O EFEITO DO REFORÇAMENTO DIFERENCIAL NO … · acordo com a Análise Experimental do...

86
1 FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E SAÚDE - FACES CURSO DE PSICOLOGIA O EFEITO DO REFORÇAMENTO DIFERENCIAL NO FOFOCAR COMO COMPORTAMENTO VERBAL Rochelle Araujo Vieira Brasília/DF Novembro, 2010.

Transcript of O EFEITO DO REFORÇAMENTO DIFERENCIAL NO … · acordo com a Análise Experimental do...

  • 1

    FACULDADE DE CINCIAS DA EDUCAO E SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    O EFEITO DO REFORAMENTO DIFERENCIAL NO FOFOCAR

    COMO COMPORTAMENTO VERBAL

    Rochelle Araujo Vieira

    Braslia/DF

    Novembro, 2010.

  • i

    Rochelle Araujo Vieira

    O EFEITO DO REFORAMENTO DIFERENCIAL NO

    FOFOCAR COMO COMPORTAMENTO VERBAL

    Monografia apresentada ao Centro

    Universitrio de Braslia como requisito bsico

    para a obteno do grau de Psiclogo da

    Faculdade de Cincias da Educao e Sade.

    Professor Orientador: Dr. Carlos Augusto de

    Medeiros.

    Braslia/DF, Novembro de 2010.

  • i

    FACULDADE DE CINCIAS DA EDUCAO E SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    Esta monografia foi aprovada pela comisso

    examinadora composta por:

    _________________________________________________

    Professor Dr. Carlos Augusto de Medeiros

    _________________________________________________

    Professor Rogrio Sousa

    _________________________________________________

    Professora Cludia May Phillippi

    A meno final obtida foi:

    __________________________

    BRASLIA

    NOVEMBRO/2010

  • iii

    Dedico este trabalho especialmente

    minha herona nordestina!

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    Quero agradecer em primeiro lugar minha querida me pelo indescritvel apoio e

    pelos sacrifcios em prol da educao dos filhos. Ao meu esposo pelos momentos de diverso,

    carinho e companhia. Aos meus amados irmos, Henrique, Vanessa e, em especial, ao

    Rodrigo pelas inesquecveis conversas e exemplo de dedicao aos estudos. Ao meu pai de

    corao pelo incentivo, serei eternamente grata. minha querida tia Tnia por simplesmente

    fazer parte da minha vida. Meus sinceros agradecimentos ao meu professor-orientador pela

    excelncia com que corrigiu esse trabalho e pelos momentos em que compartilhou o seu

    conhecimento comigo. Agradeo tambm minhas companheiras de faculdade Vnia e Wilma

    por me emprestarem a ideia dessa pesquisa, mas principalmente por terem tornado esses cinco

    anos muito mais prazerosos com valor da bela amizade. No posso deixar de mencionar

    minha gratido pelas participantes da pesquisa. E, finalmente, mas no menos importante,

    agradeo aos honrados professores por me ajudarem a trilhar esse caminho de conhecimento.

  • v

    Somos responsveis por nosso futuro, um porvir

    glorioso no est escrito nas estrelas.

    Joo Cludio Todorov

  • vi

    SUMRIO

    Resumo ...................................................................................................................................... ix

    Introduo ................................................................................................................................. 1

    Captulo 1. O Comportamento Verbal ........................................................................................ 4

    Captulo 2. Demonstraes Empricas .................................................................................... 11

    Objetivos ................................................................................................................................... 18

    Metodologia .............................................................................................................................. 19

    Resultados ................................................................................................................................. 23

    Discusso .................................................................................................................................. 34

    Consideraes Finais ................................................................................................................ 41

    Referncias ............................................................................................................................... 42

    Apndices ................................................................................................................................. 44

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Mdia de tempo em segundos dos participantes gasto em comentar notcias dos

    quatro tipos de assuntos em funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino,

    DRF ou DRO. ........................................................................................................................... 24

    Figura 2. Mdia de preferncia na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por etapa, fases

    e categorias. .............................................................................................................................. 25

    Figura 3. Tempo do participante 1 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ................... 26

    Figura 4. Preferncia do participante 1 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 26

    Figura 5. Tempo do participante 2 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ................... 27

    Figura 6. Preferncia do participante 2 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 28

    Figura 7. Tempo do participante 3 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ................... 28

    Figura 8. Preferncia do participante 3 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 29

    Figura 9. Tempo do participante 4 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ................... 30

    Figura 10. Preferncia do participante 4 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 30

    Figura 11. Tempo do participante 5 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos

    em funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ............. 31

    Figura 12. Preferncia do participante 5 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 31

    Figura 13. Tempo do participante 6 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos

    em funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO. ............. 32

    Figura 14. Preferncia do participante 6 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias. ........................................................................................................... 32

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Tempo de comentrio de cada participante em cada etapa, a diferena de tempo

    entre as duas etapas, e o valor representativo dessa diferena em porcentagem. ................... 33

    Tabela 2. Tempo mdio de comentrio sobre fofoca em segundos de cada participante em

    cada fase de interveno. ........................................................................................................ 33

    Tabela 3. Mdia do tempo em segundos de cada participante nas fases de DRF 3 e 4 e nas

    fases de DRO 3 e 4. ................................................................................................................. 33

  • ix

    RESUMO

    A presente pesquisa teve por objetivo investigar um dos usos do fofocar como

    comportamento verbal, que so respostas verbais sob controle discriminativo de eventos

    aversivos da vida de terceiros na sua ausncia, bem como investigar as variveis que

    controlam a frequncia desse comportamento. Foi selecionada a topografia de falar de

    aspectos negativos sobre a vida social de pessoas famosas a partir da leitura de pequenas

    notcias retiradas de sites de fofoca, com a funo de obter ateno ou concordncia do

    ouvinte. A metodologia consistia em, na primeira etapa, reforar diferencialmente o

    comportamento de comentar notcias de fofoca (DRF) e, na segunda etapa, reforar o

    comportamento de comentar outras notcias diferentes das notcias de fofoca (DRO). A

    anlise dos dados demonstrou ser necessrio um aprimoramento da metodologia j que

    algumas variveis no foram controladas. Os resultados demonstram um efeito maior nos

    dados mdios do que nos dados de cada sujeito. O tempo mdio de comentrio de notcias de

    fofoca dos participantes aumentou gradualmente nas fases de DRF e diminuiu gradualmente

    nas fases de DRO. A relevncia desse estudo est na tentativa preliminar de descrever o

    comportamento de fofocar de acordo com a Anlise do Comportamento.

    Palavras-chave: fofoca; comportamento verbal; reforo diferencial; reforo diferencial de

    outros comportamentos; Anlise do Comportamento;

  • 10

    Fofocar um comportamento verbal largamente difundido, presente em vrias

    culturas e, associado pelo senso comum falta de carter e s pessoas fteis, mesmo sendo

    emitido por quase todos os membros da comunidade. No entanto, para a Anlise do

    Comportamento, fofocar considerada uma categoria descritiva de classes de

    comportamentos verbais que esto sujeito s mesmas variveis do ambiente e que podem ser

    descritos pelos princpios comportamentais.

    Skinner (1953/1981) afirma que na tentativa desesperada de entender e manipular o

    comportamento humano recorre-se a muitas causas falsas. Uma prtica comum atribuir o

    comportamento de fofocar personalidade, aos agentes internos ou aos traos de carter. No

    entanto, apesar de parecer explicar o comportamento, uma anlise cuidadosa demonstrar que

    so apenas afirmaes redundantes, que no demonstram a causa do comportamento e omitem

    as variveis das quais o comportamento de fofocar funo. Ou seja, so meras explicaes

    mentalistas.

    Skinner (1974/2000) defende o estabelecimento de uma tecnologia do

    comportamento, em que se utilizam os instrumentos da cincia, como contar, medir e

    comparar, e considera-se como essencial repensar o modo de pensar sobre os determinantes

    do comportamento. Ao longo da histria, os comportamentos humanos vm sendo atribudos

    a agentes internos ou a estados internos, e apenas recentemente que o papel seletivo do

    ambiente na formao e manuteno do comportamento do indivduo (Skinner, p. 26)

    reconhecido e estudado.

    (...) medida que se vai compreendendo a interao entre o organismo e o ambiente,

    os efeitos anteriormente atribudos a estados de esprito, sentimentos e traos de

    carter comeam a ser vinculados a condies acessveis, pelo que se torna exequvel

    uma tecnologia do comportamento. (Skinner, 1974/2000, p. 26).

  • 2

    Ento, segundo Skinner (1957/1978), o comportamento humano deve ser descrito

    pela cincia experimental do comportamento por meio de seus conceitos e tcnicas. Nesse

    sentido que a presente pesquisa tem por objetivo descrever o comportamento de fofocar de

    acordo com a Anlise Experimental do Comportamento, investigando as variveis que o

    controlam. Alm disso, evidenciar se a emisso do comportamento verbal de fofocar, bem

    como a frequncia, pode estar sob controle dos reforadores de comportamento de ouvinte. E,

    por ltimo, verificar o efeito dos esquemas de reforamento diferencial (DRF) e do

    reforamento de outros comportamentos (DRO) no comportamento verbal das pessoas.

    A hiptese a ser testada de que possvel manipular a frequncia do

    comportamento verbal em torno de temas especficos como o fofocar em um ambiente

    controlado. Mais especificamente, se o tempo gasto emitindo respostas verbais de fofocar

    variar em funo da presena de reforamento de comportamento de ouvinte e de extino.

    De acordo com o Novo Dicionrio Aurlio (1986) o significado de fofocar V. int.

    Bras. Pop. Fazer fofoca; intrigar; mexericar; bisbilhotar. O significado de fofoqueiro Adj.

    Brs. Pop. 1. Diz-se de, ou aquele que faz fofocas; mexeriqueiro, intrigante, (...), 2. V. leva-e-

    traz (p. 639). Intrigar significa [Do fr. Intriguer.] V. t.d. 1. Inimizar com intrigas, mexericar,

    indispor, malquistar. 2. Excitar a curiosidade de, tornar perplexo; pr em confuso; enlear

    (...). 3. Malquistar com intrigas; enredar. (...). 4. Excitar a curiosidade. 5. Armar intrigas ou

    enredar. P. 6. Inimizar-se, indispor-se, desavir-se, malquistar-se. 7. Ficar cheio de curiosidade,

    ou preocupao, ou desconfiana, (...) (p. 779). Mexericar [De mexer + icar] V. t.d. 1.

    narrar em segredo e austuciosamente, com o fim de malquistar, intrigar ou enredar. Int. 2.

