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O PROCESSO DE TOMBAMENTO DO QUADRILÁTERO DA SAÚDE: O CASO DA FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA (USP) MARIANA DE CARVALHO DOLCI Em fevereiro de 2018, a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo completou cem anos de existência, fato que nos leva a discutir aspectos da construção desta história, dentre eles, seu processo de tombamento. Para isso, trazemos esta discussão pautada na dissertação de Mestrado de Priscilla Miyuki Miura, intitulada Quadrilátero da saúde: espaço de ensino, pesquisa e saúde pública em São Paulo e defendida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 2012. O Quadrilátero da Saúde em Pinheiros é um significativo conjunto de equipamentos públicos dedicados à saúde desde o final do século XIX. É delimitado pelas ruas Teodoro Sampaio, Oscar Freire e as Avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo e formado por um conjunto de edificações vinculadas à saúde pública. Em 2007, este conjunto foi reconhecido como possuidor de valor cultural e importante para a história do estado de São Paulo. Tal denominação foi criada para estudo de tombamento da área que abriga a Faculdade de Medicina, a Escola de Enfermagem e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, o edifício central e o Instituto Central e o Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, o Instituto Oscar Freire, o edifício central do Instituto Adolfo Lutz, o edifício que abriga o Centro de Saúde Geraldo Horácio de Paula Souza e os remanescentes do Antigo Hospital de Isolamento, hoje pavilhões que abrigam a Biblioteca Central do Instituto Adolfo Lutz e administração (Casa Rosada) e biblioteca do Instituto Emílio Ribas [Casa Azul] (Miura, 2012:14). Segundo Priscilla Miura, os tombamentos na área foram solicitados isoladamente, sem uma reflexão que os articulasse. Ali há também prédios importantes, que não possuíam preservação oficial, contemporâneos aos tombados, como a Faculdade de Saúde Pública. Restava ainda a questão da área envoltória que, permanecendo a relativa aos 300 metros Doutoranda em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Orientanda do Prof. Dr. José Leopoldo Ferreira Antunes e bolsista CNPq.

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O PROCESSO DE TOMBAMENTO DO QUADRILÁTERO DA SAÚDE: O CASO DA

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA (USP)

MARIANA DE CARVALHO DOLCI

Em fevereiro de 2018, a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

completou cem anos de existência, fato que nos leva a discutir aspectos da construção desta

história, dentre eles, seu processo de tombamento. Para isso, trazemos esta discussão pautada

na dissertação de Mestrado de Priscilla Miyuki Miura, intitulada Quadrilátero da saúde:

espaço de ensino, pesquisa e saúde pública em São Paulo e defendida na Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 2012.

O Quadrilátero da Saúde em Pinheiros é um significativo conjunto de equipamentos

públicos dedicados à saúde desde o final do século XIX. É delimitado pelas ruas Teodoro

Sampaio, Oscar Freire e as Avenidas Rebouças e Doutor Arnaldo e formado por um conjunto

de edificações vinculadas à saúde pública. Em 2007, este conjunto foi reconhecido como

possuidor de valor cultural e importante para a história do estado de São Paulo. Tal

denominação foi criada para estudo de tombamento da área que abriga a Faculdade de

Medicina, a Escola de Enfermagem e a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo, o edifício central e o Instituto Central e o Instituto de Ortopedia do Hospital das

Clínicas, o Instituto Oscar Freire, o edifício central do Instituto Adolfo Lutz, o edifício que

abriga o Centro de Saúde Geraldo Horácio de Paula Souza e os remanescentes do Antigo

Hospital de Isolamento, hoje pavilhões que abrigam a Biblioteca Central do Instituto Adolfo

Lutz e administração (Casa Rosada) e biblioteca do Instituto Emílio Ribas [Casa Azul]

(Miura, 2012:14).

Segundo Priscilla Miura, os tombamentos na área foram solicitados isoladamente, sem

uma reflexão que os articulasse. Ali há também prédios importantes, que não possuíam

preservação oficial, contemporâneos aos tombados, como a Faculdade de Saúde Pública.

Restava ainda a questão da área envoltória que, permanecendo a relativa aos 300 metros

Doutoranda em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Orientanda do

Prof. Dr. José Leopoldo Ferreira Antunes e bolsista CNPq.

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legalmente constituída até o momento, invade áreas já transformadas e verticalizadas de

Pinheiros que não tem relação de ambiência importante com os monumentos tombados

(Processo 52290/2005, 2010:1).

