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LUPA 1 Uma produção do projeto OBSERVATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS DIREITOS DIREITOS O j o r n a l q u e a m p l i a a v i s ã o d a s u a c o m u n i d a d e outubro de 2002 Humanos Humanos NA ESCOLA NA ESCOLA

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LUPA

1

Uma produção

do projeto

OBSERVATÓRIO

DE DIREITOS

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ExpedienteLupa número 2

Lupa é uma produção do Projeto Observatório de Direitos Humanos

Coordenação do Projeto: Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da USP, em parceria com o Instituto Sou da Paz.

Grupo Executivo: Fernando SallaMarcelo DaherPedro GuascoRenato Alves

Jovens participantes:Cléia Barbosa Varges, 19 anosDaniela Sabino, 17 anosEdileide Nascimento Santos, 17 anosEverton Ferreira Sales, 23 anosJefferson Bueno, 19 anosKeteli Cristina Cotta de Oliveira, 19 anosLuciana da Silva, 19 anosLuís Alberto Nascimento, 19 anosMarcela Marques do Nascimento, 21 anosMarcileide Maria da Silva, 25 anosMarli Maria da Silva, 22 anosNatália de Jesus Nascimento, 20 anosRogério Nascimento Campos, 19 anosRui da Costa Machado, 20 anosTatiane Gonçalves de Souza, 17 anosValteir Pereira, 18 anos

Monitores:Ângela MeirelesCristina BarbantiEvandro SantosMoisés BaptistaRaquel Barbiellini

Oficina de produção de textos: Antenor Vaz Gabriela Goulart

Oficina de fotografia (Imagemágica): Raquel Barbiellini Letícia SoutoRodrigo Marcondes.

Colaboração: Tatiana Sunada

Edição de arte: Rogério Fernando Ferreira

Os trabalhos do Observatório de DireitosHumanos e o LUPA foram apoiados peloprograma HURIST (Human RightsStrengthening), do Alto Comissariado paraDireitos Humanos das Nações Unidas.

Web site: www.unhchr.ch/development.

Cabe todo mundo no guarda-chuva dos direitos humanos.A escola é um espaço onde as diferenças se encontram paraenriquecer o aprendizado. Grafiteiros, religiosos, pagodei-ros, brancos, negros, homossexuais, portadores de defi-ciência, homens e mulheres se reúnem para ensinar eaprender a fazer valer os direitos humanos. Para que vocêconheça de perto a situação da escola do seu bairro eavalie o que pode ser feito para torná-la um lugar maislegal, está chegando a você a segunda edição do Lupa. O Lupa é resultado do projeto Observatório de Direi-tos Humanos, realizado pelo Instituto Sou da Paz eNúcleo de Estudos da Violência - NEV, da Universi-dade de São Paulo. Durante cinco meses, 16 jovensobservaram, entrevistaram e fotografaram estu-dantes, professores, funcionários e vizinhos de dozeescolas dos bairros Jardim Ângela, Capão Redondo eHeliópolis, em São Paulo, e do Jardim Jacira, emItapecerica da Serra. Você está convidado para em-

barcar nas páginas do Lupa. Aproveite essa viagem pararefletir sobre a sua escola. Saboreie, folheie, conheça como a

educação acontece no seu bairro, discuta, mostre para seus colegas, proponha soluções, descubra oque você pode fazer para promover o direito à educação, à segurança, à cultura e ao lazer.

EEDDIITTOORRIIAALL

Atitudes de pazO Lupa é muito mais do que um jornal. Você tem

nas mãos um guia de cidadania, recheado de

idéias e atitudes de mudança. O uso da co-

municação como instrumento de construção

de uma cultura de paz mobiliza jovens de

diferentes regiões. Em Brasília, uma publi-

cação chamada Jornal Radcal, realizada

pela Fundação Athos Bulcão, em interação

com estudantes das escolas públicas de

ensino médio, inspira ações de teatro,

música, filosofia, ecologia, desenho, jorna-

lismo e tantas outras atividades de interesse

dos alunos, a partir de um jornal colori-

do, múltiplo, que valoriza as

diferenças e promove os

direitos humanos. Em

São Paulo ou em to-

do o Brasil, você

pode contribuir

para que os di-

reitos humanos

saiam do papel.

Novidade no ar!!!!O Lupa está aumentando o seu raio de

atuação: em maio de 2002, foram criados 27

novos grupos de observadores espalhados em

14 cidades do Brasil. A partir da colaboração da

Secretaria de Estado de Direitos Humanos e da

Secretaria de Estado de Assistência Social, do gover-

no federal, 135 jovens observadores já começaram a

trabalhar nas cidades de Alagoinha, Arcoverde,

Pesqueira e Recife, em Pernambuco; Belém, no

Pará; Salvador e Itaparica, na Bahia; São Paulo e

Diadema, no estado de São Paulo; Rio de

Janeiro e Nova Iguaçu, no Rio de

Janeiro; e Cariacica, Vitória

e Serra, no Espírito

Santo.Conheça

quem faz o Lupa O Lupa é uma produção do Obser-

vatório de Direitos Humanos, projeto co-

ordenado pelo Núcleo de Estudos da Vio-

lência - NEV, da USP, e Instituto Sou da Paz. O

NEV é um centro de pesquisas que estuda o

problema da violência e a situação dos direi-

tos humanos no Brasil há 14 anos. O Instituto

Sou da Paz é uma organização não-governa-

mental que contribui para a efetivação de po-

líticas públicas de segurança e prevenção

da violência no Brasil, valorizando o pa-

pel dos jovens no processo de cria-

ção de uma sociedade mais

justa e pacífica.

