as cidades do estado.

No que diz respeito aos valores do Brasil, a taxa de aprovação no ensino médio é de

78,0%, a de reprovação de 12,8% e a de abandono de 9,2%. Entendemos esta distorção, pois o

cálculo para o Brasil leva em conta todas as escolas do país. (IDEB/INEP, 2013).

Sobre a parcela dos alunos que estão com 2 anos ou mais de atraso no ensino médio,

a cidade de Seabra apresenta uma taxa de distorção idade/série de 31%. Na Bahia essa taxa é

de 48%. Já em âmbito nacional a taxa representa 33% dos alunos (IDEB/INEP, 2013).

Esses dados apresentados: IDEB, taxa de analfabetismo, taxa de aprovação,

reprovação abandono, são alguns indicadores que representam um pouco o cenário das

escolas públicas da cidade de Seabra na Bahia, revelando regularidades com os dados em

âmbito estadual e nacional e algumas singularidades. Portanto, é nesse cenário da escola

pública no interior do estado da Bahia que se insere no nosso objeto de investigação que é o

conteúdo esporte na Educação Física escolar no âmbito da educação básica.

No intuito de compreender melhor a relação entre a Educação Física, o conteúdo

esporte e a educação básica consideramos importante apontar de maneira breve, já que não é o

nosso objetivo abordar a historiografia da Educação Física na escola, mas apontar alguns

elementos importantes na história que irão solidificar essa relação entre o esporte e a

Educação Física na escola.

Em seus primórdios a Educação Física vai ser incluída na escola, aqui no Brasil,

ainda no século XIX, através da reforma Couto Ferraz3, mas desde o século XVIII, na Europa,

já existia a preocupação da inclusão de exercícios físicos no meio da educação escolar. No

entanto, no Brasil a Educação Física (incluída como conteúdo principal na escola com o nome

de ginástica) vai surgir de maneira mais sistematizada e com uma força maior no início do

� 3 Instaurada em 1851 a Reforma Couto Ferraz teve seu inicio no Brasil tendo como marco oficial a implantação

da Educação Física Escolar tendo como base o ensino primário e secundário para a corte da época. Ver mais em:

CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: A história que não se conta. 7º ed. Campinas, SP:

Papirus, 1988.

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século XX dentro das instituições militares, tendo a influência dos métodos de ginástica4:

alemão, francês e sueco (CASTELLANI FILHO, 1988).

Em seu início na escola a Educação Física, principalmente através dos métodos

ginásticos, com o apoio dos militares e dos médicos higienistas, buscava capacitar fisicamente

os indivíduos para servir a indústria e a nação. Mais tarde, quando o conteúdo esporte penetra

no currículo da escola através das aulas de Educação Física, este também contribuirá para

formar um modelo de homem “forte”, “saudável” capaz de promover a defesa e o

desenvolvimento da nação (CASTELLANI FILHO, 1988).

No início do século XX até a década de 1950 a Educação Física tinha como

abordagem predominante através do militarismo e do higienismo. Por volta de 1970 a

Educação Física passa por um processo de esportivização. Esse movimento de esportivização,

foi influenciado pela cultura europeia, a partir dele o esporte torna-se o conteúdo mais

importante da Educação Física escolar. Nessa nova maneira de compreender a Educação

Física na escola, a preparação de estudantes para a competição será o foco do

esporte/Educação Física na escola, deixando predominar não o esporte da escola, mas sim o

esporte na escola (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Destarte, mesmo o esporte ocupando o lugar que a ginástica ocupou no início da

Educação Física na escola, podemos constatar que o objetivo educacional ainda era

desenvolver a aptidão física nos alunos. Dessa forma, o ensino da Educação Física, e em

especial do esporte, era voltado para que o aluno aprendesse habilidades técnicas e táticas,

além de conhecimentos bio-fisiológicos que lhe permitam atingir o máximo de rendimento de

sua capacidade física.

Sob essa perspectiva de ensino na Educação Física/esporte, que visava

exclusivamente o desenvolvimento da aptidão física, o professor era visto como um instrutor

devido à influência militar, e também como um treinador, já que o esporte determinava o

conteúdo de ensino da Educação Física. E o aluno era visto como um atleta e não como um

estudante (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

� 4 A partir do ano de 1800 vão surgindo na Europa, em diferentes regiões, formas distintas de encarar os exercícios físicos. Essas "formas" receberão o nome de "métodos ginásticos" (ou escolas) e correspondem aos

quatro países que deram origem as primeiras sistematizações sobre a ginástica nas sociedades burguesas: a

Alemanha, a Suécia, a Franga e a Inglaterra (que teve um caráter muito particular, desenvolvendo de modo mais

acentuado o esporte). Essas mesmas sistematizações serão transplantadas para outros países fora do continente

europeu. Ver mais em: SOARES, C. L. Educação Física: raízes européias e Brasil. 2. ed. revista. Campinas:

Autores Associados, 2001.

.

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Contudo, diante da multiplicidade de compreensões existentes sobre o papel, o

objeto, a função da Educação Física na escola, consideramos importante destacar nesse

estudo, o nosso entendimento. Compreendemos que:

A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola,

do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal. Ela será configurada com temas ou formas de atividades, particularmente corporais,

como as nomeadas anteriormente: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras,

que constituirão seu conteúdo. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 61-62).

Sobre o ensino do esporte na escola, nosso trabalho será subsidiado por vários

autores, de diferentes abordagens pedagógicas que elaboraram uma vasta produção crítica

sobre a sua relação com a escola e a Educação Física. Podemos destacar as obras de Assis de

Oliveira (2010), Kunz (2004), Coletivo de Autores (1992), Bracht (2005).

Sobre as críticas a cerca do esporte na esfera escolar, muitas vezes é atribuído formas

e valores de instituições esportivas no espaço da escola, colocando assim um contra ponto

entre o “esporte na escola”, que seria o esporte praticado sobre regras e princípios da

instituição esportiva, e o “esporte da escola” seria o esporte a favor da instituição educacional,

trazendo consigo valores educativos. (ASSIS DE OLIVEIRA, 2010).

Sendo assim nos perguntamos: o esporte que aparece hoje no chão da educação

escolar, continua sendo o esporte sob influência do alto rendimento? Identificamos

possibilidades pedagógicas críticas no trato com o esporte na escola atualmente? Como os

professores vem tratando esse conteúdo no chão da escola? Quais as dificuldades que os

professores vêm encontrando ao tratar o conteúdo esporte?

O que percebemos com uma intensa produção acadêmica sobre o ensino do esporte,

é que há uma distância entre o que se produz e o que de fato é realizado no chão da escola.

Portanto, procurar identificar como vem se dando o trato com o conteúdo esporte nas aulas de

Educação Física é um passo fundamental para contribuir com a aproximação dessa possível

lacuna existe.

Entendemos neste trabalho que um conteúdo de ensino deve ser um,

[...] conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e

atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo

em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida. (LIBÂNEO, 1992, p.128).

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Ou seja, o conteúdo então é o que o ser humano conseguiu sistematizar durante sua

história, o conjunto do que foi produzido e classificado como fundamental a sua

disseminação, para que outras gerações continuem revisando as produções e aprofundando os

conhecimentos sobre o determinado objeto. Nesse sentido, os conteúdos escolares não

existiam na sua forma atual, eles têm um caráter histórico, eles vão sendo elaborados e

reelaborados conforme as necessidades de cada época e os interesses sociais vigentes

(DARIDO; RANGEL, 2011).

Esse conjunto de conhecimento deve passar por uma seleção para poder fazer parte

de um projeto pedagógico escolar. Sobre essa seleção devemos levar em conta 3 aspectos, a

saber:

a) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se expressa o saber

objetivo produzido historicamente, reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo as suas principais manifestações bem como as

tendências atuais de transformação;

b) Conversão do saber objetivo em saber escolar de modo a torná-lo

assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolares; c) Provimento dos meios necessários para que os alunos não apenas

assimilem o saber objetivo enquanto resultado, mas apreendam o processo

de sua produção bem como as tendências de sua transformação. (SAVIANI, 2011, p. 8-9).

Nesse sentido, o conjunto de conteúdos relacionados com a área da Educação Física,

denominamos de Cultura Corporal, e entendemos que são produzido historicamente e com

importante relevância na educação das pessoas. Essa cultura corporal se expressa nos jogos,

esportes, dança, lutas, ginástica e outras práticas corporais. É a partir dela que iremos realizar

a seleção do conhecimento para contribuir na formação do estudante.

Já vimos que historicamente a seleção do conteúdo esporte para as aulas de Educação

Física na escola era influenciada por elementos técnicos, táticos, biológicos, fisiológicos e

anatômicos. Porém temos o entendimento que outras dimensões do conhecimento esporte

devem ser acrescentadas as dimensões citadas anteriormente, como por exemplo: a

econômica, a filosófica, a cultural, a social, a política, dentre outros.

Sobre o ensino do esporte na escola, concordamos com Kunz (2004), quando afirma

que:

O fenômeno social do esporte, para poder ser transformado numa atividade

de ‘interesse real’ a todos os participantes, deve ser compreendido na sua

dimensão polissêmica. Isso significa, que compreender o esporte nessa

dimensão deve abranger também, conforme Brodtmann/Trebels (1979): 1.

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ter a capacidade de saber se colocar na situação de outros participantes no

esporte, especialmente daqueles que não possuem aquelas ‘devidas’

competências ou habilidades para a modalidade em questão; 2. Ser capaz de visualizar componentes sociais que influenciam todas as ações socioculturais

no campo esportivo (a mercantilização do esporte, por exemplo); 3. Saber

questionar o verdadeiro sentido do esporte e por intermédio dessa questão

critica poder avaliá-lo. (KUNZ, 2004, p. 29).

Ainda sobre o sentido e o significado no ensino do esporte na escola, podemos citar a

ideia de Bratch (2003) quando aborda que:

Se considerarmos agora a dinâmica cultural, entendemos que, para as

funções da instituição escolar, a referência para o trato do esporte não

deveria ser a perspectiva hegemônica. Se buscarmos com o esporte escolar que os indivíduos se apropriem de um elemento da cultura a ser vivenciado

pelo resto da vida, a referência precisa ser o esporte praticado a partir de

códigos como a saúde, a sociabilidade, o prazer, o divertimento (o esporte como atividade de lazer). Para a massa da população, o esporte normatizado

e de rendimento tem pouca importância enquanto referência para a prática.

(BRACHT, 2003, p. 98).

Vago (1996) retrata ainda a importância que a escola tem de construir, nas relações

pedagógicas com o esporte, outros sentidos e significados com a sua prática.

A escola pode, por exemplo, problematizar o esporte como fenômeno

sociocultural, construindo um ensino que se confronte com aqueles valores e códigos que o tornaram excludente e seletivo, para dotá-lo de valores e

códigos que privilegiam a participação, o respeito à corporeidade, o coletivo

e o lúdico, por exemplo. Agindo assim, ela produz uma outra forma de apropriação do esporte, produz um outro conhecimento acerca do esporte.

Enfim, produz uma outra prática cultural de esporte. Com ela, a escola vai

tensionar com os códigos dominantes da sociedade agregados ao esporte (principalmente com a exclusão da prática cultural de esporte a que a ampla

maioria dos alunos é submetida e com a idéia de rendimento e performance

que predominantemente orientam o seu ensino na escola). (VAGO, 1996, p.

12).

Desta forma, a partir das problemáticas levantadas acima, a presente pesquisa teve

como problema: de que maneira o conteúdo esporte vem sendo organizado pedagogicamente

nas aulas de Educação Física das escolas estaduais de ensino médio no município de Seabra-

Bahia?

Nossa hipótese é que não há uma organização sistematizada do conteúdo esporte nas

aulas de Educação Física do ensino médio das escolas estaduais públicas no município de

Seabra-Bahia, apresentando um trato com o esporte de maneira: a) predominante em relação

aos outros conteúdos; b) sem articulação entre teoria e a prática; c) ênfase nos jogos escolares

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estaduais e d) frágil quanto ao domínio dos elementos técnicos, táticos e históricos, políticos e

sócio-culturais.

Elencamos como objetivo geral para o trabalho: analisar de que maneira os

professores de educação física organizam pedagogicamente em suas aulas do ensino médio o

conteúdo esporte. Para dialogar com o objetivo geral, apontamos os seguintes objetivos

específicos: i) compreender o papel que a educação física, e em particular o esporte, vem

ocupando na escola e no ensino médio; ii) refletir sobre o atual patamar de discussão sobre o

fenômeno esporte na educação escolar com a realidade pesquisada e iii) analisar como o

conhecimento esporte vem sendo tratado pedagogicamente nas aulas do ensino médio no

município de Seabra-Bahia.

Este trabalho torna-se fundamental, pois por meio dele procuraremos entender de que

maneira o fenômeno sociocultural esporte se expressa nas escolas estaduais do município de

Seabra-Ba, principalmente em um contexto em que o país vive em sediar importantes

“Megaeventos esportivos” como: Jogos Olímpicos (2016), Jogos Paralímpicos (2016), Copa

do mundo de futebol (2014), Copa das confederações de futebol (2012), Jogos Mundiais

Militares (2010).

Este um estudo tornou-se necessário também, pois ainda não há registros indicando

pesquisas, sobre esse objeto de estudo, na cidade de Seabra-Bahia. Dessa forma,

vislumbramos a necessidade e importância desse tipo de pesquisa onde oportuniza estreitar a

relação entre a Universidade e as cidades circunvizinhas.

Outra característica importante é que a pesquisa fornecerá a professores, alunos,

pesquisadores, membros constituintes da escola e representantes do campo político deste

município, informações que poderão fomentar discussões visando mudanças na prática

pedagógica da educação física, para que cada vez mais, a escola consiga cumprir o seu papel.

Organizamos esse material da seguinte forma: no capítulo 1 denominado

“Introdução” apresentamos um pouco da realidade educacional de Seabra-Bahia apontando

questões como: população, IDH, IDEB e taxa analfabetismo. Analisamos um pouco a historia

da Educação Física e fizemos uma breve explanação sobre os conceitos do que é Educação

Física, conteúdo, para assim entramos na discussão dos conceitos de esporte e de como deve

ser inserido na escola. Desta forma ao fazermos uma breve discussão dos aspectos acima,

levantamos nosso problema, hipótese e objetivos.

No capítulo 2 “Metodologia” apontamos os caminhos investigativos que nortearam

nossa pesquisa a partir de um estudo de campo (LAKATOS E MARCONI, 2003), de natureza

qualitativa (MINAYO, 2007), com caráter descritivo-exploratória (GIL, 2002), onde foi

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utilizado um questionário aberto (LAKATOS; MARCONI, 2003), com 4 professores formados

em Educação Física do Ensino Médio da escolas estaduais de Seabra-Bahia, tendo a analise

de conteúdo (SANTOS, 2012, apud BARDIN, 2011) o instrumento principal para

analisarmos os dados obtidos.

No capítulo 3 “A função social da escola e a contribuição da Educação Física”,

partimos da pedagogia histórico-critica, desenvolvida por Dermeval Saviani para nos auxiliar

na construção do capítulo sobre o papel social da escola, e o Coletivo de Autores (1992) para

nortear o papel social da Educação Física, debatemos também aqui nesse capítulo o conceito

de cultura corporal, para assim apontar possibilidades de ensino, no Ensino Médio a parti dos

Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio (PCN).

No capítulo 4 “O conhecimento esporte na escola” levantamos seu conceito

classificação a partir Assis de Oliveira (2010), Kunz (2004), Coletivo de autores (1992),

Bracht (2005). Apontando também possibilidades com o trato desse conhecimento na aulas de

Educação Física no Ensino Médio, partindo sempre da abordagem crítico-superadora para

nortear o sentido das aulas e construir o modelo de escola e sociedade livre da exploração de

classes, buscando sempre a inclusão do aluno pelo esporte.

