O FUTURO DA MEMÓRIA DA MANUTENÇÃO MILITAR

387

Click here to load reader

description

Trabalho desenvolvido pelos alunos da FAUL (Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa) da turma A e B, na cadeira de Conservação, Restauro e Reabilitação no 2º semestre do ano letivo de 2015-2016. __ NOTA: lamentamos por quaisquer erros ortográficos, legendas sem referência, páginas sem imagens numeradas ou outros erros que possam ressaltar à vista dado o pouco tempo para a realização deste livro, a dificuldade da gestão entre turmas e principalmente, a tarefa destinada a apenas uma pessoa de agrupar e trabalhar este livro. Obrigada!

Transcript of O FUTURO DA MEMÓRIA DA MANUTENÇÃO MILITAR

  • 01

    O FUTURO DA MEMRIADA MANUTENO MILITAR

    2015 - 2016 CONSERVAO RESTAURO E REABILITAO

    MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA | FACULDADE DE ARQUITECTURA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

  • 02

    2016

    Vol. 1, Junho/2016

    FACULDADE DE ARQUITECTURA UT LISBOA, Rua S Nogueira, 1349-055 Lisbon, Por-tugal

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida em

    qualquer forma ou por qualquer meio eletrnico ou mecnico (incluindo fotocpia, gravao ou

    armazenamento e recuperao de informaes) sem a permisso por escrito dos editores.

    Este livro , dividivo em quatro partes, resulta da compilao dos trabalhos dos alunos do 4 ano

    do Mestrado Integrado em Arquitectura (MIARQ), turmas A e B, da Unidade Curricular Conser-

    vao Restauro e Reabilitao (2 Semestre), com regncia do Professor Jos Aguiar.

    Editor

    Jos Aguiar e Daniela Rosa

    Design

    Daniela Rosa e Jos Aguiar

    Coordenador das Propostas

    Jos Aguiar

    Contribuies

    Ricardo de Almeida Russo, Sofia Bandarra Borges, Andr Rocha, Joo Chatu, Nuno Nunes, Pedro Ferreira, Jos Managem, Rafael Caseirao, Matev Boh, Car-olina Almeida, Diogo Machado, Imanol Bilbao, Pilar Garca, lvaro Romero, Lil-iana Yunga, Ins Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos, Beatriz Silva Santos, Catarina Garcias Soares, Vnia Henriques Correia, Kateryna Vasylieva, Ga-briela Nicifor, Hlib Antypenko, Jos Cantante, Patrcia Ferreira, Elia Bombardini, Joana Fernandes, Alexandra Figuriredo, Henrique Guerreiro, Daniela Rosa, Ins Pereira, Joo Sousa e Marta Vieira, Ana Luca, Daniela Vitorino, Leonor Traguil, Margarida Veloso, Andriy Namniyek, Fbio Castelhano, Lia Delgado, Mariana Pereira, Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa,Madalena Caiado, Pedro Mendes, Loureno Santa-Rita, Daniel Paula, Francisco Guedes, Joana Medeiros, Mrcia Pires, Domingos Cussinja, Henrique Pinto, Joo Romo, Manuel Santos, Francisco Dias, Joana Silva, Jorge Vaz, Maria Joo Pereira, Mni-ca Fernandes, Joo Maurcio, Cline Camposinhos, Raquel Nery, Rita Alves, Sara Afonso, Vanessa Sousa

  • 03

    DESENHAR O FUTURO DA MEMRIA DA MANUTENO MILITAR

    O objectivo essencial da Unidade Curricular de Conservao Restauro e Reabil-itao do 4 ano dos Mestrados Integrados em Arquitectura e de Arquitectura de Interiores e Reabilitao do Edificado da FA-ULisboa fornecer os fundamentos da conservao do patrimnio arquitectnico nas suas mltiplas vertentes (do restau-ro de edifcios e conjuntos reabilitao da cidade). Informar dos novos paradig-mas que afectam esta disciplina do conhecimento humano e das suas relaes com o projecto em Arquitectura, incluindo o primado ecolgico (as questes da suste-ntabilidade) e do papel que nessa cultura cabe ao largo espectro que hoje nos leva da conservao ao projectar do construir no (e com o) construdo.

    Acredita-se que ao contactar com essas bases se possibilitam capacidades de abor-dagens crticas mais informadas no decorrer dos processos de planeamento e de projecto; Por isso estudamos a histria das ideias e das experincias, dos saberes j adquiridos e do seu reflexo em teorias e praxis contemporneas de projecto.

    Cesare Brandi definiu o restauro como uma epistemologia prtica, i.e. uma dis-ciplina do conhecimento cuja teoria s pode avanar pela sua confirmao (na) prtica, e o mesmo se poderia, ou deveria, dizer - se verdade que o Arquitecto o pedreiro que aprendeu latim - da Arquitectura. Assim a informao terica de base que se disponibilizou foi complementada com simulaes de aplicaes prticas (de um aprender fazendo).

    O exerccio que este ano escolhemos para fazer foi-nos proposto por um conjunto nico de circuntncias: a FA-ULisboa tem protocolos com a DGPC e esta com a Manuteno Militar. A Manuteno Militar cedeu a parte Sul do seu complexo Cmara Municipal de Lisboa com quem a FA-ULisboa, por sua vez, tem um protoco-lo para testar novos programas e novas idias para o regresso cidade consolidada e sua requalificao, tarefa que a nossa e as futuras geraes de Arquitectos de-vem enfrentar hoje como grande tema e novo desgnio do desenho.

    Deolinda Folgado e Jorge Custdio, do lado da gradual afirmao do patrimnio industrial e a Administrao da Manuteno Militar, atravs de Catarina Duarte da coordanao do Museu da MM, abriram a sete docentes da FA (J Aguiar; B. Mass-apina, D. Jesus, F Lopes, L Mateus, L Reis Paulo e V Ferreira) e a seis turmas do 4 ano (quase 200 alunos) as portas de um patrimnio maravilhoso, autntico e de enorme integridade.

    Entramos, professores e alunos, nesse mundo da MM com essa preciosa ajuda. Ensinaram-nos a (realmente) ver estes espaos mgicos, verdadeiras portas da en-trada para outros tempos, espaos e mquinas que nos surgiam como isolados da fria de transformao do nosso prprio tempo. Nos contentores com quase total integridade de contedos, surgiu-nos uma espantosa veracidade: como se algum, h relativamente pouco tempo, tivesse desligado o interruptor da histria, paran-do magicamente uma enorme fbrica, calando os seus motores, saindo mudos os

    operrios (homens e mulheres), correndo ainda o riso das suas ltimas crianas (no infantrio).

    Entrmos como se a poeira s tivesse pousado ontem e descobrimos uma verda-deira cidade dentro da cidade: uma vila operria com um reservatrio que uma casa, hortas e campos de jogos, cantinas e um cineteatro belssimo do moderno Estado Novo, galerias de reservatrios e silos inox de azeites, caixas de raes de combate ou rolos de embalagens de bolachas com design dos anos 60, cantinas e uma estao ferroviria, muitos armazns e silos, um antigo convento, galerias e galerias de belssimas mquinas do melhor design italiano ou alemo ou por-tugus, momentos da revoluo industrial em madeira ou de metal: enfim, uma heterotopia!

    Tivemos muito pouco tempo para conseguir digerir todo este novo mundo e as suas complexas problemticas: catorze semanas, com apenas trs horas de tra-balho metade terico a outra metade prtico.

    Mas os homens sero sempre dependentes das suas circunstncias, pelo que com-pilamos aqui esses primeiros desejos de inteligncia, de sensibilidade e a (im)pos-svel poesia, que tentamos reunir neste (to apressado) livro de turma.Juntos comeamos a esquiar os sonhos do que poderia (deveria?) ser o futuro da memria da Manuteno Militar!

    __FA-ULisboa, em 1 de Junho de 2016 e

    Jos Aguiar e os alunos de CRR do 4 ano MIARQ A e B

  • 04

    LIVRO IHISTRIA | pg.05

    LIVRO IIPATRIMNIO INDUSTRIAL | pg.27

    LIVRO IIIREFERNCIAS | pg.71

    LIVRO IV DESENHOS TCNICOS | pg.161

    LIVRO VPROPOSTAS | pg. 185

  • 05

    HISTRIALIVRO I

    foto

    : Jos

    A

    guia

    r

  • 06

  • 07

    CARTOGRAFIA E ICONOGRAFIA HISTRICA Andriy Namnyek, Fbio Castelhano, Lia Delgado, Mariana Pereira

    1. Planta de Filipe Folque, 1856-1858 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    2. Planta de 1871 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    3. Planta de Silva Pinto, 1911 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    4. Planta de 1950 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    5. Planta de 1970-83 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    1 2 4

    3 5

  • 08

    6. Planta de 1987 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    7. Sobreposio da planta de Filipe Folque (1856-58) com a de Silva Pinto (1911), 2016 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    8. Sobreposio da planta de 1971 com a de 1950 in http://lxi.cm-lisboa.pt/lxi/ , consulta a 27-03-2016

    6 8

    7

  • 09

    9. Fotografia - Trabalhadores da Manuteno Militar in :http://www.docomomo2016.com/#!workshop/csen, consulta a 17-03-2016

    10. Fotografia - Esquema da Manuteno Militar in :http://www.docomomo2016.com/#!workshop/csen, consulta a 17-03-2016

    11. Fotografia - rea do tratamento do cereal in :https://www.flickr.com/photos/bi-blarte/11465189544/in/photostream/, consulta a 17-03-2016

    12. Fotografia - Maquinaria da Manuteno Militar in :http://www.docomomo2016.com/#!workshop/csen, consulta a 17-03-2016

    13. Fotografia - Fbrica de bolachas in : https://www.flickr.com/photos/biblarte/11465186664/in/photostream/, consulta a 17-03-2016

    9

    12 13

    11

    10

  • 10

    14. Fotografia - Planta Representativa in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bibliote-ca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    15.Fotografia-Refeitrio in:http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    16. Fotografia - Perspectiva vista dos silos in:http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblio-teca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    17. Fotografia - Fbrica e fornos de po. Cerca de 1917 in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    18. Fotografia - Seco de dactilografia. Cerca de 1917 in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    15

    16

    17

    18

    14

  • 11

    19. Fotografia - Seco das Bolachas in:http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bibliote-ca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    20. Fotografia - Sala do forno contnuo para fabrico do po in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    21. Fotografia - Mquinas termoelctricas. Cerca de 1917 in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    22. Fotografia - Mquinas termoelctricas in :http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bib-lioteca-digital-camoes/arquitectura-1.html

    19

    20

    21 22

  • 12

  • 13

    ESTUDO HISTRICO Carolina Almeida, Diogo Machado, Jos Pina, Rafael Caseiro, Matevz Boh

    23. Rua do Grilo, 2006, Manuteno Militar vista dos Silos in http://4.bp.blogspot.com/-kjEZ-9XrmyU/Uu0zPqXSttI/AAAAAAAAJ4Q/yDZUKPKwx60/s1600/3-imagensBeato070.jpg

    24. Localizao in http://2.bp.blogspot.com/-TpsunmYLnq4/Uqmyeej9HgI/AAAAAAAAJws/APR-wfpIYR-E/s1600/DSC00257.JPG

    25. Planta da Manuteno Militar in http://epsservicos1gg.com/o-projeto/investigacao/uni-dades/manutencao-militar/

    26. Planta da cidade de Lisboa in Arquivo da Cmara Municipal de Lisboa

    A Manuteno Militar (MM) um estabelecimento fabril e logstico do Exrcito Portugus.Compete MM fabricar ou gerir o abastecimento de viveres, combustveis, lu-brificantes e outros artigos para o Exrcito. Em segunda prioridade a MM apoia tambm as foras nacionais destacadas (FND) no exterior, os restantes ramos das Foras Armadas Portuguesas, as foras de segurana e a Autoridade Nacional de Proteo Civil. A MM assegura tambm o funcionamento das messes do Exrcito. Tambm compete MM apoiar as famlia militar.

