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O trajeto numa Montanha Russapara Professor de Educação Física Relatório de Estágio Profissional Orientadora: Professora Doutora Zélia Matos Paulo Jorge Ribeiro Sousa Porto, setembro de 2017 Relatório de Estágio Profissional, apresentado com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro).

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O trajeto numa “Montanha Russa”

para Professor de Educação Física

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Doutora Zélia Matos

Paulo Jorge Ribeiro Sousa

Porto, setembro de 2017

Relatório de Estágio Profissional,

apresentado com vista à obtenção do 2º

Ciclo de Estudos conducente ao grau de

Mestre em Ensino de Educação Física

nos Ensinos Básico e Secundário

(Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e

o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro).

Ficha de Catalogação

Sousa, P. (2017). O trajeto numa Montanha Russa de um Profissional de

Educação Física. Porto: P. Sousa. Relatório de Estágio Profissional para a

obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA;

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO; PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM; TESTE

SOCIOMÉTRICO.

III

Dedicatória

Aos meus pais,

Por todo o esforço e sacrifício ao longo do meu percurso académico,

permitindo assim que eu alcançasse o meu objetivo.

V

Agradecimentos

À Professora Doutora Zélia Matos por toda a compreensão e

acompanhamento ao longo do ano, pela partilha e pelos ensinamentos

fundamentais que me transmitiu.

À Professora Manuela Machado pela dedicação e profissionalismo

demonstrado ao longo deste ano letivo, e pela partilha de conhecimentos com

vista ao meu crescimento.

Aos Professores da Faculdade por toda a informação e conhecimentos

partilhados ao longo deste mestrado e por todo o profissionalismo

demonstrado.

Aos Professores da Escola Básica e Secundária D. Dinis, colegas

neste ano de estágio profissional, pela partilha de ideias, de conhecimentos e

pela disponibilidade que me apresentaram.

Aos meus Alunos, pelos desafios que me colocaram, por tudo o que me

ensinaram e essencialmente por me permitir crescer nesta minha caminhada.

Ao Luís Alves, companheiro nesta nossa longa batalha, pelas

conversas, pela partilha de ideias, pelos momentos de descontração e pela

amizade que ficou bem vincada neste ano de estágio profissional.

E certamente sem vocês, isto seria impossível de conseguir…

Aos meus Pais, pelos seus esforços ao longo destes cinco anos, pela

coragem e carinho demonstrado nos momentos mais difíceis, pela força que

sempre me transmitiram e me fizeram acreditar que seria possível.

VI

À minha namorada Diana Costa, que me acompanhou de perto neste

momento particular da minha formação, estando sempre disponível para me

ajudar, compreendendo também os momentos mais complicados e

essencialmente tornando-se num enorme pilar para tudo.

À minha Madrinha, por todo o incentivo e motivação que me deu e por

me fazer acreditar que isto seria possível.

Aos meus Amigos, por toda a compreensão e auxílio nesta fase

importante da minha vida.

A todos vós, um muito obrigado!

VII

Índice Geral

Dedicatória ....................................................................................................... III

Agradecimentos ................................................................................................ V

Índices de Tabelas ......................................................................................... XIII

Índices de Figuras ........................................................................................... XV

Índice de Anexos .......................................................................................... XVII

Resumo ......................................................................................................... XIX

Abstract .......................................................................................................... XXI

Lista de Abreviaturas ................................................................................... XXIII

1. Introdução ..................................................................................................... 1

2. Enquadramento Pessoal ............................................................................... 3

2.1 O meu percurso até ao Estágio Profissional ............................................ 3

2.2 Um olhar sobre o Estágio Profissional ..................................................... 6

2.2.1 A passagem para o contexto de EP: o choque com a realidade ........ 8

2.2.2 Formar para atuar: a importância para a Educação Física ............... 11

2.2.3 Relação Teoria-Prática .................................................................... 12

2.2.4 A importância da reflexão no Processo de Ensino-Aprendizagem ... 13

3. Enquadramento da Prática Profissional - O contexto de estágio ................. 17

3.1 Papel da Educação Física no currículo escolar ...................................... 17

3.2 A Escola como instituição ...................................................................... 19

3.3 Escola Básica e Secundária D. Dinis ..................................................... 20

3.4 Núcleo de Estágio: um espaço de partilha ............................................. 23

3.5 Os alunos, 12ºD ..................................................................................... 25

3.5.1 Ficha Individual do Aluno ................................................................. 25

3.5.2 Análise e Interpretação das fichas individuais .................................. 27

3.5.3 Dados Pessoais ............................................................................... 27

3.5.4 Dados relativos à Educação Física .................................................. 28

3.5.5 Dados de Saúde do Aluno ............................................................... 32

3.5.6 Dados relativos ao Encarregado de Educação ................................ 33

4. Organização e Gestão do Processo de Ensino-Aprendizagem ................... 35

4.1 Conceção, Planeamento e Realização .................................................. 35

VIII

4.1.1 Planear – A passagem da Teoria à Prática ...................................... 35

4.1.2 A grande diversidade dos modelos de ensino .................................. 48

4.1.3 Os (des)níveis da prática motora ..................................................... 50

4.1.4 Instrução .......................................................................................... 53

4.1.5 Gestão da Aula: A preocupação com o máximo de tempo em

exercitação motora ................................................................................... 56

4.1.6 Feedback – a procura de um ciclo correto ....................................... 58

4.1.7 As turmas partilhadas e o processo de observação ......................... 60

4.1.8 Avaliação de um processo ............................................................... 63

4.2 Participação na Escola e Relação com a Comunidade .......................... 68

4.2.1 Corta-Mato Escolar .......................................................................... 68

4.2.2 - Desporto Escolar ........................................................................... 70

4.2.3 – Direção de Turma ......................................................................... 72

4.2.4 – A participação nas diversas reuniões ............................................ 73

4.2.5 – “Open Day” ................................................................................... 75

4.3 Estudo de Investigação-Ação: “A Perceção das Relações de um Grupo

através da Aplicação de um Teste Sociométrico.” ....................................... 78

4.3.1 Resumo ........................................................................................... 78

4.3.2 A escolha da Sociometria ................................................................ 79

4.3.3 Enquadramento Teórico .................................................................. 80

4.3.3.1 O processo educativo – um ato de relação social ..................... 80

4.3.3.2 As Dinâmicas de Grupo ............................................................ 82

4.3.3.3 Teste sociométrico e de perceção sociométrica ........................ 83

4.3.3.4 Quais as informações que o teste fornece? .............................. 84

4.3.3.5 Limitações do Teste .................................................................. 85

4.3.4 Objetivos.......................................................................................... 85

4.3.4.1 Geral: ........................................................................................ 85

4.3.4.2 Específicos: .............................................................................. 85

4.3.5 Metodologia ..................................................................................... 86

4.3.5.1 Participantes ............................................................................. 86

4.3.5.2 Procedimento ............................................................................ 86

4.3.5.3 Instrumento (Aplicação do Teste sociométrico e do Teste de

Perceção Sociométrica) ........................................................................ 86

IX

4.3.6 Apresentação e Discussão dos Resultados ..................................... 87

4.3.7 Conclusões .....................................................................................105

4.3.8 Referências Bibliográficas ..............................................................108

5. Conclusões e Perspetivas Futuras .............................................................109

6. Referências Bibliográficas ..........................................................................111

Anexos ......................................................................................................... XXV

XI

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Idade dos Alunos ......................................................................... 27

Gráfico 2 – Sexo dos Alunos .......................................................................... 27

Gráfico 3 – Peso dos Alunos .......................................................................... 28

Gráfico 4 – Altura dos Alunos ......................................................................... 28

Gráfico 5 – Motivação dos alunos quanto à Educação Física ........................ 29

Gráfico 6 – Modalidades preferidas dos alunos.............................................. 29

Gráfico 7 – Sabe nadar? ................................................................................ 30

Gráfico 8 – Estilo de nado que sabe nadar? .................................................. 31

Gráfico 9 – Prática Desportiva?...................................................................... 32

Gráfico 10 – Problemas de Saúde ................................................................. 32

Gráfico 11 – Doenças dos Alunos .................................................................. 33

Gráfico 12 - Habilitações Literárias do Encarregado de Educação ................. 33

Gráfico 13 - Comportamentos observados durante a aula ............................. 62

XIII

Índices de Tabelas

Tabela 1 – Distribuição das matérias por unidade letiva. ................................ 39

Tabela 2 – Comportamentos observados durante a aula ................................ 62

Tabela 3 – Critérios de Avaliação utilizados no ano letivo .............................. 67

Tabela 4 - Sociograma do Grupo A – “Preferências”. ..................................... 88

Tabela 5 - Sociograma do Grupo B – “Rejeições”. .......................................... 89

Tabela 6 - Sociograma do Grupo C – “Perceção das Preferências”. ............... 90

Tabela 7 - Sociograma do Grupo D – “Perceção das Rejeições”. ................... 91

Tabela 8 – Distribuição dos alunos nos quatro índices. .................................. 93

Tabela 9 - Sociograma do Grupo A – “Preferências”. ..................................... 97

Tabela 10 - Sociograma do Grupo B – “Rejeições”. ........................................ 98

Tabela 11 - Sociograma do Grupo C – “Perceção das Preferências”. ............. 99

Tabela 12 - Sociograma do Grupo D – “Perceção das Rejeições”. ................100

Tabela 13 – Distribuição dos alunos nos quatro índices. ...............................101

XV

Índices de Figuras

Figura 1 - Situação de Aprendizagem por níveis 1. ........................................ 46

Figura 2 - Situação de Aprendizagem por níveis 2. ........................................ 46

Figura 3 - Evento do Desporto Escolar - “3º Encontro de Trampolins e

Ginástica Artística” .......................................................................................... 71

Figura 4 – “Open Day:” Pavilhão com diversas modalidades; Zumba. ........... 77

Figura 5 - Sociograma das preferências recíprocas. No centro os alunos

"populares"; no círculo exterior os "isolados". ................................................. 88

Figura 6 - Sociograma das rejeições recíprocas. No centro os alunos "mais

rejeitados"; ...................................................................................................... 89

Figura 7 - Sociograma de reciprocidade de escolhas relativo à perceção das

preferências. No centro os alunos "populares"; no círculo exterior os "isolados".

........................................................................................................................ 90

Figura 8 - Sociograma de reciprocidade relativo à perceção das rejeições. No

centro os alunos "mais rejeitados". ................................................................. 91

Figura 9 - Sociograma das preferências recíprocas. No centro os alunos

"populares"; no círculo exterior os "isolados". ................................................. 97

Figura 10 - Sociograma das rejeições recíprocas. No centro os alunos "mais

rejeitados"; ...................................................................................................... 98

Figura 11 - Sociograma de reciprocidade de escolhas relativo à perceção das

preferências. No centro os alunos "populares"; no círculo exterior os "isolados".

........................................................................................................................ 99

Figura 12 – Sociograma de reciprocidade relativo à perceção das rejeições. No

centro os alunos "mais rejeitados". ................................................................100

XVII

Índice de Anexos

Anexo 1. Questionário Inicial Alunos .......................................................... XXVI

Anexo 2. Mapa de Distribuição de Matérias ............................................. XXVIII

Anexo 3. Cartaz “Open Day” ..................................................................... XXXII

Anexo 4. Teste Sociométrico (1ª aplicação) ............................................. XXXIII

Anexo 5. Teste de Perceção Sociométrica (2ª aplicação) ........................ XXXIII

XIX

Resumo

O presente documento tem como propósito uma reflexão crítica e

fundamentada sobre a experiência do Estágio Profissional, no âmbito do

segundo Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio

Profissional é um processo de caráter pessoal, sendo um momento particular

para convocar todos os conhecimentos adquiridos durante a formação inicial e

colocá-los em prática no contexto real de ensino. O presente Relatório de

Estágio Profissional reflete o percurso de um estudante-estagiário num

ambiente novo, a Escola Básica e Secundária D. Dinis. Está organizado em

sete capítulos: (1) a Introdução, onde é revelado o propósito deste documento;

(2) o Enquadramento Pessoal, onde estão descritas todas as razões do

estudante estagiário que levaram à escolha deste curso de formação, bem

como todo o seu percurso até lá; (3) o Enquadramento da Prática Profissional,

onde é explicado o contexto de realização do estágio profissional; (4)

Organização e Gestão do Processo Ensino-Aprendizagem, que está dividido

em três áreas, sendo elas a Conceção, Planeamento e Realização,

Participação na Escola e Relação com a Comunidade e Desenvolvimento

Profissional. Neste último está inserido o estudo de investigação, com o tema

“A Perceção das Relações de um Grupo através da Aplicação de um Teste

Sociométrico”; (5) Conclusões e Perspetivas Futuras, onde é apresentado o

balanço final do Estágio Profissional bem com as aspirações futuras do

Estudante Estagiário (6) e (7) Referências Bibliográficas e Anexos,

respetivamente.

Palavras-Chave: ESTÁGIO PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA;

ESTUDANTE ESTAGIÁRIO; PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM; TESTE

SOCIOMÉTRICO.

XXI

Abstract

This document aims at a critical and reasoned reflection on an experience of

the Practicum (Student Teaching), in the scope of the 2nd Cycle in Physical

Education Teaching in Basic and Secondary Education, at the Faculty of Sport

of the University of Oporto . The Practicum (Student Teaching) is a process of

singular and personal character, being a particular moment to summon all the

knowledge acquired during the initial formation and to put them into practice in

the real context of teaching. This Internship Report reflects the trajectory of a

trainee student in a new environment, Escola Básica e Secundária D. Dinis. It is

organized into seven chapters: (1) Introduction, where the purpose of this

document is revealed; (2) The Personal Framework, which describes all the

reasons of the student trainee that led to the choice of this training course, as

well as the whole course of the course; (3) the Professional Practice

Framework, where the context of the internship is explained; (4) Organization

and Management of the Teaching-Learning Process, which is divided into three

areas: Conception, Planning and Realization, Participation in School and

Relationship with Community and Professional Development; In the latter is

inserted the research study, with the theme "The Perceived Relationships of a

Group through the Application of a Sociometric Test"; (5) Conclusions and

Future Perspectives, which presents the final balance of the Professional

Internship as well as the future aspirations of the Trainee Student (6) and (7)

Bibliographical References and Annexes, respectively.

Key-Words: PROFESSIONAL INTERNSHIP; PHYSICAL EDUCATION;

TRAINEE STUDENT; TEACHING-LEARNING PROCESS; SOCIOMETRIC

TEST.

XXIII

Lista de Abreviaturas

DT – Diretor de Turma

DE – Desporto Escolar

EE – Estudante Estagiário

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

EBSDD – Escola Básica e Secundária D. Dinis

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FB – Feedback

ISMAI – Instituto Superior da Maia

NE – Núcleo de Estágio

PA – Plano de Aula

PEA – Processo de Ensino Aprendizagem

PC – Professor Cooperante

PO – Professor Orientador

SOP – Sistema de Observação do Comportamento do Professor

TGfU – Teaching Games for Understanding

UD – Unidade Didática

1

1. Introdução

O presente Relatório de Estágio Profissional diz respeito a toda a

experiência vivenciada ao longo do Estágio Profissional (EP), enunciando os

momentos mais marcantes desta minha etapa. O EP insere-se no 2º Ciclo em

Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário e remete para a

fase final da formação inicial do futuro professor, o qual se encontra em

situação de prática real de ensino, supervisionada pela Professora Cooperante

(PC) e pela Professor Orientadora (PO).

O estágio profissional foi realizado na Escola Básica e Secundária D.

Dinis (EBSDD), situada na cidade de Santo Tirso, pertencente ao Agrupamento

de Escolas D. Dinis que inclui mais sete escolas distribuídas pelo concelho.

O Núcleo de Estágio (NE) é composto por dois estudantes estagiários, a

PO e a PC.

De acordo com as Normas Orientadoras do Estágio Profissional

(2016/2017) a prática de ensino supervisionada “visa a integração no exercício

da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real,

desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros

docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios

e exigências da profissão”, mas também recomenda a integração do

conhecimento necessário ao professor adquirido anteriormente, incorporando a

relação teoria-prática no contexto escolar.

Este ano de EP é de extrema importância para o estudante-estagiário

(EE), visto que este assume a função de professor, com a responsabilidade da

docência.

Ao longo do primeiro ano do curso de mestrado fui adquirindo alguma

experiência a partir dos conhecimentos teóricos que sustentam a prática, de

modo a que, neste ano de estágio, os pudesse convocar para resolver os

problemas e as dificuldades colocadas pela prática.

Neste processo, pretende-se que o EE desenvolva o máximo de

competências que serão cruciais para o exercício futuro da sua profissão, com

base na prática de ensino supervisionado, na reflexão constante sobre as

práticas utilizadas e na constante reformulação das mesmas. O EE

2

desenvolverá o máximo de competências essenciais para o exercício da

profissão.

No decorrer deste ano letivo tive a responsabilidade direta de lecionar a

disciplina de Educação Física (EF) a uma turma de 12º ano, a observação das

aulas da turma partilhada (ensino básico) e a observação das aulas do meu

colega de NE, permitindo criar situações de análise e reflexão de diferentes

práticas que me permitiram uma maior riqueza de experiências que poderão

ser bastante úteis no meu futuro enquanto profissional. Para além disto, todas

as aulas foram supervisionadas pela PC, tendo ela como função guiar-nos em

todo o Processo de Ensino-Aprendizagem (PEA).

Neste documento, pretende-se evidenciar todas as experiências,

aprendizagens e problemas que aconteceram ao longo do ano letivo e com isto

refletir o meu percurso ao longo deste estágio profissional.

O documento está dividido em 3 grandes áreas, como seria previsto no

Regulamento de Estágio Profissional, que contempla:

Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade

Área 3 – Desenvolvimento Profissional

A primeira tem um cariz mais pessoal, referente às expetativas iniciais e

de estágio, qual o meu percurso até ao mesmo e a importância do estágio

profissional na formação de professores.

A segunda área diz respeito ao contexto de ensino e a sua

caraterização, contemplando assim os alunos, a escola e a comunidade.

O terceiro ponto remete para toda a prática de ensino e o estudo de

investigação-ação que foi desenvolvido ao longo do ano letivo.

3

2. Enquadramento Pessoal

Neste capítulo do relatório de EP será feito um enquadramento sobre o

EE e sobre o EP, discorrendo das temáticas da formação, do papel do EP e do

processo reflexivo na formação de professores.

Batista e Queirós (2013) definem o estágio no contexto da formação

inicial de professores como um espaço privilegiado de socialização na

profissão, que a investigação tem encarado com prestativas diferentes. O ano

de EP define o primeiro contacto com a profissão e o relacionamento com

professores mais experientes permitindo uma aprendizagem dos elementos

que perfazem a atividade do professor.

Ao longo do meu percurso de formação inicial fui criando uma própria

conceção da EF que me fez olhar para esta disciplina com muito agrado e me

inspirou a optar por uma profissão ligada à docência. Queirós (2014) define que

a aprendizagem da docência não se inicia com o ingresso na profissão, mas

que é um processo que se constrói ao longo da vida, desde a escolarização

inicial até aos cursos de formação inicial, promovendo assim a constituição de

crenças e conceções que serão submetidas a uma constante reflexão.

Assim sendo, irei fazer uma descrição do que me fez olhar para a EF

nesta perspetiva e o porquê de pretender ter uma profissão ligada à docência.

2.1 O meu percurso até ao Estágio Profissional

A história de vida do professor permite entender o seu relacionamento

com os demais, as suas expetativas mediante a sua profissão e o que foi tido

em conta na tomada de decisão para a docência. Então, para perceber o que

conduziu à escolha da docência na EF, é necessário compreender as

características pessoais e o percurso académico.

Nóvoa (2008) define que a escolha de uma determinada profissão está

certamente marcada pelas vivências enquanto jovens e pelas ambições

referentes ao nosso papel como adultos. Neste sentido, Queirós (2014) define

que o professor em início de carreira já foi aluno durante muitos anos,

proporcionando-lhe o contacto com diferentes modos de atuação por parte dos

professores, podendo escolher esta profissão mediante o profissionalismo dos

professores com quem esteve relacionado.

4

Nascido no ano de 1992, desde cedo fui confrontado com a necessidade

de exercitar a capacidade de resiliência na realização das tarefas, a

importância “dos estudos” para um futuro melhor, bem como a assunção de

responsabilidades na vida.

Durante a minha infância sempre tive contacto com atividades

desportivas, lato senso falando, nomeadamente nas diversas brincadeiras que

fazia nesta tenra idade. Na escola, logo no primeiro ciclo, na escola EB1 de

Porto Carreiro, tive algumas aulas de natação, essa pequena experiência

levou-me a iniciar a prática desportiva de natação com apenas 8 anos de

idade, praticando a mesma durante dois anos.

Aos 10 anos de idade, decidi procurar uma prática desportiva diferente e

optei pelo futebol, que passou a ser a minha modalidade de eleição e com a

qual ainda mantenho contactos diretos.

Integrado no meu percurso escolar, o desporto fez parte do meu

crescimento. Sempre tive que saber conciliar o meu estudo com a prática

desportiva. Vejo isso como um aspeto positivo, que me tornou mais

responsável e, importante também, pelas inúmeras experiências que me

trouxeram valores importantes na minha formação, tais como a

responsabilidade, o compromisso, a vontade de fazer bem e o espírito de

resiliência.

Durante o período da infância/adolescência a enorme paixão pelo

desporto acentuava-se cada vez mais. O contacto direto com as modalidades

desportivas atrás enunciadas, e a prática desportiva nas aulas de EF fizeram-

me realmente apaixonar ainda mais pelo Desporto. Por outro lado, o

relacionamento com profissionais competentes, professores e treinadores, fez-

me perceber a relevância do desporto, os valores que me eram transmitidos e

comecei a sonhar com uma profissão ligada ao desporto.

No 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico, acentuou-se o gosto pelas aulas de

EF e essa disciplina foi sempre a preferida, tendo sido sempre realizada com

muito agrado e satisfação. Este motivo de satisfação deveu-se muito ao

trabalho dos excelentes professores com quem tive contacto e ao que me

5

ensinaram, e, a partir daí, comecei a conceber a possibilidade de, no futuro, a

minha profissão ser professor de EF.

O meu ensino secundário foi realizado na Escola Secundária D. Dinis –

Santo Tirso, no qual ingressei no Curso Tecnológico de Desporto.

Decorridos os três anos do ensino secundário, decidi candidatar-me à

licenciatura para adquirir a formação necessária para mais tarde exercer uma

profissão na área do desporto. Assim sendo, ingressei na Licenciatura de EF e

Desporto no Instituto Superior da Maia (ISMAI) no ano de 2010 e concluí a

mesma em junho de 2013.

Com a licenciatura concluída, e pretendendo prosseguir a minha

formação num curso de mestrado, a experiência positiva na disciplina de EF foi

bastante, que me fez pensar muitas vezes que essa poderia ser uma escolha

para mim. O objetivo de ensinar as crianças e jovens era muito desafiante e

fez-me decidir, no ano de 2015, candidatar-me à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP), para ingressar no Mestrado de Ensino de EF

nos Ensinos Básico e Secundário.

A envolvência que o desporto tem na formação da pessoa, enquadrando

todos os valores que neste estão presente, fez-me acreditar que poderia ter

sucesso na transmissão destas valências aos mais novos, daí também a minha

vontade de ingressar neste Mestrado e acreditar vivamente que poderia ter

uma profissão ligada ao desporto.

As realidades distintas na minha formação inicial, desde a licenciatura no

ISMAI ao mestrado na FADEUP, fizeram-me ter uma ideia de diferentes

conceções quanto à mesma realidade, a EF.

O 1º ano de mestrado foi um ano de inúmeras experiências novas, com

disciplinas que considero fulcrais, como a didática geral do desporto e as

didáticas específicas, profissionalidade pedagógica, desenvolvimento curricular

em EF, gestão e cultura organizacional de escola, em que os conhecimentos

específicos transmitidos têm uma enorme importância para a docência.

O 2º ano (o de estágio) decorreu na EBSDD. A escolha desta escola

deveu-se à proximidade geográfica do local onde resido, tornando-se assim

mais cómodo para mim.

6

Este ano é a derradeira oportunidade de vivenciar de forma direta o

ensino da EF, sendo importante e indispensável convocar os conhecimentos do

primeiro ano de mestrado e na formação inicial em geral, para responder às

exigências colocadas pela prática, permitindo assim ultrapassar os problemas e

aumentar as minhas capacidades.

“A prática real de ensino possibilita a construção e a consolidação de um

conjunto de destrezas, de atitudes e, sobretudo, de saberes práticos essenciais

para o desempenho da profissão.” (Queirós, 2014, p.70).

2.2 Um olhar sobre o Estágio Profissional

O EP “entende-se como um projeto de formação do estudante com a

integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor,

numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o

conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a

formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um

professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em

consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das

funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e

gestão, investigativas e de cooperação.” (in Normas Orientadoras do EP,

2016/2017, p. 3).

O EP é um momento em que o EE atua com a colaboração da PC, da

PO e do seu NE, e no qual, todo o PEA será posto em causa no sentido da sua

melhoria.

