O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO … · parcial para a obtenção do grau de...

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1 FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES EM FÍSICA O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA LUIZ KILDERY DE MELO OLIVEIRA Fortaleza CE 2011

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE

DOCENTES EM FÍSICA

O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO

PEDAGÓGICA

LUIZ KILDERY DE MELO OLIVEIRA

Fortaleza – CE

2011

2

LUIZ KILDERY DE MELO OLIVEIRA

O ENSINO DE FISICA NUMA PERSPECTIVA DE INOVAÇÃO

PEDAGÓGICA

Monografia apresentada como requisito

parcial para a obtenção do grau de

Licenciado em Física, do Programa Especial

de Formação Pedagógica de Docentes em

Física da Faculdade Integrada da Grande

Fortaleza.

Orientador: Prof. Ms. João Cláudio Nunes

Carvalho

Fortaleza – CE

2011

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Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Física, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em Física, outorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza-FGF.

______________________________________________

Luiz Kildery de Melo Oliveira

Monografia aprovada em ___/____/___

_________________________________________

Prof.Orientador Ms. João Cláudio Nunes Carvalho

__________________________________________

Prof Examinador

__________________________________________

Prof Examinador

_________________________________________

Prof. Coordenador do Curso

4

A Deus, que me deu força e coragem para enfrentar todo o curso de formação em Física, dedico este trabalho.

5

Agradecimentos A Deus, fonte inesgotável de sabedoria

e amor;

À minha família, pelo amor

imensurável;

Ao meu orientador, Professor João

Cláudio, pela orientação nesse

trabalho.

6

A inovação envolve obrigatoriamente ás práticas. Portanto, a inovação pedagógica não deve ser procurada apenas nas reformas de ensino, ou nas alterações curriculares ou programáticas, ainda que ambas, reformas e alterações, possam facilitar ou mesmo sugerir, mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas.

( Fino, 2008)

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RESUMO Pensar as práticas pedagógicas inseridas no processo educacional na atualidade é fazer refletir sobre a necessidade de mudanças que acompanhem as novas tendências e necessidades da sociedade. É entender que se nos tempos remotos a educação era formulada por meio a aprendizagens de “memorização” realizadas em sua maioria por perguntas e respostas, hoje em dia este fato já não possui a mesma grandeza, ou seja, o conhecimento exato, empírico não resulta no desenvolvimento educacional, apenas elabora um conhecimento efêmero que se dilui ao longo dos anos, não representando assim muito beneficio para a vida cotidiana e crescimento das pessoas. Outro ponto que torna notório o fracasso 7escolar dos moldes tradicionais da educação são os altos índices de reprovação, abandono e desmotivação, os quais refletem as respostas dos alunos diante dos conteúdos programáticos e das práticas pedagógicas utilizadas, que pouco acrescentam na formação do aluno, por vezes até dificultando a apreensão do conhecimento. Palavras-chave: Inovação Pedagógica. Ensino de Física. Contextualização.

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SUMARIO

INTRODUÇÃO......................................................................................... 09

CAPÍTULO I – INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

1.1 Inovação Pedagógica: conceituações........................................... 13

1.2 O papel do professor inovador...................................................... 17

CAPÍTULO II – ENSINO DE FÍSICA E INOVAÇÃO

2.1 O Ensino de Física numa perspectiva inovadora......................... 23

2.2 A Física nos Parâmetros Curriculares Nacionais........................ 25

2.3 O Ensino de Física através de experimentos e tecnologias...... 27

METODOLOGIA.................................................................................... 34

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................... 37

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INTRODUÇÃO

Este trabalho monográfico tem como tema a Inovação Pedagógica no

Ensino de Física por perceber que a aprendizagem dessa disciplina tem sido uma

das questões mais discutidas e conseqüentemente de reflexão no que se refere

ao pressuposto de que a Física é mal assimilada pela grande maioria dos alunos,

por estar demasiadamente dissociada do que se aplica ou mesmo vivencia no dia

a dia, pois a experiência docente nos faz compreender além do distanciamento

que há entre teoria e prática nos ensinamentos de Física em sala de aula, que

estabelecer a interação entre as partes interessadas ao saber exige, sim, um

esforço do professor em basear sua prática no exercício constante de mediação,

interação e construção do conhecimento; esse esforço certamente contribui para

a formação de alunos que elaborem suas próprias hipóteses, deduzam e

resolvam situações-problemas com eficiência.

Segundo Behrens (2005, p.14)

Muitos pontos negativos se evidenciam decorrentes da postura dos docentes, especialmente os de Física que não se utilizam dos espaços para desenvolver, compartilhar experiências e resolução de problemas, com foco na construção de conhecimentos, troca de saberes e desenvolvimento de competências dos alunos, sem perder de vista uma relação essencial e estreita com a prática no cotidiano da escola e com a dimensão formal da proposta pedagógica.

Com o passar do tempo é nítida a necessidade de se constituir um novo

modo de ensinar e aprender, tendo como base as situações do mundo real e,

para a solução de situação problema que não seja meramente imposta dentro de

uma concepção linear e formal de um currículo defendido pela instituição de

ensino.

A dureza de práticas convencionais é recorrente por parte do professor ao

ensinar os conteúdos para seu aluno, como também avaliá-lo simplesmente para

promovê-lo à série seguinte ou reprová-lo; na maioria das vezes fazendo uso de

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provas extremamente difíceis, desafiadoras e, a partir disso, rotular os alunos de

incapazes, com rendimento insatisfatório além de diferenciar os alunos

“inteligentes” e “capazes”.

É necessário que novas concepções sobre o ensino da Física sejam

implementadas, neste foco, conforme Perrenoud (2000, p. 159) estas ações não

são simples e nem rápidas, pelo contrário, tratam, em sua maioria, de atitudes

que se desenvolvem ao longo dos anos, modificando costumes e quebrando

tabus educacionais.

Observa-se que o impacto colocado pela tecnologia da informação e

comunicação da sociedade atual, proporciona ao sistema educacional causas e

efeitos desafiadores, desde a simples inserção desta tecnologia na sociedade,

exigindo indivíduos com capacidade para o bom uso, até o ponto dessa mesma

tecnologia ser um eminente instrumento de otimização do processo de ensino.

Portanto, na atualidade torna-se “elementar” conciliar a aula de Física á

tecnologia de forma que ambas estejam efetivamente aliadas.