    LOCALIZAO ESTRATGICA- Situado no Convento das Carmelitas (Grilas), fundado por D. Lusa de Gusmo, em Xabregas;- A escolha da sua localizao foi feita pela necessidade de conter vrias unidades industriais;

    JUSTIFICAO PARA A ESCOLHA DO CONVENTO DAS GRILAS- Os seus acessos foram decisivos (perto do rio e do caminho-de-ferro);

    () Uma construo vasta, slida, com amplos, armazns abobados, colocado so-bre a estrada ordinria por um lado e banhado do outro pelas guas do Tejo, ali bastante fundas para permitirem a aproximao dos grandes navios, com dois an-dares de longo p direito alm do trreo, possuindo uma boa cerca em frente, da fachada principal e alm da estrada, rea que se estende at linha frrea do norte () Fonte: http://epsservicos1gg.com/o-projeto/investigacao/unidades/manutencao-militar/

    CONTEXTUALIZAO HISTRICA- A origem de Manuteno Militar remonta a 1772;- Face s necessidades de abastecimento do exercito portugus, atribuda ao Es-tado a responsabilidade pela alimentao militar;- Em 1862, criada a Padaria Militar mais tarde viria a dar origem Manuteno Militar, por decreto por decreto de Rei D. Carlos em 11 de Julho de 1897; - Surge depois o Plano de Organizao da Manuteno Militar;

    23

    24

    25

    26

  • 14

    A IMPORTNCIA DA EXISTNCIA DA MM

    - ento reconhecida a vantagem do fabrico de massas alimentcias e do po de campanha;- So definidas reas tcnicas e administrativas;- A Manuteno Militar assumo um papel de destaque na indstria nacional fican-do sob orientao do Ministrio da Guerra e, de imediato, a sua subordinao Direo de Administrao Militar.

    PROJETO DE INSTALAO (1772)

    - Uma fbrica de moagem de cereais;- Uma padaria;- Uma oficina para o fabrico de massas alimentcias, bolachas e produtos similares;- Um depsito e material de padaria de campanha;- Armazns para toda a espcie de cereais, farinhas e gneros;- Secretaria;- Alojamento do pessoal;- Enfermaria;- Cocheiras e cavalarias;- Oficinas de reparao de material;- Laboratrio qumico e tecnolgico;- Depsito de forragens.

    27. Mquina a vapor Sulzer, autor desconhecido, 1917 in http://lh4.ggpht.com/-2HP-PKogbLes/Ule3baljr_I/AAAAAAABCyM/nUayQB8Nt34/Mquina-a-vapor-Sulzer-1917_thumb26.

    jpg?imgmax=800

    28. Central Eltrica, autor desconhecido, 1917 in http://lh3.ggpht.com/-BjVJALstKL0/Ule3aQwCWtI/AAAAAAABCx4/mYTdvhut5Es/Central-elctrica_thumb6.jpg?imgmax=800

    29. Refeitrio de Praas, autor desconhecido, 1917 in http://lh4.ggpht.com/-PCF6tGx-oPwE/Ule3ejBmvEI/AAAAAAABCy8/z2isRdt2qe8/Refeitrio-dos-Praas-1917_thumb6.jpg?img-

    max=800

    30. Planta do Projeto de instalao da Manuteno Militar in http://epsservicos1gg.com/o-projeto/investigacao/unidades/manutencao-militar/

    31. Planta de Manuteno Militar in https://lh3.googleusercontent.com/aB8k-ky5VRF-lQQSey0ok9NcYXaQckLVwd-9xdtNUsjLL4R53MgtldOaAMWBJzNXA_u-QiTE=s85

    27

    28

    29

    30

    31

  • 15

    AMPLIAO DA MANUTENO MILITAR

    Em 6 de Maro de 1897 foi elaborado um plano para a sua ampliao, e o decreto de 11 de Junho desse ano definiu os objetivos da Manuteno Militar. O projeto do edifcio foi elaborado pelo capito de engenharia da Escola do Exrcito Joaquim Renato Baptista. Surgem nesta poca, ainda, os seguintes edifcios:- Moagem;- Depsitos de trigo;- Padaria, prensas, amassadoras,- Via-frrea para desvio e resguardo de 10 vages;- Casernas;- Cozinhas;- Oficinas etc.

    Possua silos de: - trigo e outros cereais para panificao; - farinhas e smolas;

    Tinha tambm grandes armazns de: - sal; - gneros para rancho; - conservas alimentares; - palha; - combustvel; - leos. Alm destas estruturas, estavam em construo, um matadouro, um talho e uma salsicharia, bem como, parques para diversos tipos de gado vacum. Em 1916, entraram em funcionamento o matadouro, o talho e a salsicharia, da Manuteno Militar, cuja construo tinha sido iniciada em 1914.O servio do Estabelecimento ficou ento dividido da seguinte forma:

    - 1. Diviso e Fbrica de Descasca de Arroz;

    - 2. Diviso: Fbrica e Depsito de Po, Fbrica de Bolacha, Fbrica de Massas, Fbrica de Bolo Alimentar para Solpedes, Fbrica de Comprimidos e Fbrica de Torrefao e Moagem de Caf;Parque de Gado, Matadouro, Talho, Salsicharia, Refinaria de Acar e Fbrica de Conservas;

    - 3. Diviso: Garagem de Automveis de Carga, Oficinas de Reparao de Au-tomveis e Viaturas, Oficinas de Seleiro e Correeiro e Oficina Ciderotcnica; e Seco de Pessoal;Depsito de Gneros e de Forragens, Oficina de Carpintaria, Oficina de Serralharia,

    Oficina de Pedreiro e Oficina de Eletricista;Servios Gerais: Seco de Expedio, Lavandaria, Depsito de Taras, Oficina de Latoaria, Oficina de Caixotaria e parte administrativa das oficinas;Depsito de Material, Depsito de Vendas, Depsito de leos, Depsito de Com-bustvel e Depsito de Sal.

    32. Laboratrio, 1930 in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-militar.html/

    33. Novas instalaes, 1970 in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manuten-cao-militar.html/

    34. Externo in http://lh5.ggpht.com/-7HpPlacIHDA/Ule3gV6YURI/AAAAAAABCzY/XSGFkz3oCp4/Manuteno-Militar.9_thumb.jpg?imgmax=800

    32

    33

    34

  • 16

    - Durante a Segunda Guerra Mundial, foi atribuda Manuteno Militar a funo de alimentar as tropas a desempenhar manobras militares nas Ilhas e no Ultramar; Em 1950 a 1959, d-se um perodo de modernizao do parque industrial e a con-struo do Bloco Social, constitudo por: creche; guarda infantes; escola primria; refeitrio com cozinha para 800 lugares. A partir de 1961, so criados supermercados militares destinados a apoiar as famlias dos militares;

    - Na dcada de 70, instalaram-se novas unidades da industria alimentar (fbrica de pastelaria confeitaria e uma fbrica de fritos). Depois do 25 de Abril de 1974 e com o fim da guerra no Ultramar, houve uma reduo da atividades. Recentemente a Manuteno Militar prestou funes de apoio humanitrio atravs da recepo e distribuio de bens alimentares s Foras Armadas, em misses internacionais; Na sequncia da comemorao do primeiro centenrio, em 1997, a Manuteno Militar foi condecorada com a Medalha de Ouro de Servios Distintos.

    __

    http://www.exercito.pt/Paginas/default.aspx

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuteno_Militar

    http://epsservicos1gg.com/o-projeto/investigacao/unidades/manutencao-militar/

    http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2014/02/rua-do-grilo-xiii.html

    http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-militar.html

    http://arquivomunicipal2.cm-lisboa.pt/sala/online/ui/searchbasic.aspx?filter=AH;AI;AC;AF

    35. Novos equipamentos, 1970 in http://lh5.ggpht.com/-9XxZE0lHkJU/Ule3kVFQiCI/AAAAAAABC0Y/-ZdMUHqlsvg/Manuteno-Militar.2_thumb.jpg?imgmax=800

    36. Lojas militares,1970 in http://lh6.ggpht.com/_IYJi-lhses0/TSwWDnUXnJI/AAAAAAAAEpM/o2srJ2jqBi4/Mercearia_thumb%5B6%5D.jpg?imgmax=800

    37. Novos equipamentos, 1970 in http://static.wixstatic.com/media/b32e13_f50613f21a-8c4960a5ead73198f95f6f.jpg/v1/fill/w_784,h_559,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01/b32e13_

    f50613f21a8c4960a5ead73198f95f6f.jpg

    38. Refeitrio, autor desconhecido, 1970 in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-militar.html/

    35

    36

    37

    38

  • 17

  • 18

  • 19

    1772 - O estado torna-se responsvel pelo abastecimento alimentar do exrcito portugus.

    1811 - Criao do Comissariado de Viveres do Exrcito, possibilitando a gesto e fabricao da alimentao militar.

    1862 - Inaugurao da primeira padaria militar com carcter experimental, sob au-toria do ento Ministro da Guerra, Marqus de S da Bandeira, em Rocha de Conde de bidos.A padaria criada como instrumento regulador de preos por parte do estado numa poca em que prevalecia a fome, as doenas que afetavam os cereais e a grande dependncia do exterior para adquirir os cereais devido incipincia no seu fabrico por parte dos portugueses.Ao longo dos anos, apesar desta manter a sua operao, sofre uma grande de-gradao, tornando-se fundamental encontrar solues que evitem a mesma.

    1886 - Apresentao dos projectos de extenso da padaria militar, escolhidos pelo ministro da Guerra, dessa altura, o Visconde S. Janurio. procurado um local de grande amplitude, por forma a garantir espao suficiente para a implantao das variadas unidades industriais, bem como um local que for-necesse facilidade nas acessibilidades.O Convento das Carmelitas (ou Grilas), em Xabregas, perto da Rua do Grilo, foi por fim eleito como o estabelecimento mais adequado para a interveno que se viria a seguir, por contemplar excelentes condies naquilo que eram as intenes do Estado ao nvel de apoio logstico, nomeadamente a proximidade com o rio e com a linha de caminho de ferro, cumprindo assim as exigncias militares.

    1888 - Criao de uma comisso de oficiais que pretende apresentar uma soluo para suceder a Padaria Militar por forma a evitar a sua consequente degradao.

    1896 - Tomada de posse por parte do Ministrio da Guerra relativamente ao es-tabelecimento da Manuteno Militar em construo e adaptao nos terrenos anexos ao Convento das Carmelitas.Abertura de um concurso pblico para atribuio das mquinas de moagem, cal-deiras e mquinas a vapor, saindo vencedora do concurso a Empresa Alem G. Luther,

    1897 - Solicitao de um plano geral de obras para a concluso dos trabalhos no es-tabelecimento, sendo o mesmo acompanhado por um oramento com o objectivo de maximizar o produto e aproveitar os edifcios existentes.Fundao da Manuteno Militar, a 2 de Junho, tendo como principal objectivo a fabricao de farinhas, po e outros produtos alimentares para o abastecimento: - do exrcito; - da armada; - dos vrios corpos e estabelecimentos dependentes dos ministrios do Reino;

    - o fornecimento de forragens aos solpedes (cavalos); - das padarias municipais; - o pblico geral (em poca de crise).

    1907 - Redimensionamento da estrutura e produo.