Todas

as fotos que você

encontra no Lupa

foram feitas pelos obser-

vadores, a partir de um tra-

balho realizado pelo pes-

soal do Imagemágica em

parceria com a equipe

do Observatório.

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UnasDaniela, 17, Jefferson,19, Valteir, 18,

Edileide, 17, estão emHeliópolis, os centros de juventude

dos nove núcleos que compõem uma das maiores favelas deSão Paulo trabalham em conjunto na União de Núcleos eAssociações de Heliópolis e São João Clímaco – Unas, que foicriada em 1980, na luta pela legalização de terrenos compra-

dos por grileiros. A Unas oferece cursos profissionali-zantes, mediação de leitura para crianças e ado-

lescentes, oficinas de futebol eoutras atividades na quadra. AUnas fica na Rua da Mina,no 36, Heliópolis, São Paulo.

Telefone: (11) 273-7222

MilcaNo Jardim Jacira, em Itapeciricada Serra, dois projetos contribuem

para que os moradores se sintam maisseguros, saudáveis e preparados para enfrentar o

dia-a-dia. Luciana, Cléia, Keteli e Natália dão as dicas:NO Milca - Movimento Itapecericano de Luta contra a Aids -

que deu vida a um circo abandonado, é possível se informarsobre saúde sexual, participando de oficinas de teatros,

palestras e projetos educativos como o “Nenê, agora não”, direcionadopara adolescentes, e o “Milcaminhoneiros”, que

aproveita as gírias mais utilizadas pelos caminhoneiros parainformá-los sobre as formas de prevenção das doenças sexualmente

transmissíveis. O endereço do Milca é: Fazenda Paraíso, 281. ParqueParaíso, Itapecerica da Serra. Telefone: (11) 4666-9942. O Projeto Barracões Culturais de Cidadania faz com que todosaprendam e se divirtam ao mesmo tempo nas aulas de teatro,

dança, canto-coral, artes plásticas, tecelagem, fotografia, percussão, instrumentos de corda e sopro, teclado, capoeira,

tai-chi-chuan e bordado. Há também uma pequena biblioteca para promover o hábito de leitura. O projeto

Barracões Culturais de Cidadania fica na Rua BasílioMachado, s/n. Jardim Jacira, Itapecerica da Serra-SP.

Telefone: (11) 4669-4588.

Associação Chico MendesRui, 20, Rogério, 19, Everton, 23,e Tatiane, 17, indicam para o pes-

soal de Capão Redondo as atividadesda Associação Chico Mendes. O professor “Jibóia” dá aulas de

capoeira, nas terças e sábados. Quem gosta de artes marciais pode contar com o pro-fessor Carlinhos, que é vice-campeão estadual de contato total. As aulas de artesanatosão organizadas por um grupo de senhoras moradoras do conjunto. As crianças podemouvir histórias contadas pelo grupo de mediação de leitura, que trabalha em parceriacom o projeto Mudando a História, da Fundação Abrinq. AAssociação oferece também cursos de línguasestrangeiras (inglês e espanhol). Quem dá aulas deespanhol é um professor chileno que está no Brasil

há quatro anos. Outras atividades pro-movidas pela Associação são as aulasde informática e de cidadania, em queos moradores podem conhecer melhor osseus direitos e deveres. A Associação Chico Mendes fica

na Av. Pacuã, 101. Capão Redondo, São Paulo. Telefone:(11) 5823-7038.

Associação ArcoMarcileide, 25, Marli, 22,

Marcela, 21, e Luís Alberto,19, são da Associação Beneficente

Arco, na Chácara Bandeirantes.Quem quer aprender a cozinhar, fazer artesanato, capoeira,balé tem espaço garantido na associação. Também são orga-nizados passeios culturais, como visitas a museus, teatros eparques, além de festas típicas, como a festa da primavera, o

baile de carnaval, a festa à fantasia e a festajunina. A associação atende cerca de180 crianças oferecendo aulas dereforço, leitura e creche. AAssociação Arco fica na rua Licineu

Felini, 97, Chacará Bandeirantes, SãoPaulo. Telefone: (11) 5517-0747.

SEUSOLUÇÕES NO

PEDAÇOOs jovens que participaram do Lupa já estavam de olho na sua comu-

nidade antes mesmo de começar o trabalho de observatório de direi-tos humanos. Eles fazem parte de instituições que estão em busca desoluções para a falta de segurança, de cultura, de lazer e de educação emcada comunidade. Promover a segurança é muito mais do que colocarpolícia na rua. As organizações contribuem para que os moradores se sin-tam mais seguros e preparados para enfrentar os desafios que encarampela frente. Isso também é uma forma de lutar contra a violência. São gru-pos que promovem os direitos humanos a cada dia, organizando ativi-dades e fazendo valer certas regras de convivência. Se você também seenvolver, as associações do seu bairro podem ficar ainda mais fortes.

