o Signo Linguístico

38
07/11/2013 1 O SIGNO LINGUÍSTICO DISCIPLINA: ELEMENTOS LÓGICOS E LINGUÍSTICOS EM ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO Professora: Roberta Caroline Vesu Alves Linguística e gramática Modalidades da linguística LINGUÍSTICA

Transcript of o Signo Linguístico

Page 1: o Signo Linguístico

07/11/2013

1

O SIGNO LINGUÍSTICO

DISCIPLINA: ELEMENTOS LÓGICOS E

LINGUÍSTICOS EM ORGANIZAÇÃO E

REPRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

Professora: Roberta Caroline Vesu Alves

Linguística e gramática

Modalidades da linguística

LINGUÍSTICA

Page 2: o Signo Linguístico

07/11/2013

2

LINGUÍSTICA

Investigação cientifica da linguagem verbal; seu

objeto de estudo é a linguagem (PETTER).

APESAR DISSO, a Linguística compreende os estudos

da linguagem, que tem como base de manifestação a

língua.

Saussure estabelece a Linguística enquanto ciência,

determina a língua como objeto da Linguística.

DIFERENÇAS ENTRE LINGUÍSTICA E

GRAMÁTICA

LINGUÍSTICA:

estudo das línguas;

descreve a estrutura e funcionamento das línguas;

não preocupa-se em ser prescritiva – recomendar

e prescrever formas corretas e incorretas.

Exemplo: observa, registra, descreve e explica

expressões como: “nóis vai no cinema”, “eu vi

ela”, “nois fiquemos cuma baita de uma reiva”,

“despois” etc.

(MORAES)

Page 3: o Signo Linguístico

07/11/2013

3

DIFERENÇAS ENTRE LINGUÍSTICA E

GRAMÁTICA

GRAMÁTICA NORMATIVA: prescreve regras do

“bem falar” (regras gramaticais corretas para a

comunicação por meio da língua):

Fonologia: estudo dos fonemas e letras.

Morfologia: composição dos vocábulos e classes

de palavras.

Sintaxe: relação entre as palavras de uma

oração e orações de um período.

(MORAES)

MODALIDADES DA LINGUÍSTICA

ESTUDOS DESENVOLVIDOS NA LINGUÍSTICA:

Gramática comparativa;

Linguística histórica;

Linguística descritiva.

Page 4: o Signo Linguístico

07/11/2013

4

Gramática comparativa - história

Nasce no fim do século XX, com a descoberta do

sânscrito, língua sagrada da Índia, pelo inglês

Willian Jones, em 1786.

Esse conhecimento revelou um fato extraordinário: a

origem comum entre o sânscrito, o grego, o latim, as

línguas germânicas, eslavas e célticas, na língua

anterior denominada indo-europeia.

Franz Bopp no século XIX estabelece os métodos de

pesquisa da gramática comparativa.

(MORAES)

Gramática comparativa - estudo

“é um método de comparação de formas

linguísticas para descobrir as línguas que têm

origem comum e as que não têm”.

“Este método permite relacionar línguas distantes

no espaço, muitas vezes, mas de origem comum e

separar línguas geograficamente próximas, mas

que não se relacionam pela origem.”

(MORAES)

Page 5: o Signo Linguístico

07/11/2013

5

Gramática comparativa - estudo

Exemplos de línguas:

Inglês britânico e norte americano – usados em

diferentes continentes (pertencem à família indo-

europeia, germânica ocidental - surgiu nos reinos anglo-

saxônicos da Inglaterra);

Inglês – Americano

Inglês – Britânico

Tradução

airplane aeroplane avião

analyze analyse analisar

apartment flat apartamento

bathroom toilet banheiro

behavior behaviour comportamento

catalog catalogue catálogo

candy sweets doces

cell phone mobile phone telefone celular

cookies biscuit biscoito

color colour cor

downtown town centre centro da cidade

Page 6: o Signo Linguístico

07/11/2013

6

Gramática comparativa - estudo

Exemplos:

Espanhol (família indo-europeia, itálica, românica,

que evoluiu do latim) – compreende as línguas

oficiais de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia,

Costa Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Equador,

Espanha, Estados Unidos (no Novo México),

México etc.