    1911 - Entrada do Coronel Lus Antnio Vasconcelos Dias, para o cargo directivo da MM, coincidindo com a poca de alteraes ocorridos em 1907.

    1921 - Instalao de uma central elctrica composta por dois grupos, ambos com um motor de leos pesados Polar e alternador Asea, de um quadro de distribuio e manobra de 10 painis, com bancada de manobra e cem motores elctricos e de turbinas Diesel ,que produziam autonomamente a energia para as fbricas, forne-cidos pela empresa Jayme da Costa Ld., de Lisboa e Porto.Em 1922 a Manuteno Militar demonstra a sua capacidade industrial na Ex-posio Internacional do Rio de Janeiro.

    1937 - Desenvolvimento e alargamento das estruturas industriais, de norte a sul do pas.

    1951 - Construo de um transporte areo de ligao entre a zona da fbrica e a linha frrea.Construo do relgio na fachada que identifica a Manuteno Militar.

    _____

    Finais anos 50/ Incio anos 60 - Instalao de novos equipamentos, com a ocor-rncia da Guerra Colonial e com a necessidade de abastecimento militar, sendo estes: - Equipamento e montagem de sector de embalagem para raes; - Nova maquinaria de corte para o fabrico de bolacha waffer - Nova maquina para a carpintaria; - Remodelao do matadouro, das fbricas de massas, bolachas e com-primidos - Adaptao dos armazns; - Concluso das obras de inaugurao dos supermercados de Campolide e do Beato; - Montagem de nova central elctrica, para assegurar a energia no caso de falhas.

    Dcada de 60 - Instalao de novos sectores respeitantes indstria alimentar: - Fbrica de pastelaria, confeitaria e fritos. A fbrica de pastelaria fornecia os supermercados e as messes e a fbrica de confeitaria complementava a fbrica do po.A fbrica dos fritos foi recentemente remodelada para ser tambm utilizada como fbrica de ultracongelados.

    1997 - Aniversrio dos 100 anos da Manuteno Militar, condecorada com a Medal-ha de Ouro de Servios Distintos.Inaugurao de um pequeno museu de exposio com o intuito de tonar pblica a histria e a evoluo do estabelecimento ao longos dos anos, bem como a apresen-tao de algumas mquinas utilizadas ao longo dessa mesma evoluo.

    CronologiaSara Afonso, Raquel Nery, Celine Camposinhos, Rita Alves, Vanessa Sousa

  • 20

    pg. esquerda_

    39. Raes Militares, do Museu da Manuteo Militar (2015), foto do autor da fonte, in http://atriumgrupocultural.blogspot.pt/2016/01/o-complexo-industrial-da-manutencao.html

    40. Fbrica do po, foto do autor da fonte, in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-militar.html

    41. Mquinas de Moagem, foto do autor da fonte, in http://bichinhosnacabeca.blogspot.pt/2015/04/manutencao-militar-military-maintenance.html

    42. Pgina 1 do Regulamento do Commissariado de Viveres, e Transportes para o Exrcito Portugus, [Lisboa], 1812, digitalizao, in http://purl.pt/11972/1/index.html#/7/html

    43. Retrato de Janurio Correia de Almeida (1829-1901), 1 Conde de S. Janurio, leo sobre tela, in http://www.exercito.pt/sites/DORH/Historial/Paginas/default.aspx

    pg. direita_

    44. Fotografia Area da Manuteno Militar, foto do autor da fonte in http://aps-ruasdelis-boacomhistria.blogspot.pt/2014/02/rua-do-grilo-xi.html

    3

    39

    40

    41 43

    42

  • 21

    44

  • 22

    45. Fbrica da Confeitaria, in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-mil-itar.html

    46. Central Elctrica (1917), in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manuten-cao-militar.html

    47. Estrutura Industrial do Entroncamento, in http://rgpsousa.blogspot.pt/2012/05/mu-seu-da-manutencao-militar-lisboa.html

    48. Fachada da Manuteno Militar e Via Frrea, in http://vejasp.abril.com.br/blogs/pop/2014/11/25/drone-captura-imagens-de-catedral-mais-alta-da-holanda/

    49. Posto de Vendas (1917), in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manuten-cao-militar.html

    45

    46 48

    47

    49

  • 23

    50. Elemento Central entre a Fbrica de Massas e a Fbrica da Bolacha, in http://www.docomomo2016.com/?_escaped_fragment_=manuten%C3%A7%C3%A3o-militar-complex,-lis-

    bon/zoom/csen/dataItem-ijygbuj2 50

  • 24

    ORGANIZAO FUNCIONAL DA MANUTENO MILITAR

    pg. esquerda_

    51. Laboratrio (estudo dos cereais, farinhas, fermentos e outros produtos) (1917), in http://restosdecoleccao.blogspot.pt/2013/10/manutencao-militar.html

    52. Escola da Manuteno Militar, in http://aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2015_08_01_archive.html

    53. Equipamento de panificao (1917), foto do Estdio Mrio Novais, in https://www.flickr.com/photos/biblarte/11465256796

    54. Equipamento Moagem de Caf, foto do Estdio Mrio Novais, in https://www.flickr.com/photos/biblarte/11465189544

    pg. direita_

    55. Rua Interior Manuteno Militar, in http://www.docomomo2016.com/#!ma-nuten%C3%A7%C3%A3o-militar-complex,-lisbon/zoom/csen/dataItem-ijyg0gk5

    Fbricas : - Moagem de cereais; - Farinhas e trigos; - Po; - Leite e manteiga; - Bolachas e produtos similares; - Massas alimentcias; - Conservas; - Refinaria de acar; - Matadouro e salsicharia; - Tratamento de vinhos; - Torrefaco e moagem de caf;

    Outros Equipamentos: - Oficina; - Reparao de material; - Serrao; - Latoaria; - Lavandaria; - Depsito de material de padarias; - Armazns; - Laboratrio (estudo dos cereais, farinhas, fermentos e outros produtos); - Secretaria; - Alojamentos; - Enfermaria; - Escola; - Cavalarias;

    51

    52

    53

    54

    Sara Afonso, Raquel Nery, Celine Camposinhos, Rita Alves, Vanessa Sousa

  • 25

    Fbrica de Moagem A superfcie da fabrica distribua-se por trs andares. O trigo passava por diver-sas fases: a limpeza, a moagem, a farinao e a panificao, todas estas efectuadas com equipamento mecanizado.

    Fbrica do Po Em 1992 a fabrica do po tinha uma produo diria de 50 000 kg de po, todos laborados por processos mecnicos.

    Fbrica de Massas As massas eram produzidas com o auxilio de trs galgas que alimentavam duas prensas horizontais para o macarro e para massinha, e trs prensas verticais. A secagem das massas fazia-se atravs de doze enxugantes mecnicos.

    Refinaria de Acar Tinha uma produo mdia diria de 4500 kg e era composto de uma caldeira, dez tinas de cobre, duas caldeiras pequenas, dois cilindros, um peneiro eltrico e diversos tachos.

    Fbrica de Conservas Uma vez que esta era uma mais-valia para os militares em campanha, a fabrica encontrava-se bastante desenvolvida, com numerosos equipamentos de fecho de latas e corte dos mais diversos alimentos.

    Fbrica de Bolachas A fabrica possua dois fornos, dois laminadores e vrios instrumentos para cortar e moldar bolachas.

    Leitaria e Fbrica de Manteiga Dispunha de uma batedeira de uma desnatadeira e de um malaxador. Com todo este equipamento era possvel produzir manteiga necessria para o fabrico de bo-lachas e para abastecer os armazns.

    Tratamento de Vinhos Existncia de um deposito de vinhos com capacidade total de 606 600 litros. Para proceder filtragem do vinho dispunham de dois filtros e um pasteurizador, para o engarrafamento dispunham de trs maquinas de engarrafar, de lavagem, de rol-hamento e capsulagem.

    Matadouro e Salsicharia A principal funo era a produo do bolo alimentar- rao para o gado. Permi-tia a produo diria de 75 kg de chourio, 150 kg de chourio de carne, 90 kg de farinheiras e 150 kg de banha.

    55

  • 26

  • 27

    PATRIMNIO INDUSTRIALLIVRO II

    foto

    : Mus

    eu d

    a M

    anut

    en

    o M

    ilita

    r

  • 28

  • 29

    CAPTULO I - REVOLUO INDUSTRIALBruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

    A Revoluo Industrial sintetizou-se pela transio para novos processos de manufatura e produo, no perodo compreendido entre 1820 e 1840. Esse pro-cesso tratou-se ento da transio de mtodos de produo artesanais para mt-odos de produo atravs de mquinas, associada a outras questes como a pro-duo de novos componentes qumicos, novos mtodos de produo de ferro, a maior eficincia da energia da gua, o uso crescente da energia a vapor e ainda da substituio de biocombustveis como a madeira por carvo.

    Este processo de revoluo e transio no campo da produo teve origem em In-glaterra, ainda que em apenas duas dcadas tenho sido expandido a outros pases europeus e aos Estados Unidos da Amrica. Este perodo foi sem qualquer dvida um divisor entre duas pocas distintas, influenciando directamente quase todos os aspectos da vida quotidiana da poca, como Robert E. Lucas Jr. afirma:

    Pela primeira vez na histria o padro de vida das pessoas comuns comeou a se submeter a um crescimento sustentado... Nada remotamente parecido com este comportamento econmico mencionado por economistas clssicos, at mesmo como uma possibilidade terica.

    No entanto, e estando ns a abordar a questo da revoluo industrial importa sa-lientar que esse processo de mudana econmica e social ocorreu de forma gradu-al e que como tal no se tratou de uma revoluo no sentido lato da palavra, no que questo temporal diz respeito, mas sim em relao ao contraste entre duas es-truturas sociais e econmicas distintas que ficaram assim separadas pelo processo da industrializao. Em suma, foi a revoluo industrial que impulsionou um novo perodo de forte crescimento econmico nas economias capitalistas imergentes, facto presente at actualidade.

    No perodo aps a Primeira Revoluo Industrial decorreu ainda uma Segunda Rev-oluo Industrial (1849-1870), perodo em que o progresso tecnolgico e econmi-co ganhou fora devido adopo crescente de barcos a vapor, navios, ferrovias, fabricao em larga escala de mquinas e o aumento do uso de fbricas que utili-zavam a energia a vapor.

    Mesmo no plano social foram evidentes as alteraes nos paradigmas at a en-raizados, seja pelo aumento progressivo das necessidades de consumo como tam-bm pela deslocao em massa da populao rural para as grandes cidades, crian-do evidentes concentraes urbanas. No plano da arquitectura, em paralelo com a arquitectura industrial no seu verdadeiro sentido, surgiu igualmente a habitao operria, caracterizada por se tratar de habitao de baixo custo construda nas imediaes ou proximidades das fbricas.

    Em suma, a industrializao caracterizou-se pelo processo histrico e social at-ravs do qual a indstria se tornou o sector dominante da economia, medi-ante a substituio de instrumentos, tcnicas e processos de produo, que re-sultaram no aumento da produtividade dos factores e a gerao de riqueza.

    Ainda falando da Revoluo industrial, importa salientar que em Portugal esse pro-cesso decorreu mais tarde, devido a factores como a instabilidade poltica, a dis-tribuio desigual da populao activa do pas, o atraso nas tcnicas de produo, o analfabetismo da populao e a debilidade do mercado interno. Assim, a revoluo em Portugal s se iniciou na segunda metade do sc. XIX, devido ao aumento do nmero de mquinas e de patentes de inveno e ao aumento da produtividade, apresentan-do ainda assim um razovel atraso face a muitos pases europeus. ainda de referir que os principais sectores industriais desenvolvidos em Portugal foram o txtil, taba-co, moagem, cermica, vidro, indstrias corticeiras, indstria qumica, fsforos, etc.

