OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES E DESEMPENHO DE...
Transcript of OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES E DESEMPENHO DE...
FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO
OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES E DESEMPENHO DE EMPRESAS NO BRASIL
TTEERREESSAA RROODDRRIIGGUUEEZZ CCAAOO
ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2012.
ii
“OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES E DESEMPENHO DE EMPRESAS NO
BRASIL”
TERESA RODRIGUEZ CAO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração:Administração Geral
ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2012.
iii
“OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES E DESEMPENHO DE EMPRESAS NO
BRASIL”
TERESA RODRIGUEZ CAO
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração:Administração Geral
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO (Orientador) Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec (IBMEC-RJ) _____________________________________________________
Professora DRª. MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO Instituição: Faculdade de Economia e Finanças Ibmec (IBMEC-RJ) _____________________________________________________
Professor DR. MARCO ANTÔNIO CUNHA DE OLIVEIRA Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2012.
iv
FICHA CATALOGRÁFICA 330.0182 C111o
Cao, Teresa Rodriguez. Oferta pública inicial de ações e desempenho de empresas no Brasil. / Teresa Rodriguez Cao. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2012. 83f. ; 29 cm. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração geral. Orientador: Dr. Prof. Roberto Marcos da Silva Montezano.
1. Mercado acionário. 2. Oferta pública inicial de ações (Initial Public Offering – IPO). 3. Desempenho operacional e financeiro. 4. Abertura de capital. 5. Indicadores operacionais e financeiros. I. Cao, Teresa Rodriguez. II. Dr. Prof. Roberto Marcos da Silva Montezano. III. Oferta pública inicial de ações e desempenho de empresas no Brasil.
v
DEDICATÓRIA
À minha família, em especial a minha querida mãe, pela
dedicação, apoio, incentivo e orações.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, professor Dr. Roberto Marcos da Silva Montezano, pela confiança em
mim depositada, bem como conhecimentos transmitidos, críticas e valiosas sugestões para o
enriquecimento deste trabalho.
Aos Professores Dra. Maria Augusta Soares Machado e Dr. Marco Antônio Cunha de Oliveira
por aceitarem participar da Banca Examinadora e pelas importantes contribuições.
A Deus por mais esta conquista.
Aos meus familiares e amigos pelo incentivo, em especial: minha irmã e meu cunhado pelas
contribuições; e meus sobrinhos pelo carinho e compreensão.
À Petros, pela contribuição e incentivo ao aprimoramento profissional, às gestoras Paola e
Manuela pelo apoio e demais colegas de trabalho pela torcida.
Aos professores, colegas e funcionários do Ibmec-RJ pelo aprendizado, convívio e apoio.
A todos aqueles que contribuíram, de forma direta ou indireta, para a realização deste
trabalho.
vii
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo principal examinar se ocorreram mudanças no desempenho
operacional e financeiro, a longo prazo, das empresas brasileiras que realizaram IPO´s no
período de 2000 até 2008. Para tal, analisou-se a evolução de 6 indicadores, em um período de
7 anos (3 anos pré-IPO, ano da listagem e 3 pós-IPO). As variáveis pesquisadas foram:
Tamanho, Crescimento, Rentabilidade, Alavancagem Financeira, Nìvel de Investimentos e
Taxa de Investimentos. Encontraram-se evidências de melhoria do desempenho de longo
prazo para as variáveis Tamanho, Rentabilidade, Nível de Investimentos e Taxa de
Investimentos. Observaram-se também quais os fatores que poderiam justificar a evolução
apresentada por esses indicadores.
Palavras Chave: Oferta Pública Inicial de Ações (Initial Public Offering-IPO), Desempenho
Operacional e Financeiro, Abertura de Capital e Indicadores Operacionais e Financeiros.
viii
ABSTRACT
The main purpose of this research is to investigate the operating and financial performance
changes after IPO´s in the long run, by Brazilian firms going public during the period 2000-
2008. Thus, the evolution of 6 indicators was analysed for a period of 7 years (3 years pre-
IPO, the year of IPO, and 3 years post-IPO). The variables studied were as follows: Size,
Growth, Profitability, Financial Leverage, Investment Level and Investment Rate. The results
indicate improvement in long-term performance for the following variables: Size,
Profitability, Investment Level and Investment Rate. In addition, this paper analyses the
factors which could explain the evolution of these indicators.
