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Mercados
informação de negócios
Polónia Oportunidades e Dificuldades do Mercado Setembro 2012
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Polónia – Oportunidades e Dificuldades do mercado (setembro 2012)
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Índice
1. Oportunidades 3
1.1. Comércio 3
1.2. Investimento de Portugal na Polónia 10
1.3. Investimento da Polónia em Portugal 17
1.4. Serviços 18
1.5. Turismo 19
2. Dificuldades 20
2.1. Turismo 21
3. Cultura de Negócios 21
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1. Oportunidades
1.1. Comércio
A Polónia (com cerca de 39 milhões de habitantes) é atualmente um importante mercado para a
colocação de bens de equipamento e de bens de consumo, onde o fator qualidade/preço é determinante.
Para além disso, constitui ainda uma importante plataforma para outros mercados da região, que se
reforçará no curto médio prazo, nomeadamente para a Ucrânia, Lituânia, Bielorrússia e Rússia.
O país apresenta interessantes oportunidades de negócios, nomeadamente em setores onde Portugal
poderá alargar mais alguns dos seus negócios ou entrar com os seus produtos de qualidade como são
os casos da:
Fileira Materiais de Construção
Setor em grande expansão devido ao crescimento dinâmico do setor da construção civil, obras públicas
e imobiliário, provocado pelo desenvolvimento da economia polaca e pelo enorme afluxo de fundos
estruturais da União Europeia assim como da afluência significativa anual de investidores estrangeiros.
Apesar do aumento notável da produção de materiais de construção no final do ano 2006, as empresas
de construção civil começaram a sentir dificuldades na aquisição de alguns produtos, nomeadamente do
ramo de non-metal goods, tais como cimento, gesso, cal, blocos, tijolos, telhas, e de outros
revestimentos. Para além disso, observou-se também uma maior procura de materiais cerâmicos para
pavimentos e revestimentos, janelas, portas, ferragens, equipamentos para casa de banho, pedras
ornamentais, pavimentos e soalhos em madeira, louça sanitária e materiais químicos de acabamento de
interiores e exteriores (tintas, vernizes, etc.).
Fileiras Casa
Devido ao aumento do poder da compra da população polaca e ao desenvolvimento do setor imobiliário,
existem claras oportunidades de negócio para produtos como os têxteis-lar, cutelaria e cerâmica
decorativa e utilitária. Os produtos devem apresentar elevada qualidade, design inovador e uma certa
diferenciação em relação à oferta local existente. Para além desta maior procura por parte de clientes
individuais, as cidades polacas atraentes do ponto de vista turístico ou centros de wellness e Spa,
atualmente em grande expansão na Polónia, têm que modernizar as suas ofertas em termos de hotelaria
e restauração e ou de construir novas unidades hoteleiras. Têm que, igualmente, equipar os respetivos
interiores com têxteis-lar, cutelaria e cerâmica decorativa e utilitária. Dadas estas circunstâncias, prevê-
se, nos próximos anos, a continuação dos trabalhos que neste momento estão ainda em curso, uma
maior procura para esse tipo de produtos.
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1. Têxteis-lar - este setor, com tradições em Portugal, apresenta algum potencial de negócio na Polónia,
devido à qualidade e de design dos produtos, apesar da concorrência da oferta polaca e de países como
a China, Índia, Turquia, Paquistão e Alemanha.
Segundo diversos estudos, o comportamento do consumidor polaco nas compras dos artigos têxteis-lar
apresenta as seguintes características:
- valorização da comodidade e funcionalidade – artigos que não requerem especial esforço para a
sua conservação;
- valorização de designs modernos, diversidade de modelos, séries curtas – assegura uma
individualização de decoração;
- compras conforme as necessidades;
- compras ocasionais – prendas com embalagens bonitas;
Uma nova ferramenta de venda de artigos têxteis-lar de qualidade, que está a ser visivelmente
aproveitada, é a Internet.
As oportunidades para as empresas portuguesas no âmbito do referido setor avistam-se bastante
promissoras pelas seguintes razões:
− o constante desenvolvimento do setor de construção civil e da hotelaria, que neste momento
observamos na Polónia, tem implicado um significativo aumento da procura de diversos materiais
de acabamento e decoração para casa, entre os quais os têxteis-lar;
− devido a uma grande concorrência da parte de produtos da origem asiática, especialmente no
segmento de artigos baratos, a oferta portuguesa deveria apostar nos segmentos de qualidade
média/alta;
− a oferta de artigos têxteis-lar portugueses é reconhecida no mercado polaco e apresenta grande
competitividade em relação à oferta dos fornecedores habituais da Polónia (Alemanha, Espanha,
França, Itália e Turquia).
Fileira Moda
1. Confeção / Têxteis - a indústria têxtil tem uma forte tradição na Polónia. Após a queda do Muro de
Berlim e as mudanças do sistema económico na Polónia, verificou-se uma grande reestruturação
económica e empresarial, e a indústria de confeção polaca começou a trabalhar, principalmente, em
regime de subcontratação. Este fator tem determinado a condição financeira deste setor industrial, mas
por outro lado tem possibilitado o aproveitamento da capacidade de produção instalada, duas vezes
superior à procura atual.
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Nos meados dos anos 90, os fabricantes polacos perderam quotas de mercado ao nível interno, a favor
do vestuário importado, devido à abertura do mercado à concorrência estrangeira, ao desenvolvimento
rápido do comércio e ao aparecimento de redes de distribuição de vestuário estrangeiras.
De qualquer modo a indústria têxtil polaca mantém-se competitiva, em relação à produção europeia,
encontrando-se nesta altura numa fase final de reestruturação e modernização que a vai fortalecer
bastante nos próximos anos. No entanto, a grande maioria das empresas trabalha em regime de
subcontratação para parceiros estrangeiros, como forma de salvaguardar o funcionamento em pleno das
fábricas e os respetivos postos de trabalho.
Os produtos portugueses são ainda pouco visíveis no mercado polaco. Geralmente entram com marcas
de distribuidores internacionais. O mercado em si apresenta potencial significativo para as nossas
empresas, com variadas possibilidades de cooperação do ponto de vista comercial e de investimento.
2. Calçado - a produção polaca satisfaz apenas uma pequena percentagem destas necessidades, dado
que mais de 50% da produção nacional é destinada à exportação. Os principais mercados da importação
são a China, Itália, Vietname, Alemanha, Indonésia e Espanha.