    Antes de iniciar uma anlise mais aprofundada do Patrimnio Industrial, importa ainda expor a sua definio. O patrimnio arquitectnico, construdo e paisagstico um recurso de importncia vital para a identidade colectiva e um facto de diferen-ciao e valorizao territorial que importa preservar e legar para as geraes futuras.

    A sua conservao, valorizao e divulgao tem um potencial de projeo local, regional, nacional e, em certos casos, mundial, com capacidade de atratividade de diferentes pblicos pelos diversos aspectos associados sua fruio, aten-dendo diversificao dos valores associados: de ordem histrica, urbansti-ca, arquitetnica, etnogrfica, social, industrial, tcnica, cientfica e artstica.

    Como tal, o Patrimnio Industrial assim uma rea inter e multidisciplinar, sendo car-acterizado necessariamente por uma singularidade e pelo testemunho de proximi-dade para com determinada comunidade ou sociedade. Para se tratar de Patrimnio Industrial o edificado tem assim necessariamente que possuir uma linguagem prpria.

    __in http://revolucao-industrial.info/Rioux Jean Pierre, A revoluo Industrial

  • 30

    As edificaes destinadas a acomodar processos produtivos e industriais esto estreitamente ligadas a dois processos ou fenmenos caractersticos da era moder-na: a mecanizao e a industrializao, o que nos permite qualifica-las como sendo uma expresso da modernidade.

    Os arquitetos pensaram esses edifcios de forma a solucionar impasses de or-dem tcnica, resultando em significativas conquistas na rea da engenharia civil, tais como o clculo estrutural, tcnicas avanadas com materiais como o ferro e o concreto e a racionalizao e padronizao dos processos de construo, os quais foram aplicados tambm a outros edifcios. Por outro lado, pode-se dizer que tais conquistas afectaram a qualidade arquitectnica no que componente esttica diz respeito, visto que, na maioria das vezes, a forma do edifcio foi negligenciada em detrimento das tcnicas ou do atendimento de determinados fluxos produtivos.

    No entanto, existem edifcios singulares em que foram usados princpios e tcni-cas modernas de construo, particularmente sistemas pr-fabricados, princpios esses capazes de conferir identidade e significado aos edifcios.

    A Arquitectura Industrial define-se assim pela concepo e construo de ed-ifcios cujo uso especifico se destina produo e manufaturao de diferentes indstrias. Na concepo desta tipologia arquitectnica, evidenciada a relao entre arquitectura e engenharia, j que a engenharia civil e a engenharia industrial e at mesmo a engenharia de mina, em casos especficos, so essenciais no seu processo.

    No perodo anterior Revoluo Industrial j existiam alguns edifcios desta natureza, ainda que ligados ao armazenamento e processamento agro-industrial (adegas, cervejarias, moinhos, silos, depsitos, etc.) e construo naval (ex princi-pais portos de aterramento como Ostia , Alexandria ou Cesaria Martima).

    No entanto, a revoluo veio manifestar a necessidade de construir instalaes especializadas em indstrias at a caracterizadas pela produo artesanal: ofici-nas, fbricas, chamins, torres, refinarias, centrais elctricas, estaes ferrovirias, armazns, instalaes porturias, hangares, etc.

    Alm dessas instalaes foram igualmente desenvolvidas novas tecnologias que caracterizaram a arquitectura de ferro e a arquitectura ferrovtrea, duas das tipolo-gias construtivas e estticas mais significativas da Arquitectura Industrial.

    Tambm no campo do urbanismo surge uma forte manifestao provocada pela Revoluo Industrial, sintetizada pela construo de cidades ou colnias destinadas a acomodar os trabalhadores das diferentes industrias e as respectivas famlias, como era o caso das cidades mineiras e das vilas ferrovirias. Esta prtica urbansti-ca permitiu em certa medida estabelecer e compreender novas relaes sociais e de trabalho, com abordagens que vo desde a represso (asilos), ao paternalismo industrial ou ao comunismo sovitico.

    Como consequncia da crescente construo de edificado industrial foram definidos novos critrios de planeamento urbano e de design industrial, bem como a construo de parques industriais.

    Mais tarde, no final do sc. XX a revoluo tecnolgica, a terceirizao e a deslocalizao da produo afectou decisivamente as indstrias mais sedimenta-das dos pases desenvolvidos, provocando uma perca da identidade industrial quer nas regies territoriais quer na prpria arquitectura. A este fenmeno chamamos de desindustrializao. Houve mesmo casos em que o abandono de um grande nmero de instalaes industriais provocou o declnio de algumas cidades, como foi o caso de Detroit. Noutros casos esse abandono revelou-se uma potencialidade para renovar uma grande rea urbana, como se verificou em Bilbao.

    De um ponto de vista acadmico, a arquitectura industrial tem gerado em cer-ta medida um campo recente de estudo, a arqueologia industrial, a qual se afirma como uma oportunidade para a valorizao, conservao e recuperao do pat-rimnio industrial e com ele a conservao de uma importante parte da memria histrica das comunidades onde este tipo de edificado foi sendo construdo.

    __in Broto Charles, Architecture for IndustryKong Mrio Say Ming, A Arquitectura Industrial

    CAPTULO II - ARQUITECTURA INDUSTRIALBruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 31

    A preocupao de proteger e estudar o patrimnio industrial uma atitude relativamente recente. Todo o patrimnio datado de perodos cronolgicos mais prximos e marcadamente mais funcional e menos prestigiante revela uma menor aceitao, a no ser que constitua um exemplar arquitetnico de excepo. O mov-imento de defesa do legado industrial, a gnese do Patrimnio Industrial, teve a in-cio em Inglaterra, na dcada de 50, devido destruio de muitas fbricas, durante a segunda guerra mundial.

    A questo que o Patrimnio Cultural vem colocar ento: Como olhar, no incio do sculo XXI, para vestgios materiais que at h to pouco tempo desempenharam uma funo na modelao urbana ou na estrutura econmica da sociedade?

    O objecto de estudo do patrimnio industrial mltiplo e variado, j que considera as vrias reas produtivas e as diversas solues construtivas. Assim, quando se fala de patrimnio industrial, referimo-nos frequentemente aos vestgios deixados pela indstria: txtil, vidreira, cermica, metalrgica ou de fundio, qumica, papeleira, alimentar, extractiva (as minas), para alm da obra pblica, dos transportes, das infra-estruturas comerciais e porturias, das habitaes operrias, etc.

    Importa entender que cada universo industrial tem a sua especificidade e como tal deve ser analisado na sua singularidade e particularidade. A diferenciao ver-ifica-se nos processos de produo, na maquinaria utilizada (mquinas-ferramen-tas e mquinas-operadoras), que divergem de acordo com a respectiva rea de laborao, havendo obviamente elementos comuns nas diversas foras motrizes empregues ao longo do tempo.

    Os edifcios industriais so assim os testemunhos edificados mais prximos das co-munidades, impondo-se pela utilizao de algumas linguagens prprias, difundidas atravs de diversas solues construtivas, como o telhado em shed, a utilizao do ferro, do tijolo vermelho e mais tarde o beto.

    Assim, fcil entendermos que o patrimnio industrial uma rea inter e multi-disciplinar, e para a correcta interpretao de um objecto industrial necessria a participao de diversos especialistas, tais como historiadores, arquitectos, engen-heiros, patrimonialistas e arquelogos.

    Em sntese pode-mos ento dizer que o patrimnio industrial trata dos vestgios tcnico-industriais, dos edifcios, dos equipamentos tcnicos, dos produtos, dos documentos de arquivo e da prpria organizao industrial.

    Os edifcios classificados segundo a legislao portuguesa aplicada pela Di-reco-Geral do Patrimnio Cultural DGPC inserem-se neste vasto universo pat-rimonial. Como tal abarcam construes fomentadas por polticas rgias ou reas produtivas que se encontravam nos alvores da mecanizao (manufacturas) ou sec-tores industriais que de algum modo se destacaram na salvaguarda do patrimnio industrial pelo seu carcter arquitectnico singular.

    As estruturas sociais associadas so tipologias construtivas e organizativas que re-flectem uma filosofia industrial que no pode ser dissociada de uma anlise de conjunto do processo de industrializao.

    Os casos de estudo a seguir apresentados e analisados relacionam-se, de alguma forma, com a industrializao dos diversos sectores produtivos ou com a utilizao de materiais decorrentes da Revoluo Industrial.

    ___in Alves Marina, artigo de revista Patrimnio Industrial

    Ferreira Lus Filipe, tese Projectar com o lugar, publicado por FA

    in http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/itinerarios/industrial/

    1

    2

    3

    CAPTULO III - PATRIMNIO INDUSTRIALBruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

    1. As fbricas qumicas da BASF em Ludwigshafen, Alemanha (1881), de Robert Friedrich Stieler (18471908)

    2. Coalbrookdale, cidade britnica considerada um dos beros da Revoluo Indus-trial.

    3. A fundio de ferro em blocos de Herman Heyenbrock (1890).

  • 32

    Para analisar a evoluo da indstria em Portugal necessrio recorrer a dados concretos como a produtividade e o respectivo crescimento econmico.

    Como j foi mencionado a industrializao em Portugal foi algo tardia relativa-mente aos restantes pases europeus desenvolvidos, pelo que o sector industrial em Portugal s veio a ganhar peso dcadas mais tarde, quer no emprego quer na produo.

    O crescimento industrial no sc. XX em Portugal revela, como na maioria dos pases desenvolvidos, um aumento contnuo, mas no constante, da produtividade. O crescimento da produtividade acelera fortemente a partir da dcada de 50, para depois desacelerar nos anos 70 e 80 e voltar a acelerar nos anos 90 e por fim decair a partir de 2008. Para entender este crescimento oscilante desde logo necessrio delimitar o mbito do sector industrial, o qual se centra no conceito lato de in-dstria, e que como tal inclui: a Indstria Transformadora, a Indstria Extractiva, a Electricidade, Gs e gua e a Construo. Nesta definio a Indstria corresponde assim ao chamado Sector Secundrio, que, juntamente com a Agricultura, Silvicul-tura e Pescas (sector primrio) e os Servios (sector tercirio), compem a activi-dade econmica.

    Para um melhor entendimento do panorama industrial nacional necessrio ex-trair, a partir dos dados (ou estimativas) estatsticos anuais, tendncias que explic-item a evoluo da indstria portuguesa e as diferentes fases da evoluo da pro-dutividade. Posto isto, o sector industrial em Portugal ganhou relevncia ao longo do sculo XX, no s em termos de contribuio para a produo e para o emprego da populao activa, mas tambm no que respeita ao contributo para a produtivi-dade da economia portuguesa.

    A industrializao ento patente at aos anos 80, destacando-se o arranque dos ganhos de peso na produo nos anos 50 e a intensificao desses ganhos nos anos 60, coincidente com o arranque do crescimento acelerado da economia portugue-sa em ambiente de abertura ao exterior. S no ltimo quarto de sculo que se comea a desenhar uma tendncia de desindustrializao, com alguma dissonncia temporal relativamente aos pases europeus mais desenvolvidos.

    No perodo de 1910 e 1950, a produtividade da indstria nacional foi relativamente modesta e inferior, espelhando as dificuldades do pas no arranque, j de si tardio, do processo de industrializao. Estas dificuldades tiveram tambm origem nos efeitos negativos que as Guerras Mundiais e Grande Depresso produziram, ain-da que os impactos sobre a economia nacional tenham sido relativamente suaves.