No capítulo 5 “Análise dos dados” realizamos enfim a analise dos questionários com

as respostas dos professores, sendo analisadas perguntas variadas sobre o conceito,

classificação e o ensino das técnicas, tática e regras do esporte que eles utilizam nas suas aulas

no Ensino Médio, e a maneira de como os mesmos trabalhavam esses conteúdos no chão da

escola. Apontando sempre possibilidades e meios para o ensino desse conteúdo na escola.

No capítulo 6 “Considerações provisórias” apontamos nosso entendimento de tudo

que foi coletado e exposto no trabalho, destacamos lacunas existentes em nosso estudo, e

sugerimos possibilidades a parti da abordagem crítico-superadora para o ensino do esporte.

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2. METODOLOGIA

Nosso entendimento de metodologia perpassa pela ideia de Minayo (2007) onde

aponta que:

[...] a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do pensamento”

que o tema ou o objeto de investigação requer; b) como a apresentação

adequada e justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos

que devem ser utilizados para as buscas relativas às indagações da

investigação; c) e como a “criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca

pessoal e específica na forma de articular teoria, métodos, achados

experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo específico de

resposta às indagações específicas. (MINAYO, 2007, p. 44).

2.1 TIPO DE ESTUDO

Quanto a sua natureza, este estudo classifica-se como qualitativo, pois de acordo com

Denzin e Lincoln (2006, p.17), apontam que estes trabalhos “utilizam uma ampla variedade

de práticas interpretativas, na esperança de sempre conseguirem compreender melhor o

assunto que está ao seu alcance.”.

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode

ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo

dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui

como parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só

por agir, mas por pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações

dentro e a partir da realidade vivida e partilhada com seus semelhantes. (MINAYO, 2007, p.21)

Portanto, foi um estudo com tentativa de mostrar a realidade das escolas seabrenses,

para que em outros momentos possamos pensar as intervenções que contribuam para o

crescimento educacional do município.

Quanto ao procedimento, este estudo se caracteriza como sendo uma pesquisa de

campo, que de acordo com Lakatos e Marconi (2003) este tipo de pesquisa procura observar

os fatos e fenômenos, para poder fazer um levantamento de dados e posteriores análises.

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir

informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se

procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou,

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ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (LAKATOS;

MARCONI, 2003, p.186)

Quanto a objetivo teve um caráter descritivo-exploratória no intuito de procurar uma

nova visão do problema, partindo da descrição das características do fenômeno e do

aprimoramento das ideias.

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o

estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que

podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados,

tais como o questionário e a observação sistemática. (GIL, 2002, p. 42).

E exploratória, pois segundo Gil:

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses.

Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o

aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais

variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas

pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e Cc)

análise de exemplos que "estimulem a compreensão". (GIL, 2002, p. 41).

2.2 CAMPO DE ESTUDO

Nosso estudo foi realizado em três escolas estaduais do município de Seabra-Ba que

tenha o ensino médio. É importante frisar que em todo município existem cinco escolas da

rede estadual. As outras duas escolas não foram escolhidas para a pesquisa, pois não tinham

em seu quadro de funcionários professores formados em Educação Física.

2.3 SUJEITOS DO ESTUDO

Nosso critério de seleção dos sujeitos para a pesquisa foi a formação em Educação

Física, portanto os sujeitos de nossa pesquisa são licenciados em Educação Física ou estão em

processo de formação. Dessa forma, selecionamos quatro professores licenciados em

Educação Física que estiveram atualmente (ano letivo de 2015) lecionando o componente

curricular da Educação Física no ensino médio. Destacamos que um dos quatro professores

não tem a formação em Educação Física, porém encontra-se em seu ultimo semestre no curso

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de licenciatura em Educação Física. Nesse caso, achamos procedente incluí-lo enquanto

sujeito de pesquisa.

2.4 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS

Para a coleta de dados, utilizamos o questionário aberto (Apêndice A) que são

perguntas “livres ou não limitadas, são as que permitem ao informante responder livremente,

usando linguagem própria, e emitir opiniões.” (LAKATOS; MARCONI, 2003 p. 204) no intuito

de obter descrições dos professores sobre o trato com o conteúdo esporte.

Num primeiro momento realizamos uma visita aos colégios estaduais do município

de Seabra-Bahia, para obter a localização geográfica de cada escola, levantar o número de

professores de Educação Física, a sua formação acadêmica e obter autorização para a

pesquisa.

O segundo momento foi para estabelecer contato com os professores através de

encontro agendado com os mesmos na própria escola. Neste momento, apresentamos os

motivos da pesquisa, o procedimento da entrega e explicação do questionário, solicitação dos

planos de ensino dos docentes, solicitação do Projeto político pedagógico das escolas e a

obtenção da autorização dos professores para a participação e continuidade da pesquisa

através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice B).

Esta monografia foi encaminhada ao comitê de ética de acordo com a legislação

específica 466/2012 e aguarda resposta até o presente momento.

2.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS

Para a análise dos dados será utilizado a análise de conteúdo devido a capacidade de

“manipulação de mensagens para confirma os indicadores que permitam inferir sobre outra

realidade que não a da mensagem” (SANTOS, 2012, apud BARDIN, 2011, p. 384).

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3. A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA E A CONTRIBUIÇÃO DA EDUCAÇÃO

FÍSICA

A escola tem um papel importante nas lutas que objetivam uma transformação social,

devido ser uma instituição que ensina, integra e socializa o conhecimento. Dessa maneira é de

fundamental importância que a escola propicie a todos um ensino de qualidade, garantindo o

acesso ao conhecimento cultural produzido pela humanidade (SAVIANI, 2011).

A escola deve preparar o indivíduo para,

[...] saber pensar e sentir, para saber querer, agir ou avaliar [...] o que implica

o trabalho educativo. Assim, o saber que diretamente interessa à educação é aquele que emerge como resultado do processo de aprendizagem, como

resultado do trabalho educativo. Entretanto, para chegar a esse resultado a

educação tem que partir, tem que tomar como referência, como matéria-

prima de sua atividade, o saber objetivo produzido historicamente. (SAVIANI, 2011, p. 7).

Pois assim historicamente a escola se torna dominante na educação do homem,

fazendo com que as relações sociais prevaleçam sobre as naturais, tornando o mundo

produzido pelo homem sobre o mundo da natureza. Dessa forma, o saber metódico,

sistemático, científico, elaborado, passa a sobressair sobre o saber espontâneo, “natural”,

assistemático, definindo, portanto que a educação do homem é construída pela forma escolar

(SAVIANI, 2011).

Saviani (2011) coloca a educação como um fenômeno próprio dos seres humanos,

tornando ela assim uma exigência para o processo de trabalho. Historicamente nas

comunidades primitivas, os homens se apropriavam da natureza para satisfazer suas

necessidades existenciais, obrigando-os a trabalharem e se organizarem coletivamente, e com

isso eles se educavam através da identificação dos elementos naturais existentes na terra.

Entendemos que a educação escolar deve garantir a humanização dos indivíduos

através do trabalho educativo. Nesse sentido,

[...] o que não é garantido pela natureza tem que ser produzido historicamente pelos homens, e aí se incluem os próprios homens. Podemos,

pois, dizer que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele

produzida sobre a base da natureza biofísica. O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a

humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos

homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos

indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro

lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para

atingir esse objetivo. (SAVIANI, 2011, p. 13).

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Desta forma, temos acordo com os princípios teóricos da Pedagogia Histórico-crítica

que se posiciona a favor dos interesses da classe trabalhadora e entende que o papel da escola

é socializar o saber na sua forma mais desenvolvida, fazendo assim compreender a relação

entre sociedade e educação (SAVIANI, 2011).

[...] pedagogia histórico-crítica é o empenho em compreender a questão

educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a

concepção pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o

materialismo histórico, ou seja, a compreensão da história a partir do desenvolvimento material, da determinação das condições materiais da

existência humana. (SAVIANI, 2011, p. 76).

Desta maneira, Duarte (1992) afirma que: [...] a educação não era neutra, como afirmavam os defensores da proposta

que dizia que “a educação é um problema técnico e não político, e como tal é

uma prática neutra”. Ficou claro também que, embora a educação tenha uma função política, não pode ser reduzida ao momento de que comumente se

chama de “debate político”. (DUARTE, 1992, p.15).

Sendo assim a discussão sobre a função social e política da escola, se dá pelo

entendimento entre a relação do técnico com o político na educação, vinculando à relação da

forma do processo ensino-aprendizagem com o conteúdo a ser transmitido-assimilado

(DUARTE, 1992).

Compreendendo dessa forma que o fazer pedagógico possibilita uma relação

fundamental e organizada do conteúdo com a forma de transmissão-assimilação do saber

entre o ensino técnico e o ensino político, determinando deste modo que a prática pedagógica,

não é apenas uma instrumentalização do educando através da aquisição do conhecimento, e

sim usar esse conhecimento elaborado na luta pela transformação social do educando

(DUARTE, 1992).

O professor deve teorizar sobre a prática social, para que seus alunos possam

levantar questionamentos do cotidiano, para que seus alunos possam ter leitura da realidade

de mundo em que estão inseridos.

O processo pedagógico deve possibilitar aos educandos, através do processo

de abstração, a compreensão da essência dos conteúdos a serem estudados, a

fim de que sejam estabelecidas as ligações internas específicas desses

conteúdos com realidade global, com a totalidade da prática social e histórica. Esse é o caminho pelo o qual os educandos passam do conhecimento

empírico ao conhecimento teórico-científicos, desvelando os elementos

essenciais da prática imediata do conteúdo e situando-o no contexto da totalidade social. (GASPARIN, 2011.p.6).

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Gasparin (2011) fala que a teorização permite ao aluno, passar do conhecimento do

senso comum para o conhecimento de natureza científica, para assim então oportunizar a

compreensão da realidade em todas suas dimensões, desta forma a teorização se torna

fundamental para adaptação crítica da realidade do aluno, fazendo se compreender a

totalidade social.

Entendendo que a função social da escola é socializar o conhecimento historicamente

produzido e socialmente acumulado, iremos nos debruçar sobre a contribuição da Educação

Física, através do trato da cultura corporal na formação dos estudantes do Ensino Médio.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio,

documento que de maneira geral vêm auxiliando na organização e sistematização dos

conteúdos para esta etapa da educação básica,

O aluno do Ensino Médio, após, ao menos, onze anos de escolarização, deve

possuir sólidos conhecimentos sobre aquela que denominamos cultura

corporal. Não é permitido ao cidadão do novo milênio uma postura acrítica

diante do mundo. A tomada de decisões para sua auto-formação passa, obrigatoriamente, pelo cabedal de conhecimento adquiridos na escola. A

Educação Física tem, nesse contexto, um papel fundamental e insubstituível.

(PCN ENSINO MÉDIO, 2000, p. 37).

Portanto entendemos que a Educação Física é uma disciplina que na escola trata da

área do conhecimento, que chamamos de cultura corporal que são: o jogo, o esporte, a

ginástica, a dança, a luta e as práticas corporais. Sobre a cultura corporal, Michele Ortega, em

entrevista no final do livro “Metodologia do Ensino da Educação Física” Escobar aponta que:

Ao fundamentar como objeto de estudo da disciplina Educação Física as

atividades que configuram uma ampla área da cultura, provisoriamente denominada de cultura corporal, o Coletivo defendeu a visão histórica que

traz a atividade prática do homem, o trabalho e as relações objetivas

materiais reais dos homens com a natureza e com outros homens, para o centro do sistema explicativo. Trouxemos a prática do homem para a

explicação do que é a Educação Física. Nós imaginamos que a resposta

correta seria de que a Educação Física é uma disciplina que se ocupa de uma grande área da cultura que pode ser denominada "cultura corporal". Este

nome, cultura corporal, levantou muitas críticas no país. Dizia-se que, se

havia uma cultura corporal, então haveria uma cultura intelectual ou mental.

Na realidade aquela crítica não estava bem fundamentada porque estávamos falando da cultura numa outra dimensão. Mas, de qualquer maneira nós

podemos dizer que ao longo de todo o livro nós defendíamos uma visão que

nos ligava aos interesses da classe trabalhadora. Quer dizer, com essa maneira de abordar a prática de atividades culturais que chamamos de

Educação Física, ou às vezes de Esporte, estaríamos instrumentalizando os

alunos para uma leitura mais concreta, mais profunda da realidade (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p.124).

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A Educação Física também deve promover para o aluno conteúdos que exija uma

organização e coerência, proporcionando uma leitura da realidade que ele está inserido. Deve

analisar a origem do conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino.

Podemos dizer assim que a apropriação do conhecimento da Educação Física exige uma

adaptação de instrumentos teóricos e práticos, junto com as habilidades corporais e materiais

a serem utilizados nas aulas (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Nesse sentido vemos a importância da Educação Física não somente no âmbito do

desenvolvimento psicomotor e da aptidão física, mas poderá contribuir também no

desenvolvimento das funções psicológicas superiores5 dos alunos.

A Educação Física na escola tem um papel de garantir aos alunos, novos caminhos

para a apropriação do conhecimento, fomentada aqui nesse trabalho a partir da abordagem

critico-superadora. Esta abordagem se fundamenta na Pedagogia Histórico-crítica

sistematizada por Dermeval Saviani, que propõe uma organização metodológica

fundamentada nos cinco passos do método dialético de transmissão do conhecimento:

identificação da pratica social, problematização, instrumentalização, catarse e retorno à

pratica social. (REIS et al., 2013).

Do modo que a cerne do trabalho seja o Ensino Médio, a Educação Física

desempenha um papel fundamental na formação do aluno, irá garantir que o mesmo venha

agir de forma autônoma, contribuindo para que ele possa solucionar problemas encontrados

no seu cotidiano escolar:

O desenvolvimento de um comportamento autônomo depende de suportes

materiais, intelectuais e emocionais. Para a conquista da autonomia, é

preciso considerar tanto o trabalho individual como o coletivo-cooperativo.

O individual é potencializado pelas exigências feitas aos alunos no sentido de se responsabilizarem por suas tarefas, pela organização, pelo

envolvimento com o tema de estudo. (PCN ENSINO MÉDIO, 2000, p. 40).

Desta forma o papel da Educação Física na escola é de poder propiciar para os alunos

a capacidade de dialogar, refletir sobre os processos, os procedimentos na produção de

conhecimento, contribuindo na criação de meios que auxiliem na superação de limites

� 5 De acordo com Martins (2013) a educação escolar tem o papel de desenvolver as funções psicológicas

superiores que são: sensação, percepção, atenção, memória, linguagem, pensamento, imaginação, emoção e

sentimento. Portanto, a autora coloca a centralidade do ensino no desenvolvimento psíquico do ser humano. Ver

mais em: Martins, Lígia Marcia. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da

psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2013.

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encontrados durante o processo ensino-aprendizagem, e não como algo a ser medido na busca

de uma homogeneização na apropriação do conhecimento.

Ampliando a compreensão defendida pelos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre

a contribuição da Educação Física na formação dos estudantes, entendemos que no Ensino

Médio a Educação Física deve fazer com que o aluno,

[...] adquire uma relação especial com o objeto, que lhe permite refletir sobre ele. A apreensão das características especiais dos objetos é inacessível a

partir de pseudoconceitos próprios do senso comum. O aluno começa a

perceber, compreender e explicar que há propriedades comuns e regulares nos objetos. Ele dá um salto qualitativo quando estabelece as regularidades

dos objetos. É nesse ciclo que o aluno lida com a regularidade científica,

podendo a partir dele adquirir algumas condições objetivas para ser produtor

de conhecimento científico quando submetido à atividade de pesquisa. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35).

Com isso o que se pretende é considerar o que o estudante do ensino médio traz de

experiências, e a partir dai potencializar seus conhecimentos.