Ressalta-se que como formador do processo de ensino-aprendizagem da

disciplina Física, realizar um estudo que desenvolva a temática é uma forma de

ampliar conhecimentos e assim integrar-se de maneira mais efetiva diante a

realidade que atualmente se desenvolve entre as mudanças pedagógicas da

educação e assim a necessidade de perceber com mais ênfase os contextos de

integração entre o ensino-aprendizagem.

A inovação pedagógica, hoje, é imprescindível na prática docente, uma

vez que não se concebe mais aulas expositivas e discursivas, onde o aluno

apenas recebe o conhecimento e o pratica através de exercícios repetitivos.

Inovar é, antes de tudo, buscar novas metodologias de ensino que levem o aluno

a questionar, a construir seu próprio conhecimento. E, para tanto, o professor

precisa lançar mão de recursos diferenciados.

Os recursos tecnológicos são instrumentos de promoção à melhoria da

qualidade do ensino aprendizagem, especialmente em Física, onde os alunos têm

a oportunidade de não só assimilarem os conteúdos, mas visualizarem o que está

sendo estudado.

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Sendo a Física uma ciência experimental, a escola dispõe de um local

apropriado para o aprofundamento dos conteúdos dessa disciplina, como o

laboratório de informática, onde o uso do computador pode ser feito na utilização

de dados experimentais.

A importância do uso das Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação (NTIC) no processo de ensino-aprendizagem tem sido defendida

por vários autores. Dentre as razões que justificam sua implementação nas

escolas, López (2005) considera a capacidade de ajudar os alunos na busca de

informações.

Segundo Azinian (2004, p. 47):

As competências a serem desenvolvidas no âmbito educacional com o uso das NTIC vêm sendo sistematizadas por diversas instituições, tais como facilitar o trabalho com temas relevantes e possibilitar a aprendizagem por resolução de problemas. É possível ainda estender a aprendizagem baseada em problemas para a baseada em projetos, onde as tecnologias podem possibilitar diferentes formas de representação, facilitar a construção intencional, a exteriorização e a manipulação de modelos mentais e as relações dinâmicas entre os elementos.

Um dos fatores que poderiam dificultar o uso das novas tecnologias no

ambiente escolar seria a falta de acesso. Entretanto, apesar das dificuldades

encontradas pelas escolas no uso da sala de informática, é grande a

porcentagem de alunos e professores que possuem acesso à Internet. Estes

problemas podem dificultar a freqüência do acesso, principalmente no ambiente

escolar, porém não justificam o não conhecimento do site e de suas ferramentas

por parte dos alunos

Vale destacar que a possibilidade de vivência virtual de experiências no

ensino da Física e de outras disciplinas permite suprir uma das deficiências do

ensino tradicional, apontada por Medeiros (2002), que é a dificuldade de prover as

necessidades individuais de aprendizagem dos alunos quanto à repetição de

conteúdos/simulação de experiências.

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O estudo da Física requer do trabalho docente uma estreita relação

„teoria/prática‟, haja vista a necessidade de observação dos fenômenos estudados

vinculada à discussão/compreensão de conceitos, princípios e leis que os regem.

Os experimentos em Física também são um recurso bastante inovador,

uma vez que leva o aluno a fazer um confronto entre a teoria estudada no livro

didático e a prática, realizada nos laboratórios de ciências, informática etc.

Desta forma, é que esta monografia se dispõe a discorrer sobre os vários

recursos metodológicos que o professor pode utilizar na busca de uma

aprendizagem significativa para o ensino de Física.

O trabalho está dividido em dois capítulos. No primeiro capítulo,

apresentamos uma definição de inovação pedagógica, dando ênfase ao papel do

professor na perspectiva de tornar suas aulas mais atrativas e dinâmicas.

O segundo capítulo trata da inovação pedagógica no ensino de Física,

sugerindo-se várias ações metodológicas como o uso da informática e as aulas

através de experimentos.

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CAPÍTULO I

INOVAÇÃO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

1.1 INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: Conceituações

A escola de ontem baseada em conceitos e teorias abre espaço para

uma nova escola, na qual surgem inovações pedagógicas influenciadas pelo

desenvolvimento da sociedade da informação, que objetivam renovar as práticas

educacionais e assim conseguir a formação do aluno que a sociedade atual exige.

Fino (2010) descreve que “A inovação pedagógica implica mudanças

qualitativas nas práticas pedagógicas e essas mudanças envolvem sempre um

posicionamento crítico, explicito ou implícito, face às práticas pedagógicas

tradicionais”.

Assim, as práticas pedagógicas inovadoras baseadas também nos

avanços tecnológicos devem ser executadas com o objetivo de implementar

ações que conduzam a uma formação integrada, onde todos os conteúdos são

estudados com foco na realidade e na necessidade do aluno.

Segundo Gomes e Silva (2007, p.12)

o uso de práticas inovadoras no ensino das disciplinas são importantes tendo em vista que promovem motivação, organização, gestão da informação, conhecimento, melhora as relações entre professor e aluno, entre outras potencialidades.

Portanto, inovar as técnicas pedagógicas é mudar as práticas, sendo

na atualidade a existência da informação e tecnologia, acaba sendo uma forma de

fortalecer os elos que instituem o processo de ensino-aprendizagem, fazendo

assim com que o conhecimento seja melhor absorvido e vivenciado.

As práticas de inovação que corresponde assim às mudanças de

postura do professor devem também estar associadas à necessidade de

educação permanente dos docentes, que deve ser fundamentada na articulação

entre teoria e prática.

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Pensar a educação no foco da atualidade é, pois, pensar em

desenvolver propostas pedagógicas que se direcionam às necessidades

contemporâneas, as quais estão ligadas principalmente a questões de autonomia,

cidadania e visão da realidade social, que por sua vez traz valores que são

imprescindíveis à inclusão e reconhecimento do sujeito no dinâmico espaço da

globalização e velocidade de atributos adquiridos na sociedade da informação e

do conhecimento.

Essa realidade está inserida em um contexto globalizado no qual o

paradigma marcante, conforme afirma Barreira (1999, p.19)

Está referenciado pela velocidade da informação e no domínio do conhecimento, e complementa que, entretanto, o avanço da ciência e da tecnologia no âmbito da sociedade da informação e do conhecimento não tem sido capaz de reverter os crescentes resultados avaliativos que demonstram o aprofundamento do conhecimento por parte de uma minoria da população, enquanto aumenta a ignorância de maior parte excluída desse contexto.

As novas tecnologias da informação e comunicação caminham à luz de

uma plataforma que possibilita o domínio do conhecimento e desenvolvimento

humano, sendo, portanto, primordial sua inclusão para que a escola possa

enfrentar conflitos emergentes.