Estando inserido num processo de formação inicial, com a possibilidade

de assumir durante um ano letivo a função de professor, numa fase inicial a

insegurança e a incerteza estavam presentes no dia-a-dia. O medo de não ter

a capacidade suficiente para lidar com a turma, de não estar à altura das

responsabilidades, de não conseguir guiar o PEA eram os meus maiores

receios.

Esta transição, de aluno para docente tem um enorme impacto. As

didáticas que foram abordadas durante o 1º ano, ou eram de duração muito

curta, em que a experiência, por vezes, consistia em lecionar apenas uma ou

7

duas aulas, ou, então, limitavam-se a apresentar a aula aos colegas de turma,

sendo um contexto extremamente distinto do que iria encontrar durante o

estágio.

A minha preparação e empenho nas unidades temáticas em que sentia

maior dificuldade teria que ser maior, sendo necessário um esforço redobrado

para ultrapassar as limitações e proporcionar aos alunos um maior

conhecimento de conteúdos. Desta forma, as reuniões com o NE e a pesquisa

que elaborei ao longo deste ano tornaram-se uma mais-valia para aumentar o

meu conhecimento.

“A troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de

formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar,

simultaneamente, o papel de formador e formando. A construção de

dispositivos de (auto)formação assistida e participada, através da diversificação

das modalidades de apoio e de consultoria, favorece a elaboração de projetos

pessoais de formação” (Novoa, 2002 p.39).

O EP é um momento caraterizado pela experimentação e inovação, em

que o EE terá que ter uma capacidade de refletir sobre a sua prática para

perceber quais os aspetos que são passiveis de ser alterados com vista a uma

melhoria do PEA.

Rodrigues e Ferreira (1998) definem o EP como um momento de

excelência de formação e reflexão. Este momento assume particular interesse

na formação dos professores por ser um momento de convergência, de

confrontação entre os saberes "teóricos" da formação inicial e os saberes

"práticos" da experiência profissional e da realidade social do ensino. Também

Alarcão (1996) afirma que um professor faz da sua prática um campo de

reflexão teórica estruturadora da ação.

O EP encontra-se sobre a supervisão do PC que servirá de apoio na

consecução de todo o PEA da responsabilidade do EE. Este tem a função de

assegurar a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação, permitindo

assim uma abertura à criatividade e a experiência de várias práticas que só é

permitida pela prática real de ensino. O PC observa toda essa prática e auxilia

o EE na análise dos seus procedimentos, procurando fazer uma correta ligação

8

entre os constructos teóricos e a ação prática. Batista e Queirós (2013)

remetem para a importância dos focos de discussão entre os EE e os

professores mais experientes, com o objetivo de promover o diálogo

profissional e encorajar os estudantes a estabelecerem ligações entre os

saberes teóricos acerca do ensinar e do aprender e as suas práticas no

contexto do PEA.

Neste sentido, penso que o EP é um momento único na formação de

professores, que permite ao EE o assimilar de novos conhecimentos que serão

fulcrais no seu futuro. É neste momento que o EE começa a ganhar bases

sobre a sua identidade na profissão e a relação com toda a comunidade

permitirá um enriquecimento a esse nível. Por outro lado, penso que o auxílio

da PC permitirá uma melhor integração do EE na escola e com a colaboração

das mesmas será possível “ganhar asas para voar”.

2.2.1 A passagem para o contexto de EP: o choque com a realidade

O EP, em contexto real de prática profissional, constitui uma peça

fundamental da estrutura formal de socialização inicial na profissão, “isto é no

processo pelo qual os candidatos à profissão vão passando de uma

participação periférica para uma participação mais interna e autónoma, no seio

da comunidade docente, de modo gradual e refletido, de imersão na cultura

profissional e de configuração e reconfiguração das suas identidades

profissionais” (Batista & Queirós, 2013).

O momento inicial da prática do EE leva a um enorme leque de

experiências e sentimentos que são desencadeados pela sua ação.

Sentimentos que tanto podem ser positivos como também negativos. O facto

de o EE ter um bom relacionamento com a turma e um conhecimento profundo

das matérias que aborda pode ajudar a manter um clima positivo relativamente

à passagem da formação para a profissão, designado como “choque com a

realidade” seja mais suave.

No meu caso particular, o “choque com a realidade” foi um pouco

negativo. As dificuldades iniciais apareceram, como já seria de esperar. A

minha inexperiência, alicerçada no primeiro contacto com esta realidade levou

9

a que alguns problemas fossem colocados em causa, tais como perder algum

tempo nas trocas das situações de aprendizagem, a formação de

grupos/equipas serem desniveladas.

“Quanto à ativação geral, penso que será importante trabalhar

aspetos de concentração… para que a aula se torne mais fluida e sem

paragens.” (Reflexão, 26 de setembro de 2016)

“Será necessário ter atenção à formação de grupos para que

estes sejam equilibrados e para que não ocorram comportamentos

desviantes nos exercícios mais analíticos.” (Reflexão, 26 de setembro de

2016)

Para a resolução deste tipo de problemas, a reflexão elaborada no final

de cada aula fez com que analisasse a minha prática e, a partir dessa análise

encontrasse estratégias para melhorar o PEA. As reuniões com o NE serviram

exatamente para debater os problemas que ocorreram ao longo da semana e

procurar igualmente estratégias de intervenção.

O NE tem um papel importantíssimo no desenvolvimento dos EE, na

medida em que estes, em sede de NE irão debater e refletir sobre eventuais

problemas e estratégias que visam o desenvolvimento profissional. Deste

modo, entende-se que o NE, constituído pelos estudantes-estagiários, PC e PO

da faculdade devem funcionar como comunidades práticas, levando os

estagiários a gerar novos conhecimentos e novas competências (Batista &

Queirós, 2013).

A passagem da formação para a profissão, no caso da docência, tem um

caracter bastante particular. O EE terá que assumir a dupla função, de

estudante e de professor. Ele encontra-se num processo em que se pode

considerar formando e ao mesmo tempo formador. Muitos dos seus

conhecimentos e das suas preconceções ocorrem mediante a sua vivência na

EF, ao longo de todo o seu processo de formação. O contacto com a realidade,

enquanto aluno, fez com que percebe-se algumas formas de agir, ter alguns

10

procedimentos que interiorizei e que me poderão ajudar a resolver

determinadas situações da prática. Mas, por outro lado, os problemas que

possam surgir poderão ser distintos dos que aconteceram enquanto aluno e aí

os conhecimentos práticos obtidos ao longo da formação inicial poderão ser a

base da resolução.

No momento do “choque com a realidade” a aprendizagem deverá

acontecer de forma mais fluída, através do auxílio do PC e do conhecimento de

professores mais experientes. O PC terá uma importante missão, a de unir o

grupo de EP, para que através de conversas informais ou através de reuniões,

o conhecimento de todos seja partilhado e o trabalho em equipa traga frutos

para todos.

Este choque surge por diversas razões, por vezes as práticas não se

adequam com o que era previsto pelo EE, as expetativas iniciais que surgem

são bastante ambiciosas e desenquadradas com a realidade levando a uma

enorme preocupação e inquietação por parte do EE, caraterizando-se assim,

na minha opinião, este momento do estágio. Huberman (2000) define que o

aspeto de sobrevivência designado “choque com a realidade” acontece devido

à confrontação inicial com a complexidade da situação profissional: a

preocupação consigo próprio (“estou-me a aguentar”), a distância entre os

ideais e as realidades quotidianas da sala de aula, a fragmentação do trabalho,

a dificuldade de fazer face, simultaneamente, à relação pedagógica e à

transmissão de conhecimento, etc.

Passado o “choque com a realidade”, que pode durar algum tempo ou

até mesmo por vezes provocar a desistência da profissão, o EE deverá

desenvolver as suas capacidades e aproveitar ao máximo para aprender, com

o auxílio de profissionais mais experientes. (Queirós, 2014).

O início do ano letivo foi um momento complicado, com o aparecimento

de situações novas e alicerçada à falta de experiência da minha parte,

promoveu alguns momentos de inquietação. No entanto, a reflexão realizada

no final de cada aula, bem como todas as reuniões que ocorriam no NE

serviram de âncora neste momento complicado que é o confronto com a

realidade.

11

2.2.2 Formar para atuar: a importância para a Educação Física

A formação de professores, mais específico, docentes de EF é um

processo que requer um vasto leque de conhecimento que posteriormente

serão convocados para pôr em prática. Para a docência, é extremamente

importante ter conhecimento das matérias que serão abordadas, e ao mesmo

tempo saber qual a forma de abordagem (conhecimento didático do conteúdo).

Neste sentido, o processo de formação não é apenas momentâneo, mas

sim produzido ao longo do tempo. O professor deve ser aberto à inovação e

com isto procurar conhecimento, sustentado na ciência, que lhe permita evoluir

e melhorar as suas fragilidades. Desta forma, todos saem beneficiados, os

alunos serão capazes de aprender ainda mais, visto que o conhecimento do

professor é mais abundante e a forma como aborda poderá produzir ainda mais

entendimento aos alunos. O professor torna-se cada vez mais profissional e

com o objetivo de ultrapassar as suas dificuldades, o seu profissionalismo

torna-se cada vez mais superior.

Nóvoa (2002) refere que estar em formação implica um investimento

pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e projetos próprios,

com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade

profissional.

“Para a formação de técnicos especializados, o ensino superior deveria

visar, fundamentalmente, a formação de pessoas, com pensamento próprio e

crítico, capazes de tomar decisões autónomas fundamentadas.” (Batista e

Pereira, 2014, p.84).

Nesta perspetiva, os professores devem ser capazes de ter uma

capacidade crítica bastante elevada, para que a análise de toda a sua prática

seja posta em causa, podendo assim alcançar estados superiores. Só dessa

forma é que terão autonomia para tomar as suas decisões e definir o seu

percurso. Na minha opinião, a formação deve transmitir os saberes teóricos

inerentes à profissão, tentando sempre que possível demonstrar a relação

entre os constructos teóricos e a sua aplicação na prática.

Sendo assim, “é fundamental, portanto, promover um sentido de

responsabilidade na formação, criando as condições necessárias para que os

12

estudantes obtenham ferramentas que os auxiliem a construir, eles próprios, o

seu caminho.” (Batista e Pereira, 2014, p.85)

Novoa (1992) depreende que a formação não se constrói por

acumulação (de cursos, de conhecimentos ou de técnicas), mas sim através de

um trabalho de reflexão crítica sobre as práticas utilizadas e de (re)construção

permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tao importante investir a

pessoa e dar um estatuto ao saber da experiência.

2.2.3 Relação Teoria-Prática

Numa primeira fase deste ano de EP, o “choque com a realidade” esteve

bem presente. As ideias pré-concebidas e a realidade que encontrei no EP

nem sempre eram congruentes. Mesmo com uma formação inicial que remete

na maioria das vezes para a prática, o contexto encontrado na escola é distinto.

Os alunos e as condições existentes fazem com que este momento se torne

muito particular, em que o EE terá que fazer uma correta articulação dos

saberes teóricos para os aplicar na prática. Neste sentido, “a discussão entre

os estudantes e os professores mais experientes, no sentido de promover o

diálogo profissional e de encorajar os estudantes a estabelecerem ligações

entre os constructos teóricos acerca do ensinar e do aprender e as suas

práticas no contexto do processo de ensino e aprendizagem, assumem-se

como determinantes”. (Batista e Queirós 2013, p. 43)

Como refere Queirós (2014), é fundamental que as dificuldades de

articulação entre a ação prática e a ação teórica acerca do ensinar e do

aprender sejam ultrapassadas, promovendo uma maior aproximação entre a

linguagem dos formadores educacionais e investigadores e a linguagem

daqueles que estão no contexto de ensino, ou seja, nas escolas.

Para tal, é necessária a promoção do diálogo profissional, em que o EE

é obrigado a fazer uma relação dos constructos teóricos com a sua prática,

relacionada sempre com o contexto em que se encontra, e assim é capaz de

conhecer os contornos da sua profissão. A teoria e a prática definem dois

modos de atuação do ser humano. A teoria diz respeito ao pensamento sobre a

13

realidade, ordenada para a compreensão da mesma. A prática consiste no

facto de realizar, fazer e concretizar o que anteriormente foi pensado.

“Este entrelaçamento da teoria e da prática sugere anterioridade e

primazia da primeira sobre a segunda; não a coincidência ou similitude na

identidade de ambas.” (Bento, 2014, p.20).

O EP é o momento chave para a consecução destes dois momentos. Os

saberes teóricos certamente estarão sempre presentes, mas a prática irá ditar

se tudo o que a teoria aborda é passível de se concretizar. Nesta fase o EE

tem um papel extremamente relevante, na medida em que terá alguma

liberdade nas decisões e os respetivos reajustes e modificações que irá fazer,

servirão de base para o seu conhecimento.

Batista e Pereira (2014) defendem a evidência que a prática em contexto

real de exercício é fundamental, no sentido de garantir a situacionalidade na

formação, visto que a ideia de que na teoria e na prática são coisas

completamente distintas, é algo (para nós) inquestionável, embora a

confluência seja naturalmente desejável.

Por fim, penso que a formação inicial deve conceber ao EE as mais

diversas ferramentas de aplicação. Para além da teoria, a prática tem que estar

presente no processo inicial de formação, e os constructos teóricos devem ser,

sempre que possíveis, direcionados para as questões da práxis, desta forma os

saberes ficam mais direcionados para a função real da docência, no caso da

nossa profissão.

2.2.4 A importância da reflexão no Processo de Ensino-Aprendizagem

“O professor intervém num meio ecológico complexo, num cenário

psicossocial vivo e mutável, definido pela interação simultânea de múltiplos

fatores e condições. Nesse ecossistema o professor enfrenta problemas de

natureza prioritariamente prática, que, quer se refiram a situações individuais

de aprendizagem ou a formas de comportamento de grupos, requerem um

tratamento singular, na medida em que se encontram fortemente determinados

pelas características situacionais do contexto e pela própria história da turma

enquanto grupo social.” (Gomez, 1992, p.102). Desta forma, todos os fatores

14

presentes na aula, os múltiplos cenários que acontecem fruto da enorme

diversidade dos alunos e das propostas apresentadas leva a que o professor

tenha que refletir sobre a sua ação e seja capaz de perceber qual a forma mais

indicada de encontrar uma simbiose entre os fatores que condicionam o PEA.

Alarcão (1996, p.175) define que “ser-se reflexivo é ter capacidade de

utilizar o pensamento como atribuidor de sentido.” A mesma autora (1996)

sugere que os professores desempenham um importante papel na produção e

estruturação do conhecimento porque refletem, na forma de potenciar o

conhecimento e aquisição pelo aluno, tendo assim um papel ativo na educação

e não um papel meramente técnico que se reduza à execução de normas e

receitas ou à aplicação de teorias exteriores à sua própria comunidade

profissional. A reflexão torna-se um mecanismo importante no desempenho do

exercício profissional, em que o professor não se limita apenas a desempenhar

as tarefas, mas sim a organizar todo o seu ensino mediante os objetivos

propostos, procurando assim atingir os mesmos na sua totalidade e, com o

auxílio da reflexão pode descobrir o caminho que mais facilmente se ajusta à

obtenção do sucesso dos alunos. Nesta perspetiva, Alarcão (1996, p.180)

sugere que a “reflexão serve o objetivo de atribuição de sentido com vista a um

melhor conhecimento e a uma melhor atuação…”

De acordo com Lalanda e Abrantes (1996), Dewey destaca três atitudes

que favorecem a ação reflexiva:

1) Abertura de espírito – saber ouvir opiniões, informações provenientes

de fontes diversificadas; ter capacidade de aceitar alternativas de percurso e

reconhecer possibilidades de erros.

2) Responsabilidade – fazer ponderação cuidadosa das consequências

de determinada ação.

3) Empenho – traduz-se na adesão voluntária e no desejo de participar

para mobilizar as atitudes anteriores.

Olhando para o primeiro ponto, abertura de espírito, penso que é

extremamente importante estar em consonância com o NE para que a partilha

de ideias seja proveitosa para todos, promovendo assim um diálogo mais

diversificado e como consequência uma maior evolução dos EE. Zeichner

15

(1993) afirma que através do ensino reflexivo, os supervisores devem auxiliar

os futuros professores a desenvolver capacidades de reflexão acerca das suas

práticas com vista a obterem um maior desenvolvimento profissional.

O segundo ponto, responsabilidade, define as consequências de

determinada ação, o que faz com que o EE seja capaz de ponderar com peso e

medida as decisões tomadas, procurando que essas decisões sejam o mais

precisas possível.

O último ponto, empenho, transporta-nos para uma dimensão de

resiliência, da procura de novas soluções, com vista à melhoria do PEA.

Ao longo deste ano de estágio fui incentivado à prática reflexiva,

utilizando os três momentos apresentados por Schon (1987): reflexões na

ação, que ocorre durante a prática em que o professor é confrontado com

situações que não estão previstas e, procura uma resposta à ação no momento

de atuação; reflexão sobre a ação, que acontece após a prática e, gera um

período de reflexão sobre a atuação do professor, realizada na ação

procurando perceber os significados que deu mediante a tomada de decisão;

reflexão sobre a reflexão na ação, a análise que o indivíduo realiza a

posteriori sobre as características e processos da sua própria ação.

“Estava previsto realizar o exercício com duas plataformas de

equilíbrio, mas foi necessário alterar para uma, visto que a outra era

muito instável e alunos seriam prejudicados.” (Reflexão, 15 de fevereiro

de 2017).

“A situação seguinte de 3x2 em ambos os grupos adequa-se ao

grupo de nível inferior. Os alunos de grupo superior já devem englobar

situação de igualdade numérica.” (Reflexão, 6 de dezembro de 2016).

“…expliquei o que seria para realizar nas estações da ginástica e

do treino funcional. O que estava contemplado no PA seria realizar 4

repetições e depois trocar de estação. Esta não será a melhor estratégia

para rotação dos grupos visto que alguns poderiam juntar-se a outros

16

grupos que ainda não tinham concluído. Nesta situação o ideal seria

alterar ao sinal do professor, e como avaliação diagnóstica seria

importante para avaliar os vários elementos gímnicos.” (Reflexão, 2 de

novembro de 2016)

Tal como enunciam as reflexões apresentadas anteriormente, os

diferentes momentos de reflexão foram alvo do processo do professor e

serviram para melhorar a minha atuação, procurando dar respostas às

problemáticas que iam surgindo levando a que tivesse que analisar alguns

constructos teóricos que fundamentassem as minhas decisões.

Considero o processo reflexivo um importante utensílio, que permite a

emancipação do professor. Através deste mecanismo o professor pode, e

deve, pôr em causa toda a sua prática, para que em concordância com os

saberes teóricos ocorra um ensino mais eficaz. As reflexões que eram feitas ao

nível do NE, quer seja na escola com a PC ou na faculdade com a PO,

serviram de base no aumento do conhecimento e de estratégias que auxiliam

na realização da minha prática. Penso que este aspeto tem uma enorme

importância para todo o processo de ensino.

17

3. Enquadramento da Prática Profissional - O contexto de estágio

3.1 Papel da Educação Física no currículo escolar

A EF deve contribuir para a formação do homem competente,

procurando torná-lo autónomo, emancipado e auto esclarecido.

Para isso, os ensinamentos aos níveis transdisciplinares tornam-se bons

na medida em que permite ter uma cultura desportiva nos vários domínios, uma

cultura mais alargada no desempenho das diversas habilidades motoras, os

conceitos psicossociais auxiliam o processo de relacionamento, no

cumprimento de regras e da noção de transcendência da sua personalidade e

por fim as questões relacionadas com o treino das capacidades, tornando as

competências motoras mais robustas. Nesse sentido, Crum (1993) define três

papéis principais da EF, sendo eles a estruturação do comportamento motor, a

aquisição de condição física e a formação pessoal, cultural e social, que

derivam da sua principal função – ensinar.

A escola é um meio de transmissão da cultura. Através desta visão, a EF

tem um papel na formação dos jovens, na medida em que transmite a

educação pelo desporto. Deste modo, a disciplina promove a cultura desportiva

e a competência desportiva e é um meio de transmissão de valores, regras e

simbolismo próprio das diferentes modalidades desportivas.

Matos (2014, p.158) afirma que a “EF na escola tem de assentar numa

conceção clara de EF ou seja, tem que se firmar num conjunto coerente de

pontos de vista relacionados com a identidade e função da EF como disciplina

do currículo escolar.”

A mesma autora (2014) defende que “para os professores de EF, esta

clarificação é necessária para que a sua atividade educativa se consagre como

uma ação consciente, organizada, participada e coerente, num processo de

ensino marcado pela intencionalidade, pela antecipação, pelo controlo

(avaliação) e pela eficácia educativa.

Nesta perspetiva, é importante perceber a intencionalidade, presente

nas decisões definidas a vários níveis, desde a elaboração dos programas

escolares ou as tomadas de decisão para que a lecionação da aula remete.

18

Neste sentido, Matos (2014) sugere que a EF procura o treino das

capacidades e competências motoras enquanto processo de educação,

socialização e aprendizagem, promovendo assim a formação da personalidade.

Também Rosado (2011) que para além do aperfeiçoamento físico e adoção de

estilos de vida saudáveis, educar através do Desporto, pela EF remete para a

construção de um projeto de educação social, cívica e intelectual, sustentado

em valores como a fraternidade, camaradagem, convivência social, respeito e

cooperação.

Acresce que a corporalidade é intrínseca ao desporto. A EF é a única

disciplina que trata do corpo na escola, promovendo a aquisição de

determinados gestos motores, que são aprendidos e desenvolvidos e

posteriormente colocados em prática. São formas de socialização e de

interação com a comunidade em geral. Segundo Bento (1999), o argumento

principal a favor de importância da EF e da sua presença entre as disciplinas

escolares é o facto de ser a única que trata preferencialmente a corporalidade.

Nos programas de EF é concebida uma conceção que sintetiza o valor

educativo da atividade física eclética, pedagogicamente orientada para o

desenvolvimento multilateral e harmonioso do aluno.

Assim, esta conceção concretiza-se na apropriação das habilidades e

conhecimentos, na elevação das capacidades do aluno e na formação das

aptidões, atitudes e valores (bens de personalidade que representam o

rendimento educativo), proporcionadas pela exploração das suas

possibilidades de atividade física adequada - intensa, saudável, gratificante e

culturalmente significativa.1

A corporalidade integra a ideia de capacidade de ação e torna-se um

elemento constitutivo na formação. Por outro lado, o movimento corporal não é

um fator genético e terá que ser aprendido e desenvolvido. Desta forma, a

capacidade de ação, no tocante à EF, remete de imediato para a noção de

corporalidade. O corpo é doador de sentido e ganha, na sua exercitação,

autenticidade e identidade (Matos, 2014).

1 In Programa EF – 10º, 11º, 12º anos

19

3.2 A Escola como instituição

Hoje em dia a escola é vista como o principal veículo de socialização e

de transmissão de valores assentes no desenvolvimento individual. Inserindo-

se num contexto histórico, social e cultural mais amplo, os sistemas educativos

assentam em valores que serão bem patentes na sociedade e os quais esta

pretende transmitir.

A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural e são as próprias

reformas educativas que refletem as ideologias próprias do contexto social e

político macro (Carvalho, 2006)

Se considerar a educação como um processo contínuo que visa marcar

e assistir no processo de desenvolvimento das crianças e dos jovens, assentes

nos pressupostos de transmissão de cultura, rapidamente chega-se à

conclusão da sua importância para a sociedade.

Pode falar-se, assim, na existência de uma cultura própria, no âmbito da

Escola e do Sistema Educativo, que reflete o conjunto de práticas, valores e

crenças, que são partilhadas por todos aqueles que interagem no seu âmbito

(Carvalho, 2006). Neste sentido, Canário (2005 p. 53) define que “ao nível da

mudança educacional, impôs-se uma revisão da concepção da escola,

entendida como uma unidade administrativa que prolongava a administração

central, para se passar a encará-la como uma organização social, inserida e

articulada com um contexto local singular, com identidade e cultura próprias,

produzindo modos de funcionamento e resultados educativos muito

diferenciados. Deste ponto de vista, o estabelecimento de ensino emerge como

uma construção social cuja configuração e funcionamento têm como elementos

decisivos a acção e interação dos diferentes actores sociais em presença.”

Neste ponto de vista, a ideia dos autores mencionados anteriormente

remontam para a cultura própria que está enraizada na instituição, através dos

valores e crenças partilhadas. Essa cultura é transmitida para todos os

intervenientes do processo educativo, promovendo assim a identidade da

instituição.

A escola como instituição deve garantir uma formação a nível pessoal,

intelectual, cultural, social e físico a todas as crianças e jovens da sociedade,

20

procurando uma ligação entre todos os membros da comunidade escolar. A

instituição escolar deve olhar para os alunos mediante as suas individualidades

e procurar em cada um deles o despertar do interesse pelo ensino, com vista à

sua emancipação. Por outro lado, a escola deve ter em conta todas as

dificuldades que cada aluno apresenta e promover a equidade no que respeita

às oportunidades, promovendo assim um ensino individualizado.

Para concluir, penso que a escola desempenha um papel essencial na

formação dos jovens e, por isso, não se deve limitar ao papel de ensinar, mas

também à partilha, ao trabalho de equipa e deve também, consequentemente

sensibilizar toda a comunidade para a participação ativa na formação dos

educandos, deixando de lado os encargos exclusivos na formação dos jovens

para a escola e para os professores.

