O FUNGO Duddingtonia flagrans: CONTROLE BIOLÓGICO...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
O FUNGO Duddingtonia flagrans: CONTROLE BIOLÓGICO DE NEMATODEOS PARASITAS DE
BOVINOS À CAMPO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Marta Bañolas Jobim
Santa Maria, RS, Brasil, 2006
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O FUNGO Duddingtonia flagrans: CONTROLE BIOLÓGICO
DE NEMATODEOS PARASITAS DE BOVINOS À CAMPO
por
Marta Bañolas Jobim
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM, RS), Área de Concentração em Medicina Veterinária Preventiva, como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Medicina Veterinária.
Orientador: Prof. Mário Luiz de la Rue
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado
O FUNGO Duddingtonia flagrans : CONTROLE BIOLÓGICO DE NEMATODEOS PARASITAS DE BOVINOS À CAMPO
elaborada por Marta Bañolas Jobim
como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária
COMISÃO EXAMINADORA:
Mário Luiz de la Rue, Dr. (Presidente/Orientador)
Janio Morais Santurio, Dr. (Doutor/UFSM)
Cybele Esteves Almeida (Doutora/UFSM)
Santa Maria, 16 de maio de 2006.
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AGRADECIMENTOS
À Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
bolsa de estudo concedida.
À Coordenação do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV),
na pessoa de seu Coordenador, Prof. João Francisco de Oliveira, pela acolhida e auxílio.
Ao Prof. Mário Luiz de la Rue pelo privilégio de sua amizade, interesse e inestimável
orientação.
À equipe do Laboratório de Pesquisas Micológicas (LAPEMI/UFSM) e ao Prof. Jânio
Morais Santurio, pelo valioso auxílio e disponibilização do material para o experimento,
oportunizando a realização deste estudo.
À equipe do Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UFSM, pela
ajuda incansável nas análises laboratoriais.
À equipe do Laboratório de Doenças Parasitárias (CCR/UFSM), pelas preciosas e
oportunas sugestões.
À equipe do Núcleo Integrado de Desenvolvimento em Análise Laboratorial
(NIDAL/UFSM), por franquear suas instalações.
Aos professores de estatística da UFSM, José Henrique Souza da Silva e Luis Felipe
Dias Lopes, pela valiosa ajuda na análise estatística do trabalho.
Ao estudante e bolsista em medicina veterinária Messias Ratslaff, pela incansável
ajuda na rotina do experimento.
Aos funcionários da propriedade Cerro da Cruz, Clarisse e Cláudio, pela dedicação e
ajuda no dia-a-dia do campo.
Aos meus pais, Gilberto, Gilcéia e Verinha, que possibilitaram e estimularam a busca
deste sonho.
E finalmente, ao meu esposo Gustavo, pela força e razão de meu desejo de vencer.
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RESUMO
Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária
Universidade Federal de Santa Maria
O FUNGO Duddingtonia flagrans: CONTROLE BIOLÓGICO DE NEMATODEOS PARASITAS DE BOVINOS À CAMPO
AUTORA: MARTA BAÑOLAS JOBIM
ORIENTADOR: MÁRIO LUIZ DE LA RUE Data e Local da Defesa: Santa Maria, 16 de maio de 2006.
O controle biológico é um método para diminuir a população de parasitas pela
utilização de antagonista natural. No presente estudo, testou-se a eficácia do fungo
nematófago Duddingtonia flagrans no controle de nematódeos parasitos gastrintestinais de
bovinos criados a campo no município de Julio de Castilhos. Utilizaram-se 20 bezerros,
distribuídos igualmente em duas áreas formadas por pastagem nativa. O grupo A foi tratado
com o fungo D. flagrans, cultivado em sorgo, numa concentração de 1x106clamidósporos/Kg
de peso animal, misturados em ração de manutenção, diariamente, durante oito meses. O
grupo B serviu como controle e não recebeu fungo, apenas ração. Foram coletadas amostras
para contagem de ovos por grama de fezes (OPG), semanalmente. Mensalmente foram
realizadas coprocultura para identificar as espécies de larvas de nematódeos, pesagem dos
animais, colheita de sangue para determinar contagem sanguínea de série vermelha e coleta de
pasto para contagem das larvas na pastagem. Dados de temperatura e índice pluviométrico
foram registrados diariamente. O OPG foi reduzido no grupo tratado, em média 56,84,% nos
últimos 3 meses de experimento, variando entre 40,44 a 67,14% no grupo tratado (P< 0,001).
A coprocultura demonstrou que os principais nematódeos encontrados foram dos gêneros
Cooperia e Haemonchus em uma percentagem de 47,9 e 35,3%, respectivamente. A
contagem de larvas na pastagem obteve um percentual de redução 77,05% no grupo tratado ao
final do experimento (P<0,01). Pôde-se concluir com este estudo, que o papel do fungo
Duddingtonia flagrans, é sem dúvida importante, principalmente na diminuição do OPG e na
redução significativa de larvas na pastagem. Portanto, este fungo nematófago é uma
ferramenta biológica eficaz para ser empregado em um controle integrado de nematódeos de
bovinos criados a campo.
Palavras-chaves: controle biológico, nematódeo de bovinos, Duddingtonia flagrans, fungo
nematófago, bovinos.
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ABSTRACT
THE FUNGUS Duddingtonia flagrans: BIOLOGICAL CONTROL OF NEMATODES PARASITES OF CATTLE IN THE FIELD
The biological control is an alternative method to reduce the population of parasites by
the use of natural antagonist. In the present study, the efficacy of nematophagous fungus
Duddingtonia flagrans was tested to control gastrointestinal nematodes parasites of cattle
livestock in the field. Twenty calves were used, distributed equally in two distinct plots
formed for native pasture. . Group A was treated with D. flagrans fungus, cultivated in
sorghum, in a concentration with 1x106 clamidospores/kg body weight, mixed with
maintenance ration, each day, during eight months. Group B served as a control and did not
receive the fungus. Samples for faecal egg count (FEC), were collected each week. There
were monthly counts in faecal cultures to identify the species of nematodes larvae, weight of
the animals, collection of blood to determine red cell counts and collection of pasture to the
counting of larvae. Temperature and rainfall data were registered daily. The FEC reduced
around 56,84% in the last 3 months of the experiment, with a variation between 40,44 and
67,14% in the treated group (P<0,001). The faecal cultures demonstrated that the main
nematodes been found were Cooperia and Haemonchus in a percentage of 47,9 and 35,3%,
respectively. The counting of larvae in the pasture showed a reduction percentage around
77,05% in the treated group at the end of experiment (P<0,01). It could be concluded with this
study, that fungus Duddingtonia flagrans is, without a doubt important, mainly in the
reduction of the FEC and the significant reduction of larvae in the pasture. Therefore, this
nematophagous fungus is efficient as a biological tool to be used in an integrated control of
nematodes of bovine raised in the fields.