Nesse cenário as práticas pedagógicas, precisam propor ao contexto

atual, inovações consociadas com o ideal construtivista, que têm como base

fundamental defender que tanto aprender como ensinar implicam em construir

novos conhecimentos, descobrir novas formas e desafiar fronteiras para adquirir

novos significados. É importante, entretanto, orientar-se em experiências e

conhecimentos já existentes, pois exatamente sob essa ótica é que as práticas

pedagógicas dialogam, defendendo um perfil inovador para que o ensino e a

aprendizagem possam enfrentar o conflito ora vivido por toda a esfera

educacional.

Segundo perspectivas dessas práticas, a escola precisa absorver a

carga histórica e cultural que seus alunos trazem consigo, conforme aponta

Sousa (2004, p.13): “A escola de hoje não pode mais ignorar todo o potencial em

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terrenos culturais, saberes, interesses e necessidades que a enorme diversidade

dos alunos lhe coloca”.

Papert (2008, p.134) por sua vez, acrescenta que “a meta é ensinar de

forma a produzir a maior aprendizagem a partir do mínimo de ensino”.

A proposta construtivista é esta, validar meios de aprendizagens

condizentes com o dinamismo da sociedade, consolidar fontes, dinâmicas, que

valorizem a construção mental do sujeito apoiadas em suas próprias construções

no mundo. Estas práticas em questão vão de encontro a esse ideal de autonomia,

destreza, reconhecimento da individualidade de cada sujeito no mundo. Neste

viés defendem o mínimo de conteúdo a ser explorado e o máximo de condições

para que os mesmos construam seu próprio arcabouço cognitivo, levando em

conta as ímpares trajetórias de vida de cada sujeito aprendiz.

Conforme Teixeira e Néder (2010, p.87)

O pensamento que envolve a mudança nos paradigmas escolares veio se desenvolvendo ao longo dos anos, influenciado pelos pensamentos de estudiosos que ressaltavam a importância de uma formação educacional completa e não apenas enraizada na cultura do aprender conteúdos ou direcionamentos profissionais.

Os autores ressaltam a importância da busca de formas para efetivar a

formação educacional mais autônoma, buscando validar seus contextos

educativos, proporcionando bases inovadoras para solucionar os conflitos

escolares, tendo como premissa a formação continuada dos docentes, a qual

reorienta a prática escolar reformulando as maneiras do processo de ensino-

aprendizagem, as quais saem da visão limitada de conteúdos e passam a uma

ação voltada a formação cidadã.

De acordo com Gadotti o uso de ferramentas pedagógicas inovadoras

é importante, tendo em vista que a escola é um ambiente que deve ser acolhedor

e agradável, assim ao utilizar técnicas que agradem alunos e professores a

escola acaba ganhando seu espaço. Neste contexto o autor acrescenta também

que:

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A escola está desafiada a mudar a lógica da construção do conhecimento, pois a aprendizagem agora ocupa toda a nossa vida. E porque passamos todo o tempo de nossas vidas na escola, ¾ não só nós, professores, ¾ devemos ser felizes nela. A felicidade na escola não é uma questão de opção metodológica ou ideológica, mas sim uma obrigação essencial dela. (2000, p.04)

Portanto, a escola deve estar sempre atenta às novas práticas

pedagógicas a fim de fazer da aprendizagem um processo agradável ao aluno e

do mesmo modo colocar o ensino como um instrumento satisfatório ao professor.

A educação deve sempre perceber o futuro e seus determinantes, os

quais devem ser formados por meio do repensar os erros passados, da

necessidade presente e dos desafios do futuro.

Segundo Sousa (2004, p.73) é necessário entender que o futuro da

educação reina em três cenários, os quais são: globalização, fragmentação com

competitividade e solidariedade. Percebendo cada um destes pilares, têm-se que

para o autor a globalização foi importante porque aproximou os países, trazendo

assim as culturas para uma convivência mais próxima e consequentemente

formando outras idéias sobre a educação.

Conforme Dale (2004, p.392) ainda no que concerne a globalização e

sua relação com o processo educacional, o autor aponta que:

A “globalização” é frequentemente considerada como representando um inelutável progresso no sentido da homogeneidade cultural, como um conjunto de forças que estão a tornar os estados-nação obsoletos e que pode resultar em algo parecido com uma política mundial, e como refletindo o crescimento irresistível da tecnologia da informação.

Assim, a educação pensada neste contexto atual é formada por

inúmeros fragmentos, onde uma parcela orienta e determina certos moldes e

práticas pedagógicas, já outra defende práticas muitas vezes diversas. Esta

fragmentação é o resultado da maior autonomia das pessoas, as quais passaram

a assumir com mais fidelidade seus valores.

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O terceiro cenário que deve ser considerado no qual a educação e seu

futuro está inserido compreende a solidariedade, descrita por Sousa (2004) como

um fator que reflete a troca, ou seja, no processo de ensino e aprendizagem não

acontece de forma unilateral, mas sim é formado por estímulos e respostas, onde

todos aprendem e isto confere a riqueza do aprendizado.

1.2 O PAPEL DO PROFESSOR INOVADOR

Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e

organizações - transformem suas vidas em processos permanentes de

aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu

caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das

habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam

encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos

realizados e produtivos.

Na sociedade da informação todos estamos reaprendendo a conhecer,

a comunicar-nos, a ensinar e a aprender; a integrar o humano e o tecnológico; a

integrar o individual, o grupal e o social.

Uma mudança qualitativa no processo de ensino/aprendizagem

acontece quando conseguimos integrar dentro de uma visão inovadora todas as

tecnologias: as telemáticas, as audiovisuais, as textuais, as orais, musicais,

lúdicas e corporais.

Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e vídeo e destes

para o computador e a Internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades

de cada meio.

O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de

possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um

tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente, de avaliá-los. Cada

docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar as várias

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tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é importante que

amplie, que aprenda a dominar as formas de comunicação interpessoal/grupal e

as de comunicação audiovisual/telemática.

No começo procurar estabelecer uma relação empática com os alunos,

procurando conhecê-los, fazendo um mapeamento dos seus interesses, formação

e perspectivas futuras. A preocupação com os alunos, a forma de relacionar-nos

com eles é fundamental para o sucesso pedagógico. Os alunos captam se o

professor gosta de ensinar e principalmente se gosta deles e isso facilita a sua

prontidão para aprender.

