O esporte é para a paz

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O ESPORTE É PARA A PAZ O ESPORTE É PARA A PAZ BR S1.1 – Versão D – agosto de 2006 Autor: Fernando ZornittaO ESPORTE É PÁRA A PAZ – Texto faz uma reflexão sobre a atividade esportiva os seus valores individuais, sociais e para a promoção daqueles universais - de promoção da paz e do intercambio sociocultural, além de traçar um paralelo entre as políticas de incentivo nos países desenvolvidos em comparação aos mais atrasados. Propõe para o “esporte ser para a paz” que atletas, profissionais, dirigentes, arbitragem, representantes de entidades desportivas, de governos e dos organismos internacionais, torcidas devam estar “desarmados espiritualmente” e propõe alguns caminhos para esse desarmamento: o da consciência, o da educação e o da punição (como para os maus árbitros; aos maus dirigentes de clubes e instituições esportivas ou os maus governantes, ou para os integrantes das torcidas organizadas, que travam verdadeiras guerras e promovem a balbúrdia nos estádios; para os profissionais envolvidos que se locupletam dos recursos e não seguem os princípios da ética esportiva ou àqueles que promovem um verdadeiro mercado de seres humanos guiando e impedindo a ascensão profissional do atleta). O esporte tem o poder para mudar o mundo ! Tem o poder para unir as pessoas numa só direção. Nelson Mandela REFLEXIONANDO SOBRE O ESPORTE O esporte... - Que atividade é essa, a qual o ser humano pratica, uns por prazer outros por profissão; que muitos querem praticar, mas não têm equipamentos, espaços, incentivos; que atividade é essa que só uma em cada três crianças e jovens praticam no mundo e que a grande maioria dos adultos não pratica, mas só assiste na forma do esporte-espetáculo; que benefícios ele pode trazer para a saúde, para a educação, para a conquista da cidadania, para melhorar o homem e o mundo ??? O esporte como atividade incorpora vários aspectos positivos relacionados ao desenvolvimento humano, especialmente quando praticado nas atividades de tempo livre, em que o indivíduo está desobrigado das atividades de trabalho e dos compromissos de caráter social - nos seus mais preciosos momentos: os de lazer e recreação. Oferece benefícios para a saúde, pelos diversos aspectos que lhe são afins e relacionados – principalmente físicos, psicológicos e terapêuticos – contribuindo para uma vida saudável; oferece importantes componentes para a educação, contribui para promover a participação social, a disciplina e a competitividade e, assim, para o desenvolvimento intelectual do indivíduo que o pratica. O esporte também promove o intercâmbio sociocultural, que ocorre através da participação da prática e dos eventos esportivos e, neste contexto, também promove os valores humanos e universais, tais como a disciplina, o senso de equipe e de coletividade, a solidariedade, a compreensão e a tolerância; os quais em conjunto contribuem para a cooperação e o estabelecimento da paz.

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O esporte, sua importância, valores; desvios de postura ética e caminhos...

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O ESPORTE É PARA A PAZO ESPORTE É PARA A PAZBR S1.1 – Versão D – agosto de 2006

Autor: Fernando Zornitta*¹

O ESPORTE É PÁRA A PAZ – Texto faz uma reflexão sobre a atividade esportiva os seusvalores individuais, sociais e para a promoção daqueles universais - de promoção da paz e dointercambio sociocultural, além de traçar um paralelo entre as políticas de incentivo nos paísesdesenvolvidos em comparação aos mais atrasados. Propõe para o “esporte ser para a paz” queatletas, profissionais, dirigentes, arbitragem, representantes de entidades desportivas, degovernos e dos organismos internacionais, torcidas devam estar “desarmados espiritualmente”e propõe alguns caminhos para esse desarmamento: o da consciência, o da educação e o dapunição (como para os maus árbitros; aos maus dirigentes de clubes e instituições esportivasou os maus governantes, ou para os integrantes das torcidas organizadas, que travamverdadeiras guerras e promovem a balbúrdia nos estádios; para os profissionais envolvidosque se locupletam dos recursos e não seguem os princípios da ética esportiva ou àqueles quepromovem um verdadeiro mercado de seres humanos guiando e impedindo a ascensãoprofissional do atleta).

O esporte tem o poder para mudar o mundo !Tem o poder para unir as pessoas numa só direção.