    Andar com mexericos; fazer intrigas (...). 3. Deixar-se entrever; descobrir-se, revelar-se (...)

    (p. 920). Por ltimo, bisbilhotar [De bisbilhoteiro] V. int. 1. Andar em mexericos e

    intrigas; mexericar, intrigar, coscuvilhar. 2. Investigar com curiosidade (...). 3. Falar em

    segredo. T.d. 4. Examinar, esquadrinhar (...) (p.208).

  • 3

    Nos conceitos listados acima, um ponto que se repete com frequncia o falar sobre

    a vida de outras pessoas, seja em segredo ou abertamente, seja com o fim de gerar intrigas,

    malquistar ou enredar. Nesta pesquisa, o conceito de fofoca ser resumido em comportamento

    de falar sobre aspectos negativos da vida social de terceiros em sua ausncia.

    Para que o comportamento de fofocar acontea, faz-se necessrio um ouvinte que

    reforce o comportamento verbal do falante e serve de audincia, ou seja, de estmulo

    discriminativo ocasio que disponibiliza a consequncia para que o comportamento verbal

    ocorra.

    O estudo do efeito do reforamento diferencial no fofocar como comportamento

    verbal, alm de explicar a frequncia de certos comportamentos sociais, tem uma relevncia

    clnica na medida em que possibilita o uso na relao teraputica a partir de uma clareza sobre

    as variveis das quais certos comportamentos do cliente funo.

    O trabalho est dividido em (a) introduo, (b) desenvolvimento, com

    fundamentao terica, mtodo, resultados e discusso, (c) consideraes finais. A

    fundamentao terica est organizada da seguinte forma: um captulo sobre o

    comportamento verbal e outro sobre demonstraes empricas relacionadas modificao do

    comportamento por meio do reforamento diferencial.

  • 4

    CAPTULO 1. O COMPORTAMENTO VERBAL

    A forma como alguns conceitos so utilizados pela sociedade pode gerar alguns

    problemas para o estudo cientfico, ento, alguns esclarecimentos acerca da diferena entre o

    conceito de linguagem e o de comportamento verbal so necessrios. Baum (2006) ressalta

    que o termo linguagem uma abstrao, ou seja, um termo mentalista, que se refere a algo

    adquirido e tem status de coisa, e o termo comportamento verbal refere-se a eventos

    concretos. Chiesa (2006) destaca a relevncia da relao entre os termos da linguagem

    comum que so considerados descritivos do comportamento e do modo como estes termos

    influenciam o estudo cientfico do comportamento (p. 33).

    Skinner (1989/2005) sugere que se verifique a maneira como um termo da linguagem

    cotidiana utilizado e o que os indivduos tentam dizer quando o utilizam. Com este exerccio

    possvel traduzi-los em termos mais comportamentais. Skinner (1953, citado por Todorov

    2004) salienta que fenmenos de grupo so explicados pelo comportamento do indivduo.

    Chiesa (2006) salienta que, ao explicar o comportamento de outra pessoa, a

    tendncia atribuir causa a entidades internas. J, ao referir-se ao prprio comportamento a

    direo muda para o ambiente. No entanto, para a Anlise do Comportamento a direo est

    sempre voltada para o ambiente.

    Ao dizer que Lcia fala demais sobre aspectos negativos da vida de terceiros porque

    fofoqueira incorre-se em mentalismo, pois a causa de tal comportamento atribuda

    personalidade ou seja, a uma entidade interna. Para descrever tal comportamento

    necessrio direcionar o olhar para o ambiente e investigar as variveis que o determinam. Ao

    desconsiderar o papel do ambiente, o estudo cientfico do comportamento ficar prejudicado.

    Moreira & Medeiros (2007) citam que os comportamentos so divididos em

    respondentes e operantes. A diferena que o primeiro acontece quando uma alterao no

    ambiente elicia uma resposta no organismo (S R). Enquanto que o segundo provm de uma

  • 5

    resposta emitida pelo organismo modificando o ambiente e sendo afetado pelas consequncias

    (R C).

    De acordo com Skinner (1957/1978) o homem modifica o ambiente e as

    consequncias de sua ao o modificam. No entanto, pode acontecer da ao sobre o ambiente

    ser indireta, ou seja, h um mediador que refora o comportamento do falante. Baum (2006)

    explica que o comportamento verbal pode ser classificado como comportamento operante na

    medida em que, ao operar sobre o meio modificado pelas consequncias. Ento, o que torna

    o comportamento verbal diferente de outros operantes a presena de um ouvinte que refora

    a ao verbal do falante (Baum, 2006).

    A definio de comportamento verbal segundo Skinner (1957/1978) : todo aquele

    comportamento estabelecido e mantido pela consequncia da mediao de outros indivduos

    que fazem parte da mesma comunidade verbal do falante. Um ouvinte s ficar sob controle

    discriminativo do comportamento verbal do falante se ambos fizerem parte da mesma

    comunidade verbal (Baum, 2006). Skinner (1957/1978) explica que os comportamentos

    juntos, do falante e ouvinte, compem um episdio verbal completo.

    Baum (2006) ressalta que assim como outros comportamentos operantes, o

    comportamento verbal ocorrer no contexto em que tem mais chance de ser reforado. Desse

    modo, o papel do ouvinte tem especial relevncia.

    Muitas vezes a resposta do ouvinte consequncia para o falante, ou seja, o que

    mantm o comportamento do falante. Caso o ouvinte no reaja diante da fala, a tendncia do

    falante ser parar de falar. Em outras palavras, o comportamento do ouvinte refora o

    comportamento verbal do falante (Catania, 1999). Com relao ao papel do ouvinte no

    controle do comportamento do falante, Skinner sugere que o falante diz ao ouvinte o que

    fazer ou o que aconteceu porque os ouvintes reforaram um comportamento similar em

  • 6

    situaes similares, e os ouvintes o fazem porque, em situaes parecidas, certas

    consequncias reforadoras se seguiram ao seu comportamento (Skinner, 1989/2005, p. 58).

    Para Skinner (1989/2005), o comportamento do falante reforado nas situaes em

    que o ouvinte tem certa tendncia a falar o mesmo que o falante. Da mesma forma, o

    comportamento de atentar reforado quando aquilo que o falante diz coerente com o que o

    ouvinte tenderia a dizer. Ento, o autor conclui que uma conversa reforada pela

    concordncia: Na qualidade de falantes ns atentamos para os ouvintes, e como ouvintes

    atentamos para falantes que pensam como pensamos (Skinner, 1989/2005, p.66).

    A forma como os participantes de uma palestra reagem tem um impacto considervel

    no comportamento verbal do palestrante. Se os ouvintes demonstram interesse, perguntam,

    participam, fazem anotaes ou concordam com a cabea, o comportamento verbal do falante

    ser reforado e se fortalecer. Por outro lado, o efeito sobre o palestrante ser diferente se os

    ouvintes esto bocejando, conversando, lendo um livro ou desenhando no caderno. Do ponto

    de vista do ouvinte, o comportamento de atentar ser reforado se o discurso do palestrante

    interess-lo. Uma palestra sobre o desenvolvimento das indstrias de carne bovina pouco

    interessaria a um coregrafo, por exemplo.

    Segundo Skinner (1989/2005) o mundo no apreendido pelo falante que o

    descreve. A forma como o falante responde ao mundo est relacionada com a maneira com

    que a resposta foi modelada e mantida pelas contingncias de reforamento. Na existncia de

    um falante, certamente h um ouvinte que responsvel pelo que o falante faz. Ento, se faz

    necessrio investigar o que o ouvinte faz.

    De acordo com Baum (2006) o reforo diferencial tem uma funo fundamental no

    papel de ouvinte. O reforamento diferencial consiste, segundo Moreira & Medeiros (2007),

    em reforar respostas desejadas e no reforar outras indesejadas. Esse procedimento tem

  • 7

    como consequncia o aumento da frequncia de cada resposta que estiver mais prxima da

    que se deseja ensinar.

    Ao longo da histria de um indivduo, Baum (2006) salienta que o reforo diferencial

    responsvel pelo refinamento do ouvir. Quando um adulto diz a uma criana Pegue o

    carrinho azul!, ao pegar o carrinho azul, e no o vermelho, esse comportamento da criana

    ter como consequncia os reforadores sociais. Os comportamentos dos ouvintes so

    reforados para que sejam modelados e mantidos. Da mesma forma, os comportamentos dos

    ouvintes reforam o comportamento verbal dos falantes. Ento, Skinner (1957/1978 p. 245)

    define que o comportamento verbal modelado e controlado pelo reforo diferencial.

    De acordo com Catania (1999), o reforo diferencial gera classes de comportamentos

    que no so definidas pela sua topografia e sim pela sua funo. O autor cita diversas classes

    de esquema de reforo diferencial. Um desses esquemas relevantes para a pesquisa o DRO

    (reforo diferencial de outros comportamentos) que consiste no reforo de outros

    comportamentos que no seja aquele que se deseja extinguir. Por exemplo, um pai quando diz

    ao filho, que se levanta constantemente da mesa de estudos, Muito bem quando ele est

    fazendo o dever de casa, lendo um livro ou desenhando na mesa de estudos, est reforando

    diferencialmente o comportamento do filho que incompatvel com o que o pai deseja

    extinguir levantar-se da mesa de estudos.

    Para Baum (2006) comum a cada cultura que seus membros reforcem ou punam

    determinadas aes. Os comportamentos socialmente aceitos, tais como respeitar, obedecer,

    etc., tm como consequncia os reforadores sociais ateno, afeto, elogios, enquanto outros

    comportamentos tais como mentir, enganar, etc., gera rejeio, excluso, desaprovao. As

    contingncias sociais modelam o comportamento que normal para aquela cultura (Baum,

    2006, p. 254). O autor explica que os reforadores e punidores adquiridos so qualificados

    como bons ou maus de acordo com a histria pessoal, com a poca e com a cultura, depende

  • 8

    da relao com os reforadores e punidores incondicionais. Todorov (2004) salienta que o

    comportamento do indivduo tem consequncias com valor de sobrevivncia para o grupo.

    O comportamento verbal tem algumas funes, ou seja, serve a diversos fins. Uma

    das aes verbais que Baum (2006) considera mais importante o pedido. Skinner

    (1957/1978) classifica como mando o comportamento verbal que especifica o reforador.

