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Rio de Janeiro 2019 Cel Eng MARCOS AURELIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

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Rio de Janeiro

2019

Cel Eng MARCOS AURELIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR

O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção

Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do

Rio de Janeiro

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO

ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO

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Cel Eng MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR

O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro.

Projeto de Pesquisa apresentado à Escola

de Comando e Estado-Maior do Exército,

como pré-requisito para matrícula em

Programa de pós- graduação lato sensu em

Política, Estratégia e Alta Administração

Militar.

Orientador: Ricardo Ribeiro Cavalcanti Baptista – Cel Inf R/1

Rio de Janeiro 2019

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R145e Oliveira Ramos Junior, Marcos Aurélio de. O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro. / Marcos Aurélio de

Oliveira Ramos Junior. 2019.

90 f. : il ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2019.

Bibliografia: f. 88-90.

1.. Intervenção Federal 2. Arma de Engenharia. 3. Missões .4

Coordenações Interagências. l.Título. CDD 355.34

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Cel Eng MARCOS AURÉLIO DE OLIVEIRA RAMOS JUNIOR

O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de

Janeiro.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Política, Estratégia e Alta Administração Militar.

Aprovado em _____ de ________ de 2019.

COMISSÃO AVALIADORA

________________________________________________________ RICARDO RIBEIRO CAVALCANTI BAPTISTA Cel Inf/R1 - Presidente

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

__________________________________________________ JOSÉ MARIA DA MOTA FERREIRA Cel Art/R1 - Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

_______________________________________________ ROBSON DOS SANTOS CARVALHO Cel Art/R1 - Membro

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

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RESUMO

As raízes do crime organizado, no Rio de Janeiro (RJ), tiveram sua origem na

década de 1970, com a criação do Comando Vermelho (CV). Desde então, o crime

organizado foi se fortalecendo devido a falta de políticas públicas adequadas e

eficazes, em especial no setor de segurança (Seg), transporte e habitação. Esse

descaso político colaborou para a criação de áreas liberadas, onde o poder público

deixou de exercer seu poder legal. A participação das Forças Armadas (FA), no

contexto da Seg pública do Estado do RJ, teve seus primeiros movimentos na

década de 1990, por ocasião das Operações(Op) Eco 92 e Rio 94. Desde então, a

participação das FA em Op de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) tornou-se uma

realidade, cada vez mais evidente. Em 2017, as crises econômicas; psicossociais,

morais; e políticas, atingiram, de forma crucial, o Estado do RJ, indicando uma

situação caótica, atingindo níveis insustentáveis de criminalidade. Em 2018, durante

o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira observou inúmeros casos de

violência, intensamente divulgados pela mídia em geral. Esse fato, acrescidos aos

problemas sociais, políticos e econômicos, já citados, levou o Presidente da

República a decretar a Intervenção Federal, restrita à Área de Seg Pública.Em todas

essas Op GLO realizadas no Estado do RJ a Arma de Engenharia (Eng) foi

empregada, em maior ou menor escala. Contudo, por ocasião,da Intervenção

Federal, na Área de Seg Pública, do RJ, a Arma de Eng foi largamente empregada

em uma gama bastante diversificada de missões. Nessas oportunidades pôde-se

observar que os manuais doutrinários não estão alinhados com a prática. Nesse

sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar as principais missões cumpridas

pelas unidades da Arma de Eng do Exército Brasileiro (EB) em Op de GLO, no

contexto da Intervenção Federal, na Área de Seg Pública, do Estado do RJ, as

lições aprendidas, com as missões cumpridas, e os órgãos/instituições com os quais

a Arma de Eng necessitou realizar coordenações em um ambiente de Op

Interagências. O presente trabalho pretende contribuir para que a doutrina de

emprego da Arma de Eng, no que diz respeito às Op de GLO, aproxime-se da

realidade, a partir da experiência vivida pelas unidades de Eng empregadas na

Intervenção Federal na Área de Seg Pública no Estado do RJ

Palavras-Chave: Intervenção Federal; Doutrina da Arma de Eng; Missões;

Coordenações Interagências

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RESUMEN

Las raíces del crimen organizado, en Río de Janeiro (RJ), tuvieron su origen en la

década de 1970, con la creación del Comando Rojo (CV). Desde entonces, el crimen

organizado se ha ido fortaleciendo debido a la falta de políticas públicas adecuadas

y eficaces, en especial en el sector de seguridad (Seg), transporte y vivienda. Este

descaso político colaboró para la creación de áreas liberadas, donde el poder

público dejó de ejercer su poder legal. La participación de las Fuerzas Armadas

(FA), en el contexto de la Seg pública del Estado de RJ, tuvo sus primeros

movimientos en la década de 1990, con ocasión de las Operaciones (Op). Eco 92 y

Río 94. Desde entonces, la participación de las FA en Op. de Garantía de la Ley y

de del Orden (GLO) se ha convertido en una realidad, cada vez más evidente. En

2017, las crisis económicas; psicosociales, morales; y políticas, alcanzaron, de

forma crucial, el Estado del RJ, indicando una situación caótica, alcanzando niveles

insostenibles de criminalidad. En 2018, durante el carnaval en RJ, la población

brasileña observó innumerables casos de violencia, intensamente divulgados por los

medios en general. Este hecho, más los problemas sociales, políticos y económicos,

ya citados, llevó al Presidente de la República a decretar la Intervención Federal,

restringida al Área de Seg Pública. En todas estas Op GLO realizadas en el Estado

de RJ, el Arma de Ingeniería (Ing) fue empleada, en mayor o menor escala. Sin

embargo, con ocasión de la Intervención Federal, en el Área de Seg Pública, del RJ,

el Arma de Ing fue ampliamente empleada en una gama bastante diversificada de

misiones. En estas oportunidades se pudo observar que los manuales doctrinales no

están alineados con la práctica. En este sentido, este trabajo tiene por objetivo

presentar las principales misiones cumplidas por las unidades del Arma de Ing en

Op de GLO, en el contexto de la Intervención Federal, en el Área de Seg Pública, del

Estado de RJ, las lecciones aprendidas, con las misiones cumplidas y los

órganos/instituciones con los cuales el Arma de Ing necesitó realizar coordinaciones

en un ambiente de Op Interagencias. El presente trabajo pretende contribuir a que la

doctrina de empleo del Arma de Eng, en lo que se refiere a las Op de GLO, se

aproxime a la realidad, a partir de la experiencia vivida por las unidades de Ing

empleadas en la Intervención Federal en el Área de Seg Pública Estado del RJ

Palabras clave: Intervención Federal; Doctrina de la Arma de Eng; misiones;

Coordinaciones Interagenciales.

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LISTA DE ABREVIATURAS

1ª Cia E Pqdt 1ª Companhia de Engenharia de Combate Paraquedista

1ª DE 1ª Divisão de Exército

1º Btl E Cmb (Es) 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola)

5º Gpt E 5º Grupamento de Engenharia

A GLO Área de Garantia da Lei e da Ordem

ABIN Agência Brasileira de Inteligência

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACISO Ações Cívicos Sociais

AD/1 Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército

AR Área de Responsabilidade

B Op Bases de Operações

Bda Braigada

BOPE Batalhão de Operações Especiais

C Cj Comando Conjunto

C Dout/Ex Centro de Doutrina do Exército

CBMERJ Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro

CCIC Centro Integrado de Comando e Controle

CCOp Centro de Coordenação de Operações

CCTI Centro de Coordenação Tático Integrado

CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro

CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Cl Classe

CML Comando Militar do Leste

Cmt Comandante

CN Congresso Nacional

COE Centro de Operações de Engenharia

COTER Comando de Operações Terrestres

CPEAEx Curso de Política Estratégia e Alta Administração do Exército

CV Comando Vermelho

DOAMEPI Doutrina, organização, adestramento, matreial, educação, pessoal e infraestrutura

EB Exército Brasileiro

EEI Elementos Essenciais de Inteligência

EFD Estado Final Desejado

EM Estado-Maior

END Estratégia Nacional de Defesa

Eqp Equipamento

F Ap Força de Apoio

F Op Força operativa

F Ter Força Terrestre

FA Forças Armadas

FNSP Força Nacional de Segurança Pública

G Cmdo Grande Comando

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GIF Gabinete de Intervenção Federal

GIFRJ Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro

GLO Garantia da Lei e da Ordem

GM Guarda Municipal

GSI/PR Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República

GU Grande Unidade

LBDN Livro Branco de Defesa Nacional

LIGT Empresa de Energia Elétrica

MD Ministério da Defesa

NC Normas de Conduta

O Frag Ordem Fragmentária

O Lig Oficial de Ligação

OE Objetivo Estratégico

OM Organização Militar

Op Operações

Op Info Operações de Informação

OSP Órgãos de Segurança Pública

PBCVU Ponto de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas

PCERJ Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

PCT Posto de Comando Tático

PF Polícia Federal

PMERJ Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

PND Política Nacional de Defesa

PRF Polícia Rodoviária Federal

QAO Quadro Auxiliar de Oficiais

QDM Quadro de Distribuição de Material

QEMA Quadro de Estado-Maior da Ativa

RE Regras de Engajamento

S Cmt Sub Comandante

SA Secretaria de Administração

SEAP Secretaria Estadual de Administração Penitenciária

SEAS Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade

SECONSERVA Secretaria de Conservação e Serviços Públicos

SEEDUC Secretaria de Estado de Educação

SEGOV Secretaria de Estado de Governo e Relações Institucionais

SEINFRA Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras

SES Secretaria de Estado de Saúde

SETRANS Secretaria de Estado de Transportes

SIF Secretaria de Intervenção Federal

SU Subunidade

SUBPA Subsecretaria de Patrimônio Imobiliário

UPP Unidade de Polícia Pacificadora

Vtr Viatura

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Acionamento do Exército para Op GLO

39

Figura 2 Visualização de google maps.

56

Figura 3 Visualização Google Earth

57

Figura 4 Visualização My Maps

57

Figura 5 Visualização Map Source 58

Figura 6 Comando e Controle em Op GLO

59

Figura 7 Valeteamento do Complexo prisional de Bangu 1

63

Figura 8 Escavadeira trabalhando no valeteamento do do Complexo prisional de Bangu

63

Figura 9 Pátios de estacionamento de veículos no complexo prisional de Bangu

64

Figura 10 Estágio de manutenção e operação de equipamentos e viaturas especializadas de engenharia

65

Figura 11 Manutenção de equipamentos e viaturas especializadas de engenharia do BOPE

66

Figura 12 Muro com sacos de aniagem 67

Figura 13 Muro com saco de aniagem e gabião em malha de aço 67

Figura 14 Equipamento trabalhando na busca por ossada em cemitério clandestino

68

Figura 15 Ossada encontrada em cemitério clandestino

68

Figura 16 Equipe de detectoristas vasculhando terreno

69

Figura 17 Equipe de detectoristas vasculhando o terreno 2

70

Figura 18 Carregador encontrado por Eqp de detectoristas 70

Figura 19 - Obstáculo de galão de 200 litros com concreto e trilho

73

Figura 20 Obstáculo muro com seteiras de tiro utilizado por APOP no Jacarezinho

73

Figura 21 Obstáculo de concreto armado

73

Figura 22 Obstáculo de blocos de concreto 74

Figura 23 Obstáculo de fosso anticarro

74

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Figura 24 Imprensa cobrindo a remoção de obstáculos

74

Figura 25 Revista de cela em presídio

76

Figura 26 Revista de parte externa em presídio

76

Figura 27 Resultado da revista em presídio 76

Figura 28 Desmontagem de UPP

77

Figura 29 Desmontagem de UPP 2

77

Figura 30 Transferência de UPP

78

Figura 31 Pelotão operando PBCVU

78

Figura 32 Militar revistando veículo no PBCVU

79

Figura 33 Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo

79

Figura 34 Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo 2

80

Figura 35 Embarcação de assalto realizando patrulhamento fluvial

80

Figura 36 Índices alcançados em ações comunitárias 81

Figura 37 Manutenção de via de acesso para ACISO

81

Figura 38 Recuperação de instalação para ACISO

81

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Organização Do Gabinete De Intervenção Federal

29

Quadro 2

Arquitetura de Comando, Controle e Relações Institucionais da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro

31

Quadro 3 Objetivos Estratégicos da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro

33

Quadro 4 Organograma do Comando Conjunto 34

Quadro 5 Organização do Estado-Maior Conjunto 34

Quadro 6 Operações realizadas pelo C CJ 35

Quadro 7 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível estratégico

46

Quadro 8 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível operacional

47

Quadro 9 Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível tático

47

Quadro 10 Projetos realizados pela Arma de Engenharia durante a Intervenção Federal

62

Quadro 11 resultado final de obstáculos removidos

75

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................... 17

1.1 TEMA 19

1.2 PROBLEMA 19

1.2.1 Alcances e limites 20

1.2.2 Justificativas 21

1.2.3 Contribuições 22

1.4 REFERÊNCIAL TEÓRICO 22

1.5 OBJETIVOS 24

1.5.1 Objetivo geral 24

1.5.2 Objetivos específicos 25

1.6. HIPÓTESE 25

1.7 VARIÁVEIS 25

1.8 METODOLOGIA 26

2. A INTERVENÇÃO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

27

2.1 CONCEITO DE INTERVENÇÃO FEDERAL 27

2.2 ESTADO FINAL DESEJADO 28

2.3 O GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO (GIFRJ)

28

2.4 COORDENAÇÕES INTERAGÊNCIAS NA INTERVENÇÃO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

30

2.4.1 Coordenações no nível político 30

2.4.2 Coordenações no nível estratégico 30

2.4.3 Coordenações no nível operacional 30

2.4.4 Coordenações no nível tático 31

2.5 EIXOS DE ATUAÇÃO 32

2.5.1 Eixo segurança pública 32

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2.5.2 Eixo defesa 32

2.6 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 32

2.7 O COMANDO CONJUNTO 34

2.7.1 Organização 34

2.7.1.1 Comandante Conjunto 34

2.7.1.2 Estado-Maior Conjunto 34

2.7.2 Missão 35

2.7.3 Principais missões realizadas 35

2.8 CONCLUSÃO PARCIAL 36

3. DOUTRINA DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E A ARMA DE ENGENHARIA

37

3.1 CONCEITO DE OPERAÇOES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

37

3.2 PREMISSAS 38

3.3 AMPARO LEGAL 39

3.4 CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DE EMPREGO DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E O ALINHAMENTO COM O EMPREGO DA ARMA DE ENGENHARIA

40

3.4.1 Características 40

3.4.1.1 Ações descentralizadas 40

3.4.1.2 Complexidade situacional

41

3.4.1.3 Prevalência das operações em áreas edificadas 41

3.4.2 Princípios de Emprego:

41

3.4.2.1 Busca do apoio da população

41

3.4.2.2 Dissuasão

42

3.4.2.3 Iniciativa 42

3.4.2.4 Emprego criterioso da força

42

3.4.2.5 Atuação de cooperação e coordenação com agências 43

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3.4.2.6 Os outros princípios de Op GLO