A prática pedagógica dos professores assim como o seu papel, que

são produtos essencialmente da sua formação pré e pós-universitária; em todos

os níveis de ensino é algo muito questionado nestes últimos anos, pois estes têm

que cada vez mais aprimorar a sua prática em função de vários fatores como: a

tecnologia avançada, incentivar a produção de conhecimento atuando, por

exemplo, com o ensino pela pesquisa, ter habilidade de trabalhar em grupo e se

manter informado das exigências do mercado de trabalho que também estão em

constante mutação.

Como a mudança do papel dos professores está relacionada com as

mudanças paradigmáticas, estes não podem entrar no paradoxo de superar a sua

prática conservadora, e ficarem com as mesmas atitudes e posturas diante seus

alunos.

Segundo Tardif (2006, p.15)

A maneira dos professores ensinarem, advém de muitos fatores, como: o seu conhecimento pré-adquirido antes da formação, familiares, amigos, ambiente escolar, as bases da formação, as fontes curriculares e as condições de seu trabalho cotidiano.

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Para o autor, ensinar é agir com outros seres humanos, o saber se dá

através de relações complexas entre o professor e o aluno, enfatiza-se na prática

dos professores a relação com o outro.

Os docentes que adotam uma abordagem tradicional, segundo

Mizukami (1986), defendem como elementos imprescindíveis a transmissão de

conteúdos. Ato o qual, a mesma autora considera como motivo das críticas a este

modelo de ensino. Os Paradigmas inovadores, que para Behrens (2005), formam

uma aliança entre a abordagem progressista, a abordagem holística, o ensino

com pesquisa, juntamente com a utilização de tecnologias inovadoras; busca a

produção do conhecimento, o que consequentemente exige mais dos

professores.

Grande parte dos professores tem uma prática embasada no ensino

tradicional, deixando o aluno passivo diante da apresentação dos conteúdos que

devem ser copiados, decorados e transcritos na avaliação final do semestre.

Assumindo papéis que não oportunizam a interação dentro da sala de aula.

Na concepção de Behrens (2005), “O novo paradigma a ser proposto

para os docentes, exige destes e de seus alunos a produção conhecimento, com

autonomia, criticidade, e espírito investigativo”.

Uma prática inovadora se conquista a partir do desenvolvimento do

paradigma da complexidade. Para Tardif (2006), dentro da formação dos

professores os modelos conservadores e inovadores muitas vezes não são os

únicos a definir o papel dos professores, este podem adquirir-los de outras fontes,

como a cultura cotidiana, os conhecimentos pré- institucionais, pós-institucionais;

pois muitos professores tiveram uma formação tradicional e acabam inserindo-se

na formação com este papel.

O novo sujeito educativo é o educador que é capaz de entender a

heterogeneidade da turma, adequando-se e integrando-se a ela, tendo domínio

do conteúdo que o torne capaz de promover o intercâmbio entre os alunos e o

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conhecimento, consequentemente estabelecendo uma relação harmoniosa em

atendimento às exigências do princípio da inclusão.

Com o novo educador o fazer pedagógico, torna-se mais sensível e

aprimorado, reforçando uma postura mais humana em seu desempenho em

paralelo ao desempenho profissional, dotado de um conjunto de capacidades que

incluem habilidades e competências, que o torne capaz de realizar um trabalho

mais cooperativo, integrador atualizado e responsável, com mobilidade e

interação, preparado para criar condições novas, transpirando afetividade e

paciência pedagógica.

No convívio escolar, educandos e educadores estão sempre

aprendendo a aprender, a fazer, a ter, a conviver, a empreender e a transformar-

se em um indivíduo mais informado e autônomo e a desenvolver também a

concepção, execução e avaliação do trabalho pedagógico num contexto

participativo no âmbito da escola, dos sistemas de ensino ou outros espaços

organizacionais, educacionais e culturais, com diferentes sujeitos sociais.

O que a sociedade precisa é de profissionais intelectualmente

preparados, capazes de atuar de forma competente. Esse preparo será

encontrado no conhecimento científico, mas, é através da pratica que ele vai

exercitar o seu espírito docente e humano quanto aos problemas e às dificuldades

encontradas, fortalecendo-se como educadores, traçando um paralelo entre o

conhecer e o saber, o praticável que produza prazer e qualidade educativa.

É preciso conduzir a aprendizagem dos alunos numa relação de

respeito, reforçando uma postura humana integrada à postura do educador, com

a responsabilidade de avaliar as peculiaridades de cada aluno.

Conforme Masetto (2003, p.82),

[...] A oportunidade de alunos e professores, pessoalmente e por interesse e motivação própria, poderem entrar em contato imediato com as mais novas e recentes informações, pesquisas e produções científicas do mundo todo, em todas as áreas; a oportunidade de desenvolver a auto-aprendizagem e a interaprendizagem pelos microcomputadores das bibliotecas, das

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residências, dos escritórios, dos locais de trabalho faz com que tais recursos sejam incorporados ao processo de aprendizagem, uma nova forma de se contactar com a realidade ou fazer simulações facilitadoras de aprendizagem.

O professor competente deve estar pronto para inovar, desenvolver um

processo de reflexão na prática educativa e sobre esta prática. É preciso trabalhar

com uma aspiração interior, buscando sempre a qualidade da educação. Fazer

auto-avaliações constantes, usando o olhar crítico de quem possui a capacidade

de saber o que faz e o que deve ser feito, com a tranqüilidade de perceber onde

errou e onde acertou a cada final de um dia letivo.

Segundo Aragão (2006) o docente antes de inovar, deve analisar

alguns aspectos-chave, cuja ponderação é necessária para uma inovação bem-

sucedida. Toda atividade implica planejamento e execução, e o professor, na sala

de aula, precisa pensar estrategicamente, deve analisar fatores diversos, a fim de

traçar os melhores trajetos para atingir os objetivos de aprendizagem propostos.

Aspectos que devem ser considerados pelo docente, a priori, para inovar, são:

necessidades e possibilidades dos alunos; recursos do professor; infra-estrutura

da instituição de ensino; conteúdo a ser desenvolvido, objetivos de aprendizagem

e cultura educacional.

Aragão (2006) discursa sobre a necessidade de motivação para

esforços adicionais extra-classe do docente que deve conhecer e estudar também

as suas possibilidades para inovar, como exemplo, ao adquirir bons livros, na

preparação de aulas e conteúdos visando o pleno entendimento dos alunos com

destaque aos recursos financeiros, temporais e materiais. Ainda, são importantes

os recursos materiais, ou seja, tudo aquilo que o docente possui para preparar

suas aulas, como os livros que dispõe, computadores, vídeos, DVDs e CDs. A fim

de inovar, devem ser ponderados também o conteúdo a ser desenvolvido e os

objetivos de aprendizagem da disciplina.