    Alm do pedir, o mando inclui ordenar, perguntar e at mesmo, aconselhar. Uma pessoa que

    pergunta Qual o preo daquele sapato? emite um mando cujo reforo ouvir o valor do

    sapato.

    A outra ao verbal que Baum (2006) considera importante e ser de grande

    relevncia para esta pesquisa o tato. Esse tipo de verbalizao no especifica o reforo, mas

    ocorre na presena de um estmulo discriminativo, ou seja, diante de uma ocasio que sinaliza

    que a resposta ser reforada. Os estmulos que sinalizam que uma resposta no ser reforada

    so chamados de estmulos delta, sinalizando a extino da resposta, consequentemente, esta

    se tornar pouco provvel na sua presena (Moreira & Medeiros, 2007). Catania (1999)

    explica que o contato que se d entre o comportamento verbal e os eventos ambientais

    chamado de tato. As possibilidades sobre o que tatear so inmeras, como objetos, clima,

    comportamentos, etc. De acordo com Baum (2006), so classificados como tatos opinies,

    observaes, informaes, etc. Ento Skinner (1957/1978) define um tato como uma

    resposta verbal ocasionada por um estmulo discriminativo (p. 260). O autor salienta que o

    tato tambm depende das consequncias, de maneira que as audincias so relevantes para a

    criao e manuteno de tatos (p. 261). Por ser um operante, o tato poder ser alterado pelas

    variveis de audincia e pelas consequncias. Ou seja, dependendo do tipo de audincia,

    como por exemplo, um conhecido ou desconhecido, uma nica pessoa ou um grupo de

    pessoas, etc., ou, dependendo das consequncias, como aprovao ou desaprovao, o tato

    sofre modificaes. Por exemplo, um chefe diz ao scio que o desempenho do Fbio foi

  • 9

    deplorvel, no entanto, ao comentar o assunto com toda a equipe de subordinados diz que o

    desempenho precisa de alguns aperfeioamentos.

    Um terceiro tipo de operante verbal chamado de intraverbal. Catania (1999) explica

    que nesse tipo de comportamento um estmulo verbal estabelece a ocasio para outra

    resposta verbal (p. 258), no entanto, nessa relao no existe uma correspondncia formal.

    Skinner (1957/1978) sugere que, se diante do estmulo Como vai voc? um sujeito

    responder Bem, obrigado sem estar sob controle discriminativo do seu prprio

    comportamento e, sim, respondendo de acordo com a frmula social, esse um exemplo de

    intraverbal.

    1.1 O comportamento de fofocar

    O comportamento verbal de fofocar pode ser definido como falar maliciosamente de

    terceiros em sua ausncia. Ento, conforme elucidaes anteriores, o comportamento de

    fofocar um comportamento operante mantido por reforadores generalizados condicionados

    como ateno, sorrisos ou concordncia. Ao ser reforado, tal comportamento surge de

    maneiras similares no relato verbal de uma pessoa. Quando um indivduo, ao relatar notcias

    de fofoca recebe ateno, sorrisos, acenos positivos com a cabea, aceitao, etc., existe a

    probabilidade de tal comportamento voltar a ocorrer. Quando a frequncia do fofocar se torna

    alta, o sujeito corre o risco de ser rotulado como fofoqueiro, e ser malvisto por aqueles que

    esto ao seu redor.

    O fofocar pode ter diversas topografias, e diferentes funes. Em relao

    topografia, uma pessoa pode, por exemplo, fofocar sobre a vida de famosos, outra pessoa

    sobre atitudes de colegas de trabalho, e uma terceira sobre uma briga que ouviu dos vizinhos.

    Em relao s funes, no primeiro caso a pessoa inicia uma conversa, no segundo chama a

    ateno do marido, no terceiro caso evita falar sobre uma dvida. Ento, o comportamento de

    fofocar pode ter topografias parecidas com funes diferentes, topografias diferentes com

  • 10

    funes iguais, ou mesmo topografias diferentes e funes diferentes. Para fins de pesquisa,

    ser considerado o conceito amplo do fofocar citado anteriormente, a topografia ser falar

    sobre aspectos negativos da vida de famosos aps a leitura de pequenas notcias. A funo do

    comportamento de fofocar ser obter ateno ou concordncia do ouvinte.

  • 11

    CAPTULO 2. DEMONSTRAES EMPRICAS SOBRE O USO DO REFORAMENTO

    DIFERENCIAL

    relevante citar alguns estudos cientficos que demostram o efeito do reforamento

    diferencial no comportamento humano. Ao analisar algumas pesquisas, Sarason (1972) em

    seu captulo intitulado O reforo humano em pesquisa sobre o comportamento verbal,

    demonstra a importncia do uso do comportamento do experimentador como reforo

    contingente ao comportamento dos participantes das pesquisas. Um estudo emprico realizado

    por Sarason e Harmatz (Citado em Sarason, 1972) que investigou os efeitos de reforamento

    positivo e negativo na aprendizagem verbal de grupos experimentais. O resultado obtido

    revelou que os grupos que foram reforados positivamente sendo instrudos de que estavam

    realizando um excelente trabalho (p. 303) tiveram uma aprendizagem mais eficaz do que os

    que foram instrudos a trabalhar mais e melhorar o seu nvel de desempenho (p. 303). Alm

    disso, o estudo demonstrou que a varivel do experimentador tinha um impacto importante

    nos resultados de desempenho obtidos.

    Sarason (1972) conclui que os experimentos analisados demonstraram que o

    reforamento tem um efeito poderoso nas emisses dos participantes, e que as caractersticas

    do experimentador que conduz uma pesquisa devem ser especialmente consideradas.

    Ferster (1977) descreve uma pesquisa intitulada uso prtico de reforamento e

    imitao para restabelecer o comportamento verbal em psicticos mudos (p. 82) cujo

    objetivo era o desenvolvimento de tcnicas e princpios que possibilitasse a compreenso do

    comportamento verbal em pacientes psicticos. O experimento foi realizado com um paciente

    que vivia h 47 anos no hospital, com 63 anos de idade, e um histrico de mutismo de 45

    anos. Inicialmente foi descoberto que os reforadores eficientes para o paciente em questo

    eram balas e cigarros, se o paciente estivesse de certa forma privado de tais reforadores. Para

  • 12

    aumentar a frequncia do comportamento verbal foram utilizados os reforadores

    condicionados Bem e Muito bem.

    Como o paciente no mantinha contato visual com o pesquisador foi necessrio

    modelar esse comportamento. Em seguida, aps uma vocalizao que o experimentador

    chamou de grunhido, tal comportamento foi reforado. O procedimento repetiu-se, mas a

    frequncia de vocalizaes por sesso permanecia baixa. Foi necessrio mudar os

    reforadores iniciais para um reforador que o experimentador julgou mais poderoso

    pores de comidas. Inicialmente, diante de qualquer manifestao consecutiva a instruo

    Diga comida o reforo era apresentado. No entanto, aumentava-se gradativamente a

    exigncia de que as vocalizaes fossem mais prximas da palavra comida. Aps esse

    procedimento de aproximaes sucessivas, o paciente passou a dizer comida e a repetir outras

    doze palavras como torta, gua e gelatina. Entretanto, o experimentador no tinha

    muito controle j que o paciente no respondia sempre que o reforo lhe era apresentado. At

    ento, o comportamento que o experimentador estava reforando era o de imitar.

    O segundo estgio tinha como objetivo aumentar o controle do experimentador.

    Ento, o experimentador mantinha a instruo diga comida e quando o paciente respondia o

    reforo era apresentado imediatamente. Caso o paciente no respondesse em 10 segundos o

    experimentador lia um livro em silncio por um minuto antes de tentar novamente. Dessa

    forma, o experimentador conseguiu estabelecer um controle inicial sobre as verbalizaes do

    paciente. Como as verbalizaes continuavam imitativas, introduziu-se o processo de fading,

    cujo propsito mudar as condies estimulatrias em passos suficientemente pequenos para

    que no haja perturbao do comportamento (p. 87). Ento, quando o experimentador

    perguntasse o que isto? o objetivo era que o paciente respondesse comida.

    Para comprovar que o responsvel pelo comportamento era o reforamento usado

    pelo experimentador, foi programado um perodo de DRO em que o experimentador oferecia

  • 13

    a comida quando o paciente emitisse qualquer outro comportamento diferente de falar.

    Observou-se uma queda na frequncia de falar, o que comprovou a hiptese.

    O reforamento do comportamento verbal com comida foi retomado e a frequncia

    das verbalizaes aumentou novamente. Ao final do experimento, o repertrio verbal do

    paciente consistia de mais ou menos 30 palavras, alm disso, o paciente passou a ler o prprio

    nome e os nmeros de 1 a 20. Decorridos seis meses aps o fim das sesses, o repertrio

    verbal do paciente se mantinha intacto.

    Ferster (1977) descreve uma outra pesquisa denominada Efeito da ateno do

    professor sobre o comportamento de estudar, cujo objetivo era ensinar aos professores os

    princpios operantes e verificar os efeitos dos reforadores sociais. Inicialmente os

    pesquisadores identificaram os comportamentos cuja frequncia deveria aumentar de acordo

    com o aluno e a matria, e definiram que o desempenho de estudar consistia de 10 segundos

    ininterruptos. As frequncias de estudo dos alunos selecionados foram obtidas, uma linha de

    base de duas semanas de observao foi estabelecida. Em seguida as bases do reforamento

    social foram discutidas com as professoras e um aluno foi selecionado para realizao de um

    estudo sistemtico.

    Cada vez que o aluno estivesse estudando, o observador, posicionado de forma que o

    aluno no pudesse v-lo, levantava um papel colorido que indicava que a professora deveria

    dar ao aluno algum tipo de ateno, como fazer algum comentrio ou dar um tapinha nas

    costas. Semanalmente, tanto a frequncia do comportamento de estudar do aluno como a

    eficcia da ateno eram discutidas com as professoras. Ao serem apresentados os grficos

    com os resultados obtidos, os pesquisadores reforavam o comportamento das professoras de

    dar ateno aos alunos.

    Uma segunda fase do experimento consistia em, aps obteno de uma frequncia

    razovel do estudar, reforar os comportamentos de no estudar. Ou seja, refere-se forma

  • 14

    anterior de atuao das professoras. A linha de base indicava que os alunos recebiam mais

    frequentemente ateno da professora quando no estavam estudando. Se ao reforar um

    comportamento incompatvel com o de estudar a frequncia diminusse, a relao entre o

    reforamento social e a frequncia do estudar seria validada. Durante esse perodo de reverso

    a frequncia do comportamento de estudar caiu pela metade.