43

3.5 CONCEPÇÕES DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

43

3.5.1 Considerações Gerais

43

3.5.2 Níveis de Coordenação em Op GLO

44

3.5.2.1 Generalidades 44

3.5.2.2 Nível Estratégico - Cmt 5º Gpt E e Ch COE/5º Gpt E - GIFRJ

46

3.5.2.3 Nível Operacional - O Lig 5º Gpt E - CCOp C Cj 46

3.5.2.4 Nível Tático - Cmt Btl e Cmt SU 47

3.5.3 O Centro de Coordenação de Operações (CCOp) 48

3.5.3.1 Centro de Coordenação de Operação nível Batalhão/Regimento

49

3.6 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES 49

3.6.1 Considerações Iniciais 49

3.6.2 Levantamento de Necessidades 50

3.6.3 Análise dos Fatores do Terreno

51

3.7 DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE ACORDO COM O GRAU DE CONTROLE

51

3.8 ORGANIZAÇÃO DA FORÇA DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM (F GLO)

52

3.8.1 Força operativa (F Op) 52

3.8.2 Força de Apoio (F Ap) 52

3.8.3 Força organizada por tarefa 52

3.9 EMPREGO EM OPERAÇÕES DE GLO

52

3.9.1 Fases da GLO

52

3.9.1.1 Deslocamento 52

3.9.1.2 Concentração 53

3.9.1.3 Base de Operações 53

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3.9.1.4 Manobra 53

3.9.1.5 Reversão 54

3.10 APOIO ÀS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

54

3.10.1 Inteligência 54

3.10.1.1 Elementos Essenciais de Inteligência (EEI) 54

3.10.1.1.1 Remoção de Obstáculos 55

3.10.1.1.2 Revista de Presídios 55

3.10.1.1.3 Desmontagem/transferência de UPP

55

3.10.2 Engenharia 55

3.10.2.1 Apoio ao desenvolvimento social e da infraestrutura 55

3.10.3 Comando e Controle

56

3.10.3.1 Google Maps

56

3.10.3.2. Google Earth

56

3.10.3.3 My Maps

57

3.10.3.4 Map Source

58

3.10.4 Apoio Logístico

59

3.10.4.1 Função Logística de Suprimento e Manutenção 59

3.10.4.2 Função Logística Transporte 59

3.11 CONCLUSÃ0 PARCIAL 60

4. MISSÕES CUMPRIDAS PELA ARMA DE ENGENHARIA DURANTE A INTERVENÇAO FEDERAL E LIÇÕES APRENDIDAS

61

4.1.1 PROJETOS DE ENGENHARIA 61

4.1.2 VALETEAMENTO DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE BANGU

63

4.1.3 ORGANIZAÇÃO DE PÁTIOS DE ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS EM COMPLEXO PRISIONAL

64

4.1.4 APOIO A CURSO DA POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO

64

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4.1.5 ESTÁGIO DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VIATURAS ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA

65

4.1.6 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VIATURAS ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA DO BOPE

66

4.1.7 APOIO NA RECONSTITUIÇÃO DO ASSASSINATO DA VEREADORA MARIELLE FRANCO E DO SEU MOTORISTA

66

4.1.8 APOIO À POLÍCIA CIVIL NA BUSCA DE OSSADAS EM CEMITÉRIO CLANDESTINO

68

4.1.9 VASCULHAMENTO 69

4.1.10 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS 70

4.1.11 REVISTA DE PRESÍDEOS 75

4.1.12 DESMONTAGEM E TRANSFERÊNCIA DE UNIDADE DE POLÍCIA PACIFICADORA (UPP)

77

4.1.13 INSTALAÇAO E OPERAÇAO DE PONTO DE BLOQUEIO E CONTROLE DE VIAS URBANAS (PBCVU), PATRULHAMENTO MOTORIZADO E CERCO EM COMUNIDADES

78

4.1.14 OPERAÇOES COM EMBARCAÇÕES 79

4.1.15 AÇÕES COMUNITÁRIAS 80

4.2 LIÇÕES APRENDIDAS 81

4.3 CONCLUSÃO PARCIAL 83

5 CONCLUSÃO 84

6 REFERÊNCIAS 88

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17

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes1

(UNODC), no mundo, a criminalidade organizada gera lucro anual de cerca de $ 870

bilhões de dólares, sendo o tráfico de drogas o ilícito mais lucrativo para os

criminosos, proporcionando um lucro estimado em $ 320 bilhões de dólares ao ano,

representando, dessa maneira, uma ameaça, tanto à paz mundial quanto à

segurança das comunidades.

As raízes do crime organizado, no Rio de Janeiro, tiveram sua origem na

década de 1970, com a criação do Comando Vermelho (CV), provavelmente no

presídio da Ilha Grande. Posteriormente, teve o seu agravamento, a partir da década

de 80 do século passado, com a eleição de governos populistas que não

combateram o narcotráfico de maneira efetiva. Coadunado a isso, ocorreu o

aumento exponencial do tráfico de drogas da região andina do continente,

proporcionado pelos cartéis do tráfico, o que fortaleceu este tipo de crime.

A partir dos anos 2000, entra em cena um novo ator criminal: as milícias.

Inicialmente comportaram-se como uma organização criminosa que tinha como

principal fonte de renda o transporte alternativo; a distribuição de gás; a

clandestinidade da TV a cabo; e, também, a cobrança de taxas ilegais que

extorquiam a população e o comércio, em troca de proteção.

Atualmente, as milícias atuam em 37 bairros e em 165 comunidades da

região metropolitana do Rio de Janeiro, abrangendo uma área de aproximadamente

350 km², o equivalente a um quarto do tamanho da capital, onde vivem,

aproximadamente, 2 (dois) milhões de pessoas.2Para agravar o problema, no

momento, os crimes praticados pela milícia pouco diferem das atividades

perpetradas pelas demais organizações criminosas. Por essa razão, ocorrem

verdadeiras guerras entre elas, visando a conquista de território, ou seja, de poder.

A falta de políticas públicas adequadas e eficazes, em especial no setor de

segurança, transporte, habitação, educação e saúde, ajudou a criar áreas liberadas,

1 Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Disponível em: https://nacoes

unidas.org/crime-organizado-transnacional-gera-870-bilhoes-de-dolares-por-ano-alerta-campanha-do-unodc/. Acesso em 19 de fevereiro de 2019.

2 Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/franquia-do-crime-2-milhoes-de-pessoas-

no-rj-estao-em-areas-sob-influencia-de-milicias.ghtml> Acesso em 19 fevereiro de 2019

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onde o poder público deixou de exercer seu poder legal, não regulando a ocupação

dos espaços e logradouros públicos.

A participação das Forças Armadas (FA), no contexto da segurança pública

do Estado do Rio de Janeiro, teve seus primeiros movimentos na década de 1990,

por ocasião das Operações Eco 92 e Rio 94.

Entretanto, a partir de 2008, registrou-se um incremento do emprego de

tropas federais. Como exemplo, pode-se citar os seguintes: segurança de canteiro

de obras na Operação Cimento Social; segurança e garantia das eleições municipais

de 2008, na denominada Operação Guanabara, oportunidade em que as tropas

federais ocuparam mais de 30 (trinta) comunidades em todo Estado.

Desde então, a participação do Exército Brasileiro (EB), e em particular da

Arma de Engenharia, em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO)

tornou-se uma realidade, cada vez mais evidente, tendo como destaque as

Operações ARCANJO, nos complexos da Penha e do Alemão (2010 a 2012) e as

Operações SÃO FRANCISCO, no complexo da Maré (2014 a 2015).

Posteriormente, de 2013 a 2016, as FA foram empregadas na segurança de

todos os grandes eventos realizados no Rio de Janeiro, oportunidades em que se

pôde observar o quanto a segurança pública do Estado já estava vivendo uma

situação bastante precária e apresentando sinais de incapacidade e ineficiência no

enfrentamento à violência e aos crimes de toda ordem.

Em 2017, as crises econômicas; psicossociais, inclusive morais; e políticas,

atingiram, de forma crucial, o Estado do Rio de Janeiro. A proliferação dos casos de

corrupção, em todos os níveis e poderes do governo estadual, somada ao

desemprego crescente; às falências de estabelecimentos comerciais; ao atraso

sistemático de pagamentos do funcionalismo público (inclusive dos profissionais da

área da segurança pública); à impunidade e a ameaça de desabastecimento,

decorrente dos constantes crimes de roubo de cargas, indicaram uma situação

caótica, atingindo níveis insustentáveis de criminalidade.

Essa situação motivou a autorização, por meio do Decreto Presidencial de 28

de julho de 2017, a ativação do Comando Conjunto (CCj), para o emprego das FA e

por conseguinte o emprego da Arma de Engenharia para a GLO no Estado do Rio

de Janeiro, em apoio às ações na Área de Segurança Pública.

Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira

observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em

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geral. Isso causou o aumento da sensação de insegurança na população fluminense

e a indignação de parte da população de outros estados. Esses fatos nocivos à

sociedade como um todo, acrescidos aos problemas sociais, políticos e econômicos,

já citados, levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita

à Área de Segurança Pública.

1.1 TEMA

O tema deste trabalho é: “O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção

Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro”.

1.2 PROBLEMA O artigo 142 da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece

que as FA destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,

por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem

A partir do início da década de 90 do século passado observa-se o emprego

das FA em Op de GLO, por ocasião da ECO 92 e Rio 94.

Esse tipo de missão ganhou vulto com as Op ARCANJO nos complexos da

Penha e do Alemão (2010 a 2012) e as Op SÃO FRANCISCO, no complexo da Maré

(2014 a 2015).

Ato contínuo, as FA foram empregadas no contexto de GLO nos grandes

eventos realizados no país.

Em 2018, com a Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no Rio

de Janeiro, mais uma vez as FA foram largamente empregadas.

Em todas as operações, citadas no item 1. INTRODUÇÃO, a Arma de

Engenharia foi empregada, em maior ou menor escala. Contudo, por ocasião da

autorização para o emprego das FA em Op de GLO no Rio de Janeiro, a partir de

julho e 2017, e culminando com o decreto da Intervenção Federal na Área de

Segurança no Rio de Janeiro em 2018, a Arma de Engenharia foi largamente

empregada. Nessas oportunidades pôde-se observar a necessidade de uma

atualização da doutrina de emprego da Arma, bem como a importância das

coordenações interagências em todos os níveis

Do acima exposto, pergunta-se: “por ocasião das Op GLO, levadas a cabo

durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro,

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quais foram os aspectos doutrinários mais relevantes para o cumprimento das

missões e, com quais agências a Arma Engenharia necessitou realizar

coordenações, visando facilitar o cumprimento das mesmas?

Portanto, ficou claro, pela experiência obtida nas operações reais realizadas

por ocasião da referida intervenção e nas demais operações, que o problema reside

na consolidação da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, nesse tipo de

operação, e na listagem das agências em que há necessidade de realizar as

coordenações, visando o cumprimento da missão.

1.2.1 Alcances e Limites

Primeiramente foram estudados, como fatores de embasamento, a

Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, a Política Nacional de

Defesa (PND), a Estratégia Nacional de Defesa (END) e o Livro Branco de Defesa

Nacional (LBDN).

Em uma segunda fase foram estudadas as leis complementares que

propiciam o arcabouço jurídico para o emprego das FA em Op GLO e os manuais

doutrinários do Ministério da Defesa (MD) e do Exército Brasileiro (EB), que tratam

de Op de GLO e de Op Interagências.

Em uma terceira fase, foram estudados os níveis político/estratégico e

operacional, por intermédio do Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro e do Relatório Final do Comando

Conjunto, para que se possa entender dentro de qual contexto as missões foram

concebidas e planejadas;

Em uma quarta fase, os manuais de Op de GLO do EB e de Emprego da

Arma de Engenharia foram analisados, ressaltando-se os aspectos doutrinários que

mais se destacam para a Arma, e como se deram as coordenações da mesma com

os diversos atores envolvidos na Intervenção em estudo.

Concebe o cumprimento de sua destinação constitucional por meio da manutenção da Força Terrestre em adequado estado de prontidão, estruturada e preparada para o cumprimento de missões operacionais terrestres, conjuntas e interagências [o destaque é nosso]. Tal estado de prontidão decorre do contínuo processo de transformação, na busca de novas capacidades, sob a orientação das características doutrinárias [o destaque é nosso] de flexibilidade, adaptabilidade, modularidade, elasticidade e sustentabilidade. (ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA, 2016, P 27).

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Apesar da participação da Arma de Engenharia em outras operações no

Estado do Rio de Janeiro, o foco de estudo se restringiu ao emprego da Arma nas

Op de GLO realizadas durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança

Pública, no Estado Rio de Janeiro, no período compreendido de 16 de fevereiro a 31

de dezembro de 2018.

O trabalho investigativo, sobre o assunto, foi realizado por meio de pesquisas

bibliográficas.

A pesquisa desenvolveu-se com o trabalho inicial de identificação do

problema, de onde se partiu em busca de soluções compatíveis em decorrência da

pesquisa realizada por meio da coleta de dados.

O pesquisador teve como objetivo apresentar os aspectos doutrinários mais

evidenciados durante o cumprimento das missões, os principais órgãos e instituições

que a Arma de Engenharia necessitou realizar coordenações interagências e as

principais missões cumpridas pela Arma.

Ao final do trabalho, foram apresentadas as conclusões que poderão servir de

base para a atualização da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, em virtude

do fato de o EB estar sendo cada vez mais empregado em Op GLO.

1.2.2 Justificativa

Devido aos graves problemas na área de segurança pública, em todo o país,

cada vez mais as Forças Armadas, e em especial o EB, têm sido empregadas em

Op de GLO.

Os cenários prospectivos do Ministério da Defesa (2020-2039) e do EB (Força

Terrestre 2035) apontam para o incremento das tensões sociais em algumas áreas

críticas, particularmente quanto à violência urbana e ao crescimento desordenado

das grandes cidades. Assim sendo, concluiu-se que essas tensões, uma vez

concretizadas, levarão as FA à intensificação do emprego em Op GLO.

A Comissão Mista de Controle de Atividade de Inteligência do Congresso

Nacional, por meio do parecer (CN) Nº 1, de 2017, sobre o processo Mensagem

(CN) Nº 2, de 2017, que encaminha para a apreciação os textos da proposta da

Política Nacional de Defesa, da Estratégia Nacional de Defesa e do Livro Branco de

Defesa Nacional, recomenda no seu relatório que seja dada maior importância às Op

GLO.

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O Livro Branco de Defesa Nacional, documento por meio do qual, o governo

apresenta sua visão sob o ponto de vista da defesa para a sociedade nacional e

internacional, trata da importância do preparo e do treinamento especial para as Op

GLO.

As operações de GLO demandam preparação e treinamento especial. O emprego das Forças nesse tipo de operação é fundamentalmente diferente, em princípio e doutrina, do tradicional emprego em missões relacionadas à defesa externa, [o destaque é nosso] em que o foco é atuar sobre forças inimigas, perfeitamente identificáveis no terreno, normalmente caracterizadas como uma força militar armada e uniformizada

A Arma de Engenharia, inserida nesse contexto, necessita de uma doutrina

alinhada com a realidade para melhor cumprir suas missões.

1.2.3 Contribuições

Dentro deste contexto, o presente trabalho pretende contribuir para que a

doutrina de emprego da Arma de Engenharia, no que diz respeito às Op de GLO,

aproxime-se da realidade, a partir dos ensinamentos colhidos no cumprimento das

missões cumpridas pela Arma, durante a Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro.

Além disso, pretende também, apresentar as principais missões cumpridas e

os principais órgãos e instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou

coordenar atividades num ambiente de Op Interagências.

1.4 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente estudo embasa-se num corpo teórico consistente. Objetivou-se

dar credibilidade e profundidade ao trabalho por meio da consulta a uma literatura

especializada, que serviu para nortear a elaboração e formatação do texto, segundo

as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A literatura especializada utilizada está consubstanciada nas seguintes obras:

Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, no que diz respeito a

destinação constitucional e missão das Forças Armadas;

A Política Nacional de Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa e o Livro

Branco de Defesa Nacional, todos de 2016;

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A Lei Complementar Nº 97, de 9 de junho de 1999, que dispõem sobre as

normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas;

A Lei Complementar Nº 117, de 2 de setembro de 2004, que altera a Lei

Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe sobre as normas gerais

para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas, para estabelecer

novas atribuições subsidiárias;

A Lei Complementar Nº 136, de 25 de agosto de 2010, que altera a Lei

Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, que “dispõe sobre as normas gerais

para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para criar o

Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e disciplinar as atribuições do Ministro

de Estado da Defesa;

O Decreto de 28 de julho de 2017, que autoriza o emprego das Forças

Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem no Estado do Rio de Janeiro;

Decreto de 29 de dezembro de 2017, que altera o Decreto de 28 de julho de

2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da

Ordem no Estado do Rio de Janeiro;

O Decreto Presidencial Nº 3.897, de 24 de agosto de 2001, orienta o

planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças Armadas, e de

órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem.

