O essencial f. pessoa e heterónimos
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FERNANDO PESSOA (ortónimo)
O ESSENCIAL
Contexto
. O modernismo – movimento estético de vanguarda que congrega em Lisboa os
nomes de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, entre outros, e que,
procurando a ruptura com os valores vigentes, apregoa a liberdade criadora e a
originalidade artística. Integram este movimento diversas experiências de vanguarda:
futurismo, cubismo, impressionismo, dadaísmo, expressionismo, interseccionismo,
paulismo, sensacionismo, …
Temáticas
. A saudade de um tempo perdido que equivale ao tempo em que o poeta sonha ter
sido feliz;
. A dor de pensar provocada pela intelectualização dos sentimentos;
. O fingimento artístico como expressão da arte poética;
. A fragmentação do ‘eu’ e a heteronímia;
. Dicotomias:
sinceridade/fingimento;
consciência/inconsciência;
sentir/pensar.
Linguagem e estilo
. Preferência pela métrica curta e popular;
. Utilização de linguagem simples, mas carregada de expressividade
. Uso de metáforas originais e inesperadas;
. Recurso frequente ao paradoxo;
. Recurso a interrogações e reticências;
. Recurso frequente a adjectivos, comparações, metáforas e imagens para traduzir
sensações ou reflexões;
. Início dos poemas com afirmações (tese que desenvolve ao longo do poema);
. Presença de aliterações, onomatopeias e rima.
Alberto Caeiro – O “Mestre” dos outros
O ESSENCIAL
Temáticas
. Poeta da Natureza, ama-a e procura viver de acordo com ela, com a sua
simplicidade e paz;
. Poeta das sensações, do real e da objectividade de acordo com o que as sensações
lhe oferecem;
. Interpreta o mundo a partir dos sentidos e das sensações;
. Capta apenas o que as sensações lhe oferecem na realidade imediata;
. Pensa vendo e ouvindo, porque ver é conhecer e compreender;
. Recusa de qualquer pensamento metafísico, porque “pensar é não compreender”.
Linguagem e estilo
. Uso do verso livre e da métrica irregular;
. Recurso a linguagem simples e familiar;
. Utilização lógica da pontuação;
. Utilização de frases simples, com predomínio da coordenação e do presente do
indicativo o que reforça a ausência do pensamento racional;
. Nos seus poemas, há uma certa pobreza lexical e poucos recursos estilísticos;
. Uso de adjectivos concretos e objectivos;
. Recurso a versos longos e ritmo lento;
. Predomínio da sensação visual, símbolo do Sensacionismo;
. Eleição do verso como modo de escrita, porque o considera o mais directo e
comunicacional dos modos de utilização da linguagem.
Ricardo Reis
O ESSENCIAL
Temáticas
. Discípulo de Alberto Caeiro, procura alcançar a quietude e a paz através do
fascínio pela natureza onde tenta encontrar a felicidade (relativa);
. Faz a apologia da civilização grega, encarando a Grécia como a pátria de onde
se considera exilado;
. Proclama-se neopagão, apregoando a sua da crença nos deuses e no fatum
(destino), que está acima deles e que os comanda;
. Epicurista (na busca dos prazeres moderados, na fuga à dor e na defesa da ataraxia,
que não é mais do que a busca da felicidade com tranquilidade) e estóico (na
aceitação calma e serena da ordem das coisas e do destino, na autodisciplina e na
abdicação);
. Versa o tema horaciano do carpe diem, isto é, do aproveitar o momento presente, o
prazer de cada instante;
. Utiliza, com frequência, um tom moralista, convidando à aceitação calma da
ordem das coisas.
Linguagem e estilo
. Utilização um estilo laboriosamente construído, de uma linguagem erudita e
alatinada no vocabulário e na sintaxe;
. Recurso às frases subordinadas;
. Uso do hipérbato, da metáfora, do eufemismo e da comparação;
. Recurso ao gerúndio e ao imperativo (ou conjuntivo com valor de imperativo) com
carácter exortativo, ao serviço do tom sentencioso e do carácter moralista da sua
poesia;
. Utilização da ode, ao estilo de Horácio.
Álvaro de Campos
O ESSENCIALTemáticasNa segunda fase*, a da Vanguarda e do sensacionismo, faz a apologia:
. da destruição dos valores do passado, em favor de uma arte voltada para o futuro
. de uma estética baseada na força e na emotividade individual;
. da violência e do excesso;
. da civilização industrial, da velocidade e do automóvel (“ Um automóvel e corrida
é mais belo do que a Vitória de Samotrácia”);
. da destruição total da tradição, nomeadamente dos simbolistas, dos
impressionistas, dos naturalistas e de tudo o que representasse o passadismo e qualquer
sentimentalismo.
Na terceira fase*, a da abulia e do tédio, Campos evidencia nos seus poemas:
. tédio, náusea, cansaço, angústia e melancolia;
. estranheza e perplexidade;
. frustração e perplexidade;
. uma grande proximidade com Pessoa ortónimo no cepticismo, na dor de pensar,
nas saudades da infância ou de qualquer coisa irreal.
Linguagem e estilo
. Adopção de uma escrita esfuziante e torrencial; Uso de versos longos, irregulares e soltos;. Criação de propositadas dissonâncias (versos desarmoniosos), porque a métrica e a rima são sempre gaiolas: «Como se pode sentir nestas gaiolas?»;. Recurso frequente a anáforas, interjeições, exclamações, apóstrofes, onomatopeias, aliterações, oxímoros, encavalgamentos e enumerações;. Uso do ritmo rápido, com alterações rítmicas;. Utilização do infinitivo.