Key Words: Initial Public Offering-IPO (IPO), Operating and Financial Performance, Going
Public and Operating and Financial Indicators.
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Ofertas Públicas Iniciais de Ações no Brasil .............................................................. 9�
Figura 2 – Ofertas Públicas no Brasil: IPO´s e SEO´s ............................................................. 10�
Figura 3 – Empresas Listadas em Dez/11: Brasil e Países Selecionados ................................. 11�
Figura 4– Capitalização de Mercado x PIB: Brasil e Países Selecionados .............................. 12�
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Número de Ofertas Públicas: IPO´s e SEO´s ........................................................... 9�
Tabela 2 – Evolução das Ofertas Públicas: 2002-2011 ............................................................ 11�
Tabela 3 – Relação dos Outliers Excluídos da Amostra .......................................................... 37�
Tabela 4 – Variáveis de Desempenho Operacional e Financeiro ............................................. 38�
Tabela 5 - Hipóteses Formuladas para os Testes Paramétricos ................................................ 42�
Tabela 6 – Estatística Descritiva da Amostra Final .................................................................. 49�
Tabela 7 – Testes Paramétricos ................................................................................................ 53�
Tabela 8 – Teste Não Paramétrico ............................................................................................ 53�
Tabela 9 – Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) ......................................................................... 54�
Tabela 10 – Regressão Linear Múltipla – Método ENTER ..................................................... 55�
xi
LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAPP Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar
AC Ativo Circulante
AI Ativo Imobilizado
ANOVA Analysis of Variance between groups
AP Ativo Permanente
ARLP Ativo Realizável de Longo Prazo
AST Asset Turnover
AT Ativo Total
BACEN Banco Central do Brasil
BM&FBovespa BM&F BOVESPA S/A – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CSLL Contribuição sobre o Lucro Líquido
CVM Comissão de Valores Mobiliários
BDR Brazilian Depository Receipts
CAPEX Capital Expanditure
DAR Debt-to-asset ratio
DF Dependência Financeira
xii
DFP(s) Demonstração(ões) Financeira(s) Padronizada (s)
DOAR Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
EBITDA Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization
EPS Earnings per Share
FCL Fluxo de Caixa Livre
GAF Grau de Alavancagem Financeira
GI Giro do Imobilizado
IAS International Accounting Standards
IASB International Accounting Standards Board
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFRS International Financial Reporting Standards
IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo
IPO Initial Public Offering
IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica
LC Liquidez Corrente
LBO Leveraged Buyout
LG Liquidez Geral
LL Lucro Líquido
LPA Lucro Líquido por Ação
M/B Market-to-book
ML Margem Líquida
MSE Milan Stock Exchange
NASDAQ National Association of Securities Dealers Automated Quotations
NM Novo Mercado
NYSE New York Stock Exchange
xiii
P/E Price/Earnings
P/L Preço/Lucro por Ação
P/VPA Preço e Valor Patrimonial por Ação
PC Passivo Circulante
PELP Passivo Exigível de Longo Prazo
PL Patrimônio Líquido
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PT Passivo Total
PwC PwC International Limited
RLM Regressão Linear Múltipla
ROA Return on Assets
ROE Return on Equity
ROL Receita Operacional Líquida
ROS Retorno sobre Vendas
RSPL Retorno sobre o Patrimônio Líquido
US GAAP Padrão Contábil dos Estados Unidos
S.A. Sociedade Anônima
SEO Seasoned Equity Offering
SG Sales-growth Rates
VRL Variação da Receita Líquida
WFE The World Federation of Exchanges
xiv
SUMÁRIO
1� INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1�
1.1� DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .................................................................................................................. 3�
1.2� OBJETIVOS................................................................................................................................................. 4�
1.3� JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ......................................................................................................... 5�
1.4� ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................ 7�
2� OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES (INITIAL PUBLIC OFFERING – IPO) 8�
2.1� LISTAGEM EM BOLSA NO BRASIL ..................................................................................................... 8�
2.2� SEGMENTOS ESPECIAIS DE LISTAGEM ......................................................................................... 12�
3� REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO .......................................................... 14�
3.1� LITERATURA INTERNACIONAL ........................................................................................................ 14�
3.2� LITERATURA NACIONAL .................................................................................................................... 23�
4� METODOLOGIA ................................................................................................ 34�
4.1� AMOSTRA E FONTE DE DADOS ......................................................................................................... 34�
4.2� VARIÁVEIS PESQUISADAS .................................................................................................................. 38�
4.3� ANÁLISE DE MUDANÇAS DE INDICADORES APÓS IPO .............................................................. 40�
4.4� POTENCIAIS DETERMINANTES DE MUDANÇA DOS INDICADORES ...................................... 44�
4.5� LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................................................ 46�
5� RESULTADOS E ANÁLISE .............................................................................. 48�
5.1� ANÁLISE DE MUDANÇAS DE INDICADORES APÓS IPO .............................................................. 48�
5.2� POTENCIAIS DETERMINANTES DE MUDANÇA DOS INDICADORES ...................................... 54�
xv
6� CONCLUSÕES .................................................................................................. 57�
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 61�
APÊNDICE A – EMPRESAS PESQUISADAS ......................................................... 65�
APÊNDICE B – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA AMOSTRA COM OUTLIERS 67�
ANEXO A – CARACTERÍSTICAS DOS SEGMENTOS DE LISTAGEM NA BM&FBOVESPA ...................................................................................................... 68�
1
1 INTRODUÇÃO
A elevada competitividade do ambiente empresarial acarreta a necessidade de crescentes
investimentos, dinamismo nas estratégias comerciais e eficiência operacional. Para tal, as
empresas contam, no longo prazo, com fontes de financiamento internas e externas.
As fontes internas são recursos próprios, internos, ou lucros retidos. O reinvestimento dos
lucros é a principal fonte interna, tanto para empresas públicas quanto para privadas,
implicando, no entanto, em redução ou não pagamento de dividendos aos acionistas.
As fontes externas podem ser constituídas de recursos via capital de terceiros (empréstimos
bancários, financiamentos, créditos de fornecedores e emissão de títulos no mercado de
capitais) e/ou emissão primária de ações. O uso de capital de terceiros através de
endividamento constitui a modalidade mais utilizada no Brasil, sendo realizado através de
instituições financeiras, incorrendo, porém, em custos financeiros e possibilidade de restrições
por conta, por exemplo, da ausência de garantias e/ou de elevado grau de alavancagem.
Quanto aos recursos obtidos através de emissão primária de ações, estes ocasionam a
pulverização do capital mas, por outro lado, representam a alternativa que, geralmente, não
assegura retornos fixos aos investidores, embora possibilite a distribuição de parte dos lucros
como dividendos. Todavia, essa prática ainda é menos adotada no Brasil, se comparada com
outras economias mais maduras.
2
Os empréstimos e reinvestimentos de lucros representam fontes de recursos limitados,
visando geralmente manter a atividade operacional e/ou financiar patamar limitado de
investimentos adicionais. Já a emissão de ações possibilita captar maior volume de recursos
não exigíveis; com estes as empresas têm condições de realizar investimentos adicionais em
patamar mais elevado.
Muitas variáveis influenciam a estrutura de capital das empresas e a escolha da fonte de
financiamento. Existem na literatura diversos estudos sobre os fatores determinantes para a
estrutura de capital das empresas.
Brealey, Myers e Allen (2007) destacam as seguintes vantagens, relacionadas à abertura de
capital através da emissão de ações: o valor de mercado das ações passa a ser o indicador
disponível do desempenho da empresa, permitindo recompensar a equipe de gestores com
planos de opções de ações; e a informação disponível sobre a empresa tende a propiciar a
diversificação das fontes de financiamento, reduzindo, portanto, os custos da dívida.
Registre-se também que menores custos financeiros tendem a agregar maior valor à
Companhia. Além disso, a abertura de capital confere maior liquidez patrimonial e todos os
custos associados a esse processo (despesas com a emissão e gastos permanentes da empresa
com capital aberto e a comunicação com os acionistas/mercado) tendem a se diluir em função
das vantagens agregadas.