O Cenário de Defesa 2020-2039 - Sumário Executivo do MD 2017;

O Relatório de Cenários Prospectivos da Força Terrestre 2035, do Estado

Maior do Exército;

A Portaria Normativa Nº 22/ Gabinete de Intervenção Federal (GIF), de 11 de

outubro de 2018, que aprova o Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro (2ª Edição/2018), no que diz

respeito ao conceito de intervenção federal, estado final desejado, eixos

estruturantes, organização do Gabinete de Intervenção Federal (GIF), conceito

operacional da intervenção e a arquitetura do Comando Conjunto (C Cj) e relações

institucionais;

O Plano Nacional de Segurança Pública, de 6 de janeiro de 2017, do

Ministério da Justiça e Cidadania;

O Manual de Campanha EM70-MC-10.242: Operação de Garantia da Lei e da

Ordem, no que diz respeito ao conceito de Op de GLO, as premissas básicas, as

características e os princípios de emprego de Op GLO e o alinhamento com

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emprego da Arma Engenharia, a coordenação das Op, a análise do cenário sob o

enfoque da Arma de Engenharia, a organização da Força de GLO,

O Relatório Final do C Cj e Ordens Fragmentárias do C Cj e das GU

empregadas na Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do

Rio de Janeiro, com as diversas subordinações, incluídos os tipos de missões

atribuídas à Arma de Engenharia e os índices alcançados;

O Manual de Fundamentos EB 20-MF-10.102- Doutrina Militar Terrestre, no

que diz respeito ao espectro dos conflitos e ambientes operacionais, princípios de

guerra mais evidenciados nos planejamentos e na condução das Op GLO,

realizadas pela Arma de Engenharia, no contexto da Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro;

O Manual de Campanha EB 70-MC-10.237: A Arma Engenharia nas

Operações, no que diz respeito a missão da Arma de Engenharia e a sua

organização geral de apoio, as características e princípios gerais de emprego mais

evidenciados por ocasião das Op GLO, no contexto da Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro.

Análise da Nota de Coordenação Doutrinárias Nr 1/2016, de 31 de maio de

2016 do C Dout Ex/COTER: Atividades e tarefas da Arma de Engenharia.

Leitura de revistas, periódicos e sites que trataram do assunto.

1.5 OBJETIVOS 1.5.1 Objetivo geral O Objetivo geral do trabalho consistiu em apresentar as principais missões

cumpridas e os aspectos doutrinários de emprego da Arma de Engenharia, no que

tange às Op GLO, que mais se evidenciaram no contexto da Intervenção Federal, na

Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro e propor um quadro com

os principais órgãos e instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou

coordenar atividades num ambiente de Op Interagências, desde o nível

político/estratégico até o nível tático.

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1.5.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos visam:

- apresentar o arcabouço jurídico que ampara o emprego das FA em Op GLO;

- apresentar o Plano Estratégico da Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro;

- apresentar a estrutura organizacional, a missão e os índices alcançados

pelo C Cj, na condução das Op GLO, levadas a cabo por ocasião da Intervenção

Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro;

- apresentar os aspectos doutrinários das Op GLO e evidenciar os mais

relevantes para o emprego da Arma de Engenharia em Op GLO;

- por fim, apresentar as principais missões realizadas e os principais órgãos e

instituições com os quais a Arma de Engenharia necessitou coordenar atividades

num ambiente de Op Interagências, durante a Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro

1.6 HIPÓTESE

A presente pesquisa considerou as premissas já mencionadas na formulação

da situação-problema e direcionou a investigação por meio da seguinte hipótese:

- A Arma de Engenharia do EB necessita de uma doutrina de emprego para

Op GLO mais alinhada com a realidade, para proporcionar maior efetividade no

cumprimento das missões.

1.7 VARIÁVEIS Considerando o título: “O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção

Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro”

Variável Independente

É aquela que, quando manipulada, produz algum efeito na variável que dela é

dependente. No presente trabalho, foi identificada a seguinte:

- doutrina de emprego da Arma de Engenharia.

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Variável dependente

É aquela que se modifica (total ou parcialmente) quando a variável

independente a ela associada é manipulada. Foi identificada a seguinte:

- eficiência do apoio às Operações Militares.

1.8 METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido com base no estudo exploratório, pautado na

pesquisa bibliográfica, documental, utilizando-se do método do estudo de caso e

seguindo os seguintes passos:

- levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes;

- seleção da bibliografia e documentos;

- leitura da bibliografia e dos documentos selecionados;

- pesquisa de dados, por intermédio de relatórios e ordens fragmentárias;

- montagem de arquivos: ocasião em que serão elaboradas as fichas

bibliográficas de citações, resumos e análises; e

- análise crítica, tabulação das informações obtidas e consolidação das

questões de estudo.

A coleta de material foi realizada por meio de consultas às bibliotecas da

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Instituto Meira Mattos, consultas ao

GIF, a 1ª Divisão de Exército, ao 5º Grupamento de Engenharia e ao 1º Batalhão de

Engenharia de Combate (Escola).

Foram consultados periódicos e revistas especializadas; manuais do MD, do

EB, além da rede mundial de computadores.

O trabalho teve prosseguimento com a elaboração do texto, onde constaram

as questões, objeto de estudo, enfatizando as missões cumpridas, o alinhamento da

doutrina de emprego da Arma de Engenharia, com a prática e proposição de órgãos

e instituições com as quais a Arma de Eng necessitou realizar coordenações, para o

melhor cumprimento da missão.

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2. A INTERVENÇÃO FEDERAL, NA ÁREA DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO

ESTADO DO RIO DE JANEIRO

A crise na área de segurança pública no Rio de Janeiro tem origem na

década de 70 do século passado com a criação do Comando Vermelho e desde

então a situação vem se agravando. A falta de políticas públicas adequadas e

eficazes, em especial no setor de segurança, transporte, habitação, educação e

saúde, ajudou a criar áreas liberadas, onde o poder público deixou de exercer seu

poder legal, não regulando a ocupação dos espaços e logradouros públicos.

Em 2017, as crises econômicas; psicossociais, inclusive morais; e políticas,

atingiram, de forma crucial, o Estado do Rio de Janeiro.

Essa situação motivou a autorização, por meio do Decreto Presidencial de 28

de julho de 2017, a ativação do Comando Conjunto (CCj), para o emprego das FA e

por conseguinte o emprego da Arma de Engenharia para a GLO no Estado do Rio

de Janeiro, em apoio às ações na Área de Segurança Pública.

Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira

observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em

geral. Isso causou o aumento da sensação de insegurança na população fluminense

e a indignação de parte da população de outros estados. Esses fatos nocivos à

sociedade como um todo, acrescidos aos problemas sociais, políticos e econômicos,

já citados, levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita

à Área de Segurança Pública.

2.1 CONCEITO DE INTERVENÇÃO FEDERAL Intervenção é uma medida de gerenciamento de crise previsto na Constituição Federal de 1988 e informado pelos princípios da necessidade e da temporariedade, atendendo, respectivamente, situações taxativamente expressas e limitações específicas de tempo e local. Assim, a Intervenção Federal é um instrumento através do qual a União pode quebrar excepcional e temporariamente a autonomia dos demais entes da Federação (Estados, Distrito Federal e Municípios localizados em Território Federal) pelos motivos expressamente contidos nos Artigos 34 e 35 da Constituição Federal/1988. (OBSERVATÓRIO MILITAR DA PRAIA VERMELHA, 2018, disponível em http://ompv.eceme.eb.mil .br/masterpage_assunto .php?id=5, acesso em 13 abr 2019)

Em casos excepcionais, como é dito no texto do Art. 34 da Constituição Federal, é previsto a intervenção federal feita pela União ao momento em que um dos entes da federação demonstra incapacidade na execução de suas competências, ou seja, é um instrumento que restringe a autonomia política de determinado estado. É consensual de que a nossa Constituição em sua totalidade está fundamentada na doutrina do federalismo, porém, em decorrência desse artigo específico da Constituição (que trata da

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intervenção federal), instaura-se uma dubiedade se esta doutrina federativa de nosso país não está em cheque. Para melhor compreensão em relação a

este embate “Intervenção versus Federalismo”,(Intervenção Federal no Rio de Janeiro: Análise Nacional e Internacional Sobre os Possíveis Impactos, Curso de Ciência Política da UNINTER, 2018,

disponível emhttps://www.defesa.gov.br/arquivos /ensino_e_pesquisa /defesa_academia /cadn/XV_ cadn/intervencao_ federal_no_rio_de_ janeiro_analise_ nacional.pdf, acesso em 13 Abr 2019

Dos conceitos apresentados acima, depreende-se que a medida adotada pelo

Presidente da República, por meio do Decreto Nº 9.288, de 16 de Fevereiro de 2018,

foi revestida de legalidade, uma vez que encontra amparo nos Artigos 21 e 84 da

Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Tal Decreto foi ratificado,

posteriormente, pelo Congresso Nacional, onde obteve 340 votos a favor e 72 contra

na Câmara Federal e no Senado obteve 55 votos a favor 13 contra e uma

abstenção.

Sendo assim, foi aprovada a Intervenção Federal que durou até o dia 31 de

dezembro de 2018, sob a tutela do Interventor, General de Exército, Walter Souza

Braga Netto, que também era o Comandante Militar do Leste.

2.2 ESTADO FINAL DESEJADO

O estado final desejado (EFD) pelo Interventor Federal era a diminuição

gradual dos índices de criminalidade, com aumento na percepção da sensação de

segurança por parte da população do Estado do Rio de Janeiro, concomitantemente

com a recuperação incremental da capacidade operativa dos Órgãos de Segurança

Pública (OSP) e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).

Além disso, era intenção do Interventor, empreender esforços para buscar o

compromisso do governo estadual no sentido de assegurar a adoção de medidas

voltadas a preservação e a progressão do resultado final alcançado pela Intervenção

Federal, extrapolando o limite temporal definido para o término da intervenção.

2.3 O GABINETE DE INTERVENÇAO FEDERAL NO RIO DE JANEIRO (GIFRJ)

Para o cumprimento da missão, o Interventor Federal, na Área de Segurança

Pública, no Rio de Janeiro, criou o GIFRJ, que era um órgão de planejamento,

controle e coordenação em ligação direta com a referida autoridade. O GIFRJ era

uma estrutura “ad hoc” organizada no Centro Integrado de Comando e Controle

(CICC) e no Comando Militar do Leste (CML), com os meios (pessoal e material)

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necessários à condução das atividades atinentes à Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, conforme estrutura regimental

aprovada pela Presidência da República:

Além do GIFRJ, o Interventor Federal possuía o seu gabinete pessoal e

contava com as assessorias de Comunicação Social, Jurídica e de Controle Interno.

O GIFRJ estava organizado em 2 (duas) secretarias: a Secretaria de

Intervenção Federal (SIF) e a Secretaria de Administração (SA). A primeira era

encarregada de realizar os planejamentos e coordenações das ações específicas

atinentes à Intervenção Federal e a segunda tinha a sua atuação específica na

gestão orçamentária e financeira, bem como no controle patrimonial, que englobava

a gestão do Legado e a desmobilização

Quadro1- Organização Do Gabinete De Intervenção Federal Fonte: Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.

ORGANIZAÇÃO DO GABINETE DE INTERVENÇÃO FEDERAL

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30

2.4 COORDENAÇÕES INTERAGÊNCIAS NA INTERVENÇAO FEDERAL, NA ÁREA

DE SEGURANÇA PÚBLICA, NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2.4.1 Coordenações no nível político

conforme estabelecia o Decreto Nº 9.288, de 16 de fevereiro de 2018, o

Interventor Federal equivalia ao Governador do Estado do Rio de Janeiro, para

todos os assuntos referentes à segurança pública, respondendo diretamente ao

Presidente da República. Nesse sentido, o Interventor Federal era o principal agente

de coordenação no nível político nas esferas de governo federal e estadual.

2.4.2 Coordenações no nível estratégico

As coordenações interagências no nível estratégico foram realizadas por

intermédio do GIFRJ e do Comando Militar do Leste (CML), em estreita ligação com

a Casa Civil da Presidência da República, com o Ministério da Defesa (MD), com o

Ministério da Segurança Pública (MSP) e com o Gabinete de Segurança Institucional

da Presidência da República (GSI/PR).

Tendo em vista que o 5º Grupamento de Engenharia (5º Gpt E) é um Grande

Comando diretamente subordinado ao CML, cabia ao comandante do Grupamento

realizar as coordenações interagências no nível estratégico com os órgãos da esfera

federal e estadual, com o propósito de alinhavar toas as operações e atividades

logísticas envolvendo a Arma de Engenharia.

2.4.3 Coordenações no nível operacional

No nível operacional, o Comando Conjunto (C Cj) foi o responsável por

realizar as coordenações necessárias com as Secretarias de Estado do Rio de

Janeiro, com o Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI)3, com as agências

federais representadas pela Polícia Federal (PF); Polícia Rodoviária Federal (PRF);

Força Nacional de Segurança Pública (FNSP); Agência Brasileira de Inteligência

(ABIN); e agências municipais, representadas pelas Guardas Municipais (GM) do

Estado do Rio de Janeiro.

3Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI) se constitui em estrutura “ad hoc” do Comando de

Operações Especiais (COpEsp) do Exército Brasileiro, em apoio ao GIFRJ.

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A Arma de Engenharia possuía um oficial de ligação (O Lig) no C Cj que

realizava as coordenações no nível operacional, de interesse, para as missões

delegadas à Arma de Engenharia.

2.4.4 Coordenações no nível tático

Por ocasião da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado

do Rio de Janeiro, as coordenações no nível tático foram realizadas pelas tropas

federais das Forças Armadas adjudicadas ao C Cj e pelos OSP do Estado do RJ,

nominalmente: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ); Polícia Civil do

Estado do Rio de Janeiro (PCERJ); e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio

de Janeiro (CBMERJ).

Na Arma de Engenharia, as coordenações no nível tático foram realizadas pelo

1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola) (1º Btl E Cmb (Es)) e pela 1ª

Companhia de Engenharia de Combate Pára-quedista (1ª Cia E CmbPqdt)

Quadro 2 – Arquitetura de Comando, Controle e Relações Institucionais da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro4 Fonte: Diretriz de Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.

4 A despeito da literatura convencional utilizada na administração, no âmbito da metodologia aplicada ao

Plano Estratégico da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública, o nível tático é o nível de execução das ações e o nível operacional é o nível intermediário entre o nível estratégico e o nível tático.

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32

2.5 EIXOS DE ATUAÇÃO

Para conduzir os trabalhos inerentes à Intervenção Federal na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, o Interventor estabeleceu os eixos

de atuação segurança pública e defesa.

2.5.1 Eixo Segurança Pública

No eixo Segurança Pública estavam incluídas as atividades desenvolvidas pela

Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Civil e Militar, Corpo de

Bombeiro Militar, Guarda Municipal e instituições relacionadas a instrumentos de

prevenção, de coação e de justiça.

Neste eixo foram realizadas ações de polícia ostensiva, preservação da ordem

pública e ordenamento urbano; segurança viária e controle de tráfego; segurança de

infraestruturas críticas; polícia judiciária; polícia marítima, aeroportuária e de

fronteiras; inteligência e defesa civil.

2.5.2 Eixo Defesa

Este eixo contemplava as atividades desenvolvidas pelo C Cj, cooperando

para coibir e combater o crime organizado, preservar a ordem pública e a

incolumidade das pessoas e do patrimônio durante a Intervenção Federal do Rio de

Janeiro.

As principais missões planejadas e executadas foram de operações aéreas;

ações marítimas e fluviais; ações de transporte aéreo logístico; fiscalização de

produtos controlados; proteção de estruturas estratégicas; policiamento ostensivo;

operações especiais e assistência militar (contemplando protocolos de entendimento

e coordenação institucionais).

2.6 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

Consoantes com a missão, com as diretrizes de planejamento expedidas e

coerente com a análise do diagnóstico estratégico realizado, tendo como foco a

visão de futuro desejada para a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública,

no Estado do RJ, o GIFRJ estabeleceu os seguintes Objetivos Estratégicos (OE)

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OE DESCRIÇÃO APRESENTAÇÃO

OE/01 Diminuir, gradualmente, os índices de criminalidade.

Redução dos índices relacionados às modalidades criminosas de letalidade violenta (homicídio doloso, latrocínio, morte decorrente de intervenção policial e lesão corporal seguida de morte), roubo de veículo, roubo de rua e roubo de carga.

OE/02

Recuperar, incrementalmente, a capacidade operativa das Secretarias de Estado e OSP intervencionados do Estado do Rio de Janeiro.

