O novo painho da politica do ne

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20 O PAÍS O GLOBO 2 a Edição Domingo, 29 de janeiro de 2012 l BRASÍLIA. Neto e herdeiro polí- tico de um dos ícones das es- querdas no Brasil — o ex-gover- nador Miguel Arraes —, com seus olhos azuis e um sorriso permanente de propaganda de pasta de dentes, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Cam- pos, de 46 anos, vem fazendo no Nordeste, sorrindo, o que antes o todo poderoso Antonio Carlos Magalhães fazia gritan- do na Bahia. Pelo poder con- quistado não só na região e o aniquilamento da oposição em seu estado, já é chamado de o novo “painho” do Nordeste. Em parceria com o também pernambucano ex-presidente Lula, mudou a economia do esta- do, transformando-o num cantei- ro de obras, ganhou a queda de braço de 30 anos com outros es- tados nordestinos por uma refi- naria da Petrobras, foi eleito o melhor governador do Brasil por dois anos seguidos com 86% de avaliação positiva, é aliado fiel do governo Dilma Rousseff e co- manda o partido com pulso de ferro. Mas, entre os aliados, paira uma desconfiança de que o polí- tico mais poderoso do Nordeste vá lhes dar uma rasteira em 2014. Cultuado até pela oposição l Afável, bom contador de “cau- sos”, um dos melhores imitado- res de seu guru político, o ex-pre- sidente Lula, Eduardo Campos é cultuado publicamente, por con- veniência, na base governista e na oposição. Pelo crescimento e desenvoltura, é visto como ame- aça pelos dois lados. E também é entre políticos dos dois lados que já se faz com frequência uma pergunta comum: é um coronel moderno com mais verniz ou um socialista que prefere o Diário Oficial a “O Capital”? Apesar de não trazer o sobre- nome, Eduardo Campos colou no avô bem cedo. Entrou na Fa- culdade de Economia da Univer- sidade Federal de Pernambuco aos 16 anos e, já na primeira cam- panha, para derrubar o antigo Di- retório Acadêmico, contou com a ajuda da mãe, Ana Arraes, que no dia da eleição lhe deu um con- selho que repete até hoje: — Vá para ganhar! Aos 19 anos, em 1986, fez cam- panha para o avô que voltava do exílio e disputava o governo de Pernambuco. Com a vitória, passou a chefe de gabinete. Em 1994, no novo governo de Arra- es, assumiu o cargo mais impor- tante do governo, o de secretá- rio da Fazenda. Foi quando protagonizou o escândalo dos precatórios. Uma CPI no Congresso Nacio- nal resultou numa denúncia do Ministério Público Federal pa- ra apurar sua responsabilida- de na acusação de emitir frau- dulentamente títulos públicos de Pernambuco para pagar precatórios pendentes. Houve uma completa des- construção de sua imagem e da do então governador Arra- es. A reabilitação na eleição de 1998, da qual muitos duvi- davam, virou um case eleito- ral: ele se elegeu deputado fe- deral e virou líder do PSB na Câmara. Na eleição de 2002, uma ala do PSB apoiou o peemedebista An- thony Garotinho para a eleição presidencial, mas Eduardo Cam- pos aproximou o partido de Lu- la, começando uma parceria que persiste até hoje. Com as trapalhadas do então presiden- te do PSB, Roberto Amaral, no Ministério da Ciência e Tecnolo- gia, articulou em causa própria e acabou ocupando a vaga na Esplanada. Em 2006, com o apoio de Lula, elegeu-se governador. Outro grande trunfo na época foi o ar- quivamento do processo dos precatórios pelo STF, inocen- tando Campos e Arraes. A absol- vição derrubou a única agenda negativa que os adversários na disputa tinham contra ele. É casado com a economista e auditora concursada do Tribu- nal de Contas do Estado Renata e tem quatro filhos — Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique e José Henrique. Os adversários dizem que Eduardo Campos difere do avô Miguel Ar- raes na questão do “patrimonia- lismo e familismo”. O governa- dor teria transferido a família dele e da mulher para o gover- no. O irmão João Campos, escri- tor, virou promotor da Fliporto, uma feira de livros que é particu- lar, mas conta com patrocínios de órgãos estaduais e federais. Antes de ter a imagem arranha- da na cena política na- cional pela campanha que fez para eleger a mãe como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), ano pas- sado, ele já tinha se cer- cado de parentes no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A mu- lher já era auditora concursada. Mas ele in- dicou e nomeou como conselheiros um primo seu, João Campos; e um primo da mulher é um dos seus homens fortes, Marcos Loreto. O ex-líder petista Maurício Rands, no- meado secretário de Articulação Institu- cional do governo de Pernambuco, é pri- mo de Renata. O atu- al secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar, é primo do governa- dor. O pai de Renata, o médico Cyro de Andrade Lima, foi nomeado membro do Conselho de Ad- ministração da esta- tal de saneamento Compesa. — Hoje, Eduardo Campos deseja se tor- nar hegemônico na esquerda, sepultando o PT ou subordinan- do-o inteiramente ao Palácio (das Princesas, sede do gover- no local). Sobre a oposição, ele mesmo desdenha e diz que ela está falando apenas para 6% do eleitorado, pois 90% o apro- vam, segundo as pesquisas, e 4% estão indecisos — diz a ex- deputada tucana Teresinha Nu- nes, uma das poucas vozes da oposição em Pernambuco. Um dos mais proeminentes representantes do