Key words: biological control, bovine nematodes, Duddingtonia flagrans, nematophagous
fungus, cattle.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fotografia 1 - O cocho do grupo A à esquerda e o cocho do grupo B à direita........................19
Fotografia 2 - Ração para a manutenção de peso misturada ao sorgo contendo o fungo D.
flagrans.....................................................................................................................................20
Fotografia 3 - Os 20 animais do experimento formando um grupo homogêneo......................21
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Teste T, ao nível de significância de 5% entre os grupos A (tratado) e B (controle)
dos principais parasitas.............................................................................................................29
Tabela 2: Análise de Variância, utilizando delineamento em medidas repetidas,
complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de
5%, entre o percentual de Hematócrito dos grupos A (tratado) e B (controle), no período de 6
meses.........................................................................................................................................33
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LISTA DE FIGURAS Figura 1 –Contagem de OPG obteve diferença estatística significativa pelo teste de Duncan
(P<0,002) entre os grupos: tratado (A) na coluna escura e controle (B) na coluna clara.
Houve diferença estatística também entre os meses (*) de experimento (P<0,01). A linha
pontilhada demonstra o percentual de redução (%) na contagem de OPG entre os
grupos.......................................................................................................................................26
Figura 2 – Contagem de OPG, excluindo o animal mais parasitado de cada grupo, obteve
diferença estatística significativa pelo teste de Duncan (P<0,001) entre os grupos: tratado (A)
na coluna escura e controle (B) na coluna clara. Houve diferença estatística também entre os
meses (*) de experimento (P<0,01). A linha pontilhada demonstra o percentual de redução
(%) na contagem de OPG entre os grupos, no período de oito meses.....................................26
Figura 3 - Contagem de larvas (L3) na pastagem por quilo de matéria seca obteve diferença
estatística significativa pelo teste de Duncan (P<0,01) entre os grupos: tratado (A) na linha
preta contínua (a) e controle na linha cinza (b). A linha pontilhada (c) demonstra a
percentagem de redução de larvas (L3) na pastagem, no período de oito meses....................28
Figura 4 - Temperatura máxima nas colunas escuras, temperatura mínima nas colunas claras
e o índice pluviométrico na linha contínua, durante o período de oito meses, na região de
Júlio de Castilhos (RS)............................................................................................................30
Figura 5 - Série histórica de temperatura máxima nas colunas escuras, temperatura mínima
nas colunas claras e o índice pluviométrico na linha contínua, dos meses de agosto a março,
no período de 1994 a 2003 , na região de Júlio de Castilhos (RS)..........................................31
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Figura 6 – Evolução da média do peso dos animais (Kg) entre o grupo tratado (A) em linha
contínua e o grupo controle (B) em linha interrompida, no período de oito meses de
experimento, não obteve diferença significativa pelo teste de Duncan (P>0,67)....................32
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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 12
1.1Objetivos..........................................................................................................................13
1.1.1 Geral..............................................................................................................................13
1.1.2 Específicos....................................................................................................................13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................14
3 MÉTODOS E TÉCNICAS...............................................................................................18
3.1 Caracterização do local do experimento......................................................................18
3.2 Desenho experimental....................................................................................................18
3.3 Análises laboratoriais....................................................................................................21
3.3.1 Amostras de pastagem...................................................................................................21
3.3.2 Coprocultura..................................................................................................................22
3.3.3 Contagem de ovos nas fezes..........................................................................................22
3.3.4 Hemograma....................................................................................................................23
3.4 Pesagem...........................................................................................................................23
3.5 Dados meteorológicos.....................................................................................................23
3.6 Análise estatística............................................................................................................23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................25
5 CONCLUSÃO....................................................................................................................33
REFERÊNCIAS....................................................................................................................34
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1 INTRODUÇÃO
Entre os fatores que interferem no desenvolvimento pleno da atividade pecuária, o
parasitismo gastrintestinal ocupa um lugar de destaque (MACRAE, 1993). Diversos
programas de controle vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de minimizar os efeitos
adversos das endoparasitoses na produção extensiva de bovinos. Entre eles, os que têm
enfocado a diminuição de larvas infectantes na pastagem através do uso de compostos anti-
helmínticos, que por sua vez, diminui a população de parasitas nos animais adultos.
Entretanto, apesar dos compostos anti-helmínticos serem utilizados como uma das principais
ferramentas, seu uso possui algumas limitações tais como: resíduos de drogas em produtos
animais (PADILHA, 1996), efeitos tóxicos em organismos não alvos no meio ambiente
(STRONG et al.,1996,) e a resistência anti-helmíntica (FAO, 2003 e KAPLAN, 2004).
Com o intuito de desenvolver outros métodos para minimizar o uso de anti-
helmínticos nas estratégias de controle dos nematódeos de ruminantes, especialmente em
sistemas de produção em pastoreio contínuo, o controle biológico parece ser uma realidade,
oferecendo uma alternativa eficiente e segura na redução da população de larvas infectantes
de nematódeos gastrintestinais nas pastagens (LARSEN, 1999 e MOTA et al., 2003).
O termo controle biológico se aplica a utilização de antagonistas naturais disponíveis
no ambiente, diminuindo a um limiar sub-clínico e economicamente aceitável numa
população, de um agente causador de perdas produtivas na atividade pecuária ou agrícola
(GRØNVOLD et al., 1996a). Desta forma, o uso de várias espécies de fungos nematófagos
que atacam as formas larvárias dos parasitas na pastagem tem sido muito estudadas, como
alternativa de controle biológico dos nematódeos de ruminantes (WALLER, 1998 e
SAUMELL & FERNÁNDEZ, 2000).