Aperfeiçoamento dos fatores determinantes, inter-relacionados e indissociáveis: doutrina, organização (e processos), adestramento (capacitação), material, educação, pessoal e infraestrutura (DOAMEPI).

OE/03 Articular, de forma coordenada, as instituições dos entes federativos.

Fomento do compartilhamento de responsabilidades na Área de Segurança Pública, por meio do estabelecimento de instrumentos normativos (projetos de lei, decretos, instruções normativas, portarias Etc).

OE/04 Fortalecer o caráter institucional da Segurança Pública e do Sistema Prisional.

Fortalecimento do caráter institucional da Segurança Pública e do Sistema Prisional, como atividade técnico-operacional, minimizando fatores políticos.

OE/05 Melhorar a qualidade e a gestão do Sistema Prisional, das Secretarias de Estado e dos OSP intervencionados.

Modernização do Sistema Prisional, das Secretarias de Estado e dos OSP intervencionados, por meio da elaboração de projetos, em diversas áreas funcionais.

OE/06

Implantar estruturas necessárias ao planejamento, coordenação e gerenciamento das ações estratégicas da Intervenção Federal.

Condução do planejamento e gerenciamento das ações estratégicas da Intervenção Federal, por meio da ativação de estruturas organizacionais.

Quadro 3 – Objetivos Estratégicos da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro Fonte: Diretriz de Planejamento da Intervenção Federal na Área de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, 2018.

A Arma de Engenharia colaborou com o GIFRJ no que tange principalmente,

aos OE 1 e 2, uma vez que cumpriu uma série de missões com o propósito de

diminuir, gradualmente, os índices de criminalidade (OE1) e outra vasta gama de

missões com o objetivo de cooperar com o incremento da capacidade operativa das

Secretarias de Estado e OSP intervencionados do Estado do Rio de Janeiro (OE2),

como será apresentado no capítulo 4 deste trabalho.

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34

2.7 O COMANDO CONJUNTO

2.7.1 Organograma

Quadro 4 - Organograma do Comando Conjunto Fonte: MD30-M-01, Doutrina de Operações Conjuntas, 1º Volume, 2011

2.7.1.1 Comandante Conjunto

O Cmt da 1ª DE foi designado para ser o Cmt Cj cumulativamente com a

função que já exercia.

2.7.1.2 Estado Maior Conjunto

Durante a Intervenção Federal na Área de Segurança Pública, no Estado do

Rio de Janeiro, o Estado Maior conjunto, foi chefiado por um Contra-Almirante

Fuzileiro Naval da Marinha do Brasil, e era composto por militares das três Forças,

distribuídos nas seguintes células:

Quadro 5 - Organização do Estado-Maior Conjunto Fonte: Relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018

Cmt Cj

Força Naval componente

Força Terrestre componente

Força Aérea componente

EM Cj

Ch EM Cj

D1

Pes

D2

Intlg

D3/D5

Op/Plj

COA

D4/D10

Log/FinD6 Cmdo e Ct

D7

Com Soc

D8

Op Psc

D9

Ass cívis

O Lig F Cte

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35

2.7.2 Missão

A missão imposta pelo Interventor Federal ao C Cj era coibir e combater o

crime organizado, preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do

patrimônio durante a Intervenção Federal do Rio de Janeiro, de maneira que

transcorressem com a prevalência dos princípios do emprego da massa, da

legitimidade, do engajamento seletivo e da segurança.

2.7.3 Principais missões realizadas

Por ocasião da Intervenção Federa, na Área de Segurança Pública, no Estado

do Rio de Janeiro, o C Cj planejou, coordenou e supervisionou 215 (duzentas e

quinze) operações, compreendendo uma gama variada de ações a saber:

Tipo de ação Quantidade

Patrulhamento 139

Cerco e Investimento 35

Ação Comunitária 06

ACISO 1

Apoio aos OSP 22

Vistoria em Presídios 3

Reconhecimento 7

Segurança 1

Apoio Logístico Aéreo 1

TOTAL 215 OPERAÇÕES

Quadro 6 - operações realizadas pelo C CJ Fonte: relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018

Nesse contexto, cabe ressaltar o emprego da Arma de Engenharia na maioria

das Op levadas a cabo pelo C Cj, principalmente no que se refere ao apoio a

mobilidade das tropas empregadas, vistorias em presídios, ações comunitárias,

ACISO e apoio aos OSP, colaborando, dessa forma, para o cumprimento da missão

do C Cj.

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2.8 CONCLUSAO PARCIAL

Conclui-se parcialmente que a Intervenção Federal, na Área de Segurança

Pública, no Estado do Rio de Janeiro foi uma medida adotada pelo Presidente da

República Federativa do Brasil para pôr termo ao grave comprometimento da ordem

pública no Estado do Rio de Janeiro.

Verificou-se, ainda, que a medida supracitada encontra amparo legal na

Constituição da República Federativa do Brasil e foi referendada pelo Congresso

Nacional.

Para cumprir a missão, o Interventor criou o GIFRJ, que era uma estrutura “ad

hoc” organizada no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) e no Comando

Militar do Leste (CML), com os meios (pessoal e material) que tinha como missão

apoiar o interventor no planejamento, controle e coordenação das ações

estratégicas.

Para tanto o GIFRJ confeccionou o Planejamento Estratégico da Intervenção

Federal pautado em dois eixos, segurança e defesa e estabeleceu seis objetivos

estratégicos.

O eixo defesa contemplava as atividades desenvolvidas pelo C Cj e estava

intrinsecamente ligado ao Objetivo Estratégico Nr 1 - "Redução dos índices

relacionados às modalidades criminosas de letalidade violenta, roubo de veículo,

roubo de rua e roubo de carga.

Verificou-se, ainda, a organização e as missões cumpridas pelo C Cj.

Nos demais capítulos poder-se-á constatar que a Arma de Engenharia esteve

presente na maioria das operações levadas a cabo pelo C Cj, colaborando

decisivamente para que os objetivos do Cmt Cj e do Interventor Federal fossem

alcançados.

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3 DOUTRINA DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E A ARMA

DE ENGENHARIA

3.1 CONCEITO DE OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

O manual do Ministério da Defesa - MD33-M-10 - conceitua a Operação de

Garantia da Lei e da Ordem como "uma operação militar conduzida pelas Forças

Armadas, de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo

limitado, que tem por objetivo a preservação da ordem pública e da incolumidade

das pessoas e do patrimônio em situações de esgotamento dos instrumentos para

isso previstos no Art. 144 da Constituição ou em outras, em que se presuma ser

possível a perturbação da ordem".

Esta conceituação está baseada no Decreto Presidencial Nº 3.897, de 24 de

agosto de 2001, que fixa as diretrizes para o emprego das Forças Armadas na

Garantia da Lei e da Ordem (GLO), e dá outras providências, como se pode -

observar nos Art. 3, 4 e 5. e nos Art.142 e144 da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988 (CF/88).

Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico.(Decreto Presidencial Nº 3.897). Art. 4º Na situação de emprego das Forças Armadas objeto do art. 3º, caso estejam disponíveis meios, conquanto insuficientes, da respectiva Polícia Militar, esta, com a anuência do Governador do Estado, atuará, parcial ou totalmente, sob o controle operacional do comando militar responsável pelas operações, sempre que assim o exijam, ou recomendem, as situações a serem enfrentadas.(Decreto Presidencial Nº 3.897) Art. 5º O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, que deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível, abrange, ademais da hipótese objeto dos arts. 3º e 4º, outras em que se presuma ser possível a perturbação da ordem, tais como as relativas a eventos oficiais ou públicos, particularmente os que contem com a participação de Chefe de Estado, ou de Governo, estrangeiro, e à realização de pleitos eleitorais, nesse caso quando solicitado. (Decreto Presidencial Nº 3.897).

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A publicação MD33-M-10 caracteriza as Op GLO como operações de “não

guerra”, pois, embora empregando o poder militar, no âmbito interno, não envolve o

combate propriamente dito, mas podem, em circunstâncias especiais, envolver o uso

de força de forma limitada, podendo ocorrer tanto em ambiente urbano quanto no

rural.

3.2 PREMISSAS

Segundo o manual de campanha EB70-MC-10.242 – Operação de Garantia

da Lei e da Ordem , a decisão de emprego da Força Terrestre (F Ter), para garantir

a lei e a ordem, é de responsabilidade do Presidente da República e o acionamento

das FA, para cumprirem missões desta natureza, é realizado por intermédio de

decreto presidencial.

As FA são chamadas a atuar em Op GLO quando os instrumentos previstos

no Art. 144 da CF/88, que definem os órgãos encarregados pela segurança pública,

forem formalmente decretados como indisponíveis, insuficientes ou inexistentes,

sendo solicitado apoio pelo governador do Estado (ou Distrito Federal) ao Presidente

da República.

Entende-se como indisponível aquele órgão de segurança pública (OSP) que,

apesar de ter seu efetivo completo e ter capacidade de gerir os problemas de

emprego de sua força naquele território, esteja com restrições ao seu emprego, por

causa de greves, paralisações parciais ou desvio de finalidade.

Nas condições previstas no tópico anterior, após determinação do Presidente

da República, podem ser ativados os órgãos operacionais das Forças Armadas, que

podem desenvolver, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, as

ações de caráter preventivo e operativo, necessárias para assegurar o resultado das

Op GLO.

Determinado o emprego das FA na garantia da lei e da ordem, é constituído

um Centro de Coordenação de Operações (CCOp), composto por representantes

das forças militares e dos órgãos públicos, que devem trabalhar de acordo com os

preceitos das operações de cooperação e coordenação com agências.

Compete ao Ministério da Defesa (MD) tomar as providências necessárias à

ativação e à implementação do emprego das FA, bem como controlar e coordenar

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suas ações, inclusive em relação aos componentes dos demais órgãos não

integrantes da sua estrutura.

O organograma abaixo apresenta um caso esquemático para o emprego da F

Ter em Op GLO.

Figura 1 - Acionamento do Exército para Op GLO Fonte: manual de campanha EB70-MC-10.242 - Op de Garantia da Lei e da Ordem, p 1-3

3.3 AMPARO LEGAL

O Art 142 da CF estabelece a destinação constitucional das Forças Armadas

e, o parágrafo primeiro do mesmo artigo, estabelece que lei complementar irá

estabelecer as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no

emprego das Forças Armadas.

Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem." "§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).

A fim de atender o parágrafo primeiro do Art. 142 da CF, foram decretadas,

sucessivamente, a Lei Complementar Nº 97, de 9 de junho de 1999, que dispõe

sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças

Armadas; a Lei Complementar Nº 117, de 2 de setembro de 2004, que completa a

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Lei Complementar Nº 97, de 9 de junho de 1999, incluindo novas atribuições

subsidiárias; e a Lei Complementar Nº 136, de 25 de agosto de 2010 que Altera a

Lei Complementar Nº 97, de 9 de junho de 1999, que “dispõe sobre as normas

gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas”, para criar o

Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e disciplinar as atribuições do Ministro

de Estado da Defesa.

Além disso, o Decreto Presidencial Nº 3.897, de 24 de agosto de 2001,

orienta o planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças

Armadas, e de órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem.

3.4 CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DE EMPREGO DAS OPERAÇÕES DE

GARANTIA DA LEI E DA ORDEM E O ALINHAMENTO COM O EMPREGO DA

ARMA DE ENGENHARIA

As Op GLO possuem características e princípios de emprego bastante peculiares.

Nesse contexto, buscando alinhar a doutrina geral de Op GLO com o emprego da

Arma de Engenharia em Op GLO serão descritas, a seguir, as principais

características e os princípios de emprego que foram mais evidenciados durante as

missões cumpridas pelas unidades de Engenharia em Op GLO, durante a

Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Rio de Janeiro.

3.4.1 Características:

3.4.1.1 Ações descentralizadas

Em virtude da assimetria das ameaças e da frequente necessidade de

assumir as funções básicas do Estado, as forças militares devem estar presentes na

maior parte da área de responsabilidade (AR). A descentralização das ações ocorre

em virtude da necessidade de presença da tropa em toda a área de garantia da lei e

da ordem (A GLO), atendendo ao princípio da dissuasão.

Para a Arma de Engenharia traduz-se em estar presente em toda a AR do

escalão enquadrante, ou seja, se estiver apoiando uma Brigada (Bda), o Cmt da

unidade de Engenharia deverá organizar a mesma para o combate de tal forma que

toda a AR da Bda possua frações de Engenharia em condições de remover

obstáculos, realizar varreduras com detectores de metais, realizar a destruição de

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instalações, neutralizar artefatos explosivos improvisados e, até mesmo, atuar no

controle de danos.

3.4.1.2 Complexidade situacional

A dificuldade em se identificar e definir ameaças (concretas ou potenciais), a

multiplicidade de vetores (civis e militares) e a dificuldade de coordenação de

diversos atores com interesses diferentes requerem detalhada consciência

situacional.

Para a Engenharia existe a dificuldade em identificar os tipos e a localização

precisa dos obstáculos, convergindo o planejamento para a utilização dos mais

variados tipos de equipamentos, de modo a aumentar a efetividade e reduzir o

tempo de remoção dos trabalhos, permitindo, dessa maneira, maior transitabilidade

e trafegabilidade da Arma Base na AR, além de diminuir o tempo de exposição da

tropa de Engenharia em um determinado ponto.

A multiplicidade de vetores e a coordenação com diversos atores são

dinâmicas e exigem dos Cmt iniciativa, conhecimento da manobra tática,

flexibilidade, capacidade de argumentação e diálogo, além de conhecimento básico

de preservação do meio ambiente, pois os trabalhos de engenharia modificam o

terreno, afetam interesses de atores da AR e podem danificar o meio ambiente.

3.4.1.3 Prevalência das operações em áreas edificadas

Para a Engenharia não será diferente, pois estará inserida na manobra de

alguma Grande Unidade (GU)/Grande Comando (G Cmdo), e por conseguinte,

estará sendo empregada na mesma A GLO.

3.4.2 Princípios de Emprego:

3.4.2.1 Busca do apoio da população

A garantia de um ambiente seguro, o incremento dos serviços essenciais e de

infraestrutura, a atitude correta e a boa comunicação entre os integrantes do

componente militar e os habitantes locais são essenciais para assegurar o apoio da

população. O conhecimento e o entendimento cultural são pré-requisitos em todos

os níveis de planejamento e execução das operações. A conquista de corações e

mentes é primordial para o sucesso das Op GLO, e, para tal, o grau de satisfação da

população é um excelente indicador para mensurar o êxito nessas operações.

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O apoio da população também é essencial para a garantia de um ambiente

seguro durante os trabalhos de Engenharia. Todos os engenheiros devem ter como

ideia força que o que está sendo realizado é para melhorar o bem estar e

proporcionar maior segurança para a população, uma vez que, com as vias

desobstruídas, o Estado poderá apoiar a comunidade em melhores condições,

desde a retirada de lixo até o patrulhamento ostensivo das forças de segurança

pública.

3.4.2.2 Dissuasão

Consiste na conjugação de esforços, particularmente por meio de

demonstrações de força, e por uma ampla superioridade de meios (massa),

especialmente do componente militar, que desencorajem ameaças e potenciais

APOP.

A gama e a quantidade de equipamentos (Eqp) pesados de engenharia e de

viaturas (Vtr) especializadas, trabalhando com certa proximidade, proporcionam uma

excelente dissuasão, desencorajando, dessa forma, ameaças e potenciais APOP.

3.4.2.3 Iniciativa

As forças militares precisam ser proativas no desencadeamento de suas

atividades e tarefas, evitando posturas reativas às ações das ameaças, minimizando

o desgaste e possível desmoralização.

A experiência vivida pelas unidades de engenharia no cumprimento de

missões em Op GLO apontam para a necessidade de um alto grau de iniciativa por

parte de todos os Cmt, uma vez que os trabalhos de engenharia permeiam toda a

AR do escalão responsável pela Op. Nesse sentido, as coordenações com as

tropas, em suas respectivas AR, e com os atores civis, têm que partir dos elementos

de engenharia.