    Este ciclo negativo da tendncia de crescimento da produtividade industrial no in-cio do sculo est associado forte instabilidade social, poltica e econmica que caracterizava ento o pas e, subsequentemente adopo dum modelo econmi-co pouco assente na industrializao.J o perodo entre 1951 e 1973 foi o ciclo mais positivo de crescimento da produtiv-

    idade industrial e um perodo dourado de crescimento global da economia. O com-portamento da produtividade industrial neste ciclo reflecte um novo modelo de

    desenvolvimento econmico, alicerado em trs requisitos: polticas industrialis-tas, abertura ao exterior e condies internacionais favorveis s exportaes e emigrao.

    Foram iniciadas polticas de investimento em infraestruturas pblicas necessrias s actividades produtivas (aeroportos, redes viria e ferroviria, electrificao e projectos hidroelctricos) e a promoo do investimento em sectores industriais estratgicos capital-intensivos (cimentos, adubos, siderurgia e metalomecnicas pesadas, pasta para papel, qumicas).

    Este ciclo de ouro da produtividade industrial explicado pela nova poltica de ab-ertura econmica do pas ao exterior, materializada na adeso Associao Euro-peia de Comrcio Livre (EFTA) em 1960, mas tambm Organizao para a Coop-erao e Desenvolvimento Econmicos (OCDE), ao Fundo Monetrio Internacional (FMI) e ao Banco Mundial em 1961, e ao Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio (GATT) em 1962. Desta poltica resultaram a abertura de mercados externos e uma significativa liberalizao do investimento estrangeiro, as quais estimularam forte-mente a produtividade industrial.

    Aps 1973 as condies econmicas em Portugal mudaram radicalmente, e os anos compreendidos entre 1974 e 1984 constituram um ciclo negativo da tendncia da produtividade industrial. Este ciclo decorreu, da deteriorao da situao econmi-ca na generalidade das economias ocidentais resultante dos choques petrolferos e de polticas econmicas menos saudveis e de mltiplas circunstncias internas penalizadoras da actividade econmica e associadas mudana de regime poltico.

    Em suma, a indstria o sector que mais contribui para o crescimento da produ-tividade ao longo do sculo (50,16% em 1910-1995), com relevo para o papel de-terminante na forte acelerao em 1950-1973. Confirma-se o contributo negativo em 1973-1985 bem assim como a desindustrializao a partir de meados de 80, que se reflecte no s na perda de peso da actividade industrial na economia como tambm na perda relativa de importncia, a favor do sector dos servios, para a evoluo da produtividade.

    Como comum generalidade dos pases europeus, o efeito de crescimento in-tra-sectorial claramente dominante em todo o perodo, o que, s por si, justifica uma abordagem individualizada de cada sector, como a que se conduz aqui para a indstria.

    Em suma a produtividade da indstria portuguesa cresceu continuamente durante o sculo XX, embora com ciclos de crescimento bem distintos entre si, mas coinci-dentes com as transformaes institucionais, polticas e sociais que mais marcada-mente influenciaram a economia.

    Esta coincidncia reflecte o papel fundamental que a produtividade industrial tem na determinao da dinmica da economia e, consequentemente, dos nveis de vida da populao.

    Numa fase mais recente, os ltimos quinze anos portanto, demonstram uma clara tendncia de desindustrializao, isto , de perda de peso da indstria em favor dos servios na actividade econmica e na ocupao da populao activa. Esta questo associa-se directamente com o impacto negativo que a Grande Recesso veio im-por na Europa em geral, principalmente em pases como Portugal que j apresen-tavam fragilidades econmicas e de produo no final do sculo XX.

    Estes ltimos factores e as tendncias verificadas ao longo dos ltimos 15 anos levam cada vez mais ao abandono de edificado industrial e a sua consequente des-caracterizao. No entanto, tambm essa situao de estagnao industrial que

    leva concepo de Patrimnio Industrial, no sentido de entender a importn-cia social e histrica que o edificado desta tipologia representa enquanto sinal da evoluo do pas e da sociedade em geral, isto associado importncia e singular-idade arquitectnica de alguns edificados.

    __in Carta de Nizhny Tagil sobre o Patrimnio Industrial

    KITS PATRIMNIO I KIT 03 Patrimnio Industrial

    MENDES, J. Amado, Estudos do Patrimnio. Museus e Educao, Coimbra, Imprensa da Universi-

    dade, 2009

    CAPTULO IV - CONTEXTO PORTUGUSBruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 33

    Alm da anlise integral da evoluo da indstria em Portugal, importa comple-tar e justificar as premissas bsicas retiradas com alguns dados estatsticos obtidos no Instituto Nacional de Estatstica INE.

    Com essa recolha de dados estatsticos procura-se analisar a densidade populacio-nal por regies do pas, o nmero de empregados no sector secundrio, o nmero de encarregados de indstria e os tcnicos de processos industriais. De forma a conseguir uma relao de comparao entre o sculo XX e o sculo XXI sero rel-acionados dados e valores de igual natureza, de forma a puder confirmar as con-cluses retiradas anteriormente

    Como tal, primeiramente foi realizada uma recolha de dados relativos ao ano de 2011, ano dos censos mais recentes. Aps recolha de dados possvel desde logo concluir que no que densidade populacional diz respeito, e sabendo que os da-dos foram organizados por regies do pas, as regies que apresentam maior den-sidade so as de Lisboa (2 821 876 = 26,8%), Norte (3 689 682 = 34,9%) e Centro (2 327 755 = 22%), em contraste com os valores baixos do Alentejo e do Algarve. de salientar que a regio do Norte, com densidade de 3 689 682, a que possui o valor mais alto, em grande parte devido sua extenso territorial e igualmente pelo facto de desde o incio da revoluo industrial em Portugal ter sido a regio de eleio para a sedimentao da maioria das indstrias portuguesas.

    J no que aos habitantes no sector secundrio diz respeito, e tendo como orien-tao a densidade total de Portugal de 10 562 178 habitantes, podemos concluir que cerca de 1 154 709 de habitantes trabalham no sector secundrio, o equiv-alente a 10,9% da populao total. A repartio desse valor pelas regies acom-panha proporcionalmente a distribuio da densidade verificada anteriormente, j que o Norte a regio com mais empregados no sector secundrio (533 848), se-guida da regio Centro (282 800) e em terceiro lugar a regio de Lisboa (203 141). A par do verificado anteriormente as regies do Alentejo (65 576) e do Algarve (29 992) apresentam valores

    significativamente inferiores, no atingido sequer metade dos valores verificados em cada uma das regies primeiramente mencionadas.

    Ainda estudando os dados do ano de 2011, foi igualmente recolhida a informao que demonstra o nmero de encarregados de indstrias e o nmero de tcnicos de processos industriais. Nestas duas categorias de anlise verificou-se novamente o padro inicial, com a regio Norte com valores superiores (9 948 e 10 075), se-guida da regio Centro (5 793 e 6 334), regio de Lisboa (5 152 e 5 835), regio do Alentejo (1 675 e 1 961) e por fim a regio do Algarve (930 e 460).

    Aps a anlise dos dados referentes ao ano de 2011, foram comparados os dados obtidos nesse ano com os de 1981, de forma a ter uma base de anlise das dif-erenas substanciais entre a indstria portuguesa do sculo XX e a indstria portu-guesa do sculo XXI.

    Em primeiro lugar, importa desde j referir que no ano de 1981 o nmero de em-pregados no sector secundrio em Portugal era de 1 480 348, dos quais 290 199 (16,6%) eram da regio de Lisboa. Neste estudo importa ainda referir que a com-parao entre 2011 e 1981 feita unicamente quanto regio de Lisboa, j que o trabalho a desenvolver no decorrer do semestre ser na rea da cidade de Lisboa.

    Foram igualmente comparados os dados mencionados anteriormente com os de igual categoria do ano 2011. De imediatamente percetvel que na passagem do s-culo XX para o sculo XXI, e como j foi dito anteriormente, houve um decrscimo na produo industrial e na importncia do sector secundrio na economia portu-guesa, em grande medida provocado pela desindustrializao e pelo crescimen-to do sector tercirio. Como tal, o nmero de empregados do sector secundrio diminui cerca de 500 000 entre 1981 e 2011, no que ao panorama nacional diz respeito. J quando comparados os valores referentes regio de Lisboa, o de-crscimo menor mais ainda assim significativo, tendo descido dos 300 000 para os 200 000.

    Posto isto, podemos concluir que de facto desde a passagem de sculo e desde a Grande Recesso a industria/sector secundrio tem vindo a decair e a perder im-portncia na economia nacional, o que se traduz evidentemente, e no que

    arquitetura diz respeito, em Patrimnio Industrial descaracterizado e devoluto. Ev-identemente que estas questes aliadas legislao praticada pela Direco-Geral do Patrimnio Cultural e pelo Estado Portugus remetem para uma necessidade urgente de requalificao do edificado que se afirma como patrimnio e como rel-evante no que histria do pas, da sociedade, da indstria e da prpria arquitetura diz respeito.

    __in Censos 2011 http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=censos2011_apresentacao&xpid=CEN-SOS

    CAPTULO V - DADOS ESTATSTICOSBruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 34

    EMPREGADOS NO SECTOR SECUNDRIO

    PORTUGAL LISBOA NORTE CENTRO ALENTEJO ALGARVE

    1981 EMPREGADOS NO SECTOR SECUNDRIOPORTUGAL 1 480 348LISBOA 290 199

    0

    500 000

    1 000 000

    1 500 000

    2 000 000

    PORTUGAL LISBOA

    EMPREGADOS NO SECTOR SECUNDRIO

    2011 1981

    CAPTULO VI - GRFICOS ESTATSTICOS

    4. Dados estatsticos relacionando vrias zonas de Portugal atravs dos Censos de 2011

    5. Relao entre os empregados no sector secundrio nos anos de 1981 e 2011

    6. Grfico da densidade populacional

    7. Grfico dos tcnicos de processos industriais

    8. Grfico dos empregados no sector secundrio

    9. Grfico dos encarregados industriais

    5

    4

    ENCARREGADOS DE INDSTIAS

    PORTUGAL LISBOA NORTE CENTRO ALENTEJO ALGARVE

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

    TCNICOS DE PROCESSOS INDUSTRIAIS

    PORTUGAL LISBOA NORTE CENTRO ALENTEJO ALGARVE

    DENSIDADE POPULACIONAL

    PORTUGAL LISBOA NORTE CENTRO ALENTEJO ALGARVE6

    7

    8

    9

  • 35

    CAPTULO V - CASOS DE ESTUDO

    Exposto o estudo aprofundado da origem da Arquitectura Industrial e do Pat-rimnio Industrial, bem como as questes referentes evoluo da economia por-tuguesa quando associada ao sector secundrio, importa agora estudar casos de estudo relevantes ao entendimento do Patrimnio Industrial.

    Como tal, a seleco dos casos de estudo em questo atendeu necessidade de que se tratem de edificaes localizadas nas regies de maior produo e presena industrial, e cujas produes sejam representativas da cultura industrial portugue-sa.

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 36

    CAPTULO VI - REAL FBRICA DE PANOS DA COVILH (1764)

    A escolha deste caso prtico em questo incidiu no facto de a cidade da Covilh ser um dos polos industriais do pas. At aos sculos XVIII-XIX a Covilh demar-cou-se assim na regio da Beira Interior, sendo o centro polarizador de uma pro-duo dispersa de tecidos de l, realizada tanto em regime domstico como arte-sanal. As primeiras manufacturas na cidade datam do sculo XVII, processo que foi continuado com a industrializao a qual conduziu a uma forte concentrao fabril que, embora com dificuldades, se tem mantido activa at actualidade.