Verbo Tú

(Espanha

e outros

países)

Vos

(Argen-

tina)

Vosostros

(Espanha)

Usted

hablar hablas hablás habláis habla

comer comes comés coméis come

poder puedes podés podéis puede

UOL educação

Page 7: o Signo Linguístico

07/11/2013

7

Gramática comparativa - estudo

Línguas que tem origem do Latim: francês,

italiano, espanhol, português etc.

Exemplo de palavras com som semelhantes:

alemão vater, o inglês father e o latim pater

(podem ser semelhantes por coincidência ou

empréstimo entre as línguas).

Linguística histórica - história

Os estudos comparativistas entre as línguas foram

se deslocando para estudos da evolução das

línguas, originando no final do século XIX a

linguística histórica, que foi desenvolvida

incialmente por linguistas neogramáticos, de origem

alemã (MORAES).

Page 8: o Signo Linguístico

07/11/2013

8

Linguística histórica - estudo

Estudo das mudanças fonéticas entre as línguas,

procurando estabelecer leis sobre a evolução dos

sons de uma língua (MORAES).

Exemplo: pronúncia do interior de São Paulo em

determinada época do século XX de alto, falta e

salto: arto, farta e sarto.

Linguística descritiva - história

Nasce com os estudos da linguística sincrônica e

diacrônica propostos por Saussure em 1916,

segundo a publicação sobre seus três cursos,

“Curso de linguística geral”.

O curso de Saussure foi publicado três anos

após sua morte, por dois alunos, Bally e

Séchehaye, que compilaram as anotações de

suas aulas (MORAES).

Page 9: o Signo Linguístico

07/11/2013

9

Linguística - estudo

“linguística diacrônica (= linguística histórica),

que estuda os diferentes estados de uma língua, na

sua evolução pelo tempo;”

“linguística sincrônica (ou descritiva), que estuda

a língua num dado momento de sua história,

desligada da noção de evolução.”

(MORAES)

O que é objeto de estudo

Objeto de estudo da Linguística

OBJETO DE ESTUDO - CIÊNCIA

Page 10: o Signo Linguístico

07/11/2013

10

Objeto em uma ciência

Um mesmo material pode servir de objeto a mais de

uma ciência. Por exemplo: o homem é material de

estudo de várias ciências biológicas, que encaram o

homem sob prismas diferentes:

Fisiologia – funcionamento dos órgãos;

Anatomia – constituição estrutural e partes do

corpo;

Genética – hereditariedade.

Esse aspecto particular é o que determina o objeto

de cada uma dessas ciências. (MORAES).

OBJETO DA LINGUÍSTICA

“A linguística encara as línguas como mecanismos ou

estruturas. Cada língua é encarada como um sistema

de signos vocais, de que os homes se servem para se

comunicar” (MORAES).

“A Linguística estuda fundamentalmente o mecanismo

(estrutura) e o funcionamento das línguas. Este é seu

objeto” (MORAES).

A LÍNGUA É O OBJETO DE ESTUDO DA

LINGUÍSTICA.

Page 11: o Signo Linguístico

07/11/2013

11

Língua – sistema de signos.

Linguagem – faculdade de

comunicação por meio da língua.

LÍNGUA E LINGUAGEM

LÍNGUA – SISTEMA – ESTRUTURA

Comparação da língua com um relógio:

O relógio é um instrumento para marcar o tempo;

A língua é um instrumento para os homens se comunicarem;

O relógio é um mecanismo, um conjunto de peças interligadas, interdependentes que formam um estrutura;

A língua constitui uma estrutura porque contém partes interligadas e interdependentes – o estudo dessas partes da língua e seu funcionamento constitui o objeto da Linguística.

(MORAES)

Page 12: o Signo Linguístico

07/11/2013

12

Pontos de vistas de estudos da língua

Sub sistemas linguísticos:

Sistema fonológico: estudo dos fonemas e letras (sons).

Sistema morfológico: composição das menores

unidades linguísticas portadoras de significados.

Sistema sintático: relação entre as palavras em uma

oração.

Sistema lexical: conjunto de palavras de uma língua.

Sistema semântico: estudo do significado das

palavras.

(próxima aula)

LÍNGUA NÃO É NOMENCLATURA

A língua não é o reflexo de um mundo objetivo

totalmente organizado, com cada coisa contendo seu

nome. Se fosse assim, bastaria para aprender uma

outra língua, conhecer os novos nomes das mesmas

coisas (exemplo: port. livro, esp. libro, fr. livre, ing.

book, al. buch, etc.).