No mercado polaco de calçado nota-se uma tendência conservadora onde a maioria dos clientes prefere
as cores tradicionais, mas onde os consumidores mais jovens e do segmento médio alto são mais
recetivos às últimas tendências.
O setor de calçado é um dos setores onde Portugal tem capacidade para apresentar um produto
nacional de qualidade e com design e para tornar-se um fornecedor de referência do mercado local.
O calçado é um dos produtos portuguesas que goza de maior notoriedade na Polónia e por isso afigura-
se prioritário um reforço da atuação promocional nacional e uma entrada mais eficaz das nossas
empresas nos canais de distribuição, sob pena de se perderem quotas de mercado e de não se
aproveitar o notável trabalho desenvolvido nos últimos anos por empresas, associações empresariais e
instituições portuguesas.
Devido a uma grande concorrência no mercado da parte de produtos da origem asiática, especialmente
no segmento baixo, a oferta portuguesa deveria apostar nos segmentos médio alto e “premium” onde se
afiguram muito mais oportunidades para produtos de qualidade.
As empresas que pretendem iniciar um relacionamento comercial com este mercado como também
aquelas que já exportam, devem, “fundamentalmente”, investir mais em marketing e publicidade e
apostar decisivamente na constituição de uma forte rede de distribuição moderna, como intermediária na
relação entre produtores e clientes, a exemplo do que têm feito empresas de outros países da U.E.
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Fileira Agroalimentar
1. Vinhos – o setor encontra-se em desenvolvimento progressivo e favorável relativamente ao produto de
Portugal. Segundo dados do GUS - Instituto Polaco de Estatística, para o ano de 2011, as vendas de
vinhos portugueses no mercado polaco alcançaram 9,2 milhões de Euros, representando uma quota de
mercado de 5,81% (contra 4,9% em 2010).
Devido à maior aposta promocional que se tem realizado nos últimos anos, os vinhos portugueses
tornaram-se bastante visíveis em canais de distribuição locais suscitando maior interesse e curiosidade
junto do público consumidor.
Os vinhos portugueses estão a posicionar-se, fundamentalmente, no segmento de preços médio e
médio alto, rivalizando assim com a oferta dos principais países concorrentes de Portugal nos mercados
internacionais (Espanha, França e Itália e países do Novo Mundo).
Segundo os especialistas do setor, e face às rápidas mutações económicas e sociais que se estão a
verificar neste mercado, torna-se fundamental a realização frequente de ações promocionais de modo a
garantir níveis mínimos de fidelização dos respetivos clientes.
Este setor é uma das poucas áreas do comércio em que o produto em si tem uma conotação positiva
em relação à questão da marca “ Portugal” e tem mantido a posição e reconhecimento dignos aos
produtos de qualidade.
2. Café - a dimensão do mercado, o aumento do poder de compra da população polaca e os hábitos,
que surgiram ao longo dos últimos anos, de consumo de café de qualidade, são fatores que estão a
proporcionar um aumento significativo na aquisição de cafés, em formas variadas, neste país.
Com a abertura de redes dos “coffee-bars”, por toda a parte do país, pegou a moda de tomar café
(sobretudo “expresso”,“capuccino” ou “latte”) fora de casa. Anualmente abrem cerca de 80 novos
estabelecimentos desta natureza.
Os “coffee-bars” têm observado uma tendência positiva na venda de alguns tipos de cafés pouco
conhecidos – os clientes polacos tornam-se cada vez mais exigentes e apreciadores do café, o que
implica a maior procura de cafés não consumidos habitualmente embora vendidos no mercado local por
um preço mais elevado.
Segundo o relatório da Organização Internacional do Café (International Coffee Organization), o
consumo na Polónia per capita, em 2010, rondou a volta de 3,40 kg de café por ano. Em comparação, o
mesmo relatório indica que em Portugal se consomem, em média, cerca de 4,07 kg per capita por ano.
Tendo em consideração as quantidades de café consumidas nos países nórdicos que são os maiores
consumidores europeus de café (10 kg café per capita/ano), o mercado da Polónia apresenta grandes
perspetivas de desenvolvimento.
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A Organização Internacional do Café considera a Polónia o mercado mais prometedor da UE27, dado
as tendências de um crescimento progressivo devido ao aumento do poder de compra da sociedade
polaca e à melhoria do nível de vida. Apesar de aumento do consumo de café, há que ter em especial
atenção que o chá continua a ser a bebida quente mais popular e típica da Polónia.
3. Queijo – o mercado do queijo na Polónia tem uma oferta bastante diversificada. Tanto da produção
local como as importações comprovam isso. As empresas produtoras locais, algumas com capital
estrangeiro, produzem, comercializam no mercado local e exportam, principalmente para o mercado
comunitário, uma gama de produtos com bastante qualidade e variedade.
A dimensão do mercado polaco, aumento do poder de compra, mudança dos hábitos do consumo e a
procura de novos tipos e sabores de queijos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento
deste setor e constituem excelentes oportunidades de negócios para os fabricantes estrangeiros.
Têm-se observado tendências de crescimento sistemático nas importações de queijos de vários países
estrangeiros, principalmente dos em que a tradição do fabrico de um bom queijo é reconhecida
internacionalmente, aos quais pertence a França, Itália, Áustria, Holanda, Lituânia, Bulgária e outros.
Dado que os produtos importados são de boa qualidade e podem concorrer com os queijos polacos, o
mercado nacional absorve, sem dificuldades de maior, também os queijos de origem estrangeira.
Para a entrada neste mercado, é fundamental uma aposta na promoção deste produto nos meios de
comunicação social, como também em feiras e festivais gastronómicos.
4. Azeite, azeitonas, vinagre conservas de atum e marisco - a importação dos produtos em questão tem
aumentado sistematicamente desde a segunda metade dos anos 90, devido a uma forte promoção da
dieta mediterrânica, como uma dieta saudável, em que é bastante comum o uso destes produtos,
antigamente quase desconhecidos na Polónia. Hoje em dia o uso destes produtos tornou-se muito
frequente e aconselhado pelos nutricionistas polacos. Para a divulgação destes hábitos contribuíram
decisivamente as viagens de férias dos polacos para os países do Sul da Europa e a implementação da
grande distribuição que aumentou e diversificou a oferta alimentar na Polónia.
A oferta de produtos alimentares da dieta mediterrânica de boa qualidade, tratando-se de produtos
importados, está dirigida para a classe social com o maior poder de compra.