Histórico

Foi escolhido um local distante para instalar um hospital de doenças que, aos poucos a

ciência aprendia a diagnosticar e tratar. O que se sabia ao certo é que havia riscos de contágio

e que, portanto, as instalações deveriam ser distantes do aglomerado urbano e deveriam, elas

próprias, em sua arquitetura, permitir o afastamento dos tipos de moléstias entre pacientes.

Assim, o primeiro e pequeno prédio do Hospital de Isolamento, localizou-se nos altos

da rua da Consolação, no caminho para Pinheiros, junto à estrada do Araçá. Ampliações e

reformas, realizadas pelo engenheiro Teodoro Sampaio em 1894, o desenvolveram em torno

de um esquema de arquitetura pavilhonar.1 Este esquema, o de pavilhões afastados, cercados

por circulações externas, com ampla luz e ventilação atendia ao que recomendavam os

manuais de arquitetura hospitalar, higiene e saneamento naquele momento (Miura, 2012:4).

Miura diz que é interessante verificar através de fotografias antigas como a

implantação original era toda vinculada com a referência do centro da cidade, já que o portão

monumental para o Hospital de Isolamento situava-se voltado para a Consolação e para o

centro da cidade. Do mesmo modo, o eixo das edificações e dos pavilhões voltavam-se (a

fachada e o portão) “de frente” para a cidade (Miura, 2012:4).

Apenas posteriormente inverteu-se o eixo urbanístico para a Avenida Dr. Arnaldo,

sem calçamento até pelo menos a década de 1930. O processo iniciou-se nos anos 1920,

quando esta via passou a definir o novo alinhamento para os prédios, cujas funções foram

reforçando a destinação da área voltada exclusivamente para a saúde pública. Nesse momento

houve a ocupação de outros terrenos e financiamento da Fundação Rockfeller para a

instalação de escola médica, hospitais e institutos (Miura, 2012:5).

1 No projeto proposto por Ramos de Azevedo, as disciplinas da Faculdade de Medicina seriam distribuídas em

cinco pavilhões, sendo o primeiro destes destinado à Medicina Legal, e que corresponde hoje ao Instituto Oscar

Freire.

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O conjunto cresceu em importância e foi objeto de intensas reformas e ampliações,

inclusive com a construção de um novo hospital e das instalações do Instituto Adolfo Lutz,

dedicado ao estudo e pesquisa nessa área específica, que se formou a partir da união dos

antigos Institutos Bacteriológico e Bromatológico. O eixo da Avenida Dr. Arnaldo constituiu-

se no início da década de 1930 quando a antiga avenida Municipal deveria aparentar um

grande canteiro de obras já que o Instituto Adolfo Lutz, a Faculdade de Medicina e a

Faculdade de Saúde Pública, na esquina com a Rua Teodoro Sampaio foram construídos e

inaugurados praticamente no mesmo momento, em 1931 (Miura, 2012:5).

Arquitetura

A professora Maria Lúcia Bressan Pinheiro, em sua tese de doutorado, assinala a

importância da Revista Politécnica e da Engenharia do Mackenzie para a compreensão da

produção arquitetônica das décadas de 1930 e 1940 (Pinheiro, 1997 apud Miura, 2012:114).

Entende-se que a monumentalidade, observada no edifício da Faculdade de Medicina e

ainda mais no próprio edifício central do Hospital das Clínicas, instituições que mantiveram

uma íntima relação com a Fundação Rockefeller, não está relacionada a um programa

ideológico. Provém de uma nova concepção de edifícios ligada a um padrão norte-americano

de linguagem que estava sendo difundida na época e que encontra no complexo do

Rockefeller Center seu principal exemplo (Miura, 2012:114).

O sistema de implantação pavilhonar, tão utilizado nos Hospitais de Isolamento e nas

Colônias para doentes contagiosos, já não condizia com a concepção norte-americana de um

edifício hospitalar moderno. Embora ainda recomendado para projetos de hospitais em terreno

vasto onde se considerava que a cura estava relacionada à natureza (Witzig, 1943: 201 apud

Miura, 2012:114), e aparecendo em projetos como o Hospital Infantil de Santos, o leprosário

Colônia São Bento, o Hospital Nereu Ramos e o Hospital Colônia Padrão para Psicopatas, no

Paraná, o contágio já não era a principal preocupação, ideia ultrapassada pelo

desenvolvimento da teoria bacteriológica. Não havia mais motivo para segregar as funções e

considerando que encurtava as distâncias percorridas, a construção de um edifício em

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monobloco, se justificaria, tornando-o, assim mais funcional e adequado às práticas de saúde

(Miura, 2012:123).