3.3 Escola Básica e Secundária D. Dinis

A ideia de realizar o EP na EBSDD foi sempre a minha primeira opção.

Esta foi a escola onde realizei o ensino secundário, ficando assim com um

certo conhecimento do contexto onde me iria inserir. Por outro lado, a nível

geográfico, esta é a escola mais próxima do meu local de residência, sendo

este outro motivo para a escolha da mesma.

Comparando os dois momentos, a escola enquanto aluno e enquanto

EE, é possível verificar uma enorme mudança. O projeto de modernização fez

com que ocorresse uma requalificação da escola, passando esta a ter

excelentes condições para a prática da EF.

A visão reflete o sonho da organização e constitui uma meta ambiciosa

para o futuro, servindo como guia para a definição de objetivos e orientando as

suas opções de investimento, de desenvolvimento, de trabalho e de estratégias

para alcançar o sucesso. É importante que seja uma visão partilhada, que

represente um sentimento coletivo, unindo todos aqueles que trabalham para

um mesmo fim dentro da organização.

O Agrupamento de Escolas D. Dinis - Santo Tirso, deverá continuar a

desenvolver nos seus alunos o conhecimento, prosseguindo um trabalho

científico e pedagogicamente contínuo para que estes atinjam o sucesso, tendo

21

subjacente o conceito de que “Querer é poder!” e de que o poder tem implícito

um ato, logo, o “Querer, faz acontecer!”. Na sequência desta ideia, a visão

enuncia-se da seguinte forma:

“Ser, no setor da Educação, uma opção de referência para o sucesso

dos jovens.”

A principal missão do agrupamento será “formar cidadãos

cientificamente bem preparados, informados e criativos, capazes de pensar e

agir de forma autónoma, recetivos à inovação e preparados para a mudança,

respeitadores de estilos de vida saudável e exigentes na sua conduta ética e

no seu desempenho profissional.” 2

O Agrupamento de Escolas D. Dinis - Santo Tirso, localiza-se no norte

do país, no concelho de Santo Tirso. Pertence ao distrito do Porto e integra a

Área Metropolitana do Porto (AMP) – NUT III – Norte do Douro.

Pelo Despacho nº 19088/2009, de 18 de agosto, do Ministério da

Educação, a Escola Secundária de D. Dinis é incluída na fase 3 do Programa

de Modernização das Escolas com Ensino Secundário.

Com o projeto de modernização, a tipologia da Escola foi profundamente

alterada, já que a intervenção levada a cabo consistiu em requalificar a

construção existente e criar três novos corpos, garantindo a satisfação das

atuais exigências de conforto, segurança e acessibilidade. Os espaços

exteriores da escola foram remodelados, preservando no entanto, os muitos

espaços verdes que são uma das referências desta escola.

De entre as inúmeras valências que a escola passará a disponibilizar

destaca-se a biblioteca, o auditório, a cantina e a cozinha pedagógica. Tem

ainda, os seguintes espaços: cinco salas de artes; quatro salas de informática;

sete laboratórios; o espaço polivalente; o pavilhão desportivo; a sala de

ginástica; cerca de trinta e seis salas de aulas; uma sala multimédia; uma sala

de música; uma sala para a educação especial; vários gabinetes; uma sala de

trabalho para os diretores de turma; uma sala de atendimento aos

Encarregados de Educação; um gabinete para o Serviço de Psicologia e

Orientação Vocacional; uma sala de estudo; a sala de trabalho para os

2 Projeto Educativo de Escola. Agrupamento de Escolas D. Dinis 2015-2018

22

professores dos vários departamentos; bufetes para alunos e professores; a

loja escolar; o gabinete da Direção e os Serviços de Administração Escolar.

Dispõe também de um campo de jogos requalificado e de instalações

desportivas de apoio – balneários e vestiários. Todas estas instalações estão

equipadas para dar resposta às exigências dos conteúdos lecionados e da

oferta formativa da escola.

Algumas salas de aula estão equipadas com computadores ligados à

internet, no entanto, nem todas têm vídeo projetor e poucas têm quadros

interativos.

Para a realização das aulas de EF, a escola contém vários espaços para

a prática. O pavilhão polidesportivo, que contempla seis tabelas de

basquetebol, duas balizas de futsal/andebol e ainda a possibilidade de colocar

três redes de voleibol, oferecendo aqui excelentes condições para os alunos.

Para abordar a ginástica, existe no pavilhão uma sala com materiais

próprios desta modalidade, quer seja um praticável para o solo e acrobática,

quer sejam diversos aparelhos como trampolins, traves e/ou paralelas. Posso

com isto afirmar que as condições que me são oferecidas para a prática da

ginástica são de todo excelentes.

Na zona exterior, o campo de jogos engloba a pista de atletismo,

podendo aqui abordar uma modalidade muito própria. Para além disto, ainda

contém quatro tabelas de basquetebol e duas balizas, possibilitando a

abordagem de modalidades como futsal e andebol.

A parceria da escola com o Ginásio Clube de Santo Tirso envolve a

utilização de espaços dessa instituição, aumentando o leque de infraestruturas.

A escola passa a poder utilizar um segundo pavilhão, no qual são abordadas

modalidades como o andebol e o futsal (visto que o pavilhão não tem tabelas

de basquetebol) e ainda utiliza a piscina e os courts de ténis.

“O espaço predestinado para o ensino desta modalidade será o

GCST (Ginásio Clube de Santo Tirso), nomeadamente os 4 courts de

ténis que contem. No entanto e preferencialmente, serão utilizados os

23

dois que se encontram na zona acima do pavilhão.” (Módulo 2, MEC de

Ténis).

As condições para a prática de EF na escola são bastante favoráveis, no

entanto um pouco condicionadas com o roulement de espaços. A diversidade

de espaços existente na escola e as parcerias com clubes permitem abordar

matérias alternativas (como por exemplo, a natação e o ténis) que não são

muito comuns a alguns alunos. Com isto, o seu reportório motor ficará mais

vasto e o aluno terá um alargado leque de modalidades às quais pode

ingressar.

3.4 Núcleo de Estágio: um espaço de partilha

Ao longo do ano letivo a EBSDD acolheu um NE proveniente da

FADEUP. Esse NE era constituído pelos dois EE (eu e o meu colega), a PC e a

PO.

O NE deve funcionar como uma comunidade prática, procurando gerar

novos conhecimentos e novas competências aos estagiários (Batista &

Queirós, 2013).

Este será um local de partilha de ideias e opiniões que são importantes

para a resolução dos problemas. Paralelamente a esta afirmação,

semanalmente existiam duas reuniões entre o NE para debater eventuais

problemas que ocorriam durante as aulas, ou qualquer tipo de questão que

fosse necessário resolver.

“Sendo o planeamento anual um guião, temos que distribuir as

restantes UT mediante os tempos que terão que ser abordados,

tentando que não haja uma alternância muito grande de matérias para

que o ensino seja o mais concentrado possível.” (Reflexão da reunião de

NE, 6 de setembro de 2016).

Uma das componentes do EP, segundo as normas orientadoras de EP

(2016-2017) é “partilhar os problemas e desenvolver o espírito de colaboração

24

(em geral, na escola, no departamento e no NE).” Ao longo do ano letivo o

entendimento entre os membros do NE ocorreu de forma positiva, sem que

ocorressem grandes constrangimentos. Os assuntos que pensávamos ser

relevantes eram discutidos em sede de NE e todos opinavam sobre as

diferentes temáticas, permitindo o alargamento de horizontes mediante

diferentes formas de pensar. Roldão (2007, p. 3) afirma que “a colaboração é

essencial para o desenvolvimento profissional do professor. É entendida como

um processo que envolve pessoas em conjunto com objetivos comuns, sendo

as experiências e conhecimentos de cada um potenciados neste tipo de

trabalho, apresentando- se como uma estratégia para enfrentar e ultrapassar

as dificuldades da atividade profissional”. Também Alarcão e Tavares (2003, p.

132) corroboram esta ideia quando dizem que “o agir profissional do professor

não pode ser, na atualidade, realizado apenas em situações de isolamento. A

complexidade dos problemas exige trabalho em equipa decorrente da

assunção de projetos comuns”.

Na minha opinião, esta partilha de ideias e a forma como a PC interagia

com os EE teve uma extrema importância para o nosso crescimento. A

professora raramente nos dava respostas aos problemas, obrigava-nos a

pensar e a refletir sobre as diferentes questões, fazendo com que a procura do

conhecimento acontece-se de forma autónoma, tornando assim um maior

desenvolvimento da parte dos estudantes estagiários.

“A reunião iniciou com a abordagem ao Projetos de Formação

Inicial, com a nomeação de alguns documentos essenciais na análise

para a elaboração do projeto, nomeadamente o PEE, o Regulamento

interno da escola e as normas orientadoras de estágio da FADEUP.”

(Reflexão, 3 de novembro de 2016).

O facto de durante todo o ano letivo presenciar as ações do meu colega

de NE, bem como ele presenciar as minhas aulas, gerou um grande contributo

para ambos. As discussões e reflexões que fazíamos sobre cada aula

observada, a partilha de ideias que tínhamos bem como a proximidade que

25

fomos ganhando ao longo do ano, foi, na minha opinião, uma mais-valia, na

qual em momentos mais angustiantes tínhamos o auxílio de um colega para

tentar resolver as diversas situações.

Outro aspeto a destacar para o desenvolvimento profissional foram as

reuniões que decorreram ao longo do ano com a PO e a sua presença na

escola para observar as aulas dos EE. As reuniões que decorram ao longo do

ano serviram para clarificar ideias, para distinguir alguns conceitos importantes

para a prática profissional. Foi também um importante auxílio na condução

deste relatório de EP, com o esclarecimento das temáticas mais relevantes que

poderiam ser utilizadas no mesmo. A observação nas aulas foi um aspeto

importante decorrente no ano letivo, na medida em que me fez pensar sobre

determinados aspetos nos quais poderia evoluir, como por exemplo, o aumento

do Feedback (FB) para os alunos.

3.5 Os alunos, 12ºD

Os dados apresentados de seguida foram o resultado da análise das

fichas individuais dos alunos (anexo 1). Essa ficha foi preenchida na aula de

apresentação, na qual foi pedido para preencherem de forma verdadeira, visto

que seria uma ficha com a finalidade de efetuar uma análise e caraterização da

turma.

A informação recolhida será apresentada sob a forma de gráficos ou

quadros. Os analisados serão os aspetos que consideramos essenciais,

referentes à disciplina de EF e à turma.

3.5.1 Ficha Individual do Aluno

O questionário entregue aos alunos estava previamente elaborado pelo

departamento de EF, no qual o NE não teve qualquer envolvimento na

realização, apenas o de entregá-lo ao aluno para preencher e fazer a leitura

dos dados.

Por um lado penso que o questionário apresenta informações

importantes para a disciplina, como o gosto pela disciplina e motivação para a

prática, a prática desportiva fora da escola e até mesmo os problemas de

26

saúde que podem interferir nas aulas. No entanto, as fichas não permitem

verificar todas as características dos alunos, sendo importante ao longo do ano

letivo interagir com estes para perceber as suas individualidades e tentar

encontrar estratégias que permitam lidar mais facilmente com os alunos.

Por outro lado, existem dados neste questionário, que na minha opinião

são pouco relevantes especificamente para a disciplina, como as habilitações

literárias dos encarregados de educação e a questão de qual o animal que se

identifica.

A questão de quantas horas o aluno se encontra sentado durante o dia,

penso que não se identifica com a disciplina, no entanto para o estudo que

estão a realizar na escola para o projeto “Escola Ativa” tem bastante

importância.

Deste modo, penso que a análise e estruturação da ficha para a tornar

mais útil seria um aspeto relevante a fazer pelo departamento de EF.

Questionar as notas dos alunos nos anos anteriores, por exemplo, era uma

forma de perceber o nível de desempenho dos alunos. Tentar perceber as

maiores dificuldades da turma nas respetivas modalidades, qual a relação que

pensa ter com os colegas de turma, são outros fatores que podem ter alguma

relevância, quer seja na escolha das situações critério ou então na formação de

grupos/equipas. Penso ser importante focar-se somente na disciplina, e com

isto perceber o panorama geral da turma referente à EF.

“Na reunião foi importante recolher alguns aspetos gerais sobre a

turma, nomeadamente os alunos com maiores dificuldades, os alunos

com problemas familiares e que poderão ter um tratamento mais

delicado em comparação com os colegas, permitindo assim tentar que o

funcionamento das aulas decorra a 100%. Foi possível também perceber

que a turma tem alunos aplicados e a maioria deles com médias de

acesso ao ensino superior, o que me leva a pensar que será uma turma

com alguma facilidade de gerir e que a motivação para a prática está

inerente aos alunos.” (Reunião de Conselho de Turma – 9 de setembro

de 2016)

27

3.5.2 Análise e Interpretação das fichas individuais

A análise e interpretação dos presentes dados surgem como resposta à

necessidade perene da elaboração de uma caracterização inicial da turma

(12ºD), pelas especificidades de cada elemento que a constitui, desde a sua

anamnese clínica e desportiva, às suas preferências, limitações e dificuldades,

no que concerne à disciplina de EF.

3.5.3 Dados Pessoais

Os gráficos 1 e 2 remetem para a idade e sexo, respetivamente, de

todos os alunos da turma.

Gráfico 2 – Sexo dos Alunos

Analisando os gráficos é possível definir uma homogeneidade na turma.

As idades compreendidas serão os 17 e 18 anos, sendo a maioria alunos mais

Gráfico 1 – Idade dos Alunos

28

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6

Peso

Peso

155

160

165

170

175

180

185

190

1 2 3 4 5 6 7

Altura

Altura

novos. Quanto ao sexo a turma é constituída por dez elementos do sexo

masculino e quinze elementos do sexo feminino.

No processo de planeamento e realização, este aspeto teve alguma

influência na forma como são feitas os grupos/equipas, nomeadamente pelo

sexo e, também, pelo nível de competência de cada aluno.

Relativamente ao peso e altura da turma (gráfico 3 e 4) foi possível

constatar que treze alunos não responderam às questões apresentadas. Desta

forma apenas foi possível concluir o peso dos sete alunos, varia entre os 49Kg

e 60Kg. Por outro lado a altura dos alunos que responderam varia entre os

167cm até 184cm.

Ao nível do planeamento e seleção das situações de aprendizagem,

permite ajustar a seleção das mesmas, tendo em conta o aspeto morfológico

dos alunos.

3.5.4 Dados relativos à Educação Física

O gráfico 5 diz respeito à motivação para a EF, sendo este um elemento

preponderante que irá determinar os comportamentos dos alunos e muito do

seu empenho no desenrolar da aula.

Gráfico 4 – Altura dos Alunos Gráfico 3 – Peso dos Alunos

29

Desta forma é possível verificar que a maior parte dos alunos têm muita

motivação/alguma motivação para as aulas. Por outro lado, 14% tem pouca

motivação e 10% não tem nenhuma motivação. Estes serão os casos mais

críticos que podem complicar as aulas, sendo necessário tentar motivar esses

alunos.

Olhando para o processo de planeamento e realização esta questão

permitiu-me perceber quais foram as melhores estratégias a utilizar, para tentar

fazer com que os alunos menos motivados conseguissem estar focados nas

tarefas propostas e realizadas.

O gráfico 6 destaca as modalidades preferenciais dos alunos, tornando-

se esta informação importante para as decisões posteriores do professor.

Gráfico 5 – Motivação dos alunos quanto à EF

Gráfico 6 – Modalidades preferidas dos alunos

30

95%

5%

Sabe Nadar?

Sim Não

As modalidades que os alunos mais gostam têm impacto no desenrolar

da unidade temática. Pode-se analisar que as modalidades que a turma prefere

são o futsal e o voleibol, gostando um pouco também da ginástica. O

basquetebol não aparece nas modalidades prediletas dos alunos e isso pode

ser um fator para verificar a falta de motivação nas aulas. Desta forma, será

importante encontrar situações que sejam estimulantes para os alunos, com o

objetivo de haver uma maior envolvência por parte destes.

Esta questão, ao nível do planeamento, foi importante para detetar quais

as modalidades que os alunos mais gostam, sendo estas à partida as mais

motivantes e que possivelmente poderão ter uma aprendizagem mais

significativa. No entanto, teve influência na decisão das modalidades coletivas,

visto que os alunos puderam selecionar as duas preferidas para serem

lecionadas, tal como o ficou definido pelo departamento de EF para o 12º ano

de ensino.

Os gráficos seguintes (gráficos 7 e 8) referem-se à prática da natação e

o estilo de nado que os alunos conseguem realizar.

Gráfico 7 – Sabe nadar?

31

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Crawl Costas Bruços Mariposa NR

10

5

8

5

10

Estilo de Nado

Através da análise é possível verificar que dezanove alunos (ou seja,

95%) da turma sabe nadar e apenas um aluno (5%) não sabe nadar.

Relativamente ao estilo de nado dos alunos, dez alunos não responderam ao

estilo que melhor dominam. Alguns alunos responderam mais que um estilo

que dominavam, sendo que desta forma, é possível verificar que dez alunos

dominam o estilo de crawl, oito alunos dominam o estilo bruços e cinco alunos

dominam o estilo de costas e mariposa.

Visto que no presente ano letivo não abordei a modalidade de natação,

esta questão não teve grande influência para o processo de planeamento e

realização, sendo que as modalidades a abordar estariam definidas pelo grupo

de EF.

A prática desportiva dos alunos (gráfico 9) é um dos aspetos a

considerar para que o aluno tenha um estilo de vida ativo, tendo uma influência

direta nas aulas de EF.

A turma 12ºD apresenta dados bastante negativos quanto à prática

desportiva, com 60% dos alunos a não realizar qualquer atividade e apenas

35% com uma prática desportiva fora da escola. De todos os alunos que

realizaram o questionário, um aluno não respondeu a esta questão (ou seja,

5%).

Gráfico 8 – Estilo de nado que sabe nadar?

32

35%

60%

5%

Prática Desportiva

Sim Não Não Respondeu

0

5

10

15

20

Sim Não

8

19

Problemas de Saúde

Este gráfico teve uma alguma influência ao nível do planeamento, na

medida em que nas aulas iniciais a intensidade das mesmas não deveriam ser

muito elevadas, visto que a maioria dos alunos não estão habituados à

realização da prática desportiva regular. Outro aspeto que este gráfico permitiu

analisar foi o incentivo da minha parte e da parte da PC para o retorno ou início

da prática desportiva por parte dos alunos.

3.5.5 Dados de Saúde do Aluno

Os gráficos 10 e 11 apresentam os resultados relativamente aos

problemas de saúde dos alunos, podendo estes influenciar as aulas de EF.

Gráfico 10 – Problemas de Saúde

Gráfico 9 – Prática Desportiva?

33

0

1

2

3

4

5

Alergias Asma Disturbiosde Visão

Coluna Dores deCabeça

5

4

1 1 1

Doenças

0

2

4

6

8

Habilitações Literária do Enc. de Ed.

Ensino Superior

Secundário

3º ciclo

2º ciclo

1º ciclo

NR

Relativamente aos problemas de saúde é possível verificar que apenas

quatro alunos têm algum tipo de problema. Dentro dos problemas de saúde

pode-se verificar (gráfico 11) que dois alunos têm alergias, um aluno tem

Eczema Atrópico e dois alunos têm distúrbios de visão.

Este gráfico ao nível do processo de realização permite perceber a

impossibilidade de alguns alunos na realização da aula durante alguns

períodos, nomeadamente quando as alergias começam por aparecer e

impossibilitando a participação no decurso da aula.

3.5.6 Dados relativos ao Encarregado de Educação

O gráfico 12 representa as habilitações literárias dos encarregados de

educação, sendo este um elemento preponderante na vida do estudante.

Gráfico 12 - Habilitações Literárias do Enc. De Educação

Gráfico 11 – Doenças dos Alunos

34

Após a análise do gráfico, é possível verificar que o maior número de

Encarregados de Educação (seis) obtém o ensino secundário. De seguida,

quatro e obtém o ensino superior e outros quatro obtêm o 3º ciclo. Ao 1º e 2º

ciclo correspondem três e um Encarregados de Educação, respetivamente.

De todas as profissões que os Encarregados de Educação

desempenham pode-se constatar que três deles são comerciais, dois são

professores e dois são enfermeiros. Por outro lado, existem profissões com

apenas um elemento, como por exemplo: doméstica, operário, secretário,

modelistas, auxiliar de armazém, marceneiro, motorista, auxiliar educativo,

empregada de limpeza e controlador têxtil. Dois dos alunos que realizaram o

questionário não responderam a esta pergunta.

Esta questão não teve grande influência para as minhas decisões ao

nível do processo de planeamento e realização.

35

4. Organização e Gestão do Processo de Ensino-Aprendizagem

4.1 Conceção, Planeamento e Realização

Neste capítulo apresentam-se alguns pontos referentes à conceção,

planeamento, realização e avaliação, descrevendo alguns pontos/problemas de

modo a fazer sobressair aspetos fulcrais do PEA.

Tal como refere nas normas orientadores do EP, este ponto visa

“construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos,

que respeite o conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia

pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF.” (p.

3). Neste sentido, esta área representa todo o PEA disposto de uma forma

sequenciada, passando pela conceção, o planeamento, a realização e a

avaliação de todo o ensino. Para além disso, serão também discutidos pontos

fulcrais da atividade do EE ao longo do ano, remetendo para as suas

preocupações, objetivos e as suas orientações mediante as condições da sua

prática.

Em suma, este capitulo apresenta uma reflexão sobre os momentos

mais marcantes do estudante, analisando as principais dificuldades e quais os

modos de atuação para superar as mesmas. Este aspeto é essencial para todo

o processo de desenvolvimento, balizado numa metodologia de investigação

ação que permite analisar todas as práticas e corrigir eventuais erros com vista

o sucesso dos alunos e no crescimento enquanto futuro professor.

4.1.1 Planear – A passagem da Teoria à Prática

Planear é uma das três grandes tarefas didáticas. Esta tarefa tem uma

enorme importância para o desenrolar do PEA visto que vai tornar-se o guião

de todo o processo. Só a partir do planeamento é que se poderá avançar para

a fase seguinte, ou seja, a realização e posteriormente a reflexão de todo o

processo para a análise das práticas, no sentido de verificar se estas decorrem

com sucesso ou se será necessário efetuar reformulações. Segundo Mesquita

(2005) planear consiste em delinear aquilo que tem de ser realizado, como

deve ser feito e quem é que o deve efetuar. Para Alarcão e Tavares (1985) o

planeamento define e sequencia os objetivos do PEA dos alunos, determina os

36

métodos de avaliação para os objetivos propostos, prevê estratégias e

seleciona os instrumentos avaliativos.

Bento (1987) refere que o professor é determinante na planificação do

processo de educação; assegura a passagem do nível de planificação para o

nível de realização, assim como a retroação das reflexões e análises do

ensino. Para além disso, atua decisivamente no sentido da realização do

programa.

A tarefa de planear é extremamente complexa, na medida em que

envolve diversas condições que, por vezes, não são possíveis de controlar.

Desde logo, o programa nacional de EF é o documento que guia todo o

processo e serve para a planificação do ensino pelo professor. “Os programas

são documentos de carácter “obrigatório”, geral, proveniente do nível central”

(Bento, 1987, p.19).

Também Vickers (1990) e Rink (2014) dão enorme importância ao

planeamento, considerando-o essencial para os professores em todos os níveis

de experiência.

Assim, o planeamento nos seus vários níveis – anual, unidade temática

e aula (Rink, 2014), representa o elo de ligação entre os princípios constituintes

do sistema de ensino, os programas das respetivas disciplinas e a sua

realização prática.

A análise do programa nacional de EF foi uma tarefa que o NE

desempenhou na fase embrionária deste ano letivo e permitiu conhecer as

metas a atingir, quais os pressupostos a seguir e que conteúdos seriam

selecionados para lecionar em cada uma das diferentes unidades didáticas.

O programa nacional de EF direciona-se para dois níveis distintos: o

primeiro de carater mais geral, onde está presente uma componente teórica

com a definição de objetivos a atingir. O outro nível remete para uma

componente mais prática, ao nível das indicações locais relativas às situações

específicas de cada contexto, remetendo para a escola e para todas as

decisões que o departamento de EF toma.

Bento (1987) afirma que apesar das minuciosidades de cada nível e da

variedade dos documentos de programação, terá que existir uma relação

37

evidente entre estes. A abstração do primeiro nível não pode ser tão elevada

que as suas indicações não sejam eficazes na práxis.

Após a análise do programa, foi possível perceber que nem sempre o

que está escrito neste tipo de documentos é passível de se realizar. Será

fulcral ter em consideração o contexto em que me encontro inserido e perceber

se os objetivos propostos serão exequíveis. Demais como exemplo a

modalidade de Basquetebol, que mediante o programa do 12º ano de

escolaridade, já implicaria abordar a forma de jogo 5x5. No entanto, com o

espaço disponível para cada aula (atribuído através do roulement dos espaços)

apenas foi possível abordar a forma de jogo 3x3, na maioria das vezes em

meio campo. Os objetivos serão os mesmos, mas exercitados em condições

diferentes. Assim sendo, penso que este tipo de documentos tem um caracter

importantíssimo e permite ficar com a ideia do objetivo a atingir, mas não nos

podemos cingir ao que nele está exposto porque, muitas as vezes, fatores

externos influenciam diretamente a prática e a reformulação/adaptação surge

como principio.