Nelson Mandela

REFLEXIONANDO SOBRE O ESPORTE

O esporte... - Que atividade é essa, a qual o ser humano pratica, uns por prazeroutros por profissão; que muitos querem praticar, mas não têm equipamentos,espaços, incentivos; que atividade é essa que só uma em cada três crianças e jovenspraticam no mundo e que a grande maioria dos adultos não pratica, mas só assiste naforma do esporte-espetáculo; que benefícios ele pode trazer para a saúde, para aeducação, para a conquista da cidadania, para melhorar o homem e o mundo ???

O esporte como atividade incorpora vários aspectos positivos relacionados aodesenvolvimento humano, especialmente quando praticado nas atividades de tempolivre, em que o indivíduo está desobrigado das atividades de trabalho e doscompromissos de caráter social - nos seus mais preciosos momentos: os de lazer erecreação. Oferece benefícios para a saúde, pelos diversos aspectos que lhe são afinse relacionados – principalmente físicos, psicológicos e terapêuticos – contribuindo parauma vida saudável; oferece importantes componentes para a educação, contribui parapromover a participação social, a disciplina e a competitividade e, assim, para odesenvolvimento intelectual do indivíduo que o pratica.

O esporte também promove o intercâmbio sociocultural, que ocorre através daparticipação da prática e dos eventos esportivos e, neste contexto, também promoveos valores humanos e universais, tais como a disciplina, o senso de equipe e decoletividade, a solidariedade, a compreensão e a tolerância; os quais em conjuntocontribuem para a cooperação e o estabelecimento da paz.

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Desde a criação dos jogos Olímpicos na Grécia, há mais de sete séculos antes deCristo, a chama olímpica permanece viva e propõe a incorporação de valoresindividuais, sociais e universais ao esporte no caminho do crescimento humano e dasolidariedade.

O esporte desenvolve o homem e a humanidade e contribui para a paz e a cooperaçãoentre os povos.

Para o homem, oferece a oportunidade da exploração e a incorporação de novosvalores éticos, seja ele desenvolvido de forma descompromissada e praticado nosmomentos de lazer e recreação, seja no esporte amador, seja através de umaformação atlética profissional - quando o praticante desenvolve plenamente o seupotencial com estes princípios e encontra a justa oportunidade desta expressãoatlética profissional.

A formação atlética e a profissionalização esportiva podem também ajudar a diminuiro imenso abismo da inclusão do jovem que busca e não encontra espaço para oexercício pleno da cidadania e que imprescinde, para isso, do exercício de umaprofissão digna e alinhada com a sua vocação.

A problemática juvenil é uma das maiores preocupações nos países desenvolvidos(que têm políticas próprias e recursos) e, nos países mais atrasados, é uma panacéiaque não encontra saídas pela premência da atenção a outros problemas, sempreconsiderados mais urgentes, tais como a inclusão econômica no mercado globalizado,o combate a pobreza, a fome, a saúde, o déficit habitacional; a expansão da infra-estrutura – dentre outros fatores que desviam a atenção e os recursos (seja para asprioridades ou para outras antiéticas, tais como na mal versação e na corrupção).

O esporte como política pública, por outro lado, pode ajudar na conquista da cidadaniapara aqueles que estão à margem da sociedade e propiciar a sua inclusão social. Porconseqüência também oferece a oportunidade de um antídoto ético ao rumo queestamos apontando para a convivência humana em sociedade nas grandes cidades e,também é uma forma de “prevenção dos conflitos sociais”– que normalmente têmorigens na exclusão social e são expressados pelo vandalismo (como ocorreu naFrança) que evolui numa espiral ascendente e incontrolável, mas que traz amensagem do descontentamento dos excluídos – dentre eles os jovens - para com asua complicada inserção no processo civilizatório, no mundo globalizado que avançano rumo da economia e sem olhar para eles e para as suas idéias – com variantes noproblemas da imigração, da inclusão social, do desemprego, da diferença deoportunidades – dentre tantos outros.

O esporte, além dos seus benefícios individuais e coletivos pode ser um bom caminhopara o jovem que quer se profissionalizar e a formação atlética, uma porta de saídapara a solução das questões próprias desta faixa etária – sendo a principal dentreessas, a da sua difícil inclusão social.