    A terceira fase consistia na reinstalao do procedimento de reforamento social para

    o comportamento de estudar. Ao obter uma alta frequncia de tal comportamento, a

    professora continuava sem que o observador sinalizasse.

    A pesquisa indica que o uso do reforamento social contingente ao comportamento

    de estudar consiste em um procedimento rpido e eficaz para aumentar a frequncia de

    comportamentos desejveis em sala de aula.

    Um estudo realizado por Britto e cols (2006), com um homem de 49 anos

    diagnosticado com esquizofrenia por quase 30 anos, tinha como objetivo verificar o efeito do

    reforamento diferencial de comportamentos alternativos e extino. A pesquisa foi realizada

    em 30 sesses, duas vezes por semana, com durao de 45 minutos cada uma. Primeiramente

    foram estabelecidas as falas psicticas e as falas apropriadas. A primeira eram falas que se

    referissem a estmulos ausentes ou tpicos que eram verbalizados repetidamente: diabo,

    prostituta, Jimmy Carter, transtornos mentais, bichas e lsbicas. O segundo tipo de falas eram

    declaraes que no faziam parte das definies de vocalizaes psicticas.

    A interveno consistia no reforo diferencial alternativo de falas apropriadas e

    extino de falas psicticas. O reforo utilizado era social do tipo Muito bem!, timo,

    aceno com a cabea, contato visual e sorrisos. J o procedimento de extino consistia em

    comportar-se como se estivesse interessado em outra coisa, olhar para outros lugares, afastar-

    se e no manifestar-se verbalmente.

  • 15

    Os resultados encontrados demonstraram uma diminuio das falas psicticas e um

    aumento das falas apropriadas. O reforo social e extino se mostraram eficazes no controle

    das falas do participante.

    Mendona (2002) relata um caso clnico no qual foi utilizado como estratgia de

    interveno o DRO (reforo diferencial de outro comportamento) e o DRA (reforamento

    diferencial de um comportamento alternativo). A autora identificou, por meio de anlises

    funcionais, a funo reforadora das respostas disfuncionais do cliente em determinadas

    contingncias. Quando o cliente relatava uma situao em que sentiu cimes, a terapeuta

    apenas escutava sem manifestar-se. Aps um tempo sem que o cliente apresentasse essa

    queixa, a terapeuta reforava qualquer outro comportamento, julgado por ela, adequado

    (DRO). Ao mesmo tempo, respostas alternativas eram reforadas (DRA), como por exemplo,

    habilidade social em oposio ao cime (p. 98). Esse procedimento foi utilizado durante

    todo o processo teraputico que durou cerca de um ano com sesses semanais.

    Os resultados obtidos, segundo Mendona (2002), demonstram que a utilizao

    desses esquemas de reforamento eficaz para a interveno clnica. Ento, aps uma

    cuidadosa anlise funcional, possvel aumentar a frequncia de comportamentos desejados e

    diminuir a frequncia de comportamentos indesejados com o manejo dos esquemas de DRO e

    DRA na clnica.

    Uma pesquisa sobre o comportamento verbal queixoso realizado por Oliveira (2009)

    teve como objetivo, verificar, no contexto teraputico, o efeito da escuta diferencial na

    frequncia de tais comportamentos. O mtodo consistia na comparao da sesso de uma

    cliente em que ocorria a aplicao da escuta diferencial, com as sesses de outra cliente que

    no passava por esse procedimento. A pesquisa teve incio com a realizao de anlises

    funcionais que indicasse uma elevada frequncia do comportamento verbal queixoso e seu

    controle pela a ateno das pessoas, inclusive da terapeuta, como reforador condicionado

  • 16

    generalizado. Em seguida, as sesses eram gravadas e as respostas verbais queixosas que

    surgiam no contexto teraputico eram anotadas. O procedimento com uma cliente consistia

    em extinguir o comportamento queixoso e reforar relatos de eventos reforadores. J com a

    outra cliente, o comportamento queixoso era reforado por meio do comportamento verbal do

    terapeuta que fazia perguntas reflexivas que levassem o cliente a perceber a ineficcia de seu

    comportamento queixoso na mudana de sua condio (p. 29).

    A escuta diferencial produziu uma diminuio no comportamento verbal queixoso da

    cliente que passou por esse procedimento. Por outro lado, o reforo do comportamento

    queixoso por meio de perguntas reflexivas levou a um aumento da frequncia desse

    comportamento no relato verbal da outra cliente.

    Um estudo piloto realizado pelas pesquisadoras Chaves, Prado e Estevam em 2006

    para aquisio de requisito parcial na disciplina Psicologia Geral e Experimental II do Centro

    Universitrio de Braslia UniCEUB, intitulado Fofoca: Uma Abordagem Experimental,

    tinha por objetivo verificar o efeito do reforamento diferencial no tempo de comentrio de

    notcias. Participaram da pesquisa 12 pessoas. O procedimento consistia em comparar o

    tempo utilizado para comentar notcias de fofoca que eram reforadas com as outras notcias

    que no recebiam reforo (DRF). O reforo era ouvir atentamente, dar sinais de entendimento,

    hum-hum, ahan, mesmo, concordo. O experimento foi organizado em linha de

    base, 2 sesses de reforo diferencial para o fofocar e retorno a linha de base. Os resultados

    encontrados demonstraram que nas sesses de DRF houve um aumento no tempo mdio de

    todos os participantes utilizado para comentar as notcias quando o assunto era fofoca. Em

    relao aos resultados individuais 66,7% dos participantes aumentaram o tempo de

    comentrio nas sesses de DRF.

  • 17

    Da mesma forma que os estudos citados anteriormente, a presente pesquisa prope a

    aplicao dos procedimentos de reforamento diferencial e DRO com o objetivo de manipular

    a frequncia do comportamento verbal fofocar.

  • 18

    OBJETIVOS

    a) Objetivo geral: investigar as variveis que controlam o comportamento de fofocar,

    bem como verificar o efeito do reforamento diferencial (DRF) e do reforamento diferencial

    de outros comportamentos (DRO) no comportamento verbal das pessoas.

    b) Objetivos especficos:

    i. Comparar o tempo utilizado pelos participantes da pesquisa para comentar as

    notcias que so reforadas com as que no so reforadas;

    ii. Verificar o efeito do reforo de comportamento de ouvinte no fofocar como

    comportamento verbal;

    iii. Verificar se o comportamento de fofocar pode ser descrito a partir dos

    conceitos da Anlise Comportamento.

  • 19

    METODOLOGIA

    Participantes

    Participaram da pesquisa um total de (6) indivduos, todos do sexo feminino e com

    nvel superior completo ou incompleto. Todos concordaram atravs de assinatura do Termo

    de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE a serem voluntrios da pesquisa. A populao

    estudada foi de adultos, maiores de 18 anos.

    Situaes e Materiais

    A composio social foi de uma (1) pesquisadora, (1) colaboradora e um (1)

    participante, sendo o experimento aplicado individualmente. Os procedimentos foram

    aplicados em salas de aula do bloco dois (2) e nove (9) do UniCEUB. As salas de aula eram

    equipadas com (1) aparelho de ar-condicionado; cerca de quarenta (40) carteiras, uma (1)

    mesa e uma (1) cadeira; as dimenses eram de 9m x 6m, com iluminao artificial por 24

    lmpadas fluorescentes e uma janela de correr. A sala de cor branca estava devidamente

    higienizada. Na coleta de dados foram apresentados 12 envelopes, cada um com quatro

    pequenas notcias diferenciadas por quatro categorias de assuntos relacionados : a) crimes e

    violncia, b) esportes, c) vida social de pessoas pblicas e d) vida animal e meio ambiente. O

    experimento teve no total quarenta e oito (48) pequenas notcias sobre temas diferenciados,

    sendo 12 sobre crimes e violncia, 12 sobre esportes, 12 sobre a vida social de pessoas

    pblicas e mais 12 sobre vida animal e meio ambiente. Foram utilizados 10 instrumentos de

    registros: 1 folha para o registro de preferncia dos assuntos onde o sujeito indicava uma

    numerao de 1 (prefiro mais) a 4 (prefiro menos); outras 12 para o registro do tempo gasto

    com o comentrio de cada uma das notcias de cada fase do experimeto; e mais caneta, lpis,

    cronmetro, gravador e termo de consentimento livre e esclarecido.

    Procedimentos

  • 20

    A pesquisa foi iniciada aps aprovao do projeto de pesquisa pelo Comit de tica

    em Pesquisa (CEP). Antes do incio da pesquisa, foi apresentado a cada participante um

    documento com o termo de consentimento livre e esclarecido e demais esclarecimentos

    necessrios. O experimento foi organizado em duas etapas e cada etapa foi aplicada em um

    dia diferente. A primeira etapa teve 6 fases: linha de base (LB 1), quatro fases de interveno

    (DRF 1, DRF 2, DRF 3 e DRF 4), e retorno a linha de base (LB 2). A segunda etapa tambm

    teve 6 fases: linha de base (LB 3), quatro fases de interveno (DRO 1, DRO 2, DRO 3 e

    DRO 4), retorno a linha de base (LB 4). Em cada fase o participante deveria abrir o envelope,

    ler todas as notcias e comentar cada uma delas. O tempo de comentrio de cada notcia era

    cronometrado pela colaboradora, bem como a ordem de leitura e de comentrio.

    A primeira etapa aconteceu da seguinte maneira: na primeira fase, linha de base 1,

    foi apresentado ao participante o Instrumento de registro n. 1, para que ele indicasse sua

    preferncia pelos assuntos relacionados : a) crimes e violncia, b) esportes, c) vida social de

    pessoas pblicas e d) vida animal e meio ambiente, em uma escala de 1 (prefiro mais) a 4

    (prefiro menos). Em seguida, foi apresentado um envelope contendo quatro pequenas notcias,

    uma de cada um dos assuntos mencionados. O participante foi solicitado a fazer a leitura de

    todas e o colaborador anotou a ordem de leitura. Em seguida o participante comentou uma a

    uma e o colaborador registrou a ordem de comentrio. O colaborador mediu o tempo que o

    participante gastou falando de cada notcia, preenchendo o Instrumento de Registro

    correspondente ao conjunto de notcias. Aps os comentrios, o participante foi solicitado a

    indicar a preferncia das notcias que comentou em ordem de 1 (prefiro mais) a 4 (prefiro

    menos).