Ao longo do ano foram utilizados três níveis distintos de planeamento,

referidos anteriormente, que servirão de base para o desenrolar de todo o PEA.

A primeira fase, o Planeamento Anual, de seguida a Unidade Didática (UD), e

por fim o Plano de Aula (PA).

Como refere Bento (1987), a lógica da realização progressiva do ensino,

da sua perspetiva sistemática e de continuidade, do seu carácter processual e

do seu decurso temporal, aponta a necessidade de momentos distintos e níveis

das tarefas de planeamento e preparação de ensino pelo professor: plano

anual, UD, e o PA. Os diversos planos são, assim elaborados, inter-

relacionados e entendidos como estações ou etapas intermédias e necessárias

para o aumento da qualidade de conceção e de melhoria da realização do

ensino.

Por fim, penso que os documentos analisados no início do ano letivo

abriram fileiras para o que seria expectável realizar ao longo do ano letivo, mas

não me pude limitar a esse documento. O contexto inserido (alunos e espaço)

determina muito do que será possível realizar, e para isso os restantes níveis

38

de planeamento, principalmente a UD, serve para determinar qual a meta a

alcançar.

4.1.1.1 Planeamento Anual

O planeamento anual remete para a primeira etapa do processo de

planeamento, analisando os programas de EF e definindo os respetivos

objetivos, que são expectáveis de atingir.

“A elaboração do plano anual constitui o primeiro passo do planeamento

e preparação do ensino e traduz, sobretudo, uma compreensão e domínio

aprofundado dos objetivos de desenvolvimento da personalidade, bem como

reflexões e noções acerca da organização correspondente do ensino no

decurso de um ano letivo.” (Bento, 1987, p.58)

Relativamente a este ponto, o NE teve uma influência muito reduzida

quanto ao processo, remetendo-se apenas à distribuição das matérias de

ensino a abordar, tendo em conta o roulement espaços. O planeamento anual

já estava elaborado pelo grupo de EF, cabendo aos EE analisar esse

documento para tomar decisões quanto às suas metodologias a utilizar e aos

objetivos a alcançar.

A tarefa da distribuição das matérias de ensino foi uma das

preocupações por parte do NE, durante a fase inicial do ano letivo, sendo

necessário ao longo de ano realizar os respetivos reajustes mediante eventuais

situações que inviabilizassem a lecionação de determinada matéria, com a

preocupação de cumprir todas as unidades letivas pré-estabelecidas como se

pode analisar na tabela 1. Numa primeira fase, a grande preocupação na

distribuição das matérias foi assegurar os tempos letivos de forma equilibrada,

e também, que não existisse uma alternância muito grande de modalidades

para que o ensino se tornasse mais concentrado.

“A reunião teve como principal ideia o planeamento anual.

Discutimos a importância deste documento e começamos a alinhavar

algumas ideias essências para planear. Quer seja verificar o número de

aulas disponível, retirar feriados e atividades que possam surgir nesses

39

dias de aulas, apresentar o número de unidades letivas que serão

abordadas em cada unidade temática e ajustar ao espaço disponível

todas essas diferentes componentes.” (Reflexão, 29 de setembro de

2016)

1º PERÍODO 2º PERÍODO 3º PERÍODO

Aptidão Física 14 Aptidão Física 12 Aptidão Física 13 39

2 JDC - Andebol / Basquetebol /

Futsal / Voleibol 14 2 JDC 13 2 JDC 13

40

Trabalho Teórico 4 Teste Teórico 4 8

Ginástica (Solo, Aparelhos Ginástica (Solo, Aparelhos Ginástica Acrobática (pares,

trios, quadras e pirâmides)

20

Apresentação 2 2

DespRaq. Ténis/ Badmínton DespRaq. Ténis/ Badmínton DespRaq. Ténis/ Badmínton 16

Auto-Avaliação 1 Auto-Avaliação 1 Auto-Avaliação 1 3

Corta mato 52 UL Carnaval 42 UL Semana da escola 36UL

34UL

130UL

128UL

Tabela 1 – Distribuição das matérias por unidade letiva.

Bento (1987, p.60) afirma que “os pontos altos desportivos (datas de

festas e convívios, competições escolares) devem ser registados no plano

anual.” Neste sentido o plano anual será o guião de todo o ensino, e permite

também ao EE, determinar tudo o que está previamente definido para realizar,

incluindo as unidades de tempo de cada modalidade, bem como os pontos

“altos desportivos” mencionados anteriormente. Quanto às unidades de tempo

de cada aula, penso que desta forma é possível assegurar que as modalidades

ficam distribuídas de forma equitativa, e, a partir daí, é possível passar para a

segunda fase de planeamento, tentando enquadrar as metas a realizar com o

tempo disponível para cada modalidade.

Na minha opinião, penso que a elaboração do planeamento anual seria

um marco importante para o desenvolvimento enquanto profissional, permitindo

40

adotar uma lógica sequencial relativa a este processo. A recolha de dados

referentes aos anos transatos dos alunos permitiu perceber a estrutura da

turma e determinar os objetivos a atingir nos seus diferentes domínios:

capacidades, habilidades, conhecimento e atitudes. Seria também importante

selecionar e determinar as estratégias a utilizar para alcançar os objetivos

propostos. A definição de horas para cada unidade temática foi o aspeto

realizado pelo NE, com a preocupação de marcar datas de avaliações, retirar

tempos letivos que ficariam inviabilizados (feriados, atividades escolares).

4.1.1.2 Unidade Didática

Bento (1987, p.65) afirma que as unidades didáticas “constituem

unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos

professores e alunos, etapas bem claras e bem distintas de ensino e

aprendizagem.” Siedentop (2008) afirma que o objetivo primordial da UD

consiste em conseguir que todos os alunos consigam alcançar os objetivos

propostos, tendo sempre presente as individualidades de cada um, para uma

determinada matéria de ensino. Neste sentido, Rink (2014) sugere que os

objetivos da UD devem ser apresentados de forma clara e precisa de acordo

com o que é expectável que os alunos aprendam ao longo da UD.

Olhando para esta premissa, a UD permite ao professor estruturar todo o

conhecimento de uma forma clara e precisa, não olhando apenas para as

habilidades a ensinar, mas preocupando-se também com as capacidades, com

a estruturação do conhecimento que será transmitido de acordo com as

modalidades a abordar e também com o nível social, para que ocorra um

desenvolvimento ao nível das atitudes e comportamentos.

Estando ciente da importância deste nível de planeamento, servindo de

base no desenrolar do PEA das diferentes matérias de ensino a abordar, todas

as unidades didáticas seguiram o Modelo de Estrutura de Conhecimento,

dividido em oito módulos e proposto por Vickers (1990). Este modelo tem uma

intenção clara de mostrar como a matéria é estruturada, olhando para essa

estrutura como o guião de todo o ensino. Este modelo divide-se em três

grandes momentos: a fase de análise, a fase de decisão e a fase de aplicação.

A fase de análise consiste em três módulos: análise da modalidade desportiva

41

através de um conhecimento estrutural hierarquizado, análise dos alunos e do

ambiente de ensino. A fase de tomada de decisão contém quatro módulos:

determinar uma esfera de ação e sequência apropriadas, traçar objetivos,

estruturar uma estratégia de avaliação e criação de progressões de ensino. A

fase de aplicações, tratada no último módulo, apresenta as ferramentas de

planificação básicas utilizadas em todo o ensino.

O planeamento da unidade temática tem como grande objetivo a

realização da aula. Todas as etapas que são desenvolvidas e os módulos

sequenciais decorrentes deste modelo procuram ir de encontro à qualidade e

eficácia de cada aula.

A aula constitui o verdadeiro ponto fulcral do pensamento e da ação do

professor, porém a sua preparação pormenorizada – a concretização crescente

de objetivos, a estruturação das matérias de ensino, a escolha das atividades

dos alunos e de métodos ajustados aos objetivos, aos conteúdos e condições –

apenas atinge o seu alvo quando estiver corretamente traçado o itinerário

completo por objetivos para o resultado.

Ao longo do ano letivo, em todas as unidades temáticas procurei

apresentar as quatro categorias transdisciplinares, com vista à qualidade e

eficácia do processo real de ensino. Para isso, não me limitei apenas à

distribuição das matérias de ensino pelo tempo disponível, mas também à

preocupação com os pontos nucleares para cada aula, como o caso das

estratégias a utilizar para obter melhores resultados, o tempo necessário para a

distribuição da matéria, quais os conteúdos programáticos essenciais a abordar

e quais as melhores estratégias de avaliação.

Bento (1987) refere que o planeamento da unidade temática não deve

dirigir-se preferencialmente para a matéria “em si mesma” – a abordar nela –

mas sim para o desenvolvimento integral do aluno (habilidades, capacidades,

conhecimentos, atitudes), pelo que deverá explicitar as funções principais

assumidas naquele sentido por cada aula.

Quanto à unidade temática de voleibol, abordada no primeiro período,

fiquei com a sensação que dei um maior enfoque às componentes táticas, tal

como o modelo de abordagem utilizado remete (modelo de ensino do jogo para

42

a compreensão) comparativamente com as componentes técnicas. No entanto,

e após a realização da avaliação diagnóstica:

“…foi possível observar dois níveis distintos na turma, um grupo

encontra-se no nível elementar apresentando limitações ao nível técnico,

com dificuldades na sustentação da bola.” (Reflexão 7 de outubro,

Avaliação Diagnóstica de voleibol).

Analisando este aspeto, penso que cometi um erro ao preocupar-me

com as questões táticas de jogo para este nível da turma. Penso que deveria

ter utilizado mais situações jogadas para promover o maior tempo possível de

contacto com a bola e consecutivo tempo e oportunidade para a evolução

destes alunos, visto que têm dificuldades em sustentar a bola, o seu nível de

jogo tático também vai ser parco mediante esta limitação técnica.

Ao analisar este procedimento percebi que a capacidade técnica

diminuta nos alunos inviabiliza o seu nível de jogo, e a partir desse momento,

nas unidades didáticas posteriores procurei ter uma enorme preocupação com

este aspeto sem deixar de me preocupar com o ultrapassar dos problemas

táticos que o jogo promove aos alunos, razão pela qual promove o

desenvolvimento dos mesmos. Este aspeto pode-se observar no seguinte

excerto, referindo-se à justificação da UD de futsal:

“Ao nível das habilidades técnicas, o passe, a receção, a

condução e o remate serão introduzidas na segunda aula, pois

assumem-se como habilidades técnicas basilares ao desenvolvimento

do jogo de Futsal. O passe permite um jogo coletivo entre a equipa e

com isto progredir no terreno, a condução e o remate são outros meios

para alcançar situações de finalização e estão inerentes ao primeiro

princípio de jogo ofensivo, penetração, que desta forma também será

abordado nesta aula.” (UD de Futsal, Justificação).

43

Analisando a UD de ténis, estavam previstas quinze unidades letivas, no

entanto e mediante algumas circunstâncias que é de todo impossível controlar

(como as condições meteorológicas, por exemplo), algumas dessas aulas

tiveram que ser canceladas, sendo impossível cumprir toda a sequência de

matéria que estava prevista ser abordada. Desta forma, posso afirmar que as

unidades didáticas remetem para um plano e não podem ser levadas de uma

forma rígida e sempre que necessário terá que existir uma

reformulação/reajuste no sentido de tentar colmatar eventuais problemas que

possam acontecer. Parte também da competência do professor estar

disponível para adaptar e alterar algumas situações que aconteçam, sendo que

esta experiência tornou-se bastante proveitosa neste campo.

“Em suma, importa referir que a presente UD não é imutável e

estanque, ela pode e deve ser alterada e adaptada consoante as

exigências, situações e contratempos impostos pela prática.” (UD de

Ténis, Justificação).

Para concluir, penso que as unidades didáticas são das fases mais

importantes do PEA. Para a elaboração das mesmas, procurei auxiliar-me de

toda a bibliografia que foi anunciada pelos professores das didáticas

específicas no primeiro ano deste mestrado e ainda do manual de EF do ano

letivo em questão, com vista a superar as minhas dificuldades. Os manuais

apresentados serviram de guião para o planeamento e para a justificação de

toda a tomada de decisão do processo. A UD é um complemento para o

professor e permite estruturar todo o conhecimento, bem como encontrar

estratégias para abordar determinados conteúdos, tornando-se assim num

guião de todo o PEA.

4.1.1.3 Plano de Aula

“A aula é o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e da ação

do professor” (Bento, 1987, p.88).

44

Todo o processo de planeamento destina-se até à sua última ação, o

PA, que é o momento mais específico deste processo. O professor tem a

missão de pensar e analisar a sua prática para preparar o momento seguinte, a

aula, e no decorrer da sua ação analisar se tudo o que pensou desta complexa

tarefa surtiu efeito. Existem aulas em que a imagem final é positiva, e por outro

lado, aulas em que a tristeza e o desalento surgem no imediato. Estes

sentimentos são capazes de dar informação ao professor das suas seguranças

ou das suas falhas, e demonstram se os objetivos propostos conseguiram ser

alcançados.

Antes de se passar para a práxis, toda a aula deve ser pensada e

confrontada com as questões da sua preparação. É necessário e benéfico

olhar para os objetivos gerais e comportamentais e a partir desse momento

encontrar situações de aprendizagens que mais concretamente remetem para

a conclusão do objetivo, seguir uma lógica de organização estruturada para

que ocorram trocas rápidas e pouca diversidade nas situações para que a

concentração e níveis de precisão do que é proposto ocorra com maior

eficácia.

A partir desse momento, começa-se a pensar na aula nos seus três

grandes momentos: a fase inicial, a fase fundamental e a fase final.

A aula de EF, assim como todas as formas de ensino ou de exercitação

em desporto e como qualquer outra sessão de ensino racionalmente

organizada, divide-se em três partes: parte inicial, parte fundamental e parte

final (Bento, 1987). O mesmo autor (1987) defende que a apresentação da aula

através de um modelo tripartido deve ser entendida como uma das propostas

possíveis de construção de uma aula. Este modelo pretende chamar a atenção

para situações e momentos importantes e específicos da estrutura de uma aula

de EF. Também Rink (2014) refere que a aula deve ter um princípio, meio e

fim, pois somente desta forma o professor conseguirá conceder propósito às

experiências dos alunos.

Relativamente às aulas decorrentes no ano letivo, todas seguiram este

modelo. A parte inicial tinha como principal objetivo a ativação geral dos

alunos, procurando sempre que possível, encontrar situações dinâmicas que

45

fossem de encontro à modalidade que estava a ser abordada. Nas primeiras

aulas, este primeiro momento serviu para verificar as presenças dos alunos,

aspeto que com o desenrolar do tempo foi perdendo força, visto que após

conhecer os alunos poderia realizar a marcação das presenças na fase de

aquecimento. Em algumas das aulas, este momento também serviu para

trabalhar a condição física, aspeto que nunca foi descurado por parte do NE, e

que ambos concordamos ser essencial para os alunos.

“Continuando a fase de ativação geral, os alunos realizaram

alguns movimentos que mais à frente iriam fazer no circuito de treino

funcional (burpees, polichinelos, pranchas, saltitares), tornando o

aquecimento dirigido para o que se realiza na situação seguinte.”

(reflexão, 18 de janeiro de 2017).

“De seguida realizaram uma situação mais técnica, que envolvia o

passe e a receção, para completar o aquecimento e ao mesmo tempo já

incluir o relacionamento com a bola.” (Reflexão, 28 de abril de 2017).

A parte fundamental da aula contempla o maior momento da mesma e

remete para os objetivos principais. Nesta parte da aula, o professor tem a

grande missão de encontrar situações de aprendizagem que vão de encontro

aos objetivos propostos e também transmitir os conteúdos que foram

estabelecidos para aquela aula.

Em algumas modalidades, nomeadamente nos desportos coletivos, as

aulas foram divididas por grupos de nível distinto, ficando a tarefa do professor

mais complexa, na medida em que tinha que instruir dois grupos, estar atento

aos objetivos de cada um e ter uma grande capacidade para “mudar o foco” de

um conjunto de alunos para o outro. Quando a aula era planeada através de

grupos de nível distintos, no PA, a situação de aprendizagem derivava de um

grupo para o outro, tal como se pode observar nos exemplos abaixo.

46

A parte final da aula contempla uma reflexão sobre os principais aspetos

decorrentes na mesma, questionando os alunos sobre o que foi abordado e

tentando verificar se estes perceberam os conteúdos programáticos,

informando também os alunos sobre os aspetos que seriam lecionados na aula

seguinte. Esta fase também servia como retorno à calma e em algumas aulas

foram realizados alguns alongamentos para promover esse momento de

serenidade.

Uma das grandes preocupações na elaboração do PA seria

corresponder aos vários objetivos com as diferentes categorias

transdisciplinares (Habilidades Motoras, Cultura Desportiva, Aptidão Física e

Conceitos Psicossociais). A formulação exata dos objetivos nestas quatro

categorias constitui um pressuposto para a correta orientação da ação dos

alunos. Rink (2014) afirma que o PA é um guião no processo de ensino

baseado nos objetivos estipulados na UD. A mesma autora (2014) afirma que

os planos de aula devem transformar objetivos gerais e específicos em

experiências para os alunos.

Figura 1 - Situação de Aprendizagem por níveis 1.

Figura 2 - Situação de Aprendizagem por níveis 2.

47

“O “objetivo” constitui também em EF a grandeza didática determinante

do ensino, o ponto de concentração e de emanação da influência orientadora

sobre o conteúdo e o método, o critério decisivo para a avaliação da eficácia da

ação pedagógica”. (Bento, 1987, p.96).

Na fase inicial do ano letivo, houve alguma dificuldade da minha parte

para sobrepor no PA os objetivos consoante as quatro categorias

transdisciplinares, sendo esse ponto um aspeto de discussão nas várias

reuniões do NE, tal como se pode observar no excerto abaixo.

“Relativamente aos objetivos do PA estes devem obedecer a

regra dos 4 domínios (conhecimentos, atitudes, habilidades motoras e

aptidão física). Será importante que os objetivos sigam esta logica e os

objetivos comportamentais devem ir de encontro aos objetivos gerais.

Numa fase inicial da aula será importante situar o aluno, dando

informação dos objetivos propostos para aquela aula, podendo ser

expressos na fase inicial.

Os objetivos devem expressar o comportamento que quero

observar e será necessário colocar objetivos para atacantes, defensores

e apoios, no caso dos Jogos Desportivos Coletivos.

Quanto às situações de aprendizagem, devem refletir o objetivo

proposto e devem ser o mais breves possível colocando apenas o

essencial (nº de elementos dos grupos/trocas/etc).” (Reflexão, 12 de

outubro de 2016).

Com o desenrolar do tempo, este aspeto tornou-se mais vincado no meu

planeamento e em todas as aulas tive a preocupação de olhar para este

pressuposto com vista a um desenvolvimento global do aluno e não me

centrando apenas numas das categorias. Penso que se pretendo desenvolver

uma formação eclética no aluno será extremamente importante focar-me

nestes aspetos, porque a aula de EF não se centra apenas nos aspetos

referentes às habilidades motoras, é muito mais que isso. O PA é um método

de preparação da aula e permite antecipar determinados momentos. A

48

formação dos grupos inseridos no plano, a distribuição dos alunos por nível de

desempenho são informações que este deve conter e permite maximizar o

tempo de empenhamento motor, sendo assim importante para que o aluno

tenha a oportunidade de melhorar.

4.1.2 A grande diversidade dos modelos de ensino

A grande missão do professor é promover o sucesso educativo. Para

isso, deve utilizar a diversidade de modelos de ensino disponibilizados pela

didática, com vista a criar condições para que o(s) aluno(s) possa(m) aprender

e melhorar as suas competências. Esses modelos poderão ser muito distintos,

um ligado à descoberta de novos caminhos promovendo, assim, um maior

desenvolvimento da autonomia dos alunos, e por outro lado, modelos de

instrução mais centrados na direção dos agentes de ensino. Segundo Metzler

(2011), os modelos de ensino apresentam-se como um utensílio fundamental

que o professor pode utilizar num determinado momento com um certo

conteúdo, com a intenção de promover uma aprendizagem de forma mais

eficaz nos alunos.

Não existe um modelo de ensino mais forte que os outros. Todos eles

têm as suas potencialidades e os seus pontos fracos. É essencial encontrar um

equilíbrio entre as exigências das aprendizagens e as potencialidades dos

modelos, de modo a que os objetivos de aprendizagem sejam concretizados.

Tal como refere Mesquita e Graça (2011), não existe nenhum modelo que seja

adequado a todos os envolvimentos da aprendizagem, a eficácia do ensino

deve ser compreendida através da utilização de modelos de instrução que

forneçam uma estrutura geral e coerente para o ensino e treino do desporto.

Os mesmos autores (2011) referem que a qualidade dos modelos assenta na

relevância do seu conteúdo formativo, na robustez e atualidade da sua base

conceptual e na coerência e adaptabilidade da sua estrutura mediante os

objetivos de aprendizagem definidos e os intervenientes do contexto. Segundo

Rink (2001), não existe nenhum modelo de instrução que esteja adequado a

todos os envolvimentos de aprendizagem.

Como se depreende, os objetivos foram definidos mediante os

pressupostos de acordo com o planeamento e os modelos de ensino,

49

adaptando a minha atuação ao contexto (Escola/Turma) em que estava

inserido, mediante os alunos que tinha e o espaço disponível, fui ao longo do

ano pensando nos vários modelos de ensino e utilizando-os de forma mais

híbrida, tentando ao longo destes dez meses utilizar recursos de cada um

deles.

“A realização de torneios faz com que a competição seja ainda

maior e assim a motivação dos alunos também cresce, sendo, na minha

opinião, uma boa prática a utilizar sempre que possível.” (Reflexão,4 de

outubro de 2016)

“Ao dar autonomia aos alunos, o aquecimento da ginástica estava

a ser pouco dinâmico, estando eles muito lentos a realizar as respetivas

tarefas. Decidi alterar para um tipo de instrução mais direta, efetuando a

contagem dos diversos movimentos a realizar e a tarefa efetuou-se com

maior critério.” (Reflexão, 10 de março de 2017)

Relativamente às modalidades abordadas, e até pela dinâmica

estabelecida com a PC, decidi adotar os princípios de vários modelos de

ensino, enquadrando-os com as modalidades a abordar e a turma. Assim

sendo, nas modalidades coletivas tive presente os princípios do ensino do jogo

para a compreensão (Teaching Games for Understanding - TGFU) e nas

modalidades individuais tentei focar-me mais no modelo de instrução direta,

procurando controlar o ensino e ao mesmo tempo impedir perdas de tempo,

promovendo ganhos significativos na exercitação das tarefas. Quanto ao

primeiro, o foco principal é o desenvolvimento da capacidade do jogo através

da compreensão tática e das diferentes formas básicas, ao invés de situações

de ensino de técnicas de forma isolada. O professor tem um papel

importantíssimo, tornando-se o mediador de todo o processo, procurando guiar

o aluno para a descoberta das respostas aos problemas que o jogo lhe

provoca.

50

Por outro lado, o modelo de instrução direta, que tem um maior foco no

professor, tem um poder sobre praticamente todas as decisões do PEA, desde

o controlo administrativo, relativamente às regras e rotinas a apresentar, ao

controlo do tempo de uma forma eficaz e a indicação de critérios de êxito nas

situações de aprendizagem, é usado para aprendizagens de maior dificuldade

que não impliquem grande discussão, em que o aluno terá que ouvir e replicar

a tarefa expressa pelo professor.

Este modelo não dá grande liberdade aos alunos, no entanto permite a

definição de objetivos claros e a abordagem de progressões pedagógicas de

habilidades de ensino de cariz fechado.

“…os alunos deslocaram-se para junto do quadro e eu indiquei o

que seria para fazer. Quando acabei a instrução eles colocaram-se nos

respetivos espaços para iniciar a tarefa” (Reflexão, 30 de novembro de

2016).

Na minha opinião, ambos os modelos têm as suas valências. O modelo

de instrução direta, numa fase inicial do ano letivo permite ter um maior

controlo sobre a turma, garantindo algumas regras e rotinas que se podem

tornar bastante úteis no decorrer do ano. A partir desse momento, e quando as

rotinas se encontram totalmente enraizadas, a criação de autonomia nos

alunos implica métodos em que as decisões não sejam somente do professor.

A descoberta de soluções sobre os problemas levantados pelo jogo poderá ser

discutida entre os alunos e o professor, levando aos alunos a analisarem a

situação e a encontrarem respostas para ultrapassar os problemas impostos

pela prática. Esta é uma forma de promover a autonomia e aumentar o

conhecimento dos alunos, tendo assim o TGFU uma enorme importância,

respetivamente ao ensino dos jogos desportivos coletivos.

4.1.3 Os (des)níveis da prática motora

Independentemente das estratégias de instrução e de gestão utilizadas

pelo professor, e mediante as exigências de uma determinada situação, a

51

operacionalização eficaz do processo de ensino deve ser a principal ideia do

professor. Para isso, o professor deve criar ambientes de aprendizagem

propícios ao desenvolvimento dos alunos, e em muitos desses casos, a divisão

da classe por níveis é uma das estratégias a utilizar.