Duddingtonia flagrans é um fungo que possui grande capacidade de produzir
clamidósporos. Estes permanecem viáveis depois de ingeridos pelos bovinos e são
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eliminados pelas fezes, colonizando-as logo após a sua deposição no solo e predando os
nematódeos através de hifas adesivas (LARSEN et al., 1991; LARSEN et al., 1992 e
WAGHORN et al. 2003). Por isso o controle de nematódeos em bovinos, na última década,
tem atraído muita atenção e sido foco de inúmeras pesquisas (LARSEN et al., 1995;
NANSEN et al., 1995; FERNÁNDEZ et al., 1999a; SARKUNAS et al. 2000; FAEDO et al.,
2002; DIMANDER et al., 2003a e 2003b; EYSKER et al., 2005).
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
O presente estudo teve como objetivo geral avaliar a eficácia do fungo Duddingtonia
flagrans, fermentado em sorgo e administrado diariamente por via oral, como alternativa de
controle biológico de nematódeos em bovinos jovens criados à campo, nas condições
ambientais existentes no município de Júlio de Castilhos, Rio Grande do Sul, Brasil, pelo
período de 8 meses
1.1.2 Específicos
Avaliar a evolução da carga parasitária nos animais e no campo, após administração
do fungo D. flagrans, através de exames quantitativo e qualitativo de contagem de ovos nas
fezes e coprocultura, respectivamente, assim como a contagem de larvas nas pastagens.
Correlacionar a eficácia do fungo D. flagrans com os fatores climáticos de
temperatura e índice pluviométrico.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA O parasitismo gastrintestinal de nematódeos é um significativo fator limitante nos
sistemas de produção de animais criados a campo, no mundo todo (WAGHORN, 2003). Os
prejuízos estão associados a diminuição e ao retardo na produção, o elevado custo ocasionado
pelo uso de antihelmínticos nos tratamentos profilático e curativo e, em casos extremos, a
morte dos animais constituindo como alguns dos maiores problemas vinculados aos gastos
com o parasitismo gastrintestinal. O conhecimento sobre a disponibilidade de larvas no
ambiente, detecção de fontes de infecção, conhecimento sobre as exigências climáticas para
eclosão de ovos, viabilidade larvar e o sistema de produção são os requisitos mais importantes
no estabelecimento de um sistema de controle efetivo do parasitismo (MOTA et al., 2003).
Quando estas informações não são levadas em conta, o parasitismo aumenta e acarreta
diferentes patologias as quais interferem no ganho de peso, ingestão de alimentos e utilização
de matéria seca, retardo na idade reprodutiva, decréscimo na capacidade reprodutiva e
mortalidade em animais seriamente afetados (CHARLES, 1992).
Os programas de controle de endoparasitas gerados nas últimas décadas, são baseados
principalmente na informação epidemiológica de cada região e focados no uso de compostos
antihelmínticos com alta eficácia e baixa toxicidade. Estes programas têm encontrado
resultados eficientes mas ao mesmo tempo limitados, pois a resistência antihelmíntica já foi
detectada há algumas décadas (PRICHARD, 1990) assim como resíduos de drogas nos
alimentos (PADILHA, 1996) e sua ação em organismos não alvo (BIRD & HERD, 1995;
IGLESIAS, 1998), impedindo o avanço da tecnologia química. Por esses motivos o
desenvolvimento de métodos alternativos de controle têm sido bastante estimulados.
Para enfrentar os obstáculos da tecnologia química, muitos métodos alternativos têm
sido intensamente estudados no intuito de prevenir e controlar o parasitismo por nematóides
gastrintestinais de bovinos, como: o desenvolvimento de vacinas (EMERY & WAGLAND,
1991), a identificação de marcadores moleculares associados à resistência dos parasitos
(GASBARRE et al., 1990) e a utilização de microorganismos no controle das formas livres
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presentes no ambiente (GILL & LE JAMBRE, 1996). A utilização destes microorganismos
tais como fungos (BARRON, 1977), bactérias (STIRLING, 1985), protozoários (CANNING,
1973), artrópodes (LEHMAN & REID, 1993), entre outros, considerados como parasitas ou
predadores de nematódeos, têm sido descritos como métodos alternativos de controle
biológico.
Como regra de manutenção dos sistemas biológicos, toda a população é regulada por
antagonistas de forma espontânea na natureza. Na ausência de controladores naturais
disponíveis no ambiente, a população de um determinado organismo poderia aumentar
indiscriminadamente. Desta forma, o termo controle biológico é definido como um método
ecológico desenvolvido pelo homem para diminuir a população parasitária à densidades sub-
clínicas aceitáveis ou para conservar esta população em níveis não prejudiciais usando
antagonistas naturais vivos (GRØNVOLD et al., 1996a). Conforme MOTA (2003), na prática,
o controle biológico não atua sobre estágios internos de parasitas, contudo, concentra suas
ações sobre os hospedeiros intermediários, paratênicos, vetores e estágios larvais de vida
livre, diminuindo a fonte de infecção para os hospedeiros finais. Devido a isso, causa menos
efeitos negativos no ambiente que os métodos químicos.
Para ser selecionado como um eficiente controle biológico, os antagonistas naturais
necessitam possuir algumas qualidades, como: especificidade de ação, alta capacidade
reprodutiva e sobreviver às condições ambientais no local em que o controle é realizado, bem
como ser efetivo no controle do organismo alvo (GRØNVOLD et al., 1996b). Além disso, a
seleção de um agente antagonista está baseada na capacidade de produção em escala
industrial, nos custos relacionados na produção, na competitividade com as drogas
tradicionais e no tempo de sobrevivência do organismo em formulações comerciais. (MOTA,
2003).