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4. O CONHECIMENTO ESPORTE NA ESCOLA

O esporte vem sendo cada vez mais debatido por intelectuais da área da Educação

Física, por ser um fenômeno sociocultural torna-se necessário o entendimento de suas

diferentes dimensões. Tubino (1992) se posiciona e classifica-o em três dimensões sociais do

esporte:

O esporte educação desvinculado do princípio do rendimento e voltado para um compromisso educativo seria aquele realizado no contexto escolar. O

esporte participação referenciado com o princípio do prazer lúdico e

relacionado intimamente com o lazer e o tempo livre, teria como finalidade o bem-estar dos seus praticantes. O esporte performance ou de rendimento,

praticado pelos talentos esportivos, traz consigo os propósitos do êxito

esportivo, da vitória sobre os adversários e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. (TUBINO, 1992, p. 35-36, grifo nosso).

Consideramos que historicamente o conceito acima desenvolvido por Tubino (1992)

apresentou um avanço na discussão sobre as dimensões sociais do esporte, chegando a

influenciar documentos oficiais. Porém para o presente trabalho iremos nos apoiar no conceito

de Bracht (2005) onde aponta que as dimensões sociais do esporte são duas, a saber: 1) esporte

de alto rendimento ou de rendimento e 2) esporte de lazer, esporte educativo etc.

Sobre esse esquema dual proposto por Bracht (2005) entendemos que

[...] não adjetivamos uma forma específica de esporte educacional (no

sentido lato toda prática esportiva é educacional, mesmo que num sentido diverso da nossa concepção de educação). O esporte praticado no âmbito da

instituição educacional, pode na verdade, vincular-se a uma das duas

perspectivas de esporte acima referidas, embora pareça predominar hoje, em maior ou menor grau, as características do esporte de rendimento. Ou seja, a

manifestação do esporte que ainda fornece o modelo para o esporte escolar é

o de alto rendimento,

O esporte enquanto atividade de lazer obviamente também não é homogêneo. Neste encontram se formas que são imediatamente derivadas do

esporte de rendimento ou espetáculo e que a ele muito se assemelham, como

outras que dele divergem quanto a aspectos meramente formais, mas também, quanto ao sentido interno das ações.

Utilizaremos a expressão "esporte-espetáculo", complementando a expressão

"alto rendimento", porque entendemos que esta abriga a característica central

desta manifestação hoje, ou melhor, sua tendência mais marcante, qual seja, a transformação do esporte em mercadoria veiculada pelos meios de

comunicação de massa. (BRACHT, 2005, p. 16-17).

É evidente que a pluralidade da qual compõe os arredores e os sentidos que o esporte

atingiu, através das interseções e atrelamento culturais, onde está sendo exigida uma nova

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ética esportiva, tem como objetivo refletir o pluralismo de valores que o atual conceito de

esporte protege, Assis de Oliveira (2010) diz que:

Segundo Bracht (1989c, p.4), o termo esporte [...] refere-se a uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo surgida no âmbito da cultura

europeia por volta do século XVIII e que com esta, se expandiu-se para todos

os cantos do planeta. No seu desenvolvimento consequente no interior desta cultura, assumiu o esporte suas características básicas, que podem ser

sumariamente resumidas em: competição, rendimento físico-técnico, record,

racionalização e cientifização do treinamento. (ASSIS DE OLIVEIRA, 2010, p. 18).

Podemos observar que a característica do esporte moderno era voltado para o

rendimento, forma essa que historicamente foi sendo construído em todas as esferas

esportivas. Desta forma o Coletivo de Autores (1992) também conceitua o esporte como:

[...] uma prática social que “institucionaliza-se temas lúdicos da cultura

corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve

códigos, sentidos e significados da sociedade que cria e pratica”. “Por isso

deve ser analisado nos seus valores aspectos, para determinar a forma que

deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não

como o esporte “na” escola”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 70).

Sabemos que a partir da década de 1970 houve um processo denominado de

esportivização da Educação Física escolar. Sobre essa relação entre a Educação Física e o

esporte, o Coletivo de Autores (1992) aponta que:

Essa influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos,

então, não o esporte da escola, mas sim o esporte na escola. Isso indica a

subordinação da educação física aos códigos/sentido da instituição esportiva,

caracterizando-se o esporte na escola como um prolongamento da instituição

esportiva: esporte olímpico, sistema desportivo nacional e internacional.

Esses códigos podem ser resumidos em: princípios de rendimento

atlético/desportivo, competição, comparação de rendimento e recordes,

regulamentação rígida, sucesso no esporte como sinônimo de vitória,

racionalização de meios e técnicas etc. (COLETIVO DE AUTORES, 1992,

p. 54).

Portanto, o conteúdo de ensino nas aulas de Educação Física era determinado pelo

esporte. A forma de ensino também era determinada pelo modelo esportivo, uma vez que

colocava o professor em outro patamar de relação com os alunos, passava de professor-

instrutor e aluno-recruta para a de professor-treinador e aluno-atleta. A diferença entre

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professor e treinador não existia, pois ex-atletas se tornavam professores por sua performance

esportiva que desencadeava fora da escola. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Na escola o esporte foi sendo trabalhado para formar o aluno num futuro atleta, não

obstante às práticas pedagógicas foram se adequando a preparação para o esporte de

rendimento. Nesse paradigma pedagógico algumas características são intensificadas como: 1)

busca por sucesso de maneira exacerbada, incessante, não podendo perder tempo com

brincadeiras e jogos infantis; 2) a hipercompetitividade (vitória a qualquer custo); 3) a

especialização motora precoce; 4) a racionalização e 5) a busca pelo recorde. (BRACHT,

1997).

Portanto a tarefa da Educação Física escolar foi e ainda vêm sendo enquanto um

suporte que serve de base na pirâmide esportiva, oferecendo o local para a descoberta do

talento esportivo, conforme análise de Bracht (1997):

É importante citar que o desenvolvimento da instituição esportiva não se dá

independentemente da Educação Física: condicionam-se mutuamente. A esta

é colocada a tarefa de fornecer a “base” para o esporte de rendimento. A

Escola é a base da pirâmide esportiva. É o local onde o talento esportivo vai

ser descoberto. Esta relação, portanto, não é simétrica. Por outro lado, a

instituição esportiva sempre lançou mão do argumento de que esporte é

cultura, é educação, para legitimar-se no contexto social, e principalmente

para conseguir apoio e financiamento oficial. (BRACHT, 1997, p.22).

No século passado o esporte na escola, sob a lógica do alto rendimento, começou a

ser criticado, devido ao movimento de reflexão, críticas e proposição do papel da Educação

Física na escola, reconhecido como a “crise da Educação Física”. As criticas eram

fundamentadas por modelos de tendência progressista na sociedade. Para isso, as reflexões

sobre o esporte, não aconteceram somente no campo educacional, mas também nos campos

econômicos, políticos, e culturais. E essa capacidade de estabelecer relações com os diversos

campos que dão forma à sociedade, e tornou o esporte um fenômeno social. (KUNZ, 2004).

Assis de Oliveira (2010) sintetiza as críticas direcionadas ao esporte na escola da

seguinte forma:

As críticas dirigidas ao esporte podem ser resumidas em duas dimensões,

que não se excluem e se articulam. A primeira dimensão diz respeito a essa

relação de exclusividade (sem espaço para outros temas), primazia

(prioridade quanto ao tempo e à organização do espaço) ou hierarquia

(outros temas tratados em função dele) na organização das aulas de educação

física. A segunda dimensão da crítica diz respeito à função do esporte na

escola, sustentando-se, por um lado, na idéia de que o esporte que acontece

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na escola está a serviço da instituição esportiva, na revelação de atletas,

constituindo-se na base da pirâmide esportiva e, por outro lado na dimensão

axiológica, nos valores que ele transmite, perpassa e constrói. A escola, por

meio da educação física, estaria assumindo os códigos, sentidos e valores da

instituição esportiva (ASSIS DE OLIVEIRA, 2010, p. 16, grifo nosso).

Sendo assim percebemos que dessa maneira o esporte não estaria desenvolvendo

princípios da totalidade, co-educação, emancipação, participação, cooperação e regionalismo.

Para que, possa contribuir para a formação de um indivíduo livre, capaz de se organizar, de se

posicionar de forma critica diante dos problemas surgidos, de respeitar ao próximo, de ser

autoconfiante, de praticar o esporte sabendo das suas dimensões, etc.

E com isso seja qual for à concepção pedagógica que se proponha a orientar o ensino

do esporte, esta será carregada de ideias, opiniões, interpretações da realidade advindas de

suas bases filosóficas, que influenciarão no conhecimento que será possibilitado ao estudante.

No entanto, concordamos com as ideias de Assis de Oliveira (2010) quando propõe que o

trato com o esporte da escola deve:

1. uma leitura crítica do esporte:

como produção histórico-cultural, “o esporte subordina-se aos códigos

e significados que lhe imprime a sociedade capitalista e , por isso não pode

ser afastado das condições ela inerentes, especialmente no momento em que

se lhe atribuem valores educativos para justificá-lo no currículo escolar”;e

“as características como que se reveste [...] revelam que o processo

educativo por ele provocado, reproduz, inevitavelmente, as desigualdades

sociais” (coletivo de Autores, 1992, p.70);

2. a impossibilidade de não considerá-lo como tema ou como conteúdo

da educação física:

o esporte, aceito como fenômeno social precisa ser questionado em

suas normas, suas condições de adaptação a realidade social e cultural da

comunidade que o pratica, cria e recria;

é preciso desmistificar o esporte como oferta do conhecimento que

permita criticá-lo dentro de um determinado contexto socioeconômico-político-cultural, provendo a compreensão de que a prática esportiva deve ter

o sentido/ significado de valores e normas que assegurem o direito à prática

do esporte como bem social ( Coletivo de Autores, 1992, p. 71) 3. a necessidade de transformá-lo na escola, com algumas indicações de

ordem geral:

na escola, é preciso resgatar os valores que verdadeiramente

socializam, privilegiam o coletivo sobre o individual, garantem a

solidariedade e o respeito humano e levam a compreensão de que o jogo se faz com o outro e não contra o outro;

o programa de esportes deve ser desenvolvido no entendimento da

evolução dos jogos, desde o jogo institucionalizado com regras especificas

(Coletivo de Autores, 1992, p.71);

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28

a organização do conhecimento sobre o esporte deve evidenciar o

sentido e o significado dos valores que inculca e as normas que o

regulamentam dentro do nosso contexto sociohistórico;

a organização do conhecimento não se deve desconsiderar o domínio

dos elementos técnicos e táticos, desde que não sejam exclusivos e único conteúdo da aprendizagem (Coletivo de Autores, 1992, p. 41)

O ensino do esporte deve possibilitar o seu entendimento como uma

prática social construída historicamente, que pode ser criticamente assistida

e alterada, criativamente assinada, exercida e inclusive exercida na sua

dimensão profissional (Soares, Taffarel & Escobar, 1992, p. 220). (ASSIS DE OLIVEIRA, 2010, p. 27-28).

Segundo esse pensamento o esporte visto pelo sentido pedagógico vê o indivíduo

como parte do processo, trazendo assim a relevância social que esporte realmente tem e

possibilitando a construção de uma sociedade mais crítica através do esporte e transmitindo

valores com o ensino do esporte na escola, dessa maneira o Coletivo de Autores (1992) nos

aponta que:

Sendo uma produção histórico-cultural, o esporte subordina-se aos códigos e

significados que lhe imprime a sociedade capitalista e por isso, não pode ser

afastado das condições a ela inerentes, especialmente no momento em que se

lhe atribuem valores educativos para justificá-lo no currículo escolar. No

entanto, as características com que se reveste — exigência de um máximo

rendimento atlético, norma de comparação do rendimento que idealiza o

princípio de sobrepujar, regulamentação rígida (aceita no nível da

competição máxima, as olimpíadas) e racionalização dos meios e técnicas —

revelam que o processo educativo por ele provocado reproduz,

inevitavelmente, as desigualdades sociais. Por essa razão, pode ser

considerado uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos

valores e normas dominantes defendidos para a "funcionalidade" e

desenvolvimento da sociedade. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 70-

71).

Corroborando com as ideias acima Bracht (1997) afirma que:

Assim, podemos dizer que a socialização através do esporte escolar pode ser

considerada uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos

valores e normas dominantes como condição alegada para a funcionalidade e

desenvolvimento da sociedade. Um dos papéis que cumpre o esporte escolar em nosso país, então, é o de reproduzir e reforçar a ideologia capitalista, que

por sua vez visa fazer com que os valores e normas nela inseridos se

apresentem como normais e desejáveis. Ou seja, a dominação e a exploração devem ser assumidas e consentidas por todos, explorados e exploradores,

como natural. (BRACHT, 1997, p.61).

É preciso que a escola desempenhe valores que coloque o trabalho coletivo acima do

individual, para que o aluno crie compromisso com a solidariedade e o respeito com o colega

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29

para que assim possa compreender que o jogo se faz "a dois", e de que é diferente jogar "com"

o companheiro e jogar "contra" o adversário. Respeitando esses valores nas aulas de

Educação Física, o esporte da escola, estará cada vez mais auxiliando na emancipação do

sujeito. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Sabemos que alguns professores não se preocupa com os valores em que uma aula

com esse conteúdo pode transmitir, importando assim para ele a procura do talento esportivo

dentro das aulas de Educação Física, base essa usada por alguns professores que procuram os

“mais habilidosos” para competir pela escola. Essa busca pelo talento esportivo na escola,

pode acarretar em alguns problemas na formação do aluno como aponta Kunz (2004):

— formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar

com êxito a carreira esportiva;

— a unilaterização de um desenvolvimento que deveria ser plural; — reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo

infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na

infância. Em dias que a criança treina, pode-se, grosso modo, dividir o plano de atividades da seguinte forma: de manhã das 8h às 12h, escola, à tarde das

13h30min as 15h30min estudo e tarefas escolares e das 16h às 18h

treinamento. (KUNZ, 2004, p.50).

Então percebe-se um equívoco quanto a efetivação dos objetivos com o trato do

esporte por parte de alguns professores, pois acontece sem planejamento dentro da escola,

sem associação ao projeto político pedagógico, não há discussões que esclareçam ao aluno

conteúdos que venha a colaborar com sua emancipação, muitas vezes o professor nem se

preocupar em saber qual é a realidade social em que cada aluno está inserido.

Sendo assim, os professores de Educação Física podem desmitificar a maneira de

como o esporte vem sendo trabalhado e transmitido para os alunos. Tivemos grandes avanços

quanto ao ensino e a prática esportiva dentro da escola, mas a Educação Física ainda carrega

em sua história uma proposta curricular voltada para o ensino do esporte, e em algumas

escolas esse ensino ainda é voltado principalmente para o rendimento, desta forma

entendemos que a abordagem critico-superadora,

[...] implica um processo que acentue, na dinâmica da sala de aula, a

intenção prática do aluno para apreender a realidade. Por isso, entendemos a

aula como um espaço intencionalmente organizado para possibilitar a direção da apreensão, pelo aluno, do conhecimento específico da Educação

Física e dos diversos aspectos das suas práticas na realidade social.

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 87)

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Sendo assim o desenvolvimento do esporte nas aulas de Educação Física no ensino

médio visa suplantar os limites: pela experimentação, proporcionando a vivência de diferentes

movimentos; pela aprendizagem que possibilita uma vivência que viabiliza o aprender a fazer;

em pela criatividade, que proporcionam alternativas que apontam para a solução de

problemas, contribuindo dessa forma a construção da autonomia do aluno.

