O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE ECONOMIA GEOVÂNIA PÁBULLA FAUSTINO DA SILVA O IMPACTO DA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO: O CASO DA PARAÍBA CAMPINA GRANDE - PARAÍBA MAIO 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES

UNIDADE ACADÊMICA DE ECONOMIA

GEOVÂNIA PÁBULLA FAUSTINO DA SILVA

O IMPACTO DA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO: O CASO DA PARAÍBA

CAMPINA GRANDE - PARAÍBA

MAIO – 2013

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GEOVÂNIA PÁBULLA FAUSTINO DA SILVA

O IMPACTO DA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO: O CASO DA PARAÍBA

CAMPINA GRANDE - PARAÍBA

MAIO – 2013

Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal De Campina Grande – PB, em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Marta Lúcia de Souza e co-orientação do Prof.° Ms Carlos Antônio Soares de Andrade

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GEOVÂNIA PABULLA FAUSTINO DA SILVA

O IMPACTO DA PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO: O CASO DA PARAÍBA

MEMBROS DA BANCA

________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Marta Lúcia de Sousa

(Orientadora)

_________________________________________________ Prof.º Ms. Carlos Antônio Soares de Andrade

(Co-orientador)

________________________________________________ Prof.º Dr.ª Alunílda Janúncio de Oliveira

(1ª Examinadora)

Aprovada em:____de Maio de 2013

Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal De Campina Grande – PB, em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Marta Lúcia de Sousa e co-orientação do Prof.º Ms. Carlos Antônio Soares de Andrade

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AGRADECIMENTOS

Em meio as lutas, desafios e conquistas esse trabalho foi o reflexo de muito

esforço e dedicação.

Em primeiro lugar agradeço a Deus, que me deu força e coragem para seguir

em frente.

À minha família, por sempre acreditar em mim. Mãe seu cuidado e dedicação

me deram esperança. Pai sua presença sempre me deu segurança. Irmão seu

carinho me mostra que nunca estarei sozinha. Vocês são meu alicerce.

Em especial para Prof.ª Marta Lúcia de Souza e Prof. Carlos Antônio Soares

de Andrade por seus ensinamentos e sobretudo por acreditarem neste trabalho.

Vocês foram de fundamental importância para a concretização desse sonho.

À Leonardo Queiroz que juntamente a ANEEL me auxiliaram com os dados

necessários a esta pesquisa.

Ao pessoal da Energisa, aprendi muito com vocês e esse aprendizado vou

levar para o resto da minha vida assim como o carinho que tenho por cada um.

Poder trabalhar nessa empresa pra mim foi uma honra por meu avô ter trabalhado

mais de 25 anos na CELB e como foi bom ver que as pessoas, assim como eu, tem

muito orgulho do meu guerreiro. Obrigado Hildeberto Pereira, Kalina Menezes,

Wesley Silva, Talles Pablo, Simone Silva, Evandro Bezerra, Damião José, Marcelo

Cornélio, Lúcia Paiva, Monica Santos, Roberto Filho, José Márcio, Leituristas e aos

demais que contribuíram direta e indiretamente.

Aos laços de amizade que criei durante esses cinco anos da Graduação,

minhas bandidas Eliane Gomes, Elielba Arruda e Tacila Magalhães, obrigada pelo

apoio, incentivo e sobretudo pelos momentos compartilhados.

A Fátima Vilarim que nos momentos difíceis me ajudou muito com seus

conselhos e sobretudo olhar para o futuro com esperança.

A Arthur Ribeiro pelas palavras de incentivo e apoio nos momentos de

angustia e insegurança.

Aos meus Hermanos pelas alegrias e tristezas compartilhadas. Obrigado

Alanderson Fagner, Ana Claudia, Erasmo Costa, Kyones Costa, Pedro Victor, Renan

Alex, Thais Viezzer, Yury Almeida e demais pois com vocês as pausas entre um

parágrafo e outro de produção melhora tudo o que tenho produzido na vida.

A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos fazendo

com que o viver intensamente ganhe mais sentido.

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RESUMO

O Setor Elétrico foi alvo de diversas mudanças durante as duas últimas décadas passando por um processo de reestruturação. A introdução do neoliberalismo no mundo marcou de fato as práticas político-econômicas. E não foi diferente no Brasil que o discurso neoliberal juntamente com as privatizações e a abertura comercial introduz a “Era Liberal”. No ano de 1995 o Plano Nacional de Desestatização alcança o setor elétrico provocando o debate entre privatistas e anti-privatistas. Esse processo foi de extrema relevância já que as condições de funcionamento do setor no Brasil estavam se deteriorando e as soluções encontradas foram se delineando para esse cenário de privatização. Nesse contexto esta pesquisa tem intuito de verificar o impacto da privatização do Setor Elétrico na Paraíba sobre a qualidade do fornecimento aos consumidores, mostrando o processo que conduziu à privatização do Setor Elétrico Brasileiro, e especificamente no estado da Paraíba com a privatização da CELB (Companhia de Eletrificação da Borborema) em 1999 e da SAELPA (Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba) em 2000 pelo Grupo Energisa. Na metodologia além de uma Pesquisa Bibliográfica utilizou-se uma Pesquisa Documental e Ex-Post-Facto. Buscou-se analisar comparativamente os indicadores de qualidade com relação à duração e frequência entre o período anterior e posterior a privatização. Da análise infere-se que houve melhoria na qualidade do serviço prestado ao consumidor de energia elétrica.

Palavras-Chave: Privatização. Setor Elétrico. Neoliberalismo.

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ABSTRACT

The Electrical Sector has been target of several during the last two decades passing

for a restructuring process. The introduction of neoliberalism in the world in fact

marked the political-economic practices. And it was not different in Brazil that the

neoliberal discourse along with privatization and trade liberalization introduces the

"Liberal Era". In 1995 the National Plan of Privatization reaches the electric sector

leading the debate between privatizing and anti-privatizing. This process was

extremely important since the operating conditions of the industry in Brazil were

deteriorating and the solutions were delineated for this scenario of privatization In this

context, this research is aimed to check the impact of privatization of the Electricity

Sector in Paraiba on the quality of supply to consumers, showing the process that led

to the privatization of the Brazilian Electric Sector, specifically in the state of Paraíba

with the privatization of CELB (Company of Electrification of the Borborema) in 1999

and SAELPA (Anonymous Society of Electrification of the Paraíba) in 2000 by

Energisa Group. In the Methodology besides a Bibliographical Research we used a

Documentary Research and Ex-Post-Facto. We try to analyze comparative lythe

quality indicators in relation to the duration and frequency between the period before

and after privatization. Of the analysis it is inferred in that it had beneficia in the

quality of the service given to the consumer of electric energy.

Keywords: Privatization. Electricity Sector.Neoliberalism.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Crescimento da capacidade de geração ............................................ 16

GRÁFICO 2 - Crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil ...................... 21

GRÁFICO 3 - Evolução dos indicadores DEC (CELB - EBO) ................................... 55

GRÁFICO 4 - Evolução dos indicadores FEC (CELB - EBO) ................................... 55

GRÁFICO 5 - Evolução do indicador DEC (SAELPA - EPB) .................................... 58

GRÁFICO 6 - Evolução dos indicadores FEC (SAELPA - EPB) ............................... 58

GRÁFICO 7 - Evolução do indicador DEC ................................................................ 60

GRÁFICO 8 - Evolução do indicador FEC ................................................................ 60

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LISTA DE SIGLAS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

ANP Agência Nacional do Petróleo

AMFORP American & Foreign Power

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras

ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A

CAEEB Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras

CELB Companhia de Eletrificação da Borborema

CODEBRO Companhia Distribuidora de Eletricidade do Brejo Paraibano

CDLCL Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CHEVAP Companhia Hidrelétrica do Vale do Paraíba

CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

DASEC Departamento Autônomo de Serviços Elétricos

DENAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

DEC Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

ENERGIPE Empresa Energética de Sergipe S.A

EBO Energisa Borborema

EPB Energisa Paraíba

ESCELSA Espírito Santo Centrais Elétricas S.A.

FEC Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

FMI Fundo Monetário Internacional

IUEE Imposto Único sobre Energia Elétrica

MAE Mercado Atacadista de Energia

ONS Operador Nacional do Sistema

PND Plano Nacional de Desestatização

PIB Produto Interno Bruto

PEPE Programa de Estímulo às Privatizações Estaduais

RE-SEB Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro

REVISE Revisão Institucional do Setor Elétrico

SINTREL Sistema Nacional de Transmissão de Energia Elétrica

SAELPA Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba

ELETROCARIRI Sociedade de Economia Mista Eletro Cariri S/A

TERMOCHAR Termoelétrica de Charqueadas S. A.

TINA ThereIs No Alternative

URV Unidade Real de Valor

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Taxas médias de crescimento do consumo - % ao ano........................ 21

TABELA 2 - DEC ...................................................................................................... 50

TABELA 3 - FEC ...................................................................................................... 51

TABELA 4 - Estatísticas de teste para duas variâncias DEC (CELB - EBO) ............ 52

TABELA 5 - Estatísticas de teste para duas médias DEC (CELB - EBO) ................ 53

TABELA 6 - Estatísticas de teste para duas variâncias FEC (CELB - EBO) ............ 53

TABELA 7 - Estatísticas de teste para duas médias FEC (CELB - EBO) ................. 54

TABELA 8 - Estatísticas de teste para duas variâncias DEC (SAELPA – EPB) ....... 56

TABELA 9 - Estatísticas de teste para duas médias DEC (SAELPA – EPB) ........... 56

TABELA 10 - Estatísticas de teste para duas variâncias FEC (SAELPA – EPB) ..... 57

TABELA 11 – Estatísticas de teste para duas médias FEC (SAELPA – EPB) ......... 57

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1 O SETOR ELÉTRICO NO BRASIL........................................................................ 14

1.1 Desenvolvimento e Expansão Setorial ................................................................ 14

1.1.1 Crise e a Necessidade de Reforma ........................................................... 20

1.1.2 O Processo de Reestruturação .................................................................. 23

2 A PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO .......................................................... 29

2.1 O Discurso do Neoliberalismo ............................................................................. 29

2.1.2 O neoliberalismo na prática ....................................................................... 33

2.1.3 O neoliberalismo no setor elétrico brasileiro .............................................. 37

2.2 Privatização do Setor Elétrico na Paraíba ........................................................... 42

3 RESULTADOS E ANÁLISE ................................................................................... 47

3.1 Definições e Retificações .................................................................................... 47

3.3.1 Qualidade do Serviço................................................................................. 47

3.3.2 DEC ........................................................................................................... 48

3.3.3 FEC............................................................................................................ 49

3.2 Dados .................................................................................................................. 49

3.3 Resultados .......................................................................................................... 52

3.3.1 Companhia de Eletricidade da Borborema – Energisa Borborema ........... 52

3.3.2 Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba – Energisa Paraíba ....... 55

3.4 Análise ................................................................................................................. 59

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 65

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INTRODUÇÃO

A eletricidade é considerada o motor da vida moderna, é notável a

importância da oferta de energia elétrica para o crescimento econômico

brasileiro. A evolução tecnológica e demográfica conduziu a um aumento

significativo da intensidade do uso de energia elétrica, ou seja, com o rápido

crescimento do consumo a energia elétrica se tornou um fator indispensável

para as diversas atividades e setores. O desenvolvimento da sociedade como

um todo depende da distribuição da energia elétrica.

O Setor Elétrico foi alvo de diversas mudanças durante a última década,

e uma destas mudanças foi à privatização das empresas de distribuição. Esse

processo foi de extrema importância já que as condições de funcionamento do

setor elétrico brasileiro estavam se deteriorando e as soluções encontradas

foram se delineando para esse cenário de privatização, uma mudança

qualitativa.

Foi quando o Plano Nacional de Desestatização (PND) foi instituído na

década de 90 que tinha como objetivo privatizar empresas estatais, iniciando

pelo setor elétrico. Sendo um dos objetivos a ampliação do capital privado no

setor já que o argumento era que havia uma falta de capacidade de

financiamento das empresas estatais.

E não foi diferente no Estado da Paraíba que nos anos de 1999 e 2000,

ocorreu à privatização do Setor Elétrico. Neste sentido o presente trabalho tem

como finalidade analisar o processo que conduziu à privatização da Celb

(Companhia de Eletrificação da Borborema) e da Saelpa (Sociedade Anônima

de Eletrificação da Paraíba) pelo Grupo Energisa.

Nesse contexto, passado a privatização do Setor Elétrico na Paraíba

temos a seguinte questão de pesquisa: Qual o impacto causado sobre a

qualidade dos serviços de distribuição de energia elétrica no Estado da

Paraíba? Deseja-se averiguar com esta pesquisa se de fato houve um

benefício, ou seja, uma melhoria na qualidade do serviço de fornecimento para

o consumidor de energia elétrica com o advento da privatização e

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reestruturação do setor, com foco na distribuição de energia elétrica no Estado

da Paraíba.

