O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO MUNICÍPIO DE · metodológica que parta das...
Transcript of O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO MUNICÍPIO DE · metodológica que parta das...
O PAPEL DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO MUNICÍPIO DE
TAMBOARA
Autor: Gislane Afonso dos Santos1
Orientador: Wanderlei Amboni2
Resumo
Este artigo é parte das atividades do Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED). Este material apresenta propostas de atividades que serão desenvolvidas com os professores e alunos, como parte da implementação do plano de trabalho proposto. O mesmo foi elaborado buscando superar a visão de que os sujeitos históricos de significância locais e nacionais seriam menos importantes do que os de significância mundial, além de problematizar questões do cotidiano da comunidade onde a escola esta inserida, cuja aproximação teórica e política com os estudos sobre a Educação. Patrimonial tem sido cada vez mais crescente. Além disso, uma proposta metodológica que parta das histórias locais e do Brasil para a Geral possibilita a abordagem da história regional, o que atende a Lei n.13.381/01, a qual torna obrigatória, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual, o trabalho com os conteúdos de História do Paraná. Esta unidade didática tem o objetivo de levar para as escolas, de forma simples mais objetiva, os conceitos de memória, patrimônio, e educação patrimonial, fazendo com que os professores e alunos absorvam o máximo de conhecimento e interesse na preservação do Patrimônio . Histórico e Cultural. Para se trabalhar com a temática Educação Patrimonial foram utilizadas várias pesquisas através de fontes de natureza bibliográfica.
Palavras chave: Educação Patrimonial – Preservação – Cidadania.
1. Introdução
Este artigo é o resultado de um trabalho desenvolvido por meio do PDE –
Programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação
1 Professora da Rede Estadual de Ensino2 Professor do Colegiado da História da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Paranavaí
do Paraná (SEED), em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a
Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA). O PDE
constitui-se como uma política educacional inovadora de formação continuada dos
professores da Rede Pública Estadual, através de um conjunto de atividades organi-
camente articuladas, “definidas a partir das necessidades da Educação Básica, e
que busca no Ensino Superior, a contribuição solidária e compatível com o nível de
qualidade desejado para a educação pública no Estado do Paraná” (SEED, 2007).
Ingressando no PDE, optei por direcionar minha produção para a temática
da Educação Patrimonial, pois nos dias atuais, é cada vez maior a preocupação com
a conservação e a preservação do patrimônio histórico e cultural de uma sociedade,
de um país. Nesse contexto, a educação patrimonial se mostra certamente
necessária – ou um caminho muito possível recorrente – para a efetivação desse
processo. Neste sentido, ressaltamos a necessidade de entender o que é, afinal, a
Educação Patrimonial?
Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. (HORTA, 2006, p. 6)
2. A Educação Patrimonial na História e na Escola
A Educação Patrimonial tem sido considerada como ensino centrado nos
bens culturais, objetivando proporcionar as pessoas (em especial as crianças) um
maior contato com patrimônio cultural da sua região. Através de uma metodologia
específica, o objeto cultural se torna um ponto de partida do processo de ensino –
aprendizagem que capacita para conhecer, usar, desfrutar, recriar e transformar o
patrimônio cultural. Uma vez que patrimônio histórico é um bem cultural, procura-se
incentivar o uso dos objetos, locais, monumentos e prédios históricos para realizar o
ensino de história ao mesmo tempo em que valorizar o patrimônio local para
formação da identidade e da cidadania. (SOARES, ANDRÉ 2003).
De acordo com as leituras realizadas percebe-se que o trabalho da escola
ajuda os alunos a despertar para a compreensão da cultura local, voltada para o
processo identitário, correspondente ao seu ambiente. O trabalho coletivo possibilita
a interação entre familiares e membros da comunidade, conseguindo dessa forma,
reconhecer as manifestações culturais de seu bairro, bem como a valorização e
divulgação dos mesmos. Ao identificar esses processos culturais, torna-se possível
exercer de forma crítica, fatores que levarão a preservação do patrimônio local,
construindo uma identidade através das ações cidadãs.
Esse olhar levará a observação dos conjuntos de bens que cada indivíduo
compreenda ser um fato cultural. Sejam eles bens materiais como: monumentos
arquitetônicos, achados arqueológicos ou peças de Museus; ou bens imateriais
como: manifestações folclóricas, danças, músicas. A preservação do saber popular
levará através de sua cultura, expressões que serão determinantes para a
continuidade de suas práticas, passando de geração em geração, e mantendo-as
reconhecidas pela força da tradição local. O reconhecimento da diversidade cultural
na qual se vive, leva a entender que cada manifestação possui sua peculiaridade e
sua importância dentro da sociedade. O patrimônio cultural brasileiro não pode estar
restrito aos bens reconhecidos nacionalmente ou internacionalmente, mas valorizar
os bens anônimos, que não estão ao alcance de todos.
As várias formas culturais poderão ser compreendidas de forma contundente
através do processo educativo, da relação do ensino/ aprendizagem, contribuindo
para o desenvolvimento das competências e habilidades que cada aluno possui, e
despertando-os para o amadurecimento da preservação cultural. A participação
social, através da divulgação dos alunos, no reconhecimento das práticas culturais
existentes em nosso cotidiano, estará dessa forma, colocando em prática os
conhecimentos adquiridos na escola. Será o resultado da teoria/prática em sala de
aula e a colaboração entre professor/ aluno atuando de forma integrada para o
sucesso do projeto.
Trabalhar o patrimônio cultural no ambiente escolar é desenvolver nos
alunos a busca de sua identidade através da herança cultural no qual o representa.