Os fungos nematófagos possuem uma grande variedade e diversidade. Eles são
habitantes naturais do solo (GRAY, 1987) e das fezes dos animais (SAUMELL, 1999), sendo
o seu padrão de colonização influenciado pelas condições climáticas (FERNÁNDEZ, et al.,
1999b; SAUMELL, 1998). Os fungos nematófagos possuem várias vantagens, como: alta
atividade reprodutiva e ciclo de vida curto; algumas espécies produzem esporos o que
aumenta sua resistência dentro e fora dos animais; mantém-se em fase saprofítica na ausência
do hospedeiro e, principalmente, não são patógenos para os animais.(LARSEN, 1999)
As espécies de fungos Arthrobotrys robusta, Duddingtonia flagrans, Monacrosporium
sinense e M. thaumasium são identificadas como nematófagas (BARRON, 1977) e têm sido
estudadas quanto ao seu potencial como agentes controladores biológicos de helmintos
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gastrintestinais de bovinos (ALVES et al., 2003; ARAÚJO et al., 1993, 1998, 1999;
DIMANDER et al., 2003a e 2003b; GOMES et al., 1999; LARSEN et al., 1995).
O fungo Duddingtonia flagrans é a espécie mais estudada no controle das
nematodioses gastrintestinais de animais domésticos (EYSKER et al., 2005; LARSEN, 1999;
MOTA et al., 2003). Uma das características deste fungo que os diferencia dos demais fungos
nematófagos é que este suporta a passagem pelo trato gastrintestinal (TGI) dos ruminantes
devido à produção de grande número de estruturas de resistência esféricas (clamidósporos) de
parede grossa (LARSEN et al.,1991; LARSEN et al.,1992). Após passar pelo TGI, os fungos
nematófagos em geral, produzem estruturas em forma de anéis constritores e não constritores,
hifas, botões e redes tridimensionais adesivas ao longo do micélio. Os clamidósporos de D.
flagrans ao serem eliminados juntamente com as fezes, se diferenciam e podem dar origem a
hifas, conidióforos e conídios (BARRON, 1977). As hifas apresentam formatos variando
entre elíptica e ovóide com um septo mediano e morfologia de 25-50 µm de comprimento por
10-15µm de largura (COOKE & GODFREY, 1964). O aprisionamento do nematódeo às redes
tridimensionais é seguido pela penetração destas hifas na cutícula do nematóide, ocorrendo
dentro da larva, a digestão dos conteúdos internos (MOTA et al., 2003). Na fase inicial deste
processo, o nematóide se mantém aderido ao fungo por meio de uma substância fibrilar
adesiva rica em fosfatase ácida, que também é responsável pela degradação da cutícula. O
processo de penetração acontece em uma hora e após desaparece, e está associado à presença
de corpos densos ricos em enzima que atuam como peroxissomos (JANSSON &
NORDBRING-HERTZ, 1988). A fase final de penetração da cutícula parece ser resultado de
força mecânica (VEENHUIS et al., 1985). Então, quanto maior a motilidade dos nematóides
no bolo fecal, maior o estímulo ao fungo para a produção destas armadilhas (NANSEN et al,
1988).
No Brasil, os primeiros estudos de controle biológico in vitro com fungos nematófagos
avaliaram a eficácia de Arthrobotrys spp. e Monacrosporium ellipsosporum no controle de
larvas de Haemonchus placei de bovinos (ARAÚJO et al., 1992; ARAÚJO et al., 1993).
Somente estudos mais recentes foram descritos utilizando o fungo D. flagrans no Brasil.
GARCIA (2000) estudou a incorporação e armazenamento em suplementos alimentares de
ruminantes dos fungos Arthrobotrys musiformis e Duddingtonia flagrans. Já SANTOS
(2000) coletou, isolou, identificou e produziu, em escala massal, fungos nematófagos em 3
regiões brasileiras diferentes e avaliou as características biológicas do fungo D. flagrans.
Entretanto, não há descrição publicada de experimentos desenvolvidos in vivo sobre a eficácia
do fungo D. flagrans em bovinos jovens nas condições climáticas da região sul do Brasil. É
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importante salientar que as condições climáticas de cada região brasileira possuem
características distintas e que podem influenciar tanto na eficácia deste fungo como no ciclo
biológico dos parasitas. A formação das redes de aprisionamento do fungo tem sido melhor a
30ºC, produzindo de 700-800 armadilhas/cm2/2 dias, quando induzidos por 20
nematóides/cm2 em agar, conforme experimento de GRØNVOLD (1996b).
A dosagem de esporos do fungo D. flagrans administrada para determinar um
adequado controle é bastante diversificada nos diferentes experimentos realizados em várias
partes do mundo, e depende da espécie de ruminantes a ser estudada (LARSEN et al., 1995;
NANSEN et al., 1995; WOLSTRUP et al., 1994). Já SARKUNAS et al. (2000) concluíram
que a dosagem do fungo D. flagrans para bovinos com 106 clamidósporos/kg de peso de
animal vivo, diariamente, resultou em significativa redução da infectividade de larvas na
pastagem e conseqüentemente infecção leve nos animais. Contudo, outros estudos realizados
a fim de comparar o efeito de diferentes doses fúngicas, mostraram que para aplicar
corretamente o controle biológico, deve se levar em conta, não somente a dose fúngica a ser
usada, mas também outros fatores tais como o nível de carga inicial de larvas na pastagem e
carga animal (FERNÁNDEZ et al., 1999a).
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3 MÉTODOS E TÉCNICAS 3.1 Caracterização do local do experimento
O experimento foi realizado em uma propriedade rural no município de Júlio de
Castilhos, região central do Estado do Rio Grande do Sul, localizado na longitude de 53,69°W
e latitude de 29,19°S, a 514 metros de altitude. A vegetação natural do município foi
classificada como savana gramínea-lenhosa com floresta de galeria. Estes campos nativos são
compostos por Paspalum notatum; P. plicatulum; Eryngium ciliatum; E. horridum;
Andropogon ternatus; Choloris polydactyla; Schizachyrium microstachyum; Aristida laevis;
Piptochaetiu montevidensis e Erianthus sp. (BANDINELLI et al., 2005).