A tradição mediterrânica de temperar os pratos com um fio de azeite, substituindo muitas vezes as
gorduras animais, geralmente presentes na cozinha polaca, entra cada vez mais nos hábitos culinários
dos polacos, especialmente como complemento às saladas de legumes, consumidas em grandes
quantidades. Os produtos da dieta mediterrânica portugueses têm potencial para se posicionarem nos
segmentos de preços médio e médio alto e concorrem diretamente com as ofertas italiana, espanhola ou
grega, já bem instaladas no mercado local.
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Para a entrada neste mercado, é fundamental uma aposta na promoção destes produtos nos meios de
comunicação social, como também em feiras e festivais gastronómicos.
Fileira Moldes e Máquinas
1. Moldes - o desenvolvimento dinâmico do setor de transformação de plásticos na Polónia é
acompanhado por um relativamente rápido crescimento das empresas locais produtoras de moldes e
ferramentas. Atualmente existem cerca de 480 empresas de moldes e ferramentas, na maioria dos
casos, de média dimensão, localizadas no Centro, Sul e no Norte da Polónia, nomeadamente em
Varsóvia, Cracóvia, Katowice, Rzeszów e Bydgoszcz. As empresas em referência servem uma gama
variada de usuários finais de vários setores de produtos de plástico e borracha incluindo embalagens,
componentes automóveis, equipamentos médicos e componentes elétricos e eletrónicos.
Em 2010, a Polónia como produtor de moldes para borracha e plástico alcançou a 11ª posição, entre os
países comunitários, atrás da Holanda e Luxemburgo mas à frente da Bélgica e Hungria. A produção
neste ano ascendeu a 48 milhões de euros, após um declínio de 3,8%. Ao longo dos anos, a Polónia tem
assistido a um aumento gradual no número de empresas injetoras de plástico, em parte, como resultado
de transferências das instalações de produção da Europa Ocidental.
Os fabricantes de moldes na Polónia podem constituir um canal comercial bastante importante para as
empresas de moldes portuguesas. Outros canais são as vendas diretas com os usuários ou através da
atuação de agentes ou distribuidores. A constituição de parcerias comerciais ou de joint-ventures
produtivas poderá ser também uma boa opção para a penetração efetiva dos produtos e know-how
portugueses no mercado polaco.
2. Máquinas e equipamentos - devido ao grande desenvolvimento do setor de construção civil originada
pela organização da Euro 2012 na Polónia, surgiram grandes oportunidades de negócio no setor de
máquinas e equipamentos para o setor da construção civil e obras públicas, facilitadas por maiores
comodidades no acesso ao crédito. Nos próximos anos, muitos projetos não acabados ou iniciados por
este acontecimento, continuarão em vigor (construção de autoestradas, novos aeroportos, gares e vias
ferroviárias, hotéis) o que consequentemente manterá condições bastante favoráveis para o setor de
máquinas e equipamentos para a construção civil na Polónia e, igualmente, constituirá uma oportunidade
atraente para as empresas portuguesas interessadas na abordagem deste mercado, seja numa
perspetiva estritamente comercial, seja numa perspetiva de investimento.
Embora supostamente o setor da construção possa entrar, no próximo futuro, em um abrandamento, a
Polónia continuará um dos maiores palcos de obras na Europa. Essa situação traduz-se numa
significativa procura de materiais e máquinas de construção. O mercado nacional satisfaz apenas as
necessidades básicas de empreiteiros polacos, pois no caso de máquinas para o setor da construção a
produção nacional assegura apenas 20% das necessidades do mercado - as restantes máquinas e
equipamentos vêm do estrangeiro. A maior parte das máquinas e equipamentos importados são de
caráter universal, utilizados para vários tipos de trabalhos de construção: escavadeiras e carregadoras
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giratórias 40%, carregadoras frontais 25%, outros tipos de carregadoras 20%, compactadores e rolos
10%, bulldozers 4% e outros 2%.
Fileira Produtos Farmacêuticos
O mercado polaco de produtos farmacêuticos é o maior da Europa de Leste. As suas vendas geram mais
de ¼ de todas as transações do setor nessa região. Segundo dados da IMS Health, o valor total das
vendas de produtos farmacêuticos no mercado polaco, no final do ano de 2010, alcançou 27,54 mil
milhões de PLN(s) o que significa um aumento na ordem de 5 a 7% em comparação com o ano anterior.
A maior dinâmica de vendas, no nível de 14%/ano, registaram os medicamentos OTC, portanto
acessíveis sem receita médica enquanto as vendas de medicamentos Rx aumentaram 6,7%. As
previsões para os anos seguintes são bastante promissórias com estimativas de que o mercado polaco
de produtos farmacêuticos possa atingir o valor de 30 mil milhões de PLN(s). A indústria farmacêutica
polaca, sendo um dos mais modernos e lucrativos ramos da economia nacional, encontra-se na dianteira
europeia e posiciona-se na segunda dezena dos países do mundo no que diz respeito à sua dimensão.
Ao nível mundial, a Polónia pertence ao grupo dos 17 países, após China, Brasil, Rússia e Índia, cujos
mercados de produtos farmacêuticos se desenvolvem mais rapidamente e até 2013 podem atingir 90 mil
milhões de USD de vendas de medicamentos, o que irá representar cerca de 48% do aumento global de
vendas desses produtos.
Comparando com os outros países da Europa, a Polónia posiciona-se em 2º lugar, a seguir à França, no
que diz respeito à quantidade de medicamentos consumidos. O consumidor polaco gasta, em média,
pelo menos 30 embalagens per capita anualmente, utilizando, em quantidades significativas, os
medicamentos genéricos. Estes mesmos, em termos de valores, representam 65% e, em termos de
quantidade, 86,5% do mercado polaco. Para compararmos esses valores com os de outros países
europeus, na Itália são 2 e 4%, na Alemanha – 22,7 e 41% e na Rep. Checa – 32 e 55% respetivamente.
À escala europeia, as vendas dos genéricos representam cerca de 50% do seu mercado deixando de ser
apenas a característica principal dos países menos desenvolvidos. A Polónia segue a política oficial de
utilização de medicamentos genéricos, tanto no regime hospitalar como no setor comercial das farmácias
privadas.
A distribuição de produtos farmacêuticos, nos últimos 3 anos, passou pelo processo de consolidação e
privatização dos maiores players como também pelo desenvolvimento de novas formas de distribuição
para atingir o cliente (a forma da venda direta – DTP Direct to Pharmacy).