3.4.2.4 Emprego criterioso da força

Atitudes, avaliações e raciocínio lógico levam o militar a usar a força com

respaldo jurídico e social, dando legitimidade às ações e à atuação dos vetores

militares. Neste sentido, as normas de conduta (NC) e as regras de engajamento

(RE) são os principais moduladores das ações a serem adotadas nas Op.

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A Arma de Engenharia remove obstáculos e/ou faz varreduras nas áreas

designadas. Nesse contexto, a realização de destruições desnecessárias ou a

utilização de locais inapropriados para depositar os entulhos dos obstáculos poderão

levar a perda do respaldo jurídico e social, além de favorecer para a perda da

legitimidade nas ações. No que diz respeito as NC e as RE, devem ser as mesmas

emanadas pelo escalão superior e de conhecimento de todos os engenheiros.

3.4.2.5 Atuação de cooperação e coordenação com agências

O êxito das atividades e tarefas realizadas nas Op GLO requer que todos os

vetores (militares e civis) trabalhem em direção a objetivos comuns. Em

consequência, a fim de aumentar os níveis de colaboração entre os envolvidos

requer-se o desenvolvimento de métodos de planejamento, mecanismos e, em

algumas situações, a sincronização de ações, de modo a obter sinergia entre os

diversos vetores (militares e civis).

Para a Engenharia a cooperação e coordenação com agências é

fundamental, visto que em todos os tipos de missões em que ela foi empregada

ocorreram as coordenações interagências desde o nível político até o nível tático.

3.4.2.6 Os outros princípios de Op GLO

A ampla utilização das operações de informação (Op Info) e o emprego

criterioso do uso da força não apresentam considerações relevantes e específicas

para o emprego da Arma de Engenharia.

3.5 CONCEPÇÕES DAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

3.5.1 Considerações Gerais

Nesse tipo de operação, as organizações para o cumprimento da missão

podem ser flexibilizadas. As atribuições são direcionadas de acordo com os vetores

(civis e militares) envolvidos e o estudo do ambiente operacional. Para o

levantamento das estruturas necessárias, atribuição das responsabilidades e análise

das capacidades requeridas é necessário compreender detalhadamente as

características da área de GLO. A partir desse quadro geral, que evidencia as

deficiências e as principais necessidades, serão elencadas as ações a serem

desenvolvidas.

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Para a Arma de Engenharia, o conhecimento detalhado das características da

área de GLO é se suma importância, uma vez que, a organização para o combate

(pessoal e equipamento) está diretamente relacionada às características da área de

GLO. Além disso, por ocasião das Op GLO realizadas no contexto da Intervenção

Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a experiência

mostrou que a organização das frações da Arma de Engenharia tornou-se mais

efetivas a partir do momento que foi adotado um sistema modular para cada tipo de

missão.

3.5.2 Níveis de Coordenação em Op GLO

3.5.2.1 Generalidades

As ligações entre as forças militares e as agências envolvidas são

fundamentais, em todos os níveis, para a obtenção da unidade de esforços por

intermédio da cooperação, voltada para o objetivo da operação em curso. A

delegação de autoridade facilita tais ligações e a tomada de decisão nos respectivos

níveis de competência.

Para a Arma de Engenharia não foi diferente. Durante as operações

realizadas no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no

Estado do Rio de Janeiro, essas coordenações foram realizadas desde o nível

estratégico até o nível tático, e se mostraram extremamente importantes para a

efetividade no cumprimento das missões, uma vez que conciliaram interesses e

esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes. Essa

conciliação de interesses atendeu o bem comum, evitando a duplicidade de ações, a

dispersão de recursos e a divergência de soluções, com eficiência, eficácia,

efetividade e menores custos.

Na Intervenção Federal em estudo, para a Arma de Engenharia, o nível mais

alto de coordenação interagências ocorreu no nível estratégico, uma vez que quem

realizava as coordenações no nível político era o próprio Interventor. O Cmt do 5º

Grupamento de Engenharia (5º Gpt E) e o Chefe do Centro de Operações de

Engenharia (COE) do 5º Gpt E foram os principais atores da Arma de Engenharia

responsáveis pelas coordenações no nível estratégico. Neste caso, as

coordenações foram facilitadas devido ao fato de que o 5º Gpt E participava

ativamente dos planejamentos e coordenações no âmbito do GIFRJ.

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No nível operacional havia um Oficial de Ligação (O Lig) do 5º Gpt E

permanentemente no Centro de Coordenação de Operações (CCOp) do Comando

Conjunto (C Cj). Porém, devido à escassez de oficiais no 5º Gpt E, concorriam a

escala de O Lig/Eng do C Cj desde oficiais superiores do Quadro de Estado-Maior

da Ativa (QEMA) até oficiais subalternos do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO).

Com o desenrolar das operações, devido à alta rotatividade entre os O Lig,

agravado pelo fato de que a grande maioria não tinha domínio sobre o assunto e

poder de decisão, o 5º Gpt E solicitou apoio ao Departamento de Engenharia e

Construção, que reforçou o Gpt com um Coronel de Engenharia do QEMA,

possuidor do curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército

(CPEAEx), que exerceu a função de Chefe da Célula de Assuntos Civis (D9) e O Lig

de Engenharia.

A permanência de um oficial antigo, com acesso direto ao Cmt Cj e

interlocução com EM Cj, favoreceu sobremaneira as coordenações no nível

operacional. Esse fato proporcionou uma maior celeridade na tramitação das

informações com o nível tático, proporcionando, dessa forma, maior tempo para o

planejamento dos Cmt das Organizações Militares (OM) de Engenharia.

No nível tático, as coordenações eram realizadas pelos Cmt em todos os

escalões, porém com maior preponderância para os Cmt de OM e Cmt de

Subunidade (SU). Apesar das coordenações já estarem delineadas desde o nível

político/estratégico, verificou-se a importância da coordenação no nível tático por

meio de reuniões de trabalho e, principalmente, o contato no terreno para a solução

de problemas não previstos.

A seguir, serão apresentadas as principais missões cumpridas e agências,

com as quais foram realizadas as coordenações, de acordo com os níveis:

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46

3.5.2.2 Nível Estratégico - Cmt 5º Gpt E e Ch COE/5º Gpt E - GIFRJ

Tipo Op/

Agência

ProjetoEn

gCnst/Ref

Inst

Revista

de

Presídio

Desmon

-tagem/

transfer

ência

UPP

Vasculha-

mentode

Áreas

ACISO

Valeta

complexo

penitenciá

-rio

Organização

de carcaças

de veículos

em pátio

SEAP

PMRJ X X X X X X X

PCERJ X X X X X

PF X

PRF X X

SEAP X X X X

LIGHT X X X

CEDAE X X X

SEEEDUC X

SECONS

ERVA X X X

X

SEINFRA X X X

SES X

SETRANS X X X X X

SEAS X X X X

SEGOV X X

SUBPA X Quadro 7 - Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível estratégico Fonte: o autor

3.5.2.3 Nível Operacional - O Lig 5º Gpt E - CCOp C Cj

Tipo Op/

Agência

Remoção

de

Obstáculo

s

Revis

ta de

Presí

dio

Des-

montag

em UPP

Vasculha-

mento de

Áreas

ACISO

Valeta

complexo

penitenciá

-rio

Organização

de carcaças

de veículos

em pátio

SEAP

PMRJ X X X X X X X

PCERJ X X X X X

PF X X

PRF X X X

SEAP X X X

Page 47: O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na … · 2020. 1. 10. · ABIN Agência Brasileira de Inteligência ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACISO

47

LIGHT X X X

CEDAE X X X

SECONS

ERVA

X X X

X

SEEEDUC X

SEINFRA X X X

SES X

SETRANS X X X X X

SEAS X X X X

Quadro 8 - Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível operacional Fonte: o autor

3.5.2.4 Nível Tático - Cmt Btl e Cmt SU

Tipo Op/

Agência

Remoção

de

Obstácu-

los

Revis-

ta de

Presídi

o

Des-

monta

gem

UPP

Vasculha

mento de

Áreas

ACISO

Valeta

complexo

penitenciá

-rio

Organização

de carcaças

de veículos

em pátio

SEAP

PMRJ X X X X X X X

PCERJ X X X X X

PF X X

PRF X X X

SEAP X X X

LIGHT X X X

CEDAE X X X

SECONS

ERVA

X X X

X

SEEEDUC X

SEINFRA X X X

SES X

SETRANS X X X X X

SEAS X X X X

Quadro 9 - Coordenações interagências da Arma de Engenharia no nível operacional Fonte: o autor

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48

- Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMRJ)

- Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ);

- Polícia Federal (PF);

- Polícia Rodoviária Federal (PRF);

- Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP);

- Empresa de Energia Elétrica (LIGHT);

- Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE);

- Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SECONSERVA)

- Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC)

- Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras (SEINFRA)

- Secretaria de Estado de Saúde (SES)

- Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS)

- Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS)

- Secretaria de Estado de Governo e Relações Institucionais (SEGOV)

- Subsecretaria de Patrimônio Imobiliário (SUBPA)

3.5.3 O Centro de Coordenação de Operações (CCOp)

O CCOp constitui-se em uma estrutura que materializa e apoia o comando

operacional, onde funcionam as representações dos órgãos envolvidos (civis e

militares) no planejamento, coordenação, assessoria e acompanhamento das ações.

Para as Op GLO, levadas a cabo durante a Intervenção, na Área de

Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro, o Cmt da 1ª Divisão de Exército (1ª

DE) foi designado para ser Cmt Conjunto e teve como Chefe de Estado-Maior um

Contra Almirante Fuzileiro Naval da Marinha do Brasil. O C Cj foi constituído pelas

diversas células com integrantes das Forças Singulares e pelas diversas agências

envolvidas na Intervenção em tela, o que facilitou sobremaneira as coordenações e

a tomada de decisões.

A Arma de Engenharia se fez presente no CCOp do C Cj por intermédio de

um O Lig, que neste caso, também acumulava com a chefia da célula de Assuntos

Civis (D9).

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49

3.5.3.1 Centro de Coordenação de Operação nível Batalhão/Regimento

Segundo o Manual de Campanha Operação de Garantia da Lei e da Ordem,

EB70-MC-10.242, nas organizações militares (OM) ou nas Forças-Tarefas (FT) valor

unidade (U), que compõe a força de GLO, podem ser ativados CCOp simplificados,

chefiados pelo Sub Cmt (S Cmt) da U e compostos pelo EM da U, compondo as

células do CCOp, e por elementos de coordenação e ligação.

No caso do emprego das unidades da Arma de Engenharia nas operações

levadas a cabo pelo C Cj, no contexto da Intervenção em estudo, para cada

operação foi montado um CCOp, com a seguinte constituição:

- chefe do CCOp - S Cmt Btl

- célula de pessoal;

- célula de inteligência;

- célula de operações, subdividida em:

-subcélula de operações correntes; e

- subcélula de operações futuras;

- célula de logística;

- célula de comunicação social;

- célula de comando e controle;

- célula de administração; e

- célula de finanças.

Além disso, para toda operação era escalado um O Lig que permanecia no

CCOp da Grande Unidade que estava enquadrando a Unidade de Engenharia.

3.6 PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES

3.6.1 Considerações Iniciais

O planejamento das Op GLO das Unidades de Engenharia durante a

Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, do Estado do Rio de Janeiro,

foi baseada nas diretrizes e avisos emitidos a nível político pelo Interventor Federal,

no Planejamento Estratégico do Gabinete de Intervenção Federal no nível

estratégico, nos Planos e Ordens do C Cj, a nível Operacional, e pela ordens

emitidas pelas Grandes Unidade a nível tático.

Page 50: O emprego da Arma de Engenharia na Intervenção Federal, na … · 2020. 1. 10. · ABIN Agência Brasileira de Inteligência ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACISO

50

Durante a primeira fase do exame de situação do Cmt Engenharia algumas ações

devem ser levadas em consideração:

- examinar ordens do escalão superior;

- identificar o Estado Final Desejado (EFD) para as operações;

- receber orientações específicas para o emprego da Arma de Engenharia;

- identificar as necessidades e, se for o caso, solicitar apoio adicional;

- identificar os requisitos necessários à reestruturação dos serviços

essenciais; e

- identificar todos os atores (civis e militares) envolvidos.

3.6.2 Levantamento de Necessidades

No planejamento das Op GLO é primordial identificar as necessidades existentes na área de operações, entre elas pode-se destacar: a) restauração da ordem e da segurança pública; b) reconstrução, reeducação e reestruturação do sistema de segurança pública; c) trabalhos de engenharia (desobstrução de vias, remoção de escombros, construção de pontes e purificação de água, dentre outros) [o destaque é nosso].; d) transporte; e) saúde.( Manual de Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p.4-1)

Para a Arma de Engenharia, o levantamento de necessidades é fundamental,

uma vez que a organização para o combate é realizada de acordo com as

necessidades de cada operação levando-se em conta os seguintes aspectos:

- tipo de operação;

- análise do terreno, incluindo as vias de acesso para a abordagem da área;

- tempo de permanência no terreno;

- grau de controle da área (área verde, amarela ou vermelha);

- local de estacionamento das Vtr e Eqp não empregados (pranchas e cavalos

mecânicos, Munck, etc);

- se a segurança será provida pela Arma Base ou pela própria Arma de

Engenharia;

- meios disponíveis;

- manobra logística;

- quantidade e qualidade das informações disponibilizadas nos anexos de

inteligência; e

- quais as agências envolvidas que necessitam realizar algum tipo de

coordenação.

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51

3.6.3 Análise dos Fatores do Terreno

Para a Arma de Engenharia os principais fatores de análise são os seguintes:

Vias de acesso - o estudo e a seleção das vias de acesso são fundamentais.

Especial atenção deve ser dada às ruas e avenidas que demandam diretamente

para a Área de Operações, principalmente no que diz respeito aos raios de curvatura

e aos ângulos dos aclives e declives. Devido ao excesso de comprimento e de altura

dos Eqp e Vtr especializadas de engenharia, uma seleção mal feita de via de acesso

poderá causar sérios prejuízos à manobra, além de se tornar um transtorno para a

locomoção dos usuários das vias bloqueadas por Eqp ou Vtr especializadas de

engenharia.

Localização dos obstáculos - o conhecimento da localização exata dos

obstáculos facilita sobremaneira o Cmt U de Engenharia na concepção da sua

manobra. Apoiado em um detalhado estudo do terreno, o Cmt pode distribuir melhor

os seus meios e coordenar melhor os trabalhos.

Tipo de obstáculo – essa informação irá determinar os Eqp e Vtr necessários

para a remoção rápida e segura dos obstáculos. A seleção dos Eqp e Vtr mais

adequados proporcionam menor tempo de tropa exposta em um ponto, além de

evitar danos colaterais devido ao emprego de Eqp menos aconselháveis para a

remoção de determinado tipo de obstáculo.

3.7 DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE ACORDO COM O GRAU DE CONTROLE

A identificação das áreas verdes, amarelas e vermelhas é de suma

importância para o planejamento, considerando, particularmente, a característica da

não linearidade. Isso permite a orientação das operações no espaço, a divisão da A

GLO e o direcionamento do foco das ações para a ameaça, caso a situação assim o

imponha. Essa categorização permite a utilização das áreas, de acordo com o que

se segue:

a) Áreas Verdes – áreas nas quais os APOP possuem influência mínima.

b) Áreas Amarelas – áreas nas quais os APOP possuem influência limitada.

c) Áreas Vermelhas – áreas nas quais os APOP possuem influência ampla. O

contato com os APOP é iminente e, a qualquer momento, a tropa pode ser alvejada

por fogos. Nela, há a necessidade de serem realizadas ações pontuais, com

objetivos definidos e de curta duração, visando expor a tropa ao mínimo de tempo

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52

possível à ação dos APOP. As Vtr devem deslocar-se em comboios com escolta

armada.

3.8. ORGANIZAÇÃO DA FORÇA DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM (F GLO)

3.8.1 Força operativa (F Op) – constituída somente por organizações militares, com

atribuição de aplicar seu poder de combate para estabelecer ambiente seguro e

estável e, quando necessário, realizar ações subsidiárias. No caso da Arma de

Engenharia compreende as Unidades de Engenharia de Combate.

3.8.2 Força de Apoio (F Ap) – No caso da Arma de Engenharia são as Unidades de

Engenharia de Construção.