O esporte é uma ponte mágica para a inclusão social, uma vez que desenvolvamos acapacidade e a habilidade de reconhecer no indivíduo o talento e acompanhemos asua evolução atlética, profissional, social e humana.

Independentemente da modalidade esportiva ou da categoria que o indivíduo seidentifica e se dedica, uma série de fatores pode contribuir de forma positiva para queo desportista e a equipe de esporte desenvolvam os seus potenciais atléticos e, dentreestas, a principal é a “oportunidade de poder praticar”, que é revestida de vários

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aspectos, de acordo com as sociedades em que se nasce e se está inserido, que podetambém variar de indivíduo para indivíduo.

Para uns, a distância de um prato de comida pode significar esta falta de oportunidade(a luta pela sobrevivência), para outros o condicionante poderá ser o espaço físico ouo equipamento para a prática esportiva; para outros uma orientação adequada.Entretanto, para a grande maioria da população nos países do terceiro mundo é oconjunto destes elementos.

Segundo a ONU, só um em cada 3 crianças e jovens no mundo praticam algumaatividade esportiva. No Brasil e nos países mais atrasados esta proporção é maior: de1 em cada 6 e em outros países pode chegar a 1 em cada 10 ou mais.

Embora estes indicadores, as políticas públicas de incentivo ao esporte podem ser umdivisor de águas para os países mais atrasados, que mesmo com poucos recursosconseguem manter e incentivar iniciativas e programas.

Tanto nos países considerados como desenvolvidos, “de primeiro mundo” - como osEUA, a Alemanha, a França e a Itália, por exemplo; assim como em outros paísesconsiderados “subdesenvolvidos”, “de terceiro mundo” – tais como a China, Cuba e aRússia – o esporte é contemplado culturalmente e pelas políticas públicas,independentemente dos indicadores econômicos e de desenvolvimento (que oscolocam num patamar de inferioridade ou de superioridade); a postura pública e osinvestimentos são metodicamente efetuados para a constância e a efetividade dasiniciativas populares e dos programas que envolvem o esporte – independentementedo volume dos recursos financeiros aplicados. Esta é uma postura pública que rompebarreiras e possibilita que o esporte seja valorizado e a população tenha vez depraticar.

Nos países sem tradição e sem a cultura para a valorização do esporte, as políticassão aleatórias e mais voltadas para o incentivo aos eventos isolados e de granderepercussão na mídia – um engodo que faz parecer que há um incentivo aos esportes.Embora isso, somas astronômicas são gastas para promover e divulgar estes eventos,que envolvem um número insignificante de atletas, e somas mínimas para a suarealização - somas estas que se pulverizadas poderiam desenvolver os vários núcleosesportivos ao nível comunitário local e fomentar a prática esportiva para todos.

No Brasil (embora o país tenha certa tradição em algumas modalidades esportivas),bem como de resto na maioria dos países mais atrasados, ainda não foi sedimentadaa cultura do esporte, como um grande aliado na construção da cidadania, para quefavoreça a incorporação de outros valores humanos e para que contribua paramelhorar a humanidade, enquanto oferece a oportunidade da manifestação dopotencial atlético, da inclusão social - de maneira objetiva, coletiva e de uma naçãoque vê no esporte um aliado no processo de inclusão social “de fato e de direito”. Apercepção da sua importância já ocorreu a nível público no país, entretanto, aspolíticas estão erradas. São centralizadoras e não incentivam as iniciativas locais, queocorrem a nível das comunidades e da sociedade civil organizada; não ocupamequipamentos já existentes e não oferecem a orientação profissional necessária.

No Brasil, historicamente as políticas públicas são de cima para baixo e executadas deforma desarticuladas em mega programas utópicos, sem continuidade e que seperdem nos discursos, na mal versação dos recursos e que não chegam a seconcretizar nunca.

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Isso ocorre porque historicamente os governos, embora sabendo da importância doesporte e querendo fazer, mas sem competência para tal, sempre implantam políticase programas em dessintonia com os anseios da sociedade e com o “público alvo dosprojetos e programas” e trocam os pés pelas mãos, perdendo-se na burocracia egastando preciosos recursos nos meios sem atingir os fins.

A “sociedade” nestes países é vista como um ser amorfo que precisa de paternalismopois, numa falsa democracia, não tem voz senão através de partidos políticos (emborauma ínfima parcela da população participe deles) e que normalmente são governadaspelos incompetentes e despreparados representantes oriundos dos partidos políticos,que mal administram a coisa pública.

