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    O ENSINO DE LNGUA PORTUGUESA E SUAS METODOLOGIAS: O USO

    DO BLOG EM SALA DE AULA

    Abigail dos Santos Fonseca - UNEB1

    [email protected]

    Resumo: Tomando como base as metodologias para o ensino de Lngua Portuguesa em sua diversidade, pretende-se discutir o uso do blog em sala de aula como mecanismo de interao para o desenvolvimento da expresso criadora. Objetiva-se investigar at que ponto esse recurso pode funcionar como dispositivo facilitador na aprendizagem e na formao de redes sociais. Tendo em vista o desestmulo dos alunos por leitura e produo de textos, bem como a limitao de senso crtico em algumas situaes de aprendizagem de lngua portuguesa, que surgiu o interesse por esse estudo, haja vista a familiaridade que os jovens e adolescentes tm com as diversas mdias e tecnologias que os cercam. Ademais, entendendo que o professor de lngua portuguesa no deve restringir sua prtica pedaggica ao simples ato de ensinar a ler e escrever, mas tambm contribuir para o desenvolvimento das mltiplas linguagens, inclusive no contexto informacional e tecnolgico em que o educando est inserido, que surgiu esse trabalho. A metodologia a ser adotada parte de uma pesquisa bibliogrfica com vistas a problematizar questes relativas ao estabelecimento de conexes entre mdia e aprendizagem, analisando o papel do professor de portugus na atual conjuntura de interao miditica nos espaos extra e intra-escolares. Espera-se que o estudo a ser desenvolvido possa contribuir para a troca de experincias entre os profissionais que esto atuando na rea de linguagem. Palavras-chave: Lngua Portuguesa; Metodologia; Blog; Interao; Aprendizagem; Introduo

    O Ensino de Lngua Portuguesa nas Escolas tem sofrido muitas modificaes ao

    longo dos anos. A Escola tem acompanhado e tambm tem sido atingida por essas mudanas.

    Graduada em Letras pela Universidade do Estado da Bahia. Ps-graduada em Estudos Literrios (UEFS), em Programao do Ensino (UNIBA) e em Mdias na Educao (em andamento). Possui curso de Extenso em Mdias Digitais. Professora Especialista do Campus XXI da UNEB (Ipia) e do Colgio Estadual Landulfo Alves de Almeida (Cruz das Almas).

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    O desenvolvimento das tecnologias e sua insero no ambiente escolar uma realidade e uma necessidade iminente que deve ser observada pelos educadores comprometidos com a efetiva aprendizagem dos educandos.

    A mdia, de uma forma geral, tem desempenhando papel fundamental no universo das imagens e informaes que nos rodeiam e, tal universo no est desvinculado da escola.

    um desafio muito grande para o professor da atualidade, estabelecer conexes entre Educao e Tecnologias em seu locus de trabalho. O papel desse profissional na atual conjuntura deve ser o de formar no apenas profissionais com conhecimentos em matrias especficas e sim seres humanos capazes, seguros, aptos para pesquisar, questionar, viver em grupo, em suma, para o exerccio pleno da cidadania.

    A proposta desse trabalho refletir sobre os possveis links entre o contexto educativo e tecnologia, especialmente o uso do blog na escola. Este recurso pode ser um grande aliado na construo do conhecimento e na formao de redes sociais por parte dos educandos. Enfatiza-se, ainda, a participao do professor na conduo de trabalhos extra e intra-escolares, a fim de subsidiar o educando para que ele possa aprender a aprender e exercer seu verdadeiro papel na sociedade com todos os seus desafios, inclusive, os tecnolgicos.

    importante ressaltar que, embora esteja em sua fase inicial, entendemos que esse estudo mostra-se relevante aos estudos da linguagem, pois procura investigar a aplicabilidade do trabalho com blog no ensino de Lngua Portuguesa. Ele no se constitui em algo acabado 1. O Ensino de Lngua Portuguesa: Novos Modos de Aprender

    Se for feito um Raio-X do ensino nas escolas brasileiras nesses ltimos anos, certamente se constatar que a forma de ensinar era pautada na transmisso de contedos, ou seja, na educao bancria, como denominou Paulo Freire. A Escola era pouco inovadora e inflexvel e ao professor competia tarefa de despejar informaes sobre o aluno ser desprovido de todo e qualquer conhecimento e experincias anteriores; ele no se preocupava com a real aprendizagem do aluno. Por muito tempo, a Escola propagou esse ensino depositando sobre o educando conhecimentos incipientes e de forma mecnica, sem levar em considerao os aspectos cognitivos desse indivduo.

    Particularmente, em relao ao ensino de lngua portuguesa, pode-se perceber que a situao no era muito distinta. A preocupao com aspectos referentes aquisio e produo da leitura e escrita de acordo com a norma culta, se dava nos moldes do tradicionalismo. Basicamente, os aspectos considerados primordiais eram falar e escrever bem. Portanto, o aluno deveria dominar as regras gramaticais para lograr xito no apenas no mbito escolar, mas para ser algum na vida, para saber ler e escrever de forma impecvel.