    As quatro fases de interveno eram de reforo diferencial para o fofocar (DRF 1,

    DRF 2, DRF 3 e DRF 4). Nestas fases a pesquisadora introduziu um procedimento

    experimental de reforamento s verbalizaes relacionadas vida social de pessoas pblicas.

  • 21

    Os comportamentos de comentar notcias sobre crimes e violncia, esportes e vida animal e

    ambiente no foram reforados, j os comportamentos de comentar notcias sobre vida social

    de pessoas pblicas foram reforados. O reforo utilizado era social e de grande magnitude

    (tais como: ouvir atentamente, dar sinais de entendimento, verbalizaes como hum-hum,

    ham-ham, mesmo, concordo e parfrases). O colaborador registrou a ordem de leitura

    de comentrio, e mediu o tempo que o participante gastou falando de cada notcia,

    preenchendo o Instrumento de Registro correspondente ao conjunto de notcias. Ao final, o

    participante foi solicitado a indicar a preferncia das notcias comentadas em uma escala de 1

    (prefiro mais) a 4 (prefiro menos).

    Na fase de retorno a linha de base (LB 2) foi apresentado um envelope com quatro

    pequenas notcias de cada um dos assuntos sobre a) crimes e violncia, b) esportes, c) vida

    social de pessoas pblica e d) vida animal e meio ambiente. O participante foi solicitado a ler

    todas as notcias e comentar uma a uma, no houve reforo para os comentrios. O

    colaborador registrou a ordem de leitura e de comentrio, e mediu o tempo que o participante

    gastou falando de cada notcia, preenchendo o Instrumento de Registro correspondente ao

    conjunto de notcias. Aps os comentrios, foi solicitado ao participante que indicasse a

    preferncia das notcias que tinha comentado em ordem de 1 (prefiro mais) a 4 (prefiro

    menos).

    A segunda etapa aconteceu da seguinte maneira: na primeira fase, linha de base (LB

    3), o procedimento utilizado foi o mesmo da linha de base 2, que corresponde a ltima fase da

    primeira etapa.

    As quatro fases de interveno eram de reforo diferencial de outros comportamentos

    (DRO 1, DRO 2, DRO 3 e DRO 4), ou seja, fases de reforo para as verbalizaes de todos os

    assuntos menos o fofocar. Nestas fases a pesquisadora introduziu um procedimento

    experimental de reforamento as verbalizaes relacionadas a crimes e violncia, esportes e

  • 22

    vida animal e meio ambiente. As notcias sobre vida social de pessoas pblicas no receberam

    reforo para suas verbalizaes. O reforador utilizado era o mesmo da primeira etapa. O

    colaborador registrou a ordem de leitura e de comentrio, e mediu o tempo que o participante

    gastou falando de cada notcia, preenchendo o Instrumento de Registro correspondente ao

    conjunto de notcias. Ao final, o participante foi solicitado a indicar a preferncia das notcias

    que comentou em ordem de 1 (prefiro mais) a 4 (prefiro menos).

    Na fase de retorno a linha de base (LB 4), o procedimento foi o mesmo utilizado na

    ltima fase da primeira etapa, linha de base 2.

  • 23

    RESULTADOS

    Os seis participantes da pesquisa passaram pelas duas etapas para coleta de dados,

    sendo cada etapa realizada em dias diferentes. Na figura 1 observa-se o tempo mdio em

    segundos gasto comentando cada notcia em funo de cada sesso experimental. . A figura 2

    representa a mdia de preferncia inicial por assunto e da preferncia pelas notcias em cada

    etapa do experimento de acordo com a escala de preferncia (4 prefiro mais a 1 prefiro

    menos). As figuras 3, 5, 7, 9, 11 e 13 referem-se ao tempo em segundos de cada participante

    gasto comentando cada notcia em funo de cada sesso experimental, e as figuras 4, 6, 8,

    10, 12 e 14 referem-se a preferncia inicial por assunto e a preferncia de cada participante

    pelas notcias em cada etapa do experimento de acordo com a escala de preferncia (4 prefiro

    mais a 1 prefiro menos). A tabela 1 apresenta o tempo total de comentrio de cada

    participante em cada etapa, a diferena de tempo entre as duas etapas, e o valor representativo

    dessa diferena em porcentagem. A tabela 2 apresenta o tempo mdio de comentrio sobre

    fofoca em segundos de cada participante em cada fase de interveno. A tabela 3 apresenta a

    mdia de tempo em segundos de cada participante das fases de DRF 3 e 4 e das fases de DRO

    3 e 4.

    Os resultados encontrados demonstram que os participantes aumentaram, em mdia,

    o tempo utilizado para o comentrio da notcia, quando o assunto era fofoca no esquema de

    reforamento diferencial, conforme se observa na Figura 1, que apresenta a mdia em

    segundos de todos os participantes. Em comparao com as linhas de base 1 e 2, o tempo de

    comentrio quando o assunto era fofoca foi maior nas fases de reforo diferencial do fofocar

    (DRF), alm disso, houve um aumento gradual a cada fase de DRF. J em relao segunda

    etapa pode-se observar um aumento na fase de DRO 1 em relao a linha de base 3, mas logo

    em seguida houve uma diminuio gradual na mdia de tempo gasto falando da vida de outras

    pessoas. Em mdia os participantes falaram sobre fofoca 21,46% a menos nas fases de DRO

  • 24

    em comparao com as fases de DRF. Em relao s etapas de interveno, pode-se observar

    ainda que o maior tempo mdio do fofocar corresponde a fase de DRF 4, enquanto que o

    menor tempo mdio do fofocar corresponde a fase de DRO 3 seguida de um valor prximo no

    DRO 4. Nas fases de DRF o tempo mdio de comentrio da notcia sobre crime e violncia

    teve um aumento no DRF 1, seguido de uma diminuio no DRF 2 e nas fases de DRF 3 e 4

    houve um aumento para tempos com valores similares aos da linha de base 1. J o tempo

    mdio de comentrio das notcias sobre vida animal e meio ambiente revelam um aumento no

    DRF 1 em relao a linha de base 1, seguido de uma diminuio gradual at valores similares

    aos da linha de base 1. O tempo mdio de comentrio das notcias sobre esporte teve uma

    diminuio gradual a partir do DRF 1, com um aumento no DRF 3 para um tempo similar ao

    da linha de base 1 e novamente uma diminuio no DRF 4.

    Figura 1. Mdia de tempo em segundos dos participantes gasto em comentar notcias dos quatro

    tipos de assuntos em funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou

    DRO.

    A mdia de preferncia dos participantes de acordo com a escala (4 prefiro mais a 1

    prefiro menos), demonstrou que a maior preferncia nas duas etapas foi pelo grupo de notcias

    sobre vida animal e meio ambiente e a menor preferncia foi pelo grupo de notcias sobre

    crime e violncia. Em relao s notcias sobre fofoca, nas fases de interveno de DRF a

  • 25

    mdia de preferncia ficou em segundo lugar. J na etapa de DRO houve uma maior

    variabilidade (Figura 2).

    Figura 2. Mdia de preferncia na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por etapa, fases e

    categorias.

    A Figura 3 demonstra o desempenho do participante 1 que em relao s linhas de

    base 1 e 2, demonstra um aumento gradual no tempo gasto quando o assunto era fofoca. O

    participante gastou mais tempo falando sobre fofoca em relao s demais notcias nas fases

    de DRF 2 e DRF4, mas esse participante j apresentou na linha de base 1 um tempo maior

    falando sobre fofoca. Na segunda etapa, houve uma diminuio no tempo gasto quando o

    assunto era fofoca apenas nas fases de DRO 3 e DRO 4. Em relao as demais notcias, as

    linhas de base 3 e 4 demonstram um tempo maior de comentrio quando o assunto era fofoca,

    da mesma maneira que a linha de base 1. Em mdia o participante 1 falou 43,01s quando o

    assunto era fofoca nas fases de DRF, e em mdia 38,4s nas fases de DRO sobre o mesmo

    assunto (tabela 2). O tempo que o participante 1 gastou comentando as notcias na primeira

    etapa foi 9,89% a mais do que na segunda etapa (tabela 1).

  • 26

    Figura 3. Tempo do participante 1 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

    Figura 4. Preferncia do participante 1 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por etapa,

    fases e categorias.

    Em relao escala de preferncia do participante 1, pode-se observar na figura 4

    que a preferncia inicial pelo assunto fofoca ficou em ltimo lugar, na escala 1, no entanto em

    relao as linhas de base 1 e 2 houve um aumento na preferncia no DRF 1 e 2, seguido de

    uma diminuio no DRF 3 e 4. Na segunda etapa, o participante 1 apresenta a linha de base 3

    com uma preferncia maior pelo assunto fofoca em comparao com as outras linhas de base,

    havendo um aumento no DRO 2 seguido de uma diminuio na preferncia. Considerando as

    duas etapas, houve uma mdia de preferncia em ambas de 2,5 quando o assunto era fofoca.

    A figura 5 demonstra o resultado do participante 2. Em relao aos outros

    participantes da pesquisa, o participante 2 apresentou o menor tempo de comentrio. Na

    primeira etapa, quando o assunto era fofoca, houve um aumento considervel na fase de

  • 27

    DRF1 em relao linha de base 1, seguido de uma diminuio gradual a partir do DRF 2. Na

    segunda etapa houve um aumento no tempo de comentrio quando o assunto era fofoca, DRO

    1 e 2, seguido de uma diminuio no DRO 3, e novamente um aumento no DRO 4. Em mdia

    o tempo gasto comentando as notcias de fofoca foi cerca de 12,5s nas duas etapas (tabela 2).

    O tempo que o participante 2 levou para comentar todas as notcias foi 4,88% maior na etapa

    2 em comparao com a etapa 1 (tabela 1).

    Na primeira etapa, de acordo com a Figura 6, percebe-se que na preferncia

    relacionada s notcias de fofoca houve uma diminuio gradual. Na segunda etapa as

    preferncias relacionadas s notcias de fofoca ficaram em quase todas as fases em ltimo

    lugar. Em mdia a preferncia nas fases de DRF quando o assunto era fofoca foi de 2 de

    acordo com a escala, e nas fases de DRO essa mdia caiu para 1,25. Os resultados em relao

    com as linhas de base demonstram variabilidade apenas entre os assuntos vida animal e meio

    ambiente e esporte.