As emissões de ações são realizadas através de Oferta Publica Inicial de Ações (também
denominada Initial Public Offering – IPO) ou Oferta Subseqüente de Ações (também
conhecida por Follow-on Offering ou Seasoned Equity Offering – SEO). O IPO significa a
primeira alienação de ações de uma empresa no mercado de ações e, conseqüentemente, início
3
da negociação na Bolsa de Valores. O SEO é a alienação das ações das empresas já listadas
em Bolsa. Esta pesquisa trata da Oferta Publica Inicial de Ações (IPO).
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Os IPOs proporcionam diversas áreas de estudo, enfatizando-se as seguintes: (i) fatores
determinantes para a decisão de abertura de capital; (ii) precificação das ações, como por
exemplo, preço no lançamento das ações versus desempenho no primeiro dia de pregão da
empresa, performance em Bolsa no curto, médio ou longo prazos e processo de formação dos
preços na oferta de ações (conhecido por bookbuilding); (iii) análise econômico-financeira ex-
ante versus ex-post a listagem em bolsa para verificar se ocorreu melhora do desempenho
empresarial; (iv) entendimento da alocação dos recursos oriundos do IPO.
Existem diversos estudos analisando tais temas na literatura internacional e nacional, porém
poucos têm foco exclusivo na análise do desempenho econômico-financeiro das empresas ex-
ante e ex-post à emissão de ações. O mesmo ocorre na literatura brasileira.
Considerando a literatura internacional, de acordo com Jain e Kini (1994), estudos em
períodos anteriores ao mesmo investigaram o desempenho de empresas que realizaram IPO,
mas, geralmente, voltados para os preços pós-emissão de ações. Os autores acima destacaram
como exceção o artigo de DeGeorge e Zeckbauser (1993), considerando este pioneiro no
exterior para análise do desempenho das empresas pós-IPO. No entanto, a pesquisa de
DeGeorge e Zeckbauser (1993) ficou restrita às empresas americanas objeto de leveraged
buyouts (LBOs), ou seja, quando parcela significativa do valor de aquisição é financiada
através de alavancagem (dívida), e, posteriormente, retornam ao mercado de ações (“LBOs
reversas”). O estudo de Jain e Kini (1994) pesquisou a mudança na performance operacional
4
quando da transição de capital fechado para capital aberto, sendo mais abrangente do que o de
DeGeorge e Zeckbauser (1993), destacando que não consideraram as LBOs reversas por não
serem representativas na análise das características das empresas que realizam IPO.
Merece registrar na literatura nacional o estudo de Bossolani (2009) que buscou avaliar se o
desempenho de 36 empresas brasileiras, não financeiras, melhorara após a realização do IPO,
considerando as emissões no período entre 2004 e 2006. Wardil (2009) pesquisou o impacto
dos IPOs de 44 empresas brasileiras, não financeiras, que emitiram ações entre 2004 e 2007, a
partir da análise de múltiplos calculados com dados contábeis. Schiozer et al. (2009) ficaram
restritos a análise do desempenho operacional dos bancos que abriram capital entre 2005 e
2007. Biral (2010) analisou a performance operacional de 69 empresas que abriram capital no
período de 2004 a 2008. Todos esses estudos no Brasil se concentraram na análise de curto
prazo do desempenho operacional pós-IPO.
1.2 OBJETIVOS
O objetivo central do trabalho é examinar se houve mudança na performance operacional e
financeira de longo prazo das empresas brasileiras que realizaram IPO no período de 2000 até
2008. Para tal, foi analisada a evolução de alguns indicadores econômico-financeiros ex-ante
(3 anos), ano da Operação e ex-post (3 anos) à realização dos IPOs, visando verificar a
ocorrência de diferença estatisticamente significativa, ao comparar o desempenho das
empresas 2 e 3 anos antes do IPO versus 3 anos após o IPO. Também foram observados os
fatores que poderiam justificar a evolução apresentada por tais indicadores. Adicionalmente,
como objetivo secundário, foram pesquisados os potenciais fatores determinantes da mudança
do desempenho operacional e financeiro de longo prazo dessas empresas.
5
1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
Existem diversos estudos na literatura internacional analisando os fatores determinantes à
decisão de emissão de ações e o desempenho em bolsa de valores das empresas que
realizaram IPOs. As pesquisas sobre o desempenho operacional das empresas que realizam
abertura de capital, foco desta pesquisa, existem em menor quantidade e sinalizam que as
emissões de ações têm efeito nulo ou negativo no desempenho operacional dessas
companhias.