Como refere Mesquita e Rosado (2011), “importa desenvolver a ideia da

necessidade imperiosa de criar um ambiente de aprendizagem, na aula de EF,

efetivo e aberto a todos os estudantes e praticantes cujas habilidades caem

fora do nível geral (…) procurando criar um ambiente onde todos possam

alcançar o seu máximo potencial.”

Para que isto aconteça, é impossível olhar para o processo de ensino

através de toda a turma, mas será essencial focar-se na individualidade de

cada aluno. As diferenças que cada um apresenta terão que ser analisadas e é

importante que o professor compreenda qual a melhor forma de potenciar cada

aluno, apesar das suas limitações. Metaforicamente falando, a árvore é o que

nos importa, sem esquecer que está a desenvolver-se no conjunto da floresta:

porque, em última análise é cada aluno que aprende ou não aprende.

Rink (2001) defende que o aluno deve ser considerado enquanto sujeito

individual, com experiências singulares, motivações específicas, e mesmo

dificuldades particulares.

As oportunidades de aprendizagem têm que ser tidas em conta

independentemente do nível que cada aluno apresenta. Para que ocorra

desenvolvimento existe uma condição que tem de estar sempre presente, a

prática. Essa prática remete para as demais oportunidades que os alunos têm

para desenvolver as suas capacidades, procurando sempre uma participação

equitativa de todos os intervenientes.

A necessidade de atenuar as diferenças de oportunidades entre grupos

com características distintas tem de ser uma das preocupações educativas do

professor, encontrando eco na EF escolar através do desenvolvimento de

modelos curriculares que proporcionem a todos condições favoráveis de

aprendizagem. (Mesquita e Rosado, 2011).

Ao longo do ano letivo, e na grande parte dos jogos desportivos

coletivos, foi notória a diferença de capacidades dos alunos, verificando que

52

existiam dois níveis completamente distintos. Para tal, e em conversa com os

elementos do NE, achamos que seria benéfico para todos trabalhar de forma

separada, procurando nivelar os grupos e tentar promover uma maior evolução

nos alunos. Também concordamos que em algumas aulas seria possível

integrar alguns alunos com maior capacidade no nível mais baixo para servirem

de tutores e com isto ajudar os colegas a ultrapassar as suas limitações.

“O exercício seguinte foi dividido em dois grupos (de nível

distinto). O primeiro iniciou uma situação de 2x1, passando depois para

um 3x2. Aqui foi necessário dar algum FB para o posicionamento e para

a circulação de bola necessária no momento de jogo. O grupo seguinte

realizou o 3x2 com uma boa dinâmica, faltando por vezes alguma

perceção da importância de o aluno se colocar como apoio disponível

para receber.” (Reflexão, 29 de novembro de 2016)

Mesquita e Rosado (2011) defendem a inclusão dos alunos menos

dotados, com piores níveis de prestação motora, por exemplo, exige a criação

de condições que permitam prática acrescida, mais instrução, tarefas mais

estruturadas, mais encorajamento e atenção individualizada, quer pelo

professor, quer por tutores que podem ser outros colegas ou os próprios

grupos de trabalho.

Tal como se pode observar no excerto a baixo, relativamente à situação

da instrução do grupo de nível de jogo inferior, foi necessário focar alguns

aspetos posicionais para que na situação de jogo esse não fosse um problema

tão evidente.

“Os FB’s transmitidos ajudaram a melhorar o nível de jogo e no

grupo de nível inferior falei do posicionamento dos jogadores, para ter

algum transfere para o jogo.” (Reflexão, 29 de novembro de 2016).

“Num dos grupos o objetivo foi cumprido com clareza, por outro

lado, no grupo de nível mais fraco o objetivo não foi realizado. Aqui é

53

importante trabalhar por níveis e no nível mais baixo encontrar situações

menos complexas.” (Reflexão, 18 de março de 2017)

Como referem os autores anteriormente citados, as tarefas devem ser

estruturadas mediante o nível de capacidade dos alunos e, em algumas aulas,

percebi que essa tarefa torna-se um pouco complexa, na medida em que um

exercício que na minha opinião é bastante simples, pode limitar os alunos no

caso de estes não compreenderem o que é necessário realizar, perdendo

assim a oportunidade de prática e consecutiva oportunidade de

desenvolvimento. Acho que este tipo de metodologia pode ser importantíssima

para o professor potenciar a aprendizagem dos alunos. Por outro lado,

promove um elevado grau de sucesso para os alunos, no caso de as condições

de prática estarem adequadas às suas competências.

4.1.4 Instrução

“A transmissão de informação é uma das competências fundamentais

dos professores e treinadores, sendo evidente a sua importância na

aprendizagem.” (Rosado e Mesquita, 2011, p.70). Para Rink (1994), a

apresentação de tarefas diz respeito à informação transmitida pelo docente aos

seus alunos durante a prática motora acerca do que fazer e como fazer.

Para que exista um processo de comunicação, tem que ocorrer a

transferência e a compreensão dos significados entre pessoas, apresentando a

comunicação através de quatro funções:

Informação;

Controlo;

Motivação;

Expressão emocional.

A informação é o primeiro motivo da utilização do processo

comunicativo, com o objetivo de instruir para facilitar a aprendizagem. Para que

a instrução ocorra com sucesso será importante que o professor garanta

determinados comportamentos. A passagem de informação precisa e objetiva é

um aspeto extremamente importante, em que a utilização de palavras-chave

54

auxilia imenso neste ponto. A atenção de toda a turma também é uma tarefa

que permite que a transmissão dos conteúdos ocorra com sucesso.

De acordo com Siedentop (2000) a instrução caracteriza-se pela

ocorrência em três momentos distintos da prática: (1) antes da prática, através

da apresentação da tarefa, explicações e demonstrações; (2) durante a prática,

através da emissão de FB; (3) após a prática, realizando uma análise à prática

desenvolvida. Seguindo este pensamento, ao longo do ano letivo, o meu

processo de instrução decorreu mediante estes momentos. Na apresentação

da tarefa era de todo importante assegurar a atenção dos alunos para que a

mensagem chegasse aos mesmos de forma eficaz. O segundo momento

remete para as paragens que por vezes aconteceram para passar alguma

informação que não estivesse a ocorrer, e que teria uma enorme importância

para a consecução dos objetivos. No final de cada aula, era feita uma breve

reflexão com os alunos, questionando os vários aspetos que eles

consideravam positivos e negativos da aula, procurando encontrar os aspetos

que podem ser alvo de melhoria por parte dos alunos.

Os professores devem ter em consideração na otimização da

comunicação o nível de atenção que o aluno apresenta (Rosado e Mesquita,

2011). Logo nas primeiras aulas do ano letivo tentei de várias formas assegurar

esse controlo na comunicação, para permitir que este processo não fosse

muito demorado e impedir que os alunos perdessem tempo para a prática.

“Na instrução de exercícios mais analíticos, do tipo Treino

Funcional, será necessária focar a atenção de todos os alunos e não

permitir “brincadeiras” com bolas para que o tempo de instrução seja o

mínimo possível.” (Reflexão, 23 de setembro de 2016)

Durante algumas aulas lecionadas, o processo de instrução foi um

pouco demorado, inviabilizando os alunos de ter um maior tempo de

empenhamento motor. Para tal, a observação da PC e do meu colega de EP foi

extremamente importante para refletir sobre essa temática e tentar chegar a

uma conclusão de como poderia ultrapassar esse problema. Ao início

55

raramente utilizava palavras-chave, o que fazia com que o tempo fosse mais

alargado e os alunos nem sempre retivessem a informação essencial. Com o

decorrer do tempo passei a utilizar esse tipo de estratégia, procurando executar

em muitas das aulas a instrução junto ao quadro, no qual poderia explicar a

dinâmica da situação de aprendizagem e indicar os objetivos propostos, e este

torna-se mais um canal para a transmissão da tarefa.

Rosado e Mesquita (2011, p.80) esclarecem que “a forma como a

instrução é realizada interfere na interpretação que os alunos fazem das

tarefas, o que influencia a realização das mesmas”.

“Na parte da instrução, a utilização do quadro para explicar torna

a situação mais percetível para todos, sendo que deverá ser utilizada no

futuro.” (Reflexão, 4 de novembro de 2016)

Uma situação que foi utilizada ao longo do ano letivo foi a instrução com

demonstração em simultâneo. A demonstração poderá ser realizada, pelo

professor, aluno, ou até, através de outros modelos, como por exemplo, um

vídeo. “A demonstração de aspectos incorretos deve ser realizada por bons

alunos ou atletas ou pelo professor/treinador, e não por atletas com

dificuldades evitando a humilhação que essa situação possa acarretar”

(Rosado & Mesquita, 2011, p. 98). Concordo com a afirmação dos autores

mencionados anteriormente, no sentido em que os alunos com dificuldades ao

serem expostos a este tipo de situações poderão sentir-se humilhados, e

assim, levá-los a ter ainda mais limitações para superar os obstáculos. Neste

sentido, Rink (2014) afirma que os alunos devem ser utilizados quando o

professor considera que são capazes de demonstrar corretamente. Em muitas

situações da aula escolhi alunos que demonstravam um melhor nível de

desempenho e ao realizar a instrução com esses elementos emitia algumas

palavras-chave para os colegas entenderem o que era pretendido.

Penso que a minha evolução neste aspeto foi notória ao longo do ano

letivo, sentindo-me no final do ano mais seguro no meu discurso e com isso o

tempo de instrução não era muito elevado, permitindo assim uma maior prática

56

nos alunos. A emissão de palavras-chave foi um aspeto importante para os

alunos mais facilmente percebessem a tarefa e desta forma tornavam o PEA

mais eficaz.

4.1.5 Gestão da Aula: A preocupação com o máximo de tempo em

exercitação motora

O processo de gestão e organização da aula é uma necessidade que

resulta do PEA precisar de um ambiente adequado. O tempo, o espaço, os

materiais e os alunos são as variáveis do processo que o professor terá que

gerir ao longo da sua aula e os mecanismos mais ajustados na gestão desse

processo pode levar a um maior grau de envolvimento por parte dos alunos,

procurando a redução da indisciplina e otimizando o tempo da aula.

O sistema de gestão de tarefas corresponde à ação do

professor/treinador que tem, ainda, por objetivo a gestão do tempo, dos

espaços, dos materiais e da turma, procurando elevar os índices de

envolvimento, através da redução da indisciplina e fazendo uso eficaz do

tempo. (Rosado & Ferreira, 2011).

A criação de regras e rotinas na sala de aula é essencial para que as

aulas se tornem eficientes, procurando assim otimizar o tempo útil da aula.

Através destas rotinas é possível evitar-se elevados tempos de espera,

assegurar as questões de segurança, tornar os tempos de espera produtivos.

As rotinas criadas pelos professores, não só diminuem a incerteza que

pode levar a problemas de indisciplina, mas também a fluidez da aula,

mantendo os alunos envolvidos na tarefa. (Oliveira, 2002).

Ao longo do ano letivo, e mediante as tarefas que estavam a ser

realizadas, tentei sempre otimizar o tempo de empenhamento motor. Para isso,

e analisando o contexto (número de alunos e espaço disponível) por vezes foi

necessário criar situações completamente distintas na aula. Em muitas aulas

utilizei uma situação de aprendizagem da modalidade a abordar e exercícios

complementares de treino funcional.

Com isto foi possível abordar os conteúdos programáticos de uma

determinada unidade temática, sem descurar da aptidão física. Posso então,

57

considerar que esta forma de abordagem é integrada, na medida em que

contempla a condição física e todo o conhecimento da unidade temática, quer

sejam as habilidades motoras, a cultura desportiva e os conceitos

psicossociais.

“Quando duas equipas jogam, outra encontra-se de fora a realizar

atividades de treino funcional. Será uma forma de trabalhar a autonomia

e responsabilidade e isso terá que estar incutido em todos os alunos.”

(Reflexão, 28 de outubro de 2016)

“Existiam dois grupos a realizar o jogo e um grupo a realizar uma

situação de treino funcional durante 30 seg em cada uma das 3

estações. Os alunos realizavam e uma aluna que não efetuava a aula

contabilizava o tempo (…) ” (Reflexão, 22 de novembro de 2016)

Com isto os alunos têm um maior tempo de prática, aumentando assim o

tempo potencial de aprendizagem. Para que tal aconteça, na instrução da

tarefa, terei que assegurar que todos compreendem a mesma. Para além

disso, as transições dos grupos terão que ocorrer com grande fluência para

que o tempo de prática não sofra uma diminuição significativa.

Oliveira (2002) defende que existe, portanto, uma necessidade de

proporcionar aos alunos maior tempo de prática, aumentando o tempo

potencial de aprendizagem e reduzindo, quer o tempo de informação, quer o de

transição.

Esta preocupação ocorreu em todo o ano letivo e penso que faz todo o

sentido pensar nesta temática para a tentar otimizar. Se o aluno para evoluir

deverá ter várias oportunidades para exercitar, através da otimização do tempo

de exercitação (independentemente da tarefa que seja) o aluno consegue

aumentar o número de execuções, permitindo a sua evolução em vários

aspetos, nomeadamente, na modalidade que está a ser abordada, na condição

física e até mesmo no conhecimento de formas distintas de “treino”.

58

4.1.6 Feedback – a procura de um ciclo correto

Rink (2014) afirma que o FB assume-se como a informação que o aluno

recebe acerca da sua performance. O aluno ou atleta, após realizar a tarefa

motora deve receber um conjunto de informações acerca da forma como

realizou a ação, tentando com isso melhorar o seu desempenho. (Rosado e

Mesquita, 2011).

O FB é uma resposta do professor relativamente a uma ação do aluno,

procurando modificar essa resposta, no sentido de uma correta realização ou

melhoria da ação motora. Este processo carateriza-se por uma constante

avaliação do desempenho dos alunos, sugerindo a diferença entre a prestação

desejada e a prestação efetivamente realizada. Um correto diagnóstico é o

ponto de partida para conseguir perceber quais as causas que levam à falha na

realização da habilidade, e como agir para melhorar essa prestação.

Rosado e Mesquita (2011, p.84) referem que o “diagnóstico consiste na

identificação do erro, na reflexão sobre a sua natureza e a importância e na

identificação das suas causas”.

“Neste exercício tive a preocupação de me colocar de fora dos

courts e acompanhar todos os alunos, emitindo FB sempre que

necessário, nomeadamente para a fase terminal do batimento e a

manutenção da posição base enquanto “esperam” pela bola. Alguns

alunos não colocam a raquete no prolongamento do braço, com a

raquete acima da zona da cintura o que invalida a correta execução do

gesto. (Reflexão, 17 de maio de 2017)

Rosado e Mesquita (2011) sugerem que a qualidade de uma correção

depende, primeiramente, da competência de diagnóstico dos professores e dos

treinadores. Essa competência exige um enorme conhecimento dos corretos

modelos de execução e dos contextos em que se concretiza. Também Rink

(2014) refere que quanto mais cedo o FB for emitido, após a realização da

tarefa, maior é o seu potencial para ajudar o aluno.

59

Ao longo do ano letivo fui notando algumas variações na quantidade de

FBs que transmitia. Nas modalidades em que o domínio dos conteúdos era

mais vincada, a minha intervenção estava mais presente. Por outro lado, nas

modalidades em que sentia maiores dificuldades, a emissão do FB nem

sempre ocorria de forma tão fluída, tal como se pode verificar nos excertos

abaixo, referindo-se às modalidades de basquetebol e ginástica acrobática.

“Senti que utilizei mais FB (prescritivo) do que nas aulas

anteriores. Tentei que os alunos ocupassem os 3 corredores, lancem ao

cesto quando existir espaço livre, cortar após o passe para libertar

espaço ou ficar desmarcado e realizar uma defesa individual. Com estas

pequenas dicas durante o exercício os alunos iriam correspondendo.”

(Reflexão, 11 de novembro de 2016)

“Será importante transmitir mais FB sobre a realização de montes

e desmontes para os alunos realizarem corretamente as figuras

acrobáticas” (Reflexão, 18 de janeiro de 2017)

Não basta emitir FB apenas uma vez e esperar que o comportamento

seja logo ajustado a uma correta execução do gesto. (Rosado e Mesquita,

2011, p.90) remetem para que depois do FB inicial, o professor verifique se

este teve o efeito pretendido (alteração ou manutenção do comportamento),

para que de novo diagnosticar e prescrever se necessário.

“Neste exercício, foi possível verificar da minha parte a utilização

de FB prescritivo, sendo que eram exercícios individuais e requeriam

uma observação. Após o FB foi importante verificar a reação dos alunos

e na maioria houve efeitos positivos.” (Reflexão, 27 de setembro de

2016)

No excerto anterior, foi possível verificar a minha atuação perante o ciclo

FB, ou seja, verifiquei o erro, emiti o FB e, estive atento aos alunos para

60

perceber se a minha indicação teve um efeito positivo. Nem sempre esta tarefa

foi possível de realizar. Ao longo do ano tive alguma preocupação com esta

problemática e analiso algumas variações na minha postura. Numa fase inicial

sentia-me mais retraído para a emissão dos FBs, quando as modalidades eram

mais complexas, na minha opinião, a minha postura também era distinta,

ficando um pouco mais inibido. No entanto, tentei aumentar os meus

conhecimentos nessas modalidades, para que os alunos não ficassem

prejudicados e para eu perceber quais as principais limitações dos meus

alunos.

4.1.7 As turmas partilhadas e o processo de observação

“Observar “qualquer coisa” não é só olhar o que se passa à volta. Mais

do que isso, é captar significados diferentes através da visualização.”

(Sarmento, 2004, p.161)

Para Sarmento (2004), o fenómeno da observação possibilita o contacto

com o meio exterior, assegurando-nos o acesso a um diversificado leque de

informações (visuais) que dão significado ao próprio envolvimento e, embora se

possa dizer que a observação é, no sentido mais lato, a constatação de factos,

sempre que se observa, cria-se um sistema de expectativa, criam-se vários

horizontes ou níveis de compreensão para além do “imediato concreto”.

Serafini e Pacheco (1990) definem a observação como um papel de

regulação no processo de tomada de decisão de um professor. Neste contexto,

falamos de observação como estratégia de formação de professores com os

seguintes pressupostos:

Aprender a observar para aprender a ensinar;

Aprender a ensinar para aprender a investigar;

Aprender a ensinar para aprender a ser um professor reflexivo.

Neste sentido, ao longo do ano letivo o processo de observação do EE

ocorreu diretamente na minha turma, sendo necessário observar os

comportamentos dos alunos, para realizar uma respetiva correção (direcionado

com o ensinar). A observação também ocorreu nas turmas partilhadas e na

turma do meu colega de NE, à qual presenciei todas as aulas ao longo de todo

61

o ano letivo. Este tipo de observação, na minha opinião, foi extremamente

importante, levando a vários pontos de discussão nas reuniões de conselho de

turma, nas quais foi possível analisar alguns dos nossos procedimentos e

refletir sobre os mesmos para perceber se as práticas implementadas eram as

mais propícias de ser utilizadas. A análise destas situações permitiu obter

algumas informações relevantes para detetar eventuais estratégias mais

adequadas ao PEA (direcionado com a reflexão).

Serafini e Pacheco (1990) defendem a observação como a pedra

angular de qualquer processo de orientação e de supervisão em que o seu

objetivo principal é desenvolvimento profissional do professor. Assim sendo, o

processo de formação de professores contempla uma área de observação que

irá permitir o desenvolvimento profissional, nomeadamente ao nível da reflexão

que é feita após o ato de análise e com o conhecimento das dificuldades, serão

encontradas estratégias que facilitem este processo.

Ao longo do ano letivo foram utilizados sistemas de observação para

verificar os comportamentos do professor e perceber de que forma poderia

otimizar o tempo de aula. Um dos modelos utilizados foi o “Sistema de

Observação do Comportamento do Professor (SOP) que tem como objetivo

traçar um perfil das suas características mais frequentes (Sarmento, 2004).

A título de exemplo, é apresentado em baixo a análise através do SOP

da turma partilhada numa aula de ginástica acrobática do meu colega do NE,

durante o segundo período do presente ano letivo, sendo esta observação feita

em diferido através da gravação e análise do vídeo com vista a perceber os

comportamentos mais frequentes do EE. As aulas de ginástica acrobática

requeriam bastante observação na realização dos “montes e desmontes” e ao

mesmo tempo um elevado nível de FB e instrução para os alunos realizarem

corretamente as figuras, daí que esse comportamento seja o mais evidente

nesta mesma aula.

62

O 36

I 80

FB 88

OB 136

OC 63

An 10

Ap 7

Iva 0

Organização

Instrução

Observação

Feedback

Outros comportamentos

Afectividade negativa

Afectividade positiva

Intervenções verbais dos alunos

0´´-5´´ 5´´-10´´ 10´´-15´´ 15´´-20´´ 20´´-25´´ 25´´-30´´ 30´´-35´´ 35´´-40´´ 40´´-45´´ 45´´-50´´ 50´´-55´´ 55´´-60´´

1 O O O O O O O O O O O O

2 O O O O O O O O O O Oc Oc

3 Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc

4 Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc

5 I I I I I I I I I O O O

6 O I I Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Oc Oc

7 Oc Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob An An An An

8 An An An An An I I I I Ob Ob Ob

9 Ob I I O O O I Ob FB Ob Ob FB

10 Ob Ob Ob I I Ob Ob Ob Ob Ob I Oc

11 Ob Ob Ob Ob Ob Ob I Ob Ob Ob Ob I

12 I I Ob Ob Ob I Ob Ob Ob Ob FB Ob

13 I Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob I Ob Ob O

14 O I I I I I Ob Ob FB O I Ob

15 I I Ob Ob Ob Ob I I I I I Ob

16 Ob Ob I Ob I Oc I I I I I I

17 Ob FB FB I I Ob Ob Ob FB FB I I

18 I I I I I I I I O O I I

19 I Ob Ob Ob Ob Ob Oc Oc Oc Oc Oc I

20 Ob Ob Ob Ob Ob Ob Oc I Ob Ob Ob Ob

21 Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob

22 I I Ob Ob I I O O I I I I

23 I I Oc Oc Oc Ob Ob Ob Oc Oc Oc Oc

24 Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc

25 Oc Oc Oc Oc Oc Oc Oc Ob Ob Ob FB FB

26 FB FB FB Ob Ob Ob Ap FB FB FB FB FB

27 FB FB FB FB FB FB FB FB FB Ob Ob Ap

28 FB FB FB FB FB FB FB FB I FB FB FB

39 FB FB I I I Ob Ob Ap Ap Ob Ob Ob

30 Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob Ob An Ob Ob

31 Ob Ap Ob Ob FB FB FB Ob Ap FB FB FB

32 Ob Ob Ob Ap FB FB FB FB Ob Ob FB FB

33 FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB

34 FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB

35 FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB FB

Unidades de Tempo

Min

uto

s

Aula - 12º B

Gráfico 13 - Comportamentos observados durante a aula

Tabela 2 – Comportamentos observados durante a aula

63

Alarcão e Tavares (1987) definem a observação como o conjunto de

atividades destinadas a obter dados e informações sobre o que se passa no

PEA com a finalidade de, mais tarde, proceder a uma análise do processo

numa ou noutra das variáveis do foco. Ou seja, a observação pode ser

centrada em diversas dimensões, no aluno, no professor, na interação

professor-aluno, no ambiente da sala de aula, no ambiente socio-relacional,

entre outros.

O processo de observação tornou-se uma ferramenta de extrema

importância ao longo do ano letivo, permitindo uma evolução do EE nos

diversos níveis, ao nível dos alunos com referência ao seu desempenho e

atitudes, ao nível do professor em conformidade com todo o processo reflexivo

e ao nível da análise do comportamento do mesmo, procurando diversas

soluções (conversas com o NE) para a resolução dos problemas e melhoria da

sua prática.

4.1.8 Avaliação de um processo

À planificação e à realização, abordados anteriormente, soma-se a,

avaliação, enquanto tarefas centrais de cada professor. Bento (1987, p.150)

defende que “a análise e avaliação implicam a posterior reprodução mental

(podendo e, por vezes, devendo ir até ao registo escrito) daquilo que se passou

durante o ensino e a avaliação da sua qualidade.”

O mesmo autor (1987) defende que este processo decorre,

normalmente, em três etapas:

1º No decurso da aula.

2º Na parte final da aula.

3º Após a aula e em casa.

Através deste método surge a ideia da importância do professor refletir

acerca da sua prática, recorrendo aos diversos momentos. No decurso da aula

a reflexão centra-se nas suas propostas, na qualidade de estruturação do

ensino e das atividades desencadeadas, ou seja, a reflexão na ação. A parte

final da aula remete para uma reflexão sobre o decurso da mesma e os

respetivos resultados, remetendo assim para uma reflexão sobre a ação. O

64

terceiro ponto, após a aula e em casa, leva a análise do processo de ensino e o

registo dos resultados, olhando assim para a reflexão sobre a reflexão na ação.

“Na parte final da aula será importante refletir o que se fez, que

problemas aconteceram e dialogar com os alunos as diferentes matérias

abordadas para que o conhecimento desportivo deles possa aumentar.”

