O exemplo vem de cima? A importância do comprometimento ... · Caso contrário, como poderíamos...

2
1 O exemplo vem de cima? A importância do comprometimento da alta administração para iniciativas de Compliance Por Yaniv Chor* Atravessamos uma das maiores crises éticas da história do Brasil. Acompanhamos, diariamente, infindáveis casos de corrupção envolvendo altos escalões do governo e de grandes empresários de diversos setores da economia. Nesse mesmo ambiente de “incertezas éticas” nacionais, a Lei 12.846/13, lei anticorrupção brasileira, e seus decretos regulamentadores, exige que o exemplo do exercício de atitudes éticas e transparentes venha do topo da organização. O que pode parecer contraditório, mas não é. Se observarmos o ambiente ao nosso redor, perceberemos que, para certas decisões, o microambiente influencia mais que o macro ambiente. Com a ética funciona exatamente assim. Caso contrário, como poderíamos explicar um jovem que cresce em um ambiente corrompido pelo tráfico de drogas optar por estudar para se desenvolver e se capacitar profissionalmente, ao invés de se envolver com o crime? A resposta para isso passa, entre outras coisas, pela educação que o jovem recebe em casa, onde aprende a discernir o certo do errado. Ou seja, neste caso, o microambiente familiar sobrepõe o macro ambiente do tráfico de drogas. Se aplicarmos essa teoria para o ambiente corporativo, é isso que se espera das empresas no relacionamento com agentes públicos e agentes privados, mesmo com um ambiente político cercado de escândalos de corrupção. Isto é, espera-se que o microambiente corporativo, pautado pela ética e transparência, influencie positivamente o ambiente político e econômico do país. E para que isso dê certo, a máxima que “o exemplo vem de cima” é fundamental. A alta gestão das empresas deve estar envolvida nas ações de compliance, mostrando para todos os funcionários que o compliance faz parte da estratégia de crescimento e, muitas vezes, de sobrevivência (como algumas empresas envolvidas em escândalos recentes têm afirmado). Em meados de 2007, um empresa norte-americana do setor de tecnologia lançou um novo Código de Ética para negócios e relações trabalhistas após um escândalo de espionagem industrial envolvendo a então presidente e outros executivos. No entanto, em 2010, foi descoberto que o novo presidente da empresa havia falsificado relatórios de despesas para esconder um relacionamento com uma funcionária. O que era um caso de assédio sexual derrubou as ações da empresa em 8%, uma vez que o mercado deixou de confiar em uma empresa cujo presidente age dessa forma. Havia incertezas sobre a administração da empresa: e se a empresa escolheu as pessoas erradas? Se o líder da empresa se comporta desta forma, o que esperar de seus liderados? Cabe aos líderes das empresas garantir o tom de compliance corporativo que será adotado. Esses devem participar de treinamentos, orientar seus funcionários no dia a dia no que diz respeito às normas a serem seguidas, incentivar o uso de canais corporativos para a comunicação de condutas diferentes do esperado pela empresa. Principalmente, não podem tolerar que atitudes antiéticas sejam tomadas em nome da empresa, no relacionamento com setor público, privado ou social. Se o exemplo a ser seguido dentro das empresas for bom, podemos projetar uma melhoria no cenário econômico e social do país. Caso contrário, teremos que nos acostumar com as tristes notícias que testemunhamos hoje em dia.

Transcript of O exemplo vem de cima? A importância do comprometimento ... · Caso contrário, como poderíamos...

1

O exemplo vem de cima? A importância do comprometimento da alta administração para iniciativas de Compliance Por Yaniv Chor*

Atravessamos uma das maiores crises éticas da história do Brasil. Acompanhamos, diariamente, infindáveis casos de corrupção envolvendo altos escalões do governo e de grandes empresários de diversos setores da economia. Nesse mesmo ambiente de “incertezas éticas” nacionais, a Lei 12.846/13, lei anticorrupção brasileira, e seus decretos regulamentadores, exige que o exemplo do exercício de atitudes éticas e transparentes venha do topo da organização. O que pode parecer contraditório, mas não é.

