O Que é Uma Experiência Mental e Para Que Serve
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O que é uma experiência mental e para que serve?
Como sabemos, é da natureza dos problemas filosóficos serem a priori, sem recursos empíricos para os resolver. Por essa razão, a ferramenta de excelência na filosofia é a argumentação racional.
Existem muitas técnicas para se fazer filosofia e testar teorias filosóficas. Entre as principais estão as experiências mentais. Uma experiência mental é uma simulação de uma experiência empírica, quase sempre irreal e que funciona como teste de teorias.
Alguns exemplos de experiências mentais:
• Paradoxo de Zenão (metafísica)
• Alegoria da caverna (epistemologia)
• Posição original (filosofia política)
• Cérebro numa cuba (epistemologia)
• Navio de Teseu (metafísica, problema da identidade)
• Quarto chinês (filosofia da mente e da ação)
• Dilema do trólei (ética, filosofia moral)
Uma das dificuldades iniciais para quem gosta de trabalhar com os seus alunos os problemas com experiências mentais é a imaginação fértil dos participantes na discussão. Em regra, imaginam situações que só servem para apoiar a tese que lhes parece mais conveniente.
Vamos dar um exemplo prático: quando se trabalha o dilema do trólei, uma experiência mental imaginada pela filósofa Phillipa Foot (1920-2010), muitos alunos costumam imaginar situações que não estão inicialmente dadas na própria experiência, tais como “E se a pessoa a matar for o meu pai, irmão ou uma pessoa querida?” Por essa razão é conveniente explicar muito bem o que se pretende e como funcionam as experiências mentais.
Neste caso do dilema do trólei, o que queremos investigar é o fundamento da ação moral e não se estaríamos inclinados a matar cinco desconhecidos se estivesse em causa poupar a vida a um ente querido. Essa situação não é, obviamente, de descartar, mas não é relevante para o que inicialmente queremos saber, que é avaliar princípios da teoria utilitarista e deontologista e tentar compreender como funcionam.
Um dos fracassos frequentes no ensino com experiências mentais decorre precisamente da dispersão criada em torno da própria discussão da experiência, esquecendo-se muitas vezes o objetivo do experimento.
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