O negativo

7

Click here to load reader

Transcript of O negativo

Page 1: O negativo

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM FOTOGRAFIA

LABORATÓRIO PRETO E BRANCO

ALICE LINDORFER

CANOAS

2014/1

Page 2: O negativo

Visualização e tons de imagem

Antes de dar os primeiros passos para fotografar, o fotógrafo pode usar de um

processo chamado “visualização”. Este é um processo consciente onde a imagem

final é projetada mentalmente antes de ser tirada de fato. Seja por visualização

consciente ou outro método intuitivo, todo fotógrafo vê a fotografia final de algum

modo antes de completá-la. É muito útil observar a fotografia de um objeto ao lado

do próprio objeto. A mais mais fácil de fazer isso é fotografá-lo com filme Polaroid

Land preto-e-branco, pois nesse método há pouco espaço de tempo entre a

visualização e a cópia fotográfica. Em segundo lugar, é recomendado o uso de um

filtro de observação. O filtro não neutraliza completamente as cores, mas minimiza

seu significado visual, especialmente no que diz respeito às cores de baixa

saturação, como a maior parte das cores da natureza.

Luz e Filme

A luz é o tipo de radiação eletromagnética à qual o olho humano é sensível.

Essa radiação pode ser considerada um espectro contínuo que inclui, além da luz,

ondas de rádio, de radar, raios X, raios gama e outras formas de energia radiante.

Quando a luz atinge uma superfície, ela pode ser transmitida, absorvida ou refletida.

Na maior parte das fotografias registramos a luz refletida do objeto e não aquela que

incide sobre ele. O fotômetro de luz incidente omite totalmente a medição da luz

refletida que forma a imagem no filme, e portanto, limita a oportunidade de avaliar

áreas específicas do objeto e aplicar métodos de controle para chegar à imagem

criativa visualizada.

A luz branca é composta por uma combinação de todas as cores do espectro,

embora nossos olhos possam perceber misturas muito diferentes como brancas.

A fotografia depende basicamente da redução química do metal prata a partir

do haletos de prata que são expostos à luz. Na exposição, a luz produz uma imagem

latente invisível, composta dos cristais que vão formar a imagem de prata depois de

revelados, mas que ainda não passaram por nenhuma mudança visível. Na

revelação, porções do filme expostas a grande quantidade de luz produzem um

considerável depósito de prata reduzida, conhecido como densidade mais alta; as

áreas do filme expostas a menos luz produzem menos prata, ou tem menos

densidade. Assim, a imagem no filme é negativa, e as áreas escuras correspondem

às áreas brilhantes do objeto.

Page 3: O negativo

Como filmes fotográficos se deterioram com o tempo, as condições de

armazenamento são extremamente importantes. O filme virgem é vendido em

embalagens que o protegem contra a umidade. A temperatura também é importante:

o filme nunca deve estar exposto em altas temperaturas, sendo no máximo de 22ºC.

Outro fator que determina a deterioração dos filmes são as substancias químicas

ativas no meio ambiente, como certos plásticos, laca, tintas e gases.

Exposição

Podemos expor uniformemente um filme com intensidade de luz relativamente

alta por um curto período, ou com luz menos intensa por um período mais longo. A

exposição, portanto, é um campo de diferentes exposições no filme: uma área

escura do objeto expõe menos a área do filme que a registra do que uma área clara.

Podemos medir a luz que reflete, utilizando um fotômetro. Um fotômetro de luz

refletida lê cerca de 30º da área do objeto. Se apontado na direção do objeto, ele

fará a leitura média de todas as luminâncias dentro desse campo, mas é frequente

essa leitura não ser a ideal para um negativo de qualidade superior. O fotômetro não

tem como saber para que tipo de objeto foi apontado ou qual é sua proporção de

áreas escuras e claras. Ele é calibrado na suposição de que o objeto seja médio.

Um objeto onde as áreas escuras e claras não estejam equilibradas leva a uma

exposição incerta. Podemos melhorar a precisão da exposição fazendo a leitura de

um tom médio da cena, utilizando o cartão cinza padrão da Kodak a 18%. Uma

exposição cuidadosa evitará super e sub exposição, sendo a subexposição a mais

perigosa, visto que as áreas escuras podem não ser registradas no filme e que não

há técnica de revelação que reproduza detalhes inexistentes no negativo.