Para isso foram utilizados dois indicadores: DEC (Duração Equivalente

de Interrupção por Unidade Consumidora) e FEC (Frequência Equivalente de

Interrupção por Unidade Consumidora) buscando descobrir se estes

indicadores de qualidade tiveram seus índices reduzidos, apresentando uma

melhoria, ou acrescidos indicando uma queda na qualidade do serviço no

período que compreende a pré-privatização e pós-privatização, configurando

assim um problema de teste de hipóteses. Um teste de hipótese que usa

conceitos econométricos para rejeitar ou não uma hipótese nula com um

intervalo de tempo de 1991 a 2011.

O presente trabalho tem como por objetivo geral verificar,

empiricamente, o impacto da privatização do Setor Elétrico na Paraíba sobre a

qualidade do fornecimento aos consumidores. Analisando especificamente o

processo que conduziu à privatização da CELB e da SAELPA pelo Grupo

Energisa, em 1999 e 2000 comparando os dados dos indicadores de qualidade

para avaliar a melhoria.

Inicialmente a pesquisa se caracteriza como bibliográfica, possuindo

características de uma pesquisa documental, já que foram levantadas

informações na Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sobre as

Empresas de Energia Elétrica privatizadas. E por fim a pesquisa é considerada

Ex-Post-Facto, pois segundo Gil (1999), o experimento se realiza depois dos

fatos e o pesquisador não tem controle sobre as variáveis. Com levantamentos

dos dados de indicadores como DEC e FEC que são divulgados pela ANEEL

especificamente da SAELPA e CELB atualmente Grupo Energisa que

abrangem o Estado da Paraíba.

Vale ressaltar que este trabalho foi baseado nas pesquisas feitas por

Rogério Márcio em 2006 em sua dissertação intitulada “Benefícios da

privatização e reestruturação: evidência no setor de distribuição de energia

elétrica no Brasil”. Sendo adaptado para estudar o caso do setor elétrico

paraibano.

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Por fim, esta pesquisa está estruturada em três capítulos. No primeiro

capítulo será apresentado o desenvolvimento e expansão do Setor Elétrico no

Brasil, apresentando como se deu o processo de estruturação e reestruturação.

No segundo capítulo contextualiza-se o processo de privatização, o discurso

neoliberal, o neoliberalismo na prática, a formação de um novo modelo nos

anos 90 através da implantação das ideias neoliberais no Brasil e

especialmente como se deu a Privatização do Setor Elétrico na Paraíba. O

terceiro capítulo constitui definições, hipóteses, os dados necessários a

análise, dispõe ainda dos resultados e uma análise comparativa da evolução

dos indicadores. E por fim as considerações finais.

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1 O SETOR ELÉTRICO NO BRASIL

Esta seção discutirá o desenvolvimento e expansão do setor que foi

condicionado por aspectos técnicos, econômicos e institucionais.

A fase de aceleração, durante o período de 1945 a 1975 que foi

considerado anos de glória, inicia-se pela implantação de uma base geradora

predominantemente hidráulica contendo reservatórios com grande capacidade

de acumulação de água.

Porém nos anos 80 uma crise setorial se abateu sobre o Estado

brasileiro, levando a questionamentos sobre o modelo de organização industrial

e marcando um início de sucessivas reformas que apresentaram falhas de

concepção e implementação. Com isso inicia-se um processo de

reestruturação por volta de meados da década de 1990 que fará com que o

Setor Elétrico passe por profundas transformações.

O estudo da indústria elétrica brasileira será o fio condutor desta seção

ancorando-se numa perspectiva histórica e econômica.

1.1 Desenvolvimento e Expansão Setorial

A eletricidade assume um importante papel para o mundo moderno

sendo fonte de luz, calor e força. As mais diversas e simples atividades que

realizamos requerem o uso de eletricidade. Além disso, grande parte dos

avanços tecnológicos hoje alcançados se deve à energia elétrica.

Thomas Edison, considerado um dos cientistas mais criativos do mundo,

fez um desafio a si mesmo que consistia em obter luz a partir da energia

elétrica. E em 1879 inventou a primeira lâmpada incandescente que foi um

grande salto não só para a ciência assim como para o mundo. Já em 1882, três

anos depois, ele fundou uma central de serviço público de geração e

distribuição de eletricidade a Pearl Street Central Station considerada um

marco para o setor elétrico (PINTO et al, 2007).

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15

Com a criação da iluminação elétrica, não demorou muito para o Brasil

fazer a substituição da iluminação pública a gás pela iluminação elétrica no ano

de 1881 ainda na presença do imperador D. Pedro II.

Em 1887, seis anos após a implantação da iluminação pública elétrica

surge a primeira hidroelétrica da América Latina. A Usina de Marmelos criada

por Bernardo Mascarenhas com o objetivo de suprir a necessidade para

produção de tecidos e iluminação da cidade de Juiz de Fora (PINTO et al,

2007).

Demonstrando assim a tamanha significância da criação da lâmpada, da

primeira central americana e a introdução da primeira central brasileira para o

desenvolvimento do país e do setor elétrico.

Inicialmente os investimentos em geração de eletricidade eram privadas,

promovidas por empresários e aconteceram nas regiões mais desenvolvidas

daquela época, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A

eletricidade era considerada um bem de luxo acessível apenas a um

determinado grupo de indivíduos e regiões mais ricas.

Assim como o resto do mundo, o Brasil foi desenvolvendo o Setor

Elétrico e posteriormente a eletricidade se tornou indispensável para o

desenvolvimento econômico já que a maioria das atividades requerem o uso de

energia elétrica.

Com o crescimento do consumo de energia elétrica fez com que os

investimentos no setor se tornassem, cada vez mais, frequentes e autônomos

representados por empresas de serviços públicos.

A introdução de concessionárias estrangeiras no Brasil se deu através

da constituição das empresas de serviços públicos.

Marcando o desenvolvimento do setor elétrico houve a criação da São

Paulo Railway em 1899 e Rio de Janeiro Tramway em 1904 pela empresa

canadense Light and Power Company Limited. Posteriormente, em 1912, essas

duas empresas foram unificadas na Holding Braziliam Traction, Light and

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16

Power Co. Ltda. Realizando grandes projetos para a época (PINTO et al,

2007).

A partir do Gráfico 1 podemos perceber o crescimento abrupto da

geração de energia elétrica entre os anos de 1883 à 1920, evoluindo de 52 KW

para mais de 367.000 KW. Concomitantemente, a geração hidráulica

consolidou-se passando de 20% em 1890 para 85% em 1910.

Fonte: Elaborado a partir de dados PINTO et al, 2007. p. 199

Reafirmando essa questão Faria (2003) afirma também que o

crescimento da capacidade de geração foi notável em 1883 com uma

capacidade de 52 kW passou em 1920 ultrapassando os 367.000 kW. Surgiram

às pequenas usinas geradoras decorrente da necessidade de fornecimento de

energia para serviços públicos de iluminação e para atividades econômicas. A

grande maioria das unidades era de pequena potência com cerca de 10 usinas

geradoras e ampliou-se com a construção das primeiras usinas hidrelétricas no

país: Marmelos-Zero, Fontes Velha e Delmiro Gouveia.

Segundo Pinto et al. (2007) o que caracteriza essa fase inicial é a falta

de legislação. Os atos de concessão regiam os serviços de eletricidade assim

como contratos entre o poder público e concessionários.

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17

No início do século XX ocorre a chegada da American & Foreign Power

AMFORP. A AMFORP foi criada em 1923 com a finalidade de agilizar as

negociações com a Bond & Share Corporation tendo assim um papel

importante para o desenvolvimento do setor. Em 1927 depois da chegada da

Bond & Share no Brasil houve a criação da Empresas Elétricas Brasileiras –

futura Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras (CAEEB) – e a

Companhia Brasileira de Força Elétrica. Vale salientar que a AMFORP

concentrou suas estratégias entre o Nordeste e Sul do país já que São Paulo e

Rio de Janeiro estavam sob domínio da Light. A Light detinha de 40% da

capacidade instalada do país e a AMFORP 15 % (PINTO et al, 2007).

Sendo assim, Pinto et al. (2007) ressalta que o setor elétrico se

desenvolveu de forma independente e isolado através de concessionárias

privadas que dentre estas destacam-se a Light e AMFORP controlando os

mercados mais importantes e reguladas por contratos de concessão.

Em meio à revolução de 301, inicia-se o processo de intervenção do

governo federal no setor elétrico através do Decreto 24.643 no dia 10 de julho

de 1934, o Código de Águas.

A partir daí deu-se início a um amplo processo de reordenação

conduzido pelo Estado que tem como objetivo principal a regulamentação e o

controle das atividades das concessionárias seja elas privada, nacionais ou

estrangeiras conjuntamente com a criação alguns anos depois,

especificamente em 1939 do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

(CNAEE) objetivando organizar e planejar as medidas necessárias para a

regulamentação do Código de Águas.

Segundo Faria (2003) entre o período de 1889 à 1930 o papel do Estado

no desenvolvimento do Setor Elétrico foi bastante limitado, mantendo uma

postura com pouca intervenção na economia preocupando-se neste período

apenas com a estabilidade cambial, equilíbrio das finanças públicas e a defesa

1 A Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, o Golpe de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.

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das atividades produtivas ligadas ao setor externo. As raras atribuições da

União na área econômica refletiam a descentralização que caracterizava a

exploração dos recursos naturais para fins energéticos.

“As décadas de 1950 e 1960 serão marcadas por transformações

profundas na indústria elétrica brasileira, que já vinham sendo geradas,

paulatinamente, desde a década de 1930” (PINTO et al, 2007. p. 202).

Transformações essas que foram estruturadas a partir de duas

vertentes. A primeira relacionado as exigências da indústria nacional e

crescimento das atividades produtivas. Já a segunda concerne a

regulamentação e planejamento do setor. Mudança estas que o setor clamava

para que o desenvolvimento do país fosse alcançado.

As primeiras intervenções do Governo Federal se deu em âmbito

regional. Por conseguinte, na esfera federal, em meio ao segundo governo de

Getúlio Vargas onde foram enviados ao Congresso um conjunto de propostas e

medidas através de projetos de Lei. De acordo com Pinto et al (2007) são as

seguintes:

Projeto sobre a Instituição Federal de Eletrificação e a criação do

Imposto Único sobre Energia Elétrica – IUEE. Aprovado em 31 de

agosto de 1954 através da Lei 2.308. Se baseava na distribuição e

aplicação do IUEE pertencentes aos Estados, Distrito Federal e

Municípios. Aprovado em 8 de novembro de 1956 através da Lei 2.944.

Formulação do Plano Nacional de Eletrificação, vale salientar que este

nunca foi aprovado pelo Congresso Nacional.

Criação das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás). Aprovada em 25

de abril de 1961 através da Lei 3.890-A e a empresa criada em 13 de

junho de 1962 através do Decreto 1.178.

Um passo importante é dado, em 1957 durante o governo de

Kubitschek, definição de uma base legal visando a regulamentação dos

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19

serviços de eletricidades nas décadas seguintes. Neste mesmo ano através do

Decreto 41.0192 é preenchida as lacunas do Código de Águas.

Diante da iminente crise de abastecimento na região Sudeste, o governo Kubitschek – nos moldes da solução adotada para o Nordeste, com a criação da CHESF, em 1945 – aprova a criação da Central Elétrica de Furnas, por um Decreto Executivo, de nº 41.066, de 28 de fevereiro de 1957; sem pedir autorização ao Congresso Nacional, diferentemente do que havia ocorrido por ocasião da criação da CHESF (PINTO et al, 2007. p. 207).

O Brasil então durante as décadas de 1960 e início da década de 1970

passou um período de estruturação dado o desenvolvimento do Setor Elétrico.

Além disso, na esfera do planejamento, a princípios da década de 1960,

marcaria a história da indústria elétrica brasileira a partir de um planejamento

setorial comandado pela Canambra Engineering Consultant Limited3.

Pinto et al (2007) diz que a Canambra juntamente com o apoio do fundo

das Nações Unidas e do Banco Mundial, o governo brasileiro lançará as bases

do que podemos chamar de primeiros movimentos de planejamento do setor

de energia elétrica no Brasil.

Pela primeira vez desenha-se um plano com uma forte visão de uma

indústria elétrica integrada nacionalmente formando um verdadeiro sistema

elétrico em âmbito nacional.

Ainda na década de 1960, há a criação do Ministério de Minas e Energia

sendo assinada por Kubitschek através da Lei 3.782 em 22 de julho de 1960,

contudo foi implementada apenas no governo de Jânio Quadros, que criou a

Eletrobrás em 1961 que foi implementada por João Goulart em 1962. O

primeiro ministro do Ministério de Minas e Energia foi Tancredo Neves.