Ao nível do mercado da distribuição de medicamentos existem cerca de 400 grossistas com atividade
regular e cerca de 13 272 farmácias, com um número médio de 3600 pacientes mensalmente, por
farmácia. No entanto, os maiores distribuidores – Pelion Healthcare Group (PGF), Farmacol, Torfarm-
Prosper-Promedic, ACP Pharma (Mediq NV), Profarm PS – controlam perto de 60% do mercado, para
além de alguns deles possuírem também a sua própria rede de farmácias. O Estado desfaz-se
sucessivamente da sua participação no mercado vendendo, ponto por ponto, a sua rede de armazéns
Cefarm.
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Oportunidades para as empresas portuguesas:
- Exportação direta de alguns medicamentos aos principais grossistas locais;
− Constituição de “joint-ventures” com alguns grossistas de pequena e média dimensão que, em
alguns casos, estão interessados em encontrar parceiros na indústria para continuarem a ser
competitivos;
− Estabelecimento de parcerias industriais entre alguns laboratórios portugueses e laboratórios
polacos de pequena e média dimensão.
Fileira Inovação e Serviços
1. Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica - segundo a opinião de diversos especialistas,
as TIE’s encontram-se em grande expansão na Polónia. O desenvolvimento desta fileira, em que a
informação se tornou um dos bens transacionáveis, tem uma grande dinâmica comparando com os
restantes setores da economia polaca, devido à globalização da economia e aumento substancial da
procura e oferta da informação.
Tendo em conta a qualidade, preço e abundância de quadros polacos com formação nas áreas da
informática/eletrónica, observou-se um forte investimento estrangeiro neste setor, sobretudo através da
abertura de centros internacionais de R&D e de empresas de BPO - Business Process Offshoring, que
permitirá que a Polónia se torne, no curto/médio prazo, um dos importantes fornecedores de serviços de
informática e software na Europa.
Os segmentos com mais perspetivas de desenvolvimento no mercado das tecnologias de informação
são os computadores portáteis, monitores LCD, serviços de “outsourcing”, soluções de informática para
o setor energético e software de gestão para PME(s).
1.2. Investimento (IDP na Polónia)
O investimento direto de Portugal na Polónia só assumiu um valor expressivo em 2001, ano em que
atingiu 487,8 milhões de euros, o que colocou este país num dos principais destinos (posicionou-se em
7ºlugar) do Investimento Direto Português no Exterior.
Em 2004, no ano da adesão à UE, a Polónia foi o 22º destino do IDPE, tendo alcançado 30,3 milhões de
euros, tendo o desinvestimento atingido os 7,4 milhões de euros.
A Polónia recebeu naquela altura, e segundo dados do WIR’2005, 6,1 mil milhões de dólares de
investimento estrangeiro, o que correspondeu a 2,8% do IDE na EU25 e a 30,3 % do IDE nos 10 novos
países-membros da UE. O mercado polaco constituiu, por isso, o principal destino de IDE neste último
grupo de países. Recordamos que Portugal acolheu, em 2004, cerca de 1,1 mil milhões de USD de IDE.
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Segundo dados do NBP – Banco Nacional da Polónia, Portugal ocupou, até finais de 2004, o ano da
adesão da Polónia à UE, a 21ª posição na lista dos investidores estrangeiros na Polónia, registando
investimentos acumulados no valor de 286,2 milhões de euros. Até finais de 2005 Portugal passou para
a 20ª posição, enquanto investidor na Polónia, com cerca de 394,3 milhões de euros de investimentos
acumulados. A partir do ano de 2009 Portugal sobe mais uma posição voltando no ano a seguir (finais de
2010) para o 20º lugar da lista.
IDE na Polónia no período de 1996 - 2010
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Portugal - Fluxos de Investimento Direto na Polónia (FDI flows)
1,9 0,6 3,6 63,4 75,1 185,4 36,4 -4,8 49,5 82,2 376,1 113,9 105,7 54,5 252
Portugal – Posição do Investimento Direto na Polónia (FDI Position – stock)
5,2 5,6 8,6 91,9 176,9 324,3 215,2 198,2 286,2 394,3 469 620,5 704,7 754,3 1340
Fonte: NBP – Banco Nacional da Polónia
Unidade: milhões de Euros
Por sua vez, em 2006, e segundo informações do Banco de Portugal, a Polónia foi o 4º destino do
investimento direto português no estrangeiro, tendo este alcançado cerca de 381 milhões de euros
(líquidos).
Da atual lista da Aicep CN Varsóvia de julho 2012, de empresas polacas com capital português, constam
108 empresas ativas com predominância para as atividades financeiras, comércio por grosso e
distribuição, indústria transformadora, construção e promoção imobiliária. E mais 2 encontram-se em
fase de registos, nomeadamente a ControlVet e a Efacec.
Está provado que já se encontram instaladas neste país, com um assinalável sucesso, um conjunto de
empresas portuguesas de referência que têm servido de “âncoras” na mobilização e chamada de
atenção para as oportunidades de negócios e de investimento na Polónia.
No entanto, convém salientar que, relativamente ao comportamento do universo do tecido empresarial
português no mercado polaco, no que se refere a formas de investimento nomeadamente a modos de
entrada até agora utilizados, o CN Varsóvia não detetou nenhum caso de deslocalização de empresas
do território nacional.
Vale a pena acentuar também que uma boa parte das perspetivas de desenvolvimento das exportações
e dos investimentos portugueses neste país passa também pelo estabelecimento de relações de
cooperação empresarial com parceiros locais e por um controle mais eficaz dos canais de distribuição
aproveitando a situação que as autoridades polacas têm tentado criar condições propícias para facilitar a
entrada do capital estrangeiro no país. O sinal deste comprometimento é o facto dos investidores
estrangeiros poderem atuar nas mesmas condições das empresas polacas, ou seja, pagarem os
mesmos impostos, terem os mesmos benefícios fiscais e poderem solicitar apoios financeiros no caso de
cumprirem determinadas condições.
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Como áreas potenciais para o investimento português na Polónia, destacaríamos as seguintes:
Investimento Industrial
em áreas:
• Fileira produtos industriais (moldes, componentes para industria automóvel, embalagens, produtos
de cosmética, produtos de limpeza e conservação de uso doméstico e industrial, etc.);
• Fileira saúde e biotecnologia;
• Fileira produtos farmacêuticos;
Investimento comercial e de prestação de serviços
em áreas:
• Fileira construção e projetos (infraestruturas de transporte, de telecomunicações, revitalização de
terrenos pós-industriais, infraestruturas urbanas, infraestruturas para proteção do meio ambiente,
consulting estratégico, jurídico - financeiro, project management);
• Fileira armazenagem, logística, distribuição;
• Fileira moda (confeções, calçado, entre outros);
• Fileira casa (têxteis-lar);
• Fileira inovação e serviços (TIES, energias renováveis, serviços financeiros - banca, seguros e
serviços financeiros, entre outros).