A educação patrimonial promove um melhor aprendizado para a questão cultural,
despertando nos alunos o interesse em conhecer a identidade local, através de
manifestações do passado. O estudo da história local traduz diferentes formar de
vida, no presente e no passado, que pertencem ou não do nosso cotidiano.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
A proposta para os estudos históricos é de favorecer o desenvolvimento das capacidades de diferenciação e identificação, com a intenção de expor as permanências de costumes e relações sociais, as mudanças, as diferenças e as semelhanças das vivências coletivas, sem julgar grupos sociais, classificando-os como mais "evoluídos" ou "atrasados”. (1997)
Por isso contato com características e hábitos diferentes de grupos sociais
possibilitam estudos que ajudam os alunos a perceberem de forma prática, a
diversidade cultural na qual fazemos parte. Ou seja, conhecer o passado
observando o presente. Essa mudança temporal é construída de acordo com as
formas identificadas através de objetos, de costumes diários de uma comunidade, os
modos de alimentação, trabalho, educação, religião, festas e suas relações sociais.
Através do processo educacional, o professor terá a capacidade de reconhecer em
seus alunos a realidade de vida de cada um e poderá trabalhar aspectos que
desenvolvam a percepção cultural dentro de cada localidade.
A proposta metodológica da Educação Patrimonial em termos conceituais foi
introduzida no Brasil a partir do I° Seminário realizado em Petrópolis no Rio de
Janeiro no ano de 1983, inspirado por um trabalho educacional desenvolvido na
Inglaterra. A partir daquele encontro algumas ações relacionadas a Educação
Patrimonial passarão a ser desenvolvidas pelo poder publico com a discussão e
futura inserção da temática da Educação Patrimonial dos currículos escolares. Mas
foi somente a partir de 1999, sob a coordenação da museóloga2 Maria de Lourdes
Parreira Horta, que o termo Educação Patrimonial ficou conhecido nacionalmente
após publicação do Guia Básico de Educação Patrimonial pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Museu Imperial, no qual as autoras
afirmam que: “Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho
educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e
enriquecimento individual e coletivo”. (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).
Embora o lançamento do Guia já esteja próximo de completar 15 anos, é
relativamente pequeno o número de experiências de educação patrimonial que
tiveram ampla divulgação nacional. O primeiro Encontro Nacional de Educação
Patrimonial promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –
IPHAN só veio a acontecer em 2005, em São Cristóvão (SE). O Encontro
representou para o IPHAN, um momento de síntese no processo de
desenvolvimento de ações educativas e de realização de encontros e debates,
concretizados nos últimos anos, e que têm por objetivo desdobrarem-se na
elaboração de diretrizes e desenho de uma política institucional para o campo. Os
alargamentos da concepção de patrimônio cultural, as recentes mudanças, ainda em
curso, nas políticas culturais fazem com que a educação patrimonial ganhe certa
evidência e a exigência de definição nas políticas públicas. (CASCO, 2007).
A metodologia da Educação Patrimonial pode ser desenvolvida no ambiente
formal de ensino (escolas) ou informal (comunidade, associações de bairro, museus,
parques ambientais) e também se adequar a qualquer tipologia de patrimônio, ou
seja, “qualquer evidência material ou manifestação da cultura” (Horta; Grunberg;
Monteiro, 1999). Fotografias, documentos, sítios arqueológicos, prédios históricos,
reservas ambientais, monumentos, paisagens naturais, praças, festas e
comemorações, rituais, parques ecológicos, por exemplo, são considerados
patrimônios culturais.
A valorização e preservação dos bens culturais exigem grande investimento
na área da Educação: ações educativas que possam viabilizar a aproximação entre
os agentes responsáveis pela preservação (IPHAN), os que estudam o patrimônio
(pesquisadores) e a sociedade em geral, estabelecendo um diálogo necessário a
trocas de conhecimentos. Portanto vemos no ambiente escolar uma possibilidade de
propagação dessas ideias de preservação e valorização.
A Educação Patrimonial vem ocorrendo no Brasil de forma isolada, tendo
repercussão apenas na região em que se desenvolvem os projetos. No Paraná entre
1990 e 2009 foram desenvolvidos vários projetos do departamento de arqueologia
do Museu Paranaense com relação a essa temática. Os trabalhos de Educação
Patrimonial em parceria com diferentes instituições como o Programa de
Voluntariado do Paraná (Provopar-Ação Social) e as Secretarias de Estado da
Cultura e da Educação e de Assuntos Estratégicos do Paraná, permitiram a
publicação do livro didático para as escolas públicas estaduais, e adoção de
estratégias que busquem a melhoria da qualidade de vida dos indígenas
paranaense. (PARELLADA 2006).
Como podemos observar a educação patrimonial começou de forma isolada,
mas aos poucos vai adquirindo seu espaço. Vem com o intuito de desmistificar o
senso comum, fazendo com que os estudantes, a comunidade em geral percebam a
sua casa, sua escola, o seu bairro como patrimônios culturais pertencentes a sua
história. È sempre mais fácil e cômodo dar valor e significado ao que está distante
de nós, e muitas vezes o que está próximo torna-se invisível e não é digno de ser
valorizado e preservado. No entanto, um dos principais meios que possibilitam
alcançar a efetiva participação pública nesses processos, infelizmente ainda é
praticamente inexistente nos currículos escolares e universitários, mesmo nos
cursos de graduação que têm relação direta com as questões do patrimônio cultural,
como Arquitetura, Arte, Geografia, História, Pedagogia e Turismo, dentre outros.