“Mudar o mundo com as crianças”, propõe a campanha institucional da UNICEF. Mascomo, se são justamente elas que mais sofrem por não terem acesso aos benefíciosque uma adequada política mundial, das nações, dos estados, dos municípios e dasinstituições, que as priorizem e, dentro deste contexto, que incentivem o discurso do“sports for all”, como propôs o Fórum de Roma (novembro de 2004) como temacentral.

A melhor política de incentivo, seja ela global, nacional, regional ou local para apromoção do esporte será aquela que incentivar o que vem da sociedade, pois é elaque sabe onde o calo aperta, é nela que estão as forças sociais que podem promoveras mudanças – para melhor é claro - e para benefício direto das pessoas, dascomunidades e em função do desenvolvimento local, regional, nacional e mundial.

Governos sérios e comprometidos com o esporte e com a inclusão social, devemconstruir juntos com a sociedade as políticas e, juntos com ela, executarem osprojetos e programas, para que os princípios do movimento olímpico atinjam os seusnobres objetivos e o esporte ajude a mudar o homem e o mundo para melhor.

OS VALORES INTRÍNSECOS DO ESPORTE

Se pararmos para pensar sobre os valores humanos envolvidos na prática esportiva,podemos identificar sem titubear, vários aspectos positivos. Dentre estes, ospertinentes à formação do indivíduo, os educativos e culturais; os pertinentes à saúdee ao condicionamento físico; os pertinentes à formação do caráter e da personalidade(psicológicos e sociais); além de outros tão significativos quanto estes, mas de maioramplitude – universais, tais como a fraternidade, a promoção da paz e elevação doespírito humano – individualmente e da humanidade como um todo.

Enquanto praticamos o esporte, condicionamos o nosso corpo, a nossa mente e onosso espírito também, buscando forças e harmonia para realizarmos a atividade esuperarmos os nossos próprios limites; atendemos a regras e nos colocamos frente afrente com o inesperado, aceitamos os desafios da competição – do ganhar ou perder(mas sempre procurando apreender com ambos), buscamos essa superação doslimites (físicos e psicológicos), nos deparamos com descobertas – enquanto opraticamos e vivenciamos outras realidades - em outros lugares e com outraspessoas. Também nos condicionamos aos valores da solidariedade, da amizade, docompanheirismo, enquanto participamos de equipes, de clubes, de competições econvivendo com pessoas e culturas diferentes durante longos períodos, em nome doesporte.

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O esporte é pedagógico, é uma forma de educação que trabalha corpo e a mente;ajuda no processo do crescimento individual, da descoberta, da superação e deconscientização do indivíduo, ajuda a fortalecer a identidade do desportista, enquantomexe com a auto-estima (que é baixa no início do processo e quando o educando éoriundo de comunidades carentes e que vai do conflito à superação); ajuda aexercitar o protagonismo juvenil, enquanto faz o jovem ter atitudes e ser sujeito daconstrução da sua própria história.

O esporte ajuda na formação da consciência social do desportista e pode orientar paraa correta intervenção na sua realidade - da percepção à ação até a participação social- e influenciar positivamente a outros jovens e as demais forças da comunidade.

Outros e variados aspectos positivos do esporte também podem ser ponderados. Oseventos esportivos, por exemplo, representam e são muito mais do que simplescompetições. Congregam pessoas, entidades, governos, comunidades para em nomedo esporte, elevar o espírito humano, aproximar povos, confraternizar e fazervivenciar momentos ímpares em que o homem, ele mesmo, só ou coletivamente,busca a superação, o equilíbrio, a perfeição - que nos ajudam enfim, a fazer umaaproximação da imagem e semelhança com que fomos criados.

O jogo, a competição é o momento de colocar o corpo, a mente e o espírito numaconjugação de esforços pela vitória, o que traz em si a mensagem da superação e daelevação do homem a um estágio superior ao que ele era antes do evento.

Para aquele que compete, entender o processo da formação atlética, do ato de jogar eda competição e, incorporar esses valores, será tão fundamental como são as regrasque deve conhecer e se ater ou o equipamento necessário para a prática esportiva.Tudo isso deve ser compreendido por completo pelo atleta que compete e joga, apartir de uma bagagem que envolve um conjunto de elementos, dos quais fazemparte a sua formação atlética e as suas próprias experiências.