    Figura 5. Tempo do participante 2 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

  • 28

    Figura 6. Preferncia do participante 2 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por etapa,

    fases e categorias.

    A figura 7 demonstra que em relao s linhas de base 1 e 2 houve um aumento

    gradual no tempo de comentrio quando o assunto era fofoca para o participante 3. O

    participante gastou mais tempo falando sobre fofoca em relao s demais notcias em

    praticamente todas as fases de DRF. A figura 7 demonstra que o tempo de comentrio em

    geral foi maior na primeira etapa. Na segunda etapa no houve muita diferena no tempo de

    comentrio de cada notcia. Nas fases de DRF quando o assunto era fofoca o participante 3

    falou em mdia 71,82s, j nas fases de DRO essa mdia caiu para 26,79s (tabela 2). O tempo

    total de comentrio na primeira etapa foi 48,92% maior que o tempo total de comentrio na

    segunda etapa (tabela 1).

    Figura 7. Tempo do participante 3 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

  • 29

    Figura 8. Preferncia do participante 3 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por etapa,

    fases e categorias.

    A figura 8 demonstra uma diminuio inicial na preferncia das notcias sobre fofoca

    no DRF 1 em relao a linha de base 1, logo em seguida houve um aumento gradual. Na

    segunda etapa houve uma diminuio gradual na preferncia quando o assunto era fofoca. Em

    mdia, a preferncia pelas notcias sobre fofoca nas fases de DRF foi de 2,25, e nas fases de

    DRO essa mdia aumentou para 2,75.

    Os resultados do participante 4, conforme a figura 9, demonstram nas fases de DRF

    1, 3 e 4 o tempo utilizado para comentar quando o assunto era fofoca foi maior que o tempo

    utilizado para comentar as demais notcias. J na segunda etapa possvel notar um aumento

    inicial no tempo de comentar fofoca, seguido de uma diminuio. No entanto, o tempo de

    comentrio das notcias de fofoca na segunda etapa no foi menor que o tempo nas linhas de

    base. Em mdia, nas fases de DRF, o tempo de comentrio sobre as notcias de fofoca foi de

    36,19s, j nas fases de DRO essa mdia aumentou para 38,14s (tabela 2). O tempo total de

    comentrio na primeira etapa foi 5,66% menor que o tempo total de comentrio na segunda

    etapa (tabela 1).

  • 30

    Figura 9. Tempo do participante 4 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

    Figura 10. Preferncia do participante 4 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias.

    A figura 10 demonstra que a preferncia pelas notcias sobre fofoca se manteve

    constante, diminuindo apenas no DRF 3 e na linha de base 2. Na segunda etapa pode-se

    observar variao na preferncia quando o assunto era fofoca. Em mdia, a preferncia nas

    fases de DRF pelas notcias de fofoca foi de 3,75, essa mdia caiu para 3 nas fases de DRO.

    O participante 5 demonstra, de acordo com a figura 11, um aumento no tempo de

    comentrio quando o assunto era fofoca em relao as linhas de base. No entanto, apenas no

    DRF 4 que o tempo de comentrio foi maior que as demais notcias. Na segunda etapa, houve

    um aumento em relao a linha de base 3 na fase de DRO 1, seguido de uma diminuio no

    tempo de comentrio. Em mdia, nas fases de DRF o tempo de comentrio sobre as notcias

    de fofoca foi de 45,71s, j nas fases de DRO essa mdia diminuiu para 29,35s (tabela 2). O

  • 31

    tempo total de comentrio na primeira etapa foi 3,5% menor que o tempo total de comentrio

    na segunda etapa (tabela 1).

    Figura 11. Tempo do participante 5 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

    Figura 12. Preferncia do participante 5 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias.

    Na figura 12 pode-se observar pouca variao na escala de preferncia das notcias

    na primeira fase. J na segunda fase pode-se observar uma maior variabilidade na preferncia.

    Em mdia, a preferncia nas fases de DRF pelas notcias de fofoca foi de 3,5, essa mdia caiu

    para 2,75 nas fases de DRO.

    O participante 6 demonstra, de acordo com a figura 13, um aumento gradual no

    tempo de comentrio quando o assunto era fofoca em relao as linhas de base 1 e 2. Na

    segunda etapa houve uma menor variao no tempo de comentrio de todas as notcias. Em

    mdia, nas fases de DRF o tempo de comentrio sobre as notcias de fofoca foi de 21s, j nas

  • 32

    fases de DRO essa mdia aumentou 22,75s (tabela 2). O tempo total de comentrio na

    primeira etapa foi 3,53% menor que o tempo total de comentrio na segunda etapa (tabela 1).

    Figura 13. Tempo do participante 6 gasto em comentar notcias dos quatro tipos de assuntos em

    funo da fase, por etapa, e contingncias em vigor, se extino, DRF ou DRO.

    Figura 14. Preferncia do participante 6 na escala de 4 prefiro mais a 1 prefiro menos, por

    etapa, fases e categorias.

    A figura 14 demonstra que em geral no houve muita mudana na preferncia em

    relao s linhas de base 1 e 2. Na segunda etapa houve um aumento na preferncia quando o

    assunto era fofoca em comparao com as linhas de base 3 e 4. Em mdia, a preferncia pelas

    notcias de fofoca foi de 3 de acordo com a escala, em ambas as etapas.

    A tabela 3 apresenta o resultado de cada participante relacionado a mdia de tempo

    em segundos dos comentrios sobre fofoca nas fases de DRF 3 e 4 e nas fases de DRO 3 e 4.

    Pode-se observar que 5 participantes tiveram uma mdia nos DRF 3 e 4 maior que a mdia

  • 33

    nos DRO 3 e 4. O participante 3 teve a maior mdia das duas fases de DRF em relao aos

    demais participantes, e a maior diferena em relao a mdia das duas fases de DRO.

    Tabela 1. Tempo de comentrio de cada participante em cada etapa, a diferena de tempo entre

    as duas etapas, e o valor representativo dessa diferena em porcentagem.

    Participante Etapa 1 Etapa 2 Etapa 1 - Etapa 2 %

    1 913,17 822,82 90,35 9,89

    2 305,26 320,93 -15,67 -4,88

    3 1371,26 700,43 670,83 48,92

    4 734,37 778,48 -44,11 -5,67

    5 1167,47 1126,57 40,90 3,50

    6 409,00 424,00 -15,00 -3,54

    Tabela 2. Tempo mdio de comentrio sobre fofoca em segundos de cada participante em cada

    fase de interveno.

    Participante DRF DRO

    1 43,01 38,40

    2 12,59 12,57

    3 71,82 26,79

    4 36,192 38,14

    5 45,71 29,35

    6 21,00 22,75

    Tabela 3. Mdia do tempo em segundos de cada participante nas fases de DRF 3 e 4 e nas fases

    de DRO 3 e 4.

    Participante Mdia DRF 3 e 4 Mdia DRO 3 e 4

    1 45,07s 34,63s

    2 5,93s 10,73s

    3 90,99s 26,92s

    4 48,31s 31,84s

    5 36,58s 20,66s

    6 24,5s 22,5s

  • 34

    DISCUSSO

    A presente pesquisa teve por objetivo investigar o efeito que o reforamento

    diferencial produz no fofocar como comportamento verbal, mais especificamente, verificar se

    o tempo de comentrio das notcias varia em funo do reforo de comportamento de ouvinte

    e de extino. Em outras palavras, buscou-se investigar se o tempo de comentrio das notcias

    sobre fofoca aumentaria nas fases de reforamento diferencial do fofocar, e se diminuiria nas

    fases de reforamento diferencial de outros comportamentos. Em comparao, objetivou-se

    verificar se o tempo total de comentrios na primeira etapa, cuja interveno era de

    reforamento diferencial do fofocar, seria menor que o tempo de comentrio na segunda

    etapa, cuja interveno era de reforamento diferencial de outros comportamentos. Alm

    disso, a presente pesquisa teve por objetivo verificar se possvel descrever pela Anlise do

    Comportamento um dos usos mais importantes do conceito fofoca na linguagem cotidiana,

    que so respostas verbais sob controle discriminativo de eventos aversivos da vida de outras

    pessoas na sua ausncia.

    Vale ressaltar que esse um estudo inicial que se props a investigar um dos usos do

    termo fofocar, com a topografia de falar sobre a vida social de pessoas pblicas a partir de

    notcias retiradas de sites de fofoca em funo do reforo de comportamento de ouvinte

    provido pela experimentadora. Outras variveis como, por exemplo, contexto, tipo de

    audincia, repertrio comportamental, quantidade de reforo e fora do reforo no foram

    controladas.

    de conhecimento popular que em alguns contextos o comportamento de fofocar

    ocorre com maior frequncia, como por exemplo, nos sales de beleza e ambientes de

    trabalho. Baum (2006) afirma que o comportamento verbal ocorrer no contexto em que tem

    mais chance de ser reforado. Sabe-se que mais comum que o comportamento de fofocar

    ocorra entre conhecidos, j que entre desconhecidos pode ocasionar em desaprovao ou

  • 35

    rejeio, considerando-se as contingncias sociais relacionadas ao fofocar (Baum, 2006).

    Algumas pessoas podem ter uma linha de base mais elevada do comportamento de comentar

    certas notcias em detrimento de pessoas que no leem notcias com frequncia,

    consequentemente, pessoas que falassem por mais tempo receberiam uma quantidade de

    reforo maior do que as que falassem menos, influenciando no controle do experimentador.

    Os tipos de reforo escolhidos para essa pesquisa so mais prximos dos que se

    encontra no ambiente em uma conversa informal, ou seja, com caractersticas mais prximas

    de reforo natural e no arbitrrio. So reforadores generalizados condicionados, tais como

    ateno (hum-hum, ahan, aceno com a cabea, inclinao do corpo) sorriso e

    concordncia.

    Com os dados obtidos foi possvel verificar um efeito maior na mdia dos resultados

    do que nos resultados de cada participante. Ou seja, de acordo com os resultados mdios

    possvel observar um aumento gradual no tempo utilizado para comentar notcias de fofocas

    nas fases de interveno de DRF e uma diminuio gradual nas fases de interveno de DRO.

    Esse dado est de acordo com Moreira e Medeiros (2007) que afirmam que os estmulos que

    sinalizam que uma resposta no ser reforada, so chamados de estmulos delta, sinalizando

    a extino da resposta, consequentemente, esta se tornar pouco provvel na sua presena.