Com a criação da Eletrobrás todas as aplicações e administração do

Fundo de Eletrificação saíram do BNDE e foram para esta empresa que foi

constituída pela CHESF, Furnas, CHEVAP, TERMOCHAR. Aos poucos a

2 Decreto 41.019 em 26 de fevereiro de 1957 tendo como objetivo a regulamentação dos serviços de energia elétrica conforme publicado em planalto.gov.br 3 Segundo PINTO et al (2007) Canambra Engineering Consultant Limited é um consórcio constituído de duas empresas do Canadá – Montreal Engineering e CrippenEngineering – e pela norte-americana Gibbs& Hill.

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Eletrobrás consegui fortalecer seu caixa e assim atender as necessidades de

financiamento das obras para a expansão da oferta do produto chamado

energia elétrica, sendo essencial ao desenvolvimento do país.

Pinto et al. (2007) afirma ainda que as transformações observadas na

década de 1960 se intensificaram nos anos seguintes tanto no âmbito

regulatório, como no âmbito federal com a criação da Eletrosul em 1968 e

Eletronorte em 1972. E ainda no âmbito dos estados houve várias

transferências de ativos da Eletrobrás para os governos estaduais visando a

descentralização administrativa. A década de 1970 se caracterizara como o fim

de um ciclo da indústria elétrica brasileira.

1.1.2 Crise e a Necessidade de Reforma

As reformas surgem em meio a um contexto conturbado no qual o Setor

Elétrico se encontrava, dentre estes o crescimento exacerbado da demanda

por energia elétrica. Verificaremos como se deu esse processo em que surge a

crise e a necessidade de reforma do setor elétrico brasileiro.

Como podemos ver na seção anterior foi notável a expansão e

desenvolvimento do Setor Elétrico Brasileiro. O pilar central do sucesso da

expansão do setor elétrico segundo Pinto et al (2007) foram os monopólios

verticalizados com tarifas reguladas pelo custo do serviço assim como nos

países industrializados.

Mesmo apresentando características muito próximas do modo de

organização de países industrializados o Setor Elétrico apresenta

especificidades que condicionam os movimentos de reforma como: A

importância da geração hidráulica o que impõe uma necessidade de

coordenação dos fluxos de energia gerados em centrais elétricas, impondo

também a necessidade de dois sistemas de forma que sejam interligados, além

disso a existência de um grande número de empresas com direitos de

propriedade repartidos entre governo federal e estatal (PINTO et al, 2007).

Page 21: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

21

O Setor Elétrico sempre teve como principal desafio reunir as condições

necessárias que aumentem o nível de investimento e assim poder atender a

demanda cada vez mais crescente.

Podemos verificar esse crescimento da demanda por energia através da

Tabela 1 a seguir que apresenta os crescimentos médios do consumo setorial

de energia elétrica no período de 1970 a 2004.

Essa expansão é notável em todos os setores econômicos, exceto no

setor de transpores.

TABELA 1 - Taxas Médias de Crescimento do Consumo - % ao ano

Setor 1970-1980 1980-1990 1990-2000 2000-2004

Setor Energético 7,2 5,1 4,4 5,2

Residencial 10,8 7,7 5,6 -1,5

Comercial 10,3 5,6 7,1 1,3

Público 11,3 5,7 4,9 0,8

Agropecuário 20,5 12,6 6,8 3,7

Transportes 2,4 3,8 0,5 -4,5

Industrial 13,3 5,1 2,7 4,1

Total 12,0 5,9 4,3 2,0

Fonte: EPE (2006)

O Gráfico 2 nos mostra a evolução do consumo de Energia Elétrica no

Brasil.

Fonte: Elaborado a partir de dados do artigo Panorama da oferta e do consumo de energia

elétrica no Brasil para os próximos anos de Ivan Marques de Toledo Camargo 2007.

Page 22: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

22

Tudo nos leva a acreditar que o crescimento do consumo vai continuar

elevando-se. A questão é até quando o setor elétrico suprirá essa demanda por

energia elétrica.

Nesse intervalo de 20 anos, de 1986 a 2006, o Brasil ampliou

rapidamente o acesso dos consumidores aos serviços de fornecimento de

energia elétrica, com uma melhoria perceptível da qualidade destes serviços.

Durante este período tivemos oscilações, período de desenvolvimento,

crescimento, crise, reforma e reestruturação.

A década de 1970 foi marcada pelo intenso investimento, principalmente

no âmbito de geração de energia elétrica. Pinto et al. (2007) afirma que a

organização do setor elétrico brasileiro foi associado a um modelo de

financiamento que se apoiava em três pilares:

Autofinanciamento consiste na reinversão de recursos visando

alcançar a expansão do setor através dos recursos das própria empresa

Financiamento interno através de recursos procedentes de impostos e

empréstimos compulsórios sendo o IUEE (Imposto Único de Energia

Elétrica) o principal desta estrutura de financiamento.

Financiamento Externo deriva dos bancos internacionais e organismos

multilaterais de créditos.

No início da década de 1980, a crise econômica trouxe grandes

impactos danificando concomitantemente a eficiência econômica da

organização industrial e o modelo de financiamento. Podendo ser explicado

pelas restrições de recebimento de recursos externos e sobretudo pelo

endividamento das empresas do setor juntamente com a elevação da taxa de

juros internacionais fazendo com que aumentasse o volume da dívida. Os

fluxos internacionais de crédito declinaram drasticamente após a moratória

mexicana de 1982 (PINTO et al, 2007).

O início da crise financeira do setor elétrico foi marcado por fatores

externos, contudo foi só após a crise da década de 1980 que se tornou nítida

as falhas organizacionais.

Page 23: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

23

Nos anos 80, com o grave aumento das taxas de juros no mercado internacional e as maiores dificuldades para obter empréstimos internacionais, e, ainda, as pressões do governo federal sobre as empresas estatais para fecharem as contas, as empresas passam tomar empréstimos no mercado financeiro doméstico visando cumprir os compromissos anteriormente assumidos (serviços da dívida) e concluir os empreendimentos em andamento. Assim, com a simultânea redução das tarifas, já mencionada, e a recessão que a partir de 1981, caracterizou a economia brasileira, a situação do setor foi se tornando cada vez mais dramática (LORENZO, 2002. p. 14).

Faria (2003) afirma ainda que na esfera do financiamento, a crise do

setor público privou o setor do financiamento. Como resultado os custos de

financiamento dispararam e os empréstimos tornaram-se uma das fontes mais

importantes de investimento. O setor elétrico a partir de meados da década de

1980 apresentou um capital de giro líquido negativo.

O contexto em que se encontrava o setor elétrico brasileiro na segunda

metade da década de 1980, de acordo com Pinto et al. (2007) era

caracterizado por: alto endividamento, racionamento de crédito internacional,

auto financiamento baixo, e uma difícil situação fiscal do Estado. Diante desse

panorama se torna evidente a necessidade de reforma.

1.1.3 O Processo de Reestruturação

Depois desse momento conturbado em que o Brasil enfrentou como

vimos anteriormente, surge a necessidade de uma reestruturação. A partir de

meados da década de 1990 com os programas de estabilização econômica e

reforma do Estado inicia-se uma nova fase para o país, especificamente para o

Setor Elétrico.

Na década de 90 as ideias neoliberais começam a ser introduzidas com

mais veemência, que será discutido no capítulo subsequente, o governo

brasileiro reduz o papel do Estado e inicia-se o processo de desestatização.

As primeiras privatizações foram efetuadas antes mesmo da

regulamentação do setor foi divulgada uma reforma do setor elétrico para um

modelo novo que ressalta o papel da iniciativa privada. Apresentando aspectos

como: necessidade de criação de um mercado competitivo, importância do livre

Page 24: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

24

acesso a transmissão, fortalecimento do produtor independente,

desverticalização do setor e liberalização progressiva de consumidores. Com

relação a estes aspectos houve consenso, mas houve divergências na

execução da reforma e nem sempre esses aspectos foram considerados

(LORENZO, 2002).

O processo de reestruturação tem como princípio base, de acordo com

Pinto et al. (2007), a entrada de investimentos estrangeiros produzindo três

consequências principais:

Macroeconomicamente, contribuir para equacionamento do déficit fiscal

via venda de ativos;

Com relação ao aspecto setorial, restaurar o financiamento e

desenvolver programas de investimentos;

E por fim tornar as empresas energéticas mais eficientes.

Como no decorrer de toda a história, dessa vez não seria diferente, o

Brasil sofreu grande influência dos países desenvolvidos com relação ao

processo de reestruturação do setor de energia. E o argumento principal era a

falta de financiamento das empresas estatais, cabendo ao capital privado

recuperar o nível de investimento.

Em 1993 inicia-se as primeiras mudanças institucionais com diferentes

etapas para a reforma da indústria elétrica nacional.

Estas reformas foram caracterizadas pela entrada de capitais privados e

instituição de um novo modelo que possibilitaria mudanças institucionais e

estruturais.

Segundo Pinto et al. (2007) os objetivos da reforma eram basicamente:

O aumento no nível de investimentos em geração e transmissão, em

decorrência da elevada taxa de crescimento da demanda.

A introdução de concorrência, a qual deveria produzir impactos sobre a

redução dos custos e dos preços, em termos reais. A melhoria da

qualidade de serviços.

Page 25: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

25

As privatizações foram o grande marco deste processo, iniciada em

1995 com mais de 20 companhias distribuidoras atraindo operadores tanto

nacionais como estrangeiros. Notadamente a criação de agências reguladoras

conduziram boa parte dessas reformas para os setores de infraestrutura como

a criação da ANEEL para o setor elétrico, ANATEL para o setor de

telecomunicações, e petróleo e gás ANP.

Pinto et al. (2007) reportando-se ao setor elétrico enfatiza que é

importante ressaltar quatro aspectos no âmbito das reformas:

A nova lei de concessões

A criação da ANEEL

A criação do Operador Nacional do Sistema – ONS

A instituição do Mercado Atacadista de Energia

O Operador Nacional do Sistema (ONS) foi essencial para a nova

configuração do setor elétrico e tinha como objetivo a regulação técnica do

sistema planejando, programando e executando operações das usinas com a

finalidade de atender a demanda. Sendo responsável pela manutenção da

integridade do sistema, operando com modelos de otimização definido o

despacho das centrais e o preço spot no Mercado Atacadista de Eletricidade

(MAE) (PINTO et al, 2007).

O mercado atacadista de energia de acordo com Lorenzo (2002. p. 16)

“é administrado pelo MAE, um outro organismo de natureza privada. A

presença do Estado no setor é predominante uma vez que controla 78% da

geração, 100% da grande transformação e, ainda, 30% da distribuição de

energia.”

Além disso, Pinto et al (2007) ressalta a importância da criação da

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) que tinha como objetivo a

fiscalização, mediação e regulação econômica.

Sendo assim estes – ONS, MAE e ANEEL – a base do modelo que seria

implementado na segunda metade da década de 1990.

Page 26: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

26

No âmbito do governo federal Lorenzo (2002. p. 16) destaca que “as

atribuições ficaram distribuídas entre o Ministério das Minas e Energia e a

agência reguladora Aneel. Esta decisão de atribuições nem sempre é clara em

seus limites e vem dando margem a disputas entre essas instancias e os

órgãos coordenadores privados”.

A reforma do setor elétrico planejada no início da década de 90 foi

considerada bastante complexa e controvertida. Além do programa de

desestatização ter iniciado anteriormente a reestruturação do setor, várias

questões contribuíram para dar prosseguimento ao processo de reforma

institucional como o conflito entre o BNDES e a Eletrobrás sobre o controle dos

recursos, o contato e o programa do gás da Bolívia, compreendendo o

gasoduto principal e a discussão sobre a sua localização e extensão para o sul

(LORENZO, 2002).

O Setor Elétrico estava cada vez mais próximo de uma crise. A situação

da oferta se agravou e as instituições responsáveis não se mobilizaram de

forma eficiente para conseguir os recursos suficientes a enfrentar. Havia

problemas de coordenação fazendo com que não mensurasse a gravidade e

tamanho da crise.

O programa de desestatização enfrentou dificuldades no final dos anos

90, acentuado pela escassez de oferta de energia que já apresenta uma

tendência a aumentar desde o momento em que foi implantada. Havia também

uma certa indefinição quanto ao papel e possibilidades dos diferente agentes

do setor, como consequência houve uma limitação de financiamento interno e

externo. O setor começa a desintegrar, assim como os critérios de controle do

sistema elétrico até então estabelecidos pelo Estado (LORENZO, 2002).

Pinto et al (2007) salienta que a questão não é resolver problemas de

coordenação e escassez de investimentos com o intuito de promover a

expansão de forma sustentada do setor no longo prazo. O que precisava

realmente eram investimentos e coordenação para evitar a crise de

abastecimento no curto prazo.

Page 27: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

27

No entanto, a coordenação instituída com a reforma não foi capaz de

atender os mínimos detalhes, quem dirá dar continuidade a reforma. O que

comprova essa falha foi o racionamento de energia elétrica em 2001, gerando

um ambiente de incerteza.