Para o atleta com “A” maiúsculo, some-se a esse entendimento, o perfeito domíniotécnico da modalidade esportiva a qual se dedica, o condicionamento físico adequadoe constante, a educação e o preparo psicológico para a prática atlética, a suaparticipação social (na família, na escola, na igreja, com as amizades e com outrosgrupos sociais), some-se ainda, uma correta alimentação, o acompanhamento porprofissionais das diversas áreas do conhecimento humano (educação física, psicologia,medicina, nutrição, fisioterapia – dentre outros) durante a sua evolução esportiva enas respectivas fases do desenvolvimento humano. Estes é que são os pressupostosbásicos do Atleta (com “A” maiúsculo) e para a correta prática da atividade atlética, oque podemos chamar de “formação atlética integral”.

O atleta, para ser um verdadeiro Atleta, necessita desta “formação integral” (sem queseja esquecido nenhum destes elementos), a qual possa lhe oferecer estescomponentes numa combinação e formulação específicas para cada modalidadeesportiva e para que o esporte como atividade humana possa atingir os seus maioresbenefícios e assim ajudar a mudar o mundo para melhor - para ser mais igualitário,mais ético, mais justo e numa linha indutora da paz.

Estado, sociedade, entidades e indivíduos devem promover e oferecer a oportunidadeda formação esportiva como uma atividade elementar e como parte dos princípios e

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O ESPORTE É PARA A PAZ E NÃO PARA A GUERRA

Os jogos, desde os tempos gregos até os atuais, representam o momento do embate,do confronto em que todos participam desarmados daquele espírito que tem orientadoa humanidade durante o seu processo civilizatório – numa perspectiva de caos –guiado pela economia e pela irracional forma de avançar, consumindo e destruindocom os recursos naturais, oprimindo povos em estágio de evolução mais atrasadosnuma disputa por mais poder, por mais ter (em vez de mais ser); envolvendo-se emconflitos, disputas e em guerras sem qualquer fundamentação lógica.

O esporte tem o poder de mudar o mundo. Tem o poder para unir as pessoas numasó direção, conforme afirmou o líder sul-africano Nelson Mandela.

Indubitavelmente o esporte é para a paz, para a elevação dos valores humanos e eletem esse poder intrínseco de unir as pessoas numa só direção, conforme afirmouMandela.

Prova incontestável disso são os Jogos Olímpicos, os Jogos Pan-americanos – dentretantos outros promovidos pelo sistema olímpico, que congregam nações e povos nalinha da paz.

E, poucas atividades humanas têm esse poder de unir as pessoas em uma só direçãoe harmonizar o mundo.

O grande e positivo paradoxo, o qual causou perplexidade ao mundo, foi observarnum mesmo momento em que a humanidade conjugava esforços para a promoção dapaz nos Jogos Olímpicos, as guerras, os litígios e as invasões - como a do Iraque -ocorriam simultaneamente no mundo (e foram mostrados concomitantemente pelosmeios de comunicação de massa), enquanto que na Grécia, durante os jogos, omundo todo se manifestava no sentido oposto, com o espírito vivo da paz ecelebrando a vida através dos esportes, pregando a solidariedade, o intercâmbiosociocultural a confraternização e a elevação do espírito humano apaziguado e norumo da harmonia.

Se o esporte é para a paz e não para a guerra e se o poder do esporte para a suapromoção existe, o espírito humano de todos os envolvidos – atletas, profissionais,dirigentes, arbitragem, torcidas, representantes de entidades desportivas, degovernos e dos organismos internacionais, devem estar também “desarmadosespiritualmente” e o desarmamento tem três caminhos, sendo dois bons: o daconsciência e o da educação e um necessário: o da repressão e da punição.