(Reflexão da Reunião de NE, 12 de outubro de 2016)

O aspeto em cima mencionado foi tido em conta ao longo do ano letivo,

tentando no final de cada aula ficar com a perceção que os alunos tiveram dos

aspetos positivos e negativos da mesma.

Bento (1987, p.154) define que “a análise e a avaliação do ensino

orientam-se por dois sentidos dominantes: a definição do estado alcançado e a

precisão dos planos do professor, sobretudo na aula seguinte.”

Esta prestativa procura um tipo de reflexão que não limite a análise do

ensino, a uma comparação do objetivo e do resultado, que inclua as condições

necessárias para o rendimento, abrangendo assim as determinantes de

sucesso e de insucesso, de rendimento e falta de rendimento. Segundo

Siedentop (2000) muitos professores de EF tendem a não avaliar a

aprendizagem dos alunos, a progressão ao longo do tempo e o empenho dos

alunos. O mesmo autor (2000) sugere que a avaliação deve ser concebida

como um conjunto de atividades onde o aluno tem oportunidade de demonstrar

as suas capacidades, o conhecimento e a aplicação do conteúdo num contexto

que permita a continuidade de novas aprendizagens e crescimento.

O processo de ensino é direcionado para a consecução de determinados

objetivos. Então uma primeira possibilidade de adquirir dados acerca da

qualidade do trabalho letivo será o controlo dos resultados obtidos pelos

alunos, isto é, dos objetivos alcançados (Bento, 1987).

Por outro lado, surge também a necessidade de analisar o PEA. Neste

caso é extremamente importante analisar todas as circunstâncias do processo,

surgindo posteriormente os resultados de aprendizagem. Bento (1987, p.155)

define “a análise, orientada para a determinação da qualidade das diversas

65

componentes do processo de ensino/aprendizagem, é designado como

análise/avaliação do processo.”

No excerto a baixo é possível verificar uma reflexão acerca do processo

de ensino, em que é feita uma análise à formação das equipas e dos

resultados obtido num determinado comportamento.

“A formação das equipas estava desequilibrada, sendo importante

alguns reajustes no momento para manter o jogo mais competitivo. No

aspeto da ocupação dos corredores os alunos já realizam, faltando

haver maior trocas posicionais e mais procura de bola.” (Reflexão, 4 de

janeiro de 2017)

Segundo Rosado e Silva (1999) “a avaliação poderá ser normativa ou

criterial; normativa se centrada sobre o desempenho de um dado grupo de

alunos e criterial se focaliza o domínio de um conjunto particular de objetivos.”

“Na avaliação normativa, o critério é externo em relação ao indivíduo que

aprende e às condições de aprendizagem, sendo a classificação feita por

referência a padrões exteriores a essas condições. Na avaliação criterial, o

padrão de referência ou de comparação é um critério e não uma norma, ou

seja, é avaliado o conhecimento do aluno em relação a critérios pré-

estabelecidos constituídos pelos objectivos de ensino.” (Rosado e Silva, 1999).

Com as novas conceções de avaliação, a avaliação referida à norma

perde interesse, privilegiando-se uma avaliação direcionada para o critério e o

individuo, com a utilização de instrumentos específicos, balizados em função

dos objetivos propostos e focada em indicadores pedagógicos concretos.

(Rosado e Silva, 1999). Através deste ponto de vista e ano letivo fui utilizando

um tipo de avaliação centrada no critério, em função dos objetivos propostos

para o aluno e utilizando instrumentos de avaliação criados em função das

categorias que pretendia avaliar.

Nas primeiras aulas das várias unidades didáticas, decorreram sempre

as avaliações diagnósticas, com vista a perceber o nível que os alunos se

encontram e a partir daí verificar se os objetivos propostos seriam passíveis de

66

atingir, ou então, se seria necessário fazer um reajuste dos mesmos.

Gonçalves et al. (2010) refere que esta avaliação tem como objetivo a recolha

de informação para priorizar e ajustar a atividade dos alunos no sentido do seu

desenvolvimento. Também refere que esta informação permite colocar o aluno

num grupo ou nível de aprendizagem ajustado às suas capacidades.

Durante o segundo e terceiro período comecei a adotar a estratégia de

retirar alguns apontamentos sobre os alunos que acabava por me facilitar a

tarefa na avaliação sumativa, conseguindo assim, percecionar a evolução dos

alunos no decorrer do tempo.

De acordo com Ribeiro e Ribeiro (1990, cit. por Gonçalves et al., 2010,

pp. 48-49) a avaliação formativa deve “acompanhar todo o PEA, identificando

aprendizagens bem-sucedidas e as que levantam dificuldades, para que se

possam ultrapassar as últimas levando os alunos atingir os objetivos propostos.

Rosado et al. (2002) corrobora a ideia apresentada anteriormente ao indicar

que a avaliação formativa deverá decorrer através de três etapas: (1) Recolha

de informação acerca dos progressos e dificuldades dos alunos; (2)

Interpretação dessas informações e, se possível, diagnóstico dos fatores que

originam as dificuldades; (3) Adaptação das atividades de acordo com as

interpretações.

A avaliação sumativa foi realizada no final de cada UD e permitiu obter o

resultado de um momento do aluno. No entanto, muito do que ele fez ao longo

do ano letivo teve influência no instante de avaliação e as notas retiradas

anteriormente foram importantes para este processo. Através deste tipo de

metodologia foi possível verificar a competência do aluno bem como perceber,

se existiu ou não, evolução durante a respetiva UD. Segundo Gonçalves et al.

(2010), a avaliação sumativa surge com uma apreciação global sobre o

desenvolvimento dos conhecimentos, das competências, das capacidades e

das atitudes dos alunos e possui um carácter pontual de vertente classificativa.

Segundo o mesmo autor (2010) esta deve ser entendida como uma avaliação

que procede a um balanço do resultado final de uma parte do PEA,

contribuindo para uma apreciação mais eficaz do trabalho realizado.

67

Por fim, o processo de avaliação foi efetuado mediante os critérios de

avaliação apresentados na tabela 3 e previamente definidos através do

departamento de EF para todos os ciclos letivos.

Tabela 3 – Critérios de Avaliação utilizados no ano letivo

Critérios de avaliação

Domínios de avaliação Quantificação

Participação

nas

atividades

propostas na

aula

Desempenho

obtido na

prática da EF

e nas fichas

de avaliação

Domínio

Cognitivo

Saber

Aquisição de conhecimentos sobre os

conteúdos lecionados

Domínio do vocabulário específico

20% Conhecimento dos princípios básicos de

higiene, segurança e da fisiologia do esforço.

Domínio

Sócio-

afetivo

Saber ser

Responsabilidade

15% Empenho

Autonomia

Atitude crítica

Relações interpessoais

Domínio

Psicomotor

Saber fazer

Aquisição das competências

técnicas, táticas e regulamentares

previstas para cada modalidade ou

atividade física.

45% 65%

Condição física

20%

68

4.2 Participação na Escola e Relação com a Comunidade

Este capítulo apresenta os pontos de atuação ao longo do EP referentes

à participação na escola e a relação com a comunidade, olhando para as

atividades que presenciei e discorrendo alguns pontos essenciais acerca das

mesmas.

Tal como refere nas Normas Orientadores do EP (2016/2017), “esta área

engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo EE, tendo em vista a

sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente contribuam

para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor

conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da

ligação entre a escola e o meio.” (p.6).

A função do professor não se apresenta apenas na sua relação com os

alunos nos momentos da sua aula, mas visa também a integração dos mesmos

na comunidade e nada melhor que o desporto para que a integração de todos

seja possível.

Para que estas atividades decorram no seu máximo exponencial penso

que é extremamente importante que o espírito de equipa esteja presente.

Todos os elementos que constituem a organização devem-se juntar e assumir

um fim a atingir e todos devem trabalhar de igual modo para que as suas metas

sejam alcançadas.

No final deste EP, fico com a sensação de que o núcleo de EF nem

sempre esteve tão compacto quanto eu penso que seria necessário, sendo

importante haver uma maior aproximação entre os professores e os estudantes

estagiários, com vista a uma melhor integração na comunidade e com isto ter

uma maior compreensão da realidade.

4.2.1 Corta-Mato Escolar

O corta-mato escolar é uma atividade com um enorme historial ao longo

dos anos nas escolas. É uma atividade que decorre em três fases (escolar,

regional e nacional). A nível escolar, os professores de EF têm um papel

fundamental tanto na organização da atividade, como no incentivo dos alunos

para a participação.

69

Na reunião de departamento agendou-se a data para a realização da

atividade e definiu-se que esta era organizada pelo grupo de EF e pelos alunos

do curso profissional de desporto. O NE ficou com um sentimento de deceção

pois não teria uma intervenção direta na organização do evento, não podendo

desta forma ganhar experiência no planeamento de atividades, que poderá ser

essencial para o futuro enquanto professor de EF.

Indiretamente ligado à organização do corta-mato, durante algumas

aulas do primeiro período, a minha preocupação foi criar situações que

envolvessem o treino para a prova e ao mesmo tempo tentar cativar os alunos

para a participação. Essas situações de aprendizagem envolviam corrida em

locais planos, com subidas e descidas, tal como no decorrer do percurso do

corta-mato.

“Na fase final da aula os alunos realizaram corrida para

desenvolver a resistência e para treinar para o corta-mato.” (Reflexão,

15 novembro 2016).

Penso que a participação na atividade de alunos da minha turma poderia

ter sido mais acentuada, sendo este um aspeto que poderia melhorar. No geral,

e principalmente no grupo de alunos do ensino básico a participação teve uma

grande afluência, tomando este aspeto como positivo. Por outro lado, à medida

que o ciclo de ensino aumenta, os alunos vão ficando mais afastados desta

atividade. Este aspeto é extremamente importante para os professores, e estes

devem procurar encontrar estratégias para que a taxa de participação nestas

atividades seja sempre elevada, independentemente do ano de escolaridade

dos alunos.

No dia da prova estive numa zona próxima da meta, em que a minha

principal função era certificar-me que os alunos se mantinham de forma ordeira

e seguindo a ordem de chegada. Nessa zona também era possível observar a

passagem dos alunos durante a corrida e assegurar que não existia qualquer

problema com os mesmos nas rampas.

70

De um modo geral, penso que a prova correu bem, sem qualquer tipo de

problemas. Um ponto que considero negativo foi a reduzida participação dos

alunos do ensino secundário, inclusive da minha turma. Tal como referi

anteriormente, o professor tem um papel essencial na promoção das atividades

e acho que no decorrer dos anos deve cativar os alunos com atividades

diversificadas, para que o gosto pela corrida perdure no futuro dos alunos.

4.2.2 - Desporto Escolar

Para Sousa e Magalhães (2006, p. 12), o desporto escolar (DE) é o

“conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com objeto desportivo,

desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres,

num regime de liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de

atividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo”.

A EBSDD oferece aos alunos um leque de modalidades nas quais estes

podem participar, desde a natação, passando pelo andebol, ténis e ginástica. A

diversidade de atividades é um ponto positivo para os alunos, podendo numa

fase inicial experienciar as diferentes modalidades, tal como afirma no ponto

anterior Sousa e Magalhães, afirmando a liberdade de participação e de

escolha.

As instalações que a escola oferece, em parceria com o Ginásio Clube

de Santo Tirso são uma mais-valia para os alunos. Ao todo, os alunos dispõem

do pavilhão da escola para a modalidade coletiva, o andebol. Para a ginástica,

a escola também oferece uma sala equipada com diversos materiais que

permitem a realização da modalidade. No que concerne às modalidades

individuais, a natação e o ténis, os alunos dispõem das instalações do Ginásio

Clube de Santo Tirso, que engloba a piscina e os três courts de ténis.

O programa do DE surge como complemento da EF, e visa a prática

regular da atividade física, colmatando o escasso tempo de prática que os

alunos obtêm na sua aula. Por outro lado, este programa visa a promoção de

estilos de vida saudáveis, a transmissão de valores e princípios associados à

cidadania, como a responsabilidade, o espírito de equipa, o respeito e a

verdade.

71

Na minha opinião, este tipo de atividades têm um efeito positivo nos

alunos. Em contrapartida, nem sempre em todas as cidades existem clubes

desportivos com determinadas modalidades, que o DE pode apresentar. No

entanto, as taxas nestas atividades do DE são nulas e os alunos podem

desfrutar da participação em torneios e outro tipo de atividades do programa

que leva ao crescimento do jovem enquanto ser humano e atleta.

No início do ano letivo, as equipas técnicas do DE já estavam definidas,

contemplando os professores que acompanharam os grupos no ano transato.

Desta forma, o que o NE decidiu foi acompanhar uma atividade que decorre-se

na escola, com vista a perceber toda a dinâmica envolvente.

A atividade que presenciamos foi a de ginástica. Nesse dia, a

modalidade ficou repartida pelo pavilhão e pela sala de ginástica. No pavilhão

os saltos no trampolim seriam contemplados e na sala de ginástica decorriam

as apresentações na trave e nas paralelas, salto no cavalo e a apresentação

no solo. A minha função nesse dia foi colaborar com a organização do evento,

ficando num computador a anotar os resultados que os juízes elegiam. Esta

experiência permitiu perceber de que forma funciona este tipo de eventos, qual

a logística que está inerente, e ainda vivenciar como uma modalidade que não

é das minhas prediletas, podendo assim ganhar algumas bases para o futuro,

daí a nossa escolha ter recaído para a ginástica.

Figura 3 - Evento do Desporto Escolar - “3º Encontro de Trampolins e Ginástica Artística”

72

4.2.3 – Direção de Turma

A direção de turma é outra tarefa que contempla a atividade do

professor. O diretor de turma (DT) tem um papel essencial na escola, na

medida em que reporta para o relacionamento e acompanhamento dos alunos,

podendo-se considerar como o mediador de todo o processo educativo, em

que o aluno é o destinatário principal.

Roldão (1995) defende que é pelo aluno e para o aluno que as

preocupações de articulação e coordenação dos processos de

desenvolvimento curricular têm de ser assumidas pelo DT.

O DT tem uma função importantíssima na gestão curricular, em que é da

sua competência todas as tarefas de gestão da escola relativamente à sua

turma.

O DT tem uma ação privilegiada junto de alunos e encarregados de

educação, dispondo de uma posição particular que lhe permite relacionar o

conhecimento e análise de situação que lhe advém dessas diferentes vertentes

de ação (Roldão, 1995).

No decorrer do ano letivo, a PC não teve como função assegurar a

direção da turma, então para ficar com um maior conhecimento e maior

experiência relativamente a esta área, acompanhei uma reunião intercalar e as

várias reuniões de conselho de turma.

Com isto, foi possível perceber quais as temáticas principais que se

abordam nas reuniões. Também consegui perceber que é feita uma análise

dos alunos do ponto de vista individual e também da turma para selecionar

estratégias de melhoria do seu desempenho ao longo do ano e a descrição das

diversas atividades ao longo do ano. Por outro lado, penso que este aspeto

poderia ter sido ainda mais benéfico se existisse a possibilidade de

acompanhar de perto todo o trabalho de um DT, ficando a perceber, no dia-a-

dia, quais as estratégias utilizadas para a resolução de eventuais problemas,

que poderiam ser uma fonte de experiência para o meu futuro.

73

4.2.4 – A participação nas diversas reuniões

A situação de estágio, em contexto real de prática profissional, constitui

uma peça fundamental da estrutura formal de socialização inicial na profissão,

“isto é no processo pelo qual os candidatos à profissão vão passando de uma

participação periférica para uma participação mais interna e autónoma, no seio

da comunidade docente, de modo gradual e refletido, de imersão na cultura

profissional e de configuração e reconfiguração das suas identidades

profissionais” (Batista & Queirós, 2013, p. 47).

Para isso, ao longo do ano letivo presenciei diversas reuniões que me

fizeram pensar sobre as temáticas apresentadas e refletir sobre esses temas

com vista a uma rápida integração na comunidade educativa e ao maior

conhecimento da relação entre a escola e o meio.

Relativamente a estas reuniões, na sua maioria a minha presença foi

apenas como observador, sendo a PC a assumir a responsabilidade nas

respetivas tarefas. Penso que esta foi uma experiência gratificante e mesmo

como observador fez-me perceber melhor o funcionamento da dinâmica

presente na escola.

As reuniões às quais presenciei foram: as reuniões de departamento de

expressões, de grupo de EF, de conselho de turma e as reuniões intercalares,

ao qual irei falar da minha experiência das mesmas ao longo do ano letivo.

Quanto à reunião de conselho de turma, penso que foi um marco

importante para o conhecimento do modo de funcionamento da turma (se é

uma turma disciplinada ou não), para conhecer as atividades que serão

realizadas ao longo do ano e que poderão afetar a distribuição de matérias de

ensino da disciplina e conhecer algumas ferramentas para o professor (como

plataforma INOVAR, que permite analisar todo o processo do aluno).

“Nesta reunião discutiu-se alguns aspetos gerais de logística

como a marcação de testes, ocorrências que terão que ser preenchidas

na plataforma INOVAR, sendo uma forma de conhecer o funcionamento

de determinados parâmetros da escola. Depois passou-se a mencionar

os aspetos dos alunos, quais os que têm mais dificuldades e o que não

74

apresentam tantas dificuldades, podendo assim ficar com um panorama

geral do aproveitamento da turma.” (Reflexão, 9 de setembro de 2016).

As reuniões do grupo de EF permitiram-me perceber como é feita a

distribuição da avaliação da disciplina, as questões de logística (quanto ao

espaço para as aulas e o respetivo material) e também discutir assuntos gerais

relativamente ao planeamento anual. Relativamente a este aspeto houve uma

discussão sobre duas formas de pensamento quanto ao planeamento do 3º

ciclo. Alguns elementos do grupo de EF pretendiam abordar mais do que duas

modalidades coletivas, ficando aqui presente que os conteúdos de ensino a

abordar seriam menores e teriam um maior leque de atividades, ficando com a

possibilidade de um maior reportório motor e com isso ingressar em equipas de

competição. Estes elementos aprovavam este pensamento com a ideia que os

alunos ao não abordarem a modalidade consecutivamente acabavam por se

“esquecer” dos conteúdos transmitidos. Por outro lado, alguns elementos do

grupo são da opinião que as modalidades coletivas a abordar deveriam ser

apenas duas, conseguindo um maior tempo de prática e consecutivamente

maior tempo de aprendizagem. Com isto, os conteúdos podem ser lecionados

de uma forma mais calma, e assegurar que os alunos compreendam o que foi

ensinado, só aí avançado para conteúdos mais complexos. Estes docentes

pensam que os alunos conseguem adquirir conhecimentos e gestos motores, e

a sua capacidade de evolução no futuro poderá ser maior.

“Foi também importante destacar a proposta dos critérios de

avaliação e a sua aplicação nas diferentes áreas de expressões.

Quanto à proposta do planeamento anual houve uma discussão quanto

aos cursos de ensino básico no sentido de abordar duas ou três

modalidades coletivas no ano. No meu ponto de vista se o objetivo é

formar jovens com capacidade para realizar as diferentes atividades com

alguma qualidade será necessário aprofundar essas modalidades

durante um maior número de aulas, pensando que só assim é que o

75

desenvolvimento ocorre de forma consistente.” (Reflexão, 13 de

setembro de 2016).

4.2.5 – “Open Day”

O “Open Day” foi a atividade na qual o núcleo colaborou, realizada no

dia 29 de abril de 2017 no período da manhã e que permitiu a promoção de um

estilo de vida saudável e ao mesmo tempo impulsionar a integração e

sociabilização dos alunos bem como a comunidade educativa.

Esta atividade teve dois momentos marcantes, a primeira fase foi uma

palestra no auditório que envolveu os alunos e os Encarregados de Educação,

que foram sensibilizados para a prática de exercício físico, acompanhado com

uma correta alimentação e com períodos de repouso. A segunda parte da

atividade foi um momento prático, em que os participantes se dividiram em

diversos grupos e cada grupo estava inserido numa atividade. As atividades

que contemplavam esta segunda fase foram: a dança, os jogos desportivos

coletivos, nomeadamente o basquetebol e o futvolei, o cycling/sppining, o HIIT

training (TF) e a corrida de orientação.

Os participantes estavam divididos em vários grupos, e cada grupo

realizava uma atividade durante o tempo pré-estabelecido, sendo

posteriormente encaminhados para a estação seguinte, realizando desta forma

todas as atividades que estavam programadas. Quando todos os participantes

concluíram as estações tiveram também a possibilidade de assistir a alguns

esquemas coreográficos de alunos da EBSDD, podendo assim os

Encarregados de Educação observar o trabalho desenvolvido pelos alunos ao

longo do ano letivo.

Na preparação da atividade, os estudantes estagiários e os professores

incentivaram os alunos na participação e deram algum tipo de conhecimento do

funcionamento da modalidade, tentando garantir que existisse um grande

número de participantes. No entanto, tanto na minha turma como nas turmas

partilhadas, os alunos não estiveram particularmente interessados na

participação, sendo este um aspeto negativo a destacar.

76

No dia do evento, a função principal do NE foi coordenar algumas

estações em parceria com os professores da escola, inserindo os alunos e

familiares no respetivo local, auxiliando os mesmos na execução dos exercícios

e emitindo algum FB nos exercícios individualizados, como o caso do HIIT

Training.

A participação nesta atividade permitiu-me alargar o meu conhecimento

acerca da importância dos valores da atividade e aptidão física e da influência

que esta tem para a saúde. Serviu também, como meio de integração na

comunidade escolar, auxiliando como base de relacionamento entre os

elementos da ESBDD e a restante comunidade.

A participação na atividade foi um ponto positivo, estando inscritos cerca

de 70 pessoas de todas as idades. A diversidade de atividades também é, na

minha opinião, um fator importante para a presença no evento, não tornando a

atividade monótona e ao mesmo tempo mais motivante para os participantes.

Relativamente à organização, não houveram qualquer tipo de falhas,

fornecendo no início da atividade uma t-shirt alusiva a esta iniciativa,

fornecendo reforço aos participantes (nomeadamente águas) e ainda, os locais

das atividades estavam previamente definidos com cartazes de identificação. A

atividade estava dividida em seis estações e os participantes divididos por seis

grupos, ficando um grupo em cada estação. No final do tempo para cada

repetição os elementos que constituíam a organização indicavam aos

participantes que teriam que avançar para o exercício seguinte e recebiam o

grupo que chegava da estação anterior.

Na minha opinião esta atividade teve uma enorme importância para a

comunidade educativa, sendo possível conjugar a presença de alunos e

familiares. Penso que a palestra foi extremamente positiva, indicando

variadíssimas formas de prática de exercício físico, essencial para a promoção

de um estilo de vida saudável e ainda que tipo de alimentação deve ser

conjugado com a prática desportiva, bem como o descanso essencial a uma

correta recuperação. Estes aspetos alicerçados à componente prática mostram

aos participantes que existe um leque de atividades de fácil acesso e que pode

contribuir para o objetivo da promoção de hábitos de vida saudável. Outro

77

aspeto essencial é a participação de vários membros da comunidade

educativa, sendo eles professores, alunos ou familiares, ficando bem presente

que à partida não existe nenhum impedimento para a prática desportiva e todos

podem colaborar para a sua promoção.

Figura 4 – “Open Day:” Pavilhão com diversas modalidades; Zumba.

78

4.3 Estudo de Investigação-Ação: “A Perceção das Relações de um Grupo

através da Aplicação de um Teste Sociométrico.”

4.3.1 Resumo

O Teste Sociométrico e de Perceção Sociométrica são uma ferramenta muito

simples que permitem interpretar as relações de um grupo num determinado

momento. O principal objetivo na realização deste teste foi conhecer e aplicar o

teste sociométrico e de perceção sociométrica, enquanto ferramenta de

informação pedagógica. A aplicação do teste decorreu em dois momentos

distintos, em que os alunos responderam a dois questionários (teste

sociométrico e teste de perceção sociométrica). Para a análise dos resultados,

recorri à matriz sociométrica e ao sociograma em círculo. Os resultados

transmitidos pela matriz sociométrica e pelo sociograma do grupo permitem

perceber qual a posição sociométrica da criança, quem são os alunos que

mantêm um maior relacionamento e se essa relação é recíproca. Também

ajuda a compreender se dentro da turma existem pequenos grupos ou se

existe uma integração perfeita, e ainda, se as aplicações forem realizadas em

momentos distintos, podemos perceber de que maneira a estrutura do grupo, a

posição sociométrica e as relações pessoais têm evoluído.

Palavras-Chave: TESTE SOCIOMÉTRICO E DE PERCEÇÃO

SOCIOMÉTRICA; MATRIZ SOCIOMÉTRICA; SOCIOGRAMA EM CÍRCULO;

79

4.3.2 A escolha da Sociometria

A realização do estudo sociométrico prende-se com a necessidade de

estabelecer novas ferramentas que serão de todo úteis enquanto futuro

professor. Se por um lado é importante conhecer estratégias de ensino que

auxiliem o sucesso educativo, por outro lado, a presença de informações ao

nível da relação entre os grupos/turma será um ponto importante na melhoria

da competência profissional do EE.