Comentários para alguns setores específicos:
Fileira Produtos Industriais
1. Componentes para a indústria automóvel – a indústria automóvel é o 2º dos mais importantes setores
da economia polaca e constitui uma base sólida contribuindo eficazmente para o crescimento do PIB
mesmo nos últimos tempos do abrandamento económico do país. Das 40 fábricas de automóveis e de
motores localizadas nos mercados da Europa Comunitária, 16 encontram-se na Polónia. Em 2011, os
consórcios de automóveis produziram mais de 825 469 unidades, dos quais 722 285 de automóveis
ligeiros de passageiros e 103 184 ligeiros de carga. Na 1ª posição encontra-se o Fiat (56,67% da
produção total de veículos automóveis em 2011), a seguir o Volkswagen (21,44%) e em 3º lugar o GM-
Opel (21,08%). Relativamente à produção de autocarros, a Polónia alcançou a 3ª posição face aos
fabricantes dos países da UE com tais marcas como o MAN, SOLARIS, VOLVO, SCANIA, AUTOSAN e
outras. Os produtores de carros em conjunto com os fabricantes dos componentes e peças constituem
uma força primordial no desenvolvimento das exportações polacas do ramo automóvel uma vez que
mais de 90% da produção destina-se a mercados externos. Esperam-se perspetivas sólidas para este
setor nos próximos 10 anos, uma vez que vários investidores multinacionais, a partir do início do século,
investiram em processos de deslocalização das suas fábricas e continuam a afluir para esta parte da
Europa, como a recente entrada na Polónia do consórcio canadiano – Magna Automotiv.
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Como o ramo automóvel é um dos mais inovadores setores da indústria, estimula e impõe o
desenvolvimento de atividades complementares, avistam-se, para as empresas portuguesas, as
seguintes potenciais áreas de investimento:
− produção dos componentes e peças para automóveis;
− produção ou fornecimento de moldes;
− fornecimento de tecnologias inovadoras com utilidade em processos de produção de veículos;
− desenvolvimento de serviços de distribuição, armazenagem e coordenação logística de peças e
componentes para automóveis;
− desenvolvimento de serviços de informática no âmbito da integração de processos produtivos, de
gestão de vendas, armazenagem e entrega de veículos.
Fileira Saúde e Biotecnologia
À existência de um grande potencial intelectual concentrado na biotecnologia e à cooperação dos
institutos de investigação com a indústria polaca não correspondem as possibilidades financeiras
limitadas da Polónia neste setor. Esta insuficiência do setor nacional de biotecnologias cria
possibilidades para investimento estrangeiro, por exemplo, na indústria alimentar ou farmacêutica;
muitas empresas polacas aproveitam capital estrangeiro para o seu desenvolvimento.
O mercado polaco da biotecnologia pertence aos setores da economia com a maior dinâmica de
desenvolvimento nos últimos anos. Muitos investimentos nesta área são considerados como prioritários
pelo governo polaco e, por isso, apoiados e cofinanciados no âmbito de respetivos fundos estruturais ou
auxílios de Estado cujo valor para os anos 2007-2013, através do Programa Operacional Inovação da
Economia (PO IG), ficou estabelecido no nível de 10 mil milhões de euros.
Com a tendência acima esboçada, quanto à evolução recente deste setor, pretende-se inverter
significativamente que a atividade até agora concentrada, em primeiro lugar, nas vendas e distribuição
de produtos importados, desenvolva e aproveite as tecnologias nacionais mais avançadas. Por sua vez,
a bem desenvolvida base de matérias-primas e concorrenciais custos de trabalho terão que, no
médio/curto prazo, atrair o investimento estrangeiro para o setor.
Quanto às oportunidades para o tecido empresarial português no setor em referência avistam-se as
seguintes atuações:
− exportação direta de “know-how” e de novas tecnologias destinadas à bio-indústria polaca;
− estabelecimento de parcerias tipo R&D para o desenvolvimento de processos biotecnológicos
inovadores;
− transferência de tecnologias;
− formação de quadros altamente especializados;
− intercâmbio de experiências no âmbito de pesquisas científicas;
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− serviços na área do ambiente e formação;
− serviços na área de bio-engenharia e formação;
− estabelecimento de parcerias em bio-empresas, introduzindo no mercado produtos e patentes
inovadores, como também serviços tipo “contract research” para as áreas da medicina, agricultura,
ambiente, alimentação, criação animal, outros.
Fileira Produtos Farmacêuticos
Quanto às oportunidades de investimento para o tecido empresarial português no setor de produtos
farmacêuticos, medicamentos e suplementos de dieta, avistam-se as seguintes atuações:
− criação de laboratórios próprios, especializados para prestar serviços de análises físico-químicas e
outras para clientes (hospitais, clínicas, centros de saúde ,etc., e também na vertente veterinária) e
indústrias, ou em cooperação com empresas locais;
− investimentos na área de armazenagem, logística, transporte e distribuição, isto é criação de
próprias centrais de compras, entrepostos fiscais e canais de distribuição no âmbito da chamada
logística farmacêutica profissional.
Fileira Construção e Projetos
1. Construção civil e obras públicas - este é um dos setores mais promissores no mercado da Polónia
graças ao enorme afluxo de fundos estruturais canalizados para a Polónia pela União Europeia e
também pelas novas oportunidades surgidas na sequência da vitória da candidatura conjunta da Polónia
e da Ucrânia para a organização do Campeonato do Euro 2012. Este último acontecimento originou a
execução de grandes projetos de obras infraestruturais não só a nível de unidades desportivas e
hoteleiras, assim como de estradas, autoestradas e vias rápidas, dos quais alguns encontram-se ainda
em estado de continuação transformando o país, por toda a parte, em grande palco de obras.
Iniciou-se uma grande remodelação e adaptação de planos urbanísticos, a modernização de linhas de
transportes já existentes, nomeadamente de ferrovias, a renovação e modernização das estações de
caminhos de ferro e de aeroportos quase em todas as maiores cidades da Polónia.