Aqueles que promovem o litígio, o conflito e a guerra nos esportes, sejam eles osmaus atletas (por falta de ética, doping, agressões – muito comum no futebol) ou osmaus árbitros (por corrupção, despreparo ou mau caratismo mesmo); sejam eles osmaus dirigentes de clubes e instituições esportivas ou os maus governantes (que malversam os recursos públicos, que não estabelecem as políticas corretas e secorrompem); sejam eles os integrantes das torcidas organizadas, que se degladeiame promovem a balbúrdia nos estádios ou sejam eles os próprios profissionaisenvolvidos que se locupletam dos recursos e não seguem os princípios da ética

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esportiva ou ainda, aqueles que promovem um verdadeiro mercado de seres humanosguiando e impedindo a ascensão profissional do atleta. *²

Estes devem ser moralmente e criminalmente punidos, além de catalogados numbanco de dados para acesso ao conhecimento público, impedindo a continuação dassuas ações contrárias à paz e a boa prática do esporte.

Enquanto esta não for a diretriz e estes não forem os princípios a serem seguidos naprática esportiva, infelizmente continuaremos a ver atletas se agredirem pela vitória,as torcidas travarem guerras, os árbitros se corromperem, os clubes e osatravessadores (conhecidos como “empresários”) continuarem a se mantereconomicamente pelo “comercio de seres humanos”, os governos mal versarem osrecursos designados para o esporte (que acabam é financiando os meios decomunicação do esporte espetáculo) e a cultura de paz cada vez mais se afastar dosseus objetivos universais.

E, neste contexto, todos temos um papel relevante a desenvolver: governo eorganismos internacionais estabelecendo os princípios, as estratégias e as diretrizesde uma correta política de ação, os profícuos projetos e os programas de incentivo atodas as iniciativas e práticas esportivas; sociedade e suas organizações, indicando asnecessidades, mobilizando as comunidades, as pessoas, os atletas, os educadores, osprofissionais das diversas especialidades e áreas do conhecimento envolvidos com oesporte, para traçarem juntos com os governos e organizações nacionais einternacionais as corretas políticas públicas e privadas, a formulação e a eleição dosprojetos e programas e, para ajudar na execução dos mesmos.

Ajudando nesse processo, os meios de comunicação e os comunicadores, que têm deser mais críticos e comprometidos com o esporte e menos com o espetáculoesportivo, que não consegue abarcar todos os valores do esporte.

E, só assim, com a participação cidadã, das organizações da sociedade civil, dosorganismos nacionais e internacionais, dos governos, dos atletas e dos profissionaisenvolvidos e comprometidos com o esporte, seguindo os princípios, as estratégias eas corretas políticas, desarmando e punindo os antiéticos e os trogloditas, o esportepoderá ser para a paz.___________________________________________________

*¹ Fernando Zornitta – Doutorando pela Universidade de Barcelona, com Especialização em Lazer eRecreação da Escola Superior de Educação Física da UFRGS em Porto Alegre, Especialização em Turismo (pelo Centrode Treinamento da OMT/ONU Para a Europa - SIST Roma/Itália); Estágio de Aperfeiçoamento em PlanejamentoTurístico (Laboratório de Geografia Econômica da Universidade de Messina - Messina/Itália), diplomado em Arquiteturae Urbanismo; com cursos da OMT em Roma de Sub-especialização em Marketing Turístico em Sub-especialização emRelações Públicas e Publicidade para o Turismo e Sub-especialização em Técnica de Organização de Congressos. ÉTécnico de Realização Audiovisual, Instituto Dragão do Mar (Fortaleza-CE). Foi professor (Marketing Turístico II eElementos de Ciência do Meio Ambiente em Curso Universitário de Turismo e em cursos de extensão). Co-idealizador,fundador e participante do Movimento GREEN WAVE, da APOLO - Associação de Cinema e Vídeo e da UNISPORTS -Esportes, Lazer e Cidadania.

� E-mails: [email protected] / [email protected] / zornitta _ [email protected]

*² Prática comum no Brasil e motivo de projeto de pesquisa com o título QUEM É QUEM NO FUTEBOLBRASILEIRO, do mesmo autor deste artigo, através da ong UNISPORTS - Esportes, Lazer e Cidadania quepersonificará os diversos atores envolvidos na modalidade esportiva do futebol, desde o atleta, aos profissionaisaté identificar os "parasitas" que vivem do esforço da atividade do atleta intermediando negócios e contaminandoo esporte.

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Os conceitos apresentados no texto O ESPORTE É PARA A PAZ são de inteira responsabilidade do autor. Ficaautorizada a reprodução total ou parcial do texto para fins didáticos e/ou par publicação em quaisquer veículos, desdeque sempre citada a fonte e citada a autoria do mesmo

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