Esta prerrogativa teria originado uma nova forma de projetar. A arquitetura que

antigamente não poderia ser distinguida exclusivamente para esse uso, agora recebia novos

programas. A profissão de médico vai se aproximando cada vez mais da do cientista e o

edifício hospitalar se aproxima do laboratório que lhe confere inclusive o caráter de

modernidade e de pioneirismo. Nos artigos, são comuns as palavras “modernidade”, “mais

avançada tecnologia” e “obra grandiosa”. Na concepção dos projetos, buscava-se a eficiência

na distribuição dos leitos e o bom desenho de corredores (Miura, 2012:123).

O interesse da Fundação Rockefeller em patrocinar o campo médico em São Paulo

levou Arnaldo Vieira de Carvalho a entrar em contato em 1916 com a entidade e iniciar

conversações que resultaria no seguinte acordo: a dotação fornecida pela Fundação deveria ter

como contrapartida uma verba do Estado de São Paulo para manutenção e complementação

das construções previstas, além da construção de um Hospital-Escola que permitisse o

treinamento dos alunos de Medicina e a assistência médica à população carente de São Paulo.

Integravam o convênio mudanças no regulamento do curso de Medicina: passaria a ser dado

em tempo integral, o número de vagas seria alterado, o currículo seria intensificado com os

trabalhos de laboratório, os alunos seriam admitidos através de prova, as disciplinas seriam

organizadas num sistema de departamentos, o ensino clínico se vincularia à estrutura de um

Hospital-Escola (Miura, 2012:125). Segunda a Revista Acrópole,

Em 1925, o Governo do Estado, enviou à Europa e aos Estados Unidos uma

comissão de professores da Faculdade de Medicina a fim de colher elementos que

servissem de base ao projeto para o Centro Médico a ser construído em São Paulo

(Hospital, 1940:195 apud Miura, 2012:126).

Tal procedimento, já havia ocorrido no desenvolvimento do projeto para a nova Escola

de Medicina. Devido ao financiamento da Rockefeller e a bagagem trazida pela comissão, o

tipo escolhido para a construção do novo edifício teria sido o monobloco. Segundo Ernesto

Souza Campos,

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Era indispensável decidir se a escola seria dispersa em pavilhões ou se obedeceria

ao tipo concentrado. Do exame em questão, resultou a preferência pelo sistema

centralizado, em franca vitória, nas organizações modernas da América do Norte

(Campos, 1944:28 apud Miura, 2012:126).

As instituições que, na primeira metade do século XX, eram peças pertencentes a um

quebra-cabeça maior, como o Serviço Sanitário Estadual; e faziam parte de uma política

calcada em teorias de saúde pública vigentes em outras partes do mundo, principalmente

devido à grande demanda por espaço, vão ocupar de maneira caótica essa área (Miura,

2012:126).

Para Priscilla Miura, a constituição deste território abriu, então, algumas discussões:

primeiramente, o processo de atribuição de valor que subsidiou o reconhecimento do objeto

em âmbito estadual, em segundo lugar, a construção da história da arquitetura e do urbanismo

a partir da análise de uma parte específica da cidade de São Paulo, em que se considerou

existir uma “vitrine da arquitetura pública”, entremeada por questões de modernidade e

imbuída do espírito de “paulistanidade” (Mota, 2005 apud Miura, 2012:196) na construção de

seus espaços (Miura, 2012:196).

No Departamento de Medicina Legal, Instituto Oscar Freire, desenvolvido pelo

escritório de Ramos de Azevedo, sente-se mais forte o vínculo com sua própria arquitetura

escolar – é um prédio que tanto na planta, quanto na aparência insere-se com facilidade na

tradição de arquitetura escolar daquele escritório: suas paredes marcadas com rusticações e

frisos na massa, o acesso centralizado, mas sem ênfase excessiva, o assentamento sobre porão

alto, a definição de um andar com janelas de arcos abatidos e arcos plenos são todos

elementos de repertório da arquitetura de Ramos de Azevedo, onde talvez perceba-se uma

intenção de buscar unidade plástica com a Faculdade. Miura diz que é certo que este edifício

integra-se bem na paisagem com o prédio principal da Faculdade de Medicina, com o Instituto

Adolfo Lutz, bem como com o da Faculdade de Saúde Pública, todos contemporâneos a ele

(Miura, 2012:9).