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Primeiro dia do inverno,começo de noite, céu

sem estrelas e comple-tamente escuro. Ca-minhávamos en-colhidas, mal falá-vamos, quando, derepente, ouvimosum barulho aluci-nante. Marcela, es-candalosa comosempre, soltou umgrito agudo e desafi-nado. “Que drama, vocêgrita por qualquer coisa!”,disse eu, irritada. Uma luz ofuscou nossos olhos,como um relâmpago assustador. Em poucos segundos, um objetoesquisito aterrisou no meio do campo de terra batida. Marcela me puxou para perto da bola, que parecia uma nave espacial.Dois seres horripilantes saltaram diante de nós. Uma mão gelatinosae gosmenta começou a me apalpar, como se quisesse sentir de quematerial éramos feitas. “Pelo amor de Deus, deixem-nos em paz! Nãosomos violentas, queremos apenas chegar à escola!”Uma antena apareceu sobre a cabeça de um dos seres, começou atremer e disparou a soltar sons: ”Escola? Podemos ir? Só temos umasemana e precisamos conhecer seu planeta. Temos que acompanharvocês e sugar seus conhecimentos. Tuft, schlecht, paft”.“Por que a gente? Não somos famosas, ainda somos muito jovens. Tam-bém estamos buscando conhecimento. Por isso vamos à escola, paraaprender sobre tudo que está a nossa volta!”, tentei explicar.“E podemos ir com vocês? Também queremos aprender sobre oshumanos. Tuft, tuft”.“É Marcela, é melhor deixarmos eles irem...”No caminho, eles não paravam de fazer perguntas. Parecia um interro-gatório policial. Quiseram saber se não aprendíamos as coisas com nos-sas famílias, para que precisávamos ir à escola. Disse que a famíliatransmitia os ensinamentos básicos, como o amor ao próximo, respeito,carinho, educação... A escola complementa isso e lá existem pessoascapacitadas para ensinar diversos conhecimentos aos estudantes.Contei que a escola era um local importante para conviver com outraspessoas que tinham um objetivo em comum: aprender e se desenvolverpara ser um cidadão responsável, consciente de seus direitos e deveres.“Direitos e deveres? O que é isso? Também queremos comprar”. “Não precisa comprar, a gente já nasce com eles: direito à vida, à esco-la, à saúde, à moradia, à segurança, à diversão. Direito é tudo a quetodas as pessoas devem ter acesso, conforme garante a lei. Deveres sãoobrigações que todos têm que cumprir, como por exemplo pagar impos-tos para o governo”.

“Impostos? Governo?”.(“Ai que saco, Marli! Temos

que explicar tudo...”).“Impostos são taxas

que a populaçãotem que pagar pa-ra poder usufruirde seus direitos. Ogoverno deve re-colher os impos-tos e investir nasaúde, no trans-

porte, na segurança,na habitação, na edu-

cação... Isso na teoria”.“Ah! Então vocês vão à escola

porque pagam uma taxa? E nãoprecisam pagar mais nada?”.“Bom, temos que comprar o material escolar, pagar o transporte e amerenda não é grande coisa... Estudamos em uma escola pública,mantida pelo Estado. Outros que têm dinheiro pagam de novo para terdireito às escolas particulares”.“E na escola? Lá os jovens podem aprender sobre seus direitos?”.“Sim, a escola é um lugar onde todos os direitos podem acontecer, masnem todos percebem que a gente pode promover os direitos a partir deatividades culturais, de esporte e de lazer, como concursos de poesia,campeonatos de futebol, vôlei, handebol, atividades abertas à comu-nidade, nos finais de semana...”.“Mas vocês vão à escola para se divertir ou para aprender?”.(“Mas esse cara é uma anta, né?”).(“Calma Marcela! Tenha paciência, ele só está querendo aprender.”)“A gente pode se divertir aprendendo e também aprender se divertindo. ““Como assim?”“Ué, se estamos aprendendo biologia, podemos participar de aulas nolaboratório e conhecer o corpo de humano de perto. E ainda podemospromover uma semana de ciências e convidar pais, amigos e comu-nidade. Podemos visitar uma exposição de arte e estudar história.Podemos escrever cartas para nossos amigos na aula de informática etambém participar da produção do jornal da escola. Também apren-demos sobre ética quando precisamos arrecadar dinheiro para fazeruma festa na escola com o pessoal do grêmio...”.“Na escola? E cabe tanta gente assim? E quem toma conta dessas festas?”.“Desculpe, mas não dá mais tempo de responder nada. Precisamoscorrer para a aula de música! Hoje aprenderemos sobre um composi-tor brasileiro que fez muito sucesso em todo mundo. Aproveitem paraconhecer nossa escola. Ela ainda não é a ideal. Mas ainda dá tempode agir e propor soluções para transformá-la em um espaço ondetodos nossos direitos serão respeitados! Aproveitem sua curiosidadepara aprender!”

LUPA

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MISSÃO IMPOSSÍVELUM EXTRA-TERRESTRE EM

Texto: Marcela Marques e Marli da SilvaParticipação Especial: Tatiana Sunada

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“Quando a direção está nas mãosde uma pessoa que ouve as idéiasdas outras, toda a escola cresce.Mas quando está com uma pessoaautoritária, a direção pareceesquecer que a escola é uma insti-tuição de ensino e cultura, nãouma administração qualquer”.

Rogério Campos, 19

“Parece que as escolas não serelacionam umas com as outras.Poderia haver maior integração.”

Valteir Pereira, 18

“Cada escola vive em seu mundinho,com suas festas e atividades esco-lares. Uma escola integrada com acomunidade além de cuidar da edu-cação, se preocupa com a realidadede seus alunos e mantém contatocom a associação de moradores”.

