Ocorrência de Atyo scobro (Leach, 18/5 ) I (CRUSTÁCEA ... · o material do Rio de Janeiro @ os...

15
e MINISTÉRIO OA AGRICULTURA SUPERINTENOÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA PESCA Cocr denc dcr io Re<;lional do E3todo do Rio de Janeiro ASSESSORIADE CULTURA E MEMORIADA P1::.SCA - AC:.JUEP Ocorrência de Atyo scobro (Leach, 18/5 ) I (CRUSTÁCEA DECAPODA / ATYI DA' E) no I I Estado do Rio de Janeiro. RUTH VIOTTI SAlOANHA Atya scooro (Le:Jcn.18IS) l-__ -2!Oc~C2AC~U~"'~E~P--.!N~!.23~--------------Deze'"bro-198 7__

Transcript of Ocorrência de Atyo scobro (Leach, 18/5 ) I (CRUSTÁCEA ... · o material do Rio de Janeiro @ os...

e MINISTÉRIO OA AGRICULTURASUPERINTENOÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA PESCACocr denc dcr io Re<;lional do E3todo do Rio de Janeiro

ASSESSORIADE CULTURA E MEMORIADA P1::.SCA - AC:.JUEP

Ocorrência de Atyo scobro (Leach, 18/5 ) I

(CRUSTÁCEA DECAPODA / ATYI DA' E) noI I

Estado do Rio de Janeiro.

RUTH VIOTTI SAlOANHA

Atya sco oro (Le:Jcn.18IS)

l-__-2!Oc~C2AC~U~"'~E~P--.!N~!.23~--------------Deze'"bro-198 7__

MINI.3T!:RIO DA AGRICULTURA

SUPERINTENDENCIA DO DESo.'VOLVIMEN'l'O DA PESCA

COORDENADORIA DA SUDEPE NO ESTADO DO RIO DE .JANEIRO

SALDANHA,Ruth Viotti

Ocorrência de Ateya scabra (Leacu , 1815), ( CRLST!!.

CEA, DECAPODA- ATIIDAE ), no Estado do lio de .lómei

ro. KA/SUDEPE/ACtIMD'; 12 p , 1 Fig. 1 !!apa, Rio de .Ia

-aeiro, 1987.

L Artropoda. 2. Decapoda. J. Camarão

CDU - 595.2.384.1.

1987"

1. INTRODUçKO ••••••••••••••••••• _ •••••••• _. _ •••••••••

2. MATERIAL E ~S ••••••••••••••••••••••••••••••••

3. TAXIONOMIA ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••

4. DADOS MORF~COS

4.1. Aspecto Geral ••••••••••••••••••••••••••••••••

4.2. Tamanho

s, AMBIENTE

6. CONCLUsAo

:rwSTRAçKO

MAPA

ABSTRACT

AGRADECIMENTO,BIBLIOGRAFIA

página

1

1

3

3

3

4

4

6

8

9

10

11

12

OCORRENCIA DE ATYA SCABRA (Leach, 1815), (CRUSTACEA, DECAPOOA/ATYIOAE), NO ESTADO 00 RIO DE JANEIRO:

RUTH VIOTTI SALDANHA*

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, A~y~ 6~~b~~ Leach, foi verificado pela pr~eiravez por Oliveira4, para uns exem?lares que haviam sido coletadospelo Dr. Jeth Jansen, no Rio Pirangí, Estado de Pernambuco, em1945. Mais tarde, em 1947, Vieira7, cita a ocorrência de um camarão que: ·Oeve ser A.ty~ 6~~b ..•.a. ••• nos leitos encachoeirados dealguns rios do sul e sudoeste do Estado da Bania". Já santos6, ~penas resume os trabalhos de Oliveira4 e Vieira7, nao acrescen-tando outras informações. Uma recente referência sobre esta esp~eie no Brasil, foi encontrada em coelh02, que indicou-a como co-merciali~ada nos mercados de Recife, em seu trabalho de 1968.

No presente trabalho, co~enta-se sobre a ocorrência destaespécie no Estado do Rio de Janeiro a partir do exame de ex~~?l~res enviados ao Museu de Flora e Fauna Aquática da Sudepe por c~laboradores e posterior excursão a estes locais. Chama-se aten-ção também para a constante alteração destes habitats, comprom~tendo sua permanência nos me~os.

2. MATERIAL E MtTOOOS

Os exemplares foram recebidos como resultado do Programa doHuseu de Flora e Fauna Aquá tica da Sudepe do Rio de Janeiro (MFFA),

*Estagiária do Muséu de Flora e Fauna Aquática da Sudepe/RJ.

.2.

que, reativado·, tem por meta montar uma coleção representativa

dos principais ecossista~as aquáticos do estado e que conta com

colaboradores em vários municípios.

o material de Santa Maria Madalena foi coletado pelo Sr.

Luís Alberto Feijó, curioso com os crustáceos que ocorriam em

sua propriedade.

Um dos exemplares foi usado apenas para comparação morfomé-

trica uma vez que foi encaminhado ao Museu sem os dados sobre

sua coleta.