    Esse mesmo dado confirma Catania (1999) que afirma que a resposta do ouvinte mantm o

    comportamento do falante, e que se o ouvinte no reagir diante da fala, a tendncia do falante

    ser parar de falar. De fato, o tempo total mdio do comportamento de fofocar nas fases de

    DRF foi maior que o tempo total mdio do mesmo comportamento nas fases de DRO.

    Confirma ainda Baum (2006) que explica que o procedimento de reforamento diferencial

    tem como consequncia o aumento na frequncia de cada resposta que estiver mais prxima

    da que se deseja ensinar. De acordo com os resultados mdios obtidos foi possvel perceber

  • 36

    que o maior tempo mdio do fofocar resultou da ultima interveno de DRF e o menor tempo

    mdio da penltima e da ltima interveno de DRO.

    Os resultados das mdias de cada participante das fases de DRF 3 e 4 e das fases de

    DRO 3 e 4 demonstram o efeito esperado do DRF em comparao com o efeito esperado do

    DRO, de que os participantes falariam mais sobre fofoca nas fases de DRF do que nas fases

    de DRO. A diferena entre as duas mdias foi grande em quase todos os casos, sendo que o

    participante 3 apresentou a maior diferena. J o participante 2 apresentou um resultado

    contrrio ao esperado. Esse resultado confirma a necessidade de um maior nmero de fases de

    interveno.

    Em relao a maior variabilidade dos demais comportamentos encontrados nos dois

    esquemas de reforamento aplicados na pesquisa, possvel levantar como hiptese o efeito

    do reforamento numa classe mais ampla de resposta, como por exemplo, o comportamento

    de comentar uma notcia, ou seja, os participantes no necessariamente discriminaram o

    reforo para o fofocar na primeira etapa e para todos os outros comportamentos menos o

    fofocar na segunda etapa. Essa uma consequncia comum do uso do reforamento natural

    em detrimento do arbitrrio. Para isso se faz necessrio um maior nmero de fases de

    interveno e, alm disso, aumentar a magnitude do reforo.

    Outro ponto importante o fato do tempo total de comentrios ter sido maior nas

    fases de DRF do que nas fases de DRO, em que se tinha um maior nmero de reforo

    contingente ao comportamento de comentar outras notcias menos as de fofoca. De maneira

    que o resultado encontrado foi diferente do resultado esperado. Uma hiptese a ser levantada

    que, como a segunda etapa ocorria aps a primeira, a segunda etapa poderia estar sob efeito

    da interveno de DRF. Para isso, vale a pena considerar aplicar a pesquisa em dois grupos

    diferentes: em um a primeira fase e em outro a segunda fase.

  • 37

    A respeito da mdia da preferncia, os resultados obtidos revelaram que no houve

    muita variao na primeira etapa. Como um dos instrumentos de registro consistia de

    instrues e indicao da preferncia por assunto, foi possvel notar que os participantes 5 e 6

    ficaram sob controle dessa indicao inicial e no das notcias em si, variando em poucos

    momentos a preferncia pelas notcias. Na segunda etapa ocorreu uma variabilidade um pouco

    maior. No entanto, a preferncia pelas notcias com a temtica a respeito da vida animal e

    meio ambiente foi similar nas duas etapas, estando em primeiro lugar na preferncia mdia

    dos participantes em quase todas as fases de interveno.

    Os resultados obtidos da coleta de dados do participante 3 demonstram que na fase

    de DRF 1 houve um aumento no tempo gasto em comentar a notcia sobre crime e violncia.

    Nesse caso o participante verbalizou ter gostado daquela notcia, tanto que classificou como a

    sua notcia preferida daquele grupo. Apesar desse dado especfico, o participante 3 nas outras

    fases de interveno dessa primeira etapa, falou mais tempo sobre as notcias de fofoca em

    comparao com o tempo gasto com as demais notcias, mas no possvel afirmar a

    existncia de uma relao entre o tempo de comentrio e a escolha de preferncia.

    O resultado da primeira etapa do participante 3 em comparao com os demais

    participantes indica que esse foi o caso em que, possivelmente, houve uma maior

    discriminao do reforo de comportamento de ouvinte para o fofocar. Ao mesmo tempo, o

    resultado da segunda etapa indica tambm um possvel efeito maior da interveno de DRF, j

    que o tempo total de comentrio na primeira etapa foi quase que 50% maior que na segunda

    etapa. Como o tempo de comentrio na primeira etapa do participante 3 foi maior do que o de

    todos os demais participantes, possvel que o comportamento de comentar as notcias de

    fofoca tenha recebido uma quantidade de reforo maior do que o mesmo comportamento dos

    demais participantes, e o comportamento de ouvinte que refora o comportamento verbal do

    falante (Catania, 1999). Esse dado refora a necessidade de selecionar participantes que

  • 38

    tenham uma linha de base razovel do comportamento de comentar notcias, bem como de

    aplicar a pesquisa em dois grupos, DRF em um e DRO noutro.

    No outro extremo em relao aos dados coletados esto os resultados do sujeito 2, que

    foi o participante que menos falou, os dados da primeira etapa so parecido com os dados da

    segunda etapa. Alguns comentrios duraram cerca de 4s e o participante geralmente

    comentava olhando para o papel da notcia, o que dificultava a discriminao do reforo e,

    alm disso, a quantidade de reforo era menor. O tempo que o participante falou na primeira

    etapa foi quase o mesmo da segunda etapa. Ferster (1977) cita uma pesquisa na qual foi

    necessrio em primeiro lugar modelar o comportamento de manter o contato visual com o

    experimentador, alm disso, foi necessrio modificar os reforadores j que a frequncia das

    vocalizaes continuava baixa. Essa mesma pesquisa demonstrou um aumento gradual na

    frequncia de vocalizaes ao longo de diversas sesses experimentais.

    A presente pesquisa foi composta por duas etapas, sendo que cada etapa com seis

    fases. Em cada etapa o participante lia e comentava 24 pequenas notcias, ao todo foram

    utilizadas 48 notcias. Em alguns casos surgiram perguntas do tipo Eu vou ter que ler e

    comentar todos os envelopes? e Ainda faltam quantos envelopes?, entre outros

    comentrios que indicavam que o experimento ficou longo e cansativo da forma que foi

    organizado. A aplicao em um nmero maior de dias seria mais adequada. Outra

    possibilidade seria utilizar trechos de notcias veiculadas pela televiso, de forma que o

    participante assistisse e no lesse.

    Outros fatores dificultaram o aprimoramento da metodologia. Um deles foi a falta de

    tempo para realizao de testes e possveis modificaes como as que foram sugeridas

    anteriormente. Um segundo fator foi a mudana dos locais para aplicao, de forma que no

    era possvel aplicar sempre no mesmo ambiente. Faz-se necessrio uma melhor organizao

  • 39

    de forma a minimizar a influncia de variveis que possam interferir nos resultados da

    pesquisa.

    Um dos objetivos da presente pesquisa foi verificar se possvel descrever o

    comportamento de fofocar de acordo com a Anlise do Comportamento. Skinner (1989/2005),

    afirma que necessrio traduzir os termos da linguagem cotidiana em termos mais

    comportamentais, de maneira que ao descrever um comportamento se direcione o olhar para

    as variveis do ambiente que o determinam. Com o intuito de pesquisar cientificamente que

    se objetivou verificar se o termo fofocar pode ser descrito pela Anlise do Comportamento.

    De acordo com Skinner (1989/2005), a resposta do falante mantida pelas

    contingncias de reforamento. No entanto o falante com uma frequncia alta do fofocar

    recebe o rtulo de fofoqueiro e fica mal visto por aqueles que esto ao seu redor, j que,

    segundo Baum (2006) comum a cada cultura que seus membros reforcem ou punam

    determinadas aes que no so socialmente aceitas. O que no percebido pela maioria dos

    membros dessa cultura que para que a fofoca acontea se faz necessrio um falante e

    ouvinte. Skinner (1989/2005) defende que o ouvinte responsvel pelo o que o falante faz. O

    autor salienta ainda que o comportamento do falante reforado nas situaes em que o

    ouvinte tem certa tendncia a falar o mesmo que o falante, e o comportamento de atentar

    reforado quando aquilo que o falante diz coerente com o que o ouvinte tenderia a dizer.

    Por outro lado ainda, Baum (2006) salienta que o reforo diferencial responsvel

    pelo refinamento do ouvir. O que significa que todos so treinados desde a mais tenra idade a

    se comportar como ouvintes que reforam o comportamento do falante Baum (2006) ao

    referir-se a cultura explica que as contingencias sociais modelam o comportamento que

    normal para aquela cultura (p. 254).

    Pode-se pensar em diversas funes do comportamento de fofocar, uma delas pode

    ser, por exemplo, estabelecer um vnculo conversando sobre aspectos negativos de uma

  • 40

    terceira pessoa em comum. Num primeiro momento, nessa relao entre falante e ouvinte no

    se percebe a funo de desqualificar essa terceira pessoa ou causar-lhe qualquer dano. No

    entanto no possvel determinar a extenso desse comportamento, de forma que no

    possvel garantir que outras pessoas no escutaro o mesmo relato, ou caso no tenha ficado

    claro da primeira vez que se escutou, que no se repita o comportamento com algumas

    modificaes no relato verbal. De fato, ao fofocar no se tem controle sobre o que foi dito,

    podendo gerar consequncias negativas para a pessoa sobre a vida da qual era a fofoca. Baum

    (2006) explica que os reforadores e punidores so qualificados como bons ou maus de

    acordo com a histria pessoal, com a poca e com a cultura. A despeito de se tratar de

    aspectos da vida de outra pessoa e de no ser possvel identificar com preciso as possveis

    consequncias na vida dessa pessoa, que se pode pensar que o melhor seria que as pessoas no

    fofocassem. No entanto o que mantem o comportamento do indivduo so as consequncias.

    Os membros de uma determinada cultura que punem ou reforam determinadas aes (Baum,

    2006). No fim tudo se refere a comportamentos, a histria de condicionamento, no quanto que

    se tem conscincia das variveis envolvidas na manuteno do comportamento, e finalmente,

    no que se decide fazer com essa constatao. Afinal, o homem modifica o ambiente e as

    consequncias de sua ao o modificam (Skinner, 1957/1978).