2. Investimentos pró-ecológicos - até 2017 a Polónia tem que ajustar as normas referentes ao meio
ambiente aos regulamentos que funcionam na UE. Para alcançar este objetivo serão despendidos meios
financeiros na ordem dos 120 mil milhões de Pln(s). Em conformidade com estipulações assinadas com
a UE sobre períodos de transição previstos neste aspeto para a Polónia, até 2015 devem ser
introduzidas, por completo, as normas europeias que dizem respeito ao tratamento de esgotos
municipais, até finais de 2012 – a modificação completa a nível de depósitos e armazenagem de
resíduos, até 2017 – a redução significativa das emissões de poluição das Centrais Termoelétricas.
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A realização do programa de adaptação está a criar um mercado favorável à produção e serviços
relacionados com atuações pró-ecológicas, serviços de consultadoria e formação, implementação e
execução de estudos e projetos, introdução de tecnologias de ponta, construção de redes de
saneamento básico, estações de tratamento das águas e outras atividades.
3.Consultadoria em engenharia – o aumento da atividade do setor da construção civil e obras públicas
proporciona aos empreendedores portugueses variadas atividades consoante as oportunidades e
tendências surgidas e sinalizadas pelo próprio mercado.
As potenciais áreas de investimento na Fileira de construção e projetos surgem em resultado de
participação em concursos públicos que lançam oportunidades para potenciais executores de obras
públicas e infraestruturas acima referenciadas.
Fileira Armazenagem, Logística, Distribuição
A globalização dos mercados implica também a globalização da oferta e da procura de mercadorias,
produtos e serviços provocando a criação de hábitos de consumo semelhantes e uma estratégia global
das empresas no mercado. Para as empresas atuantes no mercado polaco, de média e grande
dimensão, são assinaláveis os custos de comunicação, transporte e armazenagem de bens de consumo,
devido ao facto das redes de transportes e comunicações ainda estarem em estado de evolução. Por
isso, um dos fatores mais relevantes para o sucesso das empresas que transacionam mercadorias tem a
ver com a capacidade de realizarem uma boa gestão de stocks e de darem uma resposta rápida ao nível
da distribuição e entrega dos produtos.
Como potenciais áreas de investimento neste setor, destacaríamos a execução de obras de construção
de centros de logística e distribuição de mercadorias e o desenvolvimento de relações de parceria ao
nível de transportes e distribuição com agentes locais estabelecidos no mercado.
Fileira Inovação e Serviços
1. Banca e serviços financeiros - a banca polaca, na prática inexistente até 1989, hoje ainda em estado
de profundas alterações, pouco a pouco está a ganhar algumas características que se assemelham às
práticas consideradas normais no Ocidente europeu. Em 1997, foi votada uma nova lei relativa ao Banco
Nacional Polaco (NBP). O novo quadro jurídico reforçou a sua independência institucional e financeira.
Durante os anos de transição da economia polaca para a economia de mercado, que se seguiram a
1990, procedeu-se ao ajustamento progressivo da regulamentação bancária polaca aos padrões da UE
que, por sua vez, resultou na abertura do setor ao capital estrangeiro ainda antes da adesão da Polónia
à Comunidade Europeia.
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Em 2004, as novas lei relacionadas com o setor melhoram significativamente a situação dos bancos.
Hoje em dia, os bancos da Polónia, na maioria dos casos, estão ligados às grandes instituições
bancárias estrangeiras – daí aplicam muitas soluções novas transpostas do estrangeiro, que se adaptam
aos seus serviços no mercado polaco.
Na medida do crescente desenvolvimento da economia polaca, relacionado em grande parte com um
aumento progressivo, ano após ano, do IDE na Polónia, o setor bancário terá que fornecer meios
suficientes para o seu financiamento adotando a seguinte política de atuação:
− fornecimento de produtos inovadores;
− avaliação adequada desses produtos;
− prestação de serviços de qualidade;
− distribuição através de canais variados (serviços eletrónicos, otimização de serviços do back-office,
outsourcing, insourcing, desenvolvimento das transações não pecuniárias, otimização das
dependências bancárias, desenvolvimento de sistemas de acumulação e troca de informações, etc.).
Por sua vez, o desenvolvimento de vários setores da economia polaca irá proporcionar à banca na
Polónia, a longo prazo:
− um rápido aumento da procura de créditos (desenvolvimento do mercado imobiliário, aumento da
rentabilidade e liquidez das empresas, realização de projetos de investimento cofinanciados pelos
fundos comunitários );
− acumulação significativa de depósitos;
− participação e envolvimento cada vez maior no mercado de capitais (um crescimento notável da
Bolsa de Valores de Varsóvia desde que voltou a abrir as suas portas em 1991).
Neste sentido, existem grandes oportunidades no setor de serviços financeiros para os players
portugueses, ao nível da criação e desenvolvimento de serviços bancários e parabancários, assim como
empresas de consultadoria financeira, corretagem, de leasing, factoring, sociedades de capital de risco,
empresas de serviços de gestão de cartões de crédito, sociedades de investimento coletivo que criam e
gerem os fundos de investimento mobiliário e imobiliário e fundos de pensões, etc.
2. Energias renováveis - a Polónia, com a sua entrada na UE, comprometeu-se a proceder a
investimentos em prol do desenvolvimento das fontes de energias renováveis e da sua maior utilização
na prática.
A Polónia consome anualmente cerca de 150 mil milhões de kWh de energia. Em conformidade com
prognósticos do Ministério da Economia e do Trabalho, e com base no Plano Nacional de
Desenvolvimento da Economia nos anos 2007 – 2013, prevê-se que o consumo da energia elétrica na
Polónia aumente de 80% a 93% até ao ano de 2025.
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Em conformidade com o Plano Nacional da Implementação da Diretiva Comunitária 2009/28/UE, a
Polónia tem que conseguir que 15% da sua produção total de energias, até ao ano de 2020, tenha a sua
origem em fontes renováveis. Para atingir tal meta é necessário que a produção de energia elétrica, em
termos brutos, em 2020, alcance cerca de 31 TWh, isto é 18,4% da produção total, e em 2030 - o nível
de 39,5 TWh, o que corresponderá a 8,2% da produção total prevista em termos brutos.