Na identificação foram aàaptaàos os critérios usados por

Orb~ann5 e 01iveira4 a partir de urna indicação em Santos6.

Os exa~plares, coletados manualmente a~ pequenas corredei

ras, sob as pedras, em fundo de areia e pedras, nos municípiosde Itaocara, são Fidélis e Santa Maria Madale~, foram fixados

~~ formal (5%) e posteriormente conservados em álcool (70%), en

contram-se depositados na coleção do Museu de Flora e Fauna Aqu~

tica da Sudepe/RJ.

Os indicadores climatológicos foram analisados e discuti-

dos com a metereologista Ademilde do INEMET/RJ.

As medidas foram tomadas co~paquímetro. As ilustrações fo-

ram adaptadas de 01iveira4 por Jorge Luis Garcia.

*Ver: OLIVEIRA, J:A. de. "Histórico sobre a Coleçãoda Divisão de Caça e Pesca do Ministério dara". SUDEPE/RJ; 48 p. Rio de Janeiro, 1987.

IctiológicaAgricu1t~

.3.

3. TAXIONOMIA

Classe Malacostraca

Ordem Decapoda

Infraordem Caridea

Familia Atyidae

Gênero Atya

Espécie Atya scabra

Sinonimia: Aó~acuó IA~yal ócab4d Voigt, 1336;

A~ya m~~~cana Wiegmann, 1836;

A~ya ma4ga4~~acea A. Milne Edwards, 1864;

A~ya punc~~a Kingsley, 1878.

Nomes locais: Carangonça, camarão-de-unha, lagostim.

4. DADOS MORFOMtTRICOS

4.1. ASpecto Geral. Seu aspecto rlgido identifica-o ao seu h~

bitat pedregoso e batido das pequenas corredeiras, "ca-

choeiras·, no falar dos pescadores. De coloração esver-

deada, este camarão chama atenção pelo 39 par de pereió-

podos enorme que termina em unha recurvada e o 49 e 59

pares, um pouco menores, todos recobertos por acúleos

tão escuros quanto suas unhas e por apresentar um friso

ao longo de todo o contorno do corpo e uma carapaça des~

senhada, sendo bem nítidos dois relevos ovais, simétri-

cos, no final do primeiro terço dor sal da mesma (vide i-

lustrações) .

.4.

4.2. Tamanho. Máximo comprimento total: l43mm (cn, ll3mm (~);

média: IJ4mm (~, 99mm (~). Máximo comprimento de cara~

ça: 66mm (~), média: 60mm (~), 4lmm (~).

5. AMBIENTE

A~ya 4cab4a Leach, foi encontrada no Rio de Janeiro em San-

ta Maria Madalena, são Fidélis e Itaocara, municípios da Bacia

Hidrográfica do Rio paraíba do Sul.

Esta macroregião econômica, reúne l54 municípios dos três

estados mais populosos do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Mi-

nas Gerais) nos seus 57.000 Km2 e está caracterizada juridicame~te como "área crítica de poluição .•••

Como tal, é objeto de um programa permanente de monitoramen

to e gestão de seus recursos sob administração do Comitê Executi

vo de Estudos Integrados da Bacia Hidrográfica do Rio paraíba do

Sul (CEEIVAP), órgão colegiado de 34 entidades que direta e indi

retamente são responsáveis pelo "aproveitamento múltiplo de suas

águas···.

Santa Maria Madalena localiza-se no final da Serra do Mar

(Lat. 2Io59'/Long.4200l') a 600m de altitude. De clima úmido,com

pouco ou nenhum déficit de água (média anual de chuvas: 1.390,2mn),

este município da Região Serrana, tem média anual de temperatura

em torno de 19,50C, mínimas que chegam a 120C e máximas de 30°C.

A partir de Santa Maria Madalena, em direção ao Norte Fluminense,

*Decreto-Lei nQ 76.389 de 3/10/75.··projetos Gerenciais CEEIVAP 001/79, 003/79 e Doe. Téc CEEIVAP

PG 015/82.

.5.

as escarpas vão se atenuando, os vales se alargam e os rios cres

cem em extensdo. Nes:.a Região, estão são Fidélis e Itaocara (lat.

= 41°15') com altitudes em torno de 7Om. O clima é sUbúmido-seco,

com pouco ou nenhum excesso de água (média anual de chuvas: 984,7

mm), com tem?eratura média anual de 23,60C, mínimas chegando a

160C e máximas em torno de 3SoC.

Sempre em trechos de corredeiras, águas lóticas e fundos p~dregosos, A.c.ya. óc.a.b.'ta. foi coletada em ltaocara, nos cachoeiros

do Barbado, Camarão e Roberto Laranja no Rio Paraiba do Sul e no

Rio Pomba, na altura dos distritos de Aperibé e Funil; em são Fi

délis nos cachoeiros da Ponte Preta, Fazenda do Rornão e Fazenda

do Conde e, finalmente em Santa Maria Madalena, no Ribeirão da

Barra Mansa.