Relativamente à escolha deste tema, o mesmo foi selecionado mediante

a presença de uma turma conflituosa, residente do meu colega de NE, às quais

presenciava todas as aulas. Os problemas que os alunos apresentavam,

nomeadamente ao nível do comportamento na presença de determinados

colegas, levaram à necessidade de escolher soluções para a resolução dos

mesmos e, mediante as discussões nas reuniões do NE, a proposta

apresentada ao meu colega foi no sentido de realizar o teste sociométrico,

como ajuda para se avaliar a dinâmica das relações sociais na turma. Numa

primeira fase ponderei o aprofundamento de outra temática, visto que a minha

turma não apresentava esse tipo de comportamentos problemáticos a

necessitar de uma averiguação mais específica, nomeadamente situando o

comportamento de cada aluno no contexto da dinâmica das relações dentro da

turma. As respetivas reflexões que fui realizando sobre a temática e com o

contributo da orientadora de EP na perceção das possibilidades deste teste,

para o conhecimento da turma do ponto de vista da relação dos alunos entre si,

fez-me pensar de outra forma e, assim, percebi que me poderia familiarizar

com a aplicação rigorosa de uma ferramenta que poderá ser muito útil no futuro

profissional, e que o estudo deste tema será útil nesse futuro, porquanto

ajudar-me-á a diagnosticar melhor problemas e bloqueios que ocorram na aula,

com ele relacionados, e construir uma estratégia de resolução de problemas

deste género, nomeadamente na perceção das relações do grupo num

determinado momento.

Esta temática, nos dias de hoje não está muito presente, o que não lhe

retira utilidade. Os problemas de relacionamento entre alunos, que ditam a

dinâmica afetiva da turma, não desapareceram dos problemas pedagógicos

80

que o professor enfrenta. Assim, pode ser uma ferramenta bastante útil para

ser aplicada pelos professores de EF porque as informações que este teste

apresenta, tornam-se bastante proveitosas no planeamento/realização do

processo de ensino em cada aula concreta.

O projeto realizado procura seguir as evidências de um estudo de

investigação ação, com o objetivo de perceber qual a forma de

aplicação/resolução de um teste sociométrico e de perceção sociométrica a

uma turma do 12º ano.

4.3.3 Enquadramento Teórico

4.3.3.1 O processo educativo – um ato de relação social

Postic (1984, p.10/11) define que “o processo educativo não se

desencadeia senão quando um movimento anima cada um dos parceiros em

direção ao outro. Sofre um bloqueio quando, em determinadas situações

criticas, a intervenção inicial do educador é um acto de força, quer porque a

situação não é desejada pela criança ou pelo adolescente, quer porque estes

últimos resistem através de uma atitude ativa ou passiva.”

Dupont (1985) defende que a turma é um meio artificial por excelência,

que se submete a um complexo sistema de forças de coesão e de dissociação

que faz dela um meio particularmente dinâmico.

Para Postic (1984) as relações sociais introduzidas pelo ato educativo

permitem ao individuo, seja ele criança, adolescente ou adulto, se descobrir,

evoluir e estruturar.

O mesmo autor (1984) defende a relação educativa como o conjunto de

relações sociais que são estabelecidas entre o educador e aqueles que educa

para atingir os objetivos educativos, numa determinada estrutura institucional.

Essas relações possuem características cognitivas e afetivas identificáveis, que

têm um desenvolvimento e vivem numa história.

Neste sentido, Jesus (1996, p.9) define que “a relação pedagógica não

pode ser concebida segundo o modelo transmissor-recetor, isto é, limitada à

relação necessária para transmitir e receber os conteúdos programáticos do

PEA. Este modelo é reducionista quanto à análise da relação pedagógica, pois

81

existem muitas outras variáveis envolvidas neste processo. Nomeadamente à

medida que descemos no nível de ensino, o PEA é cada vez menos centrado

na informação e mais no relacionamento interpessoal.”

Para este autor (1996, p.13) “a relação deveria assentar numa estrutura

funcional em que o professor e o aluno, embora com papéis diferentes, se

situariam ao mesmo nível desenvolvendo uma relação simétrica. Desta forma,

o poder do professor sobre o aluno resultaria de processos de identificação ou

de atracão do aluno em relação ao professor.”

“A estrutura de uma relação interpessoal e o seu desenvolvimento ao

longo do tempo envolve processos de categorização. A categorização consiste

em sintetizar informação classificando-a em categorias pré-existentes.

Simplifica a relação com o outro permitindo mais facilmente compreender e

prever o seu comportamento. Desta forma, confere sentido e estabilidade às

relações interpessoais, pois o sujeito prevê aquilo com que pode contar da

parte do outro, orientando os seus comportamentos para com ele em função

dessa previsão.” (Jesus, 1996, p.10). Também Postic (1984) defende o

processo de categorização do individuo consiste na atribuição de certas

características com base na sua linguagem a categorias socioeconómicas e

mesmo raciais. Confere-se a outrem uma identidade social pela perceção que

se tem do grupo social a que ele pertence.

Segundo Postic (1984, p.126) pode caraterizar-se o grupo-turma como

um grupo de interação direta, “porque os seus membros têm uma influência

uns sobre os outros e porque quanto às normas que aí se desenvolvem, ele

exerce uma ação sobre elas; é um grupo de trabalho, organizado com vista a

determinado objetivo, e não um grupo lúdico; é um grupo formal, já que os seus

membros foram designados para constituírem um grupo e não se escolheram,

já que a estrutura foi imposta pela instituição.”

“Quer se queria quer não, o espaço em que o individuo se move e se

forma, apresenta-se muitas vezes como uma dimensão esquecida da

investigação pedagógica e a escola permanece sempre mais como o reflexo

dos valores materiais, culturais e morais da sociedade do que como um lugar

em que o individuo distingue e diferencia sem separar, une sem confundir e

82

consegue estabelecer uma relação dialética entre o organismo e o meio.”

Dupont (1985, p.219)

4.3.3.2 As Dinâmicas de Grupo

Bastin (1966, p.11) defende que “existem classes vivas, entusiastas,

trabalhadoras, mas faladoras, classes distraídas, classes em conflitos

incessantes, classes a que não pode dizer-se um gracejo sem se desencadear

paixões, classes turbulentas, classes em que pode dar-se mais facilmente, às

lições, um mar amigável, classes amorfas, muito difíceis de despertar, etc…”

Para este autor (1966) as crianças, à medida que se crescem, desenvolvem o

seu próprio sistema de valores sociais, sistema muito fluido, que se modifica

facilmente com a presença na vida em grupo.

“No seio deste grupo em situação desenvolve-se um sistema de

“tensões” ora positivas, ora negativas, correspondentes ao jogo dos desejos e

das defesas; o comportamento do grupo consistirá numa série de operações

que visam resolver estas tensões e a restabelecer o equilíbrio mais ou menos

estável.” (Maisonneuve, 1967, p.20).

O mesmo autor (1967, p.25) afirma que “a dinâmica de grupos, tomada

no seu sentido mais vasto, interessa-se pelos componentes e pelos processos

que intervêm na vida dos grupos – mas singularmente dos grupos “face a face”,

ou seja, aqueles em que todos os membros existem psicologicamente uns para

os outros e se encontram em situação de interdependência e de interação

potencial.”

Para Maisonneuve (1976) “não se poderia falar de “grupo” a partir

somente de fatores de proximidade, de conjunto e de inter-relações; tais fatores

não têm um sentido coletivo senão no interior de uma estrutura – ora

antecedente ora consequente – que regula o jogo das interações e implica, a

um nível mais ou menos consciente, uma finalidade, um quadro de referência

ou um viver comuns.”

83

4.3.3.3 Teste sociométrico e de perceção sociométrica

“Um teste sociométrico consiste muito simplesmente em pedir a cada

membro de um grupo que indique as pessoas com quem gostaria de se

associar em diversas situações.” (Northway & Weld, 1957, p.11). Também

Bastin (1966, p.15) defende que o teste sociométrico “consiste em pedir, entre

os companheiros, aqueles com quem desejariam encontrar-se numa atividade

bem determinada. Pode-se pedir-lhes igualmente que designem aqueles com

quem preferiam não se encontrar.”

“Os testes sociométricos são da maior utilidade na organização e

remodelação de grupos escolares. As escolhas sociométricas são um guia

valioso para a disposição das crianças nas carteiras ou para a formação de

grupos para trabalhar num projeto ou para fazer parte de uma comissão”

(Northway & Weld, 1957, p.13)

“Esse questionário, como se vê, não exige material complicado: bastam

uma folha de papel e um lápis. Pode ser aplicado coletivamente, se a

mentalidade dos indivíduos a isso se prestar, e demora, no máximo, um quarto

de hora.” (Bastin, 1966, p.15)

No caso da turma de 12º ano em questão, foi aplicado um teste de três

critérios, englobando questões de preferência, rejeição e perceção

sociométrica, onde era permitido a cada aluno indicar três preferências por

critério:

1. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para passar contigo nos

intervalos?

2. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para estudar contigo?

3. Qual ou quais dos teus colegas escolherias para ir ao cinema?

4. Qual ou quais dos teus colegas não escolherias para passar contigo

nos intervalos?

5. Qual ou quais dos teus colegas não escolherias para estudar contigo?

6. Qual ou quais dos teus colegas não escolherias para ir ao cinema?

84

4.3.3.4 Quais as informações que o teste fornece?

O teste sociométrico é uma ferramenta bastante simples que nos

permite tirar inúmeras ilações.

“Primeiro. Contando o número de vezes que uma criança é escolhida,

podemos descobrir em que grau é que ela é aceite pelos outros membros do

grupo. A isto chama-se “posição sociométrica”. Algumas crianças serão

escolhidas muitas vezes e outras menos vezes.

Segundo, os resultados permitir-nos-ão saber quais são os maiores

amigos de cada criança. Podemos verificar se ela tem um grande número de

amigos diferentes ou um pequeno número de amigos especiais e também se

as crianças que ela considera os seus amigos são os que também gostam dela

num modo especial.

Terceiro, o teste sociométrico revela a estrutura de um grupo como um

todo. Através dos resultados podemos ver se é constituído por pequenos

grupos mais ou menos fechados ou se há uma integração perfeita.

Talvez nos mostra que há uma barreira entre os rapazes e as raparigas,

ou entre crianças de nacionalidades diferentes. Também nos pode mostrar

quais são as crianças que fazem a sua escolha para além das barreiras, e que

são, portanto, os elementos integrantes do grupo como um todo. Ainda graças

a esse teste, podemos descobrir os chefes dentro de cada grupo e os seus

respetivos discípulos.

E quarto, se dermos os testes sociométricos em alturas diferentes,

podemos ver de que maneira a estrutura do grupo, a posição sociométrica e as

relações pessoais tem evoluído.” (Northway & Weld, 1957, p.11-12).

“O uso inteligente das preferências reais das crianças na organização

das turmas ajudar-nos-á a criar um bom clima dentro da aula.” (Northway &

Weld, 1957, p.14).

Bastin (1966, p.18) afirma que o teste fornece “ a posição social de cada

elemento do grupo. As preferências emitidas repartem-se muito desigualmente

entre todos: a maior parte recebe algumas, dois ou três privilegiados

monopolizam o restante, outros ficam isolados, sem preferências.”

85

O mesmo autor (1966) defende também que “o teste sociométrico,

porém, não é somente um instrumento de diagnóstico individual; o estudo das

relações interpessoais pode ser igualmente frutuoso. Quando o critério das

preferências e rejeições tem uma característica mais ou menos afetiva, não é

difícil determinar preferências reciprocas (relações de afinidade: simpatia,

amizade) as rejeições reciprocas (relações conflituais: rivalidade, ódio…) e as

“relações de indiferença”, se nos é permitida esta expressão.

4.3.3.5 Limitações do Teste

Tal como outros testes, o teste sociométrico também apresenta algumas

limitações. Como refere Northway & Weld (1957, p.14) “ele só dá informações

acerca das crianças e das relações entre elas no grupo que foi submetido ao

teste. Os resultados obtidos no nosso grupo escolar não nos dizem nada

decerto sobre o que estas crianças são quando integradas noutros grupos.”

As mesmas autoras (1957) afirmam que o teste “diz-nos quais são os

maiores amigos de cada criança, mas não nos diz qual o grau de profundidade

do sentimento que uma criança tem por outra, embora dê uma indicação.”

Por outro lado, “o teste em si também não revela nada acerca do

comportamento social real das crianças nem indica que espécie de técnicas

sociais é que elas empregam.” (Northway & Weld, 1957, p.15).

4.3.4 Objetivos

4.3.4.1 Geral:

Conhecer e aplicar o teste sociométrico e de perceção sociométrica,

enquanto ferramentas de informação pedagógica.

4.3.4.2 Específicos:

Perceber a aplicação de um teste sociométrico, para utilização futura

enquanto professor;

Compreender através de um teste sociométrico, como se organizam

as relações entre os alunos da turma, utilizando as informações no

respetivo planeamento;

86

Formar equipas/grupos de trabalho que permitam uma melhor

interação entre colegas e grupo;

4.3.5 Metodologia

4.3.5.1 Participantes

Este estudo decorre numa turma de 12º ano da EBSDD, constituída por

24 alunos de ambos os sexos.

O preenchimento dos questionários foi voluntário e anónimo, efetuado

individualmente por todos os alunos da turma. Todos os participantes tiveram a

possibilidade de retirar dúvidas quanto ao teste sociométrico, de acordo com as

regras da sua aplicação.

4.3.5.2 Procedimento

Após recolher todos os questionários os dados foram organizados numa

matriz – a matriz sociométrica, que, posteriormente foi utilizada para fazer a

análise dos dados. Foi igualmente feito o sociograma em círculo.

A matriz sociométrica contém absolutamente todas as informações que

se obtiveram com o questionário, sem serem interpretadas mas dispostos de

uma maneira ordenada. Através da matriz sociométrica é possível verificar toda

a estrutura sociométrica da turma.

O sociograma em círculo mostra a posição sociométrica do aluno em

relação a todos os restantes alunos do grupo, e principalmente as relações

sociométricas dominantes no grupo.

4.3.5.3 Instrumento (Aplicação do Teste sociométrico e do Teste de

Perceção Sociométrica)

A recolha de dados foi efetuada através de dois questionários (Testes

Sociométrico e Teste de Perceção Sociométrica) que decorreu em dois

momentos (24 de janeiro de 2017 e 27 de abril de 2017).

Este questionário tem como objetivo revelar a estrutura de um grupo

como um todo, percebendo a existência de pequenos grupos mais ou menos

fechados.

87

O teste sociométrico e de perceção sociométrica são compostos por seis

questões em que o aluno poderá escolher três colegas em diferentes situações

(as três primeiras referem-se às preferências e as restantes três remetem para

as rejeições).

Posto isto, será feita a análise dos dados através da matriz sociométrica

e do sociograma em círculo.

4.3.6 Apresentação e Discussão dos Resultados

Legenda:

Ṗ= Número de preferências recebidas;

Ṙ= Número de rejeições recebidas;

P= Número de preferências emitidas;

R= Número de rejeições emitidas;

ṕ= Número de indivíduos pelos quais o aluno se julga escolhido;

ŕ= Número de indivíduos pelos quais o aluno se julga rejeitado;

p’= Número de alunos que se julgam escolhidos pelo visado;

r’= Número de alunos que se julgam rejeitados pelo visado;

IS= Índice Sociométrico ou de posição Sociométrica;

Nº Escolhidos = Número de colegas diferentes escolhidos pelo aluno.

Nº = Número de alunos que escolhem o visado;

= Escolhas recíprocas

88

4.3.6.1 Primeira Aplicação (Teste Sociométrico e Perceção Sociométrica)

Grupo A – Preferências

Tabela 4 - Sociograma do Grupo A – “Preferências”.

Figura 5 - Sociograma das preferências recíprocas. No centro os alunos "populares"; no círculo

exterior os "isolados".

Eis, para o grupo A a lista das preferências reciprocas: D3-D13; D3-D14;

D3-D17; D7-D12; D7-D21; D9-D10; D13-D14; D15-D21; D16-D22; D19-D24;

Rapazes

Raparigas

89

Grupo B – Rejeições

Tabela 5 -Sociograma do Grupo B – “Rejeições”.

Figura 6 - Sociograma das rejeições recíprocas. No centro os alunos "mais rejeitados";

Eis, para o grupo B a lista das rejeições reciprocas: D8-D16; D9-D13;

Rapazes

Raparigas

90

Grupo C – Perceção das Preferências

Tabela 6 - Sociograma do Grupo C – “Perceção das Preferências”.

Eis, para o grupo C – “Perceção das preferências”, a lista das seleções

reciprocas: D2-D8; D3-D14; D3-D17; D9-D10; D9-D18; D10-D18; D11-D15;

D11-D19; D13-D14; D13-D17; D14-D17; D16-D22; D19-D24;

Rapazes

Raparigas

Figura 7 - Sociograma de reciprocidade de escolhas relativo à perceção das preferências. No centro os alunos "populares"; no círculo exterior os "isolados".

91

Grupo D – Perceção das Rejeições

Tabela 7 - Sociograma do Grupo D – “Perceção das Rejeições”.

Eis, para o grupo D – “Perceção das rejeições”, a lista das seleções

reciprocas: D8-D16; D19-D22;

Rapazes

Raparigas

Figura 8 - Sociograma de reciprocidade relativo à perceção das rejeições. No centro os alunos "mais rejeitados".

92

De seguida apresenta-se a distribuição dos alunos pelos 4 índices

medidos: preferências; rejeições; perceção das preferências e perceção

das rejeições.

Os alunos são classificados pelo índice sociométrico obtido em cada

grupo de questões e com esse valor estabelece-se a comparação

relativamente ao índice de probabilidade3.

A partir destes valores podemos, segundo Northway & Weld (1957)

classificar o aluno como:

- Popular: obtém um valor no índice sociométrico acima do limiar significativo

de probabilidade (LSS);

- Isolado: é o aluno que se situa aquém do limiar inferior de probabilidade

(LSI);

- Isolado Excluído: é o aluno que obtém um número de preferências inferior

ao LSI e um número de rejeições superior ao LSS.

Distribuição dos Indivíduos – 1ª aplicação

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a 14)

Notas acima do LSS (≥15)

Ṗ= Número de

preferências recebidas;

2 Indivíduos 21 Indivíduos 1 Indivíduo

D16=3; D22=3;

D5=4; D2=5; D6=5; D9=5; D18=6; D1=7; D8=7; D10=7; D20=8; D21=8;

D4=9; D11=9; D23=9; D7=10; D13=10; D14=10; D15=10; D3=13; D12=13;

D19=13; D24=14;

D17=19;

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a 14)

Notas acima do LSS (≥15)

Ṙ= Número de

rejeições recebidas;

11 Indivíduos 10 Indivíduos 3 Indivíduos

D19=0; D20=0; D15=1; D1=2; D4=2; D5=2;

D11=2; D24=2; D14=3; D17=3; D23=3;

D3=4; D12=4; D2=5; D7=5; D6=6; D8=6; D10=7; D9=12; D21=12;

D13=13;

D18=16; D16=28; D22=37;

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a 14)

Notas acima do LSS (≥15)

p’= Número de alunos que se julgam escolhidos pelo visado;

3 Indivíduos 21 Indivíduos 0 Indivíduos

D5=2; D16=3; D22=3;

D9=6; D10=6; D6=7; D18=7; D20=7; D1=8; D7=8; D19=8; D23=8; D11=9;

D4=10; D8=10; D12=10; D15=10; D24=10; D21=11; D2=12; D3=12;

D17=12; D13=13; D14=13;

3 P= probabilidade teórica de qualquer indivíduo ser escolhido por outro. Segundo Northway ; Weld

(1957), P = d/n-1, sendo que d corresponde ao número de respostas dadas e n à população do grupo. Ainda segundo o mesmo autor, para um P=9, o limite significativo superior (LSS) é de 15 valores e o limite significativo inferior de 3 valores. Para um P=8 o LSS =12 e o LSI = 2. Por fim, para P=6 ou 7, o LSS = 11 valores e o LSI =1.

93

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a 14)

Notas acima do LSS (≥15)

r’= Número de alunos

que se julgam rejeitados pelo visado;

9 Indivíduos 11 Indivíduos 4 Indivíduos

D15=1; D2=2; D6=2; D24=2; D4=3; D11=3; D19=3; D20=3; D23=3;

D12=5; D18=5; D1=8; D10=8; D14=8; D5=9; D8=11; D13=11; D17=11;

D3=12; D9=14;

D7=16; D21=16; D16=23; D22=24;

Tabela 8 – Distribuição dos alunos nos quatro índices.

Observando os sociogramas do primeiro teste podemos constatar

alguma interação entre géneros no que respeita às preferências.

Relativamente às escolhas recíprocas, temos que, dez das escolhas

são totalmente recíprocas (D3-D13; D3-D14; D3-D17; D7-D12; D7-D21; D9-

D10; D13-D14; D15-D21; D16-D22; D19-D24), ou seja, o aluno escolheu e foi

escolhido por um colega nas três questões, o que revela uma forte interação.

Existem também alguns casos (15) em que as escolhas são

parcialmente recíprocas (os alunos escolhem*-se mutuamente mais que duas

questões), e isso leva a demonstrar alguma aproximação entre os alunos em

questão (D1-D2; D1-D9; D2-D6; D4-D8; D6-D8; D7-D20; D9-D18; D10-D17;

D10-D18; D11-D15; D12-D20; D12-D21; D13-D17; D15-D19; D20-D21).

No sentido oposto, existem doze casos de baixa intensidade de

escolhas (D1; D2; D4; D6; D11; D12; D16; D17; D19; D20; D23; D24), em que

os alunos repartem as suas preferências por cinco, seis ou sete colegas da

turma. Isto pode ser um sinal revelador de que estes alunos não estabeleceram

relações muito fortes com os colegas da turma, e tendem a relacionar-se com

todos ou com os elementos do seu grupo.

A turma apresenta também tendência para criar claramente dois

subgrupos: sendo que em cada um deles se verifica a presença de pequenos

grupos fechados.

O primeiro subgrupo: D3; D13; D14; D17;

O segundo subgrupo: D7; D12; D20; D21;

No que respeita ao índice de rejeições, há claramente três alunos que

se destacam: D22 (37 rejeições), D16 (28), D18 (16).

O caso dos alunos D16 e D22 é preocupante, uma vez que, num

conjunto de 24 alunos, são rejeitados por 14 e 19 colegas respetivamente.

94

Em relação às rejeições recíprocas podemos observar que duas são

totalmente recíprocas (D8-D16; D9-D13), o que demonstra um grande

distanciamento entre esses alunos. Estes dados demonstram que a interação

entre eles na aula pode ser conflituosa, o que deverá ser ponderado na

formulação dos grupos de trabalho, equipas, etc.

Em termos de intensidade das rejeições, há apenas um caso em que é

moderada, sendo que o aluno (D10) distribui as rejeições por dois colegas.

Existem também casos de alunos que escolhem apenas 3 colegas neste

parâmetro (D8; D9; D12; D13 e D18), entendendo assim que a relação entre

eles e os colegas que selecionam não será a melhor.

Há ainda a destacar os alunos D3; D6; D10; D12; D17; D19 e D24 que

não responderam a todas as questões, ficando com a ideia que a turma tem

um relacionamento bastante seguro.

No que se refere às questões de perceção sociométrica, há três alunos

que se destacam por se considerarem pouco escolhidos (D5; D16 e D22).

Simultaneamente, as alunas D16 e D22 percecionam-se como sendo muito

rejeitadas. Isto revela o seu sentimento de afastamento perante a turma.

Esta auto perceção corresponde à consideração da turma perante estas

alunas. A aluna D22 foi rejeitada por 19 colegas e a aluna D16 foi rejeitada por

14 colegas.

Contudo, no caso de D16 e D22, há um aspeto a salientar. São alunas

ligeiramente isoladas, mas no entanto percecionam serem escolhidas por

diversos colegas (7, no caso da aluna D16).

O facto de andarem quase sempre muito próximas poderá levar a um

grande distanciamento da turma e consecutiva rejeição por parte dos colegas.

Relativamente à perceção das preferências recíprocas, em treze

casos verifica-se que são totalmente recíprocas (D2-D8; D3-D14; D3-D17;

D9-D10; D9-D18; D10-D18; D11-D15; D11-D19; D13-D14; D13-D17; D14-D17;

D16-D22; D19-D24). Isto significa que os alunos entendem que seriam

escolhidos nas três questões por um colega, e que isso acontece igualmente

no sentido inverso. No entanto, em apenas seis dos casos (D3-D14; D3-D17;

D9-D10; D13-D14; D16-D22; D19-D24) os alunos são efetivamente

95

escolhidos pelo colega que julgam que seriam.

Ao nível da perceção das rejeições, vinte e dois alunos apontaram

nove colegas, o que pode significar que se consideram muito rejeitados pela

turma.

Curiosamente, dois dos alunos mais rejeitados da turma (D16 e D22)

não parecem ter a perceção desse facto. Contudo, no caso do aluno mais

rejeitado da turma, o D22, afirma considerar que seria rejeitado apenas por três

colegas da turma, o que contraria claramente o número de rejeições que

efetivamente recebeu.

Paralelamente, os alunos mais rejeitados parecem ter uma perceção

errada dos colegas da turma que os rejeitam. Por exemplo, a aluna D18,

considera ser rejeitada por apenas três colegas, o que na realidade acontece

com um maior número de elementos.