A Educação Patrimonial nada mais é do que uma proposta interdisciplinar de ensino voltada para questões pertinentes ao patrimônio cultural. Compreende desde a inclusão nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, de temáticas ou de conteúdos programáticos que versem sobre o conhecimento e a conservação do patrimônio histórico, até a realização de curso de aperfeiçoamento e extensão para os educadores e a comunidade em geral, a fim de lhes propiciar informações acerca do acervo cultural, de forma a habilitá-los a despertar, nos educando e na sociedade, o senso de preservação da memória histórica e consequentemente o interesse pelo tema. (Oriá apud Moraes, 2005: p. 7).
Atualmente a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei N°
9.394/96 garante aos estudantes um ensino diversificado voltado para as
características regionais e locais de cada cultura. Já nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNS), elaborados pelo Ministério da Educação (MEC), está prevista a
temática da Educação Patrimonial para o Ensino Fundamental. Os temas
transversais, pluralidade cultural e o meio ambiente são caminhos que possibilitam o
diálogo de questões referentes ao patrimônio cultural e consequentemente dão
espaço a projetos de Educação Patrimonial nas escolas. Numa sociedade
globalizada que está padronizando tudo, o estudo do patrimônio vem para
diferenciar, desafiar, refletir.
O trabalho de Educação Patrimonial, seja na educação formal ou não-formal,
deve ser um espaço de construção do acesso à cultura e ao conhecimento. Um
espaço assim tem como característica a polifonia pelo fato de ouvir e fazer ecoar as
diversas vozes sociais, colocando em evidência os diferentes olhares, fazeres,
saberes e formas de representação.
Apenas a legislação não basta para garantir a salvaguarda dos bens
culturais. È necessário a vivência voluntária das pessoas. É necessário que a nova
legislação de preservação do patrimônio cultural seja amplamente conhecida pelos
diferentes seguimentos da sociedade e que as comunidades locais e a sociedade
abrangente tenham condições de estar mobilizadas para a prática permanente, para
a transmissão e aprendizado de saberes, a pesquisa, documentação, apoio e
reconhecimento da riqueza cultural brasileira, de maneira crítica e participativa.
(VIANNA, 2003: p. 122).
Apesar da discussão central deste projeto ser a Educação Patrimonial faz se
necessário tratar de aspectos que constitui o conceito de Patrimônio Histórico e
Cultural, pois existe um constante diálogo entre os mesmos. Segundo Chauí, o
conceito de patrimônio está vinculado ao nascimento do conceito de Estado - Nação,
aliado às ideias de soberania política, unidade territorial e legal, com a nação
passando a indicar o conjunto de indivíduos nascidos em um mesmo lugar.
Nos últimos tempos o conceito de “Patrimônio Cultural”, adquiriu um
significado diferente no mundo Ocidental. O que era um discurso patrimonial
referindo apenas aos grandes monumentos artísticos do passado avançou para uma
concepção do patrimônio entendido como um conjunto de bens culturais, referente
às identidades coletivas. Passando a considerar, várias paisagens arquiteturas,
tradições, gastronomias, arte, documentos e sítios arqueológicos, passaram a ser
reconhecidos e valorizados pelas comunidades e organismos governamentais na
esfera local, estadual e nacional “Os bens materiais e imateriais, tangíveis e
intangíveis que compreendem o Patrimônio Cultural são considerados
‘Manifestações ou testemunho significativo da Cultura humana’” (GONZALES-
VARAS, 2003: p.43 a 44).
Ao longo da historia, a noção de patrimônio foi se modificando. A partir do
século XVIII, mais particularmente com a Revolução Francesa, a noção de
patrimônio passou a ser entendido e olhado de forma diferente. Segundo Rébériox,
1992, a Revolução Francesa deve ser entendida como um marco neste processo,
pela ruptura com o que era considerado passado nacional e pela promoção de
novos modos de existência desse passado. Não era o caso de destruir todos os
seus testemunhos, mas de criar espaços de reinterpretação e preservação a partir
de uma triagem: nos museus seria resguardado aquilo que pudesse servir de
ornamento, troféu e apoio à liberdade e á legalidade, valores que procederiam à
revolução. Estes elementos definem os critérios de preservação daquilo que deveria
ser lembrado e entendido como patrimônio, motivando a realização, na França, de
um inventário Nacional do patrimônio, em 1837.
A idéia de patrimônio aproxima-se assim, com a de monumento, entendido como ato de memorizar, dando sentido ao que se quer lembrar, estando quase sempre vinculado a interesses nacionais ou comunitários. Geralmente o monumento marca momentos, fundadores, possibilitando a construção, ou distribuição, de identidade (DE DECCA, 1992, p.129).
Para proteger os bens históricos e culturais em escala Internacional, foi
organizada a Conferência Internacional de Atenas, em 1931, cujo resultado foi a
elaboração da Carta de Atenas, onde fizeram parte apenas especialistas europeus.
Esta carta continha recomendações sobre conservação e restauração de
monumentos históricos, conforme podemos ler na carta:
A Conferência convencida de que a conservação do patrimônio e arqueológico da humanidade interessa a comunidade dos Estados, guardiã da civilização, deseja que os Estados agindo no espírito do Pacto da sociedade das nações, colaborem entre si, cada vez mais concretamente para favorecer a conservação dos monumentos de arte e de história (...) (IPHAN, 2007).