capital e alia- do de primeira hora em Per- nambuco, o ex-presidente da Confederação Nacional da In- dústria(CNI) e senador eleito em sua chapa, Armando Mon- teiro Neto (PTB-PE), diz que Eduardo Campos recuperou a autoestima dos pernambuca- nos ao colocar o estado numa posição de liderança na região. — Eduardo é o emblema de um novo tempo para Pernam- buco — diz Monteiro. O escritor Ariano Suassuna é quase um amuleto que Eduar- do Campos carrega desde que deu os primeiros passos na po- lítica. Quando nasceu da união do escritor Maximiano Cam- pos e Ana Arraes, sua vizinhan- ça era, na frente, a casa de Ari- ano. Do lado, a do avô Miguel Arraes. Suassuna tem com ele uma relação paternal e diz que a amizade começou desde an- tes de ele nascer. O líder do PT no Senado, Hum- berto Costa (PE), disputou com Eduardo Campos o governo em 2006, e a campanha não foi nada amena. Agora travam de novo uma guerra surda, porque Cam- pos não quer que ele dispute o governo em 2014 com seu afilha- do, o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional), em evi- dência neste início de ano, acu- sado de ter favorecido seu esta- do com recursos para preven- ção e combate a enchentes. Campos conseguiu segurá-lo. A proximidade maior de Campos no PT é com Lula, com quem se reúne amiúde para discutir decisões de governo e alianças regionais. Semana passada, ao voltar de uma via- gem aos Estados Unidos, des- ceu em São Paulo para almo- çar com o ex-presidente. Na campanha de Dilma, ga- nhou pontos ao enquadrar e obrigar o correligionário Ciro Gomes (CE) a desistir de se candidatar a presidente. Ga- nhou eterna gratidão de Lula, mas também um desafeto ba- rulhento no partido. Ciro não o perdoa. Já disse, por exemplo, que Campos não tem a experi- ência que ele, Ciro, tem em campanhas presidenciais. — Lula e Dilma ainda vão se arrepender. Eduardo Campos ainda vai dar uma rasteira — aposta, na surdina, um dirigen- te petista. Parcerias com o PSDB l Mesmo sendo apontado como um fiel aliado de Lula e Dilma, o governador pernambucano tem parcerias eleitorais com o PSDB de Aécio Neves em vários esta- dos e é estimulado a disputar a Presidência em 2014 por setores da base governista e da oposi- ção Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Cássio Cunha Li- ma (PSDB-PB), por exemplo, consideram que, por seguir des- de o início a política bem-sucedi- da Lula/Dilma, ele teria até mais chances que Aécio Neves. — Eduardo Campos é hoje a liderança mais destacada do Nordeste e com maior poder de aglutinação — diz Geddel. Cientista político pernambuca- no ligado ao PSDB, Antônio Lava- reda reconhece seu potencial: — Eduardo Campos conseguiu colocar seu nome na prateleira dos presidenciáveis para 2014. — É um quadro da política na- cional que tem contribuído mui- to com nosso estado. A econo- mia mudou. Eduardo é inteligen- te, trabalhador e sensível. Não conheço inimigos políticos dele — diz a mãe, Ana Arraes. A ministra atual do TCU acha que o filho aprendeu bem o ensinamento de que, se vai para uma disputa, tem que ser para ganhar: — Tudo começa na cabeça. Se você coloca na cabeça e vai para uma eleição se sentindo derrotado, vai perder. Não é uma coisa de prepotência, de ganhar de qualquer jeito. Mas seus adversários políti- cos não concordam que é só uma questão de persistência. Dizem que Eduardo Campos é extremamente agressivo quando quer conquistar algu- ma coisa. E, se resolvem lhe enfrentar, é no tudo ou nada: "se está comigo ótimo, se está contra mim, espere", contam os inimigos políticos. Adversário de Arraes em 1986 na disputa pelo governo de Per- nambuco, o hoje ministro do TCU José Múcio Monteiro co- nhece Eduardo Campos desde menino. E é farto nos elogios: — Eduardo é um homem simpático, extremamente agradável, mas também extre- mamente decidido e determi- nado. E muito duro quando precisa ser. É afável e simpáti- co, mas um gestor duro, que busca muita eficiência de ges- tão, mais voltado para a histó- ria do avô com as classes me- nos favorecidas. O governador foi procurado insistentemente pelo GLOBO desde a semana passada para uma entrevista. Por último foi prometida uma resposta a per- guntas enviadas por escrito, mas até as 22h de sexta-feira ela não chegou. n O novo ‘painho’ da política no Nordeste Aliado de Dilma, governador de Pernambuco está de olho em 2014 Maria Lima [email protected] PERFIL / EDUARDO CAMPOS Gustavo Miranda/13-05-2011 CAMPOS E Dilma: aproximação durante a campanha presidencial Hans von Manteuffel/05-09-2006 NO PALANQUE, em Caruaru: Humberto Costa, Lula e Eduardo Campos André Coelho/02-12-2011 EDUARDO CAMPOS: presidente nacional do PSB, ele foi eleito o melhor governador do Brasil por dois anos seguidos com 86% de aprovação Gustavo Miranda/31-03-2003 EDUARDO AO lado do avô Miguel Arraes, para quem fez sua primeira campanha política aos 19 anos Campos deseja se tornar hegemônico na esquerda, sepultando o PT Teresinha Nunes, ex-deputada tucana Campos é hoje a liderança mais destacada do Nordeste Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) Eduardo Campos conseguiu colocar seu nome na prateleira dos presidenciáveis para 2014 Antônio Lavareda, cientista político ligado ao PSDB Ailton de Freitas/05-09-2011 ANA ARRAES, mãe do governador: “Não conheço inimigos políticos dele”