Esta aparente correspondência entre as línguas

ocorre, mas, em muitos outros casos isto não é

verdade.

(MORAES)

Page 13: o Signo Linguístico

07/11/2013

13

LÍNGUA NÃO É NOMENCLATURA

“Por exemplo: há em português, bosque, lenha,

madeira, três palavras que designam três coisas

diferentes. O francês designa estas três coisas com

uma só palavra: bois.” (MORAES).

LÍNGUA NÃO É NOMENCLATURA

Exemplos:

em francês rio tem duas denominações, uma para

rio que desemboca no mar, e outra para rio que

desemboca em outro rio: rivière e fleuve.

esquimós têm mais de dez nomes para neve.

Portanto, a análise da realidade não é a mesma

para falantes de diferentes línguas

Isso também prova que as línguas não são

nomenclaturas.

(MORAES)

Page 14: o Signo Linguístico

07/11/2013

14

LINGUAGEM

A linguagem é a capacidade ou faculdade humana

de se comunicar por um sistema de signos (língua).

Também, é o conjunto de todos os pontos de vista,

descritivos ou explicativos de aspectos linguísticos,

psicológicos, sociológicos, semiológicos, ideológicos,

sob os quais pode-se considerar a língua.

(Dictionaire de la Linguistique de Georoge Mourin).

LINGUAGEM

A linguagem permite o homem ter a capacidade

de ordenar o mundo e categorizá-lo (FIORIN,

2002).

Categorizar significa que a linguagem permite

classificar e ordenar as coisas do mundo segundo

a cultura e o conhecimento de um grupo de

pessoas.

Page 15: o Signo Linguístico

07/11/2013

15

Pontos de vistas de estudos da linguagem

Psicológicos: emoções e funcionamento do aparelho

cognitivo (meios de aquisição de conhecimento).

Sociológicos: determinados grupos de pessoas e

culturas estabelecem os modos de falar (pronúncia) e

significados segundo o que sua cultura acredita;

exemplo:

Lenda indígena sobre a origem do fogo: um

guerreiro transformado em pássaro foi roubar as

chamas do sol.

Pontos de vistas de estudos da linguagem

Semiológicos: ciência que estuda diferentes

sistemas de signos (verbais e não verbais).

Ideológicos: pensamentos ou visões de mundo

voltados para ações sociais, principalmente,

políticas, que podem resultar em instrumento de

dominação.

Exemplo: Eugenia - “seleção artificial das espécies”

para aprimorar a população humana (casamento

seletivo - proibição com pessoas com problemas

mentais, doenças contagiosas ou hereditárias) - nazismo

- holocausto - ódio racial.

Page 16: o Signo Linguístico

07/11/2013

16

Saussure

Benveniste

Hjelmslev

SIGNOS LINGUÍSTICOS

O que é signo?

Signo: algo que se refere ou toma o lugar de outra

coisa em nossa mente.

Promove a representação de algo para

expressarmos o que é um objeto ou um fenômeno.

Tem a função de promover a compreensão e a

comunicação sobre algo a que se refere.

Pode fazer parte de um sistema de signos para fins

de comunicação, como por exemplo, o sistema da

língua.

Page 17: o Signo Linguístico

07/11/2013

17

Em uma área especializada, o conceito é um elemento

de significação do termo, que representa um objeto da

realidade empírica (realidade observável) (CAMPOS,

2011).

Conceito e termo podem ser considerados elementos do

signo na linguagem documentária.

Também é uma unidade de pensamento, por isso,

necessita de um símbolo linguístico adequado para

designá-lo e para ser comunicado (palavra/termo).

Definição: representação do conceito por um

enunciado, que o especifica.

SIGNO LINGUÍSTICO - TERMINOLOGIA

Denominações correspondentes

SIGNIFICANTE:

Imagem acústica (impressão psíquica do som);

Som da palavra (língua falada);

Expressão escrita – palavra escrita (língua escrita) - Termo.

Plano de expressão (Hjelmslev) – nova concepção.

SIGNIFICADO:

Conceito;

Ideia;

Sentido;

Unidade de

conhecimento.

Plano de conteúdo

(Hjelmslev) – nova

concepção.

Page 18: o Signo Linguístico

07/11/2013

18

O SIGNO LINGUÍSTICO

Segundo Ferdinand de Saussure (1857-1913).