O Hospital de Isolamento apresentava uma arquitetura original de prédio “contido em

um bloco com poucas salas dividindo espaços administrativos e os de internação, e com uma

pequena varanda externa, nos moldes de chalet do século XIX” (São Paulo, 2005:14). Em

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1894, com sua grande reforma, ganha a aparência pavilhonar tão característica, proveniente de

um modelo de construções hospitalares da época, como o Hospital do Juquery, projetado por

Ramos de Azevedo, com o mesmo princípio de implantação (Miura, 2012:44).

Embora o primeiro projeto para a Faculdade de Medicina tenha sido desenvolvido pelo

escritório Ramos de Azevedo e, previsse a construção de cinco edifícios, seguindo a tradição

pavilhonar, apenas um foi construído, o atual Instituto Oscar Freire. A desistência de

continuar com esse plano original é atribuída à interferência da Fundação Rockefeller nas

decisões administrativas da Faculdade (Miura, 2012:44).

O prédio do Instituto Oscar Freire é onde “sente-se mais forte o vínculo com sua [de

Ramos de Azevedo] própria arquitetura escolar” e “integra-se bem na paisagem com o prédio

principal da Faculdade de medicina, com o Instituto Adolfo Lutz seu vizinho, bem como o da

Faculdade de Saúde Pública do outro lado da rua, todos edifícios contemporâneos a ele” (São

Paulo, 2005:15 apud Miura, 2012:45).

Os três edifícios – o Centro de Saúde Geraldo Horácio de Paula Souza, que

incorporava em suas instalações a Inspetoria de Profilaxia da Lepra, o Hospital de Isolamento

e a Faculdade de Saúde Pública, antigo Instituto de Higiene – estão diretamente relacionados

com a política de saúde pública vigente no início do século XX, calcada na percepção

higienista de tratamento de doenças contagiosas (Miura, 2012:49).

Em 1925, a Fundação disponibilizou 5.300$000 para construção dos edifícios que

abrigariam as Cadeiras de Anatomia, Fisiologia, Química, Patologia e Higiene; em

contrapartida, o Governo era obrigado a prover a nova Escola de um Hospital e de

dependências para administração e funcionamento. Durante a gestão do Dr. Pedro Dias da

Silva, estabelece-se uma comissão formada pelos médicos Rezende Puech, Ernesto Souza

Campos e Benedito Montenegro que, a convite da Rockefeller, viajou para os Estados Unidos

e para a Europa pretendendo conhecer os mais modernos edifícios hospitalares

contemporâneos. Talvez o deslumbre ocorrido durante a visita tenha feito Souza Campos

referir-se ao projeto de pavilhões de Ramos de Azevedo2 como “infeliz” (Katinsky; Silva,

2007:10 apud Miura,2012:74).

2 Joana Mello nos lembra que Ramos de Azevedo era filho de um negociante português, que se casou com uma

jovem de família abastada e influente de fazendeiros paulistas, tendo ascendido rapidamente à “fina flor” da

oligarquia cafeeira. Projetou palacetes luxuosos, chegando igualmente a participar do seleto circuito de

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Neste momento, a Fundação Rockefeller, já presente nos investimentos em saúde

pública paulista, implementou na Escola de Medicina uma nova concepção de tratamento

seguindo uma prática “preventivista baseada na realização de exames físicos periódicos,

controle de dieta alimentar, etc” (São Paulo, 2005:215). Incentivava assim, a formação de

técnicos especializados nesta área e o primeiro acordo neste sentido versava sobre a criação

de uma Cadeira de Higiene dentro da Faculdade e a vinda de um professor norte-americano

para lecionar esta disciplina (Campos, 2002:61).

A Faculdade de Saúde Pública

Seguindo ainda a oeste no eixo da Avenida Doutor Arnaldo localizava-se o prédio do

Departamento de Profilaxia da Lepra. Sua função original era residencial e sua propriedade

pertencia ao casal Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade (Faria, 2005:108). A composição

simples e funcional, conta com apenas dois pavimentos encimados por cobertura de telhas de

barro e, segundo o estudo de tombamento, “assemelha-se a arquitetura de uso público que se

fez a partir da década de 1920 como a de escolas públicas e pequenos centros de saúde” (São

Paulo, 2005:38). Nas fachadas não há elementos ornamentais significativos e o ritmo é ditado

pela presença de janelas de vergas retas com venezianas de madeira no primeiro pavimento e

basculantes no térreo (Miura, 2012:79).