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20 • O PAÍS O GLOBO 2a Edição Domingo, 29 de janeiro de 2012

l BRASÍLIA. Neto e herdeiro polí-tico de um dos ícones das es-querdas no Brasil — o ex-gover-nador Miguel Arraes —, comseus olhos azuis e um sorrisopermanente de propaganda depasta de dentes, o governadorde Pernambuco e presidentenacional do PSB, Eduardo Cam-pos, de 46 anos, vem fazendono Nordeste, sorrindo, o queantes o todo poderoso AntonioCarlos Magalhães fazia gritan-do na Bahia. Pelo poder con-quistado não só na região e oaniquilamento da oposição emseu estado, já é chamado de onovo “painho” do Nordeste.

Em parceria com o tambémpernambucano ex-presidenteLula, mudou a economia do esta-do, transformando-o num cantei-ro de obras, ganhou a queda debraço de 30 anos com outros es-tados nordestinos por uma refi-naria da Petrobras, foi eleito omelhor governador do Brasil pordois anos seguidos com 86% deavaliação positiva, é aliado fieldo governo Dilma Rousseff e co-manda o partido com pulso deferro.Mas,entreosaliados,pairauma desconfiança de que o polí-tico mais poderoso do Nordestevá lhes dar uma rasteira em 2014.

Cultuado atépela oposiçãol Afável, bom contador de “cau-sos”, um dos melhores imitado-res de seu guru político, o ex-pre-sidente Lula, Eduardo Campos écultuado publicamente, por con-veniência, na base governista ena oposição. Pelo crescimento edesenvoltura, é visto como ame-aça pelos dois lados. E também éentre políticos dos dois ladosque já se faz com frequência umapergunta comum: é um coronelmoderno com mais verniz ou umsocialista que prefere o DiárioOficial a “O Capital”?

Apesar de não trazer o sobre-nome, Eduardo Campos colouno avô bem cedo. Entrou na Fa-culdade de Economia da Univer-sidade Federal de Pernambucoaos16 anos e, já na primeira cam-panha,paraderrubaroantigoDi-retório Acadêmico, contou coma ajuda da mãe, Ana Arraes, queno dia da eleição lhe deu um con-selho que repete até hoje:

— Vá para ganhar!Aos19 anos, em1986, fez cam-

panha para o avô que voltavado exílio e disputava o governode Pernambuco. Com a vitória,passou a chefe de gabinete. Em1994, no novo governo de Arra-es, assumiu o cargo mais impor-tante do governo, o de secretá-rio da Fazenda.