Houve um retardamento de novos investimentos devido à incerteza

provocada pela crise. O risco do déficit vinha aumentando desde 1997,

revelando a magnitude da volatilidade dos preços do mercado atacadista,

agravando uma instabilidade das relações comerciais no setor. No período

entre 2001 e 2003, a perda de receita das empresas distribuidoras ocasionou

uma intensa crise financeira nas empresas elétricas (PINTO et al, 2007).

As consequências do racionamento anunciado em Abril de

2001, foram danosas para a população e principalmente para o

sistema produtivo. Os efeitos negativos vão se fazer sentir por

vários anos. Há no entanto um reconhecimento nacional de

que, a crise anunciada, só não foi mais grave devido a pronta e

positiva resposta da sociedade à solicitação de auto - restrição

do consumo e à relativa retração econômica do país que, neste

segundo semestre, levou a um crescimento menor da demanda

por eletricidade pelo setor produtivo (LORENZO, 2002. p. 18).

Como ocorrido no período entre 2001 e 2003 surge uma nova reforma

com o intuito de minimizar as incertezas e riscos de racionamento. Este novo

modelo foi proposto pelo governo Lula, aprovado pelo Congresso Nacional em

março de 2004 pelas leis 10.847 e 10.848, e através da assinatura do Decreto

5.163 em julho do mesmo ano. “Regulamentando as regras de comercialização

de energia elétrica e o processo de outorga de concessões e de autorização do

novo modelo do setor elétrico.” (PINTO et al, 2007. p. 223)

O setor elétrico brasileiro passou por grandes mudanças durante a

década de 1990 e início da década de 2000. A primeira proposta de reforma

visava aumento da eficiência através da competição. Surgiram vários

problemas que impossibilitaram o alcance do objetivo e o país enfrentou a crise

de abastecimento de 2001.

Já a segunda proposta tem como base a centralização na mão do

governo e assim reduzir as incertezas que pairavam sobre o setor. A questão

Page 28: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

28

que nos leva a refletir é, seja qual for a estrutura adotada, como será feita a

expansão do setor elétrico com o intuito de suprir a necessidade da crescente

demanda de energia elétrica. É preciso garantir investimentos massivos no

setor.

Page 29: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

2 A PRIVATIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO

O setor elétrico passou por diversas mudanças nas últimas décadas

atravessando vários estágios. Até a década de 1980, foi do capital privado ao

predomínio do capital estatal. Já na década subsequente houve a retomada do

capital privado com importantes reformas que devido à crescente demanda se

fez necessário reunir investimentos a fim de alavancar o setor e suprir a

necessidade de investimentos pesados em transmissão de energia.

Apoiando-se no pensamento neoliberal, compreendendo que a redução

do papel do Estado brasileiro na esfera econômica beneficiara o

desenvolvimento nacional algumas mudanças foram impostas ao Setor Elétrico

como a criação de novos órgãos reguladores.

Deste modo, neste capítulo será apresentado o processo de privatização

do Setor Elétrico justificando as transformações políticas e ideológicas. De

maneira a auxiliar a compreensão foi adicionado o discurso neoliberalista e o

neoliberalismo na prática. Inicialmente será feita uma revisão das teses dos

principais teóricos neoliberais.

Então no decorrer deste capítulo apresentaremos a implantação das

ideias neoliberais no Setor Elétrico Brasileiro e de modo particular como se deu

o processo de privatização do Setor Elétrico na Paraíba apresentando as duas

concessionárias que fornecem energia ao Estado, CELB atual Energisa

Borborema e SAELPA atual Energisa Paraíba.

2.1 O Discurso do Neoliberalismo

O Brasil passou por profundas transformações na última década,

sobretudo o setor elétrico brasileiro que passou por várias fases de contração e

expansão. Buscar-se-á um debate sobre as origens teóricas do neoliberalismo,

para isso utilizaremos principais obras dos dois maiores teóricos desta

doutrina, Friedrich Hayek e Milton Friedman.

Abordaremos historicamente e discutiremos teoricamente o discurso

neoliberal pois se faz necessário entender os rumos tomados pelo Estado

Page 30: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

30

brasileiro enfatizando que o desenvolvimento deste setor se inicia com a

introdução das concessionárias estrangeiras.

Basicamente o neoliberalismo é definido como um conjunto de ideias

políticas e econômicas que defende a mínima participação do Estado na

economia devendo haver total liberdade de comércio, pois segundo esta

doutrina este princípio garantiria o crescimento e o desenvolvimento

socioeconômico de um país.

Hayek em 1944 semeia algumas ideias ao lançar o livro “O caminho da

Servidão” durante uma época em que o Keynesianismo e o assistencialismo do

Estado era defendidos, em que o Estado de bem-estar exercia uma força

ideológica sobre a sociedade.

As ideias inicialmente de Hayek em meados da década de 1940 e em

seguida as de Friedman na década de 1960 ficaram a margem das discussões

naquela época, pois caracterizava um momento em que o capitalismo

primeiramente precisava ser fortalecido em meio a Guerra Fria combatendo

intensamente o socialismo, aos poucos as ideias liberais foram sendo

abordadas.

Somente na década de 1970 o neoliberalismo auferiu sua devida

importância através da Escola Monetarista de Milton Friedman, como solução a

crise econômica que eclodiu em 1973 provocada pelo aumento excessivo do

petróleo e sendo adotado por países influentes como Inglaterra e Estados

Unidos.

David Harvey define o Neoliberalismo como:

Uma teoria das práticas político-econômicas que propõe que o bem-estar humano pode ser melhor promovido liberando-se as liberdades e capacidades empreendedoras individuais no âmbito de uma estrutura institucional caracterizada por sólidos direitos a propriedade privada, livres mercados e livre comércio (HARVEY, 2008, p.12).

O papel do Estado no neoliberalismo para Harvey seria criar e preservar

a estrutura institucional a essas práticas assegurando as funções de defesa, da

Page 31: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

31

polícia e legais requeridas para garantir os direitos de propriedades individuais

assim como o funcionamento dos mercados (MARTINS, 2009).

Entretanto salienta que para o neoliberalismo o Estado pouco deve

intervir já que não dispõe das informações suficientes para entender o

mercado. Definindo Estado Neoliberal como "um tipo particular de aparelho de

Estado cuja missão fundamental foi criar condições favoráveis à acumulação

lucrativa de capital pelos capitalistas domésticos e estrangeiros" (HARVEY,

2008, p.17).

Então podemos perceber que o neoliberalismo tem como princípios

básicos: a mínima participação do Estado na economia, uma política de

privatização de empresas estatais, desburocratização do Estado contendo leis

e regras simplificadas para facilitar as atividades econômicas.

Um importante motor para arquitetar os princípios neoliberalistas se deu

através da publicação dos ideais da Mont Pelerin Sciety, organização

constituída por Friedrich Hayek, Milton Friedman, Karl Popper e outros que

defendiam a liberdade, propriedade privada, mercado competitivo e sobretudo

os princípios dos economistas neoclássicos da segunda metade do século XIX

(MARTINS, 2009).

Milton Friedman, considerado o maior expoente do monetarismo, nos

indica como deve ser a relação entre o Estado e a economia sob o liberalismo.

Para Friedman (1984) deve haver uma redução do Estado, lembrando

que a existência de um mercado livre não elimina a necessidade do Estado

agindo como mediador pondo em vigor regras que regulam os mercados,

cabendo ao mercado diminuir questões que são decididas pelo meio político.

Fiori (2001) acresce que o neoliberalismo basicamente deve se utilizar o

menos possível tanto do Estado quanto da política, assim despolitizando a

economia e reduzindo a intervenção do Estado.

Hayek defende a concorrência como um método superior, melhor

método que se conhece e, sobretudo por ser um método em que as atividades

Page 32: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

32

podem ser ajustadas umas às outras sem uma intervenção coercitiva dispensa

a necessidade de um “controle social consciente”.

Em sua principal obra Hayek além de fazer uma forte crítica ao

socialismo, se mostrava contrário a tudo que pregava o Estado de bem-estar,

que consistia na garantia do Estado ao cidadão como direito político uma renda

básica para sobrevivência com medidas assistenciais, diferentemente dessa

doutrina Hayek e Friedman acreditavam que o Estado deveria ser menos

paternalista e autoritário. Enfrentava qualquer forma de intervencionismo do

Estado, sobretudo no modo de produção capitalista.

É natural referir-se o Estado Liberal como Estado mínimo, para Hayek

uma das funções do Estado Mínimo seria a difusão de informações permitindo

assim uma maior mobilidade econômica, descentralizando as decisões e

contrário ao planejamento por parte do Estado.

O Estado Liberal é aquele que supre as necessidades básicas para a

sobrevivência, cada indivíduo busca na iniciativa privada o fornecimento dos

serviços básicos da sociedade como saúde e educação, fora garantir a

liberdade econômica em que há a mínima intervenção possível do Estado

porém mesmo assim o Estado não deixa de intervir tendo o objetivo de

promover a liberdade econômica de comercializar e produzir favorecendo uma

sociedade competitiva, sendo assim o Estado mínimo é interventor.

Ao investigar as origens da teoria neoliberal, Fiori não considera uma

conquista científica já que seus principais avanços só vieram a acontecer após

a crise econômica na década de 70 "dando uma súbita credibilidade em face

ao aparente fracasso do keynesianismo, começando ali sua ascensão vitoriosa

ao poder" (FIORI, 2001, p. 58-59), assim nesta década emergiu a teoria

neoclássica sendo tão significativo que mesmo os keynesianos acuaram em

suas posições. Na década de 90 a doutrina neoliberal tomou grande

importância frentes as academias americanas sendo foco dos professores.

O Brasil adotou o neoliberalismo um pouco tardiamente com relação aos

demais países, pois, como assinala Harvey, os marcos de eclosão das práticas

neoliberais se deram no período de 1978 a 1980 juntamente com as reformas

Page 33: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

33

liberais chinesas conduzindo o país ao capitalismo mundial, as mudanças na

economia e no Banco Central dos Estados Unidos por Ronald Reagan e os

rumos tomados pela Inglaterra comandados por Margaret Thatcher

influenciando e, por conseguinte impulsionando o pensamento neoliberal no

mundo.

A partir da década de 1980 várias países começaram de fato a adotar o

pensamento neoliberal utilizando a desregulação econômica, a privatização

das empresas estatais reduzindo assim a intervenção Estatal.

Harvey ainda ressalta as contradições presentes no pensamento

neoliberalista mostrando assim a diferença entre a teoria neoliberal e a prática

completa de neoliberalização, de forma que:

O rigor científico de sua economia neoclássica não é facilmente compatível com seu compromisso político com ideais de liberdade individual, nem sua suposta desconfiança com respeito a todo poder estatal o é com a necessidade de um Estado forte, e se necessário, coercitivo, que defenda os direitos à propriedade privada, às liberdades individuais e às liberdades de empreendimento (HARVEY, 2008, p. 30).

E por fim afirma que o pensamento liberal consiste em favorecer fortes

direitos à propriedade privada, garante o mercado livre, passa a iniciativa

privada todos os setores explorados pelo Estado, e preserva a livre competição

entre pessoas, empresas dentre outros… Devendo o Estado proteger seus

princípios garantindo a exclusão dos entraves burocráticos aumentando assim

a eficiência e produtividade, beneficiando a qualidade e redução dos custos.

2.1.2 O neoliberalismo na prática

Somente na década de 1970 e princípios da década de 1980 surge a

oportunidade de pôr em prática o neoliberalismo de fato, em meio as disputas

estratégicas, conflitos entre capitalismos versus socialismo durante a Guerra

Fria e o conservadorismo dos Estados Unidos e Inglaterra sendo pioneiros na

implantação da teoria neoliberalista com a ascensão dos presidentes destes

países, respectivamente Ronald Reagan e Margaret Thatcher que direcionaram

para si a ascensão do capitalismo, ou seja, a “vitória do capitalismo” durante a

Guerra Fria.

Page 34: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

34

O centrismo liberal e a economia keynesiana ficaram subitamente fora de moda. Margaret Thatcher lançou o chamado neoliberalismo, que era na realidade um conservadorismo agressivo de um tipo que não era visto desde 1848, e que envolveu uma tentativa de reverter a redistribuição do Estado de Bem-Estar, de modo a beneficiar as classes superiores e não as classes mais baixas (WALLERSTEIN, 2004, p.61).

O neoliberalismo enfatiza, principalmente, a desregulamentação da

economia com menos rigidez da intervenção estatal nas atividades econômicas

e a desestatização das empresas estatais como, por exemplo, das indústrias

de base e setor elétrico.

O nascimento da teoria neoliberalista se deu posteriormente a II Guerra

Mundial na América do Norte e Europa onde predominava o capitalismo e foi

considerada uma reação teórica fortemente contra o Estado intervencionista e

a política de bem-estar (ANDERSON, 1995).