Priscilla Miura nos explica que a Faculdade de Saúde Pública é talvez o mais sóbrio

do conjunto (do Quadrilátero da Saúde). Sem grandes investimentos ornamentais, também

composto dentro da lógica funcional de distribuir salas ao longo de corredores amplos e um

acesso centralizado. A monumentalidade e o impacto desse edifício se dá menos por sua

escala, não tão grandiosa com seus dois pavimentos sobre porão, mas pela inteligente

implantação perpendicular à bissetriz do ângulo da esquina da avenida Dr. Arnaldo com a Rua

Teodoro Sampaio. O prédio é precedido por extenso jardim gramado que acrescenta grande investimentos e intermediação de contratos, encomendas e favores públicos de toda espécie, seja como

empresário, seja nas instituições de cultura e no mundo das artes que se envolveu intensamente. Um de seus

sócios, Ricardo Severo, foi continuador de sua obra e, a partir do final do século XIX, transformara

profundamente o cenário arquitetônico da capital paulista, apagando sua feição colonial e tornando-a uma capital

“atualizada”, seguindo os moldes das cidades europeias de feição eclética e universalista (Miura, 2012:79).

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valor ao conjunto. Há instalações interessantes aos fundos como antigas cavalariças, com

funções e mesmos instalações adaptadas. Todas essas construções têm sua linguagem

vinculada à tradição acadêmica: na composição dos volumes, tripartidos, simétricos e

hierarquizados e nos elementos da linguagem plástica (Miura, 2012:10).

No artigo Memória histórica da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo - 1918 – 1945, Nelly Candeias, nos diz que a renovação do contrato entre a Fundação

Rockefeller e o Governo do Estado, assim como a Lei 2018 de 1924, havia permitido

transformar o Laboratório de Higiene da Faculdade de Medicina no Instituto de Higiene. Não

implicara isto, entretanto, no distanciamento entre as duas entidades uma vez que o próprio

regulamento cuidara por entregar a direção do Instituto à chefia da Cadeira de Higiene da

Faculdade de Medicina (Candeias, 1984:18).

Em sinal de apreço por esse gesto do Governo, a Fundação Rockefeller renunciou, em

favor da Instituição, a seus direitos sobre a propriedade do estabelecimento por ela equipado.

Além disso, passou a promover os passos necessários para atender à solicitação do diretor

Geraldo Horácio de Paula Souza que, já em 5 de janeiro de 1925, solicitara à Fundação

Rockefeller que lhe fosse outorgada a quantia de 1:500$000 contos, destinada a auxiliar a

construção de prédio adequado às novas e múltiplas funções de ensino e investigação.3

3 "O senhor me perguntou se seria possível à Fundação Rockefeller conceder fundos para o Governo de São

Paulo para a construção dos prédios da Faculdade de Medicina, fundos estes que seriam pagos mais tarde com

juros (...). Concordamos com o senhor que o Instituto de Higiene deva ser mais do que um Departamento de

Higiene para ensino de estudantes de graduação da Faculdade de Medicina. O Brasil parece estar entrando em

um período de desenvolvimento. Está havendo um sentimento crescente de apoio à Saúde Pública. Os governos

Federal e Estadual estão criando fundos para objetivos de saúde pública; os Departamentos de Saúde estão sendo

reorganizados e novas atividades estão sendo desenvolvidas. Tudo isso exigirá pessoal treinado. É preciso que

haja em solo brasileiro uma instituição adequadamente equipada que cultive a Higiene, como ciência, assim

como o treinamento de homens e mulheres para trabalho prático de saúde pública. Parece que o jovem Instituto

de Higiene, que acaba de surgir em São Paulo, deva aspirar a liderança desse movimento. É importante, contudo,

que o desenvolvimento do Instituto de Higiene se ponha lado a lado com o desenvolvimento da administração da

saúde pública, por um lado, e, por outro, com o desenvolvimento da Faculdade de Medicina e o interesse do

governo no desenvolvimento desta instituição particular. Concordamos com o seu ponto de vista que, o que quer

que se faça no presente, no que diz respeito à construção ou equipamento para a Faculdade de Higiene, deve-se

ter sempre em mente seu desenvolvimento futuro mais amplo, deixando espaço para a necessária expansão no

futuro. Além disso, concordamos com seu ponto de vista que o Instituto de Higiene deva estar intimamente