O Fator K

Dá uma porcentagem maior de imagens aceitáveis sob condições médias em

comparação a um fotômetro calibrado exatamente para uma refletância de 18%. Isto

é, ao medir uma superfície cinza-médio e realizarmos a exposição conforme o

indicado, o resultado não será exatamente cinza-médio.

Quando o fotômetro é segurado ao lado da objetiva e apontado ao longo do

seu eixo para o objeto, a leitura média resultante tem de ser aumentada em cerca de

85% dos casos para se conseguir a densidade de sombra desejada. Os fabricantes

Page 4: O negativo

supõem que a maioria dos fotômetros é usada para tirar a média da iluminação dos

objetos e levam esse efeito em consideração usando o Fator K. Esse fator equivale

a aumentar a exposição em um terço de ponto. O uso inteligente do fotômetro,

porém, elimina a necessidade de artifícios como o Fator K.

O Sistema de Zonas

Permite relacionar várias luminâncias de um objeto com os cinza, o branco e

o preto que visualizamos.

O cinza médio de uma cópia equivalente ao cartão cinza a 18% de refletância

é denominado Tom V. O termo "zona" é utilizado para se referir à escala de

exposição e "tom" para os outros conceitos, como os valores de luminâncias, as

densidades do negativo e os tons da cópia. Portanto, o ponto médio em uma escala

de exposição é a Zona V e os tons do negativo e da cópia o Tom V. Para determinar

o restante da escala, definimos que a variação de um ponto na exposição equivale à

variação de uma zona na escala de exposição, e o cinza resultante na cópia será

considerado um tom mais alto ou mais baixo na escala da cópia. Reduções

posteriores a intervalos de um ponto resultam em exposições pelas Zonas III, II, I e

O, que correspondem a tons de cópia III, II, I e 0, mais escuros. Do mesmo modo, se

aumentarmos a exposição em um ponto de cada vez a partir da Zona V, teremos

Zonas VI, VII, VIII, IX e X. Do zero ao X, iremos do preto total ao branco puro; do I

ao IX, temos uma escala dinâmica; e do II ao VIII temos uma escala de textura.

Zona 0 - I - II - III - IV - V - VI - VII - VIII - IX - X

Exposição pelo sistema de zonas

O ajuste inicial é feito com base na área mais escura do objeto em cuja

imagem queremos preservar os detalhes. Para uma área escura da qual se deseja o

mínimo de textura, a Zona II pode ser a escolha lógica. No entanto, podemos decidir

se queremos detalhes adicionais da Zona III. Decidido o ajuste das baixas-luzes,

devemos medir as outras luminâncias importantes do objeto e ver onde elas caem

na escala de exposição.

A maioria dos fotômetros modernos possui uma escala arbitrária de números

para representar as luminâncias, na qual cada intervalo de um equivale ao dobro ou

à metade da luminância, ou seja, à variação de um ponto na exposição. O número

indicado pelo fotômetro é transferido para um disco de conversão no próprio

Page 5: O negativo

fotômetro, o qual, levando em consideração a velocidade do filme, relaciona os

números da escala aos ajustes de exposição em termos de números f e à

velocidade do obturador.

Sensitometria

Ciência que estabelece a relação entre exposição e densidade na fotografia.

O que nos interessa é saber quanto um negativo é denso, portanto, o importante é a

quantidade de luz absorvida. Convertemos a transmissão em opacidade e a

densidade é definida como um logaritimo. As densidades são medidas pelo

densitômetro, um instrumento calibrado para fazer essa medição em um negativo ou

em uma cópia.

Filtros e pré-exposição

São meios adicionais de controlar os tons do negativo no momento da

exposição. O filtro é em geral uma gelatina ou um vidro de alta qualidade, que

contém tintas ou compostos para limitar a transmissão de várias cores da luz. Seus

efeitos são determinados pela cor da luz incidente. Por isso, diante de um céu azul,

por exemplo, um filtro azul suavizará as sombras, e um filtro que absorva o azul

(amarelo, laranja ou vermelho) as escurecerá.