Segundo Émile Benveniste (1902-1976).

Segundo Louis Hjelmslev (1899-1965).

SAUSSURE

Linguista e filósofo suíço, professor da Universidade

de Genebra, estabeleceu no século XX a Linguística

enquanto ciência.

1916: publicação do “Curso de linguística geral” de

Saussure.

Estabelece a linguística sincrônica e diacrônica, o

signo diádico (conceito e imagem acústica), além das

dicotomias que explicam as teorias linguísticas.

Page 19: o Signo Linguístico

07/11/2013

19

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

Refere-se a uma realidade extralinguística – o

significado corresponde a algum conceito (ideia,

independente de sua forma linguística).

Não existe uma relação direta da palavra com as

coisas do mundo, mas sim do significante com os

conceitos. (PIETROFORTE, 2002).

Os conceitos são representações mentais de

unidades de conhecimento, que contém características

de um objeto, fenômeno, ideia, processo etc.

A palavra lobo é um signo, que tem um conceito

associado a uma sequencia de vogais e

consoantes, que forma a imagem acústica /lobo/.

O conceito de lobo consiste em: mamífero

carnívoro, da família canidae, que habita

grandes regiões da Europa, Ásia e América do

Norte. (PIETROFORTE, 2002)

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

Page 20: o Signo Linguístico

07/11/2013

20

Formado pela união do significante (imagem

acústica) e significado (conceito), que são

componentes do signo linguístico e elementos que

formam o sistema da língua (PIETROFORTE, 2002).

Juntos produzem significação: permitem comunicar

sobre algo e fazer com que algo seja

compreendido.

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

“O signo linguístico une não uma coisa e uma

palavra, mas um conceito e uma imagem acústica.

Esta não é o som material, coisa puramente física,

mas a impressão (empreinte) psíquica desse som, a

representação que dele nos dá testemunho de

nosso sentidos.” (SAUSSURE, 1999, p. 80).

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

Page 21: o Signo Linguístico

07/11/2013

21

Signo: entidade psíquica de duas faces

(SAUSSURE, 1999).

Imagem

acústica

Conceito

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

Signo: combinação do conceito e imagem acústica, mas,

no uso corrente pode designar apenas a imagem

acústica (exemplo: arbor, que exprime o conceito de

árvore). A ideia da parte sensorial implica a total

(SAUSSURE, 1999).

arbor

“árvore”

arbor

SIGNO LINGUÍSTICO - SAUSSURE

Page 22: o Signo Linguístico

07/11/2013

22

CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGUÍSTICO

O signo linguístico é arbitrário – “o laço que une o

significante ao significado é arbitrário”, não tem

relação natural com a realidade;

Assim, a ideia de “mar” não está ligada por

relação alguma interior à sequencia de sons m-a-r

que lhe serve de significante;

Arbitrário não quer dizer que o significado

dependa da livre escolha de quem fala, mas

depende de um grupo linguístico.

(SAUSSURE, 1999)

Imotivado – arbitrário em relação ao significado.

Arbitrário – as palavras formam um sistema autônomo

independente do que nomeiam (não existe uma razão

aparente para um significante estar relacionado a um

significado). Cada língua determina seus significantes

- exemplo: “mesa” (português); “table” (inglês).

O signo linguístico é arbitrário = cultural.

Convencional – o significado do signo depende de

um contrato social (convenção) entre os falantes de

uma língua natural ou de especialidade.

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

Page 23: o Signo Linguístico

07/11/2013

23

Significante relativamente arbitrário: ocorre

em palavras derivadas ou compostas, por

exemplo: Maçã e macieira.

As linguagens visuais possuem uma relação

motivada entre o significante e o significado,

ou seja, não é totalmente arbitrária. Exemplo:

significante justiça (FIORIN, 2002).

O símbolo de justiça não poderia ser

substituído por outro, um carro, por exemplo,

porque existe um vínculo natural entre o

símbolo e seu significado (SAUSSURE, 1999).

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

O significante desenvolve-se no tempo (linearidade) devido a sua natureza auditiva, representando uma extensão que é mensurável em uma só direção (em linha). Por isso, seus elementos se apresentam um após o outro por meio do som e também pela escrita (SAUSSURE, 1999).

Linearidade do significante: os sons são produzidos um de cada vez; diferente da linguagem visual, como a pintura, que apresenta todos seus elementos de uma só vez. (FIORIN, 1999).