Contudo, apenas, a partir da década de 1990, o neoliberalismo, que já

havia sido introduzido em boa parte da América Latina, e tardiamente seria

implantado no Brasil veementemente a partir do Governo Collor.

As ideias liberais juntamente com a abertura econômica e as

privatizações dão início ao que podemos chamar de “Era liberal” em nosso

país. Apesar de algumas inciativas no Governo Sarney e de uma grande

divulgação das da doutrina neoliberal, mesmo assim havia uma certa

resistência a sua implantação durante toda a década de 1980 através dos

movimentos sociais e sindicais. A constituição de 1988 pode ser considerada

segundo Filgueiras, apesar dos equívocos desta foi a expressão maior dessa

aversão da sociedade brasileira e foi alvo veemente tanto no Governo Collor

quanto no Governo Cardoso que trouxeram e implantaram de vez o projeto

liberal no Brasil (FILGUEIRAS, 2000).

O governo brasileiro a partir da década de 1990 propiciou a implantação

das práticas neoliberalistas e um novo modelo econômico visando superar a

estagnação da década perdida.

Segundo Fiori (2001), o neoliberalismo mesclou determinismo

econômico com defesa do mercado livre e do individualismo, e afirmação de

Page 35: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

35

que há de fato uma desigualdade social, além disso, afirmava a importância de

menos Estado, de uma moeda forte, das privatizações, do equilíbrio fiscal e da

competitividade global. Fiori destaca eficiência e eficácia que o neoliberalismo

se tornou hegemônico:

Religiões e ideologias, modismos culturais e acadêmicos já ocuparam posições parecidas no passado. Mas é provável que nenhuma ideia secular tenha alcançado, até hoje, uma hegemonia tão intensa e aplastante, sobretudo depois da queda do Muro de Berlim e da derrota do mundo socialista. (...) O novo liberalismo ou 'pensamento único', apesar de conter forte conteúdo econômico, e indiscutíveis pretensões científicas e acadêmicas, foi muito além de tudo isto, não apenas do ponto de vista territorial e sociológico, mas sobretudo porque conseguiu se transformar num mix de projeto político e econômico de curto prazo. E, o que é mais surpreendente, uma utopia ou crença quase religiosa, difundida igualmente nos países ricos e pobres (FIORI, 2001, p. 75).

Diferentemente de alguns autores que aderiram as ideias de Margaret

Thatcher, com seu projeto conhecido como TINA – ThereIs No Alternative, em

português não há alternativa. Que tinha como finalidade a competição entre os

países, firmas e indivíduos, enfim distintamente deste pensamento Fiori

discorda a inevitabilidade do caminho que tomou o Brasil e ressalta que os

objetivos foram determinados por um contrato internacional possuindo validade

de três anos e assinado entre o Governo Brasileiro, Fundo Monetário

Internacional (FMI) e o Banco de Compensações internacionais, que

comprometia o país com metas monetárias e fiscais em permuta com um

empréstimos de 40 milhões de dólares.

Segundo Fiori (2001) foi uma alternativa consciente que trocara a

liderança estatal "por uma estratégia de abertura econômica com vistas a uma

transnacionalização radical dos centros de decisão e das estruturas

econômicas brasileiras".

Os conceitos neoliberais já adotados em países centrais foram

impulsionados nos países periféricos pelo chamado Consenso de Washington

caracterizado pelo conjunto de medidas que visavam a articulação para

implantar neoliberalismo de maneira ordenada nos diversos países. John

Willianson, economista inglês, foi quem delineou e criou esse termo Consenso

de Washington, sintetizado nas seguintes regras:

Page 36: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

36

Disciplina fiscal, através da qual o Estado deve limitar seus gastos à arrecadação, eliminando o déficit público; Focalização dos gastos públicos em educação, saúde e infra-estrutura; Reforma tributária que amplie a base sobre a qual incide a carga tributária, com maior peso nos impostos indiretos e menor progressividade nos impostos diretos; Liberalização financeira, com o fim de restrições que impeçam instituições financeiras internacionais de atuar em igualdade com as nacionais e o afastamento do Estado do setor; Taxa de câmbio competitiva; Liberalização do comércio exterior, com redução de alíquotas de importação e estímulos à exportação, visando a impulsionar a globalização da economia; Eliminação de restrições ao capital externo, permitindo investimento direto estrangeiro; Privatização, com a venda de empresas estatais; Desregulação, com redução da legislação de controle do processo econômico e das relações trabalhistas; e Propriedade intelectual (NEGRÃO, 1998, p.41-42).

Fiori (2001) destaca que a proposição central deste consenso era a

redução das desigualdades sociais, para isso bastava apenas desfazer do

estatismo e permitir a o livre comércio assim consequentemente a retomada

dos investimentos e crescimento.

O neoliberalismo, apresenta Harvey (2008), no caso da América Latina

se deu primeiramente no Chile e posteriormente na Argentina através de um

golpe militar em que era apoiado pelas elites conservadoras e pelos Estados

Unidos. Já, diferentemente, no Brasil se deu a partir das eleições presidenciais

de 1991, após anos e mais anos de governos ditatoriais. Em suma, no início da

década de 1990 a América Latina havia tomado um rumo distinto e aderiu ao

Consenso de Washington e objetivavam a abertura de mercados e

privatizações das empresas e serviços públicos.

As razões que justificam essas mudanças, segundo Matos Filho e

Oliveira, para a liberalização que o país enfrentou na década de 1990 são: 1) a

crescente demanda da sociedade por programas de bem-estar; 2) exagerada

importância dada ao Estado; 3) a estrutura extremamente sobrecarregada do

setor público brasileiro; 4) escassez de recursos públicos; 5) má administração

das empresas públicas, com técnicas gerenciais ultrapassadas e administração

de cunho política; 6) gestão pouco eficiente e de baixo nível de produtividade

(MATOS FILHO; OLIVEIRA, 1996).

Page 37: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

37

Assim, para eles, a justificativa para continuar com a liberalização seria o

ajuste da economia brasileira ao novo contexto global em que o mundo se

encontrava marcado pela forte concorrência e integração de mercado devido a

globalização.

Fiori destaca que economicamente a década de 1990 foi marcada

principalmente pelo baixo crescimento econômico, aumento da taxa de

desemprego, aumento da concentração de riqueza e renda. Ainda avalia o

desempenho latino-americano como baixo crescimento econômico e

aprofundamento das desigualdades, dentro de cada país, e entre a América

Latina, como um todo, e o mundo desenvolvido (FIORI, 2001).

2.1.3 O neoliberalismo no setor elétrico brasileiro

As mudanças que ocorreram com a introdução do neoliberalismo no

mundo marcou de fato as práticas político-econômicas trilhando um caminho

em que a redução da intervenção do Estado na economia possibilita uma

abertura comercial com livres mercados e livres comércio.

E não foi diferente no setor elétrico em que houve uma diminuição da

participação do Estado, ocorrendo mudanças institucionais iniciadas no final da

década de 1980 com o Programa de Revisão Institucional do Setor Elétrico,

conhecido como Revise, e aos poucos foram dados os primeiros passos para o

processo de desregulamentação do Setor Elétrico Brasileiro. Segundo Paixão

que foi um dos elaboradores do projeto de reestruturação do setor, faltou o

auxílio de uma consultoria com uma orientação técnica, além disso faltou

também um consenso que induzisse a um equilíbrio pois havia uma grande

convergência das ideias (PAIXÃO, 2000).

O discurso neoliberal juntamente com as privatizações e a abertura

comercial introduz no Brasil a “Era Liberal”. Durante o Governo Sarney houve

algumas iniciativas nesse sentido mas somente no Governo Collor começou

uma implantação e disseminação destas ideias e posteriormente o Governo

Franco e Governo Cardoso que deu continuidade ao projeto neoliberal contudo

o Brasil aderiu a esta teoria tardiamente com relação aos países centrais.

Vejamos separadamente cada um desses Governos ressaltando como se deu

Page 38: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

38

a configuração desse novo cenário em que o Brasil estava trilhando. E como se

comportou os subsequentes governos, Governo Lula e o atual Governo Dilma.

A abertura comercial aliada a liberalização financeira restringiu as

barreiras tarifárias e políticas protecionistas com o objetivo de intensificar a

competitividade econômica do Brasil internacionalmente. Durante o período de

março de 1990 à dezembro de 1992, pioneiramente Fernando Collor de Mello

introduziu ao país reformas liberalizantes com um plano governamental que

visava a privatização e uma redução da intervenção Estatal na economia.

Plano Collor I tinha como objetivo: a) controle inflacionário devido a

hiperinflação que assolava o país; b) fortalecimento da moeda; e c)

estabilização econômica. Além disso, agiu congelando preços e salários

introduzindo uma política cambial flutuante, reduziu a alíquota de importação

dentre outras medidas que levaria a uma abertura comercial (MARTINS, 2009).

De maneira geral, Collor apoiava a implementação de todas ideias de

intervenção estatal defendidas pelo neoliberalismo. Inicialmente instituiu o

Plano Nacional de Desestatização que foi um dos mais relevantes mecanismos

de ajuste econômico. Para Matos Filho e Oliveira (1996) esse Plano tinha como

finalidade a descentralização, flexibilização e desburocratização do Estado.

Com o Plano Collor I a crise econômica que o assolava o país agravou-

se, ocorrendo um período de recessão em que o PIB caiu em 1990 para 4,4%

atingindo as variáveis produto e emprego, reduzindo-as. Obteve êxito

reduzindo a inflação, contudo ocorreu de forma temporária pois meses depois a

inflação retornou a ascender (MARTINS, 2009).

A fim de resolver os problemas econômicos como hiperinflação e

estagnação econômica do primeiro plano, surge o plano Collor II em 1991

utilizando outra vez medidas como congelamento de preços e salários e

programas que visam a redução de gastos públicos. Seguindo essa linha

neoliberal, através do PND, Collor vendeu 18 empresas federais por quatro

bilhões de dólares durante seu governo, sendo a maioria dos setores de

infraestrutura (CACHAPUZ, 2006).

Page 39: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

39

O setor elétrico sofreu demasiadamente com os problemas que o Brasil

enfrentava durando o governo Collor com relação a inadimplência das

concessionárias. Devido a essa inadimplência foram tomadas medidas como

cobrança dos débitos judicialmente, porém não obteve sucesso. A única

medida relevante foi a inserção de distribuidoras federais como Escelsa e a

Light no PND, mas estas só seriam vendidas anos depois. Não demorou muito

tempo para pôr em prática o PND, Collor no final de 1992 renuncia devido as

denúncias de corrupção antes mesmo do impeachment (MARTINS, 2009).

Logo após a renúncia Itamar Franco até então vice-presidente da

república assume e governa durante o período de dezembro de 1992 à janeiro

de 1995. Diante esse cenário de inadimplência no setor elétrico de cinco

bilhões de dólares foram tomadas medidas legislativas. Cachapuz (2006)

ressalta que a finalidade desse novo modelo tarifário era atrelar reajustes

tarifários ao custo das concessionárias. Esta medida de reajuste permitiu que

houvesse uma redução da inadimplência durante os meses subsequentes.

Itamar Franco prosseguiu com as reformas neoliberais mas não tão

enfaticamente como Collor, destacando a privatização da Cia. Siderúrgica

Nacional e da Empresa Brasileira de Aeronáutica. Em 1993, ocorre uma

reestruturação da equipe econômica e Fernando Henrique Cardoso é elencado

como Ministro da Fazenda. Pouco tempo depois surge o Plano Real que visava

a estabilidade econômica, um pacote de ajustes econômicos foram

implementados buscando a otimização dos gastos públicos. Além disso houve

o surgimento da Unidade Real de Valor (URV), além de uma política monetária

restritiva (MARTINS, 2009).

Itamar Franco ainda gerou algumas medidas que eram favoráveis a

participação do capital privado no setor elétrico, através de um decreto

presidencial em que permitiu-se a formação de consórcios entre

concessionárias públicas e autoprodutores. Fora isso houve a criação do

Sistema Nacional de Transmissão de Energia Elétrica (Sintrel) permitindo o

livre acesso a rede de transmissão de energia e estimulando o capital privado

ao investimento no setor (MARTINS, 2009).

Page 40: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

40

O alcance da estabilização da inflação fizeram com que nas eleições

presidenciais de 1994 o então ministro da fazendo Fernando Henrique Cardoso

fosse eleito.

Mantendo essa tendência a desestatização Fernando Henrique Cardoso

que governou durante o período de janeiro de 1995 à dezembro de 1998

utilizou-se para isso medidas como quebra de monopólio do Estado sobre

petróleo e gás natural e telecomunicações (MARTINS, 2009).

Cardoso promoveu ainda uma reformulação do PND com objetivo de

agilizar os processos de privatização e continuou em ritmo acelerado as

privatizações e reformas institucionais no setor elétrico para estabelecer um

modelo de mercado e dando ao setor privado a responsabilidade pelo

crescimento setorial, mudanças estas propostas pelo Projeto de

Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RE-SEB) (MARTINS, 2009).