    Ainda hoje, pode-se perceber que o ensino de Lngua Portuguesa ainda guarda ranos do paradigma tradicional; em algumas escolas ele ainda continua centrado no ensino da gramtica, totalmente desvinculado de reflexes, descontextualizado, distante das verdadeiras necessidades dos alunos.

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    Contudo, isso no regra geral, h educadores que se preocupam em ressignificar o ensino de Lngua Portuguesa, para isso, tem-se empenhado em adotar novas metodologias, novas formas de ensinar a lngua materna, no apenas voltadas para o ensino de gramtica, de forma opressiva, porm libertadora, privilegiando a reflexo sobre os modos de realizaes das mltiplas linguagens, estimulando os alunos a deixarem aflorar a competncia comunicativa, a autonomia, etc.

    Essa preocupao com a educao, mas especificamente com o ensino de Lngua Portuguesa no est restrita apenas a uma minoria no. O Governo, entidades privadas, ONGs e outras representaes da sociedade tm-se mostrado sensveis essa problemtica. H, por exemplo, um Projeto de Lei 1.676/99, do deputado Aldo Rebelo (PC do B- SP), cuja proposta melhorar as condies de ensino e de aprendizagem da lngua portuguesa em todos os graus, nveis e modalidades da educao nacional (PROJETO DE LEI, 2008).

    Atualmente, fala-se muito em competncias e habilidades como pr-requisitos em situaes de aprendizagem. Especialistas como o suo Perrenoud (2002, p.16), aborda essa questo em algumas de suas obras, a exemplo das Dez Competncias para Ensinar no Sculo XXI. Para ele, a competncia vai mobilizar o indivduo a colocar em prtica conhecimentos armazenados e/ou adquiridos diante de algumas instncias da vida. Competncias e habilidades esto, portanto, intrinsecamente relacionadas, haja vista que esta parte constitutiva daquela.

    Por muito tempo a escola desprezou esse aspecto. Hoje, ela tem se esforado para reverter este quadro de inrcia pedaggica, atravs de atividades que mobilizam tanto o corpo discente quanto o docente. Todo e qualquer educador que esteja inserido nesse contexto de mudanas deve empreender esforos no que diz respeito criao de situaes diversificadas, explorando os mais variados recursos que possibilitem uma aprendizagem significativa, induzindo o educando a criar mecanismos para a resoluo de problemas no apenas ligados a uma situao especfica, mas quelas que lhes so apresentadas cotidianamente, fazendo uso, portanto, de suas competncias e habilidades. Para que esse propsito encontre xito, a escola deve medida do possvel se desvencilhar do ensino fragmentado e excludente e adotar formas multidisciplinares na abordagem dos assuntos, a fim de que o aluno perceba uma estreita relao entre eles e sua prpria realidade.

    Aps algum tempo, vencidos os equvocos e modismos que atingiram a educao, percebeu-se a necessidade de estar constantemente recorrendo dialtica do agir-refletir-agir, a fim de tornar o processo ensino-aprendizagem mais dinmico e eficaz. A escola percebeu a necessidade de antenar-se s novas tendncias que o mundo moderno apresenta, buscando promover aes que subsidiem o professor como, por exemplo, a aquisio de material didtico e paradidtico, a participao em congressos, simpsios, seminrios, cursos e outros eventos e atividades que lhe permitam efetivamente ressignificar sua prxis pedaggica. A insero de novas mdias e tecnologias no mbito escolar uma necessidade, porm, esse processo de mudana lento e precisa ser feito com responsabilidade e muito planejamento, pois:

    Ensinar com as novas mdias ser uma revoluo, se mudarmos

    simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que

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    mantm distantes professores e alunos. Caso contrrio conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no essencial. (MORAN, 2000, p. 4).

    Portanto, o educador precisa compreender que h uma infinidade de opes

    metodolgicas e as mdias tecnolgicas se constituem uma opo a mais na sua trajetria pedaggica. Resta-lhe, ento, descobrir a forma mais adequada de integrar o humano e o tecnolgico, de ampliar as possibilidades, de organizar a comunicao com os alunos.

    O papel do professor o de mediar a cultura miditica no mbito escolar transformando esse local num espao de incluso social onde todos tenham o mesmo acesso s informaes, aos meios de comunicao, igualdade de oportunidades, uma vez que:

    As mediaes no esto dadas. Elas se constituem enquanto

    aes reflexivas. E podem ocorrer de fato, tanto na esfera da produo quanto na recepo. Para o nosso caso, enquanto educadores, as mediaes precisam ser potencializadas, desenvolvidas, trabalhadas. E a escola pode e deve estar articulada s demais esferas da sociedade civil na construo das alianas de transformao, na medida em que se inclua, nesta luta de conquista de poder, junto s camadas excludas e marginalizadas, com respeito ao acesso s mdias contemporneas. (OROFINO, 2005, p. 51).

    Se