Exemplo: PESCADOR.

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

Page 24: o Signo Linguístico

07/11/2013

24

O pescador, de Tarsila do Amaral – arte moderna

Imutabilidade do signo: “Se, com relação à ideia

que representa, o significante aparece como

escolhido livremente, em compensação, com

relação à comunidade linguística que o emprega,

não é livre: é imposto” (SAUSSRE, 1999, p. 85).

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

Page 25: o Signo Linguístico

07/11/2013

25

Mutabilidade do signo: “O tempo, que assegura a

continuidade da língua tem um outro efeito, em

aparência contraditório com o primeiro: o de

alterar mais ou menos rapidamente os signos

linguísticos e, em certo sentido, pode-se falar, ao

mesmo tempo, da imutabilidade e mutabilidade

dos signo” (SAUSSURE, 1999, p. 89).

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

Mutabilidade do signo: as alterações fonéticas,

de sentido, ou outras, acabam por ocasionar um

deslocamento da relação entre significante e

significado, estabelecida anteriormente. Mas,

movidas por forças sociais, que atuam sobre a

língua (SAUSSURE, 1999).

Page 26: o Signo Linguístico

07/11/2013

26

SIGNO LINGUÍSTICO - CARACTERÍSTICAS

Denotação e conotação: modos de entender as

alterações semânticas e significados (FIORIN, 2002).

DENOTAÇÃO: signo cujo plano de expressão é um

signo: olho – órgão da visão.

CONOTAÇÃO: acrescenta um segundo conteúdo ao

signo denotado: olho de gato – chapinha que

reflete a luz em pequenos postes na estrada para

indicar o limite da estrada. REQUER a relação entre

o significado do signo denotado e o novo

significado (traço em comum).

Principais características da conotação

Metáfora: “é o acréscimo de um significado a outro,

quando entre eles existe uma relação de semelhança,

uma interseção” (FIORIN, 2002, p. 66). Existem traços

comuns (características comuns) entre os dois

significados. Também, produz sentido figurado por

meio de comparações. Exemplo:

Seus olhos são luzes brilhantes.

As luzes brilhantes olhavam-me (verdadeira

metáfora: substituição de olhos por luzes brilhantes).

Page 27: o Signo Linguístico

07/11/2013

27

Metáfora

“Amor é fogo que arde sem se ver.

é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.”

(Luís Vaz de Camões).

Fogo: mantém seu sentido próprio (calor e luz, produto

da combustão de matérias inflamáveis); possui sentido

figurado de paixão, excitação, sofrimento.

Principais características da conotação

Metonímia: “é o acréscimo de um significado a outro,

quando entre eles há uma relação de contiguidade, de

coexistência, de interdependência”. O termo contém

outro significado devido a alguma semelhança.

Exemplo:

O homem foi à Lua (alguns astronautas foram à Lua.);

A balança penderá para teu lado (a justiça ficará ao

teu lado.).

Também é uma figura de linguagem, que emprega um

termo no lugar de outro, devido a sua semelhança ou

associação de significado.

Page 28: o Signo Linguístico

07/11/2013

28

Principais características da conotação

Sinédoque: similar à metonímia, contém uma

relação de inclusão entre os dois significados,

indicando um a parte e o outro o todo. Exemplo:

Parte pelo todo: Várias pernas passavam

apressadamente (pernas no lugar de pessoas);

Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo

(cálice no lugar de líquido).

BENVENISTE

Linguista nascido na Síria, mas estudou na França.

Foi aluno de Saussure, trabalhou no Collège de

France como professor de linguística.

Principal obra: Problemas de Linguística Geral I e

II, com a seleção de artigos escritos ao longo de

mais de vinte e cinco anos.

Page 29: o Signo Linguístico

07/11/2013

29

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

Analisa o signo linguístico segundo Saussure e as dicotomias. Verifica, conforme Saussure, que a linguagem contém características marcadas da dualidade opositiva, por exemplo:

Articulatória e acústica;

Som e sentido;

Indivíduo e sociedade;

Língua e fala;

Material e não substancial;

Memorial (paradigmático) e sintagmático;

Identidade e oposição;

Sincrônico e diacrônico.

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

Para Saussure, o signo é naturalmente arbitrário ou imotivado, portanto, não apresenta ligação natural com a realidade, apenas com o que é determinada por convenção para o conceito.