Paixão (2000) destaca que o RE-SEB tinha como temas centrais:

a) Assegurar a oferta de energia,

b) Estimular o investimento,

c) Reduzir os riscos dos investidores,

d) Maximizar a competição,

e) Incentivar a eficiência,

f) Fortalecer o órgão regulador,

g) Definir as novas funções da Eletrobrás,

h) Adequar a qualidade do fornecimento à necessidade do mercado,

entre outras.

Cardoso priorizou empresas de distribuição por serem mais atrativas ao

capital privado, sendo incluídas ao PND no primeiro ano de governo as

subsidiárias da Eletrobrás como Chesf, Eletrosul, Eletronorte e Furnas, e outras

como Elcelsa e Light já estavam inclusas no PND desde Collor. Em1995

ocorre a privatização da Elcelsa e um ano depois a Light é privatizada. Através

do Programa de Estímulo às Privatizações Estaduais (PEPE) houve a garantia

de recursos financeiros (CACHAPUZ, 2006).

Page 41: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

41

Dando continuidade a desestatização e reforma institucional a Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) foi criada sendo responsável pela

regulação e fiscalização da geração, distribuição e comercialização de energia

sendo um passo importante para configuração de um novo modelo do setor

elétrico. Ainda podemos destacar a criação do Mercado Atacadista de Energia

(MAE) onde ocorria a livre negociação de energia e Operador Nacional de

Sistema Elétrico (ONS) que coordenou e controlou as operações de

instalações de geração e transmissão (MARTINS, 2009).

O Plano Real sofreu algumas mudanças devido as crises do México em

1995, da Ásia em 1997 e da Rússia em 1998 não sendo mais importantes que

os ajustes ocorridos em 1999. O governo Cardoso adotou o regime de âncora

cambial e câmbio flutuante, houve uma desvalorização do Real em mais de

50%. Os ajustes fiscais ocorridos juntamente com a desvalorização cambial e a

alta taxa de juros trouxeram efeitos negativos para a economia sendo

revertidas apenas nos anos 2000 com a retomada do crescimento do PIB

(CACHAPUZ, 2006).

Com o objetivo de superar a crise econômica, em seu segundo governo,

Fernando Henrique Cardoso obteve um empréstimo junto ao Fundo Monetário

Internacional (FMI).

Somente em 2000 o Brasil retomou o crescimento econômico com uma

política apoiada no câmbio flutuante, austeridade fiscal e controle inflacionário.

Em 2001 o setor elétrico através da crise energética foram mostradas as

fraquezas deste setor.

O surgimento da crise energética ocorreu devido a condições

hidrológicas desfavoráveis juntamente com um volume insuficiente de

investimentos para conciliar crescimento da capacidade e demanda. As crises

econômicas que acompanharam o Brasil em fins dos anos 90 com o baixo

crescimento da economia brasileira influenciou os rumos tomados pelo setor

elétrico nos anos subsequentes. Diante da crise o governo promoveu políticas

de racionamento da energia provocando o debate entre privatistas e anti-

privatistas (CACHAPUZ, 2006).

Page 42: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

42

Como podemos notar durante o período que compreende a década de

1990 e início da década de 2000 houve uma mudança na configuração do

Setor Elétrico Brasileiro a partir da introdução das ideias neoliberais no país.

Se antes desse processo de desestatização cada estado possuía sua

concessionária estadual, a reestruturação fez com que surgisse novas

empresas, aumentando o número de concessionárias e acarretando em

mudanças significativas no setor elétrico.

2.2 Privatização do Setor Elétrico na Paraíba

Como vimos anteriormente no início da década de 1990 o discurso

neoliberal ganha força no Brasil enfatizando a desregulamentação da economia

com menos rigidez da intervenção estatal nas atividades econômicas e

sobretudo a privatização das empresas estatais visando uma maior abertura

comercial. A introdução destas ideias não só no Brasil como também para a

América Latina, mesmo que tardiamente, foram influenciadas pelo Consenso

de Washington.

Estas ideias neoliberais foram sendo implantadas inicialmente no

Governo Collor dando início ao processo de reestruturação do Brasil

ingressando numa nova fase em que se encontrava o capitalismo diante da

globalização.

O Brasil começa a ajustar-se a nova configuração, reestruturando o

Estado as ideias neoliberais, empresas que antes eram estratégicas para o

desenvolvimento serão privatizadas assim o Estado também começaria a

reduzir sua intervenção facilitando assim o livre-mercado.

Collor governou por pouco tempo, logo sofre impeachment devido as

acusações de corrupção, assume Itamar Franco que em seu governo

destacaria Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda e logo após

vence as eleições e inicia um novo governo verdadeiramente liberalizante.

Bérzin (2004) descreve que foi no Governo de Fernando Henrique

Cardoso iniciou-se um período de reformas liberais no Estado e na economia

privatizando empresas estatais e setores inteiros da economia, como o setor

Page 43: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

43

elétrico em que foram privatizadas 22 empresas, além de setores de

infraestrutura.

Em meio a esse panorama de inserção das ideias neoliberais, muitas

empresas foram privatizadas, e não foi diferente no Estado da Paraíba que

sofreu esse processo conduzindo a privatização do Setor Elétrico que até então

era administrada pela CELB e SAELPA.

CELB – COMPANHIA DE ELETRICIDADE DA BORBOREMA

A CELB foi criada em substituição ao Departamento Autônomo de

Serviços Elétricos – DASEC através da lei municipal nº 61 em 8 de setembro

de 1966, sendo caracterizada como uma sociedade mista por ações sendo

51% do capital volante pertencente ao Poder Público Municipal. (OLIVEIRA,

2003)

Foi instituída uma diretoria composta por um presidente e três diretores

técnico, administrativo e comercial. Todos os patrimônios do DASEC como

móveis, imóveis e instalações dentre outras coisas que constituíam o

patrimônio, conforme relata Oliveira (2003) foi transferido para a CELB.

Em 29 de outubro de 1970, através da Portaria nº 716 foi ampliada a

área de concessão, incluindo os distritos de Boa Vista, Campinote, Floriano,

Marinho, Jenipapo e dos municípios de Massaranduba, Lagoa Seca,

Queimadas e Fagundes. (OLIVEIRA, 2003)

De acordo com a Gazeta Mercantil do dia 23 de setembro 1998 a

prefeitura de Campina Grande (PB) abriu licitação para avaliar econômica e

financeiramente a possibilidade de venda da Companhia Energética da

Borborema (Celb). Tendo domínio de 96% das ações e pretendendo se

desfazer de 54% delas assim continuaria mantendo o controle com uma gestão

participativa com um sócio minoritário. (GAZETA, 1998)

Primeiramente uma das constatações feitas por economistas, como

Dilma Rousseff atual Presidente da República, é que havendo a privatização do

setor elétrico haveria uma tendência a elevar as tarifas. Mas de fato o primeiro

impacto que a privatização causou quem sentiu foram os funcionários pois

Page 44: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

44

houve um corte significativo do número de trabalhadores já que o discurso era

que havia um número excessivo destes tornando as empresas “ineficientes”.

(VIEIRA, 2011)

A CELB em seu primeiro leilão no dia 28 de outubro de 1999 teve um

preço inicial de 110 milhões de reais. Segundo a Gazeta Mercantil de 6 de

outubro de 1999 a empresa já começou antecipadamente um processo de

redução do quadro de pessoal, mesmo antes da privatização.

Segundo a Gazeta Mercantil de 23 de setembro de 1998 a intenção

inicial da Prefeitura de Campina Grande era vender apenas 45%, assim

continuaria com a maior parte das ações. No ano seguinte, foram vendidas

75% das ações da CELB. A CELB foi privatizada pelo preço de R$ 87,3

milhões pelo Grupo Cataguazes-Leopoldina. (GAZETA, 1998)

A Prefeitura de Campina Grande, na Paraíba, leiloa nesta terça-feira, às 10 horas, na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ), a Companhia Energética da Borborema (Celb). Os participantes pré-qualificados tinham até nesta segunda-feira, às 18 horas, para apresentar as garantias, o que apenas a Companhia de Força e Luz Cataguazes-Leopoldina teria feito, segundo informações que circularam no mercado. Os outros pré-qualificados são a empresa paulista Alusa e os fundos de pensão Valia (Companhia Vale do Rio Doce) e Eletros (Eletrobrás). (Diário do Grande ABC, 1999)

O Globo de 1 de dezembro de 1999 noticia que “Bastaram apenas dois

minutos para que a Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina (CDLCL),

através da Energipe arrematasse no leilão na Bolsa de Valores do Rio, 75,26%

do capital social da Companhia Energética de Borborema (Celb), pelo preço

mínimo de R$ 87,4 milhões.”

Só em 2007, o Sistema Cataguazes-Leopoldina passaria a ser Grupo

Energisa e a CELB em ENERGISA Borborema – EBO. Caracterizada por ser

uma sociedade anônima de capital aberto detendo a concessão para atuar no

compartimento da Borborema no Estado da Paraíba.

SAELPA - SOCIEDADE ANÔNIMA DE ELETRIFICAÇÃO DA PARAÍBA

O Estado da Paraíba, no início de 1964, era composto por duas

distribuidoras de energia elétrica: a Companhia Distribuidora de Eletricidade do

Page 45: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

45

Brejo Paraibano – CODEBRO e a Sociedade de Economia Mista Eletro Cariri

S/A – ELETROCARIRI atuando no Brejo e no Cariri. (OLIVEIRA, 2003)

A Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba foi resultado da fusão

entre a CODEBRO e a ELETROCARIRI.

Através do decreto federal nº 52.209 em 11 de dezembro de 1964 a

SAELPA passou a funcionar com Concessionária de Energia Elétrica.

Foram feitos investimento em obras de transmissão e distribuição de

energia num montante de 60 milhões de reais durante os anos de 1995 a 1998,

em toda Paraíba. Recursos esses que advieram de empréstimos da Eletrobrás

que foram pagos após leilão pelo Governo do Estado. Esse valor de 60 milhões

chegou a 100 milhões de reais após a negociação da empresa imediatamente

repassados a Eletrobrás para quitar a dívida. Dos 327 milhões arrecadados

restaram apenas 227 milhões para uma empresa que foi avaliada pela Brascan

(consultoria privada) em 620 milhões de reais. (CASTRO, 2000)

Em 17 de dezembro de 1998, segundo a Gazeta Mercantil, ocorreu a

primeira tentativa de privatização da SAELPA com um lance mínimo de R$

619,5 milhões. O leilão foi adiado por falta de compradores. Outras tentativas

de leilões ocorreram mas só em novembro de 2000, depois de várias tentativas

a SAELPA foi vendida por R$ 362 milhões com 40% a menos do valor original.

A Cataguazes Leopoldina, ligado ao grupo mineiro Energipe, é a única

empresa habilitada a participar do leilão de privatização da Sociedade Anônima

de Eletrificação da Paraíba (SAELPA) (GAZETA, 30 de novembro de 2000).

O grupo mineiro Cataguazes-Leopoldina adquiriu ontem, em leilão de privatização realizado na Bolsa do Rio, o controle acionário da Saelpa (Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba), por R$ 362,98 milhões, preço mínimo fixado para 75% do capital volante da empresa. O BNDES vai financiar 50% do valor da compra. O dinheiro será usado para ampliar a rede de distribuição de água da Paraíba (FOLHA DE SÃO PAULO, 01 de dezembro de 2000).

De acordo com matéria publicada pelo O Estado de São Paulo, um dia

após o leilão, especificamente no dia 1 de dezembro de 2000 para a

Cataguazes-Leopoldina a compra da SAELPA foi interessante porque ela já

Page 46: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

46

adquiriu o controle da CELB. Destaca ainda que o governador da Paraíba, José

Maranhão, disse que os R$ 362,98 milhões arrecadados com a venda da

SAELPA seriam utilizados para plano de abastecimento de água no Estado que

tem um custo de R$ 670 milhões.

Só em 2007, o Sistema Cataguazes-Leopoldina passaria a ser Grupo

Energisa e a SAELPA em ENERGISA Paraíba – EPB com uma área de

concessão que abrange todo o Estado da Paraíba, exceto o compartimento da

Borborema.

Para Vieira (2011) esse processo de privatização do Setor Elétrico

Brasileiro foi apenas uma fenomenal transferência estatal para empresas

privadas que passara a deter o monopólio da distribuição de energia elétrica.

Mera transferência de monopólio estatal para monopólio privado. E ainda,

enfatiza que o Estado foi um parceiro determinante dessas empresas, tanto na

fase de venda, possibilitando as condições institucionais e financeiras para

viabilizar essa transferência.

Mais de uma década se passou depois desse processo de privatização

do Setor Elétrico Brasileiro e então se faz necessário um balanço a respeito

deste.