Por exemplo, numa aula pode-se explicar ao aluno que um jogo de voleibol, somente

ocorre porque existe a contradição erro-acerto, fazendo-o constatar o quanto seria monótono e

desprazeroso uma partida em que a bola não caísse. Ressaltando principalmente que o erro faz

parte da construção desse esporte, desta forma o erro deixaria de fortalecer o sentimento de

fracasso para se tornar um ato educativo e o acerto não teria a sua conotação exclusiva de

vitória, disputa e de dominação. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Desta forma o professor deve sempre mostrar para seus alunos a importância do

trabalho em equipe, pois num jogo de voleibol se constitui por, (levantador, sacador, cortador,

receptor, defensor etc). Eles se relacionam dentro do jogo e sua construção não é reduzida a

ideia de equipe ou conjunto somente para vencer, mas sim na perspectiva da compreensão das

múltiplas determinações no desempenho de um jogo. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

E assim podemos afirmar que uma aula de esportes no ensino médio partindo desse

sentido aliado com a abordagem crítico-superadora, aproxima o aluno da percepção da

totalidade das suas atividades, ajudando assim a superar obstáculos no processo de construção

coletiva, uma vez que lhe permite articular uma ação (o que faz), com o pensamento sobre ela

(o que pensa) e com o sentido que dela tem (o que sente). Dessa maneira auxiliando a

compreender o processo de construção democrática e social e assim evidenciando o sentido e

o significado dos valores que inculca, e as normas que regulamentam o esporte dentro de

nosso contexto sócio-histórico. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

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5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Na presente pesquisa participaram quatro professores. Sendo dois deles do Centro

Educacional de Seabra (CES), um do Colégio Antônio Carlos Magalhães (ACM), e o outro do

CEEP em Turismo Do Centro Baiano Letice Oliveira Maciel (CEEP) sendo que essa escola

também oferta cursos técnicos.

De acordo com a faixa etária o professor 1 tem 40 anos, o 2 tem 28 anos, o 3 tem 32

anos e o 4 tem 51 anos.

Quanto ao gênero: dois são do sexo feminino e dois do sexo masculino.

O Professor 1 é licenciado em História pela Universidade Estadual de Feira de

Santana, está concluindo a graduação em Educação Física pela Plataforma Freire/UNEB (por

isso foi incluído na pesquisa), não contém pós graduação, possui 14 anos de docência,

contendo a carga horária semanal de 40hs na rede pública estadual.

O Professor 2 é formado em licenciatura plena em Educação Física pela

Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) é especialista em Metodologia do Ensino e

Pesquisa em Educação Física, Esporte Lazer na Universidade Federal da Bahia (UFBA),

possui 5 anos de docência, ensina somente na rede pública estadual, contendo a carga horária

semanal de trabalho de 40hs.

O professor 3 é formado em licenciatura em Educação Física pela União

Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), não contém pós graduação, possui 5 anos de

docência, ensina somente na rede publica estadual, contendo carga horária semanal de

trabalho de 20hs.

O professor 4 é formado em licenciatura plena em Educação Física pela

Universidade Católica do Salvador (UCSAL), têm pós em Ciências do Esporte e em

Administração de Academia sendo uma na Universidade Gama Filho (UGF) e outra na

Universidade do Estado da Bahia (UNEB), possui 22 anos de docência, contendo carga

horária semanal de trabalho de 20hs.

Sobre o papel da escola e da Educação Física.

Quando questionados sobre o papel da escola os professores entrevistados

responderam o seguinte:

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Formar cidadão, que venham contribuir para as transformações necessárias,

em buscar de uma sociedade mais justa e igualitária. (PROFESSOR 1, 2015,

p. 1).

A escola tem o papel de dividir os conhecimentos clássicos, articulando-os

com a realidade dos estudantes, professores, ou melhor, da comunidade

escolar. Além de garantir o acesso a estes conhecimentos deve estimular a produção e sistematização do conhecimento por parte dos estudantes, fazê-

los entender que o conhecimento é algo do dia-a-dia, vivo e capaz de mudar

a vida assim como ser mudado. (PROFESSOR 2, 2015, p. 1).

Formação de indivíduos críticos e preparados para enfrentar uma sociedade

cada vez mais exigente, colaborando de forma solidária e cobrando seus direitos de forma justa e coerente. (PROFESSOR 3, 2015, p. 1).

Orientar. (PROFESSOR 4, 2015, p.1).

Nesse sentido, percebemos que as respostas do Professor 1 e 3 colocam como papel

da escola desenvolver uma formação para a cidadania, para a justiça e a solidariedade,

seguindo esse pensamento Reis et al. (2013, p. 34) ressalta que:

É importante considerar que a vinculação entre educação escolar e cidadania possui um lastro histórico importante no Brasil. De modo mais amplo, talvez

esta vinculação possa ser creditada como respostas dos educadores

progressistas à experiência vivida pelos trabalhadores brasileiros no contexto da ditadura empresarial-militar que perdurou por cerca de vinte anos. Se esta

hipótese estiver correta, poderemos afirmar que a educação para a cidadania

representou um posicionamento crítico frente ao regime autoritário, à cultura política conservadora, ao clientelismo e ao patrimonialismo presentes na

vida social. Sobre o acesso ao conhecimento sistematizado, para Libâneo

(1998), o exercício para a cidadania exigiria o domínio dos conhecimentos

sistematizados como ferramentas individuais para intervenção na realidade. Apesar da perspectiva progressista da formulação, acreditamos que educar

para a cidadania é diferente de educar para compreensão dos limites

históricos e teóricos da cidadania. (REIS| et al, 2013, p.34).

Já o Professor 2 destaca a importância dos conteúdos clássicos na escola, para que

estimule o aluno a compreender os conhecimentos adquiridos no seu cotidiano.

Sobre o assunto, Libâneo (2005, p.117) diz que a escola deve proporcionar, para

todos, “o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e

afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos”.

Sobre o papel da escola, identificamos que o professor 2 aproxima em sua resposta

com a concepção da função social de escola proposta por Saviani (2011) compreendendo que

a,

[...] mediação da escola, acontece a passagem do saber espontâneo ao saber

sistematizado, da cultura popular à cultura erudita. Cumpre assinalar,

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33

também aqui, que se trata de um movimento dialético, isto é, a ação escolar

permite que se acrescentem novas determinações que enriquecem as

anteriores e estas, portanto, de forma alguma são excluídas. Assim, o acesso à cultura erudita possibilita a apropriação de novas formas por meio das

quais se podem expressar os próprios conteúdos do saber popular.

(SAVIANI, 2011, p.20).

No que diz respeito a resposta do Professor 4, identificamos um esvaziamento na sua

construção, levando-nos a questionar em qual perspectiva seria esse “orientar”? Orientar para

uma mudança? Orientar para uma manutenção? Orientar quem? O quê? E para quê?

Para nós, a partir de Gasparin (2011) o papel da escola é orientar, numa perspectiva

que traga para o aluno uma forma de pensar autônoma,

Esta fase possibilita o educando agir de forma autônoma. Todo o trabalho na

zona de desenvolvimento imediato – que neste processo se expressa nos

passos da Problematização, Instrumentalização e Catarse – encerra-se com a obtenção de um novo nível de desenvolvimento atual, no qual o aluno

mostra que se superou. Essa é a função de toda a atividade docente [...]

(GASPARIN, 2011, p. 142).

Quando questionados sobre o papel da Educação Física na escola, os professores

responderam da seguinte forma:

Para além do desenvolvimento motor, ou seja, ajudar no processo de socialização e tornar o ambiente por muitas vezes mais divertido.

Contribuir para o sentimento de coletividade e despertar do corpo que

muitas vezes é “parado”. (PROFESSOR 1, p. 1, grifo nosso)

Nossa área trabalha um conhecimento que não parece ter valor comercial

nenhum, é prioritariamente a formação humana que está sendo trabalhada, o tempo todo nos questionam para que serviria aquele conhecimento da

cultura corporal na escola deve nos lembrar que somos seres humanos

completos (corpo e mente), históricos, sociais e a cada dia podemos nos

superar e reinventar. (PROFESSOR 2, p. 1, grifo nosso)

Contribui de forma efetiva, com seus conteúdos específicos e suas particularidades, tem um contato muito próximo aos alunos desenvolve

questões voltadas a coletividade, respeito, a ética, cuidados com a saúde.

(PROFESSOR 3, p. 1, grifo nosso)

Socializar, entender a saúde como um atributo gerado pela prática esportiva,

identificar a frequência do aluno na escola e exercício de disciplina,

respeito, autocontrole e civilidade. (PROFESSOR 4, p. 1, grifo nosso)

Dessa forma, percebemos a partir das respostas dos professores (1, 3, e 4) a relação

entre o papel da Educação Física e a construção de valores como: respeito, ética, autocontrole,

disciplina e civilidade, apresenta relações históricas com as influências que a Educação Física

sofreu da instituição militar.

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Onde a instituições militares influenciaram a Educação Física no Brasil, sendo ela a

percussora no ensino do esporte. As aulas eram ministradas pelos oficiais do Exército, com

objetivos aflorar os sentimentos patrióticos e a preparação militar. Os militares tinham um

objetivo claro com a Educação Física no Brasil, criar homens fortes, disciplinados, capazes de

respeitar e defender a pátria. (CASTELLANI FILHO, 1988).

Identificamos também que para os professores 1 e 3 o papel da Educação Física na

escola é de construir valores para a ludicidade, o coletivo e a solidariedade. Sobre o assunto,

podemos dizer que ensino da Educação Física trás consigo também um sentido lúdico que

busca instigar a criatividade e a socialização dos alunos aderindo assim uma postura produtiva

e criadora de cultura, despertando uma reflexão tanto no mundo do trabalho como no do lazer

(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Já o professor 2 destaca que o papel da Educação Física é a formação humana através

da cultura corporal. No que diz respeito a resposta deste professor, vemos que há uma

preocupação com a formação dos indivíduos através da cultura corporal. Nesse sentido

sabemos que a cultural corporal é um conhecimento universal, patrimônio histórico da

humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola

(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Outro elemento que também apareceu nas respostas dos professores sobre o papel da

Educação Física foi a sua relação com a saúde e a formação da cidadania. Essa relação

apresenta coerência com os princípios dos Parâmetros Curriculares Nacionais quando aponta

que:

Entende-se Educação para a Saúde como fator de promoção e proteção a

Saúde e estratégia para a conquista dos direitos de cidadania. Sua inclusão no Currículo responde a uma forte demanda social, num contexto em que a

tradução da proposta constitucional em prática requer o desenvolvimento da

consciência sanitária da população e dos governantes para que o direito

saúde seja encarada como prioridade. (BRASIL, 1997, p. 90).

Então temos que entender que a Educação Física como disciplina escolar, tem que se

preocupar em auxiliar e incentivar os alunos a adotarem estilos de vida ativa. Todavia esse

seu papel estará restringindo se ela não for capaz de promover o exame crítico dos fatores

sociais, econômicos, políticos e ambientais diretamente relacionados a seus conteúdos

fazendo com que os alunos tenham autonomia para a prática de exercícios (FERREIRA,

2001).

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Ao analisar as respostas dos professores sobre o papel da escola, vemos que ela é um

importante meio nas lutas que objetivam uma transformação social (SAVIANI, 2011), devido

ser uma instituição que ensina, integra e socializa o conhecimento. Sendo assim, a

qualificação do ensino vai torna-se necessária, para que se garanta o conhecimento cultural

produzido, que o indivíduo possa se antecipar aos problemas a partir de analises críticas e seja

capaz de apontar possibilidades que considerem e respeitem as diversidades. Para isso é

fundamental que o corpo docente seja formado por profissionais dedicados, responsáveis e

abertos ao conhecimento, no sentido de estar sempre dialogando e buscando os melhores

caminhos para efetivar a aprendizagem.

A Educação Física tem um importante papel dentro da escola, pois é uma área do

conhecimento que se propõe a desenvolver atividades que trabalhem com a cultura corporal

expressa em nos jogos, esportes, dança, lutas e ginástica. O trabalho com estes conteúdos

devem possibilitar ao estudante a sua emancipação frente aos problemas, e a busca de sua

autonomia.

Quando questionados sobre os principais autores e livros da área da Educação

Física que os professores utilizam para organizar pedagogicamente suas aulas, as

respostas foram as seguintes:

João Batista Freire e Coletivo de Autores. (PROFESSOR 1, p. 2)

Como base fundamental o livro Metodologia do Ensino da Educação Física

do Coletivo de Autores e para auxiliar nas aulas os textos do livro didático de Educação Física do Paraná. (PROFESSOR 2, p. 2)

(Sem reposta). (PROFESSOR 3, p. 2)

Atualmente o que mais utilizo é a internet, onde se encontra informações

atualizadas. (PROFESSOR 4, p.2)

Vemos que os Professores 1 e 2 utilizam o livro Metodologia do Ensino da Educação

Física do Coletivo de Autores (COLETIVO DE AUTORES, 1992) para fundamentar e

organizarem sua aulas. Este livro expõe o tratamento metodológico da Educação Física, e

compreende a Educação Física como componente do currículo da escola, tratando temas da

cultura corporal, ou seja, os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte e

outros. Este é o conhecimento que constitui o conteúdo da Educação Física. (COLETIVO DE

AUTORES, 1992).

Sobre a abordagem Crítico-superadora podemos apontar que

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Os temas tratados aqui levam em consideração, portanto, as condições reais

do exercício profissional, a partir das quais, pretende-se que cumpram a

tarefa de auxiliar o professor no aprofundamento dos conhecimentos de Educação Física como área de estudo e campo de trabalho. Nesse sentido,

um livro de Metodologia da Educação Física não pode ser um mero

receituário de atividades, uma lista de novos exercícios e de novos jogos.

Mais do que isso, deve fornecer elementos teóricos para a assimilação consciente do conhecimento, de modo que possa auxiliar o professor a

pensar autonomamente. A apropriação ativa e consciente do conhecimento é

uma das formas de emancipação humana. Por isso mesmo, o domínio de conhecimentos permite ao professor tomar consciência de que não é um livro

que o ajudará a enfrentar os problemas da sala de aula, mas sua própria re-

elaboração dos conhecimentos e de suas experiências cotidianas.

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 17-18)

O Professor 1 aponta que também utiliza para organizar suas aulas o autor João

Batista Freire, que fundamenta a abordagem construtivista, com seu livro Educação de Corpo

Inteiro. De acordo com Freire “[...] a Educação Física não é apenas educação do ou pelo

movimento: é educação de corpo inteiro, entendendo-se, por isso, um corpo em relação com

os outros corpos e objetos no espaço" (FREIRE, 1997, p.84).

No construtivismo a preocupação metodológica é pela a construção do

conhecimento, a partir da interação do sujeito com o mundo, uma relação que é mais

importante do que o simples ensinar e aprender.

Algo que nos faz refletir sobre a organização pedagógica do professor 1 é a mistura

de referências teóricas, também conhecida como ecletismo teórico, pois a utilização de

materiais da abordagem construtivista e a utilização de materiais da abordagem crítico-

superadora em alguns momentos irão divergir. Porém não foi o foco desse estudo discutir a

abordagem pedagógica que o professor utiliza em sua prática. Mas entendemos que o trato

com o conhecimento esporte, que é o objeto deste estudo, será diferenciado a depender da

abordagem pedagógica escolhida pelo professor.

A resposta do Professor 2 tem um dado interessante, que é a utilização do livro

didático de Educação Física do Paraná, livro que teve início de sua criação no ano de 2003,

sendo ele assim consolidado em 2006. Projeto esse que teve o apoio da Secretaria de Estado

da Educação do Paraná/Superintendência da Educação, do Departamento de Ensino Médio e

do Projeto Folhas. O livro hoje se encontra em todas as escolas da rede pública do Paraná,

dando suporte para os professores de Educação Física do Estado. Tendo como apoio

metodológico do livro metodologia do ensino da Educação Física do Coletivo de Autores

(1992), utilizando como principal assunto, a cultura corporal na abordagem critico-

superadora. (OLIVEIRA; MEZZAROBA, 2012)

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O professor 3 não respondeu a questão, nos colocando a dúvida do seu embasamento

teórico para organizar suas aulas de Educação Física e o trato com o esporte.

Na resposta do Professor 4, o mesmo aponta que sua base teórica são as fontes da

internet. A partir dessa situação, levantamos alguns questionamentos sobre essa forma de

fundamentar: Quais assuntos são esses? Há uma preocupação com legitimidade dos sites, em

questão com os conteúdos selecionados? Essa busca é feita em bancos de dados, periódicos ou

revistas que trata dos conteúdos da Educação Física?