3.8.3 Força organizada por tarefa – A organização por tarefas foi um artifício muito

utilizado pela Arma de Engenharia. Com o decorrer das operações, verificou-se a

necessidade de estabelecer uma modularidade para cada tipo de operação, por

possuírem características muitos específicas.

A capacidade da força se organizar por tarefas lhe fornece versatilidade, sustentação e agilidade. Oferece, ainda, a possibilidade de rápida e oportuna combinação de capacidades, de acordo com a prioridade atribuída. Normalmente, tanto a forças operativa (F Op) como a força de apoio (F Ap) são organizadas levando em consideração a modularidade e a organização por tarefas. [o destaque é nosso]. (Manual de Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p 4-8)

3.9. EMPREGO EM OPERAÇÕES DE GLO

3.9.1 Fases da GLO

3.9.1.1 Deslocamento

O deslocamento das unidades de engenharia para a A GLO, sempre que

possível, deve ser precedido de um reconhecimento, nem que seja realizado por

militares descaracterizados ou por imagem de satélite. Devido as características dos

Eqp e Vtr especializadas de engenharia, uma seleção mal feita dos itinerários pode

parar um comboio inteiro e prejudicar de forma considerável a manobra. Neste tipo

de reconhecimento especializado devem ser levantadas as seguintes informações:

- menor raio de curvatura das vias utilizadas;

- maior grau de aclive e declive das vias utilizadas;

- menor gabarito de viadutos e passarelas;

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53

- largura das vias;

- local para o desembarque dos Eqp; e

- itinerários alternativos.

3.9.1.2 Concentração

Quando as operações eram realizadas na região metropolitana do Rio de

Janeiro, os próprios quartéis eram usados como locais para concentração da tropa

de engenharia.

Quando a operação era realizada fora dessa região, a concentração era

realizada em unidades das FA mais próximas do local da Op, como por exemplo a 2ª

Companhia de Infantaria em Campos e no Colégio Naval na cidade de Angra dos

Reis.

3.9.1.3 Base de Operações

As Bases de Operações (B Op), para as Unidades de Engenharia, devem

possuir uma área de estacionamento compatível com a quantidade de Eqp/Vtr

utilizados na operação e devem ter fácil acesso às vias que conduzam para a A

GLO.

Sempre que possível, deve-se procurar estabelecer as B Op em locais que já

ofereçam infraestrutura de banheiros e local para pernoite da tropa. No caso das

operações levadas a cabo no contexto da Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, os locais mais utilizados para B Op

foram quartéis das FA, quartéis da PMRJ e ginásios poliesportivos.

Normalmente as B Op das Unidades de Engenharia foram estabelecidas fora

da A Op, pois necessitavam de grande área de estacionamento.

3.9.1.4 Manobra

Durante as operações realizadas no contexto da Intervenção em estudo, O C

J planejou e conduziu as diversas manobras, nas quais a Arma de Engenharia foi

inserida.

As principais operações realizadas constituíram-se de cerco ou isolamento e

investimento às comunidades, patrulhamento ostensivo, operação de Ponto de

Bloqueio e Controle de Vias Urbanas (PBCVU), operação de busca e apreensão,

demonstração e força, ocupação de pontos fortes, escolta de autoridades, controle

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54

de distúrbio, desobstrução de vias, interdição e evacuação aérea e tarefas de

escoltas.

No capítulo 4 serão apresentadas as principais missões que a Arma de

Engenharia cumpriu, inserida nas manobras do C Cj, bem como as principais lições

aprendidas.

3.9.1.5 Reversão

Após o término da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no

Estado do Rio de Janeiro, o 5º Gpt E conduziu a reversão das tropas do 4º Batalhão

de Engenharia de Combate e do 2º Batalhão de Engenharia de Combate, que

estavam reforçando o 1º Batalhão de Engenharia de Combate (Escola), às suas

respectivas sedes.

3.10 APOIO ÀS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

3.10.1 Inteligência

A inteligência, nas Op GLO, deve disponibilizar conhecimentos acerca das

características dos APOP, da A GLO e da população. A atividade de inteligência

deve realizar o acompanhamento das potenciais ações de ameaças. A produção do

conhecimento apoia as ações das forças empregadas e fornece dados para o

desenvolvimento de todas as tarefas.

A troca de informações, entre todos as agências civis e militares, é

fundamental para o êxito das operações.

Durante a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, todas as operações foram

desencadeadas buscando-se, simultaneamente, o sigilo e o curto espaço de tempo

entre o recebimento da missão e a execução. Nesse sentido, as informações a

respeito do terreno, APOP e da população se revestiram de maior importância, tendo

em vista a impossibilidade de realizar reconhecimentos na A GLO. Nesse sentido, as

informações, que devem ser confiáveis e oportunas, crescem de importância.

3.10.1.1 Elementos Essenciais de Inteligência (EEI)

Os principais elementos essenciais de inteligência para a Engenharia foram

os seguintes:

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55

3.10.1.1.1 Remoção de Obstáculos

- tipo de obstáculos lançados na A GLO;

- localização dos obstáculos;

- se os obstáculos estavam batidos por fogos;

- vias de acesso prioritárias para a remoção de obstáculos;

- locais para depósito dos entulhos dos obstáculos;

- se os obstáculos estavam armadilhados; e

- existência de artefatos explosivos improvisados na A GLO (tipo e

localização).

3.10.1.1.2 Revista de Presídios

- plantas internas e externas dos presídios;

- principais locais de homizio de material;

- principais lideranças presas; e

- principais rotas de fugas utilizadas em tentativas de fuga.

3.10.1.1.3 Desmontagem/transferência de UPP

- tipo de material que a UPP é construída;

- dimensões da UPP;

- peso da UPP;

-característica das vias de acesso até o local da UPP a ser

desmontada/transferida;

- característica das vias de acesso até o futuro local em que a UPP deverá ser

reinstalada;

- se a energia elétrica da UPP já se encontra desligada;

- se a água da UPP já está desligada; e

- local para descarte dos entulhos.

3.10.2 Engenharia

3.10.2.1 Apoio ao desenvolvimento social e da infraestrutura

A Engenharia atua junto às populações envolvidas nas operações, cujo apoio

é imprescindível para o sucesso das forças legais.

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56

No contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no

Estado do Rio de Janeiro, a Arma de Engenharia foi largamente empregada em

Ações Cívicos Sociais (ACISO), realizando trabalhos de reforma, recuperação e

adequação de instalações, emprego de geradores de energia e trabalhos de

terraplanagem para a melhoria de acesso aos locais da ACISO.

3.10.3 Comando e Controle

As peculiaridades das operações de GLO exigem adaptações no emprego

dos sistemas de comunicações. No caso da Arma de Engenharia, principalmente

nas operações de remoção de obstáculos, devido a necessidade de proporcionar a

todos os escalões a consciência situacional dos trabalhos da Arma, tornou-se

necessário a utilização de todos os meios possíveis, inclusive de tecnologias civis.

3.10.3.1 Google Maps

Foi utilizado para traçar rotas de um obstáculo para o outro, com a finalidade

de verificar o melhor caminho, e que causasse o menor transtorno para a população

local. O uso desta ferramenta evitou, por exemplo, a adoção de caminhos que não

permitiam o prosseguimento para o próximo obstáculo.

Figura 2 visualização de google maps. Fonte: seção de operações do 1º BECmb (Es), 2018.

3.10.3.2. Google Earth

Foi utilizado com a finalidade de realizar Rec à distância, com o propósito de

selecionar os Eqp para determinadas ruas dentro das comunidades. Ao estabelecer

qual seria a rota a ser percorrida no Google Maps, utilizava-se o Google Earth para

fazer o caminho na função Street View e verificar as condições de trafegabilidade.

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57

Figura 3 - visualização Google Earth Fonte: seção de operações do 1º BECmb (Es), 2018.

3.10.3.3 My Maps

Ferramenta utilizada para realizar o planejamento antes de sair para a A GLO.

Ao receber a Ordem Fragmentária (O Frag) utilizava-se dos Elementos Essenciais

de Inteligência para confeccionar uma carta com as informações relevantes à tropa

de Engenharia.

Como a Engenharia atuava em toda a A GLO, também era fundamental

delimitar as zonas de ação de cada batalhão, para facilitar as coordenações

necessárias. Após essa delimitação, os obstáculos eram locados e numerados, de

modo a facilitar a consciência situacional e verificar o andamento dos trabalhos.

Figura 4 - visualização My Maps Fonte: seção de operações do 1º BECmb (Es), 2018.

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58

3.10.3.4 Map Source

Foi utilizado para colocar a carta, confeccionada no My Maps no GPS

redobrando os meios. Era feita uma conversão do formato KMZ, do MY Maps, para o

GPX, formato do programa e do GPS, pelo site

http://www.gpsvisualizer.com/convert_input.

Figura 5 visualização Map Source Fonte: seção de operações do 1º BECmb (Es), 2018.

possibilidade de emprego de meios de comunicações civis, implicando na necessidade de adaptação e de conhecimento dos sistemas disponibilizados; (Manual de Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p 6-4)

Durante as operações, verificou-se a necessidade de estabelecer um Posto

de Comando Tático (PCT), de modo a facilitar o comando e o controle das

operações.

Verificou-se, também, a importância da interoperabilidade entra as forças

singulares e os OSP, pois em diversas ocasiões a segurança da Arma de

Engenharia foi proporcionada por elementos da Marinha do Brasil e da Força Aérea

Brasileira.

aumento do número de ligações necessárias, com a inclusão de elementos diversos (forças singulares, policiais, órgãos civis etc.), exigindo a

interoperabilidade dos meios de comunicações; [o destaque é nosso]. (OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-

10.242, p 6-4)

Como forma de proteger a tropa de ações na justiça, foi dada uma atenção

especial à transmissão de vídeos e imagens, principalmente nos casos de prisão em

flagrante, enfrentamento com tiros e revista de presídios.

A figura abaixo demonstra a complexidade da função de combate Comando e

Controle em operação de GLO.

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59

Figura 6 - Comando e Controle em Op GLO Fonte: manual de campanha EB70-MC-10.242 - Op de Garantia da Lei e da Ordem, p 1-3

3.10.4 Apoio Logístico

O apoio logístico é essencial para a manutenção e a exploração da iniciativa,

pois determina a amplitude e duração das operações terrestres e contribui para a

liberdade de ação durante as operações.

3.10.4.1 Função Logística de Suprimento e Manutenção

Para a Arma de Engenharia cresce de importância as funções logísticas de

suprimento e manutenção, particularmente para os materiais de Classes VI e IX -Vtr

especializadas de engenharia.

Durante as operações, principalmente quando se trata de remoção de

obstáculos, é fundamental que as funções logísticas supracitadas sejam

aproximadas ao máximo, tendo em vista que a quebra de um Eqp/Vtr especializada

de engenharia, dento da A GLO, pode causar sérios problemas para a manobra, que

vão desde o atraso na desobstrução de vias até um excesso de exposição de tropa

em área vermelha, com risco para a integridade da tropa.

Por ocasião das operações realizadas durante a Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a própria Arma de Engenharia

proveu as funções logísticas de suprimento e manutenção, dada a especificação dos

Eqp e Vtr e a necessidade de mão de obra especializada.

3.10.4.2 Função Logística Transporte

Para as operações realizadas no contexto da Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a Arma de Engenharia contou com

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60

os seus próprios meios para a realização do transporte de tropa e material. Além

disso, em todas as operações, a engenharia passava ao controle operacional da

célula de logística do C Cj uma prancha baixa atrelada a um cavalo mecânico, para

socorrer e transportar as Vtr blindadas sobre rodas do tipo Guarani, em caso de

pane, que não fosse possível solucionar no local.

Um fator extremamente positivo foram os deslocamentos em comboios com o

apoio de batedores, como motocicletas, o que possibilitou a utilização de rotas

alternativas flexíveis para o caso de interrupções temporárias nos eixos de

deslocamento.

3.11 CONCLUSÃ0 PARCIAL

Conclui-se, parcialmente, que, pela experiência obtida nas operações reais

realizadas no contexto da referida intervenção, há necessidade de haver uma

consolidação da doutrina de emprego da Arma de Engenharia, no que diz respeito

às Op GLO, visando aproximá-la da realidade prática operacional.

Conclui-se, ainda, que as coordenações interagências são de suma

importância para a efetividade no cumprimento das missões, uma vez que

conciliaram interesses e esforços para a consecução de objetivos ou propósitos

convergentes que atenderam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, a

dispersão de recursos e a divergência de soluções, com eficiência, eficácia,

efetividade e menores custos.

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61

4. MISSÕES CUMPRIDAS PELA ARMA DE ENGENHARIA DURANTE A

INTERVENÇAO FEDERAL E LIÇÕES APRENDIDAS

4.1MISSÕES CUMPRIDAS

Por ocasião da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no

Estado do Rio de Janeiro, a Arma de Engenharia foi incumbida de realizar uma

gama extremamente variada de missões. Dentre as quais merece destaque as

seguintes:

4.1.1 PROJETOS DE ENGENHARIA

Por ocasião da confecção do Plano Estratégico do Gabinete de Intervenção

Federal, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro e a

Secretaria de Estado de Administração Penitenciária apresentaram demandas de

reformas e construções de novas instalações em unidades prisionais, na Academia

da Polícia Militar do Rio de Janeiro e de diversos quartéis da Polícia Militar do Rio de

Janeiro (PMRJ)e de delegacias da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

(PCERJ).

Diante dessa demanda, o 5º Grupamento de Engenharia foi acionado para

realizar os reconhecimentos necessários, confeccionar os devidos projetos com as

respectivas planilhas de custos.

Nesse sentido, o Centro de Operações de Engenharia do 5º Grupamento de

Engenharia estabeleceu as ligações necessárias com todos as agências envolvidas

de modo a viabilizar o cumprimento da missão.

OM Beneficia

-da

Data de entrega

Valor R$ Técnico

responsável Nº

Projeto Documento de entrega

4ª Cia CFAP

16-out-18 R$

1.137.474,47

Eng Arthur Amaral Corrêa

Ofício nº 21-SecTec/5ºGpt

E, de 16/10/2018

5ª Cia CFAP

09-out-18 R$

1.830.120,96

Eng Arthur Amaral Corrêa

Ofício nº 19-SecTec/5ºGpt

E, de 09/10/2018

Btl Choque-

SETOR A 17-out-18

R$ 1.353.353,12

2º tenkarin

PB-13/DSTVM/201

8

Ofício nº 24-SecTec/5ºGpt

E, de 17/10/2018

Btl Choque-

16-out-18 R$

1.531.340,98 2º tenkarin

PB-14/DST

Ofício nº 20-SecTec/5ºGpt

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62

SETOR B VM/2018

E, de 16/10/2018

Btl Choque-

SETOR C 16-out-18

R$ 1.097.668,06

2º tenkarin

PB-15/DSTVM/201

8

Ofício nº 20-SecTec/5ºGpt

E, de 16/10/2018

Btl Choque-

SETOR D 16-out-18

R$ 1.137.637,02

2º tenkarin

PB-16/DSTVM/201

8

Ofício nº 20-SecTec/5ºGpt

E, de 16/10/2018

HC PMERJ

04-out-18 R$

420.623,68 2º Ten Hugo

Ofício nº 18-SecTec/5ºGpt

E, de 04/10/2018

ACADEMIA

PMERJ 21-ago-18

R$ 3.794.575,87

2º Ten Daniele e

2ºTen Moura

PB-07/DSTVM/201

8

Ofício nº 08-SecTec

5ºGptE/COE/5ºGptE, de

21/08/2018

COE Reservat

órios 05-set-18

R$ 247.925,67

2º Ten Daniele

PB-08/DSTVM/201

8

Ofício nº 12-SecTec

5ºGptE/COE/5ºGptE e

Ofício nº 17-SecTec/5ºGpt

E, de 21/09/2018

SEAP Unidades prisionais

16-out-18 R$

530.266,75 2º Ten Daniele

PB-17/DSTVM/201

8

Ofício nº 22-SecTec/5ºGpt

E, de 16/10/2018

ACADEPOL

18-set-18 R$

1.568.492,52 2º Ten Daniele

PB-11/DSTVM/201

8

Ofício nº 15-SecTec/5ºGpt

E, de 18/09/2018

Reservatórios

Unidades prisionais

13-ago-18 R$

331.029,43 2º Ten Hugo

PB-14/SECTEC/20

18

Ofício nº 07-SecTec/5ºGpt

E, de 13/08/2018

SEAP Frei

Caneca 19-out-18

R$ 60.066,12

2º Ten Daniele

PB-19/SECTEC/20

18

Ofício nº 25-SecTec/5ºGpt

E, de 18/08/2018

3ªCia CFAP

Cancelado

R$

15.140.574,65

Quadro 10 - projetos realizados pela Arma de Engenharia durante a Intervenção Federal Fonte: Relatório Final de Missão - Comando Conjunto, Apêndice “ECHO

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63

4.1.2 VALETEAMENTO DO COMPLEXO PENITENCIÁRIO DE BANGU

Uma das demandas apresentadas pela Secretaria de Estado de

Administração Penitenciária ao Interventor Federal foi a necessidade de realizar o

valeteamento do córrego que contorna o Presídio Vicente Piragibe e o valeteamento

do córrego entre a Penitenciária Esmeraldino Bandeira e o Complexo Penitenciário

de Gericinó, uma vez que eles se encontravam bastante assoreados.