Page 47: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

3 RESULTADOS E ANÁLISE

Essa seção apresentará algumas definições, os dados necessários a

pesquisa, os resultados dos testes de hipóteses e análises dos indicadores de

qualidade com relação à duração e frequência do fornecimento de energia

elétrica. Antes de tudo se faz necessário salientar que conforme especificações

da ANEEL considera que quanto menor o valor de DEC ou FEC maior é

qualidade dos serviços prestados pela empresa com relação ao fornecimento

de energia elétrica.

3.1 Definições e Retificações

3.1.1 Qualidade do Serviço

De acordo com Oakland (1994) o termo qualidade é muitas vezes

empregado com o significado de “excelência” de um produto ou serviço. Afirma

ainda que qualidade é simplesmente o atendimento das exigências do cliente,

sendo expresso por outros autores:

“adequação à finalidade ou uso” – Juran

“a qualidade deve ter com objetivo as necessidades do usuário,

presentes e futuros” –Deming

“Conformidade com as exigências” - Crosby

Inicialmente associado à definição de conformidade às especificações,

depois evolui para uma visão de Satisfação do Cliente. Paralelamente a esta

evolução do conceito de qualidade, surge a visão de que este conceito é

fundamental no posicionamento estratégico da empresa no mercado em qual

atua.

Já, especificamente, sobre a qualidade da energia elétrica se refere a

qualidade do produto e qualidade do serviços prestados. A qualidade do

produto é avaliada pelos indicadores de continuidade do serviço prestado com

base nos aspectos referentes à duração e frequência.

O desempenho das empresas distribuidoras com relação a continuidade

do serviço prestado é medido com base em indicadores de conjunto e

individuais, de acordo com Resolução ANEEL nº 024, de 27 de janeiro de

Page 48: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

48

2000. Os indicadores de conjunto são denominados DEC e FEC. Vejamos

separadamente.

3.1.2 DEC

A definição de acordo com a Portaria DNAEE (Departamento Nacional

de Águas e Energia Elétrica) nº 46 de 17 de abril de 1978 é a seguinte: “Índice

de duração equivalente de interrupção por consumidor (DEC) – que exprime o

espaço de tempo em que, em média, cada consumidor do conjunto

considerado ficou privado de fornecimento de energia elétrica, no período

considerado”.

A retificação conforme a resolução ANEEL nº 24 de 27 de janeiro de

2000 é que a Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

(DEC) intervalo de tempo que, em média, no período de observação em cada

unidade consumidora do conjunto considerado ocorreu descontinuidade da

distribuição de energia elétrica.

O DEC é calculado da seguinte forma:

Onde:

Ca(i) = Número de unidades consumidoras interrompidas em um evento (i), no

período de apuração;

t(i) = Duração de cada evento ( i ), no período de apuração;

i = Índice de eventos ocorridos no sistema que provocam interrupções em uma

ou mais unidades consumidoras;

k = Número máximo de eventos no período considerado; e

Cc = Número total de unidades consumidoras, do conjunto considerado, no

final do período de apuração.

Page 49: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

49

3.1.3 FEC

A definição de acordo com a Portaria DNAEE 2 nº 46, de 17 de abril de

1978 é a seguinte: “Índice de frequência equivalente de interrupção por

consumidor (FEC) que exprime o número de interrupções que, em média, cada

consumidor do conjunto considerado sofreu, no período considerado”.

A retificação conforme a resolução ANEEL nº 24 de 27 de janeiro de

2000 define como: “Número de interrupções ocorridas, em média, no período

de observação, em cada unidade consumidora do conjunto considerado”

O FEC é calculado da seguinte forma:

Onde:

Ca(i) = Número de unidades consumidoras interrompidas em um evento (i), no

período de apuração;

i = Índice de eventos ocorridos no sistema que provocam interrupções em uma

ou mais unidades consumidoras;

k = Número máximo de eventos no período considerado; e

Cc = Número total de unidades consumidoras, do conjunto considerado, no

final doperíodo de apuração.

Tanto o DEC como o FEC oferecem um bom panorama da qualidade do

serviço prestado pelas distribuidoras no que diz respeito ao fornecimento de

energia elétrica aos seus consumidores. Vale salientar que quanto menor

forem esses indicadores melhor é a qualidade do serviço prestado.

3.2 Dados

Em meio ao período de reformas e introdução das ideias neoliberais com

privatizações em diversos setores, o Setor Elétrico passou para uma nova

configuração em que o universo de distribuidoras de energia há uma

predominância de empresas privadas.

Page 50: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

50

E não foi diferente no estado da Paraíba em que as duas distribuidoras

energéticas foram adquiridas pelo capital privado através de leilões. Primeiro a

CELB em 30 de novembro de 1999 e posteriormente a SAELPA em 30 de

novembro de 2000.

As Tabelas 2 e 3 indicam os grupos de dados que trabalharemos a

seguir. Dados do DEC e FEC relativos a CELB atual EBO e SAELPA atual EPB

correspondente as distribuidoras de energia elétrica do Estado da Paraíba.

A Tabela 2 a seguir apresenta o grupo de dados da Duração Equivalente

por Consumidor em horas por ano, vejamos:

TABELA 2 – DEC

Empresa CELB – EBO SAELPA - EPB

Privatização 30/11/2000 30/11/1999

1991 3,445 79,18

1992 2,64 58,79

1993 1,9 47,93

1994 4,51 53,21

1995 16,09 67,88

1996 14 69,54

1997 15,8 55,12

1998 12,2 94,7

1999 13,4 40,64

2000 15,53 34,16

2001 12,89 21,16

2002 10,04 22,7

2003 12,21 25,37

2004 18,82 38,11

2005 21,71 46,67

2006 14,39 50,76

2007 13,64 35,44

2008 16,02 34,47

2009 14,98 46,1

2010 13,58 29,24

2011 14,65 28,99

Fonte: ANEEL

A Tabela 3 a seguir apresenta o grupo de dados relativos Frequência

Equivalente por Consumidor em número de interrupções por ano, vejamos:

Page 51: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

51

TABELA 3 – FEC

Empresa CELB SAELPA

Privatização 30/11/2000 30/11/1999

1991 5,33 71,11

1992 3,96 56,81

1993 2,58 40,86

1994 4,54 36,14

1995 19,865 36,42

1996 14,3 44,97

1997 19,3 34,76

1998 18,8 59,23

1999 16,9 33,88

2000 15,15 26,12

2001 13,82 14,27

2002 9,3 10,91

2003 9,4 9,89

2004 11,76 14,28

2005 15,07 19,88

2006 10,35 19,44

2007 12,91 20,43

2008 11,77 18,17

2009 11,66 21,57

2010 9,9 15,97

2011 11,84 15,79

Fonte: ANEEL

Nessa análise, foca-se nos dados DEC e FEC de 1991 à 2011 para as

duas empresas de distribuição de energia elétrica que compõe o Estado da

Paraíba.

Buscando verificar se a privatização contribuiu para a redução dos

índices DEC e FEC, ou seja, se a média destes indicadores antes da

privatização é maior do que a média após a privatização.

Para se verificar a questão de pesquisa se faz necessária a utilização de

um teste de hipótese que usa conceitos econométricos para rejeitar ou não

uma hipótese nula quanto a estatística de teste.

Neste sentido definem-se dois testes com as seguintes hipóteses:

Page 52: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

52

Teste 1 para o DEC:

H0-DEC → Média dos DEC anteriores à privatização = Média dos DEC

posteriores à privatização.

H1-DEC → Média dos DEC anteriores à privatização ≠ Média dos DEC

posteriores à privatização.

Teste 2 para o FEC:

H0-FEC → Média dos FEC anteriores à privatização = Média dos FEC

posteriores à privatização.

H1-FEC → Média dos FEC anteriores à privatização ≠ Média dos FEC

posteriores à privatização.

3.3 Resultados

3.3.1 Companhia de Eletricidade da Borborema – Energisa Borborema

Para verificar empiricamente o impacto causado pela privatização do

Setor Elétrico sobre a qualidade dos serviços de distribuição de Energia

Elétrica no Estado da Paraíba, especificamente no compartimento da

Borborema, via teste de hipóteses, foram coletados dados dos indicadores de

qualidade (DEC e FEC) durante o período de 1991 à 2011. A Tabela 4 a seguir

apresenta as estatísticas de teste para duas variâncias, indicador de qualidade

DEC.

TABELA 4 – Estatísticas de Teste para duas Variâncias DEC (CELB – EBO)

DEC Antes Depois

Variância 36,4995 9,26718

Observações 9 12

Estatística de teste 3,93857

p-valor bilateral 0,03907

Unilateral 0,01954

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

De acordo com os dados obtidos podemos observar que a variâncias do

período antes da privatização difere da variância do período depois da

privatização. Verificando o teste de igualdade das variâncias rejeita-se a

hipótese nula consideraremos variâncias diferentes. Então ao invés de

Page 53: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

53

utilizarmos o Test-t utilizaremos o Teste-z para configurar o teste de hipóteses.

Como veremos na Tabela 5.

TABELA 5 – Estatísticas de Teste para duas Médias DEC (CELB – EBO)

DEC Antes Depois

Média 9,33167 14,8717

Desvio Padrão 6,04148 3,0442

Observações 9 12

Estatística de teste z -2,52137

p-valor bilateral 0,01169

Unilateral 0,005845

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Para um nível de significância 0,05 unilateral, tem-se:

O valor z observado é igual a -2,52137

O p-valor bilateral é igual a 0,01169

Como o p-valor é diferente do nível de significância 0,05 rejeita-se a

hipótese nula (H0), pois a diferença das médias é significante.

Sendo assim, podemos observar que a média antes da privatização

(período de 1991 a 1999) é de 9,33167 horas; já a média depois da

privatização (período de 2000 a 2011) é de 14,8717 horas. Portanto, constata-

se que a privatização da distribuição do Setor Elétrico na Borborema, antes

CELB e agora atual Energisa Borborema, trouxe um aumento significativo no

DEC; o que pode exprimir uma redução da qualidade do serviço de distribuição

de energia elétrica aos consumidores da Energisa Borborema.

A Tabela 6 apresenta as estatísticas de teste para duas variâncias,

indicador de qualidade FEC.

TABELA 6 – Estatísticas de Teste para duas Variâncias FEC (CELB – EBO)

FEC Antes Depois

Variância 55,4442 4,07515

Observações 9 12

Estatística de teste 13,6054

p-valor bilateral 0,000214

Unilateral 0,000107

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

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54

As variâncias obtidas no período antes da privatização e depois da

privatização apresentaram uma grande diferença. Deste modo utilizaremos o

teste de hipótese z.

TABELA 7 – Estatísticas de Teste para duas Médias FEC (CELB – EBO)

FEC Antes Depois

Média 11,7306 11,9108

Desvio Padrão 7,44608 2,0187

Observações 9 12

Estatística de teste z -0,0806385

p-valor bilateral 0,9366

Unilateral 0,4683

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Para um nível de significância 0,05 unilateral, tem-se:

O valor z observado é igual a -0,0806385

O p-valor bilateral é igual a 0,9366

Como o p-valor é maior do que o nível de significância 0,05, logo

rejeitamos a hipótese nula (H0), pois a diferença das médias é

significante.

Constatou-se uma redução na qualidade dos serviços, as médias do

FEC antes da privatização (período de 1991 a 1999) é de 11,7306 horas; já a

média depois da privatização (período de 2000 a 2011) é de 11,9108 horas.

Portanto a privatização da distribuição do Setor Elétrico na Borborema trouxe

um pequeno aumento do indicador FEC; o que pode informar uma não

melhoria da qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica aos

consumidores da Energisa Borborema.

A evolução do dos indicadores DEC e FEC como podemos visualizar no

Gráfico 3 apresenta uma trajetória peculiar e interessante. Vejamos

separadamente.

Com relação ao DEC, inicialmente apresenta bons índices de duração

até 1994, já em 1995 um pico de 16,09 só retoma ao cenário de uma possível

recuperação desse indicador em 2000 e 2001. Em 2005 apresenta outro pico

de 21,71 e nos anos posteriores se caracteriza por uma pequena estabilidade

chegando a 2011 com a média de 14,65.

Page 55: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

55

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Já com relação ao FEC o Gráfico 4 a seguir mostra que em 1995 um

pico de 19,86. No ano subsequente apresenta uma leve recuperação, mas em

1997 retorna aos 19,3. Em 1999 ano da privatização a CELB consegue

recuperar o indicador chegando a 9,3 em 2002. Nos posteriores apresenta uma

instabilidade em 2005 com 15,07 e fechando em 2011 com 11,84.

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

3.3.2 Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba – Energisa

Paraíba

Page 56: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

56

Verificando o impacto causado pela privatização do Setor Elétrico sobre

a qualidade dos serviços de distribuição de Energia no Estado da Paraíba,

especificamente para a SAELPA atual EBO, foi utilizado o teste de hipóteses

através dos dados coletados dos indicadores de qualidade (DEC e FEC) de

acordo com um período de 1991 a 2011. A Tabela 8 a seguir apresenta as

estatísticas de teste para duas variâncias, o indicador de qualidade DEC.