3.2 Desenho experimental
Foram utilizados para o estudo, 20 bezerros machos não castrados, com idades entre 9
e 11 meses e peso médio de 144 Kg. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois
grupos com 10 indivíduos em cada, denominados grupos A (tratamento) e B (controle). Cada
grupo foi introduzido em um potreiro com 4 hectares perfazendo um total de 0,8 unidade
animal (360 Kg) por hectare. Os potreiros contíguos foram cercados e divididos por cerca
elétrica, tendo à disposição água e pastagem nativa. A pastagem diferida foi semeada a lanço
com azevém, antes do início do experimento. Foi colocado um cocho em cada potreiro. O
cocho do grupo A foi subdividido em dez compartimentos, com espaços de 50 cm, para que
cada animal se alimentasse individualmente e recebesse a mesma quantidade de massa
fúngica (Fotografia 1).
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Fotografia 1 - O cocho do grupo A à esquerda e o cocho do grupo B à direita.
O fungo utilizado foi Duddingtonia flagrans, cepa ARSEF 5701 (Collection of
Entomopathogenic Fungal Cultures), obtido no Laboratório de Pesquisas Micológicas
(LAPEMI), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Após processo de fermentação
a seco em sorgo estéril, o fungo atingiu concentração de 1,6x106 clamidósporos/grama de
sorgo. Para os animais do grupo A, foram fornecidos 1 x 106 clamidósporos/ Kg de peso
animal, diariamente, misturados a uma ração para a manutenção de peso, sendo a dose do
fungo ajustada mensalmente conforme o aumento da média de peso dos animais. A ração era
composta de 44% de triguilho/aveia, 20% de milho, 35% de resíduos de soja e 1% de melaço.
O tipo e a quantidade de ração foram igualmente fornecidos para ambos os grupos, durante
todo o experimento (Fotografia 2).
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Fotografia 2 - Ração para a manutenção de peso misturada ao sorgo contendo o fungo D. flagrans administrados ao grupo tratado (A).
Os animais, 15 dias antes de serem divididos em grupos, foram pesados e avaliados
clinicamente quanto ao escore de condição corporal (ECC) proposto por WILDMAN et al.
(1982) e EDMONSON et al. (1989) que varia de 1 a 5. A média do ECC de ambos os grupos
resultou em 2,5 (Fotografia 3). Na mesma ocasião os animais foram tratados com ivermectina
injetável (Ivomec®)1 a 1% na dose de 1ml/50 kg de peso vivo.
1 Merial Saúde Animal Ltda – Rua Barão de Jaraguá, 901, 14° andar, Campinas, São Paulo, CEP: 13015-001.
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Fotografia 3 - Os 20 animais do experimento formando um grupo homogêneo.
3.3 Análises laboratoriais
3.3.1 Amostras de pastagem
Mensalmente as amostras eram colhidas em padrão de “zigue-zague” em toda a
extensão dos dois potreiros (WRIGHT et al. 2003), procurando sempre colhe-las até as 10
horas da manhã. Cerca de 80% do material foi coletado perto do bolo fecal (a menos de 20
cm) e 20% longe (cerca de 1m) e colocados em sacos plásticos.As amostras eram
encaminhadas imediatamente ao laboratório e refrigeradas. Parte do pasto colhido, em torno
de 100g, era seco em estufa a 55°C durante 72 horas, no Núcleo Integrado de
Desenvolvimento em Análise Laboratorial (NIDAL/UFSM), para análise de matéria seca
parcial. Na outra parte, pesou-se entre 600 a 800 gramas de pasto, e foram adicionadas de 5 a
22
7 litros de água com 10 ml de detergente não iônico (sabão neutro) e levemente friccionado
por 5 minutos, repedindo-se a ação a cada 30 minutos, durante 3 horas. Após, o pasto era
separado do líquido, primeiramente por uma peneira grossa (1 mm) e novamente, por uma
peneira fina de 38µm onde eram retidas as larvas. O sedimento retido era retirado da peneira
por jatos moderados de água e colocado em papel filtro sobre um cálice contendo água, por 24
horas em temperatura ambiente. No dia seguinte, o papel filtro era retirado e parte do
conteúdo sobrenadante era desprezada, restando 30 ml de líquido com o sedimento no fundo.
Este foi colocado em tubos de ensaio. Ao examinar, foram separadas 3 alíquotas de 0,5 ml do
conteúdo do fundo do tubo e procedeu-se à contagem de larvas. O resultado encontrado foi
transformado em número de larvas por kg de matéria seca (MOLENTO, 2001).
3.3.2 Coprocultura
A cada mês, foram coletadas fezes da ampola retal dos animais, separados
individualmente em potes, identificados e armazenados sob refrigeração. As amostras eram
encaminhadas ao laboratório para realização de coprocultura. Porções de fezes de cada animal
do grupo A eram misturadas com serragem, umidificadas e mantidas em estufa para cultivar
por 14 dias em temperatura constante de 27ºC. Após era realizada a recuperação de larvas
infectantes (L3) segundo a técnica de ROBERTS & O’SULLIVAN (1950). As larvas foram
preservadas com formol em 10% e posteriormente, quantificadas e identificadas de acordo
com os critérios estabelecidos por UENO & GONÇALVES (1998).
3.3.3 Contagem de ovos nas fezes
Foram coletadas de cada animal, semanalmente, amostras de fezes da ampola retal,
cujas amostras foram identificadas e mantidas sob refrigeração até o momento do exame
laboratorial, que ocorria geralmente em 24 a 48 horas. A técnica utilizada foi a de GORDON
& WHITLOCK (1939) modificada por LIMA (1989), para determinar a contagem de ovos
por grama de fezes (OPG).
23
3.3.4 Hemograma
As amostras de sangue total foram colhidas da veia jugular em tubo com
anticoagulante (EDTA). Estas amostras foram imediatamente encaminhadas ao laboratório de
Análises Clínicas do Hospital Veterinário da UFSM, para análise de hemograma. O
hematócrito foi estabelecido mediante técnica do micro hematócrito e os resultados se
expressaram em percentual. Foram coletadas amostras mensalmente, durante 6 meses.