O signo é arbitrário porque o significado não tem ligação com a realidade = afirmação falseada pelo uso inconsciente de um terceiro termo que não estava compreendido na definição inicial, a realidade.

Exemplo: para explicar a arbitrariedade, demonstrando que em uma língua existe boi e em outra oks, é necessário compreender a realidade que essas palavras se referem.

(boi em inglês: ox; boi em alemão: ochse). (BENVENISTE, 1991)

Page 30: o Signo Linguístico

07/11/2013

30

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

Benveniste (1991), também estabelece que a união entre significante e significado não é arbitrária, e sim necessária:

“O conceito („significado‟) “boi” é forçosamente idêntico na minha consciência ao conjunto fônico („significante‟) boi. Como poderia ser diferente? Juntos os dois foram impressos no meu espírito; juntos evocam-se mutuamente em qualquer circunstância. Há entre os dois uma simbiose tão estreita que o conceito „boi‟ é como que a alma da imagem acústica boi. O espírito não contém formas vazias, conceitos não nomeados” (BENVENISTE, 1991, p. 55-56).

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

Saussure diz: “Psicologicamente, excetuando-se sua

expressão por meio das palavras, o nosso pensamento

é apenas uma massa amorfa e indistinta. Filósofos e

linguistas concordaram sempre em reconhecer que, sem

o concurso dos signos, seríamos incapazes de distinguir

duas ideias da maneira clara e constante. Tomando em

si mesmo, o pensamento é como uma nebulosa em que

nada é necessariamente delimitado. Não há ideias

preestabelecidas e nada é distinto antes do

aparecimento da língua.” (BENVENISTE, 1991, p. 56).

Page 31: o Signo Linguístico

07/11/2013

31

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

“O significante e o significado, a representação

mental e a imagem acústica são, pois, na realidade

as duas faces de uma mesma noção e se compõem

juntos como o incorporante e o incorporado”

(BENVENISTE, 1991, p. 56).

Para o falante, o signo encobre e comanda a

realidade, ele é a realidade.

Benveniste (1991, p. 56), afirma que o signo

linguístico não é arbitrário, mas somente neste caso

é arbitrário: “O que é arbitrário é que um signo,

mas não outro, se aplica a determinado elemento

da realidade, mas não a outro.”

Maçã, mas não banana, se aplica a determinado

elemento da realidade (maçã), mas não banana.

SIGNO LINGUÍSTICO - BENVENISTE

Page 32: o Signo Linguístico

07/11/2013

32

HJELMSLEV

Linguista dinamarquês, que propôs com Hans

Jorgen Uldall, a teoria estruturalista da

Glossemática, e a Escola de Copenhague. A

linguagem na glossemática compreende tanto as

linguísticas, como as não linguísticas.

SIGNO LINGUÍSTICO - HJELMSLEV

Hjelmslev incorpora a noção de valor no conceito

de signo e muda a concepção do conceito de

signo linguístico de Saussure, quando afirma que

um signo linguístico contém plano de expressão e

plano de conteúdo. (FIORIN, 2002).

Page 33: o Signo Linguístico

07/11/2013

33

SIGNO LINGUÍSTICO - HJELMSLEV

O signo linguístico para Hjelmslev une uma forma de

expressão a uma forma de conteúdo e cada uma

contém uma matéria e uma substância.

ERC: expressão em relação ao conteúdo que une duas

formas, que se manifestam por duas substâncias.

(FIORIN, 2002)

Também contém uma relação de dependência entre

seus elementos, conforme a figura a seguir baseada

em Hjelmslev e Nöth (2005):

S

I

G

N

O

S

I

G

N

O

Forma de conteúdo

Forma de expressão

Substância de expressão

Matéria de expressão

Substância de conteúdo

Matéria de conteúdo

Baseado em Hjelmslev e Nöth (2005)

Page 34: o Signo Linguístico

07/11/2013

34

Matéria: pensamento amorfo

Matéria de expressão: “potencial fonético de

articulação vocal humana, que é usado

diferentemente para formar os sistemas fonológicos

das línguas naturais do mundo”.

Matéria de conteúdo: “potencial de comunicação

gráfica usado para formar sistemas de escrita ou o

potencial de comunicação gestual do qual

linguagens gestuais fazem uso”.