Jefferson Bueno, 19.

“Às vezes, o medo de achar que nãotem capacidade atrapalha muito amobilização das pessoas da comu-nidade, que ficam esperando ascoisas melhorarem sozinhas.”.

Marli da Silva, 22.

“Em momento algum é permitidoque o professor se exclua de suasobrigações por causa de alunosproblemáticos. Se houver esse tipode problema, são chamados osalunos, professores e há uma con-versa entre todos para entrarmosem um acordo”.

Professora Deise Cristina de Freitas,

Colégio Afiz, Capão Redondo.

“Para amenizar o conflito entrealunos, a direção sugeriu que osfuncionários auxiliassem nainspeção. Também foi criado umconselho de classe que se reúnemensalmente e que atua comuma equipe de 28 pessoas,incluindo representantes da comu-nidade. São sete pais, sete alunos,sete professores e sete pessoas daequipe pedagógica”.

Natalina Maria Blasques, diretora da

Escola Campos Salles, Heliópolis.

“Logo que você chega na entradavê as famosas pichações. Entran-do nas salas, você se espanta, épior do que a noite de terror noPlaycenter. Os tacos estão soltos,as lousas estão em péssimo esta-do. Algumas salas já foram desati-vadas. No banheiro, dá para des-maiar. A falta de higiene e osvidros quebrados fazem com quea gente se pareça com os pingüins

da Antártida na época do frio.Tudo que espero é que um diamude, esta realidade precisa deatenção e responsabilidade”.

Keteli Cristina, 19 anos.

“Acho que os policiaisdeveriam dar palestrase contar histórias sobrea sua profissão. Elesdeveriam se entrosarcom os alunos e con-versar sobre como seprevenir da violência”.

Aluno de Capão Redondo.

“A escola ideal seriauma escola preparada, com mate-rial necessário para incentivar oaluno a gostar de estudar, nãoapenas na sala de aula. A escolatem que proporcionar ambientesvariados, com aulas de teatro, arte,

música e todo tipo de dom que apessoa pode desenvolver, labo-ratório, sala de pintura, uma boabiblioteca que estimule a leitura eum centro esportivo. O esporteinfluencia muito a pessoa a cuidardo corpo, da saúde e diminui oestresse”.

Professora de Capão Redondo.

“Acho que a escola é um espaçode cultura e lazer. Dá para a gentefazer várias coisas como estudaras histórias do mundo, aprenderregras de esportes como futebol,handball, vôlei e basquete”.

Wanderson da Silva, estudante da escola

Maud Sá Miranda, Capão Redondo..

Durante cinco meses de entrevistas, visitas,observações, fotografias, o Obsevatório de

Direitos Humanos registrou as opiniões dosjovens que participaram do projeto, assim como de moradores, professores e funcionários.Como é a escola na sua comunidade?

Cléia, 19 Daniela, 16

Edileide, 17 Everton, 20

Jefferson, 19 Luciana, 19

Marcileide, 25

Marli, 22 Natália, 20

Rogerio Campos, 19 Rui, 20

Tatiane, 17

Luis Alberto, 20

Renato Rocha, por Cléia Pena, por Daniela

Chefe do batalhão, por Everton

Katia, por Jefferson Denise, por Leide

Clarice, por Luis Alberto

Sil e Rafael, por Marcileide

Daniel, por Marli Luciana, por Natália

Daniel, por Rogério

Profe, por Rui Italo, por Tatiane

Ajudante de limpeza, por Luciana

Cadê a paz?Onde buscar uma saídaOnde buscar a pazonde abrigar tanta revolta sem o incentivo de alguém?Onde se refugiar de um infratorsem orgulho, sem respeito, semsaúde e sem paz?

Pessoas desesperadas, pessoasdoentes.que custam tentar algo que éconveniente.A busca da união, a fuga daescuridão.Zoar sem ter que ferir um irmão.Certos ou errados,

caminhos marcados pelo ódiopessoas humilhadas peladiscriminação.Pobres com máscaras demalvados,ricos mascarados como bons,violência em destaque, aqui, ali,em todo lugar,violência que muitos pensamque um dia pode acabar.

Mas sempre há aqueles queafirmam que esse dia nuncachegará.E diante disso perguntam:onde estará a paz?

Marli da Silva, 22 anos

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EESSCCOOLLAAEE

CCOOMMUUNNIIDDAADDEE

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Cuidados com a vizinhança e com o espaço físico das escolas

Cuidar da iluminação, colocar se-máforos, passarelas e faixas depedestres perto das escolas.Cuidar da limpeza, manter os mó-veis em bom estado.Transformar o ambiente da esco-la em um espaço agradável, ven-tilado e iluminado, adequado pa-ra a realização das atividadesescolares e de lazer, atendendoàs necessidades de todos.

Evitar a utilização excessiva demuros altos, grades, trancas eportas de proteção como únicaforma de garantir a segurançadas escolas.Envolver as famílias, a equipe daescola e os estudantes nas ativi-dades de manutenção e recupe-ração do espaço da escola.Fazer um mutirão semanal pararealizar a manutenção na escola.

Promoção de cultura e lazer

Abrir as escolas no final de se-mana, envolvendo a comunida-de, a família e os alunos em ati-vidades culturais, artísticas, es-portivas e de lazer.Promover atividades que traba-lhem as diferentes expressões cul-

turais dos jovens.Envolver os professores, direto-res e funcionários com os proje-tos de abertura das escolas.Pesquisar e discutir a história daprópria escola.

