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IV Encontro Nacional de Estudos da Imagem I Encontro Internacional de Estudos da Imagem
07 a 10 de maio de 2013 – Londrina-PR
1965
O feminino na publicidade de cosmético às vésperas da 2a. Guerra Mundial
em Alsácia
Mara Rúbia Sant’Anna1
Resumo:
A partir da pesquisa historiográfica das páginas do jornal Dernière Nouvelles d'Alsace
(DNA), publicadas entre 1937 a 1939, foi constituído um corpus documental de centenas de
anúncios de produtos cosméticos destinados ao público feminino. Tais anúncios produzem um
discurso visual e textual a respeito do feminino, cuja leitura dialoga com a noção de feminino
e da beleza que cada país construiu. Marcas alemãs como Nívea, ao lado das norte-americanas
LUX e Pond's ocupavam as páginas analisadas, disputando o público feminino com as marcas
francesas, como a Cadum. Um estudo comparativo dos discursos propostos por essas marcas
ao longo dos três anos que antecederam a 2a. Guerra mundial é o conteúdo dessa
comunicação. As análises evidenciaram alguns aspectos interessantes, como a predominância
de anúncios de produtos internacionais mesmo num período em que a política Francesa
propunha a exaltação dos valores nacionais e se constituía como uma nação de mulheres
elegantes e belas; também ficou evidenciado que as proposições de feminino pelas diferentes
marcas relacionavam-se aos valores e papéis atribuídos às mulheres nas diferentes culturas.
Palavras- Chave (3): feminino, publicidade, cosmética
Résumé
De la recherche historique des pages du journal Derniere Nouvelles d'Alsace (DNA), publiés
entre 1937 à 1939 a été constitué un corpus documentaire de centaines de publicités des
produits cosmétiques destinés à un public féminin. Ces annonces ont un discours visuel et
textuel sur la femme, dont la lecture met en qustion la notion de la féminité et de la beauté
que chaque pays a construit. Marques allemandes telles que Nivea, aux côtés des nord-
1 Professora Efetiva da Universidade do Estado de Santa Catarina. Doutora em História pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e EHESS (2005). Pós-doutorado à Université de Strasbourg (Marc Bloch), 2011.
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américaines commet LUX et Pond occupaient les pages analysées,au même temps que les
marques françaises telles que Cadum, envisageant le public féminin. L’ étude comparative
du discours offert par ces marques au cours des trois années précédant la Seconde Guerre
mondiale est le contenu de cette communication. L'analyse a révélé quelques aspects
intéressants, tels que la prédominance des annonces de produits internationaux, même dans
une période où la politique Française exaltatait les valeurs nationales et se proposée comme
une nation de femmes élégantes et belles. Il est évident que les propositions de femenilité
présentées par différentes marques étaient liées aux valeurs et aux rôles attribués aux femmes
dans les différentes cultures
Mots-clés : féminin ; publicité, cosméthique
O estudo da publicidade de cosmético é presente na minha produção historiográfica há
cinco anos e alguns artigos já foram publicados sobre o tema. Nesse texto destinado aos Anais
do IV ENEIMAGEM se introduz brevemente os resultados da pesquisa ora anunciada, sendo
que em 2014 material mais completo e consistente será publicado pela Universidade do
Estado de Santa Catarina.
Nesse texto se deixará de lado questões relativas aos fundamentos teóricos e
metodológicos pertinentes à pesquisa e se dará maior ênfase ao corpus documental,
permitindo assim que outros pesquisadores possam ter acesso às fontes que se constituiram no
ponto de partida das conclusões ligeramente apontadas.