Há também a destacar o facto dos alunos “populares” consideram-se

moderadamente rejeitados, numa perspetiva que não coincide de todo com a

opinião da turma. Por exemplo, o D17 considera que seria rejeitado pelos

colegas D1; D2; D4; D9; D20 e D21, o que só acontece com os alunos D20 e

D21.

Existem algumas diferenças quanto à posição sociométrica dos alunos

(D1; D3; D6; D7; D8; D14; D17) no que remete para as rejeições e para a

perceção das mesmas. Existem aumentos significativos da posição

sociométrica no segundo ponto, o que leva a alguma discrepância quanto à

perceção da turma no que remete para este parâmetro.

Um outro aspeto da análise do sociograma prende-se com a observação

dos alunos considerados populares ou líderes; isolados e excluídos. Assim,

dentro dos alunos populares temos: D17.

Curiosamente, o número de preferências obtidas com maior fluência foi

na questão “Qual ou quais dos teus colegas escolherias para estudar contigo?”.

A aluna é bastante responsável e bastante dedicada, inclusive delegada de

turma, o que demonstra que a maioria dos alunos a escolhe para este tipo de

tarefas, o que na minha opinião leva a que seja popular.

Muito próximo de atingir a popularidade temos a aluna D24, D3, D12 e

96

D19, o primeiro com o LSI de 14 e os restantes com LSI de 13. Podendo assim

considerar, que estes alunos mantem-se nos mais populares dentro da turma.

No sentido oposto, temos 2 alunos que podem ser considerados

isolados (D16 e D22).

Estes dois casos são preocupantes, pelo facto de serem classificados

como “isolados excluídos”, em que, para além de não serem escolhidos, foram

rejeitados mais de vinte e oito vezes.

Na minha perspetiva, estes deveriam ter sido os alunos considerados

prioritários, no sentido de criar uma melhor integração com os colegas,

atendendo ao número de rejeições que lhes foi atribuído, que demonstra um

claro isolamento perante a turma.

4.3.6.2 Segunda Aplicação (Teste Sociométrico e Perceção Sociométrica)

Após a recolha e análise dos dados referentes ao primeiro teste e a

partir da informação fornecida pelos dados recolhidos, foi reforçada a

intervenção pedagógica nos aspetos relativos: ao relacionamento dos alunos

entre si e à coesão do grupo turma. Estes aspetos foram trabalhados pelo

reforço do trabalho em pares, com particular incidência nos alunos excluídos.

Assim, reforcei a atenção e o apoio através de FB e interações mais frequentes

e procurando, sempre que possível, juntar estes “alunos-caso” aos colegas que

escolheram como preferidos, controlando sempre se havia aceitação nas

relações estabelecidas. A acrescentar a estas decisões transversais a todas as

aulas, os resultados da primeira aplicação foram, também, utilizados na

construção dos grupos de trabalho da UD de ginástica acrobática, para tentar

que os grupos funcionassem como um todo e que os alunos tivessem um bom

relacionamento. Também na formação das equipas da UD de futsal, presentes

em cada PA, tinha especial atenção a estes dados para que os alunos

conseguissem um melhor relacionamento com os colegas na realização das

diferentes situações de aprendizagem. Por vezes a operacionalização deste

princípio nem sempre era possível ou adequada.

Apresentam-se agora os sociogramas da segunda aplicação e as

principais informações recolhidas. Foram preenchidos 23 questionários em 27

de abril de 2017:

97

Grupo A – Preferências

Tabela 9 - Sociograma do Grupo A – “Preferências”.

Eis, para o grupo A a lista das preferências reciprocas: D2-D8; D3-D13;

D3-D14; D7-D12; D9-D10; D11-D15; D13-D14; D15-D23; D16-D22; D19-D24;

Rapazes

Raparigas

Figura 9 - Sociograma das preferências recíprocas. No centro os alunos "populares"; no círculo exterior os "isolados".

98

Grupo B – Rejeições

Tabela 10 - Sociograma do Grupo B – “Rejeições”.

Figura 10 - Sociograma das rejeições recíprocas. No centro os alunos "mais rejeitados";

Eis, para o grupo B a lista das rejeições reciprocas: D2-D16; D8-D16;

D8-D18; D9-D13;

Rapazes

Raparigas

99

Grupo C – Perceção das Preferências

Tabela 11 - Sociograma do Grupo C – “Perceção das Preferências”.

Eis, para o grupo C – “Perceção das preferências”, a lista das seleções

reciprocas: D1-D8; D3-D13; D3-D14; D3-D17; D9-D10; D9-D18; D10-D18;

D11-D15; D13-D14; D13-D17; D14-D17; D16-D22; D19-D24;

Rapazes

Raparigas

Figura 11 - Sociograma de reciprocidade de escolhas relativo à perceção das preferências. No centro os alunos "populares"; no círculo exterior os "isolados".

100

Grupo D – Perceção das Rejeições

Tabela 12 - Sociograma do Grupo D – “Perceção das Rejeições”.

Figura 12 – Sociograma de reciprocidade relativo à perceção das rejeições. No centro os alunos "mais rejeitados".

Eis, para o grupo D – “Perceção das rejeições”, a lista das seleções

reciprocas: D2-D16; D6-D16; D8-D16; D12-D13; D21-D22;

Rapazes

Raparigas

101

Tal como para a primeira aplicação apresenta-se agora a distribuição

dos alunos pelos 4 índices medidos.

Distribuição dos Indivíduos – 2ª aplicação

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a

14) Notas acima do

LSS (≥15)

Ṗ= Número de

preferências recebidas;

2 Indivíduos 19 Indivíduos 3 Indivíduos

D16=3; D22=3;

D5=4; D9=5; D6=6; D2=7; D4=7; D7=7; D11=7; D18=7; D21=7; D1=8; D10=8; D14=8; D23=8; D8=9; D12=9; D19=9;

D20=10; D15=11; D24=11;

D3=15; D13=15; D17=18;

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a

14) Notas acima do

LSS (≥15)

Ṙ= Número de rejeições

recebidas;

9 Indivíduos 10 Indivíduos 5 Indivíduos

D15=0; D19=0; D20=0; D24=0; D4=1; D5=2;

D11=2; D17=2; D23=3;

D10=4; D1=6; D12=6; D14=6; D18=6; D2=8; D6=8; D3=9;

D7=10 D13=13;

D21=16; D8=17; D9=17; D16=30;

D22=40;

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a

14) Notas acima do

LSS (≥15)

p’= Número de alunos que se julgam escolhidos pelo visado;

3 Indivíduos 21 Indivíduos 0 Indivíduos

D5=3; D16=3; D22=3;

D1=6; D18=6; D4=7; D6=7; D21=7; D9=8; D10=8; D20=8; D2=9; D7=9; D8=10; D11=10;

D12=10; D14=10; D19=10; D3=11; D15=11; D17=11;

D23=12; D24=13; D13=14;

Índice Notas Abaixo do LSI

(0 a 3) Notas não significativas (4 a

14) Notas acima do

LSS (≥15)

r’= Número de alunos

que se julgam rejeitados pelo visado;

8 Indivíduos 11 Indivíduos 5 Indivíduos

D5=0; D11=0; D15=0; D19=0; D23=0; D24=0;

D4=1; D20=1;

D2=5; D10=5; D14=6; D18=6; D12=7; D17=7; D6=9; D3=10;

D1=11; D9=11; D13=13;

D7=16; D21=16; D8=19; D16=26;

D22=35;

Tabela 13 – Distribuição dos alunos nos quatro índices.

Observando os sociogramas da segunda aplicação podemos desde

logo constatar que há uma estabilidade moderada dos resultados. Apesar

do espaço temporal que distou entre as duas avaliações, os resultados são de

uma forma geral idênticos, o que evidencia um padrão de relacionamentos

nesta turma.

Em relação à intensidade das escolhas, existe um aumento de 12

casos para 15 (D1; D2; D4; D6; D11; D15; D16; D17; D18; D19; D20; D21;

D22; D23; D24) em que selecionam cinco ou mais colegas. Destes 15 alunos,

um deles (D20) escolhe 8 colegas distintos, sendo uma situação que não

ocorreu na primeira aplicação do teste. Este pode ser um sinal revelador de um

102

estabelecimento de relações não muito fortes com os colegas de turma, com a

tendência a relacionar-se com vários elementos. Por outro lado, seis alunos

escolhem apenas 3 colegas e dois alunos escolhem 4 colegas nas três

questões. Apesar de uma maior intensidade de escolha, penso que não é um

fator que demonstre um distanciamento desses elementos com os demais.

Relativamente aos subgrupos criados, mantêm-se os dois grupos da

primeira aplicação do teste, (D3; D13; D14; D17) e (D7; D12; D20; D21), com

o acréscimo de um terceiro grupo (D9; D10; D18). Este é um indicador da

estabilidade destas relações.

No que diz respeito as escolhas recíprocas, temos que, dez são

totalmente recíprocas (D2-D8; D3-D13; D3-D14; D7-D12; D9-D10; D11-D15;

D13-D14; D15-D23; D16-D22; D19-D24), as mesmas que na primeira

aplicação. Isto demonstra uma intensidade igual nas interações, relações de

interesse e aceitação mútua.

Em relação às rejeições, os dados evidenciam cinco alunos que se

destacam como rejeitados. Comparativamente à primeira aplicação mantêm-

se os alunos D16 e D22, surgindo agora os alunos D8, D9 e D21.

Os índices de rejeição dos primeiros mantêm-se preocupantemente

elevados: D22- 37 rejeições atribuídas por 19 dos 24 colegas; D22 – 30

rejeições distribuídas por 14 colegas. Os valores relativos a estes cinco alunos

são mais baixos do que na primeira avaliação o que evidencia um ligeiro

agravamento dos seus estatutos.

Um dado significativo a ter em conta foi a saída da aluna D18 do grupo

dos rejeitados. O facto de a aluna não estar presente em algumas aulas

poderá ter atenuado a relação com os colegas e passando a não ser excluída.

Em termos da intensidade das rejeições, existem seis casos em que

se mantém moderada, surgindo uma rejeição elevada por parte do aluno nas

três questões. Quanto às rejeições reciprocas, existe um aumento do total

entre a primeira e segunda aplicação, passando agora para quatro rejeições

reciprocas (D2-D16; D8-D16; D8-D18; D9-D13).

Contrariamente ao que se sucedeu no primeiro inquérito, todos os

alunos nomearam pelo menos 3 colegas para as três questões referentes às

103

rejeições, não existindo assim uma intensidade moderada.

Na segunda aplicação ocorreu uma diminuição do número de

rejeições emitidas em média por cada aluno (de 5,3 para 5,2). No entanto

ocorreu um aumento das rejeições recíprocas (de 2 para 4). Estes dados

parecem indicar um relacionamento pouco favorável entre estes alunos.

Em termos de perceção sociométrica, há agora apenas três alunos

que se consideram pouco escolhidos (D5; D16; D22), que se mantém neste

parâmetro em relação ao primeiro questionário. As alunas D16 e D22

percecionam-se como rejeitadas, revelando um pouco do seu isolamento

perante a turma. Já o aluno D5 detém um estatuto de pouco rejeitado e ao

mesmo tempo moderadamente escolhido, não sendo uma perceção

completamente ajustada com a realidade.

A auto perceção corresponde à consideração da turma perante as

alunas D16 e D22. As mesmas são escolhidas apenas uma vez na segunda

aplicação do teste e escolhidas nas três questões, o que demonstra a perceção

em conformidade com a realidade.

Ainda em relação à perceção das preferências, o número de casos

diminui (de treze para doze) em que são totalmente recíprocas: (D1-D8; D3-

D13; D3-D14; D3-D17; D9-D10; D9-D18; D10-D18; D11-D15; D13-D14; D13-

D17; D14-D17; D16-D22; D19-D24). No entanto, estes dados não são muito

relevantes visto que a diminuição é muito baixa. No entanto, em apenas sete

dos casos (D3-D13; D3-D14; D9-D10; D11-D15; D13-D14; D16-D22; D19-

D24) os alunos são efetivamente escolhidos pelo colega que julgam que

seriam. Por outro lado, as escolhas dos alunos (D1-D8; D3-D17; D9-D18; D10-

D18; D13-D17; D14-D17) são parcialmente reciprocas, em que os alunos são

escolhidos pelos colegas em mais que uma questão, indicando assim um grau

de aproximação entre os alunos.

Curiosamente nesta segunda aplicação, esta perceção, coincide com

as escolhas feitas pelos alunos, o que revela um maior autoconhecimento do

aluno do seu estatuto no grupo, e da opinião dos colegas sobre si próprio.

Ao analisar a perceção das rejeições temos que quatro alunos se

consideram muito rejeitados (D4 – D7 - D11 e D20), que apontam 7, 8 e 9

104

colegas que os rejeitariam.

Ao analisar a tabela 13 é possível verificar que os alunos D4, D11 e D20

têm notas Abaixo do LSI (0 a 3) e o aluno D7 tem notas não significativas (4 a

14), o que demonstra que os primeiros não são rejeitados pela turma e o

segundo tem uma rejeição não significativa. Assim, os alunos acima

mencionados não têm de todo consciência da sua popularidade no grupo.

Dos alunos mais rejeitados nesta segunda aplicação (D8, D9, D16 e D21

e D22), os quatro primeiros pensam ser rejeitados por 3 ou 4 colegas e o último

percecionasse rejeitado por 5 alunos. Este dado não está de acordo com as

rejeições dos alunos, visto que, são rejeitados por um número superior de

colegas (entre 8 a 17), não existindo alterações significativas, variando na

primeira aplicação entre 10 e 19 escolhas.

Por último, observando a tabela 13, podemos verificar que em relação

aos alunos “populares”, verifica-se um aumento do número de alunos,

mantendo-se a aluna D17. Porém, surgem agora dois novos elementos, os

alunos D3 e D13.

A aluna D17 mantém-se nos mais populares, sendo que os seus índices

sociométricos diminuíram de 19 para 18. Por outro lado os alunos D3 e D13

aparecem agora no grupo dos mais populares, com um aumento do índice

sociométrico de 13 e 10 para 15 respetivamente.

Os alunos D12, D19 e D24 na primeira aplicação do teste estavam com

um índice sociométrico muito próximo do 15, que implicaria a passagem para o

grupo dos alunos “populares” e nesta segunda aplicação existiu uma

diminuição do índice sociométrico de 13 para 9 nos dois primeiros e de 14 para

11 no último.

No que se refere aos alunos “isolados”, tínhamos na primeira

avaliação: D16 e D22, mantendo-se os mesmos alunos nesta segunda

aplicação.

- A aluna D22 mantém-se como o mais excluído, seguido D16. É de

realçar o aumento do número de rejeições para as duas alunas, de 28 para 30

e de 37 para 40 respetivamente.

Na minha perspetiva, e analisando os dados penso que as situações

105

criadas e pensadas no sentido de melhorar a relação entre estas alunas não

surtiu grande efeito, ficando igualmente no grupo dos rejeitados. O facto de as

alunas seres muito distanciadas dos colegas, demonstrando algum isolamento

da sua parte, pode ter contribuído para que os resultados não tivessem sido os

melhores.

4.3.7 Conclusões

Após realizar a análise dos dados nas duas aplicações dos testes, é

possível retirar as seguintes conclusões:

De uma forma geral, da primeira para a segunda aplicação do teste

sociométrico, houve uma estabilidade moderada nos resultados.

Quanto às escolhas recíprocas, o número de preferências dentro da

turma manteve-se o mesmo da primeira para a segunda aplicação, com

um ligeiro aumento da intensidade de escolhas o que leva a entender

que existem relações bastante fortes dentro da turma.

Existiam três alunas que eram bastante rejeitadas na primeira aplicação.

De uma aplicação para a outra, duas dessas alunas mantiveram-se

como mais rejeitadas, ficando com a ideia que as estratégias de

formação de grupos não tiveram os efeitos desejados para estas alunas.

Como já referi anteriormente, penso que o facto destas se isolarem

bastante da turma fez com que o relacionamento na turma não tivesse a

melhoria esperada.

Houve um aumento nos grupos dentro da turma (2 para 3), da primeira

para a segunda aplicação. O facto de os alunos estarem divididos em

grupos mais isolados poderá dificultar o relacionamento entre a turma e

ao mesmo tempo poderá ter sido um fator que fez com que existisse um

aumento de alunos “rejeitados”.

Houve também um aumento do número de alunos “populares” entre as

duas aplicações, sugerindo aqui que a relação destes alunos na turma

foi positivo.

Quanto aos alunos “isolados”, não houve alterações neste aspeto

relativamente às duas aplicações.

106

Relativamente aos índices de perceções, principalmente na segunda

aplicação coincide com as escolhas feitas pelos alunos, o que denota

um maior autoconhecimento do aluno sobre o seu estatuto no grupo.

A aplicação do Teste Sociométrico e de Perceção Sociométrica permitiu-

me tirar algumas ilações importantes para o futuro enquanto professor. O facto

de após aplicar o teste ficar com um conhecimento mais aprofundado da turma,

em que rapidamente distingo os vários grupos existentes na turma, as relações

reciprocas comuns aos vários elementos, bem como os “lideres” do grupo e os

alunos “rejeitados”, permite-me, na construção de um plano de aula, tentar

integrar os alunos forçando um maior relacionamento entre eles. A definição

dos líderes da turma é uma mais-valia que o teste apresenta, visto que através

deles poderei tentar aproximar os colegas da turma e interagir com os mesmos

no sentido de se tornarem colaboradores dos alunos mais “excluídos”, no caso

de estes não serem rejeitados reciprocamente.

Dentro da turma, existem alunos “populares”, “excluídos”, “rejeitados” e

“indiferentes”, podendo todos ser auxiliados pelo professor e colaborar para

uma melhor relacionamento entre o grupo/turma.

Penso que o índice sociométrico, por si só, pode significar muito pouco

quanto às relações existentes da turma. No entanto, com o conhecimento que

o professor tem sobre os alunos poderá ajudar a identificar eventuais

problemas na turma. Quanto aos alunos “excluídos” penso que será

extremamente importante o professor tentar encontrar estratégias de aproxima-

los dos colegas. Não existem “receitas” para isso, alguns terão que ser mais

incentivados pelo professor a mostrar as suas capacidades, enquanto outros

poderão ser apoiados pelo professor. O auxílio dos colegas de maior

proximidade poderá auxiliar na integração dos colegas “rejeitados” na turma.

Tal como referido anteriormente, o auxílio de colegas de maior

proximidade foi uma das estratégias que fui utilizando ao longo do ano letivo,

nomeadamente nas unidades didáticas de ginástica acrobática e futsal. Optei

por esta estratégia porque acho que os alunos mais “excluídos” irão sentir-se

mais envolvidos quando estão próximos dos colegas com que melhor que

107

relacionam, daí analisar as preferências desses alunos para criar os

grupos/equipas. Esse contacto pode ajudar os alunos “excluídos” a tornarem-

se mais seguros do seu valor.

Outra informação importante do teste, no meu ponto de vista, é a

identificação dos “líderes”. Penso que este aspeto poderá auxiliar o professor

na formação dos grupos. A escolha dos líderes poderá ser útil quando utilizar

tutores com nível de desempenho superior, podendo esses colaborar com os

alunos de nível de desempenho inferior, tornando assim um maior aumento das

capacidades dos alunos.

O teste sociométrico é um excelente instrumento mas depende muito da

capacidade de análise de quem o aplica, fornece dados pertinentes e permite

descodificar as relações entre a turma, que por uma simples observação não é

possível perceber. A proximidade dos alunos mas que se encontram isolados

na turma, os alunos que são escolhidos por colegas que estão à margem da

turma; a escolha dos alunos mais populares e mais rejeitados; possíveis

situações de conflito por alunos com rejeições reciprocas, entre outros.

O facto de o aluno consciencializar que gosta mais de umas pessoas

que outras, no preenchimento do teste sociométrico, poderá fazer com que

este colabore com os colegas excluídos e ajude-os a participar ativamente nas

aulas.

O teste de perceção sociométrica permite perceber se os alunos têm

consciência ou não da sua posição sociométrica, se acham que se são

preferidos ou rejeitados. Por outro lado permite verificar se eles têm perceção

da existência de grupos dentro da turma e quem são os líderes dentro do

grupo.

Em suma, no plano pessoal, este estudo permitiu-me adquirir novas

competências de um aspeto essencial da EF que são as relações sociais. Esta

área não era até ao dia de hoje conhecida por mim, mas penso que com a

aplicação deste teste, no meu futuro profissional sentir-me-ei mais preparado

para encontrar soluções, quando encontrar problemas de relacionamento entre

os alunos, e poderei recorrer a este teste como instrumento de análise.

108

4.3.8 Referências Bibliográficas

Bastin, G. (1966). As Técnicas Sociométricas. Lisboa: Livraria Morais Editora.

Dupont, P. (1985). A Dinâmica do Grupo-Turma. Coimbra: Coimbra Editora,

Limitada.

Jesus, S. N. (1996). Influência do Professor sobre os Alunos (1ª ed.). Porto:

Edições ASA.

Maisonneuve, J. (1967). A Dinâmica dos Grupos. Lisboa: Livros do Brasil.

Northway, M; Weld, L. (1957): Testes Sociométricos: Um guia para

professores. Lisboa: Livros Horizonte.

Postic, M. (1984). A relação Pedagógica. Coimbra: Coimbra Editora, Limitada.

109

5. Conclusões e Perspetivas Futuras

O EP é sem dúvida um momento marcante no processo de formação do

estudante. É neste momento que o EE assume a função de professor, e, a

partir daqui, terá que convocar todos os conhecimentos adquiridos ao longo da

formação, complementando com a componente prática assumida pelo

professor. Este ano foi extremamente rico para mim, quer seja a nível pessoal

e profissional, adquirindo novos conhecimentos, passando por inúmeras

experiências que considero enriquecedoras para o meu futuro.

Ao longo deste período de formação, inúmeros momentos marcantes

aconteceram. Uns positivos, uns mais negativos, mas todos com um único

sentido, a promoção do desenvolvimento profissional enquanto professor. Levo

esta experiência para o resto da vida como um momento extremamente rico,

pela diversidade de práticas vividas, pelo contacto com outros colegas e

professores mais experientes, pela procura de conhecimentos com vista à

melhoria e ao sucesso. Na procura do sucesso, quer da minha parte ou da

parte dos meus alunos, não me pude limitar a ser um simples cumpridor de

tarefas, sendo necessário fazer muito mais que isso. O EP foi um momento

único e tive a necessidade de aproveitá-lo ao máximo para crescer, procurando

em todos os momentos dar o melhor de mim. Foi um ano de muito trabalho e

de um investimento pessoal muito forte que no final considero como um ano

bastante proveitoso, ficando com uma maior integração na comunidade

educativa, conhecendo inúmeras estratégias na condução do PEA e obtendo

uma participação em diversas situações ricas de experiência, como as reuniões

do departamento de EF e da direção de turma, a colaboração em atividades

com o grupo de EF, como o Corta-Mato Escolar, o “Open Day” e ainda a

participação no DE.

O “ser professor” é uma experiência tão valiosa, na formação do aluno e

nas diversas transformações que confere a estes, na construção da

personalidade, e em particular na EF, que visa essencialmente a formação dos

alunos através do corpo. Assim, este ano de EP é o culminar de uma etapa de

formação, servindo de base para perceber o papel do docente na comunidade

escolar. Aos meus alunos, tentei mostrar-lhes sempre a necessidade da EF na

110

escola e como é possível educar através do corpo, não me limitando apenas a

abordar as habilidade motoras das várias modalidades, mas sim tentando

elucidar a importância de uma formação global e eclética. Para isso não pude

deixar de lado a cultura desportiva, os conceitos psicossociais e a condição

física, que são extremamente importantes na formação do ser humano.

O meu balanço final, entre vários pontos altos e pontos baixos, é

bastante positivo, embora concorde que por vezes poderia ter abordado

determinadas situações de formas diferentes, sendo estas reflexões

importantes também para o meu crescimento pessoal e profissional.

Quanto ao meu futuro próximo, sei que as dificuldades na docência da

EF são inúmeras, relativamente ao número de vagas a nível nacional

disponíveis para os profissionais de EF. Mas por outro lado, e com o terminar

deste ciclo, sinto-me mais robusto de conhecimentos do que quando entrei

para o curso de mestrado, sendo esta uma motivação acrescida para nunca

desistir da ambição de ser professor de EF e puder dar aulas, tal como

ambicionei.

Assim, dou por concluída uma etapa na minha formação que é o EP.

111

6. Referências Bibliográficas

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Reflexiva de Professores - Estratégias de Supervisão (pp. 171-188).

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Prespetiva de Desenvolvimento e Aprendizagem. Coimbra: Livraria

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Canário, R. (2005). O que é a escola? Um "olhar" sociológico. Porto: Porto

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instituição possuidora de cultura própria. Revista Iberoamericana de

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XXV

Anexos

XXVI

Anexo 1. Questionário Inicial Alunos

XXVII

XXVIII

Anexo 2. Mapa de Distribuição de Matérias

XXIX

XXX

XXXI

XXXII

Anexo 3. Cartaz “Open Day”

XXXIII

XXXIV

Anexo 4. Teste Sociométrico (1ª aplicação)

XXXV

Anexo 5. Teste de Perceção Sociométrica (2ª aplicação)