    A montanha, propiciando ao gado os pastos naturais, foi ponto de encontro dos grandes trajectos da transumncia tanto nacional como peninsular. Por esta razo alguns aglomerados populacionais desta rea, como Manteigas, Seia, Gouveia e Covilh, especializaram-se no fabrico dos panos. Esta situao foi facilitada pelo acesso fcil matria-prima que a base desta indstria: a l. De igual modo, a energia indispensvel ao seu desenvolvimento foi fornecida pelo fcil acesso e uti-lizao da gua e das lenhas. Assim, esta regio caracterizada por uma economia agro-pecuria e manufactureira, baseada essencialmente nas ls e nos panos.

    Neste contexto, a Covilh foi-se desenvolvendo, at ao sculo XIX, tendo sido na altura apelidada e conhecida como cidade-granja/cidade-fbrica. A partir de ento, devido a vrios condicionalismos, sobretudo por aco dos homens, a cidade espe-cializou-se como cidade-fbrica at aos anos oitenta do sculo passado.

    Contudo, a Covilh actualmente uma das reas caractersticas da desindustrial-izao europeia e, ao assistir-se s transformaes que pem em causa os alicerces scio-econmicos do seu passado, procura-se salvaguardar as suas memrias.

    Nesse sentido, a Universidade da Beira Interior instituiu a reabilitao da manufac-tura pombalina da Real Fbrica de Panos, criando o Museu de Lanifcios, um projec-to dinmico que procura aliar preservao do patrimnio edificado as memrias do trabalho, os caminhos da l e a matriz da vida regional e intemporal gerada pela Serra da Estrela.

    Um conjunto de aces foram previstas, passando pela preservao de stios de in-teresse arqueolgico-industrial e pela criao de equipamentos de natureza cultur-al, encontrando-se alguns j concretizados e outros programados, com o objectivo de recuperar os tempos ureos da indstria dos lanifcios e a sua influncia na vida da cidade e dos seus habitantes.

    A interveno efectuada nos edifcios que constituram esta manufactura, desen-volvida por fases e com objectivos diversos, revestiu-se de real significado, no s no domnio da recuperao arquitectnica e da conservao do patrimnio edifica-do, como a nvel da prpria preservao da memria dos lanifcios na Covilh e da histria da tinturaria portuguesa e europeia do Antigo Regime.

    Os modelos de interveno arquitectnica, de conservao arqueolgica e de mu-sealizao nela experimentados podem avaliar-se j hoje como contributos para a

    prpria afirmao da arqueologia industrial em Portugal. Efectivamente, foi no con-texto da recuperao e musealizao daTinturaria da Real Fbrica de Panos que, tendo-se iniciado, se concluiu, provavelmente, um dos primeiros projectos de recu-perao do patrimnio industrial portugus, com a inaugurao, em 30 de Abril de 1992, do Museu de Lanifcios da Universidade da Beira Interior. Foi igualmente no mbito desta experincia que se iniciaram, na Covilh e na regio circundante, com carcter sistemtico, levantamentos no domnio do patrimnio industrial.

    __in http://www.cm-covilha.pt/simples/?f=4828

    http://www.museu.ubi.pt/?cix=3045&lang=1

    10. Antiga fbrica de lanifcios 1764 e actual museu e universidade 1973

    10

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 37

    CAPTULO VI - FBRICA DE CERMICA DA VIVA LAMEGO(1865)

    A Fbrica de Cermica da Viva Lamego, fundada em 1849, produz peas nicas usando mtodos artesanais que embelezam o mundo. A fbrica foi fundada por Antnio da Costa Lamego em 1849. Aps a morte do seu fundador passou a desig-nar-se comercialmente por Viva Lamego. Todo o prdio forrado a azulejos que torneja para a Av. Almirante Reis constitua a zona de oficinas.

    Inicialmente a Viva Lamego, cujas instalaes fabris se localizavam no edifcio onde hoje se situa a sua loja no Largo do Intendente em Lisboa, produzia artigos utilitrios (talhas, etc) em barro vermelho efaiana e azulejos em barro branco.

    No incio do sculo XX o azulejo foi ganhando importncia e a produo em barro vermelho foi terminando.

    Nos anos trinta a Viva Lamego iniciou uma colaborao estreita com artistas plsticos, que nas suas instalaes, passaram cada vez mais a usar o azulejo para exprimirem as suas criaes.

    Os mestres da Viva Lamego continuam a fabricar uma vasta gama de azulejos sempre em pintura manual, a elaborar trabalhos especiais a partir de criaes de autores e desenvolver novos produtos que perpetuam a integrao do azulejo na Arquitetura. O edifcio da Fbrica de Cermica da Viva Lamego fica situado no largo do Intendente com a Avenida Almirante Reis, na antiga freguesia dos Anjos, actualmente freguesia de Arroios, em Lisboa. Nos anos trinta do sculo XX, a pro-duo foi transferida para a Palma de Baixo, onde se manteve at 1992, data em que a mesma passou para Abrunheira - Sintra.

    A sua construo inicia-se ento em 1849, por iniciativa de Antnio da Costa Lamego, e prolonga-se at 1865.

    um edifcio de estilo romntico, situado na Avenida Almirante Reis. Possui como elemento decorativo dominante um vistoso revestimento azulejar, que abarca a totalidade da fachada, da autoria de Lus Ferreira, o famoso Ferreira das Tabuletas, pintor de azulejos oriundo das Fbricas da Calada do Monte e Viva Lamego. Edifcio estruturado em dois registos, com duas janelas cada, que no segundo piso ladeiam uma varanda, tem como remate uma empena, rasgada por um culo rodeado de grinaldas e pequenas figuras que seguram uma inscrio com a data da construo.

    O programa cermico revela o gosto romntico-revivalista deste pintor, consider-ado por Jos Meco um fascinante artista ingnuo de excepcional graa, que aqui assume uma tentativa romntica de recuperar a tradicional pintura figurativa e artesanal do azulejo polcromo sobre esmalte branco. No primeiro registo, os azulejos, de cromatismo predominantemente verde e amarelo, possuem um cun-ho orientalizante, corroborado pelas figuras que alegorizam a fbrica, segurando inscries com o nome e a data de construo (1865), e tambm um teor mais classicizante patente nas duas outras representaes deste primeiro registo. O

    revestimento azulejar do segundo registo dominado por motivos essencialmente vegetalistas, inspirado nas albarradas barrocas. No remate, representam-se anjos segurando uma filactera comn a data da decorao, em pintura de tons amarelos.

    de notar que o imvel assenta sob uma mina de gua que abastecia o chafariz da Avenida Almirante Reis. S.C.P.

    A Viva Lamego orgulha-se ainda de ter no seu portflio trabalhos elaborados em colaborao com trs dos galardoados com a distino Pritzker. Eles so os arquite-tos portugueses, lvaro Siza Vieira (Prmio Pritzker em 1992) e Eduardo Souto de Moura (Prmio Pritzker em 2011), bem como o arquiteto holands Rem Koolhaas (Prmio Pritzker em 2000).

    __in http://www.viuvalamego.com/PT/VL

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

    11

    11. Fachada da actual loja de azulejos e antiga fbrica 1865

  • 38

    Foi propriedade da Companhia de Panificao Lisbonense, passando em 1915 a pertencer Companhia Nacional de Moagem. Em 1941 a padaria depende da Companhia Industrial de Portugal e Colnias, sendo em 1958 alugada Panificao Mecnica Lda. Algumas alteraes estruturais foram introduzidas no edifcio no incio da dcada de 80.

    O edifcio de trs pisos tem a fachada revestida a azulejos policromos com desenho de belo efeito esttico. No piso trreo destaca-se a articulao inovadora entre o vidro e o ferro utilizados na porta e nas montras, formadas por trs arcos abatidos separados por pilastras sobrepujadas por entablamento, e cujos vos so preenchi-dos por uma quadrcula de ferro sustentando vidro. Os dois pisos superiores, se-melhantes entre si, so bastante rasgados, deixando pouco espao para os panos de parede. Neles as janelas de peito de vo rectangular so alternadas por janelas de sacada com guardas de ferro, apresentando todas elas molduras em cantaria. O edifcio encimado por cornija coroada por platibanda e cobertura por telhado.

    O interior da padaria de planta em L, com aplicao diversificada de materiais, (madeira, vidro, azulejo, ferro) caracterizadora da esttica da Arte Nova. As paredes so divididas por trs pilastras de fuste em espelho com volutas de madeira com motivos florais. O espao entre as pilastras em duas das paredes rasgado por montras ladeadas por portas. Os panos de parede entre os vos das portas so revestidos a azulejo policromo tendo como motivos borboletas e espigas, enquan-to as portas tm moldura em azulejo com motivos florais, troncos, espigas, insectos e pssaros, da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro. As restantes paredes mostram o vo decorado por arcos abatidos revestidos a vidro com caixilharia em madeira, formando esta uma cruz no vo do arco. As paredes ornadas com uma srie de molduras, tm o espao entre as molduras decorado com pequenas peas de ma-deira. No centro da sala surge um pilar de fuste facetado, revestido a espelhos e de capitel em madeira decorado com carrancas ; o tecto encontra-se dividido em quatro rectngulos decorados a estuque, sendo um deles pintado.

    Intervenes e Restauros As primeiras obras de alteraes no edifcio realizaram-se em 1903, reconstruin-do-se trs fornos em 1915. Em 1927 fizeram-se novas reparaes e pinturas. Tra-balhos de pintura das portas, montras e armaes das frentes em 1939, e em 1943 empreendeu-se uma interveno de conservao. Em 1958 fizeram-se limpezas e pinturas. Em 1960 realizaram-se obras clandestinas no primeiro andar e em 1963 efectuaram-se pinturas exteriores. Obras clandestinas no nmero 225 ao nvel do primeiro andar tiveram lugar em 1967, enquanto que em 1981 fizeram-se algumas alteraes no prdio, tendo sido substitudos os primitivos balces por outros de vidro e metal.

    Por fim, o ltimo caso de estudo situa-se igualmente na regio de Lisboa, e de-fine-se como um importante exemplar de Patrimnio Industrial devido sua ar-quitectura de estilo Arte Nova, de fachada revestida a azulejo e com importantes

    ornamentaes.

    Alm da questo evidente da importncia arquitectnica que o edifcio representa, tambm o facto de se tratar de um edifcio da indstria alimentar foi um factor relevante na escolha deste caso de estudo.

    __in http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/itinerarios/industrial/09/Direco-Geral do Patrimnio Cultural

    CAPTULO VI - EDIFCIO DE PANIFICAO MECNICA (1902)Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

    12. Fachada do estado actual da fbrica de panificao

    12

  • 39

    CAPTULO VII - MANUTENO MILITAR

    A origem da Manuteno Militar remonta a 1772, altura em que atribuda ao Estado a responsabilidade pela alimentao militar. No fim do sculo XIX, as necessidades de abastecimento do exrcito portugus, em gneros alimentares, levaram escolha de um local com espao suficiente para implantao de vrias unidades industriais, e com boas acessibilidades devido proximidade do rio e do caminhodeferro.

    O local escolhido foi o Convento das Carmelitas, fundado por D.Lusa de Gusmo, em Xabregas, perto da rua do Grilo, que estava devoluto aps a extino das ordens religiosas.

    Em 1811 criado o Comissariado de Vveres do Exrcito. Em 1861, o Ministro da Guerra, Marqus de S da Bandeira, inicia, a ttulo experimental, o fabrico e forne-cimento de po ao Exrcito, sob administrao directa do Estado.