No Rio Pomba, observamos as cargas poluidoras lançadas pe-

ias indústrias mineiras e o vinhoto coloria suas águas, que esta

varo cobertas de escuma.

No paraiba do Sul, perto de cem balsas, extraiam ouro pelo

processo gravimétrico, recuperando o ouro pela amalgamação com

mercúrio.

Para 1988, está previsto o ~icio da construção de três usi

nas hidrelétricas nas localidades de Sapucaia, Simpllcio e ltao-

cara. As obras ocuparão 20 Km do baixo Paraiba do Sul, aprovei-

tando os declives de suas corredeiras para as barragens.·

*ver: TAVES, R.F. -Este pedaço do Rio vai sumir - Uma área do tamanha de Niterói será inundada no Estado em nome do Progresso". ln Jornal do Brasil, 07-12-87.

.6.

6. CONCLUSÃO

Os exemplares ex~inados t~ mais espinhos e tamanhos maio-

res do que os =elatados na literatura. Entretanto, se conside=aE

mos que a variação dos ambientes altera as pressões sele~ivas so

bre o patrimônio gênico das populações ocasionar~o mudança de

fregtiência das formas, não constatamos variação expr essí.va encre

o material do Rio de Janeiro @ os descritos por Ortmann5 e Oli-. 4vel.ra .

~ interessante assinalar a captura manual, ~uco elaboraea,

dos pescadores fluminenses em contraposição aos cétodos cos nor-

destinos que utilizam cestos ou gererês. Isto se explica pelagrande disponibilidade de pi tú (J.!<1C·'LObILa.c h,cu.m ca.tccnu e) a c.é há

alguns anos atrás. Com o desaparecimento deste, os pescacores =0

meçam a procurar novas capturas, não tendo ainda· aperfeiçoado

seus métodos.

O estudo dos fatores climácicos e fisiográficos, isoladame~

te, contribui apenas no tocante á distribuição geográfica de

A. Ilc.a.bILa. no Estado. A amplitude desses fatores só terá maior

significado quando confrontada c~m o ciclo reprodutivo e a taxa

de crescimento das populações.

Ficou claro que a ação antrapogênica e seus efeitos, aLnda

que limitantes, não inviabilizam a ocorrência de A. Ilc.a.bta..

Com a construção ce barragens, as populações serão isoladas,

interrompendo-se o fluxo entre elas; a alteração da relação re

manso/cachoeira, suprLoe habitats comprometendo este patr~oio

gênico.

.7.

lLUSTRAÇÂO

l. M.ya. 6c.a.blta. Leach, vista lateral.

Fr - região frontal; Ggr - região antenal;

Br - região branquial; H - região hepática;

Cr - região cardíaca; PLE - pleuras; Gr - região gástrica

2. Carapaça, vista dorsal

3. Telson e urópodos

.8.

2.

3

.10.

ABSTP~CT

In this work we confirm the occurance of At~~ 6c~b~a Ltac~

in Rio de Janeiro.

We also discuss the effects of anthropogenic action on

the species habitats.

Ecological data, fishing methods and illustrations are

given.

.11.

AGRADEC DIENTO

A Jorge Alves, ~rcia das Graças e Reinaldo pelos conselhos

valiosos de sempre;

A Rubenita e Oominguinhos da Colônia Z-2l, mescres do Parai

ba do SUl, pela convivência proficiente em campo;

A Jajne Fontes Sampaio e Dr. Paulo Schiavo pelo apoio insti-

tucional;

R.V.S.

.12.

BIBLIOGRAFIA

1. ARAOJO, Francisco Gerson. Levantamento Prel~inar dos Oraa~ismos Aquáticos do Rio Paraíba do Sul. Relac5rio Téc~ico Fi-nal. Convênio FINEP/UFRRJ, Vice-Reitoria d3 UFRRJ, Postode Aquicu1tura, 48 p. Rio de Janeiro, 1985.

2. COELHO, P.A. and RAMOS, M. de A. Contribuciór. al conoc~ie~tode 105 camarones comercia1es en e1 norte v nordeste êe1Brasil. Doe. Tec. CARPAS, 4(10): 1-4. 1963.

3. HOLTBUIS, L.B. F.A.O. Species Catalogue. Shr~~os and P~a'~sof the Wor1d. FAO Fish. Synop. (125) v.l: 261 p. 1980.

4. OLIVEIRA, L.P.H. de. Verificação da existência de ACq~ 6cat~aLeach, camarão d'água doce da família Atyiàae, Crustacea,no Nordeste ~o Brasil. Mero. Inst. Oswa1do Cruz, 43:171-90,

1945.

5. ORTMANN, E.A. Os camarões de água doce da Amé~ica do Sul; Rev.Mus. Paulista, 2, 172-215, 1 est. 14 figs., 1897.

6. SANTOS, Eurico. Zoologia Brasí1ica - O Mundo cosEd. Itatiaia, v. 8. Belo Horizonte, 1982.

Ar =ópode 5;

7. VIElRA, A. A CUruca - Curioso camarão das corredeiras.Chácaras e Quintais, dez., são Paulo, 1947.

Rev.