Face ao exposto, as perspetivas de desenvolvimento do setor de energias renováveis na Polónia
avistam-se muito promissoras pelas seguintes razões:
− progressivo desenvolvimento anual da economia polaca, o que implicará um aumento do consumo
de energias na generalidade;
− introdução no setor industrial de tecnologias de poupança de energia convencional com o objetivo de
diminuição dos custos de produção;
− aumento de produção implicará um aumento de consumo de energia na generalidade,
− progressivo aumento de consumo de energia “per capita”;
− as exigências pró–ecológicas implicarão a introdução de modificações ao nível dos recursos
convencionais, até agora utilizados, na produção de energia em centrais termoelétricas (introdução
de bio- massas em queima conjunta, etc.);
− liberalização do mercado de energias, aparecimento de concorrência por parte dos fornecedores
privados;
− subsídios comunitários disponíveis para a criação de infraestruturas para a produção de energia
proveniente de fontes renováveis.
Este quadro de referência faz com que a Polónia seja hoje um dos novos mercados mais procurados
para a instalação de empresas ligadas às energias renováveis, situação que também deverá ser
acompanhada com alguma atenção pelas empresas portuguesas do setor.
1.3 Investimento da Polónia em Portugal (IDE)
Investimento polaco no estrangeiro em 2010 – fonte NBP (Banco Nacional da Polónia)
O processo de reforma da economia polaca iniciou-se há 20 anos, mas a própria internacionalização de
empresas nacionais ocorreu apenas há 5-6 anos. Por isso os fluxos de investimento direto polaco no
estrangeiro são ainda pouco significativos.
Em 2010 os investimentos polacos no estrangeiro atingiram o valor de 4 142 milhões de euros face a
3 744 milhões de euros em 2009. Relativamente a valores acumulados (polish direct investment outward
position) o ID polaco, em termos líquidos, atingiu, nos finais de 2010, o valor de 29,2 mil milhões de
euros, dos quais 26,9 mil milhões de euros foram colocados em países europeus.
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Os principais destinos da expansão de empresas polacas ao longo dos últimos anos foram os países
europeus, com 92% do ID polaco acumulado no estrangeiro, distinguindo-se de longe os países
membros da UE27, com mais de 73% do total do ID polaco acumulado no estrangeiro. Para já prevê-se
que essa tendência irá prevalecer nos próximos anos. Grande parte desses investimentos tem sido
canalizada para atividades financeiras, atividades imobiliárias, alugueres, distribuição, indústrias
transformadoras e serviços a empresas – logística, armazenagem e transporte.
Dos países europeus o Luxemburgo, Países Baixos, Suíça, R. Unido, R. Checa, Alemanha e Bélgica são
os principais destinos do investimento polaco, que é aplicado fundamentalmente no setor financeiro e na
indústria transformadora.
Quanto ao mercado português a Polónia continua a não ter grande relevância enquanto emissor
internacional de investimento direto estrangeiro.
Em conformidade com o Banco de Portugal, os valores do ID da Polónia em Portugal estão expostos na
tabela abaixo indicada.
Investimento Direto
FLUXOS IDE 2007 2008 2009 2010 2011 Var %a 07/11
2011 janeiro
2012 janeiro
Var %b 11/12
ID da Polónia em Portugal 447 1 056 2 054 2 939 20 756 220,0 n.d. 576 --
Desinvest. 8 509 1 724 194 160 2 352 296,0 n.d. 196 --
Líquido -8 062 -668 1 860 2 779 18 404 -- -- 380 --
% IDE totalc 0,00 0,00 0,01 0,01 0,05 -- -- 0,02 --
Origemd 40 37 28 30 18 -- -- 24 --
Fonte: Banco de Portugal
Unidade: Milhares de euros
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011
(b) Taxa de variação homóloga 2011-2012
(c) Com base no ID bruto total de Portugal
(d) Posição enquanto Origem do IDE bruto total e Destino do IDPE bruto total num conjunto de 55 mercados
n.d. - não disponível
1.4. Serviços
As grandes prioridades e desafios da economia polaca, no curto e médio prazos, passam pela
construção e modernização das infraestruturas de transportes e comunicações - estradas, autoestradas,
caminhos de ferro, portos, aeroportos - assim como os investimentos relacionados com:
− proteção dos recursos hídricos ao nível da poluição;
− adaptação de depósitos de resíduos às exigências induzidas pela proteção ao meio ambiente;
− adaptação às novas exigências induzidas pelas tecnologias Hi-Tech;
− promoção das energias renováveis;
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− redução da emissão de gases de combustão;
− melhoramento da qualidade dos combustíveis e da tecnologia de motores;
− proteção ao meio ambiente no âmbito da redução das substâncias orgânicas voláteis;
− aplicação das tecnologias influentes no âmbito da poluição e na economia de energias e matérias
primas em processos produtivos industriais.
1.5. Turismo
Produtos / segmentos:
Conforme as análises do mercado turístico polaco, os turistas polacos optam pelos produtos ”sol e mar”
e “touring”. Esta tendência deve continuar no futuro próximo e estes dois produtos continuarão a ser os
produtos mais procurados em Portugal pelos turistas polacos.
Conforme os principias OT’s polacos que programam Portugal, os outros produtos que cresceram no ano
anterior e continuarão a crescer são: ”city-breaks” e segmento MICE.
Dado à existência de ligação direta low-cost entre Varsóvia e Lisboa e à inauguração de ligação
Cracóvia – Lisboa, também low-cost, os Operadores promovem programas de ”city-breaks” em Lisboa
sendo a capital portuguesa uma das poucas capitais da Europa pouco exploradas pelos turistas polacos
devido à falta de uma ligação direta nos anos anteriores. Tendo em atenção o aumento do poder de
compra da população polaca este produto torna-se cada vez mais popular entre turistas polacos que,
para além de férias de verão, procuram oferta para fim de semana ou curtas férias também fora dos
meses de verão.
No que se refere ao segmento MICE, Portugal pela sua imagem positiva no mercado e localização
geográfica na Europa é considerado pelas Casas de Incentivo polacas um destino privilegiado para este
segmento de viagens. Segundo as Casas de Incentivo, a procura de Portugal neste produto aumentou
substancialmente durante os últimos dois anos.
Na opinião dos Operadores polacos, no futuro próximo os polacos procurarão também em Portugal
produtos mais sofisticados tipo: “golfe”, “wellnes&spa” e “enoturismo”. Neste momento já existem alguns
programas de “golfe”, “welness&spa” e de “enoturismo” mas o grupo de turistas polacos a quem se
dirigem é ainda limitado. O “golfe” e “wellness&spa” em alguns dos casos são considerados produtos
opcionais/adicionais a programas de “sol e mar” ou integrados nos programas de viagens MICE para
enriquecer o programa.