  • 41

    CONSIDERAES FINAIS

    O presente estudo se prope a iniciar uma investigao das variveis que controlam a

    frequncia do comportamento verbal fofocar, bem como contribuir com a descrio do

    comportamento de fofocar de acordo com a Anlise do Comportamento.

    Os resultados indicam um efeito maior nos dados mdios do que nos resultados

    individuais dos participantes. Ento, o que se pde observar que o efeito do reforamento

    diferencial do fofocar levou a um aumento gradual no tempo mdio gasto para comentar

    quando o assunto era fofoca, j o reforamento dos comportamentos de comentar notcias

    sobre todos os assuntos menos o de fofoca, levou a uma diminuio gradual no tempo mdio

    de comentar as notcias sobre fofoca.

    O uso do reforamento diferencial tem implicaes clnicas na medida em que

    aumenta a frequncia de comportamentos desejveis e diminui a frequncia de

    comportamentos indesejveis. O presente estudo, ainda que preliminar, demonstrou que os

    reforadores selecionados para essa pesquisa produziram um efeito no comportamento verbal

    do falante. O terapeuta deve estar ciente sobre os efeitos do usos de tais reforadores na

    relao teraputica.

    Com os resultados obtidos possvel vislumbrar novas formas de metodologia que

    aumentem o controle do experimentador sobre as verbalizaes dos participantes. Ento,

    outras pesquisas so necessrias.

  • 42

    REFERNCIAS

    Baum, W. M. (2006). Compreender o Behaviorismo Comportamento, Cultura e Evoluo.

    2 ed. Porto Alegre, RS: Artmed.

    Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e Cognio. Porto Alegre,

    RS: Artes Mdicas.

    Chiesa, M. (2006). Behaviorismo Radical: A Filosofia e a Cincia. Braslia, DF: Editora

    Celeiro.

    Ferreira, A. (1986). Novo dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa. 2 ed. Rio de Janeiro,RJ:

    Editora Nova Fronteira.

    Ferster, C. B.; Culbertson, S. & Boren, M. C. P. (1977). Princpios do Comportamento. So

    Paulo: Hucitec.

    Krasner, L. & Ullmann, L. (1972). Pesquisa sobre Modificao do Comportamento. So

    Paulo: Herder Editora da Universidade de So Paulo.

    Mendona, L. F. (2002). Esquemas DRO e DRA como Estratgia de Interveno Clnica:

    Estudo de Caso. In: Teixeira, A. M. S. (Org.). Cincia do Comportamento: Conhecer e

    Avanar. Santo Andr: ESETec Editores Associados.

    Moreira, M; Medeiros, C. A. (2007). Princpios Bsicos de Anlise do Comportamento. Porto

    Alegre, RS: Artmed.

    Oliveira, C. G. A. J. (2009). O Efeito da Escuta Diferencial sobre a Frequncia do

    Comportamento Verbal Queixoso. Monografia de Graduao. Faculdade de Psicologia.

    Centro Universitrio de Braslia - UniCEUB.

    Skinner, B. F. (1981). Cincia e Comportamento Humano. So Paulo: Martins Fontes.

    (trabalho original publicado em 1953).

    Skinner B. F. (1978). O Comportamento Verbal. So Paulo: Cultrix. (trabalho original

    publicado em 1957).

  • 43

    Skinner, B. F. (2005). Questes Recentes na Anlise Comportamental. Campinas: Papirus.

    (trabalho original publicado em 1989).

    Skinner, B. F. (2000). Sobre o Behaviorismo. Traduzido por M.P. Villalobos. So Paulo: Cultrix.

    (trabalho original publicado em 1974).

    Todorov, J. C. (2004). Da Aplypsia Constituio: Evoluo de Conceitos na Anlise do

    Comportamento. Psicologia: Reflexo e Crtica. 17, 2, 151-156.

  • 44

    APNDICES

  • 45

    Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

    Caro(a) Senhor(a)

    Os pesquisadores Carlos Augusto Medeiros (professor orientador) e a aluna de

    psicologia do UniCEUB Rochelle Arajo Vieira desenvolvero uma pesquisa cujo ttulo

    O efeito do reforamento diferencial sobre o tema do episdio verbal.

    O objetivo pesquisar sobre os temas que as pessoas gostam de conversar. O

    procedimento consiste na leitura de algumas notcias e em seguida coment-las. O

    tempo de cada comentrio ser cronometrado. Todo o procedimento ser gravado.

    Sua participao nesta pesquisa voluntria e no determinar quaisquer riscos

    ou desconfortos. Ao final da pesquisa os dados coletados sero publicados em artigos

    especializados da rea, salvaguardando sua identidade. A pesquisa tambm ser relatada

    como monografia de concluso de curso de graduao em Psicologia do UniCEUB. A

    mesma tambm poder ser apresentada em eventos de Psicologia. Os pesquisadores

    garantem o uso tico sobre este material.

    Informo que o(a) Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do estudo,

    sobre qualquer esclarecimento de eventuais dvidas. Se tiver alguma considerao ou

    dvida sobre a tica da pesquisa, entre em contato com o Comit de tica em Pesquisa

    (CEP) do UniCEUB, situado no Campus I, pelo telefone 3966-1506 ou por e-mail

    [email protected].

    Tambm garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer

    momento e a liberdade de deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuzo.

    Nos colocamos a sua disposio para fornecer todas as informaes que solicitar

    ou esclarecer qualquer dvida.

    Desde j esclarecemos que no haver despesas ou compensaes pessoais para

    o participante em qualquer fase do estudo. Tambm no haver compensao financeira

    relacionada a sua participao. Se existir qualquer despesa adicional, ela ser absorvida

    pelo oramento da pesquisa.

    Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os

    resultados sero veiculados atravs de artigos cientficos em revistas especializadas e/ou

    em encontros cientficos e congressos.

    Anexo est o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso no tenha

    ficado qualquer dvida.

    Os pesquisadores colocam-se a disposio para quaisquer esclarecimentos a

    qualquer momento da pesquisa. Carlos Augusto de Medeiros (9958.7874 ou

    [email protected]) e Rochelle Arajo Vieira (9247.0739 ou

    [email protected]).

  • 46

    Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    Acredito ter sido suficiente informado respeito das informaes que li ou que

    foram lidas para mim, descrevendo o estudo O efeito do reforamento diferencial sobre

    o tema do episdio verbal.

    Eu discuti com os pesquisadores sobre a minha participao nesse estudo.

    Ficaram claros para mim quais so os propsitos do estudo, os procedimentos a serem

    realizados, seus desconfortos e riscos, a garantia de esclarecimentos permanentes.

    Ficou claro que a minha identificao (nome, endereo, RG e telefone)

    permanecer em sigilo absoluto.

    Ficou claro tambm que a minha participao isenta de despesas e que tenho

    garantia de esclarecer minhas dvidas a qualquer tempo.

    Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu

    consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidade,

    prejuzo ou perda de qualquer benefcio que eu possa ter adquirido.

    _______________________________________ Data _______/______/______

    Assinatura do participante

    Nome:

    Endereo:

    RG.

    Fone: ( )

    ______________________________________ Data _______/______/______

    Assinatura do(a) pesquisador(a) Responsvel

    ______________________________________ Data _______/______/______

    Assinatura do(a) pesquisador(a)

  • 47

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    Instrumento de Registro no. 1 Preferncias e Instrues

    Identificao:

    Nome: ________________________________________________________________

    Sexo: (____) Masculino; (____) Feminino Idade: ____________

    Escolaridade: ________________________________

    Indique sua preferncia a notcias referentes aos assuntos abaixo, numerando-os

    em ordem decrescente de 1 prefiro mais a 4 prefiro menos.

    (_____) - Crime e violncia

    (_____) - Esporte

    (_____) - Vida animal e meio ambiente

    (_____) - Vida social de pessoas pblicas

    Nesta primeira fase, lhe ser apresentado o primeiro dos seis envelopes. Todos

    os envelopes sero utilizados. Sua tarefa ser ler todas as notcias contidas no envelope

    e depois coment-las. Aguarde a instruo da pesquisadora para o incio, uma vez que o

    experimento ser cronometrado. Fique vontade para os comentrios e em qual ordem

    faz-los.

    Lembre-se: todas as notcias devero ser lidas e s depois os comentrios

    devero ser iniciados. Todas as notcias devero ser comentadas.

    Terminados os comentrios, indique sua preferncia pelas notcias daquele

    envelope, indicando-as em ordem de 1 gostei mais a 4 gostei menos.

    Agradecemos sua participao.

  • 48

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    EXPERIMENTO: O EFEITO DO REFORAMENTO SOBRE O TEMA DO

    EPISDIO VERBAL

    Nome: ________________________________________________________________

    Instrumento de Registro no. 2 Envelope 1: __________________________________

    Ordem de Notcia Tempo Preferncia No. de

    frases Leitura Comentrio Leitura Comentrio

    Ibama resgata uma arara-azul-

    grande e uma arara-canind em

    stio do Par

    Violncia deixa 2 mortos em

    frente a suas casas em SP

    Csar Cielo bate recorde sul-

    americano pela segunda vez e

    campeo dos 100m livre

    'A mscara do Dado Dolabella caiu', diz

    camareira agredida pelo ator.

  • 49

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    EXPERIMENTO: O EFEITO DO REFORAMENTO SOBRE O TEMA DO

    EPISDIO VERBAL

    Nome: ________________________________________________________________

    Instrumento de Registro no. 3 Envelope 2: __________________________________

    Ordem de Notcia Tempo Preferncia No. de

    frases Leitura Comentrio Leitura Comentrio

    A fauna Amaznica

    Acusado de estuprar missionria

    em Campinas tem mo decepada

    Com foco em 2016, Sarah

    Menezes se inspira em homens

    para manter crescimento

    Priscila Fantin acusada de

    agresso, diz jornal

  • 50

    FACULDADE DE CINCIAS DA SADE - FACES

    CURSO DE PSICOLOGIA

    EXPERIMENTO: O EFEITO DO REFORAMENTO SOBRE O TEMA DO

    EPISDIO VERBAL

    Nome: ________________________________________________________________

    Instrumento de Registro no. 4 Envelope 3: __________________________________

    Ordem de Notcia Tempo Preferncia No. de

    frases Leitura Comentrio Leitura Comentrio

    Canis promovem feira clandestina

    de filhotes em So Paulo

    Mais um prefeito achado morto

    no Mxico; vtima a 3 em

    apenas cinco dias

    Geraldo Piquet vence etapa da

    Argentina da F-Truck

    Modelo leva cantada e esculacha Jesus

    Luz