Oque fazer diante de tantos casos de violência? Aturma do observatório montou um banco de boas

idéias para driblar a violência e construir uma culturade paz. A sua escola pode ingressar em uma dessaspropostas e iniciar uma negociação com a direção, adelegacia de ensino, a associação de pais e mestres,a associação de moradores e outras instituições.

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BANCOde

IIDDÉÉIIAASS

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Levar o debate sobre violência para den-tro da escola

Envolver a equipe da escola, os es-tudantes, seus familiares e outrosrepresentantes da comunidade nadiscussão sobre o problema da vio-lência e na busca de soluções.Criar e fortalecer programas deconscientização para os jovenssobre temas como o risco do usode armas, de drogas e do envolvi-

mento com a criminalidade.Desenvolver o tema dos DireitosHumanos nas diversas atividadesescolares a partir da própria reali-dade do colégio e da comunidade.Garantir que as aulas teóricas se-jam mais criativas e estimulantes,envolvendo discussões nas própriascomunidades.

Atuação das polícias nas escolasIntegrar a polícia com a equipe daescola, trazendo policiais pararealização de palestras sobre seutrabalho.Estabelecer um programa específicode capacitação de policiais queatuam no ambiente escolar, sensibi-lizando-os para a cultura dos jovens

e para o funcionamento das escolas.Divulgar amplamente os telefonese o trabalho da Ouvidoria de Políciaentre os integrantes da escola.Evitar a rotatividade dos policiaisque atuam na escola para que hajaintegração com os alunos e com aequipe do colégio.

Regras de convivência na escolaEstabelecer regras claras para ofuncionamento da escola, a partirde um debate entre a direção, a e-quipe de professores, os funcioná-rios e os alunos.Quando ocorrerem conflitos queenvolvam discriminação ou violência,apurá-los com transparência, dis-cutindo os casos diretamente com osjovens envolvidos.Definir normas claras para a entradade estudantes na escola, sobre o usode uniformes, horários e carteiras de

identificação, envolvendo os alunosnessa discussão.Estabelecer, com todos os freqüenta-dores da escola, regras para o uso doespaço fora do período das aulas,garantindo que diferentes grupospossam usufruir do local. Estimular a criação de grêmios estu-dantis atuantes no dia-a-dia da escola.Criar um estatuto para a escola.Criar uma ouvidoria da escola, quepossibilite denúncias de abusos,anonimamente.

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M i n hA l m aM i n hA l m a

ORappa(( ORappa

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A minha alma está armadae apontada para a carado sossego pois paz sem voznão é paz é medo.

Às vezes eu falo com a vidaàs vezes é ela quem dizqual a paz que eu não queroconservarpara tentar ser feliz

As grades do condomíniosão para trazer proteção,mas também trazem a dúvidase não é você que está nessa prisão.Me abrace e me dê um beijo,faça um filho comigo,mas não me deixe sentarna poltrona no dia de domingo,procurando novas drogasde aluguel nesse vídeocoagido pela pazque eu não queroseguir admitindo.

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IITTOOSS&&

EERRDDAADDEESS

MM VV

MM VV

IITTOOSS&&

EERRDDAADDEESS

Algumas afirmações são repetidas tantasvezes que chegam a parecer verdade.

Acreditar em alguns mitos pode nos levar àparalisia, ao invés da ação, à omissão, aoinvés da participação. Como você reagediante dessas aparentes verdades? Que ou-tros mitos você conhece em relação à escola?

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Mito: Solução para a violência nas escolas é polícia!

Se fosse verdade não existiria violência em escola onde a políciaestá presente. O policiamento na escola pode ajudar, mas não étudo. Se a polícia não estiver preparada e integrada com os alunos,os professores, a direção e os funcionários, nada garante que a vio-lência vai diminuir.

Mito: Aluno só respeita professor durão e que reprova muito!

No tempo do ronca, quando você aprontava alguma, o professor colo-cava o aluno de castigo. Oprimir o aluno não é exigir respeito. Umprofessor autoritário, que impõe as suas regras, não contribui para odiálogo, o que é fundamental para haver respeito, paz e harmonia.

Mito: A escola tem que ensinar português, matemática e geografia.Diversão, dança, teatro e música, cada um que procure por si.

A escola é um espaço que deve envolver todas as atividades que propi-ciem uma educação de qualidade. Escola é conhecimento, tem que estaraberta para todas as informações. Deve ter aulas teóricas e práticas, prin-cipalmente com projetos culturais. A escola é a base para todo tipo deconhecimento, a comunicação também deve estar dentro da escola. Oprocesso de aprendizagem deve contribuir para que o aluno encontremais saídas para os problemas da sua comunidade.

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Mito: Bom aluno é aquele que tira nota boa.

Na cabeça de muitos pais e professores, esse mito é verdade. A nota é umaforma do aluno devolver o que aprende nas aulas. Mas muitos alunos tiramnotas boas colando. Muitos professores que avaliam os estudantes por seucomportamento acabam se enganando. Às vezes, é melhor um aluno bagun-ceiro e inteligente do quem um aluno quieto que guarda o seu conheci-mento. Sem um salário digno, muitos professores têm que trabalhar tantoque não conseguem perceber as principais características de um bom aluno.Um bom aluno é aquele que, mesmo sendo bagunceiro, consegue participardas aulas, expor idéias, colocar matérias em dia, estar sempre atento às novi-dades, se integrar às atividades da escola. A escola é um ponto de encontroonde as mais diversas pessoas (bagunceiros ou não) se reúnem com omesmo objetivo. Quantas pessoas consideradas maus alunos se dão bemfuturamente? A indignação tem que ser usada para construir a transformação.Achar que um bom aluno é o que tira nota boa é a mesma coisa que pensarque um bom professor é aquele que enche a lousa de lição!