Sobre o processo de seleção do conhecimento, entendemos que o conteúdo da

Educação Física precisa ter relevância social, ser contemporâneo, adequado à capacidade

cognitiva e à prática social do aluno, respeitar o princípio da simultaneidade, uma vez que as

decisões dos professores estarão apontando na direção das suas crenças, ideias, e

influenciarão diretamente na formação de seus estudantes. (COLETIVO DE AUTORES,

1992).

Ao questionarmos sobre qual abordagem pedagógica da Educação Física os

docentes mais se identificavam, tivemos as seguintes respostas:

Critico-emancipatória, porém não sigo ao pé da letra, pois as aulas de Educação Física apresentam-nos desafios que as teorias não conseguem dar

conta. Mas é importante abordar temas com uma visão crítica e emancipatória.

(PROFESSOR 1, p. 2-3 grifo nosso).

Crítico-superadora. Concordo com a proposta que é necessário estabelecer

uma critica à realidade e construir possibilidades de superação para as

problemáticas identificadas. (PROFESSOR 2, p.2-3, grifo nosso).

Construtivismo, no qual o conhecimento não tem um dono, deve ser

construído por todos. (PROFESSOR 3, p.2-3 grifo nosso).

Construtivismo. Para aumentar a autoestima do aluno. (PROFESSOR 4, p.2-

3, grifo nosso).

Na resposta do professor 1 ele traz como base a abordagem pedagógica crítico-

emancipatória. Esta proposta refere-se à concepção crítico-emancipatória, abordagem que se

desenvolve no Brasil a partir da década de 1990, tendo como principal referência o professor

Elenor Kunz e a sua obra o livro Ensino e Mudança (1991) Transformação Didático-

Pedagógica do Esporte (KUNZ, 1994).

A referida obra tem como objetivo servir de base teórica para o desenvolvimento de

aulas de educação física, principal como a formação de sujeitos críticos, autônomos,

desenvolvendo-os na sua formação como sujeito livre e emancipado com competência da

autonomia. A abordagem acredita que o trabalho, no processo educacional, direcionado à

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aprendizagem motora vai atender as necessidades, biológicas, psicológicas, sociais, e

culturais. O principal conteúdo da teoria crítico-emancipatória é o esporte, porém o esporte

em uma transformação didático-pedagógica. Com isso é necessário identificar o sentido

central do se-movimentar dentro de cada modalidade esportiva, já que, é através do

movimento que o ser humano interage com o meio em que vive. (KUNZ, 1994)

Uma teoria pedagógica no sentido crítico-emancipatório precisa, na prática,

estar acompanhada de uma didática comunicativa, pois ela deverá

fundamentar a função do esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional. E uma racionalidade com o sentido do esclarecimento

implica sempre uma racionalidade comunicativa. Devemos pressupor que a

educação é sempre um processo onde se desenvolvem “ações

comunicativas”. O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que

significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação fucional, mas a

capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, através da reflexão crítica. (KUNZ, 2004, p. 31)

No que diz respeito ao professor 2 a abordagem utilizada é a crítico-superadora, que

baseia-se nos pressuposto da Pedagogia Histórico-crítica de Dermeval Saviani e também no

Materialismo Histórico-dialético de Karl Marx.

A escola, na perspectiva de uma pedagogia crítica-superadora aqui

defendida, deve fazer uma seleção dos conteúdos da Educação Física. Essa seleção e organização de conteúdos exige coerência com o objetivo de

promover a leitura da realidade. Para que isso ocorra, devemos analisar a

origem do conteúdo e conhecer o que determinou a necessidade de seu ensino. Outro aspecto a considerar na seleção de conteúdos é a realidade

material da escola, uma vez que a apropriação do conhecimento da Educação

Física supõe a adequação de instrumentos teóricos e práticos, sendo que

algumas habilidades corporais exigem, ainda, materiais específicos. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 63-64).

Essa abordagem acredita que os alunos precisam aprender conteúdos da realidade e

não somente decorar e praticar naquele instante, e para isso é necessário uma ligação entre o

conteúdo e a realidade de cada aluno, para assim entender o significado para sua vida.

Visando assim uma construção ampla para construção do conhecimento, usando o discurso da

justiça social para assim ajudar na formação do aluno, com a finalidade que esse seja inserido

na sociedade. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Se tratando das respostas dos Professores 3 e 4, ambos utilizam a abordagem

construtivista, como já dissemos nesse trabalho o autor que fundamenta essa abordagem é

João Batista Freire. Essa abordagem coloca o aluno como construtor do conhecimento, a

partir da interação com o meio resolvendo problemas. Tendo como principal conteúdo o jogo,

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pois essa abordagem acredita que a criança enquanto joga ou brinca está aprendendo, sendo

que esse aprender deva ser num ambiente lúdico e prazeroso. (FREIRE, 1997).

Sobre o conceito e classificação do esporte.

Ao questionarmos sobre o conceito de esporte utilizado pelos professores, os

entrevistados responderam o seguinte:

Cooperativo, ou seja, desconstruir e diminuir a competitividade (PROFESSOR 1, p. 1-2)

O esporte é uma atividade recente, desenvolvida a partir das necessidades da burguesia produzir uma atividade física para seus filhos, como forma de

lazer, e que traz a sua estrutura e essência os princípios dessa classe e da

organização social e capitalista. É uma atividade com regras fixas, competitiva e que super valoriza as habilidades individuais. Porém, assim

como todo conhecimento, este também pode ser reinventado e

ressignificado. (PROFESSOR 2, p. 1-2)

Esporte com foco educacional, lúdico, no qual vencer ou perder é

secundário. Destacando a importância de valorizar o próximo, sem o qual

muitas vezes não se tem colegas de time ou adversários. (PROFESSOR 3, p. 1-2)

Saúde, experiência e resgate cultural. (PROFESSOR 4, p. 1-2)

Vemos uma semelhança nas respostas dos Professores 1 e 3 onde o trato com o

esporte é de desconstruir a competição na escola, então identificamos semelhança com o

conceito de esporte em Tubino (1992) onde aborda que o esporte escolar, tem como finalidade

a formação para a cidadania, sendo um esporte apoiado nos princípios, no qual a inclusão

fortifica a democratização da pratica esportiva, e o esporte na escola que tem como finalidade

dar oportunidades de uma pratica diferenciada para aqueles jovens que possuem talentos e

biótipos adequados para determinadas modalidades esportivas. O que não é todo ruim, pois

não há mal algum em usufruir de suas habilidades, no entanto, esses indivíduos acabam

muitas vezes perdendo sua identidade, tornando-se apenas um objeto do e para o mercado.

Desta forma o esporte fundamentalmente educativo, necessita exigir dos seus praticantes o

direcionamento correto. Onde os mesmos compreendam o esporte – educação como uma

manifestação educacional.

Na resposta do Professor 2 vemos uma preocupação com o modelo capitalista em

que o esporte foi sendo direcionado. Sobre o assunto Reis et al. (2013) aponta que:

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O esporte, dentro dessa perspectiva, carrega valores e os padrões de

desenvolvimento do Estado liberal. Difunde uma forma de convívio e inspira

desejos de mudanças individuais. Aproxima as classes sociais, ocultando o antagonismo político-econômico e a relação de exploração existente entre

elas. Ou seja, um produto da sociedade industrial, que vem servindo, em

larga medida, como elemento de difusão do ideário e dos interesses da classe

dominante. (REIS et al., 2013, p. 95).

.

Identificamos também que o conceito de esporte apresentado pelo professor 2

apresenta uma semelhança com o conceito discutido por Assis de Oliveira (2010, p. 18) onde

aponta que o esporte é “[...] uma atividade corporal de movimento com caráter competitivo

surgida no âmbito da cultura europeia por volta do século XVIII, e que com esta, expandiu-se

para o resto do mundo.”

Então vemos que o esporte tem o caráter competitivo em sua essência, então por isso

a preocupação de desmistificar essa competição do esporte na escola, pois o esporte que é

tratado na escola é entendido, Kunz (1994, p. 119) “enquanto cópia irrefletida do esporte

competição ou de rendimento, só pode fomentar vivências de sucesso para uma minoria e o

fracasso ou vivência de insucesso para a grande maioria.”.

Desta forma dialogamos também com as respostas anteriores, pois o modo capitalista

apresentado pelo Professor 2 estimula a competição e a valorização das habilidades

individuais, onde aquele indivíduo que tem menos habilidades é excluído do processo de

construção do esporte.

Já na resposta do Professor 4, percebemos um esvaziamento, pois não conseguimos

identificar que saúde é esta em que ele está falando, e qual resgate cultural é este? No que diz

respeito a saúde tratada na resposta do Professor 4, Reis et al. (2013) faz uma crítica sobre o

modelo que é defendido:

A pretensa saúde relacionada à prática do esporte, é tão defendida

pelos Organismos Internacionais e governos, serve duplamente à reprodução do capitalismo. Se de um lado, busca convencer as pessoas

de que a “ausência de saúde” é uma escolha consciente e natural de

hábitos não saudáveis, por outro, busca ocultar as contradições do modo de vida\trabalho em uma sociedade de classes. (REIS et al.

2013, p. 98)

Então dessa forma o esporte se torna um importante instrumento para que toda essa

estrutura ideológica seja dinamizada, para que assim se mantenha todas as relações sociais

capitalistas, estrutura de organização social essa que não permite que todos tenham condições

de vida e trabalho dignas, e acesso igualitário a tecnologias e serviços de saúde (REIS et al.,

2013).

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Ao perguntarmos sobre a classificação de esporte ele utilizavam na organização de suas

aulas tivemos as seguintes respostas:

Cooperativo e divertido. (PROFESSOR 1, p. 2)

Cito nas aulas esporte de alto-rendimento, a proposta do esporte para todos e

diferencio o esporte de jogos. (PROFESSOR 2, p. 2)

Não. (PROFESSOR 3, p. 2)

Esporte saúde e Esporte competição. (PROFESSOR 4, p. 2)

Identificamos que os professores não apresentaram em suas respostas qual a

classificação que utilizam para o ensino do esporte. Eles reafirmaram as dimensões do

esporte. O Professor 1 destacou a dimensão da cooperação e ludicidade, na qual podemos

aproximar com a dimensão em que Valter Bracht (2005) aponta do esporte enquanto atividade

lúdica e de lazer. Já os professores 2 e 4 apontaram que utilizam as dimensões do esporte

competição ou alto-rendimento. E o professor 3 não respondeu.

Sobre a compreensão do esporte enquanto cooperação Brotto (1999, p. 75) resalta

que eles “surgiram da preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e à

competição exacerbada, na sociedade moderna, mais especificamente, pela cultura ocidental”.

Forma essa que era considera como um valor natural e normal da sociedade, pois a

competição era tratada em todos os setores da vida social como uma regra. (BROTTO, 1999).

Então o esporte tratado como cooperativo traz consigo a estrutura de um esporte sem

competição, onde todos participam, ou seja, “ninguém ganha” “ninguém perde”. Tirando

dessa forma, a competição da escola, e aquela ideia de que a Educação Física na escola sirva

de “garimpo” para a descoberta de talentos esportivos.

No que diz respeito as respostas dos professores 2 e 4 percebemos que eles utilizam o

esporte de rendimento kunz (2004) relata um sentido importante que o esporte de rendimento

traz:

menos no sentido econômico. São investidas somas extraordinárias para que resultados cada vez melhores sejam alcançados. E a ciência que está à sua

disposição não é uma ciência com interesse no ser humano ou na dimensão

social do esporte, mas com interesse tecnológico e de rendimento. Essa ciência toma os indivíduos praticantes desse esporte como objetos de

manipulação, objetos à sua disposição para “trabalhá-los” de forma externa a

eles próprios para o aperfeiçoamento físico-técnico. (KUNZ 2004, p. 23)

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Porém o trabalho com esporte dentro da escola, segundo Kunz (2004) deve levar o

estudante a desmitifica-lo, ou seja, critica-lo dentro de um determinado contexto

socioeconômico-político-cultural.

.

Quando questionados sobre a importância do esporte enquanto conteúdo nas

aulas de Educação Física para a formação dos alunos obtivemos as seguintes respostas:

Importantíssimo, pois através do esporte podemos trabalhar diversos

conceitos, pois vivemos em grupo onde liderança, cooperação, coletividade entre outros surgem. Mas principalmente a diversão e as memórias dos

momentos esportivos na escola e nos torneios (PROFESSOR 1, p. 4).

Assim como qualquer outro conteúdo, foi selecionado pela importância histórica e social para a humanidade. Ele deve contribuir para a compreensão

da historia da humanidade e o próprio processo de construção histórica.

Perceber a capacidade humana de criar e ressignificar segundo seus interesses (PROFESSOR 2, p. 4).

O esporte é uma das boas invenções humanas, principalmente por se

estruturar em regras e desenvolver valores como respeito, ética, senso de coletividade, cooperação, além dos reflexos positivos na saúde, no corpo tais

como força, coordenação motora, agilidade e capacidade estratégicas

(PROFESSOR 3, p. 4).

Obedecer a regras, ter limites (PROFESSOR 4, p. 4)

Identificamos que as respostas dos professore 1 e 3 apresentaram uma semelhança no

sentido que os dois tratam que o conteúdo esporte proporciona aos alunos o sentimento de

coletividade e cooperação, desenvolvendo valores que o esporte trás em sua conjuntura. Mais

as duas respostas contém suas particularidades, por exemplo, o professor 1 ele aponta que o

esporte proporciona memórias de momentos esportivos na escola e nos torneios, há uma

preocupação com os torneios na escola pois dependendo da forma de como estar sendo posto

para estes jovens, os levará a reproduzirem os valores e normas do esporte que encontram na

televisão, nas ruas, na internet, etc.

Já se tratando da resposta do professor 3 ele aponta alguns aspectos peculiares do

esporte, como, saúde, força, coordenação motora, agilidade e capacidade estratégicas, sendo

assim Kunz (2004) destaca que o esporte voltado para a aprendizagem motora, tendo em vista

a desenvolvimento de habilidades e técnicas do esporte, deverão ser incluídos conteúdos de

caráter teórico-prático que tornam o fenômeno esportivo transparente, permitindo aos alunos a

melhor organização da realidade do esporte, dos movimentos e dos jogos de acordo com as

suas possibilidades e necessidades.

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No que diz respeito a resposta do professor 2 vemos que ele aborda a importância

histórica e social que o esporte construiu ao longo do tempo pela ação humana, o pensamento

do professor nos remete em pensar que:

O esporte se evidencia de forma global, trazendo consigo uma lógica e

características padronizadas que o distinguem de outras práticas sociais, que

lhe conferem uma homogeneidade capaz de permitir a realização de trocas esportivas em escala mundial. Em contrapartida, também se vislumbra uma

heterogeneidade na forma com que o esporte é apropriado em diferentes

contextos e por diversos grupos culturais particulares, o que aponta para uma diversidade cultural desse universo. (BRACHT, 2005, p. 9)

Analisando a resposta do professor 4 percebemos que ele fala do trato com a regra,

na questão de ter limites, mas existe um esvaziamento no sentido da importância do conteúdo

esporte nas aulas de Educação Física, para que possamos entender a importância desse

conteúdo na escola, Bracht (1997) ressalta que devido a necessidade de adequar alguns

aspectos próprios do esporte para a realidade educacional. Neste contexto, a escola, como

instituição social, pode produzir uma cultura escolar de esporte que oriente o estudante na sua

formação, já que os esportes coletivos podem contribuir para o estabelecimento de conceitos

básicos de cidadania, de desenvolvimento dos aspectos afetivos, sociais, cognitivos, culturais

e biológicos.

Sobre os procedimentos didáticos no ensino do esporte.