O 5º Gpt E realizou as coordenações necessárias no nível estratégico, com

destaque para a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SECONSERVA) e

a Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), o que facilitou

sobremaneira os trabalhos, principalmente no que diz respeito ao depósito do

material retirado dos córregos.

Figura 7 - valeteamento do Complexo prisional de Bangu Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Figura 8 - escavadeira trabalhando no valeteamento do Complexo prisional de Bangu Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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64

4.1.3 ORGANIZAÇÃO DE PÁTIOS DE ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS EM

COMPLEXO PRISIONAL

Outra demanda apresentada pela Secretaria de Estado de Administração

Penitenciária, junto ao Gabinete de Intervenção Federal foi a organização de 03

(três) pátios onde estavam estacionados veículos indisponíveis para futuro leilão.

Após as coordenações no nível estratégico, a Arma de Engenharia relocou e

organizou cerca de 200 (duzentos) veículos.

Essa Operação durou 3 semanas e foram utilizadas 01 (um) munck, 1 (uma)

carregadeira sobre roda com implemento de garfo de empilhadeira e 01(um) cavalo

mecânico com prancha.

Figura 9 - pátios de estacionamento de veículos no complexo prisional de Bangu Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.4 APOIO A CURSO DA POLÍCIA CIVIL DO RIO DE JANEIRO

Atendendo à solicitação da Secretaria de Segurança Pública e alinhado com

Objetivo Estratégico Nr 2 do Plano Estratégico da Intervenção na Área de

Segurança Pública do Rio de Janeiro, de recuperar a capacidade operativa dos

órgãos de segurança pública, a Arma de Engenharia apoiou o curso de formação da

tropa de operações especiais da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que é conduzido

pela Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil.

Após as coordenações nos níveis estratégico e operacional, a Arma de

Engenharia apoiou o curso com equipamentos e pessoal especializado,

colaborando, dessa forma, para a consecução do objetivo estratégico supracitado.

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65

4.1.5 ESTÁGIO DE MANUTENÇÃO E OPERAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E

VIATURAS ESPECIALIZADAS DE ENGENHARIA

Atendendo a mais uma demanda da Secretaria de Estado de Segurança

Pública do Rio de Janeiro, o Gabinete de Intervenção Federal, colimado com o

objetivo estratégico Nr 2 e buscando o aperfeiçoamento dos fatores determinantes,

inter-relacionados e indissociáveis: doutrina, organização (e processos),

adestramento (capacitação), material, educação, pessoal e infraestrutura

(DOAMEPI), determinou ao 5º Gpt E o planejamento, as coordenações e a execução

de um Estágio de Manutenção e Operação de Equipamentos Pesados de

Engenharia e Viaturas Especializadas de Engenharia, para militares do Batalhão de

Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

No período de 11 a 22 de junho de 2018, o 1º Batalhão de Engenharia de

Combate (Escola) realizou o referido estágio para 07(sete) militares do BOPE, sendo

04 (quatro) sargentos, 01 (um) cabo e 02 (dois) soldados.

Durante o estágio, foram ministradas instruções teóricas e práticas de

manutenção e operação dos seguintes equipamentos e viaturas: trator multiuso,

carregadeira sobre rodas, retroescavadeira e caminhão guindauto.

Figura 10 -estágio de manutenção e operação de equipamentos e viaturas especializadas de engenharia Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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66

4.1.6 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E VIATURAS ESPECIALIZADAS DE

ENGENHARIA DO BOPE

Com o propósito de colaborar com o GIF, mais uma vez, no cumprimento do

objetivo Nr 2 do Plano Estratégico da Intervenção Federal no Rio de Janeiro, a Arma

de Engenharia realizou a manutenção corretiva de 01 (uma) retroescavadeira, 01

(um) caminhão comercial Munck, 01(uma) pá carregadeira, 01 (um) caminhão

reboque, 01 (um) caminhão caçamba e 01 (um) caminhão baú.

Para essa tarefa, foram empregados recursos destinados à Intervenção

Federal no valor de R$ 69.730,00.

Figura 11 - manutenção de equipamentos e viaturas especializadas de engenharia do BOPE Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.7 APOIO NA RECONSTITUIÇÃO DO ASSASSINATO DA VEREADORA

MARIELLE FRANCO E DO SEU MOTORISTA

Atendendo a mais uma solicitação da Secretaria de Estado de Segurança

Pública, o GIF e o C Cj empregaram a Arma de Engenharia para apoiar a Polícia

Civil do Estado do Rio de Janeiro, na reconstituição do assassinato da Ex-vereadora

Marielle Francisco da Silva, "Marielle Franco" e do seu motorista Anderson Pedro

Mathias Gomes.

Para este apoio, a Arma de Engenharia realizou uma série de coordenações

interagências, por se tratar de um assunto extremamente delicado e com vários

atores envolvidos.

A Arma de Engenharia foi incumbida de realizar uma barricada com sacos de

aniagem cheios de areia para bloquear os tiros disparados durante a realização da

reconstituição e prestar o apoio com torres de iluminação, uma vez que a área

carecia de luminosidade.

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67

Para esta missão, foram empregados os seguintes equipamentos e viaturas

especializadas de engenharia: 02 (dois) caminhões comerciais Munck, 02 (duas)

torres de iluminação, 02 (dois) tratores multiuso e 02 (duas) caçambas para

transportar os sacos de aniagem.

Figura 12 - muro com sacos de aniagem Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Figura 13 - muro com saco de aniagem e gabião em malha de aço Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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68

4.1.8 APOIO À POLÍCIA CIVIL NA BUSCA DE OSSADAS EM CEMITÉRIO

CLANDESTINO

Outra demanda apresentada foi o apoio solicitado à Polícia Civil para a

realização de uma busca por ossadas de integrantes do Comando Vermelho, em um

cemitério clandestino na região de Itaguaí.

O GIF e C Cj realizaram suas coordenações com as agências envolvidas em

seus níveis e coube a Arma de Engenharia apoiar a missão com equipamentos e

pessoal.

Neste tipo de operação, verificou-se a importância do emprego conjunto de

cães farejadores e equipamentos de engenharia.

Figura 14 - equipamento trabalhando na busca por ossada em cemitério clandestino Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Figura 15- ossada encontrada em cemitério clandestino Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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4.1.9 VASCULHAMENTO

O Manual de Campanha EB70-MC-10.242 OPERAÇÃO DE GARANTIA DA

LEI E DA ORDEM considera o vasculhamento como sendo a realização de buscas

de casa em casa e o patrulhamento da A GLO, com a finalidade de capturar armas,

Agentes Perturbadores da Ordem Pública (APOP) e retirar, efetivamente, a liberdade

de ação das ameaças.

Porém, durante a Intervenção Federal no Rio de Janeiro, foram raras as

vezes que a justiça emitiu mandados de busca e apreensão coletivo ou por área.

Essa decisão judicial prejudicou, de certa forma, o êxito das operações, pois os

APOP, mantinham-se homiziados em locais não permitidos para a realização de

busca de casa em casa.

Em todas as operações de vasculhamento, tanto em ambiente urbano como

no rural, a Arma de Engenharia foi empregada com tropa operando com detectores

de minas. Cabe ressaltar que os melhores resultados foram obtidos em ambientes

externos.

Um importante ensinamento colhido foi a necessidade de se conduzir

detectores de minas em todas as operações. Isso porque, o referido equipamento

era, constantemente, solicitado para outras missões que não tinham nada a haver

com vasculhamento. Os detectores de minas foram utilizados, inclusive, para a

recuperação de materiais perdidos, por integrantes da própria força de segurança.

Figura 16 - equipe de detectoristas vasculhando terreno Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Imagem 17 - equipe de detectoristas vasculhando o terreno 2 Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 18 - carregador encontrado por Eqp de detectoristas Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.10 DESOBSTRUÇÃO DE VIAS Durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do

Rio de Janeiro, a principal missão cumprida pela Arma de Engenharia foi a remoção

de obstáculos para a desobstrução de vias.

No processo para a desobstrução de vias, é normal que aconteçam

confrontos e que os APOP criem ameaças utilizando obstáculos. Manual de

Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p 4-8

Uma das características marcantes das comunidades do Rio de Janeiro é a

instalação de obstáculos por parte dos APOP, de modo a obrigar as forças de

segurança a desembarcarem de seus veículos, particularmente dos blindados,

aumentando, dessa forma, a vulnerabilidade das forças de segurança durante as

incursões.

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Nesse contexto, a Arma de Engenharia foi largamente empregada, desde o

início do investimento sobre as comunidades, para realizar a remoção dos

obstáculos, visando proporcionar o livre trânsito em todas as vias de acesso da A

GLO.

Um aspecto importante verificado durante as operações foi a necessidade de

substituir os equipamentos de engenharia convencionais por equipamentos similares

blindados, principalmente as retroescavadeiras e as carregadeiras sobre rodas, pois

os operadores ficam muito expostos durante a remoção dos obstáculos,

principalmente na fase de investimento, pois a A GLO, nessa fase, ainda não está

estabilizada.

Ainda quanto aos equipamentos, verificou-se a eficiência do emprego do

implemento rompedor na retroescavadeira e a necessidade de substituição de

cavalos mecânicos e pranchas por viaturas plataformas menores, mais versáteis e,

por conseguinte, com maior manobrabilidade.

Para amenizar a problemática de trafegabilidade e transitabilidade causada

pelos comboios da Arma de Engenharia, adotou-se como regra a utilização de

batedores utilizando motocicletas da Polícia do Exército. Esta medida facilitou,

sobremaneira, os deslocamentos, inclusive em horas de pico e em vias

extremamente movimentadas.

Com o decorrer das operações, verificou-se que a melhor forma de emprego

da Arma de Engenharia, nesse tipo de operação, é o apoio ao conjunto, centralizada

nas mãos dos Cmt GU ou do Cmt Cj. As formas de emprego de Apoio Direto ou de

Reforço à Arma Base não se apresentaram como vantajosas. Em qualquer situação

de emprego, a segurança das tropas de engenharia deve ser feita pela Arma Base.

Os princípios de Guerra, que mais se evidenciaram durante as operações de

remoção de obstáculos, no contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança

Pública, no Estado do Rio de Janeiro, foram os seguintes:

a. Unidade de Comando - manter as tropas de Engenharia centralizadas nas

mãos do oficial de Engenharia, mais antigo presente, facilita as coordenações com

as unidades da Arma Base empregadas, na medida em que a Arma de Engenharia

opera em toda a A GLO. Além disso, a unidade de comando possibilita a rocada ou

o reforço de pessoal e material com muito mais rapidez;

b. Massa - empregar o máximo de meios para que os obstáculos sejam

removidos com a maior brevidade possível e as vias de acesso estejam liberadas; e

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c. Prontidão - a capacidade de pronto atendimento da força foi fundamental

para o êxito das missões, uma vez que, na maioria das vezes, a tropa foi acionada

por meio de plano de chamada, visando o sigilo das operações.

Outro fator importante, que com o decorrer das operações foi sendo

aperfeiçoado, foi a consciência situacional do Comandante. Devido ao fato do

planejamento ser centralizado e as atividades no terreno serem descentralizadas e a

necessidade de informações rápidas e confiáveis tornou-se imponderável a

implementação de um Posto de Comando Tático (PCT), com o uso de programas

que favoreceram a consciência situacional do Comandante da tropa de Engenharia

presente.

Cabe ressaltar que as operações concebidas pelo C Cj e aprovadas pelo

Interventor Federal foram de curta duração, não permanecendo as GU por mais do

que 2 (duas) ou 3 (três) jornadas no terreno. Por outro lado, devido ao grande

número de obstáculos, em algumas comunidades, a Arma de Engenharia teve que

permanecer por mais tempo no terreno, até que se concluísse a remoção total dos

obstáculos.

Como exemplos, podem ser citadas as comunidades do Chapadão Pedreira,

onde as tropas de engenharia permaneceram por mais duas semanas e do Jardim

Catarina, em São Gonçalo, onde permaneceram por mais quatro semanas, após a

saída das GU do terreno, permanecendo apenas uma fração da Arma Base para

realizar a segurança da Engenharia.

Durante a permanência da Arma de Engenharia na remoção de obstáculos

em São Gonçalo ocorreu o ápice da interoperabilidade entre as Forças: o

Comandante da operação era o Cmt da Artilharia Divisionária da 1ª DE (AD/1), a B

Op estava localizada na Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores, a segurança

da tropa foi proporcionada pelo Batalhão de Infantaria da Força Aérea Brasileira e a

Logística pelo 21º Grupo de Artilharia de Campanha.

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Imagem 19 - obstáculo de galão de 200 litros com concreto e trilho Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 20 - muro com seteiras de tiro utilizado por APOP no Jacarezinho Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 21- obstáculo de concreto armado Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Imagem 22 - obstáculo de blocos de concreto Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 23 - Obstáculo de fosso anticarro Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 24 - Imprensa cobrindo a remoção de obstáculos Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Quadro 11 - resultado final de obstáculos removidos Fonte: relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018

4.1.11 REVISTA DE PRESÍDEOS

Durante a Intervenção Federal, a Arma de Engenharia, por intermédio do 1º

BE Cmb (Es) revistou o Complexo Penitenciário de Japeri, o Presídio Bangu 3 e a

Unidade Prisional da PMRJ.

Nesse tipo de missão, verificou-se a importância dos seguintes itens: 1) o

Exército deve estar no comando da operação (incluindo todas as agências

envolvidas); 2) há necessidade de filmagem de todas as ações, por se tratar de uma

atividade extremamente delicada; 3) é fundamental o preparo específico dos

comandantes e da tropa para este tipo de missão; 4) é indispensável o

reconhecimento do local ou pelo menos o estudo da planta dos locais a serem

revistados; 5) os carcereiros e administradores do presídio só deve fazer aquilo que

for solicitado; 6) os militares devem estar com os seus rostos tapados, sem insígnias

de posto ou graduação; e 7) o sigilo da operação deve ser absoluto.

Tão importante quanto a revista das partes internas (celas, corredores, partes

comuns) é fundamental a revista e o vasculhamento de toda a parte externa.

Outro fator imponderável, para que se possa obter o mínimo de êxito neste

tipo de operação, é o sigilo dela. Para tanto, devem ser assinados termos de

manutenção de sigilo.

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Imagem 25 - Revista de cela em presídio Fonte seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 26 - Revista de parte externa em presídio Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 27 - Resultado da revista em presídio Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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4.1.12 DESMONTAGEM E TRANSFERÊNCIA DE UNIDADE DE POLÍCIA

PACIFICADORA (UPP)

Norteado pela estratégia de rearticular as UPP/PMRJ, o Gabinete de

Intervenção Federal empregou a Arma de Engenharia para concretizar a

desmontagem de 03 (três) UPP e a transferência de outras 03 (três).

Essas operações foram marcadas pela coordenação com várias agências nos

diferentes níveis e pela interoperabilidade, uma vez que tropa de Fuzileiros Navais

da Marinha do Brasil proporcionou a segurança da Engenharia e prestou o apoio

Log relativo aos suprimentos Cl I, VII e VIII e X.