(NÖTH, 2005, p. 62)

Substâncias: sons e conceitos

Substância: gerados pela forma e não preexistem

sem ela (sempre depende da forma):

Substância de expressão: sons.

Substância de conteúdo: conceitos.

Os sons p/b surgem da oposição de sons

surdo/sonoro.

O conceito homem se opõe ao de mulher, mas

ambos são seres humanos.

(FIORIN, 2002)

Page 35: o Signo Linguístico

07/11/2013

35

Forma: regras que determinam

semelhanças e diferenças

Forma corresponde ao que Saussure denomina de valor: um com junto de diferenças.

Forma de expressão: diferenças fônicas e suas regras combinatórias.

Forma do conteúdo: diferenças semânticas e suas regras combinatórias.

Conjuntos de diferenças definidos por valor, conforme seus traços característicos e opostos, como também ao que confere identidade.

(FIORIN, 2002)

Forma de expressão: diferenças fônicas e suas regras combinatórias.

Diferenças entre p/b: o primeiro contém o traço (característica) de /surdez/ e o segundo o traço de /sonoridade/.

Forma do conteúdo: diferenças semânticas e suas regras combinatórias.

Homem/mulher, ambos tem o traço humano, mas se distinguem pelos traços característicos de /masculinidade/ e /feminilidade/. Homem: contém dois valores, um para ser “humano” e outro para “ser humano do sexo masculino”.

(FIORIN, 2002)

Forma: regras que determinam

semelhanças e diferenças

Page 36: o Signo Linguístico

07/11/2013

36

Segundo Adam Schaff (1968),

citado por Fiorin (2002).

CLASSIFICAÇÃO DOS SIGNOS

CLASSIFICAÇÃO DOS SIGNOS

Adam Schaff (1968), propôs uma classificação

que abrange todos os tipos de signos enquanto

unidades que contém uma relação entre uma

expressão e um conteúdo (FIORIN, 2002).

Page 37: o Signo Linguístico

07/11/2013

37

Signos quanto a intenção comunicativa

Signos naturais: fenômenos da natureza que são

veículos e um outro fenômeno natural (exemplo: onde

há fumaça – expressão – existe fogo – conteúdo).

Signos artificiais: produzidos para fins de

comunicação, resultantes de acordos e convenções

(exemplos: palavras, sinais de trânsito, pintura,

escultura etc). (FIORIN, 2002).

Signos artificiais – função de

interpretação de diferentes linguagens

Signos verbais: interpretam todas as linguagens (os

signos de outras linguagens não podem interpretar o

signo linguístico, pois, por exemplo, nem tudo que é

expresso verbalmente pode-se expressar visualmente.

Exemplo: amor e dor);

Signos com expressão derivativa: provocam uma reação

conforme um acordo pré-estabelecido:

Sinais: levam o homem a fazer ou não algo, exemplo:

apito do juiz em jogo de futebol.

Signos substitutivos: representam alguma coisa, por

exemplo: uma foto, uma maquete etc. (FIORIN, 2002).

Page 38: o Signo Linguístico

07/11/2013

38

Signos substitutivos – divididos

conforme a natureza do significado

Signos substitutivos stricto sensu (sentido estrito): o significante expressa um significado concreto, exemplo: auto retrato, planta arquitetônica de uma casa. Refere-se a algo do mundo material.

Símbolos: elemento concreto que representa um abstrato, segundo uma convenção. Refere-se a algo do mundo subjetivo que não pode ser visto, por isso precisa de uma representação por um símbolo, exemplo: balança símbolo da justiça; sentimentos; classificações com tipos de alguma coisa: religião.

(FIORIN, 2002).

REFERÊNCIAS

BENVENISTE, E. Problemas de linguística geral I. 3. ed. Campinas:

pontes, 1991.

FIORIN, J.L. Teoria dos signos. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à

Linguística: I. Objetos teóricos. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2002.

MORAES, J. B. E. de. Linguística: conceituação, objeto, modalidades

e níveis de descrição. Texto do autor.

NÖTH, W. A semiótica no século XX. 3. ed. São Paulo: Annablume,

2005.

PIETROFORTE, A. V. A língua como objeto da Linguística. In: FIORIN,

J. L. (Org.). Introdução à Linguística: I. Objetos teóricos. 3. ed. São

Paulo: Contexto, 2002.

SAUSSURE, F de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix,

1999.