Sabemos que para desenvolver uma aula o professor de Educação Física tem que ter

organização do trabalho pedagógico, partindo desse pensamento pedimos para que os

professores descrevessem de qual maneira eles ministram suas aulas com o conteúdo

esporte, com isso tivemos as seguintes descrições:

Primeiramente, contextualizo historicamente o esporte falando seu desenvolvimento e as perspectivas atuais. Depois inicio usando o lúdico até

chegar nas táticas e técnicas dos fundamentos. (PROFESSOR, 1, p. 3)

Inicio a unidade sempre com a parte conceitual, pergunto quais os esportes

conhecem, quais já praticaram e o que identificam o que há em comum

neles. Para mim fazê-los perceber as regras, a sua construção e objetivo fim do esporte escolhido para a aula é fundamental. Uma turma escolheu

trabalhar\estudar o vôlei, fizemos na sala o desenho da quadra e as posições

base para o rodízio, em quadra trabalhamos o saque por baixo com base no

movimento de pêndulos, assim identificariam o momento certo para bater na bola e a posição da mão que segura a bola. (PROFESSOR, 2, p. 3)

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O passo inicial é a reunião todos os alunos expondo o que ocorrerá e os

objetivos, logo em seguida a atividade propriamente dita, com paradas para

chamar atenção em relação as regras, fundamentos e o respeito ao próximo, para ao final da aula fazer observações do que deu certo e o que precisa

melhorar. (PROFESSOR, 3, p. 3)

Esporte em seu conceito está voltado para competição então ensino este conceito, falo sobre regras, federações, confederações e posteriormente

prática. (PROFESSOR, 4, p. 3)

Percebemos que na resposta do professor 1 ele contextualiza historicamente o esporte

até chegar nas perspectivas atuais, utilizando o lúdico para desenvolver suas aulas para assim

depois chegar nos fundamentos de cada modalidade. As respostas dos professores 2 e 3 se

assemelham, no sentido em que os dois, questionam os alunos a respeito dos esportes, e assim

ensinam as regras e fundamentos das modalidades esportivas escolhidas pelos alunos, dessa

maneira, Kunz (2004) aponta que:

Para a descoberta e a compreensão de significados a partir de experiências

com o movimento nos esporte, é importante filtrar, inicialmente, os significados centrais encontrados em cada modalidade esportiva, o que deve

permanecer. Assim, é fácil descobrir em cada modalidade esportiva quais

são esses elementos significativos centrais. (KUNZ, 2004, p. 128-129)

Na resposta do professor 4 ele enfatiza o esporte competição em seu conteúdo

ministrado em suas aulas, apontando assim suas regras, e as federações e confederações

existentes no mundo do esporte, sabemos que esse modelo não é o mais adequado pra o

ensino do esporte na escola, dessa forma refletimos que é importante resgatar na escola os

princípios do esporte que realmente “[...] socializam, privilegiam o coletivo sobre o

individual, garantem a solidariedade e o respeito humano e levam à compreensão de que o

jogo se faz com o outro e não contra o outro.” (ASSIS DE OLIVEIRA, 2010, p. 28). E no

modelo de competição esses valores são deixados de lado, pois o seu objetivo principal é a

vitoria a qualquer custo. Pois acreditamos que as aulas de esporte devam ter os seguintes

elementos:

1. Evidenciar e esclarecer o problema básico na encenação do esporte;

2. Destacar a importância das situações de encenação e seu significado individual e coletivo;

3. Favorecer a responsabilidade individual e coletiva no processo de

encenação do esporte; 4. Aceitar diferentes soluções para diferentes situações de encenação

5. Orientar-se nas vivencias e experiências subjetivas dos participantes

para problematizar sempre novas situações. (KUNZ 2004, p.74)

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Perguntamos aos professores também, a questão dos espaços físicos que eles

utilizam para ministrar suas aulas, quando questionados sobre isso, tivemos as seguintes

respostas:

A sala de aula, o campo e a quadra. (PROFESSOR, 1, p. 3).

Sala de aula, quadra e algum espaço aberto que esteja disponível, caso

necessário. (PROFESSOR, 2, p. 3)

Quadra (PROFESSOR, 3, p. 3).

Atualmente dou aula na zona rural, não tenho quadra. Teoria na sala e

pratica na rua. (PROFESSOR, 4, p. 3).

Percebemos que os professore 1, 2 e 3 utilizam os espaços existentes na escola, pois

sabemos que muitas vezes esses espaços são de pouca qualidade, devido a pouca valorização

que é dada a essa disciplina na escola, que por muitas vezes os professores precisam,

“improvisar” para poder ministrar suas aulas, dificuldade essa encontrada pelo professor 4 que

atua em uma extensão da escola em que ensina, que fica localizada na zona rural do município

de Seabra-ba, onde se utiliza a rua como espaço para suas aulas práticas de Educação Física.

Sabemos que falta de investimentos na estruturação dos espaços didáticos destinados

às aulas de Educação Física é um processo histórico de negação à cultura corporal, em que a

Educação Física escolar sempre esteve atrelada a prática corporal, estabelecendo assim uma

ideia restrita da Educação Física, não reconhecendo a sua importância no currículo, pois

sabemos a importância do espaço físico para o desenvolvimento de nossas aulas,

principalmente com o conteúdo do esporte. (BAHIA et. al, 2013).

Para compreendermos melhor, vamos ver a crítica que Celi Taffarel diz a respeito

dos investimentos na infra-estrutura para a Educação Física escolar na entrevista feita no

artigo de Macedo e Goellner (2012):

Tem investimento, na política pública para a educação física escolar, o

esporte de lazer para a saúde, mas, são irrisórios, são muito pequenos frente as demandas de nosso país continental. Nós temos mais de 5.000 municípios

e, se você for de município à município, perguntar pelas instalações,

espaços, tempos, equipamentos, programas, pelos professores, você vai ver a grande ineficiência. Se perguntar pelo financiamento, pela aplicação dos

recursos públicos, você vai verificar que, do produto interno arrecadado no

município, 0,04 % é aplicado em esporte e lazer. Assim o Brasil não dará

conta de assegurar para população, espaços, tempos, equipamentos, profissionais, programas à altura do que é necessidade da classe trabalhadora

no que diz respeito a acessar e poder desenvolver um dos elementos

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importantíssimos cultura humana, que é a cultura corporal. São necessários

investimentos para além dos que existem atualmente! Observando o

orçamento geral da união, verificaremos que o percentual aplicado no campo das políticas públicas de esporte é de 0,04 %, o que é muito pouco. Agora

estão sendo realizados grandes investimentos porque é uma situação

excepcional que vai passar, isso é uma década e acabou. São os

investimentos na construção de megaeventos que requerem megaespaços. Verificamos pelos fatos que teremos instalações, mas são instalações para

megaeventos e não para universalizar e democratizar espaços, equipamentos.

Nós nos posicionamos no sentido de defender que só deveríamos ter megaeventos quando tivéssemos assegurado o lastro nacional qualitativo no

campo da cultura esportiva, isso significa, ter garantido dentro da escola as

condições objetivas, os programas e os professores para conduzir bem a

Educação Física Escolar. Para termos nos municípios, nas cidades de pequeno, médio e grande porte, a infraestrutura para que a população acesse

o conhecimento, acesse as práticas esportivas e as práticas corporais há

muito a se fazer e a geração mais jovem terá que lutar muito, muito, muito, muito, para poder superar estes obstáculos, principalmente do financiamento,

que desvia recursos públicos para o setor especulativo parasitário da

economia e não prioriza as políticas sociais dentro das quais estão as políticas educacionais e as políticas de esporte. (MACEDO; GOELLNER,

2012, p. 70-71).

Quando questionados se a escola oferecia atividades esportivas para os alunos

fora do horário das aulas, os professores responderam da seguinte forma:

Não. (PROFESSOR, 1, p. 3).

Não. Não há materiais disponíveis, nem profissionais. (PROFESSOR, 2, p. 3).

Sim, são 2 turmas trabalhando com o futsal e handebol, idade aberta e

turmas mistas. (PROFESSOR, 3, p. 3).

Não. (PROFESSOR, 4, p. 3).

Analisando as respostas dos professores 1, 2 e 4 percebemos que não há atividades

esportivas nos horários opostos as aulas, a exceção foi do professor 3, onde ele aponta que

trabalha com duas turmas de idade aberta com turmas mistas, com ênfase nas modalidades do

futsal e do handebol. Julgamos importante momentos como esse na escola, pois pode ser um

momento de descontração, onde os alunos podem vivenciar experiências esportivas que tenha

caráter lúdico, visto que, “devem haver sempre momentos na vida da pessoa, seja adulto,

criança ou adolescente, em que a expressão de sua natureza sensível, comunicativa, alegre e

prazerosa seja possibilitada.” (KUNZ 2004, p. 121).

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Outra pergunta feita aos professore, foi sobre o ensino das modalidades

esportivas, (Handebol, Voleibol, Futebol, Futsal, Basquetebol, Atletismo, etc.) e de qual

maneira ele as distribuía em seu plano de ensino, tivemos as respectivas respostas:

Infelizmente algumas modalidades não são possíveis de serem realizadas,

pois demanda espaço físico adequado. O basquete, por exemplo, porém improviso um basquete com bola de tênis e cesta de lixo na sala de aula. Mas

costumo dividir por serie e unidade. (PROFESSOR, 1, p. 4).

Não da tempo, nem temos espaços e material de trabalhar todas as

modalidades, por isso escolho com eles duas modalidades para trabalhar.

Dividimos na escola os conteúdos por anos, 1 ano – ginástica e esportes, 2 ano – dança, lutas e jogos e 3 ano revisamos todas os conteúdos com a

proposta de intervir na sociedade. (PROFESSOR, 2, p. 4).

Handebol I unidade, Voleibol II unidade, Futsal de maneira alternada na I e II unidades, e na III trabalhando de forma efetiva, IV variação de ambos os

esportes. Não trabalhamos com basquete e atletismo. (PROFESSOR, 3, p.

4).

A cada unidade trabalho um ou dois esportes. (PROFESSOR, 4, p. 4).

Nas respostas dos professores 1 e 2 nos deparamos com o problema do espaço físico

para a pratica de algumas modalidades, onde o professor 1 improvisa uma sexta de lixo em

sala de aula para a pratica do basquete. A unanimidade foi a sistematização por unidade das

modalidades esportivas.

Sobre o processo de seleção de conteúdo para o ensino entendemos que:

Os conteúdos selecionados, organizados e sistematizados devem promover

uma concepção científica de mundo, a formação de interesses e a

manifestação de possibilidades e aptidões para conhecer a natureza e a

sociedade. Para isso, o método deve apontar o incremento da atividade criadora e de um sistema de relações sociais entre os homens. (COLETIVO

DE AUTORES, 1992, p. 87).

O ensino sistematizado das modalidades esportivas é fundamental, porém deve ser,

dentro de uma pedagogia que busca a emancipação e autonomia do estudante, também,

ensinado outros aspectos presentes nesses conteúdos, como os benefícios das práticas, como

se desenvolveram determinados cada modalidade durante os tempos e a sua relação com a

época, a importância deste conhecimento na formação do estudante.

Quando questionados sobre o ensino da técnica esportiva, os professores nos

deram as seguintes respostas:

Trabalhar os fundamentos é importante, só que não deve ser o fim e

vim o meio para ensinar. Costumo misturar técnicas através dos

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treinamentos “clássicos”, e enfatizando o lúdico como inclusão de

toda turma. (PROFESSOR, 1, p. 4).

Sim. Algumas aulas específicas trabalhamos algumas técnicas básicas.

Mas não é critério de avaliação a execução perfeita dos movimentos. (PROFESSOR, 2, p. 4).

Na medida do possível sim, variando as ações, o material, a maneira

de executar. (PROFESSOR, 3, p. 4).

Sim, através de jogos educativos. (PROFESSOR, 4, p. 4).

Podemos perceber que todos os professores ensinam as técnicas esportivas em suas

aulas, mas é importante frisar as respostas dos professores 1 e 2 onde identificamos uma

preocupação com a questão da maneira em que se é ensinada essa técnica, pensamento que se

assemelham com o de Kunz (2004) quando ele aponta em seu livro que:

Aqui o ensino dos esportes não tem compromisso de desenvolver uma

aproximação técnica do gesto esportivo com relação a um padrão preestabelecido, ou uma destreza técnica do esporte que se pretende alcançar

com exercícios simplificados. Pode até acontecer que, de acordo com

determinado padrão, como no exemplo do Fosbury no Salto em Altura, possa ser alcançado com certa perfeição do gesto técnico, mas é secundário.

(KUNZ, 2004, p.128).

Dando continuidade a essa discussão, Kunz (2004) ressalta que é importante garantir

o ensino das técnicas esportivas, mesmo que o aluno não tenha condições físicas e técnicas

para realizar com “certa” perfeição movimentos técnicos da modalidade em questão, pois:

Essa “perfeição” se concretiza no nível do prazer e da satisfação do

aluno e não no modelo de competição, pois não é tarefa da escola

treinar o aluno, mas ensinar-lhe o esporte, de forma atrativa, que inclui

a sua efetivação prática. (KUNZ, 2004, p. 126).

Questionamos também se os professores ensinavam as regras esportivas aos

seus alunos, quanto a esse questionamento as respostas foram:

Aos poucos, em cada aula acrescentando jogos utilizando algumas regras até

atingir o todo. Também, peço que criem regras e modifiquem algumas.

(PROFESSOR, 1, p. 4-5).

Sim, porém de forma muito superficial. No decorrer das aulas vou

acrescentando exigências, ou quando é o caso do futebol ou futsal, onde todo mundo sabe um pouco, vamos combinando quais seguimos a risca ou não.

(PROFESSOR, 2, p. 4-5).

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Sim, inicialmente nas aulas teóricas com pesquisas previas pelo próprio

alunado e explanações usando o quadro, data show, vídeos, para depois de maneira pratica cobras nas aulas em quadra. (PROFESSOR, 3, p. 4-5).

Sim, através dos educativos. (PROFESSOR, 4, p. 4-5).

Identificamos nas respostas dos professores 1 e 2 uma certa semelhança, onde ambos

vão apresentando as regras no decorrer das aulas, o professor 1 ainda enfatiza que pede para

os alunos que criem suas próprias regras. O professor 3 utiliza primeiramente aulas teóricas

para depois ensinar as regras em suas aulas práticas, fazendo assim uma sequencia pedagógica

entre teoria e prática para o ensino das regras esportivas, já no que diz respeito o professor 4

percebemos que ele garante o ensino das regras, mas não conseguimos identificar quais

conteúdos educativos ele utiliza para o ensino das regra.

E assim de acordo com os pensamentos dos professores, destacamos que o ensino

das regras esportivas:

[...]ensina a respeitar as regras do jogo (já que todos são iguais perante a lei, devemos respeitá-la, sem discutí-la), ensina a vencer (no jogo e na vida)

através do seu esforço pessoal (às vezes tem que, momentaneamente, aliar-se

a outro ou outros para atingir este objetivo, processo que os pedagogos do esporte chamam de cooperação ou companheirismo)[...](BRACHT, 1997, p.

62)

A partir disso não podemos deixar de ressaltar a critica que Bracht (1997) faz em

relação ao ensino das regras esportivas apontando que o ensino dos esportes nas escolas

enfatiza o respeito incondicional e irrefletido às regras dando desta forma para o esporte um

caráter estático e inquestionável, trazendo para os alunos visão menos critica, que não se

preocupa em discutir sobre questões das regras esportivas em relação com o próximo, fazendo

assim a não reflexão e ao questionamento, mas sim ao acomodamento.

Outra pergunta que fizemos foi em relação ao ensino das táticas esportivas, quanto

a essa temática os professores responderam da seguinte forma:

Só durante as competições onde formamos as equipes. Porém não é o

foco, mas faz-se necessário. (PROFESSOR, 1, p. 5).

Discuto com eles a importância da organização da equipe, do seu

reconhecimento em pontos fortes e fracos, mas as táticas usadas nos

esportes profissionalmente não. (PROFESSOR, 2, p. 5).

Não. (PROFESSOR, 3, p. 5).

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Não, as vezes. Não tenho como objetivo formar atletas. (PROFESSOR,

4, p. 5).