Seguindo exemplos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o

professor numa prática inovadora deve considerar que

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É importante salientar que o espaço de aprendizagem não se restringe à escola, sendo necessário propor atividades que ocorram fora dela. A programação deve contar com passeios, excursões, teatro, cinema, visita a fábricas, marcenarias, padarias, enfim, com as possibilidades existentes em cada local e as necessidades de realização do trabalho escolar (BRASIL, vol. 1, 1997, p. 103).

Nesse contexto, os recursos materiais a serem utilizados pelo

professor, esbarramos na carência de escolas públicas, tornando ainda mais

imprescindível o conhecimento e consciência político-pedagógico sobre materiais

didáticos que podem ser desenvolvidos buscando parcerias que possam melhorar

a qualidade dos recursos da escola e, consequentemente, o processo ensino

aprendizagem.

23

CAPÍTULO II

ENSINO DE FISICA E INOVAÇÃO

2.1 O ENSINO DE FÍSICA NUMA PERSPECTIVA INOVADORA

O aprendizado da Física promove a articulação de toda uma visão de

mundo, de uma compreensão dinâmica do universo, capaz de transcender

nossos limites temporais e espaciais. Ao lado de um caráter mais prático, a Física

revela, também, uma dimensão filosófica, com uma beleza e importância que não

devem ser subestimadas no processo educativo.

Vive-se um momento de transformações e promover a autonomia para

aprender deve ser preocupação central, devem-se buscar competências que

possibilitem a independência de ação e aprendizagem futura. A percepção do

saber físico é também uma construção humana, mesmo que não suficiente, para

que se promova a consciência de uma responsabilidade social e ética.

O estudo de física não resulta da falta de sua aplicação no cotidiano do

aluno, pois ela está presente, por exemplo, no funcionamento de aparelhos

eletrônicos existentes na maioria dos lares brasileiros. Também não se pode

alegar que é uma disciplina cujo conteúdo seja difícil de ensinar e aprender. As

dificuldades que se encontram nessa disciplina partem do principio de que os

professores não diversificam sua prática docente, haja vista que é notório que os

docentes não buscam novas metodologias na aplicabilidade dos conteúdos

repassados aos alunos, aliados à carência de infraestrutura básica das escolas,

que não dispõem ambiente adequado às aulas práticas de ciências; a carência

de oportunidades para treinamento de professores; a dificuldade ao acesso a

novas tecnologias para a educação, entre outros.

O ensino de física no nível médio caracteriza-se, na maioria das vezes,

por aulas teóricas e descritivas, distantes da realidade dos alunos, ou seja,

atualmente o modelo adotado por alguns educadores tende a obedecer ao

método tradicional de simples repasse de conteúdos, com aulas à base de giz,

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quadro-verde e livro didático, com ênfase na linguagem matemática desprovida

de um embasamento experimental, desvinculando os conteúdos de suas

possíveis relações com os fatos do cotidiano, deixando de lado os aspectos

fenomenológicos.

Esta tendência em direcionar o ensino de Física a resolução de

problemas, que normalmente estão recheados de cálculos, fortemente

influenciados pelo uso do livro didático, tem sido tema de sérias críticas as

editoras e, por conseqüência aos autores das obras. A maioria dos livros que

circulam nas escolas apresentam os conteúdos como conceitos estanques,

dando o caráter de Ciência acabada e imutável a Física. Porém, o mais

problemático das obras está na forte identificação que elas agregam entre a

Física e os algoritmos matemáticos. Os textos e, principalmente, os exercícios

são apresentados como matemática aplicada, na qual a questão fundamental se

resume a treinar o estudante na resolução de problemas algébricos.

Segundo PIMENTA (1996), o caráter dinâmico da profissão de

professor configura-se a partir das constantes transformações que é obrigada a

sofrer tendo em vista a importância de se atender às novas demandas da

sociedade. Assim, deve-se buscar definir quais características da docência devem

permanecer como práticas consagradas, quais devem deixar de existir por se

mostrarem ultrapassadas e quais são as que devem ser modificadas, adquirindo

novas características, ajustando-se às exigências atuais.

Nesse sentido, para a autora, uma identidade profissional se constrói a

partir da significação social da profissão, da revisão constante dos significados

sociais da profissão, da revisão das tradições, mas também da reafirmação de

práticas que tradicionalmente permanecem significativas.

Segundo Pietrecola (2001, p.31)

O ensino de Física na educação básica tem passado por transformações, visto que é necessário mostrar na escola as possibilidades oferecidas pela Física e pela ciência em geral como formas de construção de realidades sobre o mundo que nos cerca.

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Assim, a área de Ciências Naturais, onde a Física está inserida,

está pautada em concepções mais modernas de Ciência e da prática

educativa. O professor passa a ser considerado um mediador do processo

ensino­aprendizagem e além do conhecimento a escola dever preocupar-se

com um conjunto de competências e habilidades a serem desenvolvidas

pelos educandos.

As relações entre os conhecimentos científicos e os adquiridos no

cotidiano são particularmente de grande importância para o processo ensino-

aprendizagem em Física. Como exemplo da importância desta relação entre o

conceito espontâneo trazido pelo aluno para o ambiente escolar e o científico

desenvolvido na escola, pode-se analisar o estudo da dilatação dos corpos. O

aluno já traz consigo, como fruto de sua relação cotidiano com o meio social, a

convicção de que, à medida que um corpo é aquecido, aumenta de tamanho

(volume), porém é no ambiente escolar que ele amplia esse conceito, na busca

pela sua cientificidade, analisando fatores que interferem nesse aumento; o que

significa o aquecimento do corpo; a diferença existente em função da natureza da

substância; ou, ainda, a possibilidade de que, ao contrário de se expandir, ele se

contraia.

2.2 A FÍSICA NOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Uma inovação muito importante introduzida na prática pedagógica do

professor é o fato do processo ensino-aprendizagem, a partir dos PCNs, voltar-se

para o ensino de habilidades que, por conseqüência, devem gerar o

desenvolvimento de uma ou mais competências pelo aluno.

Para Perrenoud (1999 apud CAVALCANTI, 2003) competência é a

faculdade de mobilizar e associar um conjunto de recursos ou esquemas mentais

de caráter cognitivo, sócio-afetivo e psicomotor (saberes teóricos e da experiência

26

e a afetividade) com a finalidade de solucionar com eficácia uma série de

situações novas.