Fica claro que o Estado é o responsável pela construção da identidade de
nação. Nesse início do século XX, a urbanização fez com que as cidades
passassem a ser compreendida como um local cheio de edificações, pessoas,
congregando ambientes do passado que podem ser conservados e integrados ao
mesmo tempo a dinâmica urbana. Ela tornou-se um nível específico de prática
social, na qual vêem paisagens, arquitetura, praça, ruas, formas de sociabilidade,
um lugar homogêneo e articulado, mas antes um mosaico, muitas vezes sobreposto,
que expressa tempos e modos diferenciados.
Com a Segunda Guerra Mundial surge a UNESCO que tinha como objetivo
intervir em escala mundial nos campos da educação, da ciência, e da cultura. Coube
a ela também formular diretrizes, definir critérios e prioridades para a proteção do
patrimônio cultural.
Outro entendimento cultural passou a serem empregados em 1954 com a
Convenção de Haia, definindo como patrimônio cultural todos os monumentos
arquitetônicos, os sítios arqueológicos, os objetos estruturados e herdados do
passado, dotados de valores históricos, culturais e artísticos, bens que
representavam as fontes culturais de uma sociedade ou grupo social. Em 1964 se
vivia outro momento histórico, e se empregava um discurso diferenciado, onde quem
deveria se responsabilizar pela escolha e conservação dos monumentos seria a
humanidade e não o Estado. É nesse cenário que acontece o II Congresso
Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, realizado na
cidade de Veneza, em maio de 1964,onde foi produzida a “Carta de Veneza”.
No Brasil a valorização do patrimônio brasileiro inicia-se com os intelectuais
modernistas, oriundos do movimento cultural denominado “Semana de 22”
destacando - se Mário de Andrade e Lúcio Costa, os quais exerceram papel
determinante na criação e funcionamento da agência nacional de proteção. O
Modernismo “representou um esforço de penetrar mais fundo na realidade cultural
brasileira” (Bosi, 1994), representava a busca de uma identidade cultural brasileira.
A corrente modernista defendia a arquitetura colonial e artes barrocos como
símbolo da identidade cultural brasileira. Para eles a arquitetura colonial
representava um estilo genuinamente brasileiro e fonte de inspiração para uma
moderna arquitetura autenticamente brasileira, valorizando a relação passado futuro.
Mas desde o seu início a história de preservação do patrimônio histórico brasileiro,
com a criação da Inspetoria de Monumentos Nacionais, em 1934, iniciativas pioneira
do poder público se reveste de interesses políticos de uma classe dominante.
Em 1936, por solicitação do ministro da Educação e Saúde, Gustavo
Capanema, Mário de Andrade redige o anteprojeto da lei de proteção ao patrimônio
cultural, no qual propõe a criação do SPAN (Serviço do Patrimônio Artístico
Nacional). Verdadeiro visionário, Mário de Andrade coloca em destaque em seu
texto a riqueza das expressões e manifestações culturais e a importância da
diversidade. A promulgação do decreto-lei nº25, de 30 de novembro de 1937,
organizou a proteção do patrimônio artístico brasileiro e institui o instrumento de
tombamento (SPHAN). Criou-se o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN). Desde então, 676 bens arqueológico, etnográficos, paisagísticos
e históricos estão catalogados nos livros de tombo do órgão federal; outras centenas
estão em tese protegidos pelos institutos estaduais e municipais.
Segundo Rodrigues, 2001, p.20 o SPHAN entendia como patrimônio o
“Conjunto de bens móveis e imóveis (...) cuja conservação seja de interesse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, que por seu
excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”
O Brasil necessitava de uma identidade, e este debate ganhou destaque em
dois momentos específicos da república brasileira, que foi no Período Vargas, em
especial no Estado Novo, e no chamado Período militar. Segundo Chauí, 2000, este
foi o momento que marcou a construção de uma identidade nacional em um
movimento que se inicia com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e se
manteve até a década de sessenta, período este vinculado politicamente ao
populismo e ao nacional-desenvolvimentismo. Neste sentido, a criação do SPHAN
em 1937, tornou-se um marco, cujas intenções eram “abrasileirar os brasileiros”,
reforçando os vínculos com o modernismo, e, com Mário de Andrade, adequando-os
aos objetivos do Estado Novo de definição de uma identidade nacional a partir da
identificação, defesa, restauração e conservação dos monumentos e obras de arte
que valorizassem a cultura nacional. Com esse objetivo, são eleitas como elementos
dignos de preservação as sedes do poder político, religioso, militar e das classes
dominantes, assim como seus efeitos e modos de vida que, até os dias de hoje,
mantém como patrimônio oficial da nação, apesar da maior parte da população não
reconhecer nesses símbolos. Esta perspectiva, que foca a unidade e a identidade
nacional, foi fator de marginalização das contradições reais e tirada da memória o
significado da luta social por ela, e assim, pelo patrimônio (FENELON, 1992).
Não se deve ignorar o fato de que o que foi preservado nesse período foram
os elementos importantes para constituição de um ideal de nação, próprio da década
de trinta e, desta forma, lugares de afirmação de uma identidade burguesa. Assim,
“Preservam-se as igrejas barrocas, os fortes militares, as casas-grandes e os
sobrados coloniais. Esqueceram-se, no entanto, das senzalas, dos quilombos, as
vilas operárias e os cortiços” (Oriá, 1997: p. 131).