Foi quando protagonizou oescândalo dos precatórios.Uma CPI no Congresso Nacio-nal resultou numa denúncia doMinistério Público Federal pa-ra apurar sua responsabilida-de na acusação de emitir frau-dulentamente títulos públicosde Pernambuco para pagarprecatórios pendentes.

Houve uma completa des-construção de sua imagem eda do então governador Arra-es. A reabilitação na eleiçãode 1998, da qual muitos duvi-davam, virou um case eleito-ral: ele se elegeu deputado fe-deral e virou líder do PSB naCâmara.

Na eleição de 2002, uma ala doPSB apoiou o peemedebista An-thony Garotinho para a eleiçãopresidencial, mas Eduardo Cam-pos aproximou o partido de Lu-

la, começando uma parceriaque persiste até hoje. Com astrapalhadas do então presiden-te do PSB, Roberto Amaral, noMinistério da Ciência e Tecnolo-gia, articulou em causa própriae acabou ocupando a vaga naEsplanada.

Em 2006, com o apoio de Lula,elegeu-se governador. Outrogrande trunfo na época foi o ar-quivamento do processo dosprecatórios pelo STF, inocen-tando Campos e Arraes. A absol-vição derrubou a única agendanegativa que os adversários nadisputa tinham contra ele.

É casado com a economista eauditora concursada do Tribu-nal de Contas do Estado Renatae tem quatro filhos — MariaEduarda, João Henrique, PedroHenrique e José Henrique. Osadversários dizem que EduardoCampos difere do avô Miguel Ar-raes na questão do “patrimonia-lismo e familismo”. O governa-dor teria transferido a famíliadele e da mulher para o gover-no. O irmão João Campos, escri-tor, virou promotor da Fliporto,uma feirade livrosqueéparticu-lar, mas conta com patrocíniosde órgãos estaduais e federais.

Antesdetera imagemarranha-da na cena política na-cional pela campanhaque fez para eleger amãe como ministra doTribunal de Contas daUnião (TCU), ano pas-sado,ele já tinhasecer-cado de parentes noTribunal de Contas doEstado (TCE). A mu-lher já era auditoraconcursada. Mas ele in-dicou e nomeou comoconselheiros um primoseu, João Campos; eum primo da mulher éum dos seus homensfortes, Marcos Loreto.

O ex-líder petistaMaurício Rands, no-meado secretário deArticulação Institu-cional do governo dePernambuco, é pri-mo de Renata. O atu-al secretário da CasaCivil, Tadeu Alencar,é primo do governa-dor. O pai de Renata,o médico Cyro deAndrade Lima, foinomeado membrodo Conselho de Ad-ministração da esta-tal de saneamentoCompesa.

— Hoje, EduardoCampos deseja se tor-nar hegemônico naesquerda, sepultandoo PT ou subordinan-do-o inteiramente ao Palácio(das Princesas, sede do gover-no local). Sobre a oposição, elemesmo desdenha e diz que elaestá falando apenas para 6% doeleitorado, pois 90% o apro-vam, segundo as pesquisas, e4% estão indecisos — diz a ex-deputada tucana Teresinha Nu-nes, uma das poucas vozes daoposição em Pernambuco.

Um dos mais proeminentesrepresentantes do capital e alia-do de primeira hora em Per-nambuco, o ex-presidente daConfederação Nacional da In-dústria(CNI) e senador eleitoem sua chapa, Armando Mon-teiro Neto (PTB-PE), diz queEduardo Campos recuperou aautoestima dos pernambuca-nos ao colocar o estado numaposição de liderança na região.

— Eduardo é o emblema deum novo tempo para Pernam-buco — diz Monteiro.

O escritor Ariano Suassuna équase um amuleto que Eduar-

do Campos carrega desde quedeu os primeiros passos na po-lítica. Quando nasceu da uniãodo escritor Maximiano Cam-pos e Ana Arraes, sua vizinhan-ça era, na frente, a casa de Ari-ano. Do lado, a do avô MiguelArraes. Suassuna tem com ele

uma relação paternal e diz quea amizade começou desde an-tes de ele nascer.

O líder do PT no Senado, Hum-berto Costa (PE), disputou comEduardo Campos o governo em2006, e a campanha não foi nadaamena. Agora travam de novo

uma guerra surda, porque Cam-pos não quer que ele dispute ogoverno em 2014 com seu afilha-do, o ministro Fernando Bezerra(Integração Nacional), em evi-dência neste início de ano, acu-sado de ter favorecido seu esta-do com recursos para preven-ção e combate a enchentes.Campos conseguiu segurá-lo.