    Em 23 de Fevereiro de 1862 criada a Padaria Militar, no local hoje conhecido por Rocha do Conde de bidos. Vrias obras de adaptao foram realizadas e, em 1896, o Ministrio da Guerra tomou posse do local, e a Padaria Militar viria a ser transformada na Manuteno Militar, por decreto do Rei D. Carlos, em 11 de Jul-ho de 1897, que instituiria o Plano de Organizao da Manuteno Militar.

    Entre 1898 e 1910, inicia-se a execuo do primeiro Plano de Trabalhos da Ma-nuteno Militar com: a implementao de vrios equipamentos e estruturas, tais como: Moagem, Depsito de Trigo, Padaria, Prensas, Amassadores e Laminadores para massas, Viafrrea de resguardo para 10 vages, Laboratrio, Oficinas, Coz-inhas e Refeitrios, Banhos, Cocheira e Caserna de Condutores a reorganizao da Manuteno Militar, pela Lei de 14 de Junho de 1899 a aprovao do Regulamento da Manuteno Militar, por Decreto de 26 de Julho de 1899 a publicao do pri-meiro regulamento do Conselho de Administrao da Manuteno Militar, por De-creto de 11 de Abril de 1907 a concluso da Fbrica da Moagem, entre 19071908 a instalao de uma Fbrica de Panificao e de uma Fbrica de Massas, mecnicas, entre 19071908 e a instalao definitiva do Laboratrio.

    Em 1899, a Manuteno Militar abre a primeira sucursal fora de Lisboa, localiza-da em Coimbra. Posteriormente e at

    1937, tambm sero criadas sucursais no Porto, Bragana, Elvas, Tavira, Viana do Castelo, Chaves, Rgua, Viseu, Guarda e Entroncamento, alm das delegaes de Beja, Estremoz e Aljustrel. Passa, assim, a ter representaes em quase todas as povoaes onde existem guarnies militares significativas

    A partir de 1907 e at aos anos 30, processou-se um redimensionamento da estru-tura, de modo a abranger o fornecimento de todos os gneros alimentares s tro-pas, incluindo rancho e conservas, assim como a implantao de mais infraestru-turas industriais que a transformaram numa das mais importantes entidades fabris nacionais, no domnio dos produtos alimentares.

    Em consequncia disso a Manuteno Militar passou a contar com os seguintes equipamentos:Fbrica de moagem de cereais; Fbrica de Po; Fbrica de massas alimentcias; Fbrica de bolachas e similares; Fbrica de torrefao e moagem de caf; Fbrica de conservas; Leitaria e fabrico de manteiga; Refinaria de acar; Mat-adouro e salsicharia; Tratamento de vinhos (filtragem e pasteurizao).

    Entretanto, em 1925, tinha sido inaugurada a Messe de Oficiais de Lisboa, a primei-ra da Manuteno Militar. Posteriormente viriam a ser criadas as messes de ofici-ais de Caxias, vora, Pedrouos e Porto, as messes de sargentos de Lisboa, vora e Porto e a messe militar (mista para oficiais e sargentos) de Lagos.

    Durante a Segunda Guerra Mundial, foi atribuda Manuteno Militar, a funo de alimentar as tropas empenhadas em manobras militares bem como as enviadas como reforo para defesa das Ilhas e do Ultramar.

    Em 1947, como acontecimento de maior importncia no campo social deste esta-belecimento, destaca-se, na Sede, o incio de aulas das Escolas Primria e Profis-sional.

    No perodo de 1950 a 1959, assiste-se modernizao do parque industrial con-struo do Bloco Social, constitudo por creche, guarda infantes, escola primria, refeitrio com cozinha e salo de instruo e recreio com 800 lugares, cuja inaugu-rao teve lugar em 1959.

    A partir de 1959, a Manuteno Militar, comeava a instalar-se no Ultramar Por-tugus, e a partir de 1961, so criados os supermercados militares destinados a apoiar as famlias dos militares.

    At 1974 so criadas as sucursais de Luanda, Loureno Marques, Guin e Timor, as delegaes de Nova Lisboa, Beira, Luso e Nampula, as messes de oficiais e sargen-tos de Luanda, Loureno Marques e Nampula e as messes de oficiais de Nova Lis-boa e Timor. Durante a Guerra do Ultramar, a Manuteno Militar, responsvel pela alimentao dos enormes contingentes de tropas empenhados em combate.

    Na dcada de 70 do sculo XX, ainda se instalaram novas unidades da indstria alimentar, como uma fbrica de pastelaria e confeitaria e uma fbrica de fritos para a produo de salgados. Aps o 25 de Abril de 1974, e com o fim da guerra no Ultramar, foi necessrio uma adaptao nova realidade, com alguma reduo de actividades, como a supresso da maioria dos supermercados. Recentemente, a Manuteno Militar prestou funes de apoio humanitrio atravs da recepo e distribuio de bens alimentares e tambm apoio logstico s Foras Armadas, em misses.

    __in http://www.exercito.pt/sites/MM/Paginas/default.aspxhttp://www.rtp.pt/play/p1867/e198488/visita-guiada

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 40

    CAPTULO VIII - CONCLUSES

    Finalizada a anlise do Patrimnio Industrial e respectivos antecedentes e con-sequncias, possvel concluir que o objeto de estudo do patrimnio industrial mltiplo, considerando-se as vrias reas produtivas e as diversas solues con-strutivas.

    Quando se fala de patrimnio industrial, referimo-nos frequentemente aos vest-gios deixados pela indstria: txtil, vidreira, cermica, metalrgica ou de fundio, qumica, papeleira, alimentar, extrativa - as minas, para alm da obra pblica, dos transportes, das infraestruturas comerciais e porturias, das habitaes operrias, etc. Cada universo industrial tem a sua especificidade. Os processos de produo, a maquinaria utilizada (mquinas-ferramentas e mquinas-operadoras) divergem de acordo com a respetiva rea de laborao, havendo similitudes nas diversas foras motrizes empregues ao longo do tempo.

    Os edifcios industriais so os testemunhos mais prximos das comunidades, im-pondo-se pela utilizao de algumas linguagens prprias, difundidas atravs de di-versas solues construtivas.

    Apesar da importncia da indstria na economia denotvel o crescimento da desindustrializao europeia, e Portugal no excepo. Apesar do magnfico pat-rimnio edificado desta tipologia que podemos encontrar em Portugal, a grande maioria comea a sofrer gradualmente processos de desactivao ou converso, sendo urgente uma requalificao e valorizao do patrimnio industrial.

    No caso especfico da cidade de Lisboa, o caso mais evidente deste tipo de edi-ficado surge na zona ribeirinha a oriente do Terreiro do Pao, j que se trata de uma zona maioritariamente porturia e fabril, com uma crescente desactivao de edificado com relevncia histrica, arquitectnica e social.

    J quanto Manuteno Militar, sendo que a interveno de restauro e requal-ificao ir incidir nesse edificado, afirma-se como um conjunto de edifcios em diferentes graus de preservao, j que alguns permanecem em funcionamento e outros encontram-se descativados h largas dezenas de anos. Como tal, e de forma a respeitar e preservar o valor arquitectnico dos edifcios em questo, pensamos que urgente a atribuio de um novo uso a esse conjunto, de forma a que seja integrado na envolvente edificado em que se insere.

    No processo de investigao de casos prticos realizados, foi possvel encontrar trs situaes distintas quanto ao estado e funcionamento do edificado: um edifcio ainda em funcionamento e em bom estado de conservao, um edifcio devoluto e sem uso actual, e um edifcio requalificado e com um uso distinto.

    Como tal, os trs casos prticos revelam-se exemplos de importncia para o desen-volvimento de uma futura proposta, independentemente do uso ser mantido ou alterado.

    Em suma, o Patrimnio Industrial uma rea inter e multidisciplinar, em que o desejvel na interpretao de um objeto industrial a participao de diversos es-pecialistas (historiadores, arquitectos, engenheiros, patrimonialistas, arquelogos).

    De uma forma muito sinttica, pode ento dizer-se que o patrimnio industrial tra-ta dos vestgios tcnico-industriais, dos equipamentos tcnicos, dos edifcios, dos produtos, dos documentos de arquivo e da prpria organizao industrial, de forma a preservar uma identidade relacional, social, arquitectnica e histrica.

    Bruno Santiago, Catarina Reis, Ins Martins, Laura Marrafa

  • 41

  • 42

  • 43

    BREVE CONTEXTO HISTRICOIns Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

    No sculo XIX, na sequncia da extino das ordens religiosas (1834), inmeras fbricas foram instaladas em antigos conventos e mosteiros desactivados. A partir de meados do sculo XX, a desindustrializao, nuns casos, e a modern-izao de tecnologia e estruturas, noutros, deixaram sem funo um conjunto de edifcios, susceptveis de reutilizao para novos fins.

    O Patrimnio Industrial de hoje em dia desenvolveu-se sobretudo com o cresci-mento econmico dos anos 50 e 60 do sculo XX e teve um impacto universal. No caso de Portugal, a Guerra Colonial teve um grande impacto no desenvolvimento da industria em Portugal.

    __Jos Amado Mendes. Disponvel em: http://www.ubimuseum.ubi.pt/n01/docs/ubimuse-um-n01-pdf/cs3-mendes-jose-amado-o-patrimonio-industrial.pdf

    13. Revoluo Industrial (gravura), in http://www.tudodomundo.com.br/causas-da-revolu-cao-industrial/

    Foi a partir da desindustrializao e da alterao dos modos de vida da populao que nasce o que se designa por Patrimnio Industrial.

    Jorge Custdio, em Aula Aberta na Manuteno Militar (18 de Maro de 2016)

    13

  • 44

    14

  • 45

    O QUE ?

    O Patrimnio Industrial tambm imaterial.Deolinda Folgado, em Aula Aberta na Manuteno Militar (18 de Maro de 2016)

    O Patrimnio Industrial uma rea inter e multidisciplinar que trata dos vestgios tcnico-industriais, dos equipamentos tcnicos, dos edifcios, dos produtos, dos documentos de arquivo e da prpria organizao industrial. Compreende portanto, os vestgios fsicos, mveis e imveis, mas tambm os bens imateriais e paisagens. O objeto de estudo no Patrimnio Industrial mltiplo, devido espec-ificidade de diferentes reas produtivas e de solues construtivas. Destacam-se as indstrias txtil, vidreira, cermica, metalrgica, qumica, alimentar, extrativa, porturia, entre outros, incluindo as habitaes operrias. Cada objecto tem uma linguagem prpria que permite contextualiz-lo no tempo e espao, portanto os edifcios industriais surgem como os testemunhos mais presentes do desenvolvi-mento das comunidades e das estruturas sociais.

    PARA QUE SERVE?

    O Patrimnio Industrial s nasce quando a funo termina. No uma coisa do passado. Assume uma condio de herana, j que na sua construo pensa-se em

    algo que perdure para o futuro.Jorge Custdio, em Aula Aberta na Manuteno Militar (18 de Maro de 2016)

    O Patrimnio Industrial Patrimnio Cultural e ambos funcionam como elemen-tos de identificao e projeco de sociedades.Tem um papel no estudo e divulgao da cultura de uma civilizao industrializada, revelando aspetos como: vida econmica, formas de trabalho e vida quotidiana. O carcter mais tcnico tambm importante e serve para reavivar esplios de cariz tcnico e industrial.H uma importante ideia universal de ciclo cultural inerente preservao destes testemunhos e das memrias que eles carregam. __in Patrimnio Cultural. Disponvel em: http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/itinerari-

    os/industrial/

    PARA QUEM?

    O Complexo Industrial uma cidade dentro das cidades.