Apenas com o intuito de localizar o leitor, metodologicamente, destaca-se a
importância e centralidade da imagem nas análises feitas, pois diferente de vários trabalhos
que exploram exclusivamente os textos escritos para analisar a linguagem publicitária2, esse
trabalho concentrou-se na composição das imagens e nos modelos de feminino construídos
nos anúncios estudados. As ferramentas de análise da imagem se pautaram no trabalho de
Sophie Cassagnes (1996) e Martine Joly (1996) e os pressupostos de ordem teórica, em
Haskell (1995). O recorte temporal e a seleção do periódico devem-se às discussões
desenvolvidas ao longo da realização do pós-doutoramento na Université de Strasbourg. Os
anúncios foram coletados no setor de Obras Raras da Biblioteca André Malraux, durante o
2 Como PALACIOS, 2006.
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ano de 2010 e 2011, consultando todos os números publicados entre 1937 a 1939 pelo jornal
local de maior repercussão regional e ainda existente. O Dernière Nouvelles d’Alsace é um
jornal que apóia a cultural local, difundido práticas culturais reconhecidas como alsacianas e
atribuindo-se a missão de zelar pela identidade local, fortalecendo os debates políticos,
econômicos e regionais do 67º. e 68º. Departamentos franceses .
Diversos são os autores franceses que debatem o que é chamado “o drama da
consciência alsaciana” (MEYER, 2008), resultante das diversas anexações alemãs da região
francesa que faz fronteira com a Alemanha. Esse contexto político e ideológico constitui um
pano de fundo impar para a análise dos anúncios publicados num jornal local, às vésperas da
2ª. Guerra Mundial, num momento em que a identidade com a cultura francesa, mais uma vez,
se via ameaçada. Os anúncios, centrados num produto que fala diretamente com o público
feminino, foram analisados tendo em vista o pressuposto que mesmo sem ser expressa, havia
na sociedade que os lia uma necessidade de distensão diante das ameaças de uma nova culpa,
um novo drama e de uma situação bastante especial e única de viver numa região em que
sendo fronteira não era passagem, mas incerteza.
O corpus documental é constituído de 90 marcas anunciadas para 1937; 61 para o ano
de 1938 e 38 para o ano de 1939, sendo que nesse ano a última edição do jornal ocorreu em
03 de setembro devido à invasão da Polônia pela Alemanha Hitleriana e o processo de
evacuação da área de fronteira, especialmente, da população de origem judaica. Já sob o
domínio do III Reich o jornal reapareceu com o título em alemão, em julho de 1940.
Dentre as 3 marcas estrangeiras e a Cadum, francesa, selecionadas para essa análise
encontram-se as seguintes quantidades de anúncios por ano:
Marca 1937 1938 1939
Nívea – Alemã 1 0 0
Lux – USA 21 9 10
Pond’s – USA 13 4 0
Cadum – Francesa 14 6 4
Tabela 1: Quantificação, por ano e marca, dos anúncios selecionados para essa discussão Fonte: Autora, 2011
Os dados evidenciam que a marca Lux predominava, com seus diferentes produtos
cosméticos e mesmo de higiene, como o sabão destinado a lavação de peças do vestuário mais
delicadas. Em segundo lugar encontram-se os anúncios da marca Cadum, cujos produtos mais
vendidos eram o sabonete e o talco para bebês. Todavia, justifica-se a presença de Pond’s e
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Nívea nessa amostragem devido à força que essas empresas já possuíam no mercado da
cosmetologia nessa época.
Mesmo com diversas iniciativas ainda no século XIX, será o século XX o momento
em que as grandes marcas de cosméticos surgiram e instauraram um novo processo de
constituição dos padrões de beleza, conectadas aos apelos publicitários. Theron T. Pond,
farmacêutico da cidade de New York que, em 1846, a partir de um extrato natural a base de
hamamélis e álcool, criou o Pond’s Golden Treasure. Em 1873 foi aberto o 1º. Escritório
comercial da empresa e dado início a uma campanha publicitária que marcaria época na
história norte-americana do consumo, por ser considerada o primeiro anúncio voltado à pele.
Cinco anos mais tarde a empresa inaugurou, em Londres, sua primeira sucursal internacional.