relacionado com a Faculdade de Medicina, por um lado e, por outro deva ter individualidade própria. Discuti

recentemente esse assunto com o Diretor da Faculdade de Medicina de Harvard em termos da possibilidade de

desenvolver um Instituto de Higiene nessa Universidade. Acha que o Instituto de Higiene precisa de prédio

próprio; deve contar com indivíduos com dedicação exclusiva à Higiene e Saúde Pública e identificados

exclusivamente com o Instituto; e, por outro lado, o Instituto deve estar próximo da Faculdade de Medicina, se

possível no seu campus..." (Carta dirigida por Paula Souza a João Carvalhal Filho, Secretário do Estado dos

Negócios do Interior apud Candeias, 1984: 20).

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Em 28 de março de 1921, sob a administração de Edmundo Xavier, Diretor da

Faculdade de Medicina no período de 21 de fevereiro de 1921 a 21 de fevereiro de 1922,

iniciaram-se entendimentos para alojar definitivamente as várias cadeiras da Faculdade. Em

carta dirigida a Wickliffe Rose, solicitou o Diretor a vinda de um técnico para orientar a

construção dos futuros edifícios, aconselhando-se junto à Fundação sobre como organizar e

aperfeiçoar a educação médica em São Paulo. Essa carta foi respondida por George E.

Vincent, mostrando-se este bastante favorável à ideia. Foi durante a gestão de Celestino

Bourroul (2 de março de 1922 - 11 de dezembro de 1922), em fevereiro de 1922, que Pearce,

Diretor do Departamento de Educação Médica da Fundação Rockefeller, voltou novamente a

São Paulo. Várias foram as sugestões por ele apresentadas quanto ao aperfeiçoamento do

ensino médico (Candeias, 1984:19).

Aceitas pela Congregação, em sessão de março de 1922, foram as mesmas enviadas ao

Governo do Estado, tendo a Fundação tomado conhecimento, por intermédio de Pearce, de

que a Faculdade as havia aceito. De regresso aos Estados Unidos com a notícia de que a

Faculdade aceitara a cooperação da Fundação, concedeu esta, no dia 24 de maio de 1922, o

almejado auxílio para aquela Instituição. Em 1925, ao ser integrado na administração do

Estado, com o quadro de pessoal bastante acrescido e percebendo vencimentos por conta

deste, recebeu o Instituto da Fundação Rockefeller o valioso auxílio de 1.500 contos para

construção do novo prédio. A ideia da doação devera-se a Frederick F. Russell, Presidente da

Junta Internacional da Saúde, que a propôs a Comissão da Fundação em uma de suas reuniões

anuais. Com a anuência do Governo, uma vez aceito o donativo, deu-se início aos estudos e

trabalhos preliminares da construção do novo edifício para o então denominado "Instituto de

Hygiene" (Candeias, 1984:19).

Os planos do novo prédio foram delineados por Paula Souza que, ao organizar as

plantas dos diversos andares, fundamentou seu trabalho nos mais modernos preceitos a que se

deveria submeter uma Escola de Higiene na época. Aprovadas as plantas pelo Governo, foram

elas enviadas à Fundação Rockefeller. Foi quando se fez, para São Paulo, a transferência do

equivalente a 50.000 dólares, cerca de 350:000$000, quantia depositada inicialmente no

Banco do Comércio e Indústrias, passada, em seguida para o Tesouro do Estado. Um ponto de

alta significação foi o critério predominante, sobriedade do acabamento interno e externo. As

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construções realizadas sob auspícios da Fundação Rockefeller apresentavam essas

características. Paula Souza traçou o plano do prédio com a mais rigorosa simplicidade,

especialmente em sua parte interna, tipos de portas e janelas, gênero de pintura e plano das

canalizações de eletricidade, água, gás e esgoto, todos aparentes. Isto despertou comentários

de engenheiros civis e de médicos que lamentavam, na época, o sacrifício do aspecto interno,

sem considerar as vantagens daí decorrentes (Candeias, 1984:21).