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EM HELIÓPOLIS, um professor que sempre teve uma formadinâmica de dar as suas aulas de português, começou a pesqui-

sar a história da favela e resolveu montar, junto com os alunos,uma peça chamada Cidade do Sol - a história de Heliópolis.

Mesmo depois que ele saiu da escola, outros professores con-tinuaram com esse trabalho e cada vez mais alunos se interes-

saram em participar.

O PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL organizado por umaprofessora da escola Amélia Kerr Nogueira fez o lixo reciclável

virar um grande mural. Todo o material é trazido pelos alunos eum representante da associação comunitária é responsável pela

troca dos murais.

NA ESCOLA MAÚD SÁ, a chapa vencedora do grêmio teve a bri-lhante idéia de fazer um evento cultural que integrasse as tur-mas dos três períodos do colégio. Depois de uma primeirareunião entre os alunos, o grêmio procurou a direção para pedirautorização. A diretora disse que só permitiria se todos os alunosda escola participassem. O grêmio foi então de sala em sala econseguiu a adesão dos estudantes. O evento deu tão certo quea direção começou a abrir espaço para outras iniciativas, semprecom determinadas condições. Foram realizados concursos dedança, música, além de aulas de ginástica e teatro, tudo organi-zado pelos alunos.

COMO NÃO HAVIA ESCOLAS que atendessem toda a comu-nidade do conjunto habitacional Chico Mendes, a Associação deMoradores foi até a Secretaria Estadual de Educação cobrar aconstrução de mais um colégio na comunidade. Eles acabaramconseguindo a construção de uma pequena escola que, no iní-cio, era apenas um barracão. Para envolver toda a comunidade,o diretor da época começou a organizar festas juninas, bingos ebailes. Com isso, ele conseguiu recursos para ampliar e melho-rar as instalações da escola. O barracão foi substituído por umoutro prédio e o diretor nunca foi esquecido pela comunidade.

NO COLÉGIO JOSÉ OLYMPIO, o pingue-pongue tomou conta dorecreio depois que o inspetor conseguiu levar para a escola uma

mesa para os alunos jogarem.

INDIGNADO COM O ASSASSINATO de uma estudante pelopróprio namorado, um diretor de escola reuniu professores, pais

e alunos para encontrar uma maneira de chamar a atenção parao problema da violência. Ele convocou o pessoal da favela para

fazer uma marcha pela paz. A idéia foi tão bem aceita queenvolveu outras escolas e até hoje reúne toda a comunidade.

A COORDENADORA da sala de português propôs aos alunos quetodos contribuíssem para melhorar o ambiente da sala. Eles com-

praram cortinas, levaram plantas, desenharam a sala e colocaramaté tapete na porta. A professora leva chá para as aulas e deu a

idéia para que os alunos do curso noturno se organizassem paralevar café. Essa acabou sendo a única sala conservada do colégio

e ficou muito mais interessante estudar naquele espaço.

NA ESCOLA ATALIBA, os estudantes se juntaram com algumaspessoas da comunidade para organizar um show de rap, cujo

ingresso era trocado por alimentos não-perecíveis. Os alimentosarrecadados foram levados para Igreja e distribuídos para as

pessoas mais pobres da região.

NA ESCOLA MAUD SÁ, os recreios viraram hora de promover oteatro depois que a professora de português se propôs a ensaiar

com um grupo nos intervalos entre as aulas. As aulas de teatrosão lotadas e os alunos passaram a se envolver muito mais nas

aulas de português.

UM ESTUDANTE DA ESCOLA AMÉLIA KERR que sempre gostoude desenhar se ofereceu para dar aulas de grafite na escola.

Com o apoio do projeto Parceiro do Futuro, ele conseguiu a per-missão da direção e hoje atua como voluntário, dando aulas

todo final de semana.

QQUUEEMM JJÁÁ FFAAZZ AAPPAAZZ AACCOONNTTEECCEERRQQUUEEMM JJÁÁ FFAAZZ AAPPAAZZ AACCOONNTTEECCEERROque fazer diante de uma situação em que você percebe

que seus direitos estão sendo violados? Durante todoo observatório de direitos humanos, conhecemos experiên-cias, professores, alunos, diretores que conseguiam dar umaresposta criativa, inteligente e eficaz para os principaisproblemas de segurança, de falta de cultura, de lazer e deeducação. Você pode escolher uma dessas idéias que jáderam certo e botar a mão na massa na sua escola. Tambémpode ampliar esse repertório, criando novas soluções.

Oque fazer diante de uma situação em que você percebeque seus direitos estão sendo violados? Durante todo

o observatório de direitos humanos, conhecemos experiên-cias, professores, alunos, diretores que conseguiam dar umaresposta criativa, inteligente e eficaz para os principaisproblemas de segurança, de falta de cultura, de lazer e deeducação. Você pode escolher uma dessas idéias que jáderam certo e botar a mão na massa na sua escola. Tambémpode ampliar esse repertório, criando novas soluções.