O segundo momento a ser destacado é o Período Militar ocorreu onde
houve uma crescente intervenção na cultura e educação, há, aqui, uma aproximação
efetiva das noções de patrimônio e turismo. Apesar do esforço varguista em dotar o
Brasil em uma identidade nacional, está ainda estava em construção na década de
setenta (CHAUÍ, 2000). Durante o Estado Novo as cidades mineiras foram
escolhidas como lugares de memória e de história, como espaços emblemáticos de
heróis e da memória nacional coletiva, passando a receber cuidados especiais no
que diz respeito á preservação, numa cidade de tornar visível uma identidade
cultural do país (ALBANO, 2002). Minas gerais passa a ser entendida como lugar
representativo de uma memória nacional, de uma identidade marcada pela riqueza e
pela continuidade colonial com viés republicano. Além de a região sudeste ser
importante, naquele momento, para a construção da identidade nacional. Constrói-
se a imagem de um Brasil grande, de natureza exuberante e povo ordeiro, pronto a
receber recursos visando à integração nacional, a segurança e o desenvolvimento,
ou seja, a modernidade (CHAUÍ, 2000). É nesse momento que se intensificam o
debate em torno de políticas públicas em relação á memória e ao patrimônio, à
medida que o Brasil caminha para um processo de redemocratização onde está em
cheque nossa memória e a nossa identidade.
Devido sua herança escravista, no Brasil, os objetos considerados dignos de
preservação estiveram, até recentemente, relacionados à colonização, às classes
proprietárias, aos brancos com acessos às faculdades e à cultura européia, tida
como modelo, confirmando a ideologia dominante do branco. Nesse sentido é
justificável à distância e a falta de identificação entre patrimônio cultural e a maioria
da população brasileira que não consegue se reconhecer em tais monumentos.
Temos hoje uma gama de lugares construídos a partir de concepções de memória,
de história e de patrimônio, que encerram ou encobrem disputas e falam a respeito
de um passado que quer se fazer homogêneo, mas que não pertence a todos, que
não traduzem um sentimento de pertencimento a todos, portanto, não respaldam um
projeto de cidadania (OLIVEIRA, 2002).
A princípio a legislação patrimonial se concentrou no Patrimônio
Arquitetônico, para somente em meados de 1970 alcançarmos o Patrimônio Cultural,
ampliando as características daquilo que deveria ser considerado fundamental para
a formação da identidade de um povo e que deveria, assim, se preservado.
No Brasil, a categoria de bem imaterial tem validade, apenas após a
Constituição de1988, garantida no ano de 2000 com a Criação do “Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial” do IPHAN. O primeiro registro foi o das paneleiras
de goiabeira do Espírito Santo, em 2002, apesar do esforço de alguns para que
fosse escolhido o ritual fúnebre Quarup, das tribos do Alto Xingú do Mato Grosso
(Côrtes). O Patrimônio Imaterial está agrupado no IPHAN, em: Livro de Registro dos
Saberes, Livro de Registro de Celebrações, Livro de Registro das formas de
Expressão, Livro de Registro dos Lugares.
As reflexões até aqui apresentadas identifica o patrimônio como elemento
fundamental para a constituição de determinada identidade, vinculado a grupos
sociais que o monopolizam, articulando-o a partir de um projeto de sociedade, que
necessita de vários suportes como personagens, comemorações, monumentos,
objetos iconográficas e narrativas que darão base a uma interpretação inaugural,
geralmente manipulatória e excludente. As revisões de literaturas sobre o assunto
demonstram que os pesquisadores estão empenhados na ação de preservação do
patrimônio cultural do Brasil e engajados na tarefa de difundir os desdobramentos da
Educação Patrimonial no País. No entanto, o patrimônio cultural ainda se encontra
vulnerável. A noção de modernidade condena o “velho e antiquado” ao desuso; a
memória caiu no esquecimento. Como relembrar as tradições sem ser tachado de
“cafona” e “antiquado”? Na atual pós-modernidade ocidental, o ser humano é tratado
como objeto, os idosos são isolados da convivência em sociedade. Já nas
comunidades indígenas, é valorizada a figura do ancião, pois ele é o detentor do
saber, o mantenedor da memória, o responsável pela transmissão das
manifestações culturais de geração para geração, isto é, uma pessoa que exala
experiência. Portanto, necessitamos de uma mudança de mentalidade, e para isso
justificamos a importância do trabalho da Educação Patrimonial, pois este tem a
possibilidade de tornar os indivíduos ativos e conscientes das suas ações no
planeta. (TEIXEIRA, CLÁUDIA. 2008).
Quando discutimos o tema “Educação Patrimonial” em nosso contexto,
estamos proporcionando um convite à reflexão quanto à responsabilidade que
assumimos enquanto profissionais e cidadãos no processo de fortalecimento e
revitalização de nossa cultura; sobre a responsabilidade de nos conduzir e a outros
indivíduos, no caminho do entendimento e do profundo comprometimento na
construção desse universo sócio-cultural. Atividades de formação de professores
sobre a metodologia da Educação Patrimonial são emergenciais, além do destaque
a reflexão de elementos vitais para a estrutura de ensino no país, como a
reorientação do Projeto Político da escola e do Currículo.
Mesmo se tratando de um tema pouco conhecido por parte das escolas e da
população, a Educação Patrimonial é uma proposta inovadora que visa facilitar a
aprendizagem dos alunos e difundir a importância de preservar os bens patrimoniais
existente em cada pedacinho do nosso país. Por isso trabalhar com Educação
Patrimonial nas escolas, é importante, pois possibilita a formação de jovens capazes
de manifestar através de sua cidadania a importância da preservação de seu lugar
de origem, suas histórias, mitos e lendas. Manter viva a tradição é preservar sua
identidade sua historia e a historia de sua comunidade.