Ao completar 40 anos de existência, ao final do século XIX, o produto foi relançado com o
nome Pond’s Extract, que, todavia, esperou até 1907 para se tornar um creme estável,
dispensando a refrigeração. A partir de 1919, a empresa se focou na produção em larga escala
e passou a atender um público mais vasto com dois cremes básicos, o “S”, de uso diário e
hidratante e o “C” para a limpeza profunda. Acompanhando-os nessa expansão encontrava-se
Helena Rubinstein, polonesa, nascida em 1870; Elizabeth Arden, canadense nascida em 1878;
Max Factor, outro polonês, nascido em 1877. Todos começaram a revolucionar o setor com
seus produtos, embalagens e especialmente publicidades. Da mesma forma, o Creme Nívea,
criado por Oskar Troplowits, Isaac Lifschutz e Paul Unna em 1911, feito a partir da eucerina,
pela Beiersdorf em Hamburgo, traçou a mais alta tecnologia e versatilidade ao mundo da
cosmética ao apresentar um produto que era estável e era comercializado em pequenas latas
azuis, com estampas ao estilo art-nouveau.
Lux de fato não se trata de uma marca, mas da denominação de um produto da
empresa Unilever, atualmente o maior conglomerado de empresas voltadas para alimentação,
limpeza, higiene e cosmética do mundo, detentora dos produtos Gessy e Pond’s, entre outros.
O sabonete famoso “entre as estrelas” foi lançado em 1924 pela Lever Brothers no mercado
norte-americano e gradativamente foi conquistando o mundo. No Brasil foi denominado
Lever até 1963, na Europa também era comercializado como Sunlight. Com diferentes
estratégias o produto se firmou no mercado mundial por suas campanhas publicitárias que
contavam com o depoimento de mulheres famosas, como as artistas do cinema hollydiano,
que atestavam a excelência de sua fórmula embelezadora.
A marca francesa Cadum, bem conhecida entre mamães e crianças francesas ainda
hoje, parece inexistente para latino-americanos. Porém, ela em um século de existência e
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pelas incorporações ocorridas é a mais forte concorrente da Unilever, se apresentando no
Brasil como a Colgate. A história começa em 1907, com um negociante americano que
conhece em Paris um ungüento tido como milagroso. Como dirigente da empresa Omega
Chemical Company, Michael Winburn convida o farmacêutico Louis Nathan para produzir o
remédio que erradicava eczemas feita à base de óleo de Cade, de onde se origina o nome. O
sabonete aparece em 1912, com um preço bastante atrativo, seguido de forte campanha
publicitária e se apropriando dos discursos higienistas da década. Nesse momento um bebê
fofinho e cheiroso é associado à marca e permanece até hoje. Logo, shampoo e cremes foram
lançados pela marca e o sucesso culmina em 1930, tendo o controle da metade do mercado de
produtos de higiene corporal, desbancando a marca francesa Savon de Marseille que passou a
ficar restrita à limpeza de roupas. Em 1952, a marca é fundida na sociedade Palmolive France
e a partir de 1964 se chamou Colgate-Palmolive e, recentemente, em 2012, a marca foi
comprada pela L’Oréal.
A despeito dessa história interessante que mostra em seu desenrolar como a indústria
cosmética mundial desenvolveu-se sob a égide de pungente capitalismo, o que importa
discutir são as mensagens que os anúncios dessas diferentes marcas propunham para a difusão
numa região em discussão de sua identidade cultural, alimentando em seu bojo as
possibilidades de ser uma mulher francesa e ao mesmo tempo mundial.
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Em 1937, ainda mais distante das tensões que
surgiriam em breve devido à ameaça do conflito mundial, a
abundância de anúncios permite uma análise a partir de oito
imagens selecionadas. Em três anúncios de Lux, publicados
em diferentes meses o que se observa é uma estrutura
enunciativa que estabelece nítida relação com o cinema.
Observa-se a presença de dois
ou mais personagens,
desenhados a partir de
fotografias, que estabelecem
um diálogo, elucidando as
qualidades do sabonete. Em todos o que está à venda é o
produto destinado ao cuidado com a roupa, especialmente a
lingerie. No diálogo transcrito as mulheres falam dos benefícios
do produto na conservação de têxteis delicados, mas, sobretudo
em vantagens de ordem emocional que a qualidade do produto
poderia atribuir a sua consumidora. São expressamente
mulheres dona-de-casa, como duas vizinhas ou amigas que partilham seus saberes sobre os
afazeres domésticos. O último dentre os publicados em 1937, relata
o diálogo de uma jovem com uma vendedora e após dela com sua
mãe. Inicialmente, no contexto da prova de um vestido, a
vendedora recomenda o uso de LUX e, no último quadro, a filha
relata os benefícios a sua mãe. As imagens sugerem uma moça
solteira e jovial, bela e elegante, que realiza suas compras sozinhas,
está bem posicionada socialmente e satisfeita após o uso do
produto. Como chapéu no último quadro parece usar um modelo de
Elsa Schiaparelli, denotando sua modernidade e atenção à moda.