Ao analisar a resposta do professor 1 identificamos que a preocupação principal com

o ensino das táticas é quando a escola está participando de alguma competição, ressaltando

que não é o foco mas que é necessário garantir esse conteúdo. O professor 2 destaca a

importância da organização em equipe, mas o ensino das táticas usadas nos esportes de

rendimento não se é ensinado. Os professores 3 e 4 não ensinam essa temática.

Desta maneira, o Coletivo de autores (1992) salienta que devemos tomar cuidado,

pois o aprendizado do esporte, enfatizando que os alunos tenha que aprender o domínio dos

elementos técnicos-táticos e as precondições fisiológicas para sua pratica, comprova

claramente que a finalidade dele é atribuída e somente a vitória na competição, colocando-o

como fim em si mesmo.

Também sobre o assunto Kunz (2004) fala:

Portando não é apenas a transformação prática do esporte que deve acontecer (de uma pratica exigente para uma prática menos exigente em relação ao

aluno, o que acontece também na busca de alternativas para introduzir ou

iniciar melhor o aluno em alguma modalidade) mas, principalmente, a

compreensão das possibilidades de alternativas do sentido dos esportes. .

(KUNZ, 2004, p. 127)

E assim entendemos que o ensino das táticas deve garantir ao aluno em sua forma

inicial a análise da estrutura das modalidades esportivas, no nosso entendimento os

professores precisam conhecer variadas metodologias sobre o ensino dos esportes. Para assim

garantir aos alunos, experiências prazerosas com o ensino das táticas esportivas não no seu

formato de competição, mas sim na sua forma lúdica.

Quando questionados quais outros conhecimentos a respeito do esporte eram

ensinados para além das regras, da técnica e da tática, obtivemos as seguintes respostas:

Principalmente os de historias e sociologia, pois estamos tratando de um

tema recheados de historicidade, onde a questão social de classe surge

naturalmente. (PROFESSOR, 1, p. 5).

Organização coletiva, capacidade de mudar a realidade quanto as

necessidades, desvendar a verdade diante de alguns mitos, ex. O Brasil é o

país do futebol! Pesquisas que desenvolvemos demonstrou que isso não é condizente com a nossa realidade. (PROFESSOR, 2, p. 5).

A história destas atividades como meio de valorização destas criações os aspectos culturais, a contextualização, a repercussão na mídia das ações

dentro de cada esporte. (PROFESSOR, 3, p. 5).

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Política. Mostro a eles que se não temos material e quadra e tomamos 7 x 1

na copa, é por que temos um governo sem interesse em educação e esporte. (PROFESSOR, 4, p. 5).

Identificamos que as respostas dos professores 1 e 3 se semelham, pelo fato de

tratarem da historia do esporte e sua relação com a sociedade, no que diz respeito a luta de

classes, e também o espaço que ele ocupa na mídia. Quanto a esse modelo apresentado pelos

dois professores, Reis et al. (2013) entende,

[...] que a condição da transformação da sociedade, ou seja, a sociabilidade

historicamente emancipada, livre da dominação de classe, será fruto da

capacidade de enxergamos a contradição e nela atuarmos no sentido de

superá-la política e economicamente. O que deve ser extirpado da historia dos homens não é o esporte, mas as relações de produção que amoldam

culturas e mentes para servir à dominação de uma classe sobre a outra.

(REIS et al. 2013, p. 99)

O professor 2 relatou a importância do ensino critico através do esporte, a questão de

alguns mitos que rodeiam esse fenômeno ao longo de sua história, onde ela enfatiza a questão

do mito que o Brasil é o país do futebol, sabemos que ao longo do tempo o futebol vem sendo

usado muito além de uma simples paixão ou uma forma de entretenimento e diversão, o

futebol é um forte instrumento de alienação das massas, pois serve de “pretexto” para que

assuntos importantes sejam deixados, em época de grandes competições, estes eventos,

servem de escudo para maquiar a realidade, acalmar os ânimos e desviar a atenção do povo

para as mazelas da sociedade. (MELO, 2008)

Na resposta do professor 4 vemos que ele trata de política no ensino do esporte,

julgamos importe o ensino da política, pois, levará os alunos a questionar sobre sua não

participação esportiva na sociedade. Sendo assim, professor de educação física deve adequar

seu projeto político pedagógico com relação ao ensino do esporte, onde estejam esclarecidas

as intenções do professor para com a formação dos estudantes a cerca desse conteúdo. “É

político porque expressa uma intervenção em determinada direção e é pedagógico porque

realiza uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade explicando suas determinações”

(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 25)

Questionamos aos professores quais eram principais valores que eles

transmitiam no ensino do esporte, a cerca dessa temática tivemos as seguintes respostas:

Cooperação e coletividade, pois sozinhos não conquistamos nada, mesmo

nos esportes individuais há uma equipe por trás. (PROFESSOR, 1, p. 5-6).

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Coletividade, criticidade e organização coletiva. (PROFESSOR, 2, p. 5-6).

Respeito ao próximo e as regras, cooperação e solidariedade. (PROFESSOR,

3, p. 5-6).

Respeito e honestidade. (PROFESSOR, 4, p. 5-6).

As respostas dos professores 1, 2, 3 e 4 apontaram valores com o ensino do esporte

questões como coletividade, cooperação, respeito as regras, solidariedade, respeito ao

próximo e honestidade, esses pensamentos se aproximam com o pensamento de Bracht (1997)

quando ele destaca que o esporte,

ensina a competir (já que a sociedade é extremamente competitiva e isto a

prepara para a vida, desenvolve o respeito pela autoridade, que é o árbitro ou o professor (chama-se a isso de disciplina). Precisamos entender que as

atitudes, normas e valores que o indivíduo assume através do processo de

socialização no esporte estão relacionados com sistemas de significados e

valores mais amplos, que se estendem para além da situação imediata do esporte. (BRACHT, 1997, p. 62)

Porém ele faz uma critica, com relação do modelo de valores da burguesia que o

esporte traz consigo ao logo de sua historia:

No esporte, desenvolvem-se idéias ou valores que levam ao conformismo, como é o respeito incondicional a regras, porque o comportamento não

conformado no esporte não leva a modificações do esporte mas, sim, à

exclusão dele. No esporte, coloca se em destaque a idéia de que todos têm a oportunidade de vencer (vencer no esporte = vencer na vida), através do

esforço pessoal e individual, bastando para isso que se esforcem e que

tenham talento (como Pelé, Zico, Bernard e outros), o que, em última análise, justifica e explica as diferenças sociais, negando toda e qualquer

determinação social. Esta crença de que no esporte desaparecem as

desigualdades colabora também para um certo abrandamento das

contradições ou conflitos sociais. (BRACHT, 1997, p. 62-63)

Dessa forma entendemos que é importante que na escola, o esporte venha preservar

valores busquem a emancipação e autonomia do estudante, também, ensinado aspectos

presentes nesse conteúdo, que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o

compromisso da solidariedade e respeito humano, a importância deste conhecimento na

formação critica do estudante, trazendo a compreensão de que jogo se faz "a dois", e de que é

diferente jogar "com" o companheiro e jogar "contra" o adversário. (COLETIVO DE

AUTORES, 1992).

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Quando questionados de que maneira ele lida com a questão da competição nas

aulas de Educação Física, os professores responderam da seguinte forma:

Através de textos sobre cooperação para discutir competição, enfatizando os

aspectos negativos e positivos. Sobretudo trabalhando conceitos de cooperação que podem e devem ser aplicados na competição.

(PROFESSOR, 1, p. 6).

Tento fazer um contra ponto cooperação e competição. Passo a minha

opinião da relação capitalismo e competição nos esportes e tento discutir

com eles sobre o assunto tanto no esporte quanto na vida cotidiana.

(PROFESSOR, 2, p. 6).

Destacando sua função e sua importância para cada individuo e para

sociedade, alertando porém que não deve ser o foco, não é o principal objetivo. (PROFESSOR, 3, p. 6).

Sem problemas. Na dosagem certa. (PROFESSOR, 4, p. 6).

Identificamos que nas respostas dos professores 1 e 2 o sentido de cooperação

através do esporte é o principal meio de tratar a competição com os alunos, importante esse

sentido que os professores estão dando em relação a competição pois sabemos que:

O esporte não é mais aquele. A ideologia do “mais vale competir do quer

ganhar” deixou de refletir o interesse geral. É preciso vencer, sim, a qualquer

custo. As massas desejam recordes que igualam os esportistas aos super-

heróis patrocinados por grandes empresas, que investem em tecnologia para

esses homens aprimorados correrem cada vez mais os produtos que sãos

consumidos pela massa que aí se imaginam um pouco super também,

fechando-se o ciclo. Para garantir a sensação efêmera de potencia dos

normais, os atletas da mídia tomam hormônios, deixam de ser esportistas e

viram máquina de rendimento (Bourg, 1995, p. 62). (ASSIS DE OLIVEIRA,

2010, p. 91).

Entendemos que esse sentindo exposto por Assis de Oliveira (2010) não é o esporte

que deve ser trabalhado na escola, um dos papeis fundamentais do esporte escolar, “[...] é o

dereproduzir e reforçar a ideologia capitalista, que por sua vez visa fazer com que os valores e

normas nela inseridos se apresentem como normais e desejáveis.” (BRACHT, 1997, p. 61).

Ideia essa que colabora com a do professor 2 quando ele afirma que transmite seu

conhecimento de capitalismo com relação a competição.

O professor 3 ressalta que a competição não é o foco mas destaca que é importante

sua função para formação do indivíduo com relação a sociedade. Na resposta professor 4 não

identificamos de qual maneira ela lida com a competição em suas aula.

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Dessa forma vale ressaltar que o esporte na escola tem que desenvolver atitudes de

cooperação e solidariedade, a fim de inserir-se o aluno de maneira positiva no meio social já

dado, fazendo que esse aluno aprenda que o foco principal do esporte não é a competição e

sim o trabalho em relação com o colega. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Outra pergunta que fizemos foi se os professores já tinham ministrado o ensino do

esporte juntamente com outras disciplinas e como teria sido essa experiência:

Já, com historia, pois tenho as duas formações e uso os dois conhecimentos

conjuntamente. (PROFESSOR, 1, p. 6).

Ainda não. Mas tenho muita vontade de trabalhar com a física e historia. Uma vez que fizemos uma cooperação entre E.F e matemática para

sistematizar os dados das pesquisas que realizamos. (PROFESSOR, 2, p. 6).

Não. (PROFESSOR, 3, p. 6).

Sim, muito legal. Junto com historia, origem da dança indo a grutas para registrar rupestres de corpos em movimento. (PROFESSOR, 4, p. 6).

Percebemos que os professores 1 e 4 ministraram o esporte junto com a disciplina de

historia, o professor 2 ainda não utilizou essa experiência, mas se tem a intenção de trabalhar

com a mesma, sendo que o mesmo já trabalhou com o ensino da matemática, o professor 3

não experimentou essa experiência. Ministrar o esporte juntamente com outras disciplinas,

ajuda o aluno à ter uma compreensão melhor de mundo, onde irá auxiliar para que ele tenha

uma leitura da realidade, principalmente do ambiente em que está inserido, uma vez que

tratamos nesse trabalho com alunos do ensino médio da rede publica estadual, quanto a esse

sentido, Coletivo de Autores, (1992) explana que:

Tratar desse sentido/significado abrange a compreensão das relações de interdependência que jogo, esporte, ginástica e dança, ou outros temas que

venham a compor um programa de Educação Física, têm com os grandes

problemas sócio-políticos atuais como: ecologia, papéis sexuais, saúde pública, relações sociais do trabalho, preconceitos sociais, raciais, da

deficiência, da velhice, distribuição do solo urbano, distribuição da renda,

dívida externa e outros. A reflexão sobre esses problemas é necessária se

existe a pretensão de possibilitar ao aluno da escola pública entender a realidade social interpretando-a e explicando-a a partir dos seus interesses de

classe social. Isso quer dizer que/cabe à escola promover a apreensão da

prática social. Portanto, os conteúdos devem ser buscados dentro dela. (COLETIVO DE AUTORES, 1992,p. 62-63)

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Questionamos também aos professores se a escola onde eles ensinam, havia Jogos

Escolares, e qual a relação da disciplina Educação Física com esses Jogos, nesse sentido

tivemos as seguintes respostas:

Há. o JERP que é realizado em três etapas. A relação da disciplina com os

jogos é de assumirem a organização do torneio, tornando-se parte da avaliação e apreender as formas de organizar torneios que são conteúdos das

práticas esportivas, incluindo arbitragem. (PROFESSOR, 1, p. 6).

Há sim. A proposta que fica no ar é que a disciplina é que é a responsável

por tudo, desde treino a organização, porem eu e a outra professora

vínhamos fazendo um trabalho de negação dessa ideia. Já conseguimos, por exemplo, fazer com que outras disciplinas liberem aula para os estudantes

treinar para os jogos. (PROFESSOR, 2, p. 6).

Sim. A Educação Física é responsável pela organização e execução dos mesmos, formando as equipes, fazendo a tabela, arbitrando os jogos.

(PROFESSOR, 3, p. 6).

Sim. Ótimo! (PROFESSOR, 4, p. 6).

Essa pergunta se torna de fundamental importância em nossa pesquisa, pois, esse

Jogos Estudantis, mobiliza toda a escola na época de sua realização, principalmente a

disciplina de Educação Física, como podemos perceber nas respostas dos professores 1, 2 e 3

eles afirmam que a disciplina é responsável por toda organização dos jogos e das equipes que

irão participar, sobre os Jogos Estudantis aqui da Bahia, trouxemos alguns dados que irá nos

fazer compreender melhor esse fenômeno:

A coordenação de Educação Física e Esporte Escolar da Secretaria de

Educação da Bahia, juntamente com a Superintendência do Desporto da

Bahia (SUDESB) organizaram, em 2007, os Jogos Escolares da Bahia, com

envolvimento de 140 escolas das redes pública e particular de ensino, da capital e do interior, com a presença das seguintes modalidades esportivas:

basquete, voleibol, handebol, futsal e atletismo, divididos em duas

categorias: de 12 a 14 anos e 15 a 17 anos. (BAHIA et al. 2013, p.5)

Após a realização no ano de 2007, a Secretaria de Educação do Estado realizou uma

avaliação no ano de 2008 de todos os jogos, depois dessa avaliação os jogos sofreram

algumas mudanças:

Após esta avaliação, no ano de 2008, a coordenação destes jogos ampliou a

participação para as instituições públicas municipais, modificando assim sua nomenclatura para Jogos Estudantis da Rede Pública (JERP). Além disso,

nos anos subsequentes, o evento foi remodelado, principalmente em relação

às práticas vivenciadas. (BAHIA et al. 2013, p.6)

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Depois de remodelado as modalidades dos Jogos Estudantis ficaram divididas da

seguinte forma:

As modalidades praticadas nos jogos foram divididas em três experiências:

a) experiências comuns, entendidas como modalidades tradicionais com algumas adaptações em suas regras: atletismo, basquetebol, futsal, futebol de

campo, handebol e voleibol; b) festivais: experiências que além da

competição possuem diversas atividades como oficinas e apresentações de

capoeira, xadrez e ginástica rítmica; e c) experiências inovadoras: propostas de superação da problemática que tem envolvido o esporte escolar nas

questões de gênero, a inclusão de educandos com necessidades especiais e a

inclusão de manifestações da cultura corporal de cada região. (BAHIA et al. 2013, p.6)

Dessa forma percebemos a importância que a disciplina de Educação Física possui

em relação com a realização e a organização dos Jogos Estudantis da Rede Pública (JERP).

Mas junto com esses jogos também vem algumas criticas, pois algumas escolas prioriza muito

a vitoria da escola nessa competição, muitas vezes exigindo que professor de Educação Física

que treine as equipes nos horários de suas aulas e também em turnos opostos, isso ocasiona

muitas vezes que o professor utilize de uma unidade inteira só para treinar as equipes,

deixando de lado os conteúdos que ele tinha planejado para ensinar os alunos. Problema esse

apontado pelo professor 2 onde ele informa que já conseguiu na escola em que leciona horário

de outras disciplinas para o treinos das equipes que irão participar dos jogos.