2.1 Elaboração e Implementação da proposta de intervenção na
Escola
Após a realização das leituras, fichamentos e discussões nos encontros de
orientação, o projeto de intervenção e a preparação o material didático começaram a
ser estruturados. Nesse sentido, foram muito importantes as discussões promovidas
através do Grupo de Trabalho em Rede (GTR), que constituem uma das atividades
da Turma do PDE/2010 e caracteriza-se pela interação a distância entre o Professor
PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual, cujo objetivo é a
socialização e discussão das produções e atividades desenvolvidas. Orientei um
grupo de quatro professores da rede, atuantes na área de história do ensino
fundamental e médio, que participaram desse projeto trabalhado de forma prática e
dinâmica, utilizando uma metodologia que partiu das histórias locais e do Brasil para
a Geral, possibilitando assim uma abordagem da história regional, o que atende a
Lei n°.13.381/01, a qual torna obrigatória, no Ensino Fundamental e Médio da Rede
Pública Estadual, o trabalho com os conteúdos de História do Paraná.
Iniciamos o nosso GTR pelo fórum de apresentação onde tivemos a
oportunidade de nos conhecermos um pouquinho, saber o nome, a formação, o
colégio, a cidade e o núcleo e onde cada um atuava. Esta etapa foi muito importante
para iniciarmos os nossos trabalhos, interagirmos uns com os outros e percebermos
como esta temática ainda é pouco trabalhada e conhecida pelos professores da
rede.
Na Temática 1 - Projeto, realizamos um processo de aprofundamento
teórico, onde foi apresentado o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, com
objetivo de promover entre os participantes deste GTR discussões e contribuições
para enriquecimento do Projeto. No Fórum 1 os professores leram o projeto
“Educação Patrimonial -Preservação, Educação e promoção da Cidadania no
município de Tamboara, responderam, refletiram e interagiram sobre a temática
memória e história, observaram como é recente, pouco discutida nas escolas e qual
sua importância para preservação do patrimônio cultural. No Diário Impressões
sobre o projeto, os participantes foram surpreendentes, pois demonstraram ter
conhecimentos bibliográficos de autores renomados na temática e de já terem
trabalhado com a mesma.
Na Temática 2- Produção-Didática Pedagógica foi apresentada a Produção
Didático-Pedagógica do PDE para que fosse lida, analisada e discutida, onde os
professores refletiram sobre a relevância das atividades e ações propostas para a
realidade de sua escola e elaboraram um texto apresentando sugestões.
Na Temática 3- Implementação do Projeto, foi muito importante socializar os
avanços e desafios enfrentados durante esta fase de Implementação Pedagógica.
Nesta fase as experiências e os resultados observados levaram os participantes a
refletir e opinar sobre os resultados, trazendo contribuições para o debate.
A implementação da proposta de intervenção pedagógica foi desenvolvida
no Colégio Estadual Dr. Duílio Trevisani Beltrão _ E. F. M –Tamboara– PR, junto aos
professores, no período da noite, através do desenvolvimento de 5 ações e 5
encontros de estudos, por meio de exposição, debates e elaboração de atividades.
1ª ação: 20/07/2011
Divulgação do Projeto no Colégio Estadual Dr. Duílio Trevisani Beltrão,
durante formação continuada para: Direção, Equipe Pedagógica, Professores e
Funcionários, para o reconhecimento do mesmo por parte de todos os envolvidos na
escola.
2ª ação: 08/09/2011
Divulgação do Projeto aos professores e inscrição para compor o grupo de
estudos.
3ª ação 15/09/11
Socialização do Projeto aos professores inscritos no grupo de estudos.
Nesse dia foi feito uma reunião com todos os professores cursistas, para escolha do
dia da semana, para realização dos nossos encontros e qual seria o melhor dia e
horário para os estudos. Ficou decidido que seria toda segunda-feira com início ás
19:00 e término às: 23:00.
As maiores dificuldades encontradas na implementação foram exatamente a
formação do grupo de estudos, por serem professores e possuírem muitos
compromissos, sendo muito difícil conciliar um horário em comum para todos. A
solução foi fazer um dia por semana com duração de quatro horas.
4ª ação:De 21 de Setembro a 16 de Novembro de 2011
Realização de encontros do grupo de estudos com a utilização do Material
Didático elaborado no formato de Unidade Didática.
O processo de implementação teve a duração de 5 encontros, divididas da
seguinte forma:
1º Encontro:24/09/2011
Neste encontro foi realizada a introdução do assunto: Educação Patrimonial
por meio de uma dinâmica chamada Colcha de Retalhos, com o objetivo de
possibilitar aos participantes a vivência de uma atividade significativa, estimulando a
vontade de conhecer e registrar a vida, em suas diferentes formas e momentos. Os
professores após ouvirem a história a Colcha de Retalhos foram separados em
equipes para confecção da colcha de retalhos (desenharam e escreveram algo
marcante em sua vida) e na sequência após a reflexão cada equipe, colou seu
retalho formando uma grande colcha do grupo. Os professores acharam
interessante essa dinâmica por permitir que vários aspectos como memória,
cooperação e a união fosse trabalhado.
Esta dinâmica permitiu realização de sondagem através de diálogo sobre o
conceito de Educação Patrimonial trazido pelos professores.
2º Encontro:03/10/2011
Abordagem sobre a política patrimonial do Brasil, seguida da análise de
documentos históricos sobre a sociedade brasileira e sua preocupação em valorizar
nosso patrimônio histórico e arquitetônico. Para trabalhar esses conteúdos foram
apresentadas duas fotos do município de Tamboara em épocas diferentes e a partir
delas vários questionamentos e reflexões foram levantados. Na sequência as
discussões sobre patrimônio, memória e educação patrimonial que permearam a
história nessa linha do tempo foram aprofundadas.