3.4 Pesagem
Mensalmente, o peso dos bovinos era mensurado individualmente. A pesagem dos
animais serviu tanto para verificar a evolução do peso de cada animal de ambos os grupos,
como para ajustar a dose do fungo no grupo A, através da média de peso do grupo tratado.
3.5 Dados meteorológicos
Os dados meteorológicos de índice pluviométrico, temperatura máxima e mínima
foram obtidos da base de dados da estação de São Martinho da Serra, a 20 quilômetros de
distância do experimento. Esta base de dados pertence ao Centro de Previsões do Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC, 2005) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ligado ao
Ministério da Ciência e Tecnologia. Os dados foram verificados diariamente e foram
reagrupados para ter como base valores mensais de temperatura máxima e mínima expressos
em Cº (centígrados) e de índice pluviométrico expressos em mm (milímetros).
3.6 Análise estatística
Os dados de OPG, número de larvas recuperadas da pastagem e de meteorologia foram
correlacionados e, logo após, aplicada análise de variância ANOVA utilizando delineamento
24
inteiramente casualizado. Os valores de OPG foram transformados (logaritimizados) com o
objetivo de equalizarem os dados (DIMANDER et al., 2003a). Os resultados foram
interpretados estatisticamente por meio de análise de variância (teste F) em nível de
significância de 5% e através da regressão linear simples. As médias dos fatores qualitativos
foram comparadas pelo teste de Duncan.
Os dados de peso, hematócrito e coprocultura foram analisados através de variância
ANOVA, utilizando o delineamento em medidas repetidas, complementada pelo teste de
comparações múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%.Os dados estatísticos foram
analisados pelo programa SAS (Statistical Analysis System), versão 8.02.
A eficácia dos resultados de OPG e larvas na pastagem foi determinada pelo
percentual de redução entre o grupo tratado e o não tratado através da fórmula:
% redução = X - Y x 100
X
onde X é o dado do grupo controle (B) e Y o dado do grupo tratado (A), sendo que X deve ser
maior (>) que Y e diferente de zero (0), de acordo com a fórmula utilizada por TERRILL et
al. (2004).
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo optou-se pela a dosagem de 1x106 clamidósporos/ kg de peso animal por
ser a concentração da cepa ARSEF 5701, disponibilizada pelo laboratório e por esta ser uma
concentração eficaz nos experimentos realizados in vivo mas em condições climáticas
distintas ao do local deste estudo. A concentração do fungo administrada em diferentes
estudos é variável, mas conforme DIMANDER et al. (2003b) e FERNÁNDEZ et al. (1999a),
a dosagem de 1x106 clamidósporos por quilo de peso vivo, em bovinos, demonstrou
significativa redução no número de larvas na pastagem. Da mesma forma, outros estudos, em
diferentes espécies, utilizando várias dosagens distintas, tiveram resultados significativos.
TERRILL et al. (2004) utilizaram em caprinos, dosagens de fungo com 5 x 104, 1 x 105, 2,5 x
105 e 5 x 105 clamidósporos/kg de peso animal e obtiveram resultados significativos que
variaram de 60,8 a 93,6% de redução de larvas na pastagem. PEÑA et al. (2000) reportaram
redução de larvas de Haemonchus contortus entre 76,6 e 100% em culturas de fezes de ovelha
contendo 5 concentrações diferentes de clamidósporos de D. flagrans, que variaram de 2,5 x
104 a 5 x 105 clamidósporos/ kg de peso animal. Apesar das doses serem variáveis nas
diferentes espécies, para que o controle biológico seja corretamente aplicado, deve-se levar
em conta também o nível inicial de larvas nas pastagens e carga animal (FERNÁNDEZ et al.,
1999a) assim como as condições climáticas (EYSKER et al., 2005).
A contagem de OPG, ao longo do estudo, teve uma diferença significativa entre os
dois grupos (P<0,002). Na análise de percentual de redução entre o grupo A e B, pôde-se
observar que o OPG, nos últimos 3 meses de experimento, diminuiu em média 56,84,% na
quantidade de ovos, variando entre 40,44 a 67,14%, como mostra a Figura 1. DIMANDER et
al. (2003a e 2003b) obtiveram resultados semelhantes, onde o OPG reduziu cerca de 50% em
bovinos tratados com o mesmo fungo e na mesma dosagem.
26
Figura 1 – Contagem de OPG obteve diferença estatística significativa pelo teste de Duncan (P<0,002) entre os grupos: tratado (A) na coluna escura e controle (B) na coluna clara. Houve diferença estatística também entre os meses (*) de experimento (P<0,01). A linha pontilhada demonstra o percentual de redução (%) na contagem de OPG entre os grupos.
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Percentual de redução de OPG
(%) .
Figura 2 – Contagem de OPG, excluindo o animal mais parasitado de cada grupo, obteve diferença estatística significativa pelo teste de Duncan (P<0,001) entre os grupos: tratado (A) na coluna escura e controle (B) na coluna clara. Houve diferença estatística também entre os meses (*) de experimento (P<0,01). A linha pontilhada demonstra o percentual de redução (%) na contagem de OPG entre os grupos.
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Percentual de redução de OPG
(%)
* * * * * * *
* * * * * * * *
27
Na Figura 1, pode-se observar que no 4° mês de uso do fungo na alimentação dos
bezerros (novembro), o OPG diminuiu em ambos os grupos em relação ao mês anterior. Da
mesma forma, o percentual de redução de OPG chegou próximo a zero (0%) pela diferença do
grupo A e B ser quase a mesma. Entretanto, este resultado não era esperado. Em uma nova
análise do banco de dados foi verificado que um único animal do grupo tratado (A) possuía
carga parasitária 10 vezes maior que os demais indivíduos do mesmo grupo. Ao excluir das
análises estatísticas este indivíduo do grupo e o indivíduo com a maior carga parasitária do
grupo controle (B), e realizando-se novamente o cálculo de percentual de redução observamos
uma mudança significativa (P>0,001), onde o percentual sobe para 59% no mês de novembro,
conforme mostra a Figura 2. Isto se deve provavelmente, a resistência individual ao
parasitismo. Conforme MORALES (2001) existem animais dentro de um rebanho que são
caracterizados como respondedores, resilientes e sensíveis ou acumuladores de parasitas.