Para um anúncio circulado num jornal cotidiano de uma região
apegada às suas tradições locais, esse personagem pouco
correspondia à realidade das leitoras.
Figura 2: LUX, 05 fev. 1937. Fonte: DNA,
fotografia autora
Figura 1: LUX, 15 jan. 1937. Fonte:
DNA, fotografia autora
Figura 3: LUX, 26 jun. 1937.
Fonte: DNA, fotografia autora
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A outra marca norte-americana, a Pond’s trazia, nesse mesmo ano, vários anúncios num
padrão que a LUX, mais tarde consagraria. Firmando-se na
opinião de uma star. O produto era recomendado por suas
qualidades de embelezamento e proteção à pele. No primeiro
Marie Glory faz uma dedicatória. Com olhar maroto e
sorriso singelo, a atriz olha o leitor de maneira simpática.
Suas formas arredondadas enquadradas numa moldura art-
decô dão um ar moderno e a coloca como um modelo de
beleza feminina. O segundo,
igualmente traz uma estrela,
porém de maiô, com braços e
pernas à mostra de uma
maneira ainda considerada bastante ousada. O texto se dirige
àquelas que iriam aproveitar a estação balneária e se colocar ao
vento e ao sol do verão. Enquadrada na mesma moldura art-
decô, a jovem expressa descontração em sua pose e sorriso,
convidando as leitoras a hábitos de consumo pouco arraigados
numa região sem litoral próximo. A vestimenta, a atitude e as
proposições de consumo se colocam exógenas a uma população
de leitores que pelo mesmo periódico é convidado a apreciar um casamento feito nos moldes
tradicionais numa cidade vizinha à Strasbourg.
Focando num outro público, Cadum e Nívea
aparecem em 1937 com anúncios centrados na
família. Nada de estrelas ou jovens independentes.
Num desses, Cadum se firma na notoriedade de um
apresentador de rádio e relata a desilusão de um
casal devida à ausência de uma pele bonita da
esposa. A partir do anúncio dado numa transmissão
radiofônica a esposa passa a usar o produto e em
breve procura o locutor na Rádio para agradecer os
momentos de felicidade conjugal que adquiriu após
o uso de Cadum. No texto que acompanha a tira publicitária é, ainda, destacado o valor
Figura 4: POND’S, 15 jan. 1937. Fonte:
DNA, fotografia autora
Figura 5:POND’S, 25 fev. 1937.
Fonte: DNA, fotografia autora
Figura 6: CADUM, 22 mar. 1937. Fonte: DNA,
fotografia autora
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atrativo do produto, o que fica reforçado na faixa escura na base do anúncio que diz ser
preciso apenas um centavo por dia para se ter a pele perfeita.
Num outro a mesma estrutura gráfica, relata
igualmente a felicidade conquistada pela mulher
que usando o sabonete recupera a admiração do seu
amor. Num primeiro quadro aparece uma cena de
praia, onde dois homens comentam a pele sem
brilho da jovem, no segundo ela lamentando o
ocorrido para uma amiga e o terceiro, onde ela
numa expressão requintada é procurada novamente
pelo pretendente. O texto que acompanha as tiras
lembra que nada é mais sedutor do que uma pele
aveludada e, ao lado, é ensinado como tratar
diariamente da pele com o produto.