Em 15 de agosto de 1926, noticiava o "Jornal do Commercio": "Será lançada

brevemente, no terreiro fronteiro ao novo prédio da Faculdade de Medicina, no Araçá, a

primeira pedra do Instituto de Higiene". Para que a memória não se perca, vejamos algumas

características do prédio que a persistência de Paula Souza permitira erguer:

Projeto: três pavimentos com área de 1 .547 m2 cada um. O Primeiro reservado

para serviços em contato com o público, como Centro de Saúde, Curso de

Educadores Sanitários, Sala de Conferências, Portaria, etc. No segundo, além da

parte administrativa do Instituto, a Cadeira de Higiene da Faculdade de Medicina e

outros cursos que, por lei, deveriam ser ministrados no Instituto. No terceiro, a

parte técnica do Instituto, constituída pelas seções de Epidemiologia, Bacteriologia,

Psicotécnica, Parasitologia, nas quais seriam executados serviços de pesquisas que,

por sua natureza, deveriam ficar separados do ensino propriamente dito. Parte

desse pavimento seria destinado a pequena dependência hospitalar, com seis leitos,

considerada necessária à pesquisa. Terreno: Locação do Prédio - Procurando

reunir no Araçá o conjunto de futuros prédios da Faculdade de Medicina, Hospital

da Faculdade, Clínicas Especiais, Isolamento, Profilaxia da Lepra e Medicina

Legal, Paula Souza foi autorizado pelo Governo a locar o Instituto em terreno

pertencente ao Estado, compreendido pela Avenida Municipal e Rua Teodoro

Sampaio, em frente ao terreno destinado à Faculdade de Medicina.

Estrutura Metálica: Depois de rigoroso exame dos diferentes tipos de estrutura,

julgou-se de maior vantagem, para o fim a que se destinava o prédio, o tipo

"Truscon", o qual se caracterizava pela constituição especial das lajes (Candeias,

1984:22).

Paula Souza foi autorizado pelo Secretário do Interior, ofício nº 1250, de 26 de

novembro de 1926, a assinar o contrato de compra. O pagamento fora efetuado em Nova York

pela Fundação Rockefeller, por conta do donativo referido. Em dinheiro brasileiro a compra

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importara em 179:007$500, tendo sido o material adquirido e depositado no Desinfectório

Central do Serviço Sanitário do Estado. Quanto à concorrência para a Construção, vencera a

firma Siciliano e Silva, por despacho de 15 de março de 1927, confirmado por Paula Souza

em ofício de 8 de agosto de 1927. Chegou-se a um orçamento total de aproximadamente

2.490 contos de reis. Em 12 de dezembro de 1926, publicava "O Jornal" matéria a respeito do

novo prédio do Instituto de Higiene:

"A elaboração das plantas dessa nova edificação foi acompanhada, em todas as

suas minúcias, pelo diretor do estabelecimento, que não se poupou a sacrifício de

espécie alguma com o alto intuito de realizar uma obra integral sob todos os pontos

de vista ‘(...) Anexo ao Instituto funcionará, como aliás já funciona atualmente, o

Posto Experimental da Lepra, cuja construção já está iniciada em pavilhão

separado e o Centro de Saúde Modelo, que terão acomodações muito mais amplas

que as atuais, e mais próprias para os serviços a seu cargo''(Candeias, 1984:21).

Em 2 de agosto de 1928, estava Paula Souza, em Genebra como técnico da Seção de

Higiene da Liga das Nações (1927-1929). Continuava, entretanto, a acompanhar com

entusiasmo a construção do novo edifício, escrevendo a Borges Vieira que, em São Paulo,

supervisionava a obra:

"(...) em adenda ao que aqui disse quanto à questão da fachada do Instituto - quero

que bem compreendas - que só pelo facto de os edifícios da Faculdade serem de um

estilo - não é que faço empenho em que o nosso seja d'outro. Não necessitamos ficar

presos ao adotado pelos outros - também nada nos impede - se julgarmos mais

bonito e apropriado em termos cousa semelhante (...) confio em teu critério e no

auxílio dos nossos engenheiros"(Candeias, 1984:21).

Nesse mesmo ano, escrevia Borges Vieira a Paula Souza, dando-lhe notícias sobre o

andamento da construção do edifício e de suas complicações. Fora apresentado o orçamento

para a construção, dizendo o Secretário que era "dinheiro demais, que queriam fazer obra de

luxo", recomendando, portanto, redução de orçamento. Preocupava-se Borges Vieira com a

possibilidade de negar-lhes o Estado o auxílio prometido para complementação da obra,

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restando-lhes apenas, nesse caso, o auxílio seguro da Fundação Rockefeller (Candeias,

1984:22).