Figura 1 – Primeira casa de Tamboara.
Figura 01: Primeira casa de Tamboara
Fonte: Revista Grande Noroeste-Tamboara Resgatando a história p06.
Figura 2 - Primeira casa de Tamboara
Fonte: Autoria própria - foto recente.
3º Encontro:10/10/2011
Estudo sobre o Patrimônio Material e Imaterial e a criação do IPHAN. No
laboratório de informática, os alunos pesquisaram três reportagens que falavam
sobre o problema da depredação e vandalismo em escolas, cujo objetivo foi buscar
maior conhecimento sobre a questão do patrimônio e sua importância e na
sequência foram respondidos alguns questionamentos:
a) Para trabalhar a ideia de patrimônio público, discuta com os alunos a
questão dos telefones públicos. Peça a eles um levantamento, nas redondezas da
escola, de quantos telefones públicos existem, quantos funcionam bem e quantos
estão danificados, identificando o tipo de defeito, se é de linha ou fruto de
vandalismo. Pergunte aos alunos o que pode acontecer quando se está na rua, é
preciso dar um telefonema urgente e o telefone está quebrado?
b) Peça aos alunos outros exemplos de patrimônios públicos que eles já
viram danificados: transporte público, banheiros públicos, praças etc.
c) Peça exemplos de patrimônio artístico, patrimônio religioso e patrimônio
da humanidade para verificar se os conceitos foram bem compreendidos.
d) Peça aos alunos uma pesquisa sobre as cidades ou paisagens brasileiras
que fazem parte do patrimônio da humanidade. Aproveite para perguntar que outras
obras/cidades/paisagens fazem parte do patrimônio da humanidade e por que elas
são importantes.
Aprofundamento sobre o tema patrimônio material e imaterial, com a
exibição dos seguintes vídeos: Diversidade cultural constrói rico patrimônio,
disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=_rFJmXjQ8mc&feature=related
Patrimônio Mundial Natural, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=oPl2MtaphFQ&feature=related
História dos Museus, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=KXRX_w4lmIo&feature=related
Análise e debate sobre os vídeos assistidos, ressaltando os aspectos
positivos e negativos apresentados, registro no caderno das análises realizadas.
4º Encontro:17/10/2011
Estudo sobre diferentes memórias ao longo da vida, buscando resgatar as
memórias coletivas de um grupo, uma família, uma escola, ou mesmo de um país,
mostrando como elas também contribuíram para a construção da identidade do povo
brasileiro. E para aprofundar o debate foi apresentada uma charge cujo objetivo era
fazer uma análise sobre a História e seus heróis.
Análise e interpretação da charge abaixo: Desconstruindo a História e
seus heróis
Figura 5 – Charge
Fonte: Schmidt, Mário. História Crítica do Brasil. São Paulo: Nova Geração, 1992, p. 94.
5º Encontro:24/10/2011
Atividade: Cine Pipoca
Na sala de vídeo, a turma foi reunida para uma sessão de cinema, onde foi
exibido o filme: Narradores de Javé
Direção: Eliane Caffé
Elenco: José Dumont, Matheus Nachtergaele, Nelson Dantas, Gero Camilo,
Nélson Xavier
Ano de Lançamento: 2003
Gênero: Comédia/Drama
Duração: 100 min.
6º Encontro:31/10/2011
Reunidos em grupos, os professores descreveram e debateram suas
percepções sobre o filme e os fatos históricos, seguindo para tanto um roteiro de
questões:
a) Qual o tema do filme? O que os realizadores do filme tentaram nos
contar? Eles conseguiram passar a mensagem?
b) Por que se afirma que o filme discute questões ligadas a memória
histórica e suas “verdades”.
c) Você assimilou/aprendeu alguma coisa com este filme? O quê?
d) Do que você mais gostou nesse filme? Por quê?
e) Javé é um lugar fictício, criado pelo enredo do filme. No Ceará temos uma
Javé você sabia? Pesquise e nos traga algumas informações sobre esta cidade
cearense que passou pro este mesmo problema mostrado no filme.
f) Pesquise e comente um pouco sobre a relação entre o progresso e o
patrimônio histórico.
g) Para os personagens do filme por que era importante resgatar a memória
e escrever a História daquele vilarejo?
h) Como você considera a importância da memória para uma sociedade?
i) Qual a relação do filme com a disciplina História?
j) Qual a relação do filme com seu cotidiano?
7º Encontro:07/11/2011
Os cursistas realizaram leitura e análise do texto: Educação Patrimonial e na
sequência houve um debate sobre o conteúdo apresentado ressaltando a
importância de se trabalhar com a metodologia específica de Horta, onde foi
proposto que os cursistas realizassem uma atividade extraclasse: reconhecendo o
patrimônio local abordando os seguintes pontos:
- Importância histórica da manifestação ou monumento;
- Importância para a memória coletiva da região;
- Transformações sofridas ao longo do tempo;
- Preservação material e simbólica.
8º Encontro:14/11/2011 à 21/11/2011
Como Avaliação sobre os conteúdos estudados foi realizada uma exposição,
onde toda a comunidade teve a oportunidade de conhecer os trabalhos
desenvolvidos no colégio pelos professores PDE. E ficou claro como todos podem
intervir como sujeitos ativos na construção de práticas sociais que valorizem o
Patrimônio e o respeito à diversidade cultural existente em nosso país.