Silva (2003) afirma que as competências são estruturas mentais

prévias a desempenhos de diferentes naturezas e não devem ser confundidas

com desempenho. São as competências que geram as ações, não existindo

desempenho sem competências e nem competências sem desempenho. O

conceito de habilidade está ligado a “saber fazer” algo específico, ou seja, esse

conceito está sempre associado a uma ação, física ou mental, indicadora de uma

capacidade adquirida (MORETTO, 2005, p. 19).

Os PCNs sugerem que as práticas pedagógicas do professor devem

estar voltadas para o desenvolvimento de competências através do ensino de

habilidades.

Para que essas práticas possam ter chances reais de sucesso, o

processo ensino-aprendizagem deve aliar-se à interdisciplinaridade e à

transversalidade (BRASIL, 1999).

Segundo Lenoir (2001 apud CAVALCANTI, 2003) a

interdisciplinaridade pode ser uma proposta de aprendizagem muito rica, pois

possibilita que o aluno construa suas respostas aos problemas de forma mais

contextualizada e global, já que a interação que proporciona cria mecanismos

para uma aprendizagem mais significativa.

As modalidades didáticas usadas no ensino das disciplinas científicas

dependem fundamentalmente da concepção de aprendizagem de Ciência

adotada (KRASILCHIK, 2001). Segundo a autora, mesmo após as reformas

educacionais, os currículos tradicionalistas ou racionalistas-acadêmicos ainda

prevalecem no Brasil, assumindo-se assim que o objetivo dos cursos se resume à

transmissão de informações, cabendo ao professor apresentar a matéria de forma

atualizada e organizada, facilitando a aquisição dos conhecimentos.

O conhecimento de Física na escola média ganhou um novo sentido a

partir das diretrizes apresentadas nos PCN. Trata-se de construir uma visão da

Física que esteja voltada para a formação de um cidadão contemporâneo, atuante

27

e solidário, com instrumentos para compreender, intervir e participar na realidade.

Nesse sentido, mesmo os jovens que, após a conclusão do ensino médio não

venham a ter mais qualquer contato escolar com o conhecimento em Física, em

outras instâncias profissionais ou universitárias, ainda assim terão adquirido a

formação necessária para compreender e participar do mundo em que vivem.

A Física deve apresentar-se, portanto, como um conjunto de

competências específicas que permitam perceber e lidar com os fenômenos

naturais e tecnológicos, presentes tanto no cotidiano mais imediato quanto na

compreensão do universo distante, a partir de princípios, leis e modelos por ela

construídos. Isso implica, também, na introdução à linguagem própria, que faz uso

de conceitos e terminologia bem definidos, além de suas formas de expressão,

que envolvem, muitas vezes, tabelas, gráficos ou relações matemáticas. Ao

mesmo tempo, a Física deve vir a ser reconhecida como um processo cuja

construção ocorreu ao longo da história da humanidade, impregnado de

contribuições culturais, econômicas e sociais, que vem resultando no

desenvolvimento de diferentes tecnologias e, por sua vez, por elas impulsionado.

De acordo com os PCNs o ensino de Física deve contribuir para

a formação do cidadão e de uma cultura científica que favoreça a

interpretação dos fenômenos naturais, com o ser humano sendo parte integrante

das natureza.

O PCN de Física apresenta propostas para contornar as situações -

problema existentes, procurando dar ao professor condições de melhorar sua

prática pedagógica. A idéia é que todas as pessoas envolvidas no processo de

ensino de Física possam buscar, por meio destas inovações, meios para um

ensino de melhor qualidade, contribuindo para a formação dos futuros cidadãos

de nosso país, capazes de refletir sobre sua realidade, e de agir para modificá-la,

se necessário, não meros reprodutores de uma realidade pré-definida.

2.3 O ENSINO DE FÍSICA ATRAVÉS DE EXPERIMENTOS E

TECNOLOGIAS

28

A compreensão da linguagem Física se faz cada vez mais necessário,

principalmente porque vivemos em um mundo em constante transformação, e

para que o aluno possa ter condições de emitir um senso crítico, deverá entender

que transformações são essas. Além do mais, o acompanhamento não só dessas

transformações, mas de notícias científicas em geral, pelos mais diversos meios

de comunicação é outra forma desenvolver o interesse dos alunos, provendo-lhes

de condições para identificar o assunto e interpretar seus significados. Mas para

isso, paralelamente devem ser desenvolvidas competências para que os alunos

sejam capazes de avaliar a veracidade das informações.

Por fim, os alunos deverão ter a consciência de que os conceitos

físicos não são absolutos, eles estão em constante processo de mudança, e

fazem parte de uma construção histórica e que leva em consideração a forma de

pensar de cada etapa vivida pela sociedade. Que muito já se descobriu, mas que

muito mais espera por ser desvendado, e que esta função não está destinada

apenas a gênios, mas a pessoas normais, desde que desenvolva suas

capacidades e competências.

Sobre isso, Pena (2007, p.517), escreve que:

O conhecimento histórico incorporado à cultura e integrado como instrumento tecnológico tornou-se indispensável à formação da cidadania contemporânea, tal como a necessidade que o conhecimento físico seja explicado como o processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humanas.

A compreensão de que o processo histórico, acima mencionado, está

integrado a condições sociais, políticas e econômicas de uma determinada área

em uma determinada época, é competência essencial para que se possa

estabelecer uma relação entre a Física e as Ciências Humanas

Ricardo et al. (2008) comentam que no ensino por competência, se faz

necessário entender que a relação didática engloba um conjunto de variáveis que

vão além da relação entre professor-aluno e/ou entre aluno-conteúdo. Estas

29

variáveis interagem entre si e ocorrem dentro de um sistema didático mais amplo

que a relação didática, pois ultrapassam a barreira da sala de aula, sofrendo

assim tanto influências internas como externas.

Logo, a realidade fora da sala de aula, quando o aluno não está mais

sobre a tutela do professor, deve ser levada em conta por este último e pela

escola na hora da tomada de decisões, pois também é objetivo, mesmo quando

não está na escola, que o aluno continue aprendendo. Para que isso ocorra,

sugere-se estabelecer inicialmente as competências a serem desenvolvidas na

escola, e só depois escolher os conteúdos e metodologias que irão contribuir para

este fim.

Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007), a experimentação nas

aulas de Física deve se constituir um dos referenciais para o processo de ensino-

aprendizagem, e não apenas ser um mero complemento como é o que ocorre

atualmente. Com o objetivo de oferecer ao aluno boas condições de

aprendizagem, através do uso de experimentos, o professor deve atuar como

agente motivador e articulador das bases de referência sobre a qual se irá

construir o que chama de conhecimento escolar. Essas bases são os saberes do

aluno, o conhecimento da ciência e as idéias produzidas no contexto

experimental.