O cumprimento desse tipo de missão tornou-se mais complexo do que se

imaginava, na medida em que se verificou que os materiais previstos no Quadro de

Dotação de Material (QDM) dos Batalhões de Engenharia não são os mais indicados

para este tipo de atividade.

Imagem 28 - Desmontagem de UPP Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 29 - Desmontagem de UPP 2 Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Imagem 30 - Transferência de UPP Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.13 INSTALAÇAO E OPERAÇAO DE PONTO DE BLOQUEIO E CONTROLE DE

VIAS URBANAS (PBCVU), PATRULHAMENTO MOTORIZADO E CERCO EM

COMUNIDADES

Devido à grande quantidade de operações e a limitação de unidades da Arma

Base, no início da Intervenção Federal no Rio de Janeiro, até meados de maio de

2018, o Comando Conjunto decidiu empregar a Arma de Engenharia, também, em

missões da Arma Base.

Em determinadas situações, especialmente nas de precariedade de meios, a Engenharia pode ser empregada como Arma Base, particularmente em operações tipo polícia e, se necessário, nas operações de repressão às ações ilegais dos APOP, evitando, contudo, prejudicar suas atividades

imprescindíveis. (Manual de Campanha OPERAÇÃO DE GARANTIA DA

LEI E DA ORDEM, EB70-MC-10.242, p.6-3.)

Nesse sentido, a Arma de Engenharia estabeleceu e operou PBCVU, realizou

patrulhamentos motorizados e apoiou as GU no cerco e no isolamento de

comunidades para posterior investimento.

Para o cumprimento dessas missões cresce de importância o adestramento e

a existência de material específico.

Imagem 31 - Pelotão operando PBCVU Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Imagem 32 - Militar revistando veículo no PBCVU Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.14 OPERAÇOES COM EMBARCAÇÕES

Durante as Op GLO, realizadas no contexto da Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a Arma de Engenharia foi

largamente empregada para a realização de reconhecimentos e patrulhamentos em

cursos de água, transporte de tropa para assalto em praias e base de apoio de fogo

para tropas empregadas em assalto às praias.

Nessas operações cabe destacar a utilização das Lanchas Guardian 25 que,

além de possuir uma excelente manobrabilidade, pode alcançar a velocidade de 78

Km/h e possui um excelente poder de fogo, podendo acoplar 02 (duas)

Metralhadoras MAG, 01 (uma) metralhadora .50" e 01(um) lançador de Granadas de

40mm na popa.

Imagem 33 - Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

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Imagem 34 - Embarcação Guardian 25 realizando apoio de fogo 2 Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 35 - Embarcação de assalto realizando patrulhamento fluvial Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.1.15 AÇÕES COMUNITÁRIAS

Durante a Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do

Rio de Janeiro, o GIF e o C Cj conduziram ACISO nas seguintes

comunidades/bairros: Praça Seca, Vila Kennedy, São Gonçalo, Belford Roxo e Vila

Militar.

Neste tipo de atividade, cabe destacar as coordenações interagências com

vários atores, desde o nível político até o nível tático.

Na Arma de Engenharia as coordenações foram realizadas pelo 5º Gpt E no

nível político/estratégico, por meio do O Lig Eng, que, neste caso, também era o

chefe da célula de assuntos civis do C Cj no nível operacional e pelo 1º Btl E Cmb

(Es) no nível tático.

Os principais trabalhos realizados foram a reforma, recuperação e adequação

de instalações, emprego de geradores de energia e trabalhos de terraplanagem para

a melhoria de acesso aos locais da ACISO.

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Imagem 36 - índices alcançados em ações comunitárias Fonte: relatório final de missão, Comando Conjunto, 2018

Imagem 37 - Manutenção de via de acesso para ACISO Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

Imagem 38 - Recuperação de instalação para ACISO Fonte: seção de operações do 1º Btl E Cmb (Es), 2018

4.2. LIÇÕES APRENDIDAS

O emprego da Arma de Engenharia, no contexto da Intervenção Federal, na

Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, foi uma oportunidade

ímpar para se colher ensinamentos, que poderão servir para adaptar a doutrina da

Arma. Dentre as várias lições aprendidas cabe destaque as seguintes:

- planejamento centralizado e execução descentralizada;

- importância da consciência situacional, com utilização de tecnologias civis e

largo emprego do PCT;

- necessidade de veículos menores e mais versáteis;

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- importância das coordenações interagências, desde o nível político até o

nível tático;

- foco na missão, na intenção do Comandante, pois há demandas de toda

natureza na A GLO;

- necessidade de unidade de comando, para facilitar as coordenações

inerentes à manobra e às agências envolvidas. Essa unidade de comando, em

consequência, proporciona maior flexibilidade ao comandante da Arma de

Engenharia presente na A GLO, podendo rocar meios e pessoal, com maior rapidez,

de acordo com as necessidades;

- necessidade de configuração do Estado-Maior nível GU e U semelhante ao

EM nível C Cj;

- logística aproximada, particularmente as funções de manutenção e

suprimento;

- necessidade de inteligência eficiente, confiável e oportuna;

- importância do Oficial de Ligação de Engenharia no CCOp das GU e do C

Cj;

- importância da interoperabilidade entre as Forças Singulares;

- necessidade de equipamento de engenharia blindado, particularmente pá

carregadeira e retroescavadeira;

- importância da liderança dos comandantes em todos os níveis pela

presença e pelo exemplo;

- necessidade de assessoria jurídica, pelo menos no nível Gpt E;

- importância do reconhecimento;

- importância dos batedores com motocicletas, guiando os comboios;

- capacidade de empenhar recursos financeiros de forma imediata;

- necessidade de filmar e fotografar as principais ações (prisão em flagrante,

apreensão de drogas e armas, enfrentamento com tiro, vasculhamento de áreas

particulares, revista de presídios).

- importância do uso de drones para a realização de reconhecimentos;

- importância do sigilo das operações, principalmente em missões de

vasculhamento de presídios, pois há uma grande tendência de sabotagem da

missão por parte de carcereiros e funcionários da SEAP;

- necessidade de se evitar, na medida do possível, o emprego de militares

nas comunidades onde moram para evitar represarias a eles e suas famílias, além

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do risco de quebra do sigilo da operação. Este aspecto pode ser amenizado com o

uso de capuz para

- necessidade de adaptação do equipamento, particularmente no que diz

respeito ao colete balístico e ao capacete, bem como manter a tropa hidratada,

tendo em vista a dificuldade de se operar no calor excessivo do verão carioca

4.3 CONCLUSÃO PARCIAL

Conclui-se, parcialmente, que a Arma de Engenharia foi largamente

empregada em diversos tipos de missões durante a Intervenção Federal, na Área de

Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro.

Das várias missões cumpridas, verificou-se a necessidade de readequar o

Quadro de Dotação de Material das OM de Engenharia, para que o apoio a Arma

Base seja mais eficiente e eficaz. Nesse ínterim, cabe destacar a adoção de

equipamentos menores, mais leves e, portanto, mais versáteis. Essa readequação

dos equipamentos de engenharia, por certo, permitirá uma maior manobrabilidade

nas vias estreitas das comunidades. O emprego de equipamentos blindados de

engenharia proporcionará uma maior segurança ao operador, durante a remoção de

obstáculos. Por outro lado, a dotação das OM, com ferramentas que facilitem a

desmontagem de instalações pré-moldadas de ferro, ampliará a capacidade

operativa da Engenharia nesse tipo de operação.

Várias lições foram aprendias por ocasião do cumprimento das missões no

contexto da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do Rio

de Janeiro, dentre as quais cabe destacar o planejamento centralizado e a execução

descentralizada, a importância de se possuir uma inteligência que forneça

informações confiáveis e oportunas e a necessidade de se obter a consciência

situacional de toda a operação, aproveitando-se, inclusive, de tecnologias civis.

Ficou evidente que a mais adequada forma de emprego da Engenharia, em

apoio à Arma Base, é o Apoio ao Conjunto, pois o Apoio Direto e o Reforço

contrariam o princípio da massa, tão necessário em operações desse tipo. Além

disso, é muito importante a unidade de comando e a centralização do material

especializado de Engenharia.

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5. CONCLUSÃO A participação das Forças Armadas (FA), no contexto da segurança pública

do Estado do Rio de Janeiro, teve seus primeiros movimentos na década de 1990,

por ocasião das Operações Eco 92 e Rio 94.

Desde então, a participação do Exército Brasileiro (EB), e em particular da

Arma de Engenharia, em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO)

tornou-se uma realidade, cada vez mais evidente, tendo como destaque as

Operações ARCANJO, nos complexos da Penha e do Alemão (2010 a 2012) e as

Operações SÃO FRANCISCO, no complexo da Maré (2014 a 2015).

Posteriormente, de 2013 a 2016, as FA foram empregadas na segurança de

todos os grandes eventos realizados no Rio de Janeiro.

Em 2017, devido as crises econômicas; psicossociais, inclusive morais; e

políticas que atingiram, de forma crucial, o Estado do Rio de Janeiro, o Presidente

da República autorizou, por meio do Decreto Presidencial de 28 de julho de 2017, a

ativação do Comando Conjunto (CCj), para o emprego das FA e por conseguinte o

emprego da Arma de Engenharia para a GLO no Estado do Rio de Janeiro, em

apoio às ações na Área de Segurança Pública.

Em 2018, durante o carnaval no Rio de Janeiro, a população brasileira

observou inúmeros casos de violência, intensamente divulgados pela mídia em

geral. Esse fato, acrescido aos problemas sociais, políticos e econômicos, já citados,

levou o Presidente da República a decretar a Intervenção Federal, restrita à Área de

Segurança Pública.

Nesse sentido verifica-se que as Forças Armadas, em particular o Exército,

estão envolvidas, diretamente, como coparticipe, na vertente “segurança pública”,

desde o início da década de 90 do século passado.

Por sua vez a Constituição Federal, no seu artigo 142 e no Inciso X do artigo

84, estabelece a legalidade das ações estratégicas do poder militar, nesse campo.

Ou seja, a atual conjuntura, com o necessário amparo legal, impõe às Forças

Armadas que estejam preparadas para o cumprimento de missões estratégicas,

determinadas pelo governo central.

Nesse ínterim, verifica-se que a Intervenção Federal, na Área de Segurança

Pública, no Estado do Rio de Janeiro, foi uma medida legal adotada pelo Presidente

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da República, poisa mesma encontra amparo na Constituição da República

Federativa do Brasil e na aprovação do Congresso Nacional.

O Planejamento Estratégico da Intervenção Federal, na Área de Segurança

Pública, no Estado do Rio de Janeiro, foi pautado em dois eixos, segurança e defesa

e foram estabelecidos seis objetivos estratégicos.

As atividades do C Cj estavam inseridas no eixo defesa e suas ações

estavam intimamente ligadas ao Objetivo Estratégico Nr 1- "Redução dos índices

relacionados às modalidades criminosas de letalidade violenta, roubo de veículo,

roubo de rua e roubo de carga.

No decorrer deste trabalho, foi realizado um estudo comparativo entre a

doutrina descrita no Manual de Campanha EB70-MC-10.242, Operações de

Garantia da Lei e da Ordem e a realidade, vivida no terreno, pelas Unidades da

Arma de Engenharia, onde chegou-se à conclusão que há necessidade de alinhar a

doutrina de emprego da Arma de Engenharia em Op GLO, com os ensinamentos

colhidas na prática.

Prevaleceu neste tipo de operação, o planejamento centralizado e ações

descentralizadas, a complexidade situacional e iniciativa em todos os escalões, a

prevalência de operações em áreas edificadas, o emprego criterioso da força e a

busca do apoio da população.

Conclui-se, ainda, que as coordenações interagências em todos os níveis são

de suma importância para a efetividade no cumprimento das missões, uma vez que

conciliaram interesses e esforços para a consecução de objetivos ou propósitos

convergentes, que atenderam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, a

dispersão de recursos e a divergência de soluções, com eficiência, eficácia,

efetividade e menores custos.

Nesse sentido, com o objetivo de nortear os planejamentos e as

coordenações interagências futuras, este trabalho apresentou um quadro com as

agências, em todos os níveis e esferas de governo, com as quais a Arma de

Engenharia necessitou realizar coordenações no âmbito da Intervenção Federal, na

Área de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, a fim de alinhavar os

planejamentos e evitar a duplicidade de esforços.

Das várias missões cumpridas pelo C Cj, pôde-se observar que a Arma de

Engenharia esteve presente na maioria delas, de modo que os trabalhos realizados

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pela Arma colaboraram, decisivamente, para que os objetivos do Cmt Cj e do

Interventor Federal fossem alcançados.

Nesse sentido, verificou-se a necessidade de uma reestruturação no que

tange ao Quadro de Dotação de Material das OM de Engenharia, para melhor apoiar

a Arma Base.

Ainda, nesse contexto, merece destaque a dotação das OM de Engenharia

com equipamentos de engenharia menores e mais versáteis, permitindo, assim, uma

maior manobrabilidade nas vias estreitas das comunidades. Além disso; verificou-se

a necessidade de aquisição de equipamentos blindados, pois os mesmos

proporcionam maior segurança para o operador durante a remoção de obstáculos.

Por fim, verificou-se que o ferramental constante do QDM não são ao mais

adequados para a missão de desmontagem de instalações pré-moldadas de ferro,

necessitando, dessa forma, a complementação com ferramentas específicas para a

atividade, ampliando dessa maneira, a capacidade operativa da Engenharia nesse

tipo de operação.

Por conseguinte, pode-se inferir que várias lições foram apreendias por

ocasião do cumprimento das missões, no contexto da Intervenção Federal, na Área

de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, dentre as quais cabe destacar o

planejamento centralizado e a execução descentralizada, a importância de se

possuir uma inteligência que forneça informações confiáveis e oportunas, a

importância do sigilo no planejamento das operações, a necessidade de

equipamentos específicos para os tipos de missões a serem cumpridas e a

necessidade de se obter a consciência situacional de toda a operação,

aproveitando-se, inclusive, de tecnologias civis.

Em síntese, há necessidade de um preparo, intelectual dos quadros

planejadores e, em consequência, do estabelecimento de uma doutrina, com os

seus itens intrínsecos exigidos para a atuação exitosa nas missões de GLO, a saber:

pessoal, material/equipamento e maneira de atuar nas mais variadas situações,

táticas ou estratégicas, nesse tipo de operação.

Por sua vez, a histórica militar indica que uma doutrina só é eficaz se for o

resultado da experiência no combate real.

Alhures, a evolução da arte da guerra, por séculos, conduziu os conceitos

estratégicos para a necessidade da existência de um sistema de forças.

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O conceito antigo de poder de combate, onde se considerava, apenas, uma

“soma” de meios está sendo substituído pela “multiplicação”, ou seja, para que uma

Força tenha poder de combate, não basta ter um item do sistema muito bem

estruturado e outro mal estruturado ou inexistente. Ou seja, tem que possuir um

sistema de forças trabalhando de forma sinérgica.

Portanto, a ineficiência de um item do sistema pode causar sérios problemas

no cumprimento das missões táticas e, em consequência, comprometer osobjetivos

estratégicos.

Considerando as experiências registradas, nas diversas operações da GLO,

por intermédio da Intervenção Federal, na Área de Segurança Pública, no Estado do

Rio de Janeiro, ficou claro que a Arma de Engenharia, no sistema, é um item

indispensável na constituição de uma força integrada, para a execução de

operações em situações semelhantes a que trata essa monografia. Portanto, os

meios da Engenharia, em pessoal e material/equipamento, compuseram e

fortaleceram o poder de combate da força atuante como um todo, comprovando a

necessidade da existência do referido sistema, nesse tipo de operação.

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BRASIL. Livro Branco de Defesa Nacional, 2016, que expõe a visão do governo

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Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-

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BRASIL. Decreto de 29 de dezembro de 2017. Altera o Decreto de 28 de julho de

2017, que autoriza o emprego das Forças Armadas para a Garantia da Lei e da

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Ordem no Estado do Rio de Janeiro e Fica autorizado o emprego das Forças

Armadas para a Garantia da Lei e da Ordem, em apoio às ações do Plano Nacional

de Segurança Pública, no Estado do Rio de Janeiro, no período de 28 de julho de

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federal no Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave

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