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LUPA

13

Querido

Bili,

Você não

vai a

credita

r onde

eu e

stou estud

ando!!

A

escola

é 10!

A diret

ora e os

profe

ssores

tratam

a

gente

como s

e fôss

emos

amigos.

No sá

bado p

assado

(é... a

escola

abre nos

finais d

e sem

ana), e

u

chegue

i às 8

h da m

anhã p

ara aj

udar a

grafita

r o m

uro do

colégio,

que estav

a todo

detona

do, che

io de pich

ação. E

adivinh

e que

m

estava

lá na

pracin

ha, suja

de tin

ta, com

o spr

ay

na mão

? A di

retora

!!

Nessa

escola

sempre

tem

eventos

de cu

ltura e

lazer

:

festa

junina,

campeo

natos d

e fute

bol, vô

lei, fes

tivais d

e

dança. Ne

sses e

ventos,

os al

unos de

outras

esco

las, os

ex-

alunos,

os pais

, os pr

ofessor

es e o p

essoal

que tr

abalha

na

regiona

l, nas

associa

ções c

omunitá

rias, to

do mun

do vêm

assist

ir.

Na sem

ana pa

ssada,

um prof

essor

da univ

ersidad

e est

eve aq

ui faz

endo

uma pa

lestra

sobre

direitos

humano

s. Ele

fez a

gente

particip

ar, ped

indo

opiniões

sobre

os di

reitos

que a

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tinha e

os qu

e a g

ente não

tinha,

como p

or exe

mplo, a

falta

de vag

as na

escola.

Na pl

atéia,

também

estav

am

alguns

portado

res de

deficiê

ncia qu

e est

udam

com a

gente.

Um del

es per

guntou

o

que ele

poderia

fazer

para

alcanç

ar os

seus d

ireitos,

onde

ele po

deria

ir, com

quem

poderia

falar.

Foi mui

to lega

l ver q

ue exis

te algu

ma saíd

a.

No dia

seguint

e, não

se fa

lava de

outra

coisa.

Na minh

a turm

a, os

alunos

chegar

am par

a

o profe

ssor de

Histór

ia ped

indo pa

ra que

ele

relacion

asse a p

alestra

com

a aula.

Ele

disse que

ia pe

nsar e

chego

u na o

utra au

la com

um liv

rinho c

hamado

ECA.

Os alun

os

pergun

taram:

“O que

é iss

o?” E e

le diss

e que

era

o Estat

uto da

Criança

e do

Adolesc

ente,

um con

junto d

e leis

que diz

o que

é dire

ito de

cada u

m de

nós. O

estatu

to aca

bou vir

ando s

amba.

A turm

a se reu

niu e mon

tou um

bloco c

arnava

lesco c

om

músicas

que fala

vam so

bre os

seus

direitos.

Teve

quem

fizesse

músic

a de roc

k, de

rap, d

e pag

ode e de

regga

e.

A turm

a foi c

apa do

jornal

da esc

ola!! N

o dia

do lanç

amento

do jorn

al, fica

mos at

é mai

s

tarde ajud

ando a

arrum

ar tudo

e o

ônibus

escolar

teve

que espe

rar pa

ra leva

r a

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para c

asa. D

epois d

isso, nó

s ficam

os mai

s próxi

mos do

s profe

ssores

e as

aulas

mudara

m, fica

ram m

ais dinâ

micas.

E eu,

que nã

o sabia

nem

o que

era gr

êmio,

agora

sou re

pórter

do jorn

al do

colégio.

A

última m

atéria

que fiz

foi so

bre a

meren

da esc

olar. C

onverse

i com

uma nu

tricionis

ta que

decide

o tipo

de me

renda

que a

gente

vai ter, d

e aco

rdo com

as vit

aminas

e ou

tras

coisas

de que

a gen

te pre

cisa.

Na últim

a aula

de geo

grafia,

o profe

ssor estav

a falan

do sob

re as

taxas d

e ana

lfabetis

mo

no Bra

sil e ped

iu um

trabalho

sobre

a edu

cação

na próp

ria com

unidade

. Reso

lvi peg

ar a

minha e

scola

como r

eferên

cia. E

pedi à

coorde

nação

para v

er o n

úmero

de vag

as que

a esco

la tem

. As v

agas e

stavam

esgotad

as e hav

ia uma

lista

de esp

era pa

ra se

matricu

lar. Fiqu

ei me

pergun

tando p

or que

esse

colégi

o era

tão proc

urado.

No reg

imento

interno

da esc

ola est

ava escr

ito que

o obje

tivo des

te est

abelec

imento

era fo

rmar

cidadão

s e pr

epará-

los par

a a vid

a.

Tchau,

Bili! Aqu

ele ab

raço!!

"Pintura realizada por Carlos Matuck paraa empresa Regus-Brasil LTD. Ano de 2000"

Page 14: OBSERVATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS Humanos Humanosobservatorio.nevusp.org/pdfs/lupaII.pdf · Itapecerica da Serra. ... com estudantes das escolas públicas de ensino médio, inspira

NOS

UMANOS

SHUM

ANOS

EITO

SHUM

ANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMAN

DIREI

TOS

HUM

DIREI

TOS

DIREI

T

D

NOS

UMANOS

SHUM

ANOS

EITO

SHUM

ANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMAN

DIREI

TOS

HUM

DIREI

TOS

DIREI

T

DADeclaração dos Direitos Humanos é para todos: pais, professores,

donas de casa, crianças. Na escola, esses direitos podem se ade-quar à sua realidade. Para entender como a declaração pode ser uminstrumento de ação, o Lupa arriscou fazer uma espécie de traduçãode alguns artigos. O que pode ser feito para que eles aconteçam nasua escola?