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Áreas:
-- Tendo em atenção as preferências dos turistas polacos (”sol e mar”, “touring” e “city-breaks”), as áreas
de Portugal privilegiadas serão a Região de Lisboa e o Algarve;
-- No que se refere ao MICE, a Região de Lisboa e a Madeira recebem o maior número de clientes neste
segmento de viagens.
No que se refere à Madeira, a Região continuará a ser destino importante de Incentivos e Congressos
para o mercado polaco mas antes de tudo espera-se um crescimento substancial da Madeira enquanto
destino de férias de turistas polacos uma vez que um dos principais Operadores polacos, Itaka,
inaugurará este outono, a operação charter à Madeira.
Contudo, é de notar que a imagem geral do destino Portugal na Polónia é muito positiva: destino seguro
com alta qualidade de serviços. O reforço de campanhas publicitárias (outdoor, imprensa, tv) certamente
contribuirá para um melhor conhecimento do destino e da diversificada oferta de produtos turísticos junto
do público.
O aumento substancial do nível de programação de Portugal no mercado que notamos nos últimos dois
anos, manutenção da ligação direta low-cost entre Varsóvia e Lisboa, operada pela companhia aérea
polaca Centralwings, e o previsto aumento do poder de compra da população polaca irão decerto motivar
os turistas polacos a visitarem Portugal e, por consequência, influenciarão de uma forma muito positiva o
número de viagens/dormidas de turistas polacos em Portugal.
2. Dificuldades
Principais dificuldades encontradas pelas empresas portuguesas no mercado:
i) Numa fase inicial de abordagem, constata-se um défice de informação sobre a realidade e as
características atuais do mercado polaco;
ii) Mercado em grande mutação social e económica que requer um acompanhamento direto e
frequente dos clientes locais por parte das empresas portuguesas;
iii) Mercado bastante competitivo, com uma forte presença de empresas locais e estrangeiras de grande
qualidade e onde as empresas portuguesas podem encontrar dificuldades se não tiverem uma
correta, agressiva e persistente estratégia de internacionalização;
iv) Burocracia ao nível da administração pública, traduzida no elevado número de documentos e
autorizações necessárias para qualquer processo administrativo;
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v) Lentidão e rigidez do sistema judicial, o que se tem procurado minimizar através do aconselhamento
por parte de advogados locais;
vi) Precariedade das infraestruturas de transportes, sobretudo ao nível de autoestradas;
vii) Dimensão territorial do país (semelhante à de Espanha) e com 42 cidades com mais de 100 000
habitantes;
viii) Tradicional “nacionalismo polaco” e algum “protecionismo” e preferência por empresas locais;
ix) Dificuldades de comunicação relacionadas com a língua, que gradualmente se irão ultrapassando
pelo facto de um número cada vez maior de polacos dominarem a língua inglesa;
x) Distância geográfica que condiciona as comunicações e o transporte de pessoas e mercadorias,
agravada pela inexistência de ligações aéreas diretas e regulares ao longo de todo o ano;
xi) Relativo desconhecimento da oferta portuguesa de bens e serviços.
2.1. Turismo
Segundo os Operadores Turísticos e Agentes de Viagens locais, uma das principais dificuldades de
vendas para Portugal é o pouco conhecimento do destino relacionado com a escassez das ações
promocionais de Portugal na Polónia, especialmente campanhas publicitárias. Os Operadores polacos
reparam também no nível de preços de packages para Portugal bastante alto em comparação com oferta
existente para outros destinos de férias. Outra dificuldade, tanto para os turistas como para o trade está
relacionada com pouca oferta de ligações aéreas diretas para Portugal. Neste momento, o único voo
direto é a ligação low-cost para Lisboa. O transporte aéreo para outras regiões que atraem turistas
polacos (principalmente Algarve e Madeira) implica escala. Apenas na época de verão existem ligações
entre Varsóvia e Faro.
3. “Cultura de Negócios” do Mercado
Principais aspetos a ter em conta na abordagem do mercado polaco:
- Devido à grande concorrência e competitividade do mercado, as empresas portuguesas nas suas
deslocações devem vir bem preparadas para os encontros que vão efetuar. Para além disso, deverão
estabelecer um plano de abordagem do país que preveja deslocações com alguma frequência para
contactos com os seus principais clientes/parceiros;
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Agência para o Investimento e Comércio Externo de P ortugal, E.P.E. – Avenida 5 de Outubro 101 – 1050-051 LISBOA
Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 [email protected] www .portugalglobal.pt Capital Social – 114 927 979,87 Euros • Matrícula CRC Porto Nº 1 • NIPC 506 320 120
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- É conveniente estabelecer contactos personalizados antecipados por correspondência,
principalmente por e-mail, fax ou telefone, tentando fazer uma apresentação da empresa de forma
sucinta mas concreta, definindo bem as intenções relativas ao negócio;
- Fazer acompanhar a correspondência de brochuras e folhetos em que constam características
técnicas dos produtos (em língua inglesa ou preferencialmente em língua polaca) e nunca esquecer
os preços, pois são fatores decisivos para atrair a atenção dum eventual parceiro polaco;
- Não demorar muito tempo nas respostas, sejam elas positivas ou negativas, mantendo sempre um
contacto com o parceiro escolhido mesmo à distância;
- Nas reuniões profissionais chegar sempre com pontualidade aos encontros, estar bem preparado
para as negociações comerciais, tentando ultrapassar as diferenças culturais com simplicidade e não
mostrando nenhuma superioridade nas relações nem agressividade. Não convém também mostrar
ignorância em relação às questões básicas sobre o país e sua história;
- Cumprir o que ficou combinado nas reuniões e no caso de desinteresse pelo negócio, dizê-lo
abertamente argumentando a sua decisão;
- Avaliar corretamente o cliente e as condições de pagamento a acordar. Os prazos frequentemente
estabelecidos são de 60 a 90 dias. Fazer contratos de negócios por escrito;
- Na atual fase de desenvolvimento da Polónia, convém que as empresas tenham presente que a
entrada neste mercado vai exigir uma grande persistência e paciência;
- As empresas portuguesas deverão colocar a possibilidade de realização de acordos ou parcerias
com empresas locais e/ou internacionais;
- Depois da realização da primeira exportação ou concretização do investimento, as empresas
deverão definir um período de adaptação às características do mercado e ir expandindo a atividade
de acordo com a experiência e “know how” entretanto adquiridos;
- Cada mercado tem as suas próprias características e por isso não devem ser transportados para o
mercado polaco modelos de experiências de internacionalização anteriores, mesmo que sejam em
países vizinhos.