Possivelmente este animal era um acumulador ou sensível, pois vinha apresentando este perfil
desde o início do experimento.
Por outro lado, houve uma queda significativa no OPG de ambos os grupos nos meses
de outubro/novembro. Isto se deve possivelmente, a redução do percentual de larvas na
pastagem entre o mês de setembro e outubro (Figura 3), levando os animais a ingerirem
menos larvas e, portanto, eliminarem menos ovos, bem como foi observado por DIMANDER
et al. (2003 b). Outra hipótese a ser relatada é o fenômeno de autocura que os animais sofrem
após o advento de um período de chuvas intensas, quando as contagens de ovos de vermes nas
fezes caem, em virtude da eliminação da maior parte da carga de vermes adultos
(URQUHART et al., 1996). Ao ingerem grande quantidade de larvas, como o ocorrido nos
meses de outubro para novembro (Figura 3), o organismo sofre uma reação de
hipersensibilidade tipo imediata a antígenos derivados das larvas em desenvolvimento. As
larvas acabam sendo destruídas e conseqüentemente chegam poucas larvas na fase adulta que
eliminarão os ovos.
Novamente a contagem de OPG voltou a crescer em dezembro possivelmente pelas
condições climáticas de temperatura e de índice pluviométrico adequadas para o
desenvolvimento do ciclo (Figura 2).
28
Figura 3 - Contagem de larvas (L3) na pastagem por quilo de matéria seca obteve diferença estatística
significativa pelo teste de Duncan (P<0,01) entre os grupos: tratado (A) na linha preta contínua (a) e controle na linha cinza (b). A linha pontilhada (c) demonstra a percentagem de redução de larvas (L3) na pastagem entre os grupos, no período de oito meses.
A coprocultura demonstrou que o percentual dos principais nematódeos encontrados
ao longo do estudo, em média, no grupo A e B, foram respectivamente: Cooperia sp. com
47,89 e 41,89% e Haemonchus sp. com 35,33 e 46,11%. Outras espécies encontradas em
menor quantidade no grupo A e B respectivamente, foram: Oesophagostomum sp.(10,56 e
7,56%), Ostertagia sp. (5,33 e 3,11%), Nematodirus sp. (0,44 e 0,56%), Trichostrongylus sp.
(0,33 e 0,56%), Strongyloides sp.(0,11 e 0,22%). Para os principais parasitas, Cooperia sp. ,
Haemonchus sp., Oesophagostomum sp. e Ostertagia sp. verificou-se através do Teste T
(Tabela 1), ao nível de significância de 5%, não haver diferença significativa na proporção de
parasitas em relação aos grupos até o final do experimento. Estudo realizado por ARAÚJO et
al. (2004), demonstraram que o fungo D. flagrans não é seletivo para um determinado gênero
de parasitas, confirmando os resultados obtidos.
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Redução de L
3 na pastagem (%
) .
a
b
c
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Tabela 1: Teste T, ao nível de significância de 5% entre os grupos A (tratado) e B (controle) dos principais parasitas.
Grupo A (tratado) B (controle) Parasita Média Desvio
Padrão Média Desvio
Padrão
p
Cooperia sp. 47,89 15,87 41,89 18,57 NS Haemonchus sp. 35,33 12,56 46,11 17,85 NS Oesophagostomum sp. 10,56 11,16 7,56 6,62 NS Ostertagia sp. 5,33 4,36 3,11 4,04 NS
p = nível mínimo de significância do Teste T NS= não significativo
O fungo D. flagrans aprisiona os helmintos às redes tridimensionais e logo após
segue-se a penetração das hifas na cutícula do nematóide onde ocorre o crescimento destas
hifas e a digestão dos conteúdos internos (MOTA et al., 2003). Devido ao seu modo de ação,
vários trabalhos têm demonstrado que D. flagrans é bastante eficaz para reduzir o número de
larvas na matéria fecal e, como conseqüência, na pastagem. Assim, sob diferentes condições
de estudo, a eficácia de D. flagrans na redução de larvas na pastagem observada por
GRØNVOLD et al. (1993), foi de 74-85% em bovinos. Já BIRD & HERD (1995)
demonstraram 83% de eficácia do fungo em bovinos, ovinos e eqüinos e FERNÁNDEZ et al.
(1999c) apresentaram resultados de 55-64% e 78-94% em bovinos com 2 isolados diferentes
do fungo D. flagrans. A recuperação de larvas na pastagem obteve um percentual de redução
de 77,05% ao final do experimento, como demonstrado na Figura 3, sendo este resultado
significativo (P<0,01) entre os grupos no teste de Duncan. Por outro lado, no 4° e 5° mês de
estudo (novembro e dezembro), o percentual de redução caiu, ou seja, o número de larvas
recuperadas na pastagem aumentou em ambos os grupos, conforme se observa na Figura 3,
provavelmente pelo aumento do índice pluviométrico neste período (Figura 4). D. flagrans se
desenvolve melhor entre 20 a 25°C e um índice pluviométrico entre 15 e 60mm por semana
conforme GRØNVOLD et al. (1996b). Além disso, segundo DIMANDER et al. (2003b), com
o aumento das chuvas sobre os bolos fecais recém eliminados no campo ocorre uma rápida
desintegração do esterco e, portanto, a separação física entre os esporos fúngicos e os estágios
larvais pré-parasíticos, não permitindo a ação do fungo. Mesmo com o aumento de
recuperação de larvas na pastagem dos dois grupos, pode-se observar que o número de larvas
do grupo A (tratado) manteve níveis semelhantes ao início do experimento, diferente do grupo
30
B (controle) que atingiu seu nível máximo triplicando o número de larvas no mês de
novembro, contrariando o estudo de DIMANDER et al. (2003b) que com chuvas em excesso
não observou diferença entre o grupo tratado e o controle. Da mesma forma, EYSKER et al.
(2005) obtiveram resultados pouco promissores na redução de larvas na pastagem em
períodos de seca utilizando uma dosagem de 5x105 clamidósporos/kg de peso animal.
Figura 4 - Temperatura máxima nas colunas escuras, temperatura mínima nas colunas claras e o índice pluviométrico na linha contínua, durante o período de oito meses, na região de Júlio de Castilhos (RS).