Por saberes do aluno entende-se toda a carga de conhecimentos que

traz consigo e que adquiriu fora da sala de aula. Estes conhecimentos podem ser

saberes do senso comum ou aqueles que são aceitos pela ciência. Por idéias

produzidas no contexto experimental, é o conhecimento que é produzido pelo

aluno ao manter contato com o experimento tanto em sala de aula como fora da

escola, ou até mesmo por um experimento teórico. O conhecimento da ciência

são os saberes produzidos pelo homem ao longo da história e aceitos pela

comunidade científica. Na junção destas três bases, mediada pelo professor, o

aluno produz o conhecimento dinâmico e que está sempre evoluindo por causa

das interações de suas bases, o que chamamos de conhecimento escolar.

Segundo Bonadiman e Nonenmacher (2007, p.452)

30

Com a experimentação é possível, entre outros, que se veja a Física como uma ciência produzida pelo homem ao longo dos tempos, de forma dinâmica, pois é influenciada pelo contexto social, cultural, político e econômico de cada época; que funciona como um meio de articular as diversas disciplinas superando a fragmentação e linearidade dos conteúdos; que proporciona ao aluno a possibilidade de desenvolver seu senso crítico diante dos problemas que se apresentam em seu cotidiano; que desenvolve sua capacidade de análise de dados e interpretação de resultados facilitando a compreensão dos modelos teóricos e seus significados; que seja dado ao aluno a oportunidade de expor os conhecimentos que adquiriu fora da escola.

O professor, por atuar como mediador deve ter como objetivo que o

conhecimento escolar esteja cada vez mais próximo do conhecimento científico.

Este movimento, por ser resultado de um processo dinâmico de interação entre as

bases do conhecimento, não ocorre de forma linear e nem em um período

determinado de tempo. Porém, durante o experimento, não deve interferir em

demasia na prática dos alunos, apenas tirar possíveis dúvidas sobre a realização

do procedimento e execução da atividade, deve deixar as idéias dos aprendizes

fluírem de forma espontânea, mesmo que não estejam de acordo com o

conhecimento científico, pois o que importa neste momento é a reflexão por parte

dos alunos. Em um momento posterior, todas estas reflexões serão discutidas e

avaliadas por toda a sala.

Marineli e Pacca (2006) lançam uma discussão sociológica sobre

ciência, e a partir desta, tentam explicar as principais dificuldades que os alunos

têm em um laboratório didático de Física, sempre ligando essas dificuldades ao

que os estudantes vivenciam em seu cotidiano.

Observa-se que, com o laboratório, os estudantes interagem com

outros estudantes, professores e o conteúdo, pois ligam um conteúdo teórico a

um referencial empírico, mas apesar do grande número de estudos feitos nesta

prática, não são poucas as dificuldades dos alunos, principalmente relacionadas à

análise dos erros experimentais.

Dessa forma mencionam que a ciência é uma construção de

conhecimentos que ocorre de uma forma mais apurada, usado técnicas diferentes

31

daquelas empregadas no dia-a-dia, o que acaba revelando uma “realidade”

diferente daquela vista pelo senso comum. Desta forma é possível ter diferentes

formas de acesso ao mesmo fenômeno, mas ele só passa a fazer parte da

“realidade” depois que conceitualizado e interpretado.

A “realidade” de algo toma sentido se houver coerência nos seus

elementos, caso contrário haverá dúvidas se será real ou não. A visão que o

senso comum descreve em relação à “realidade” e a ciência trazem

conseqüências negativas para a prática laboratorial, principalmente quando se

referem a: falta de critérios para identificar o que era significativo nos dados; a

vinculação entre o instrumento de medida, operador e objeto medido.

Ricardo et al. (2006) abordam o uso da tecnologia na sala de aula,

destacando sua importância não só como instrumento para despertar o interesse

dos alunos, mas seu senso crítico e assim estarem preparados para lidar com as

novas escolhas que o mundo moderno lhes possibilita.

Mencionam que, a tecnologia tem a função de auxiliar a alfabetização

científica e tecnológica, aproximando a escola do mundo moderno, tendo sua

perspectiva ampliada, onde o status tecnológico de mera aplicação da ciência

muda, possibilitando que o aluno esteja em condições de julgar e mudar as

relações de poder que está nas mãos de quem detém a tecnologia. Daí a

importância do uso da tecnologia não só como uma forma de deixar a aula mais

criativa, mas como uma forma de despertar o senso crítico nos alunos.

A ciência e a tecnologia são atividades próprias dos seres humanos,

não sendo possível fazer uma separação total dos objetivos de uma e de outra,

pois ambas evoluíram tornando complexo a demarcação de seus elementos.

Porém a tecnologia pode ser concebida como o estudo científico do artificial e

está mais preocupada com o projeto de artefatos, desde o planejamento até sua

realização, tudo fundamentado no conhecimento científico, enquanto a ciência

está mais voltada para as coisas naturais. Desta forma, os artefatos são os

produtos finais do processo tecnológico, porém não se pode esquecer que o

desenvolvimento tecnológico depende dos valores humanos, que por sua vez

possui um aspecto organizacional e métodos peculiares.

32

Pires e Veit (2006) abordam o uso de tecnologias de informação (TI) no

ensino de Física, como uma forma de consolidar o conhecimento, aumentando o

tempo de aula e proporcionando maior interação com o computador como

instrumento facilitador.

O uso das tecnologias em sala de aula é uma opção para quebrar o

tradicionalismo e complementar as escassas aulas experimentais, além de

motivar o uso da informática como ferramenta de aprendizagem de Física. Porém

para que tudo isso se torne realidade, é preciso investir mais não só em infra-

estrutura, mais principalmente nos professores.

Barbosa et al. (2006) mostra que é possível usar o computador para

auxiliar a aprendizagem de Física no Ensino Médio. Halloun, citado em Barbosa

et al. (2006), afirma que um bom modelo deve ter simplicidade, precisão e poder

de previsão. Porém para que os modelos se tornem satisfatórios, exigem

complexidade e tratamento matemático sofisticado, o que acaba sendo uma

dificuldade para os professores. Neste sentido, a prática laboratorial é de grande

importância, pois possibilita ao aluno visualizar melhor os limites dos modelos

envolvidos. O computador tem sido usado não só nas práticas laboratoriais, mas

em sala de aula, abordando conteúdos de grande complexidade e que exigem um

tratamento matemático mais amplo.