Se observarmos o ambiente ao nosso redor, perceberemos que, para certas decisões, o microambiente influencia mais que o macro ambiente. Com a ética funciona exatamente assim. Caso contrário, como poderíamos explicar um jovem quecresce em um ambiente corrompido pelo tráfico de drogas optar por estudar para se desenvolver e se capacitarprofissionalmente, ao invés de se envolver com o crime? A resposta para isso passa, entre outras coisas, pela educação queo jovem recebe em casa, onde aprende a discernir o certo do errado. Ou seja, neste caso, o microambiente familiarsobrepõe o macro ambiente do tráfico de drogas.

Se aplicarmos essa teoria para o ambiente corporativo, é isso que se espera das empresas no relacionamento com agentes públicos e agentes privados, mesmo com um ambiente político cercado de escândalos de corrupção. Isto é, espera-se que o microambiente corporativo, pautado pela ética e transparência, influencie positivamente o ambiente político e econômico do país.

E para que isso dê certo, a máxima que “o exemplo vem de cima” é fundamental. A alta gestão das empresas deve estar envolvida nas ações de compliance, mostrando para todos os funcionários que o compliance faz parte da estratégia de crescimento e, muitas vezes, de sobrevivência (como algumas empresas envolvidas em escândalos recentes têm afirmado).

Em meados de 2007, um empresa norte-americana do setor de tecnologia lançou um novo Código de Ética para negócios e relações trabalhistas após um escândalo de espionagem industrial envolvendo a então presidente e outros executivos. No entanto, em 2010, foi descoberto que o novo presidente da empresa havia falsificado relatórios de despesas para esconder um relacionamento com uma funcionária. O que era um caso de assédio sexual derrubou as ações da empresa em 8%, uma vez que o mercado deixou de confiar em uma empresa cujo presidente age dessa forma. Havia incertezas sobre a administração da empresa: e se a empresa escolheu as pessoas erradas? Se o líder da empresa se comporta desta forma, o que esperar de seus liderados?

Cabe aos líderes das empresas garantir o tom de compliance corporativo que será adotado. Esses devem participar de treinamentos, orientar seus funcionários no dia a dia no que diz respeito às normas a serem seguidas, incentivar o uso de canais corporativos para a comunicação de condutas diferentes do esperado pela empresa. Principalmente, não podem tolerar que atitudes antiéticas sejam tomadas em nome da empresa, no relacionamento com setor público, privado ou social.

Se o exemplo a ser seguido dentro das empresas for bom, podemos projetar uma melhoria no cenário econômico e social do país. Caso contrário, teremos que nos acostumar com as tristes notícias que testemunhamos hoje em dia.

Desafios, oportunidades e tendências da auditoria interna no momento atual

Mais do que nunca, o valor agregado da Auditoria Interna, Controles Internos e Riscos deve ser comprovado, pois trata-se de atividades de suporte que estão sendo postas à prova. Deve-se ter bastante cautela para não tomar decisões a partir de uma visão míope, focada apenas nos ganhos financeiros diretos, mas deve-se também considerar as atividades de gestão de riscos como um todo conforme demonstramos no quadro a seguir:

2

Yaniv Chor Líder da prática de Compliance [email protected]

Yaniv Chor é gerente da ICTS Protiviti, empresa de consultoria e serviços em gestão de riscos, compliance, governança corporativa, operações, tecnologia, finanças e auditoria interna.

A ICTS Protiviti tem ampliado sua atuação no mercado brasileiro e é resultante da associação da ICTS com a operação da Protiviti no Brasil, tornando-se firma membro da rede Protiviti e formando hoje a empresa com maior portfólio de gestão integrada de riscos do país.

Para saber mais www.icts.com.br

Informações à imprensa Nathallia Rodrigues [email protected] (11) 2198 4200

Fabiana Leal [email protected] (11) 3717 4200