    Jorge Custdio, em Aula Aberta na Manuteno Militar (18 de Maro de 2016)

    A noo de Complexo Industrial, enquanto sistema de carcter social, econmico e cultural implicava a constituio da designada Famlia Industrial, ou seja, havia uma relao intrnseca entre o ambiente fabril e o ambiente familiar associado prosperidade do trabalho. A fbrica servia a sua funo e era concebida para satis-fazer as necessidades bsicas dos seus utentes, ou seja, os trabalhadores.O Patrimnio Industrial procura aliar e melhorar a relao entre a cultura tcnica e a cultura social, conciliando a comunidade portuguesa com a tecnologia, logo h uma predisposio para a abertura e divulgao dos objectos de estudo para a populao em geral, a fim de conhecerem o passado histrico portugus.

    COMO TRABALHAR?

    Trabalhar em Patrimnio Industrial implica escolhas e a procura de solues. Deve-se ter a percepo do sistema produtivo e tecnolgico, j que se trata de

    uma indstria do conhecimento com mdulos produtivos.Deolinda Folgado, em Aula Aberta na Manuteno Militar (18 de Maro de 2016)

    A abordagem mais correcta para trabalhar em Patrimnio Industrial passa pela definio de determinados critrios, como a funcionalidade, a racionalidade, a adaptabilidade, o desempenho, a autenticidade e a integridade, a fim de se esta-belecer as potencialidades e as restries de cada objecto de estudo.Tambm se deve considerar diferentes cenrios possveis de ocorrer para prever e antecipar diferentes solues e metodologias de trabalho consoante o objecto de Patrimnio Industrial, nomeadamente adies e demolies no edifcio ou com-plexo industrial que correspondem a fases de expanso da produo; mudanas de uso, em estruturas flexveis podendo considerar-se transformaes profundas com a substituio da fonte de energia e, por ltimo, a reconstruo.

    __Alfredo Tinoco. Disponvel em: http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/4538/

    Para%20uma%20pol%C3%ADtica%20de.pdf?sequence=1

    FOLGADO, Deolinda; CUSTDIO, Jorge, Caminho do Oriente: Guia do Patrimnio Industrial. pp.

    9-11. Livros Horizonte, 1999. ISNB: 972-24-I056-3

    pg. esquerda_

    1. Maquinaria da Central Tejo, in http://www.panoramio.com/photo/13594101

    pg. direita_

    3. Sector fabril da MM (Fotografia sem data), foto de Estdio Mrio Novais in https://www.flickr.com/photos/biblarte/11465263886/in/photostream/

    4. Visita guiada Manuteno Militar (Novembro de 2015),in http://atriumgrupocultur-al.blogspot.pt/2016/01/o-complexo-industrial-da-manutencao.html

    O QUE , PARA QUE SERVE, PARA QUEM E COMO TRABALHAR?

    15

    16

    Ins Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 46

    17

    18

    19 5

    4

    pg. esquerda_

    17. Fbrica de Tecidos de Seda (1741), in http://coisasdeantigamente-marr.blogspot.pt/2013/06/real-fabrica-das-sedas.html

    18. Fbrica Nacional de Cordoaria (1771), in http://www.cm-lisboa.pt/pt/equipamentos/equipamento/info/cordoaria-nacional

    19. Edifcio Panificao Mecnica (1905), in http://www.patrimoniocultural.pt/en/patrimo-nio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/

    view/72356

    20. Central Tejo (1914), in http://www.agendalx.pt/evento/ateliers-museu-da-eletricidade-0#.VvqTL1UrJD8

    21. Bairro Grandella (1905), in http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/bairro-grandela

    22. Villa Berta (1902), in http://www.anteprojectos.com.pt/2015/06/17/amo-te-berta-conser-vacao-da-vila-berta/

    pg.direita_

    23. Relao entre o nmero de Vilas e Ptios Operrios e o nmero de fbricas, prpria autoria.

    EXEMPLOS

    20

    21

    22

    Ins Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 47

    VILAS, PTIOS E FBRICAS

    23

    Vila Flamiano

    Vila Bela Vista

    Vila Dias

    Vila Maria Lusa

    Vila Amlia Gomes

    Ptio do Duque de Lafes

    Ptio do Tagarela

    Ins Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 48

    O QUE ? Vilas e Ptios Operrios: Trata-se de uma localidade distante do centro urbano, que se encontra na proximidade de empresas industriais. Esta, vem oferecer um conjunto habitacional para os operrios da indstria, fornecendo-lhos com espaos comuns e infraestruturas.

    PORQU? PARA QU? As Vilas operrias encontravam-se nas proximidades da Indstria de modo a en-curtar a deslocao casa-trabalho e evitar atrasos e dificuldades em transportao. Outro fator so as melhorias nas condies de vida que foram introduzidas no incio do sculo XX, pois associava-se o bem estar do operrio com uma melhor eficincia na produtividade.

    PARA QUEM? As Vilas operrias era principalmente destinadas s pessoas que trabalhavam na fbrica e ao seu seio familiar, pois existia uma predisposio para que as geraes trabalhassem todas na mesma fbrica.

    ONDE? Tanto as Vilas como os Ptios operrias encontram-se espalhadas por Lisboa intei-ra, embora apresentem uma maior densidades nas zonas de Alcntara e Penha de Frana. Existe igualmente uma maior concentrao na freguesia de Beato e Marvila, no qual o nmero de fbricas considervel. notvel que todo o conjunto das vilas e ptios operrias se encontram essencial-mente ao p da margem do Rio Tejo, por causa da facilidade de transporte e comer-cializao de mercadorias. As boas condies de navegabilidade e segurana que a frente ribeirinha de Lisboa oferece favoreceram, desde sempre, a presena humana nesta rea.

    __in ANTUNES, Filipa, Habitao Operria - Ptios e Vilas de Lisboa - A experincia da cidade operria in-

    dustrial (Dissertao de Mestrado para a obteno de Grau de Mestre em Arquitectura), Lisboa, 2002.

    TEOTNIO PEREIRA, Nuno, Ptios e Vilas de Lisboa, 1870-1930: a promoo privada do alojamento

    operrio, Anlise Social, vol. xxix (127), Lisboa, 1994, pp. 509-524. Disponvel em: http://analisesocial.

    ics.ul.pt/documentos/1223376980G9tRH8gg4Lc58CZ0.pdf

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_oper%C3%A1ria

    VILAS, PTIOS E FBRICAS

    AlcntaraAnjos

    CampolideGraa

    ArroiosCampo de Ourique

    Marvila

    EstrelaPenha da FranaBeatoMisericrdiaPrazeresSo VicenteBenfica

    Ins Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 49

    24. Vila Flamiano em 1930, in http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DED/NA/arq/ntp/vilas/4/4-7.htm#4-7-3

    25. Vila Flamiano em 2015, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/07/vila-flamiano.html

    26. Vila Dias em 1900, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/06/vila-dias.html

    27. Vila Dias em 2015, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/06/vila-dias.html

    VILA FLAMIANO, BEATO A Vila Flamiano uma vila operria pertencente Sociedade Txtil do Sul, e onde vivem cerca de 60 pessoas. Esta Vila encontrava-se associada ao Fabrico de Algodes de Xabregas e foi construda em 1887 e era inicialmente somente para os mestres.__in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/07/vila-flamiano.html

    8

    9

    VILA DIAS, XABREGAS A Vila Dias a maior vila operria da freguesia Beato, tendo 145 fogos. Este conjunto habitacional foi construdo em 1888 ao longo do caminho de ferro e era destinado aos operrios da freguesia de Xabregas.__in whttp://www.noticiasaominuto.com/pais/258284/degradacao-na-vila-dias-criou-barra-

    cas-do-seculo-xxi

    24 26

    2725

    VILAS, PTIOS E FBRICASIns Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 50

    PTIO DO TAGARELA, BEATO

    28. Ptio do Duque de Lafes, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/05/patio-do-duque-de-lafoes.html

    29. Ptio do Duqe de Lafes, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/05/patio-do-duque-de-lafoes.html

    30. Ptio do Tagarela, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/05/patio-do-tagarela.html

    31. Ptio do Tagarela, in http://apontamentoslisboa.blogspot.pt/2013/05/patio-do-tagarela.html

    PTIO DO DUQUE DE LAFES, BEATO Encontra-se prximo do Palcio do Grilo/ Palcio dos Duques de Lafes.

    VILAS, PTIOS E FBRICASIns Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

    28 30

    3129

  • 51

    32. Gravura da fabrica de fiao de 1864, in aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2010_03_01_archive.html

    33. Fbrica de Fiao de Xabregas actual, in aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2010_03_01_archive.htm

    34. Convento Beato Antnio de 18636, in restosdecoleccao.blogspot.pt/2012/02/nacional-c-ind-de-transf-de-cereais.

    35. Convento Beato Antnio actual, in aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot.pt/2010_03_01_archive.htm

    FBRICA DE FIAO, XABREGAS, 1854 Pertencia a duas entidades: fbrica da samaritana e sociedade txtil do sul; Por iniciativa dos proprietrios da fbrica foram edificadas, em 1867 e 1877, as primei-ras vilas operrias em Xabregas; Em 1888, foram construdas mais duas vilas, de maiores dimenses, a Vila Flamiano e a Vila Dias.

    Actividade Industrial: Fiao de Algodo

    8

    FBRICA A NACIONAL, BEATO, 1843 Joo de Brito instala no Convento Beato Antnio em Lisboa a primeira fbrica a vapor de moagem em Portugal.

    Actividade Industrial: Industria Alimentar

    32

    33

    34

    35

    VILAS, PTIOS E FBRICASIns Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 52

    FBRICA NACIONAL DOS SABES, BEATO, 1919 Resultou na unio de vrias industrias que aqui existiam; Em 1974 considerado o maior grupo privado portugus; A fabrica entra num processo de falncia no inicio dos anos 90 e decretada insolvncia em 1995;

    Actividade Industrial: Fabrico de sabo

    36

    37

    pg. esquerda_

    36. Fbrica Nacional dos Sabes de 1960, in restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/socie-dade-nacional-de-saboes.html

    37. Fbrica Nacional dos Sabes em 1960, in restosdecoleccao.blogspot.pt/2011/11/socie-dade-nacional-de-saboes.html

    pg. direita_

    38. Vista panormica de Lisboa na zona Oriental, 1992, foto de Filip Jorge in http://aps-ru-asdelisboacomhistria.blogspot.pt/2013/07/rua-do-acucar-xxv.html

    VILAS, PTIOS E FBRICASIns Nunes, Joo Barra, Laila Bandeiras, Marta Santos

  • 53

    CONTEXTO: GENTE E LUGAR | POPULAO E HABITAO

    Assim o povo, que tem sempre melhor gosto e mais puro do que essa escuma dourada que anda ao de cima das populaes, e que se chama a si mesma por excelncia a Sociedade, os seus passeios favoritos so a Madre de Deus e o Beato, e Xabregas e Marvila e as hortas de Chelas. A um lado a imensa majestade do Tejo (...), do outro a frescura das hortas e a sombra das rvores, palcios, mosteiros e

    stios consagrados a recordaes grandes ou queridas.Almeida Garrett, Viagens na Minha Terra, pgina 15

    Lisboa Oriental mostra um contraste entre o seu interior semi rural que no verificou o mesmo nvel de ocupao que a zona ribeirinha do desenvolvimento do porto nos anos 40 por via da intensificao da explorao das colnias. Lisboa Oriental v um pico populacional entre os anos 40 e os anos 80 do sculo passado que se d inicialmente devido intensificao da atividade porturia e de-pois passa a ser consequncia das novas urbanizaes construdas nas zonas mais interiores de Li