Em outra carta, nesse mesmo ano, comunica Borges Vieira a Paula Souza que fora

finalmente assinado o contrato entre o Governo e a Firma Siciliano e Silva para a construção

do prédio: "Eu já estava desanimado!" Apesar de todos esses problemas, informa o Correio da

Tarde a seus leitores no dia 17 de agosto de 1931:

"Até o fim do mês o Instituto de Higiene estará instalado no novo prédio do Araçá.

Foi essa a informação que nos deu o Dr. Geraldo de Paula Souza, diretor desse

Instituto de Ciências e lente da cadeira de Higiene da nossa Faculdade de

Medicina"(Candeias, 1984:22).

Enquanto a Fundação encarregava-se da construção dos edifícios da Faculdade de

Medicina e do Instituto de Higiene, na área vizinha ao Isolamento, teremos, em 1940, a

construção do novo edifício do Instituto Adolfo Lutz. Consistia em reunir as atividades do

Instituto Bacteriológico e o Laboratório de Análises Clínicas e Bromatológicas, cujo objetivo

era “assumir a prestação de serviços laboratoriais e desenvolver pesquisas na área da saúde

pública” (São Paulo, 2005, p.94 apud Miura, 2012:80).

Foi projetado pelo Departamento de Obras Públicas (DOP) e construído pela

construtora Azevedo & Travassos. Seu programa que inclui salas de pesquisa e laboratórios

organiza-se em dois eixos transversais e teria seguido a mesma linguagem dos vizinhos: (...)

“a DOP adotou o mesmo estilo dos edifícios do Instituto de Higiene e Faculdade de Medicina,

de modo a não quebrar a harmonia do conjunto” (São Paulo, 2005, p.94 apud Miura,

2012:80).

Priscilla Miura explica que não é possível identificar um diálogo entre os pontos de

vista arquitetônico e histórico, de maneira a tentar descobrir como a arquitetura do

Quadrilátero da Saúde estava imbuída de costumes, hábitos, concepções, formas de pensar e,

por fim, políticas em voga na época. Se, por um lado, a informação arquitetônica não se valeu

completamente de dados históricos sobre a memória da atividade hospitalar, por outro, a

informação histórica também não absorveu a visão espacial de conjunto (Miura, 2012:50-1).

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A contribuição histórica, neste caso, apenas enriqueceu e contextualizou objetos

previamente escolhidos, não sendo determinante no estabelecimento dos critérios de seleção

dos edifícios indicados para tombamento. Em resumo, há um aparente descolamento entre o

elucidado pela constituição histórica e o levantado pelo estudo arquitetônico.

Partindo da chamada “política de balcão” em que os processos de estudos tombamento

foram, ao longo do tempo, abertos no CONDEPHAAT, a decorrência natural feita pela

Diretoria do antigo STCR (Serviço Técnico de Conservação e Restauro) era em primeiro

lugar, designar o estudo a um arquiteto e, depois, um historiador. Esta ordem também foi

seguida no caso do Quadrilátero, ocorrência que possivelmente acarretou o descolamento

acima representado (Miura, 2012:50-1).

Priscilla Miura conclui que a observação do desenrolar do processo de tombamento do

Quadrilátero da Saúde e a retomada do tema preservação, possibilitaram o entendimento de

como um dos órgãos de preservação do patrimônio vem se posicionando em relação ao

assunto patrimônio hospitalar (Miura, 2012:196).

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Referências

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CANDEIAS, Nelly. “Memória histórica da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de

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FARIA, Lina. A Casa de Geraldo de Paula Souza: texto e imagem sobre um sanitarista

paulista. História, Ciências, Saúde-Manguinhos (Impresso), Rio de Janeiro - COC/Fiocruz, v.

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KATINSKY, J. R.; SILVA. H. A. Histórico do edifício Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo. In: Relatório de projeto de restauração, 2007.

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PINHEIRO, Maria Lucia Bressan. Modernizada ou moderna? A arquitetura em São Paulo,

1938-45. Tese (Doutorado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São

Paulo, São Paulo, 1997.

Processo 52290/2005 (09/03/2010) – Bens Tombados do Quadrilátero da Saúde.

CONDEPHAAT.

SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Cultura. Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,

Artístico, Arqueológico e Turístico. Processo nº 52.290/2005. Estudo de Tombamento do

Quadrilátero da Saúde, memória dos investimentos públicos na área da saúde no bairro de

Pinheiros. São Paulo, 2005.

WITZIG, A. Diretrizes para a elaboração de projetos para hospitais. Revista Acrópole, São

Paulo, ano VI, n.67, 1943.