DIREITOS HUMANOS NA ESCOLA

LUPA

14

Page 15: OBSERVATÓRIO DE DIREITOS HUMANOS Humanos Humanosobservatorio.nevusp.org/pdfs/lupaII.pdf · Itapecerica da Serra. ... com estudantes das escolas públicas de ensino médio, inspira

SNOS

UMANOS

SHUM

ANOS

EITO

SHUM

ANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMAN

DIREI

TOS

HUM

DIREI

TOS

DIREI

T

DSNOS

UMANOS

SHUM

ANOS

EITO

SHUM

ANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMANOS

DIREI

TOS

HUMAN

DIREI

TOS

HUM

DIREI

TOS

DIREI

T

D

quistar seus objetivos den-

tro do colégio. Você pode for-

mar grêmios, seus pais e

professores podem organi-

zar reuniões da Associação

de Pais e Mestres (APM), mas

tudo deve ser feito de livre e

espontânea vontade, sem

que ninguém seja obrigado a

pagar taxas ou participar de

eventos, desfiles e festas

dentro do colégio.

ARTIGO XXVI(1) Toda pessoa tem direito àeducação.A educação deve ser gratuita,pelo menos no que se refere àinstituição elementar efundamental.A instrução elementar seráobrigatória.A instrução técnica e profis-

sional deverá ser ge-neralizada;o acesso aos estudossuperiores se darápara todos em plenaigualdade e em funçãodos respectivosméritos.(2) A educação terá porfinalidade o pleno de-senvolvimento da perso-nalidade humana e ofortalecimento do res-peito aos direitos huma-nos e às liberdades fun-damentais;favorecerá a compre-ensão, a tolerância e aamizade entre todas asnações e todos osgrupos étnicos oureligiosos;e promoverá o desen-volvimento das ativida-des das Nações Unidaspara a manutenção dapaz.(3) Os pais terão direitode preferência naescolha do tipo deeducação que se lhes

dará aos filhos.Todos têm direito à educação

gratuita e de qualidade. O

conhecimento é importante

para que todos possam de-

senvolver ao máximo as su-

as habilidades, tanto para si

como para a comunidade. É

importante que os pais par-

ticipem da educação dos fi-

lhos, ajudando na melhoria

das escolas. As escolas de-

vem promover o respeito às

diferenças, para que haja

compreensão e amizade en-

tre as pessoas, mesmo quan-

do têm opiniões e gostos di-

ferentes. As escolas devem

oferecer vagas para todas as

crianças. A escola é um lugar

onde se aprende a ser cida-

dão, a participar, a conversar

e a reivindicar.

ARTIGO IIITodo indivíduo tem di-reito à vida, à liber-dade e à segurança dasua pessoa.Você sabe que tem

direito a participar de

todas as atividades

que rolam dentro da

escola? Que tem dire-

ito de dar suas opi-

niões e discutir os as-

suntos que o envol-

vem na escola? Sabe

que tem direito de se

sentir seguro e prote-

gido? Você já leu o re-

gulamento do seu co-

légio?

ARTIGO VIITodos são iguais pe-rante a lei e têm, semdistinção, direito deigual proteção da lei.Todos têm direito aigual proteção contratoda discriminação queinfrinja esta Declaraçãoe contra todaprovocação a taldiscriminação.Não importa se você é o bom

aluno, o bagunceiro, o bran-

co, o negro, todos têm que

ser tratados da mesma ma-

neira dentro da escola!

ARTIGO XXVII(1) Toda pessoa tem direitode participar livremente davida cultural da comunidade,de fruir das artes e de parti-cipar do progresso científicoe dos benefícios que deleadvenham.Na escola, todos devem ter a-

cesso à quadra para fazer ati-

vidades esportivas, como vô-

lei, futebol, entre outras. To-

dos podem usar a biblioteca

para fazer suas leituras, po-

dem usar os computadores

para fazer pesquisas para

seus trabalhos, podem ter a-

cesso ao vídeo para ver um

filme, podem discutir os seus

direitos e se reunir no espaço

físico da escola, promovendo

a inclusão da comunidade.

Tudo conforme o regulamen-

to. Na sua escola tem regula-

mento? Você participou da

sua elaboração?

ARTIGO XX(1) Toda pessoa tem direito àliberdade de reunião e deassociação pacíficas.(2) Ninguém poderá ser obri-gado a pertencer a umaassociação.Todas as pessoas que fazem

parte da escola podem for-

mar grupos para discutir as

melhores maneiras de con-

LUPA

15

Reprodução da ilustração de Angeli, do livroDeclaração Universal dos Direitos Humanos— Anistia Internacional - Brasil, 1983

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LUPA

B

“O DIFÍCIL CAMINHO 2À DIREÇÃO de Rogério Nascimento e Everton Sales

A porta foi aberta, e agora?( ) O aluno vai encontrar e convencer a diretora. ( ) O aluno não vai encontrar a diretora.

( ) A diretora não vai receber o aluno. ( ) A diretora vai receber o aluno, mas não vai dar crédito às suas idéias.

( ) A diretora vai incentivar e ajudar o aluno a concluir sua idéia.