Diferente do que foi encontrado por esses autores, no presente estudo ocorreu um
período de estiagem de dezembro a março se comparada a série histórica do mesmo período
(Figura 5), e, mesmo assim, atingiu bons resultados. Neste caso, a dosagem do fungo sugere
relação com as condições climáticas. Por esse motivo, é adequada a suspensão da oferta do
fungo aos animais, até que o intenso período de chuvas diminua e logo seja reiniciada a
administração, sob pena de estar administrando desnecessariamente o produto.
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mm
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FONTE: Estação de Júlio de Castilhos da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária/FEPAGRO (Comunicação Pessoal)
Figura 5 - Série histórica de temperatura máxima nas colunas escuras, temperatura mínima nas colunas claras e o
índice pluviométrico na linha contínua, dos meses de agosto a março, no período de 1994 a 2003 , na região de Júlio de Castilhos (RS).
A média de peso dos animais entre os dois grupos não foi estatisticamente
significativa (P>0,67). Contudo numericamente, ao final do experimento, o grupo A (tratado)
teve um incremento médio de 11,5 Kg a mais que o grupo B (Figura 6). O quadro de estiagem
nos últimos 3 meses de estudo, pode ter afetado neste resultado, devido à baixa
disponibilidade de alimento. Em um estudo realizado por DIMANDER et al. (2003a) em
bovinos, não houve diferença de peso entre grupo tratado com D. flagrans e o controle, mas
observou-se significativa diferença entre o grupo tratado com ivermectina e o controle (P <
0,0001) que aumentou em média 38Kg. Até o momento, não há relato de que o fungo
influencie no ganho de peso de bovinos, de forma direta e significativa. Contudo,
CHANDRAWATHANI et al. (2004) obtiveram um resultado significativo (P=0.054) no peso
de ovinos com a administração de D. flagrans. Pode-se deduzir também que o parasitismo
mensurado pelo OPG não influenciou no ganho de peso dos animais, da mesma forma como
os resultados encontrados por NICOLAU et al. (2002) em que os coeficientes de correlação
entre ganho de peso e contagem de OPG foram próximos a zero. Entretanto, tais achados
divergem das correlações negativas e significativas observadas por PLOEGER &
KLOOSTERMAN (1993) em novilhas de raças leiteiras, e por O'KELLY et al. (1988) em
novilhas de corte.
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Figura 6 – Evolução da média do peso dos animais (Kg) entre o grupo tratado (A) em linha contínua e o grupo
controle (B) em linha interrompida, no período de oito meses de experimento, não obteve diferença significativa pelo teste de Duncan (P>0,67).
Na análise de sangue (Tabela 2), realizada através da análise de variância, utilizando
delineamento em medidas repetidas, complementada pelo teste de comparações múltiplas de
Tukey, ao nível de significância de 5%, verificou-se não haver interação significativa entre
grupo e mês. Quanto aos efeitos principais, somente mês foi significativo, ou seja,
independente do grupo, os meses de agosto, dezembro e janeiro apresentaram as menores
médias de hematócrito não diferindo entre si, mas sendo significativamente menores do que
os meses de setembro, outubro e novembro. Para todos os meses, não houve diferenças entre
os grupos. Mesmo com os resultados de hematócrito demonstrados, não foi possível
estabelecer uma correlação negativa com o número de ovos encontrados nas fezes dos animais
(P>0,62). Estes achados diferem dos encontrados por MORALES et al. (2001) em que os
valores do hematócrito dos animais estudados foram influenciados pelo nível de infecção
parasitária, correspondendo os valores mais elevados de hematócrito aos animais negativos ou
com infecções leves. Segundo MORALES et al. (1996), esta correlação negativa entre a carga
parasitária e o valor do hematócrito tem sido vinculado à presença de parasito hematófago
como o do gênero Haemonchus, nos animais. Entretanto no presente estudo, não foi
encontrada esta correlação ainda que um dos principais parasitas encontrados tenham sido os
do gênero Haemonchus (Tabela 1). É possível que esta correlação negativa não tenha sido
observada devido ao curto período de tempo que os animais encontravam-se parasitados, pois
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Kg
221 kg
209,5 kg
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conforme GENNARI et al. (1991) a maior conseqüência do parasitismo é o caráter crônico da
infecção.
Tabela 2: Análise de Variância, utilizando delineamento em medidas repetidas, complementada pelo Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, ao nível de significância de 5%, entre o percentual de Hematócrito dos grupos A (tratado) e B (controle), no período de 6 meses.
Grupo A (Tratado) B (Controle)
Total
Mês Média Desvio Padrão
Média Desvio Padrão
Média Desvio Padrão
Agosto 31,90 5,86 32,40 3,57 32,15 b 4,73 Setembro 35,30 4,97 35,50 3,03 35,40 a 4,01 Outubro 38,78 3,15 35,90 3,25 37,26 a 3,45 Novembro 36,20 4,61 34,60 2,07 35,40 a 3,57 Dezembro 32,00 4,40 31,80 3,46 31,90 b 3,85 Janeiro 30,40 3,57 30,00 3,06 30,20 b 3,24 Total 34,02 5,21 33,37 3,67 33,69 b 4,49
“a” e “b”: letras iguais não diferem estatisticamente (p>0,05)
34
5 CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo demonstraram que o fungo Duddingtonia flagrans tem
capacidade nematofágica significativa em bovinos jovens alimentados com pastagem nativa e
suplementação com ração de manutenção, em uma carga animal no campo que iniciou com
0,8 unidade animal/hectare e terminou com 1,2 unidade animal/hectare, principalmente em
relação à redução de larvas na pastagem.
Portanto, mesmo em condições climáticas adversas, como a seca ocorrida no Rio
Grande do Sul no período de dezembro a março de 2004/2005 e o excesso de chuvas em
outubro de 2005, houve uma redução significativa de larvas na pastagem e conseqüentemente
do OPG dos animais, o que permite afirmar que o emprego deste fungo na produção extensiva
de bovinos é eficaz como uma ferramenta de controle biológico de nematódeos.
35
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