A proximidade maior deCampos no PT é com Lula, comquem se reúne amiúde paradiscutir decisões de governo ealianças regionais. Semanapassada, ao voltar de uma via-gem aos Estados Unidos, des-ceu em São Paulo para almo-çar com o ex-presidente.

Na campanha de Dilma, ga-nhou pontos ao enquadrar eobrigar o correligionário CiroGomes (CE) a desistir de secandidatar a presidente. Ga-nhou eterna gratidão de Lula,mas também um desafeto ba-rulhento no partido. Ciro não operdoa. Já disse, por exemplo,

que Campos não tem a experi-ência que ele, Ciro, tem emcampanhas presidenciais.

— Lula e Dilma ainda vão searrepender. Eduardo Camposainda vai dar uma rasteira —aposta, na surdina, um dirigen-te petista.

Parcerias como PSDBl Mesmo sendo apontado comoum fiel aliado de Lula e Dilma, ogovernador pernambucano temparcerias eleitorais com o PSDBde Aécio Neves em vários esta-dos e é estimulado a disputar aPresidência em 2014 por setoresda base governista e da oposi-ção — Geddel Vieira Lima(PMDB-BA) e Cássio Cunha Li-ma (PSDB-PB), por exemplo,consideram que, por seguir des-deo inícioapolíticabem-sucedi-da Lula/Dilma, ele teria até maischances que Aécio Neves.

— Eduardo Campos é hoje aliderança mais destacada doNordeste e com maior poderde aglutinação — diz Geddel.

Cientista político pernambuca-no ligado ao PSDB, Antônio Lava-reda reconhece seu potencial:

—EduardoCamposconseguiucolocar seu nome na prateleirados presidenciáveis para 2014.

— É um quadro da política na-cional que tem contribuído mui-to com nosso estado. A econo-mia mudou. Eduardo é inteligen-te, trabalhador e sensível. Nãoconheço inimigos políticos dele— diz a mãe, Ana Arraes.

A ministra atual do TCUacha que o filho aprendeubem o ensinamento de que,se vai para uma disputa, temque ser para ganhar:

— Tudo começa na cabeça.Se você coloca na cabeça e vaipara uma eleição se sentindoderrotado, vai perder. Não éuma coisa de prepotência, deganhar de qualquer jeito.

Mas seus adversários políti-cos não concordam que é sóuma questão de persistência.Dizem que Eduardo Campos éextremamente agressivoquando quer conquistar algu-ma coisa. E, se resolvem lheenfrentar, é no tudo ou nada:"se está comigo ótimo, se estácontra mim, espere", contamos inimigos políticos.

Adversário de Arraes em 1986na disputa pelo governo de Per-nambuco, o hoje ministro doTCU José Múcio Monteiro co-nhece Eduardo Campos desdemenino. E é farto nos elogios:

— Eduardo é um homemsimpático, extremamenteagradável, mas também extre-mamente decidido e determi-nado. E muito duro quandoprecisa ser. É afável e simpáti-co, mas um gestor duro, quebusca muita eficiência de ges-tão, mais voltado para a histó-ria do avô com as classes me-nos favorecidas.

O governador foi procuradoinsistentemente pelo GLOBOdesde a semana passada parauma entrevista. Por último foiprometida uma resposta a per-guntas enviadas por escrito,mas até as 22h de sexta-feiraela não chegou. n

O novo‘painho’ dapolítica noNordesteAliado de Dilma, governador dePernambuco está de olho em 2014

Maria [email protected]

PERFIL / EDUARDO CAMPOS

Gustavo Miranda/13-05-2011

CAMPOS E Dilma: aproximação durante a campanha presidencial

Hans von Manteuffel/05-09-2006

NO PALANQUE, em Caruaru: Humberto Costa, Lula e Eduardo Campos

André Coelho/02-12-2011

EDUARDO CAMPOS: presidente nacional do PSB, ele foi eleito o melhor governador do Brasil por dois anos seguidos com 86% de aprovaçãoGustavo Miranda/31-03-2003

EDUARDO AO lado do avô Miguel Arraes, para quem fez sua primeira campanha política aos 19 anos

“Campos deseja setornar hegemônicona esquerda,sepultando o PTTeresinha Nunes, ex-deputadatucana

Campos é hoje aliderança maisdestacada doNordesteGeddel Vieira Lima (PMDB-BA)

Eduardo Camposconseguiu colocar seunome na prateleirados presidenciáveispara 2014Antônio Lavareda, cientista políticoligado ao PSDB

Ailton de Freitas/05-09-2011

ANA ARRAES, mãe do governador: “Não conheço inimigos políticos dele”

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