Para finalizar questionamos se no ensino do esporte os professores tratavam de

conhecimentos como: política, economia, filosofia, cultura, ética, história, megaeventos

esportivos, etc. E de qual maneira ele desenvolveu esse conteúdo:

Sim, através de vídeos, documentários, seminários e textos. Selecionando

revistas, vídeos e filmes sobre o tema. (PROFESSOR, 1, p. 7).

Sim. Já tratei da relação do futebol com as ditaduras na America latina. As relações entre patrocínio esportivo, altos salários e consumo, investimentos

publico em grandes eventos, falta de políticas públicas para o esporte, o uso

de dopping para ganhar a todo custo, entre outros temas. Sempre em aulas expositivas seguidas de debates ou debates a partir de texto base.

(PROFESSOR, 2, p. 7).

Sim, usando vídeo, reportagens, eventos abertos no qual os alunos tem acesso para posteriores discussões, exposição de dados, reflexões e debates,

buscando a criticidade querente. Seminários com esta linhagem de

conteúdos, tendo os esportes como fonte. (PROFESSOR, 3, p. 7).

Sim. Seminários para os eventos e os outros junto para os conceitos de

saúde. (PROFESSOR, 4, p. 7).

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Identificamos nas respostas dos professores 1 e 3 trazem para suas aulas elementos,

como: vídeos, textos, reportagens, documentários e etc. Para auxiliarem no do esporte com

relação aos temas sugeridos na pergunta. O professor 3 enfatizou em sua resposta que busca o

debate para que seus alunos possam refletir e criticar sobre esses assuntos. Com isso sabemos

que:

Tratar dos grandes problemas sócio-políticos atuais não significa um ato de doutrinamento. Não é isso que estamos propondo. Defendemos para a escola

uma proposta clara de conteúdos do ponto de vista da classe trabalhadora,

conteúdo este que viabilize a leitura da realidade estabelecendo laços concretos com projetos políticos de mudanças sociais. (COLETIVO DE

AUTORES, 1992, p. 63).

O professor deve propor ao aluno orientação para um determinado conteúdo que lhe

apresente a necessidade de solução de um problema nele implícito, dando-se ênfase para o

tratamento mais didático, selecionando assim alguns conteúdos mais acessíveis para sua

reflexão. (COLETIVO DE AUTORES, 1992)

Na resposta do professor 2 vemos que ele trata de elementos muitos debatidos

atualmente em relação com o esporte, como: patrocínio esportivo, altos salários e consumo,

investimentos publico em grandes eventos, o uso de doping. Elementos esses que faz parte do que

chamamos “esporte-espetáculo” sendo assim Leiro (2004) aponta que:

O esporte vem sendo caracterizado como produto e sendo, cada dia mais,

particularizado na TV. O jogo, como espetáculo presencial, dá lugar aos

interesses mercantis. Desse modo, o corpo se transforma em difusor de kits/produtos que vão da cabeça aos pés, do boné à chuteira. A grande

maioria das emissoras de televisão privada no Brasil prioriza os aspectos

industriais e comerciais na sua programação e tenta reduzir os telespectadores em massa consumidora. (LEIRO, 2004, p. 91)

Kunz (2004, p. 64) alerta que:

A aula de Educação Física, através da difusão dos padrões esportivos desse

modelo, passa a ser mais um mero agente de propaganda e incentivo ao

consumo, não só do esporte, mas de tudo com que ele se relaciona. (KUNZ,

2004, p.64).

No que diz respeito a resposta do professor 4 vemos a utilização de seminários para a

discussão desses assuntos, trazendo também para suas aulas alguns conceitos de saúde, quanto

a esse conceito Reis et al. (2013) faz uma critica quanto a esse modelo:

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Nos dias de hoje, a articulação do esporte com os interesses da classe

dominante pode ser evidenciada pela relação comumente estabelecida entre a

prática de esporte e a obtenção de saúde. Exemplo disso é a defesa da ONU de que as principais causas de até 60% das mortes no mundo estão ligadas a

pessoas inativas e que o esporte e a Educação Física “são cruciais para a vida

longa e saudável. O esporte melhora a saúde e o bem-estar, aumenta a

expectativa de vida e reduz o risco de varias doenças não-transmissíveis incluindo a doença cardíaca” (ONU, 2003, p.7 tradução nossa), além de

essencial para manter a “saúde da mente” e construir “valiosas conexões

sociais”. (REIS, et al., 2013, p. 96)

Então desta forma vimos o quanto é importante o conteúdo do esporte desde o seu

conceito e sua classificação quanto ao ensino das técnicas, tática e regras, deste modo

apontamos que esse conteúdo é de fundamental importância no processo de ensino e

aprendizagem no esporte. Conteúdos esses que por muitas vezes se relaciona com o esporte de

rendimento e sabemos que o ensino do esporte nessa perspectiva traz consequências para

formação dos alunos.

O ensino das técnicas, tática e regras tem que possibilitar ao aluno relacionar-se um

com o outro, aprender sobre si mesmo, quem ele é, o que é capaz de fazer, fazendo com que

ele entenda o esporte como um fator cultural humano, estimulando para que desperte no

mesmo os sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade,

desconstruindo dessa maneira o espírito de competição dentro da escola.

Entendemos que a competição na escola por muitas vezes acaba excluindo os alunos

ditos menos habilidosos e selecionando os mais habilidosos, forma essa que acarreta na

criação do sentimento de rivalidade entre os alunos, sentimentos esses que não fazem parte do

processo de ensino aprendizagem do esporte da escola.

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6. CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS

O presente trabalho partiu da necessidade de refletir o trato com o conteúdo esporte

no âmbito das aulas de Educação Física no ensino médio nas escolas públicas estaduais do

município de Seabra-ba.

Durante o desenvolvimento deste trabalho, tornou-se possível fazer uma reflexão do

cenário atual que se encontra as aulas de Educação Física no município, mais especificamente

a maneira de como o conteúdo esporte vem sendo organizado nas aulas de Educação Física

das escolas estaduais de ensino médio.

Buscamos compreender o papel que a Educação Física, e em particular o esporte,

vem ocupando na escola e no ensino médio, e assim refletirmos sobre o atual patamar de

discussão sobre o fenômeno esporte na educação escolar.

Para que obtivéssemos os resultados que foram encontrados, utilizamos como

caminho investigativo um estudo de campo, onde aplicamos um questionário aberto,

instrumento esse que colaborou para que identificássemos a direção que se aponta a docência

em Educação Física no município de Seabra-ba, contendo no mesmo vinte perguntas

relacionadas ao conteúdo esporte e seus procedimentos didáticos nas aulas de Educação

Física, tornando assim esse questionário a base principal que norteou nosso trabalho e assim

dessa forma auxiliou para que alcançássemos nossos objetivos.

Com isso nosso estudo, obteve as seguintes considerações provisórias:

Os professores entrevistados apresentaram um entendimento do conceito de esporte

da seguinte forma: cooperação, lazer, atividade com regras fixas, educacional, lúdico, saúde,

experiência e resgate cultural.

Sobre a classificação do esporte os professores apontaram o seguinte: cooperativo,

divertido, esporte de alto-rendimento, esporte para todos, diferença entre o esporte e jogos,

esporte saúde e esporte competição.

Os professores apresentaram que a base teórica, para organizar as aulas com o

conteúdo esporte foi: a abordagem construtivista baseada em João Batista Freire, a critico-

emancipatória baseada em Eleonor Kunz e a critico-superadora baseada no Coletivo de

Autores.

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No que diz respeito a contribuição do esporte para a formação dos alunos, os

professores apontaram os seguinte elementos: coletividade, cooperação, saúde, força,

coordenação motora, agilidade e capacidade estratégicas e também a importância histórica e

social que o esporte construiu ao longo do tempo.

Este trabalho também diagnosticou os procedimentos didáticos que os professores

utilizaram para o ensino das modalidades esportivas, as técnicas, regras e táticas. Notamos

que os professores optam: 1) pela sistematização por unidade das modalidades esportivas; 2)

no ensino das técnicas a partir de elementos lúdicos e inclusivos; 3) no ensino de algumas

técnicas básicas; 4) em ressaltar que não é critério de avaliação a execução perfeita dos

movimentos; 5) em variar o ensino da técnica através de material e da maneira de executar e;

6) o ensino da técnica através de jogos educativos.

No ensino das regras notamos que os professores trazem elementos próprios de cada

modalidade. Vão apresentando as regras no decorrer das aulas até atingir um todo,

identificamos também que eles utilizam aulas teóricas para depois ensinar as regras em suas

aulas práticas.

Quanto ao ensino das táticas, ficou evidenciado na fala de alguns professores que o

ensino desse conteúdo é garantido quando a escola está participando de alguma competição,

ressaltando que não é o foco, mas que se faz necessário garantir esse conteúdo, outro

elemento encontrado foi de que é importante a organização em equipe, mas o ensino das

táticas usadas nos esportes de rendimento não se é ensinado, e ficou constatado um dado

preocupante pois alguns professores afirmaram que não ensinam essa temática.

Para além do ensino das modalidades esportivas, as técnicas, regras e táticas,

identificamos que os professores ensinam conteúdos como: o modo capitalista de utilização

do esporte, organizações dos grandes eventos esportivos em evidência a copa do mundo e os

jogos olímpicos, a relação de esporte e mídia, que está diretamente associada aos meios de

comunicação, e também outros aspectos formadores da sociedade, como a política, economia,

saúde, entre outros.

Outra questão apontada em nossa pesquisa foi a da estrutura física de cada escola,

vimos que os professores utilizam a sala de aula, quadra e campo um dos professores

entrevistados apontou uma estrutura defasada para o ensino das aulas de Educação Física,

pois o mesmo constatou que utiliza a rua para as aulas praticas. Problema que acarreta no

ensino do esporte fora do horário da aula, onde a maioria apontou que as escolas não

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oferecem essas aulas e na fala de um dos professores, foi constatado que não há materiais

disponíveis, nem profissionais.

Apontamos também a relação da disciplina com os Jogos Escolares da Rede Publica

(JERP), em nossa pesquisa e nas falas dos professores, ficou evidenciado que a disciplina de

Educação Física é a principal responsável pela organização e formação de equipes para esses

jogos, fazendo a tabela, arbitrando os jogos, tornando assim esses jogos parte da avaliação.

Um dado importante foi na fala de um dos professores onde ele informa que já conseguiu na

escola em que leciona horário de outras disciplinas para os treinos das equipes que irão

participar dos jogos.

Desta forma diagnosticamos algumas limitações dos professores a respeito de

determinados conhecimentos sobre o ensino do esporte, notamos em nossa pesquisa que se

faz necessário por parte dos professores, que os mesmo se aprofundem nos seus

conhecimentos teóricos, pois, a prática pedagógica não acontece por acaso, não é desprovida

de sentido próprio, e nem se comporta com neutralidade, pelo contrário, é carregada de

influências do meio social, então é preciso que os professores estejam fundamentados

teoricamente para intervir sobre a sociedade. Ao identificarmos os dados obtidos nesse estudo

consideramos que a realidade dos professores entrevistados encontra contradições e desafios

teórico-metodológicos sobre os conteúdos do esporte a serem trabalhados na escola, pois

entendemos que os conteúdos devem ser organizados para proporcionar ao aluno

transformação social, onde a educação se torna essencial para apropriação crítica do

conhecimento. Dessa forma compreendemos que a abordagem crítico-superadora contribui na

criação de meios que auxilia na superação de limites encontrados durante o processo ensino-

aprendizagem.

Compreendemos que o nosso estudo exige a necessidade de observar diretamente as

aulas de Educação Física para perceber como o esporte de fato é tradado no chão da escola. E

também de observar o plano de ensino dos professores. Então deixamos em aberto algumas

questões que podem ser levantadas em estudos futuros, pois entendemos que só esse trabalho

não foi suficiente para compreender todo conhecimento a cerca do esporte na esfera escolar.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O Sr.(a) foi selecionado(a) e está sendo convidado(a) para participar da pesquisa

intitulada: O Conteúdo Esporte nas aulas de Educação Física do Ensino Médio: Uma

Análise das Escolas Estaduais do Município de Seabra-Bahia, que tem como objetivo

geral: Analisar de que maneira os professores de educação física organizam em suas aulas do

ensino médio o conteúdo esporte. Objetivos específicos: Compreender o papel da educação

física na escola e a especificidade no ensino médio, apontar o atual patamar de discussão

sobre o fenômeno esporte na educação escolar, Descrever de que maneira o conhecimento

esporte se apresenta nas aulas do ensino médio no município de Seabra-Bahia.

Este estudo classifica-se como uma pesquisa qualitativa.

A pesquisa terá duração de 6 meses, com o término previsto para 30 de julho de

2015.

Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum

momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário

exemplificar determinada situação, sua privacidade será assegurada uma vez que seu nome

será substituído de forma aleatória. Os dados coletados serão utilizados apenas nesta

pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.

Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a

responder qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa

não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que

forneceu os seus dados, como também na que trabalha.

Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem

realizadas sob a forma de questionário.

Sr(a) não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá

riscos de qualquer natureza relacionada a sua participação.

Sr(a) receberá uma cópia deste termo onde consta o celular/e-mail do pesquisador

responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua

participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!

Nome do orientador: Michael Daian Pacheco Ramos

Celular: (75) 9184 7243 e-mail: [email protected]

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Nome do Orientado: Alan Estevam de Souza

Celular: (74) 9192 6361 e-mail: [email protected]

Jacobina-Ba, ____ de _______________ de 2015.

Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou

de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer

momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.

Sujeito da Pesquisa: ______________________________________

(assinatura)

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APÊNDICE B

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Ciências Humanas – Campus IV/Jacobina

Curso Licenciatura Plena em Educação Física

Titulo do trabalho: O Conteúdo Esporte nas aulas de Educação Física do Ensino Médio:

Uma Análise das Escolas Estaduais do Município de Seabra-Bahia Orientador: Michael Daian Pacheco Ramos

Orientando: Alan Estevam de Souza

QUESTIONÁRIO COM PROFESSOR(A)

1- Para você qual é o papel da Escola?

2- Para você qual a contribuição da Educação Física na escola?

3- Qual o conceito de esporte que você utiliza para organizar suas aulas?

4- Você utiliza alguma classificação de esporte? Qual?

5- Quais os principais autores e livros da Educação Física que você utiliza para organizar

teoricamente suas aulas?

6- Você se identifica com alguma abordagem pedagógica (Construtivismo,

Desenvolvimentista, Crítico-Superadora, Crítico-emancipatória, Aptidão Física) da Educação

Física? Porquê?

7- Poderia descrever como você ministra uma aula com o conteúdo esporte?

8- Quais os espaços na escola em que você utiliza para as aulas de esporte?

9- A escola oferece atividades esportivas para os alunos fora do horário de aula regular

de Educação Física? Como se dá essas aulas?

10- Como você distribui as diferentes modalidades esportivas (Handebol, Voleibol,

Futebol, Futsal, Basquetebol, Atletismo, etc.) em seu plano de ensino?

11- Qual a importância do esporte enquanto um conteúdo nas aulas de Educação Física

para a formação dos alunos?

12- Você ensina a técnica esportiva a seus alunos? Como?

13- Você ensina as regras esportivas a seus alunos? Como?

14- Você ensina as táticas esportivas a seus alunos? Como?

15- No ensino do esporte, para além das regras, da técnica e da tática, quais outros

conhecimentos você ensina?

16- Quais os principais valores que você transmite no ensino do esporte?

17- Como você lida com a questão da competição nas aulas de Educação Física?

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18- No ensino do esporte você já ministrou juntamente com outras disciplinas? Como foi?

19- Em sua escola há jogos escolares? Como se dá a relação da disciplina Educação Física

com os Jogos Escolares?

20- No ensino do esporte você trata de conhecimentos como: política, economia, filosofia,

cultura, ética, história, megaeventos esportivos, etc? Como você desenvolveu?