3. Considerações Finais
A implementação do projeto ocorreu de forma bastante satisfatória, sendo
facilitada pelo fato do Colégio Estadual Dr. Duílio oferecer ótimas condições
estruturais, bem como pelo apoio da equipe administrativa e pedagógica
contribuindo assim para que os objetivos fossem alcançados. O desafio no início foi
despertar a atenção dos professores para o conteúdo e a forma como este seria
trabalhado, uma vez que este tema Educação Patrimonial era pouco explorado nas
aulas de História e demais disciplinas. Contudo, o estudo mostrou-se muito
produtivo e todos se sentiram motivados a aprender o conteúdo proposto.
Assim, avalio que o resultado do trabalho superou as expectativas. Depois
das explanações necessárias, houve uma boa recepção quanto ao tema trabalhado,
um grande envolvimento na realização das atividades propostas, nas reflexões
feitas, nos debates realizados, e as socializações em sala de aula se deram de
forma bastante expressiva. Ao se comparar as narrativas realizadas no início do
projeto com as narrativas realizadas na avaliação final, ficou claro que estes
adquiriram condições de refletir criticamente sobre a necessidade de se trabalhar
com a temática Educação Patrimonial não só nas aulas de Histórias, mas em todas
as disciplinas; bem como compreenderam a importância de intervirem como sujeitos
ativos, na construção de práticas sociais que valorizem e respeitem à diversidade
cultural existente em nosso país.
Ao concluir essa pesquisa constatamos que todos são capazes de promover
importantes embates e discussões na sociedade, permitindo, assim,que nossos
alunos amadureçam suas ideias e convicções e as compartilhem, possibilitando
assim o aprimoramento de sua cultura política, extremamente importante nos nossos
dias, para a construção de uma sociedade brasileira mais justa, solidária,
democrática.
Referências Bibliográficas
BRASIL. LEI 9.394/ 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Brasília: MEC.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.
Parâmetros CAMPINAS, SP: Editora da Unicamp, 2003.
CHAUÍ, Marilena. Política Cultural, Cultura Política e Patrimônio Histórico. In:
O Direito à Memória: Patrimônio Histórico e Cidadania. São Paulo/Departamento do
Patrimônio Histórico – DHP, 1992.
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS: terceiro e quarto ciclos do
Ensino Fundamental: História. Brasília, 1998.
DE DECCA, Edgar Salvadori. Memória e Cidadania. In: O Direito à Memória:
Patrimônio Histórico e Cidadania. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura do
Município de São Paulo/Departamento do Patrimônio Histórico – 1992.
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: escola, aluno/professor e sociedade
publicados 27/10/2010 por Renilfran Cardoso em http://www.webartigos.com
FENELON, Déa R. “Políticas Culturais e Patrimônio Históricos”. In: Cultura e
Memória: Perspectivas da Administração Pública Brasileira Hoje. Brasília: Cadernos
ENAP, vol.1, n.2, 1993.
FONSECA, Maria Cecília Londres. Para além da pedra e cal: por uma
concepção ampla de patrimônio cultural. In: Memória e Patrimônio: Ensaios
Contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO,
Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN: Museu
Imperial, 1999.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL:
Disponível em: www.portal.iphan.gov.br
MAGALHÃES, Henrique Leandro, Zanon Elisa, Branco Castelo Martins
Patrícia/Educação patrimonial da teoria a prática - londrina: Ed. Unifil, 2009.
MARTINS, Maria Helena Pires, 1943 – Preservando o Patrimônio e
construindo a identidade/ Maria Helena Pires Martins; São Paulo: Moderna, 2001 –
(Aprendendo a com-viver).
MORAES, Allana Pessanha. A educação patrimonial nas escolas:
aprendendo a resgatar patrimônio cultural. Disponível em: <www.cereja.org.br>.
Acesso em: 3/10/2010.
MORIN, Edgar. O desafio do século XXI: religar os conhecimentos. Lisboa:
Instituto
ORIÁ, Ricardo. Educação patrimonial: conhecer para preservar. Disponível
em: www.portaleducacional.com.br>. Acesso em: 10 mar. 2011.
PEREIRA, Dóia freire e Ligia leite. História Oral, Memória e Turismo Cultural.
In: Murta, Stela Maris, Albano, Célia (Org.). Interpretar o Patrimônio: um exercício do
olhar. Belo Horizonte: UFMG/Território Brasilis, 2002.
PORTAL DO PROFESSOR. Disponível http://portaldoprofessor.mec.gov.br
Acesso em: 8 julho de 2011.
RÉBÉRIOUX, Madeleine, Lugares da Memória Operária. In: O Direito à
memória: Patrimônio Histórico e cidadania. São Paulo: Departamento do Patrimônio
Histórico da Secretaria Municipal da Cultura, 1992.
Revista Grande Noroeste – Tamboara Resgatando a História, GN Editora.
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora – Ensinar História/Maria Auxiliadora Schimidt,
Marlene Cainelli.- São Paulo: Scipione, 2004. – (Pensamento e ação no
magistério)1.História – Estudo e ensino 2.Prática de ensino I. Cainelli, Marlene. II.
Título. III. Série.
SOARES, André Luís Ramos (Org). Educação Patrimonial: relatos e
experiências, Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2003.
TEIXEIRA Rocha Adriana Claúdia - A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO
ENSINO DE HISTÓRIA: Disponível em brapci. ufpr.br/. Acesso em 03/04/2011
VIANA, Letícia. Patrimônio Imaterial: Novas Leis para Preservar... O quê?IN:
SILVA Rene Marc da Costa (ORG) Cultura popular e educação. Brasília MEC, 2008.
FILMOGRAFIA:
Narradores de Javé
Ano de Lançamento (Brasil, 2003).
Direção: Eliane Caffé
Duração: 1h: 42min.