Já a pré-exposição consiste em dar ao negativo uma primeira exposição sob

iluminação uniforme, alinhada com uma determinada zona baixa, antes da

exposição normal do objeto. Serve para trazer todo o negativo para o ponto inicial de

exposição ou um pouco acima, de modo que ele fique sensibilizado a níveis muito

baixos de exposição adicional. Assim, ele conservará os detalhes nas sombras

profundas.

Fotografia com luz natural

Quanto mais claro o dia, mais intensa a luz do sol e menos intensa a luz do

céu, portanto, maior a diferença entre as áreas iluminadas e as áreas de sombra. As

formas, volumes, texturas e cores que se podem obter com qualquer objeto ou cena

sob luz natural devem ser totalmente aproveitados. A qualidade da luz do sol

também é reconhecida pela nitidez das altas-luzes. Uma fonte de luz ampla produz

altas-luzes suaves, e uma fonte de luz pontual produz altas-luzes nítidas.

Page 6: O negativo

Fotografia com Filtro Infravermelho

Em mãos criativas, o infravermelho é capaz de produzir imagens magnificas,

mas é preciso evitar áreas de céu e água amplas demais, pois vão ficar

invariavelmente escuras na cópia. Fotômetros comuns não podem ser utilizados

com filme infravermelho; as exposições recomendadas pelo fabricante são úteis

como ponto de partida. A maior parte das objetivas exige que se aumente

ligeiramente a distância entre o filme e a lente, para corrigir o foco.

Fotografia com Luz Artificial

O uso da luz artificial pode ser entendido como um processo de síntese, onde

somos livres para controlar a quantidade e a natureza da luz e direcioná-la da

maneira que acharmos melhor para alcançar o efeito desejado.

No estúdio, um polarizador sobre a lente pode ser usado em conjunto com

fontes de luz polarizada para eliminar clarões.

Lâmpadas de flash e unidades eletrônicas de flash fornecem "luz sob

medida", em tamanhos que variam de unidades pequenas portáteis até grandes

sistemas de flash. A maneira mais comum de determinar a exposição com flash é

usar o número-guia, que incorpora a intensidade do flash com refletor e a velocidade

do filme.

Os procedimentos no laboratório

O revelador precisa ser escolhido com cuidado, pois tem efeitos em fatores

como o tamanho e a aparência do grão, a separação de tons ou perda de detalhe,

progressao suave de tonalidade e acutância. O tipo de luz do ampliador também

deve ser levado em consideração. As fontes de luz do condensador e as pontuais

acentuam a nitidez e o contraste, ao passo que as fontes difusas proporcionam tons

mais suaves e separação melhor das altas-luzes.

É fundamental manter o laboratório limpo, e a construção deve ser planejada

de modo que todas as superficies sejam laváveis e impermeáveis. É essencial ter

tanques de lavagem ou lavadoras, termômetro, balança e timers.

Tempo e temperatura de revelação

Todos os processos quimicos sao sensiveis à temperatura em alguma

medida. Na maioria dos processos em preto-e-branco, a temperatura padrão é a de

Page 7: O negativo

20ºC. Todas as temperaturas devem ser observadas com um termômetro de

precisão. Em temperaturas abaixo de 16ºC, o processo de lavagem torna-se mais

lento e sua eficiência é incerta.

A quantidade de agitação também deve ser cuidadosamente controlada, já

que é importante manter um sistema uniforme. É sugerido que o filme seja agitado

continuamente por 30 segundos, depois por 5 segundos a cada minuto. Depois, na

mesma sequência descrita, agitadas por 30 segundos no interruptor, e novamente,

por 30 segundos no fixador. Após, agite a cada minuto por cerca de 4 ou 5 minutos.

Após a fixação, o filme pode ser enxaguado e transferido para o tanque da lavagem.

Os reveladores patenteados disponiveis atualmente satisfazem as

necessidades da fotografia em geral, mas existem certos agentes e fórmulas de

revelaçao especiais para outras situações.