Veit e Teodoro (2002) mostram as vantagens do uso de softwares

educacionais no ensino de Física, mostrando que eles são a ligação entre o

abstrato e o concreto, possibilitando um ganho considerável no aprendizado.

Nesse contexto acrescenta

Muitas publicações, entre elas as da Revista Brasileira de Ensino de Física, trazem a idéia de que o computador não pode ser usado unicamente para fornecer informações, mais principalmente para auxiliar na construção do conhecimento, porém não se dá a ênfase necessária à modelagem computacional, mesmo esta sendo usada pelo discurso científico que trabalha mais com representações do que com explicações.

33

No tocante a Física, o uso da modelagem contribui consideravelmente

para o alcance dos objetivos propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

para o Ensino Médio que por sua vez orienta que os alunos adquiram

competências e habilidades, ao invés de conteúdos específicos.

O docente também deverá ter o devido cuidado para que a atividade

não se torne apenas uma tarefa realizada mecanicamente, mas que adquira um

significado conceitual concreto, fazendo com que a aprendizagem dos alunos

possa ocorrer através do raciocínio e não através da memorização.

Por isso a reflexão sobre os experimentos realizados, a sua

contextualização e interdisciplinaridade são de suma importância e devem ser

executadas. O aluno deverá ser dado a possibilidade, embora de forma bem

simples, de vivenciar em sala de aula alguns dos procedimentos da ciência.

34

METODOLOGIA

Esta monografia será elaborada através de definições teóricas e

conceituais como instrumento crucial da investigação. O estudo teórico é sua

base de sustentação. Devemos dizer que é imprescindível a definição clara dos

pressupostos teóricos, das categorias e conceitos utilizados de forma sintética.

Teve uma abordagem qualitativa para um conhecimento mais denso no que diz

respeito ao ensino da Física numa perspectiva inovadora e contextualizada.

Segundo Cervo e Bervian, (2005, p. 45) a pesquisa qualitativa permite

ao pesquisador aumentar sua experiência em torno de certo problema. Baseia-se

na premissa de que conhecimentos sobre os indivíduos só são possíveis com a

descrição da experiência humana, tal como ela é vivida e tal como ela é definida

por seus próprios atores (Ruiz, 2004, p. 65).

A redação pressupõe um estilo claro, objetivo, conciso, livre de

hermetismo e excessos verbais, esclarecendo as práticas pedagógicas

inovadoras no Ensino de Física.

Para embasamento teórico desta pesquisa, buscar-se-á leituras em

livros de autores como Fino e Sousa (2004), Papert (1008) que discorrem sobre o

tema inovação pedagógica, bem como Gadotti (2000), relatando a importância do

uso de ferramentas pedagógicas inovadoras, tendo em vista que a escola é um

ambiente que deve ser acolhedor e agradável, assim ao utilizar técnicas que

agradem alunos e professores a escola acaba ganhando seu espaço.

35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões sobre o processo ensino-aprendizagem em Física,

principalmente no ensino médio, tem sido tema de várias pesquisas nestes

últimos anos. A preocupação central tem estado na identificação do estudante

com o objeto de estudo. Em outras palavras, a questão emergente na

investigação dos pesquisadores está relacionada à busca por um real significado

para o estudo dessa Ciência na educação básica.

O educador não deve ficar restrito às quatro paredes da sala de aula. A

dinâmica do trabalho exige que se estimulem os alunos a querer um ensino mais

baseado em projetos que encaminhem o processo educativo à

interdisciplinaridade, à multidisciplinaridade e à transdisciplinaridade.

Na condição de princípio cientifico, a busca constante da ação-

reflexão-ação apresenta-se como instrumentação teórico-metodológica para

construir o processo de mudança que favorecerá a educação de qualidade. O

sistema de ensino público e privado é o que torna a sociedade capaz de promover

mudanças para um melhor resultado em conjunto. A escola por sua vez tem o

poder ao lado da família, de formar cidadãos. Urge que haja uma cobrança maior

no que diz respeito à educação brasileira, pois são poucas as medidas inovadoras

adotadas, e o sistema educacional de qualidade para todos está estagnado. Toda

a sociedade deve se unir em prol da melhoria da nossa educação.

O ensino de Física tem-se realizado freqüentemente mediante a

apresentação de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada, distanciados

do mundo vivido pelos alunos e professores e não só, mas também por isso,

vazios de significado. Privilegia a teoria e a abstração, desde o primeiro momento,

em detrimento de um desenvolvimento gradual da abstração que, pelo menos,

parta da prática e de exemplos concretos. Enfatiza a utilização de fórmulas, em

situações artificiais, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas

representam de seu significado físico efetivo. Insiste na solução de exercícios

36

repetitivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela automatização ou

memorização e não pela construção do conhecimento através das competências

adquiridas.

Sendo o Ensino Médio um momento particular do desenvolvimento

cognitivo dos jovens, o aprendizado de Física tem características específicas que

podem favorecer uma construção rica em abstrações e generalizações, tanto de

sentido prático como conceitual. Levando-se em conta o momento de

transformações em que vivemos, promover a autonomia para aprender deve ser

preocupação central, já que o saber de futuras profissões pode ainda estar em

gestação, devendo buscar-se competências que possibilitem a independência de

ação e aprendizagem futura.

A metodologia hoje presente em nossas salas de aula também tem

grande contribuição para a aversão que os alunos têm ao conhecimento,

principalmente quando se fala de Física. A forma tradicional de repassar o

conteúdo precisa ser modificada, o aluno tem que deixar de ser elemento passivo

no processo de ensino-aprendizagem para assumir uma postura ativa incluindo-

se nesse processo. Para que isto ocorra é de suma importância o

comprometimento do professor, possibilitando a interação com o aluno.

Tratando mais especificamente quanto à metodologia aplicada ao

ensino de Física, algumas culturas precisam ser modificadas, como o forte apelo

à ferramenta matemática, o que por muitas vezes faz o aluno pensar que Física e

Matemática são matérias semelhantes. O professor também precisa inovar sua

prática, fazendo com que este assuma um sentido na vida do aluno, o que não é

difícil, pelo contrário, a Física está presente na vida do aluno, dentro e fora de

casa, e esta ligação, quando percebida pelo aluno, desperta seu interesse. Outro

elemento que vem a somar é a interdisciplinaridade, pois não existe fato presente

no cotidiano do aluno que contenha apenas elementos de uma disciplina; antes

cada área do conhecimento pode dar a sua contribuição e juntas proporcionar ao

aluno um conhecimento rico e integral.

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