TABELA 8 – Estatísticas de Teste para duas Variâncias DEC (SAELPA – EPB)

DEC Antes Depois

Variância 331,613 101,953

Observações 10 11

Estatística de teste 3,2526

p-valor bilateral 0,08014

Unilateral 0,04007

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Como o p-valor bilateral (0,08) é maior que o nível de significância (0,05)

não rejeita a hipótese nula, assim consideram as variâncias não diferentes ao

nível de 0,05 de significância. Então utilizaremos o teste-t.

A Tabela 9 a seguir apresenta a estatística de teste para duas médias,

vejamos:

TABELA 9 – Estatísticas de Teste para duas Médias DEC (SAELPA – EPB)

DEC Antes Depois

Média 60,115 34,4555

Desvio Padrão 18,2103 10,0972

Observações 10 11

Estatística de teste t 4,04541

p-valor bilateral 0,0006907

Unilateral 0,0003454

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Para um nível de significância 0,05 unilateral, tem-se:

O valor t observado é igual a 3,93925

O p-valor bilateral é igual a 0,000008174

Como o p-valor é diferente do nível de significância 0,000004087 rejeita-

se a hipótese nula (H0) pois a diferença das médias é significante.

Sendo assim a média antes da privatização (período de 1991 a 2000) é

de 60,115 horas; já a média depois da privatização (período de 2001 a 2011) é de

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57

34,4555 horas. Então podemos notar que houve uma melhoria significativa na

qualidade do serviço de distribuição de energia elétricas aos consumidores

dessa empresa. Lembrando que quanto menor o valor de DEC e/ou FEC maior

é qualidade dos serviços prestados pela empresa.

Já com relação ao FEC, a Tabela 10 apresenta as estatísticas de teste

para duas variâncias.

TABELA 10 – Estatísticas de Teste para duas Variâncias FEC (SAELPA – EPB)

FEC Antes Depois

Variância 196,519 14,9319

Observações 10 11

Estatística de teste 13,161

p-valor bilateral 0,0003868

Unilateral 0,0001934

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Assim como no DEC, o FEC apresenta variâncias extremamente

distintas, portanto será feito um teste de hipóteses z.

TABELA 11 – Estatísticas de Teste para duas Médias FEC (SAELPA – EPB)

FEC Antes Depois

Média 44,0315 16,4145

Desvio Padrão 14,0185 3,86419

Observações 10 11

Estatística de teste z 6,02517

p-valor bilateral 0,0000000001689

Unilateral 0,00000000008447

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Para um nível de significância 0,05 unilateral, tem-se:

O valor z observado é igual a 6,02517

O p-valor bilateral é igual a 0,0000000001689

Como o p-valor é diferente do nível de significância 0,05 rejeita-se a

hipótese nula (H0), pois a diferença das médias é significante.

Assim como na análise do DEC, onde se constatou uma melhoria na

qualidade dos serviços, as médias do FEC antes da privatização (período de

1991 a 1999) é de 44,0315 horas; já a média depois da privatização (período de

2000 a 2011) é de 16,4145 horas. A SAELPA atual EPB mostrou uma

significativa melhoria na qualidade do serviço de distribuição de energia elétrica

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para seus consumidores. Já com relação ao DEC o Gráfico 5 mostra a seguir

que em 1991 apresenta um pico de 79,18, nos anos seguintes vai se

recuperando mas em 1998 apresenta outro pico maior ainda de 94,7. A partir

de 1999 até 2001, acontece uma rápida e surpreendente recuperação desse

indicador. De 2002 em diante perde o controle chegando a 50,76 em 2006,

retomando a trajetória de baixa em 2011 de 28,99.

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Já com relação ao FEC vejamos o Gráfico 6:

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

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59

O Gráfico 6 acima mostra que em 1991 apresenta um pico de 71, 11 e

outro em 1998 de 59,23, a partir de 1999 acontece uma grande recuperação

desse indicador. De 2003 em diante apresenta uma evolução instável, embora

isso fecha 2011 com 15,79 interrupções mostrando uma melhoria bem

significativa

3.4 Análise

Como vimos através dos resultados testes de hipóteses e a evolução

das médias anuais dos indicadores DEC e FEC tornou-se perceptível que: A

distribuidora de energia elétrica do compartimento da Borborema apresentou

uma queda na qualidade dos serviços prestados. Os indicadores que

mensuram a continuidade do serviço prestado com base nos aspectos

referentes à duração e frequência apresentaram médias do período pós

privatização acima do período anterior a privatização.

DEC: A média antes da privatização foi superior a média depois

da privatização.

FEC: A média antes da privatização foi superior a média depois

da privatização.

Já distribuidora de energia elétrica da Paraíba, SAELPA atual EPB,

apresentou uma melhoria na qualidade dos serviços prestados. A duração e

frequência apresentaram médias no período pós privatização inferiores ao

período anterior a privatização.

DEC: A média antes da privatização foi inferior a média depois da

privatização.

FEC: A média antes da privatização foi inferior a média depois da

privatização.

Nesse sentido pôde-se observar que as distribuidoras estudadas

apresentaram resultados distintos e significativos. A CELB apresentou uma

aparente piora da qualidade do fornecimento. Já a SAELPA apresentou um

significativo aumento da qualidade do fornecimento. A privatização trouxe

impactos sobre a qualidade do fornecimento para o estado da Paraíba. No

entanto para constatar se de fato houve uma melhoria ou piora se faz

Page 60: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

60

necessário uma análise comparativa entre as duas empresas tanto para DEC

como para FEC. O Gráfico 7 mostra a evolução do DEC entre o período de

1991 a 2011 para a CELB (Energisa Borborema) e SAELPA (Energisa

Paraíba).

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

De acordo com a evolução do DEC podemos observar que a CELB teve

uma pequena piora do DEC, mas já apresentava um bom desempenho e

continua mantendo bons índices apesar da queda da qualidade. Já a SAELPA

apresenta altos índices antes da privatização e uma grande instabilidade. A

partir dos anos 2000 com a privatização acontece uma rápida e surpreendente

recuperação desse indicador e fecha 2011 com um bom índice. O Gráfico 8

mostra a evolução do FEC entre o período de 1991 a 2011 para as duas

distribuidoras.

Fonte: Elaborado a partir de dados fornecidos pela ANEEL

Page 61: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

61

Podemos notar com a evolução do FEC que a CELB apresentava bons

índices, houve momentos de pico, mas após a privatização em 1999 retoma a

estabilidade nos anos seguintes. Apesar dos momentos de instabilidade,

recuperou-se e manteve um bom desempenho. Já a SAELPA, entre 1991 e

1998, apresentou uma instabilidade com altos índices e picos. Após a

privatização apresenta uma evolução com uma rápida recuperação.

Em linhas gerais, os índices DEC e FEC no período posterior a

privatização apresentou um impacto significativo.

Para CELB houve uma queda na qualidade com base nos resultados do

teste de hipóteses, mas através da evolução dos indicadores podemos notar

que manteve um bom desempenho.

E para a SAELPA houve uma melhora da qualidade com base nos

resultados do teste de hipóteses. Através da evolução dos indicadores

podemos notar que apresentava um desempenho ruim com relação à duração

e frequência no período anterior a privatização. Já no período posterior a

privatização houve uma impressionante recuperação destes indicadores.

Page 62: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, procurou-se averiguar o impacto da privatização do

Setor Elétrico, especialmente para o Estado da Paraíba buscando identificar se

de fato houve uma melhoria na qualidade dos serviços prestados pelas

distribuidoras, no que diz respeito ao fornecimento de energia elétrica.

A partir dos estudos podemos perceber a importância do

desenvolvimento do Setor Elétrico para o país como um todo. A expansão foi

notória, o crescimento abrupto da geração de energia elétrica que foi de 52 kw

em 1883 para 367.000 kw em 1920.

Ao passar dos anos essa tendência foi aumentando e surge a

necessidade de estruturar melhor o setor. A partir daí investidores estrangeiros

começam a adentrar no país com a intenção de explorar praticamente todos os

serviços urbanos. Surgem as primeiras tentativas de regulação. Nos anos

1930, com a criação do código de águas, o país passa a atuar de forma mais

intervencionista regulando, legislando e outorgando as concessões.

Em 1940 intensificaram-se os investimentos tanto para distribuição como

para a geração de energia. Décadas mais tarde, nos anos 1980 uma crise

setorial se abateu sobre o Estado Brasileiro, levando a questionamentos sobre

o modelo organizacional e marcando o inicio de sucessivas reformas que

apresentaram falhas de concepção e implementação.

Na década de 1990, passa por um processo de reestruturação fazendo

com que o setor elétrico passe por sucessivas transformações. A introdução do

neoliberalismo no mundo marcou de fato as práticas político-econômicas

ancorada na ideia de que a redução da intervenção do Estado na economia

possibilita uma abertura comercial com livre mercado e livre comércio.

E não foi diferente no Brasil que o discurso neoliberal juntamente com

as privatizações e a abertura comercial introduz a “Era Liberal”. No ano de

1995 o Plano Nacional de Desestatização alcança o setor elétrico provocando

o debate entre privatistas e anti-privatista. Fins da década de 1990, o processo

de privatização se intensificou. Se antes cada estado possuía sua

Page 63: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

63

concessionária estadual, a reestruturação fez com que surgissem novas

empresas, indo do capital estatal ao predomínio do capital privado.

Em meio a esse panorama de inserção das ideias neoliberais, muitas

empresas foram privatizadas, e não foi diferente no Estado da Paraíba que

sofreu esse processo de privatização do setor elétrico que constitui duas

empresas de distribuição: A CELB criada em 1966 passou a ser Energisa

Borborema no ano de 1999 e a SAELPA criada em 1964 passou a ser Energisa

Paraíba no ano de 2000, ambas adquiridas por leilão público pelo Sistema

Cataguases-Leopoldina, atual grupo Energisa.

Diante desse contexto, buscou averiguar com esta pesquisa se de fato

houve de fato uma melhoria na qualidade do serviço de fornecimento para o

consumidor de energia elétrica com o advento da privatização e reestruturação

do setor, com foco na distribuição de energia elétrica no Estado da Paraíba.

Através do teste de hipóteses e utilizando o grupo de dados, de 1991 a

2011, dos indicadores de qualidade relativos a duração e frequência podemos

responder a pergunta norteadora desta pesquisa.

A CELB atual Energisa Borborema apresentou médias dos indicadores

DEC e FEC do período pós privatização acima das médias do período anterior

a privatização. Portanto a evolução das médias anuais dos indicadores que

mensuram a continuidade do serviço de distribuição referentes a duração e a

frequência apresentou uma queda pouco significativa na qualidade dos

serviços distribuição de energia elétrica aos consumidores.

Já a SAELPA atual Energisa Paraíba apresentou médias dos

indicadores DEC e FEC do período pós privatização abaixo das médias do

período anterior a privatização. Portanto a evolução das médias anuais dos

indicadores que mensuram a continuidade do serviço prestado apresentou uma

melhoria significativa na qualidade dos serviços de distribuição de energia

elétrica aos consumidores.

Para uma melhor compreensão se fez necessário uma analise

comparativa entre as duas distribuidoras.

Page 64: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

64

De maneira geral, o advento da privatização do setor elétrico paraibano

trouxe impactos sobre a qualidade do fornecimento de energia elétrica. Para a

CELB houve uma queda na qualidade de acordo com os resultados do teste de

hipóteses, mas através da evolução dos indicadores podemos notar que

anteriormente já apresentava um bom desempenho e embora tenha caído um

pouco manteve um bom desempenho. E para a SAELPA com base no teste de

hipóteses houve uma melhoria, assim como observado com a evolução dos

indicadores de duração e frequência, só que anteriormente apresentou um

desempenho ruim e depois da privatização houve um surpreendente melhoria

da qualidade do fornecimento de energia elétrica ao consumidor.

É importante ressaltar que conforme especificações da ANEEL

considera-se que quanto menor o valor de DEC ou FEC maior é qualidade dos

serviços prestados pela empresa.

Mediante as observações, a pesquisa se fez de estrema importância já

que o estado da Paraíba constitui duas empresas de distribuição que

apresentaram resultados diferentes, direcionando a um novo questionamento:

De maneira geral, será que de fato a privatização foi benéfica para o Estado?

Este estudo apresenta limitações já que está direcionado por utilizar

apenas dois indicadores técnicos. Acredita-se que a utilização de outros

indicadores que influenciam direta e indiretamente assim como indicadores

técnicos, financeiros e sociais poderia solucionar com mais clareza se de fato

houve uma melhoria da qualidade destas empresas que compõe o estado da

Paraíba.

Page 65: O impacto da privatização do setor elétrico o caso da Paraíba

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