Concorrendo com o produto francês, a Nívea lança no mercado talco destinado ao
público infantil, explorando as qualidades já reconhecidas de seu creme. De forma modesta o
anúncio não traz nenhuma figura humana, nem tiras que compõem um enredo e desenvolvem
subjetivamente apelos ao consumo. Com uma imagem da embalagem do produto e frases que
atestam sua qualidade a marca alemã não faz grandes investimentos na imagem e na disputa
por um modelo de feminilidade. Firma-se, pelo contrário na racionalidade que uma mãe
zelosa deveria ter com sua prole e contenta-se em apresentar o produto e evidenciar sua
qualidade em termos como: “Cômoda”, “impecável”, “asséptica” e “indispensável”.
Enfim, nesse mesmo diapasão, apenas com uma redução da quantidade dos anúncios
realizados, as quatro marcas manifestam suas relações com o mercado alsaciano de consumo
da beleza feminina. Enquanto Pond’s aposta num público universal, que partilharia dos
modelos norte-americanos de feminilidade, trazendo em seus anúncios mulheres de exceção
para serem admiradas, a LUX, mais contida, dialoga com a jovem dona-de-casa ou não que se
preocupa com a lingerie, com a qualidade de suas roupas e com sua aparência, mesmo que
Figura 7: CADUM, 10 ago. 1937. Fonte: DNA,
fotografia autora
Figura 8:NIVEA, 06 dez. 1937.
Fonte: DNA, fotografia autora
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ainda não comercialize o produto voltado para o uso cosmético, o que faria a partir de 1938. A
mulher Lux usa roupas que se inspiram na alta-costura e na sua irreverência, são
independentes e se mostram desassociadas de maridos ou pretendentes. Numa postura de
maior proximidade com a realidade alsaciana, as marcas Cadum e Nívea falam com a jovem
que almeja casar e cuidar dos seus bebês com devoção. É o ambiente doméstico que se faz
relevante no primeiro anúncio da Cadum e mesmo que o segundo sugira praia e lugares
requintados, o intuito da jovem representada é casar e ser feliz com seu pretendente.
Igualmente, os textos que sustentam o anúncio apelam para a racionalidade da economia
doméstica, buscam educar a leitora para a adoção do hábito cotidiano de cuidado com a pele e
a beleza. Em Nívea nenhum apelo à beleza ou jovialidade feminina, o produto e os apelos da
escrita mostravam-se suficientes para lembrar a mãe de como o produto poderia colaborar
com os cuidados dispensados à família.
Referências
CASSAGNE, Sophie. Le commentaire de document iconographique en histoire. Paris:
Elipses, 1996.
CERF, E. Identité et culture des minorités. In: Revue dês Sciences Sociales de La France de
l’Est, 1980, p. 35 – 47.
DIDI-HUBERMAN. Georges. Cuando las imagenes toman posicion: el ojo de la historia,
1. Madrid: A. Machado Libros, 2008
JOLY, Martine. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 1996.
HASKELL, Francis. L’historien et les images. Paris: Gallimard, 1995
HILLIER, Bevis ; ESCRITT, Stephen. Art deco style. London New York: Phaidon, 1997.
MARTIN, Marc. Les trois siècles de publicité en France. Editions Odile Jacob, 1992
PALACIOS, Anamaria da Rocha J. Cultura, consumo e segmentação de público em anúncios
de cosméticos. In: Comunicação, mídia e consumo. São Paulo, vol. 3, n. 6, pp. 123 – 135,
2006.
Sites
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http://www.mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/05/lux-o-sabonete-das-estrelas.html
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/337879/William-Hesketh-Lever-1st-Viscount-Leverhulme
http://fr.wikipedia.org/wiki/Cadum
Fontes:
Dernières Nouvelles d’Alsace. Strasbourg.
LUX, 15 jan. 1937, ano 60, n. 15, p. 12
LUX, 05 fev. 1937, ano 60, n. 36, p.4
LUX, 25 jun. 1937, ano 60, n. 174, p. 6
POND’S, 15 jan. 1937, ano 60, n. 15, p. 8
POND’S, 25 fev. 1937, ano 60, n. 56, p. 4
CADUM, 22 mar. 1937, ano 60, n. 81, p. 10
CADUM, 10 ago. 1937, ano 60, n. 219, p. 10
NIVEA, 06 dez. 1937, ano 60, n. 337, p. 14