DeGeorge e Zeckbauser (1993) pesquisaram o desempenho operacional de 62 empresas
americanas, entre 1983 e 1987, ficando, porém, restritos às que foram objeto de LBOs. Jain e
Kini (1994) analisaram 682 empresas americanas, entre 1976 e 1988, utilizando amostra
maior do que DeGeorge e Zeckbauser (1993), e desconsiderando as LBOs reversas. Bottazzi e
Da Rin (2002) analisaram o desempenho de 538 empresas, entre março/1996 e
dezembro/2001, considerando a performance 2 anos antes e 2 anos após a realização dos
IPOs, ficando restritos às empresas listadas no Novo Mercado das seguintes Bolsas européias:
Neuer Markt (Frankfurt), Nouveau Marche (Paris), e Nuovo Mercato (Milão). Chi e Padgett
(2006) estudaram as mudanças no desempenho operacional de 382 empresas estatais chinesas
que realizaram IPOs em 1996 e 1997, bem como a relação com o underpricing de curto prazo
e retornos de longo prazo.
Já no Brasil, Biral (2010) diz que apenas dois trabalhos avaliaram exclusivamente tal tema:
Schiozer et al. (2009) e Bossolani (2009). Vale, no entanto, destacar outros estudos
relacionados ao tema como Wardil (2009) e Mello et al. (2010). Schiozer et al.(2009)
estudaram os efeitos da abertura de capital sobre o desempenho operacional de 10 bancos
brasileiros, que abriram capital entre 2005 e 2007, tendo concluído que houve piora.
6
Bossolani (2009) estudou 36 empresas, não financeiras, que abriram capital entre 2004 e
2006, concluindo que, após o IPO, aceleraram o crescimento de receitas e de ativos e que
passaram a enfrentar uma menor restrição para captação de dívida. Biral (2010) aumentou o
escopo de análise em relação aos dois trabalhos anteriores, considerando, em sua análise,
outros setores da economia (Schchiozer et al., 2009 ficaram restritos ao setor financeiro) e
incluindo na amostra IPO´s ocorridos em 2007 e 2008, analisando 69 empresas, quase o dobro
das empresas estudadas por Bossolani. Mello et al. (2010) avaliaram a evolução de alguns
indicadores contábil-financeiros de 62 empresas que realizaram IPO na BM&Bovespa entre
2004 e 2007, considerando os dados disponíveis entre 2001 e 2008 e, pelo menos, 2 anos
antes e 2 anos após o IPO. Porém, como essa pesquisa foi publicada em setembro/2010 é
possível que, em alguns casos, tenham sido considerados apenas os resultados de 1 ano após o
IPO.
No presente estudo, o escopo da análise também foi ampliado em relação aos trabalhos
anteriores: (i) a amostra utilizada se refere às empresas que realizaram IPOs entre 2000 e
2008, período maior do que o pesquisado anteriormente; (ii) o foco desta pesquisa foi analisar
o desempenho de longo prazo das companhias por 7 anos (3 anos pré-IPO, ano da operação e
3 pós-IPO), período bem superior ao utilizado nas pesquisas citadas; (iii) foram pesquisados
fatores que poderiam justificar empiricamente a evolução apresentada pelas variáveis
analisadas; (iv) foram também pesquisados potenciais fatores que mais influenciaram no
desempenho de longo prazo das empresas que realizaram IPO; (v) foi utilizada a mesma
amostra para avaliação do desempenho pré e pós-IPO; e (vi) adotou-se critério diferente da
Economática no cálculo de diversas variáveis, sendo todos os dados elaborados com base nas
informações das DFP´s atualizadas (considerando reclassificações), auditadas e sem ressalvas,
bem como DOAR e/ou Fluxo de Caixa.
7
Espera-se que o resultado dessa pesquisa seja importante para que a academia, as empresas,
investidores e agentes de mercado em geral entendam se a realização de IPOs efetivamente
influencia o desempenho operacional e financeiro das empresas listadas no mercado brasileiro
no longo prazo, bem como que fator que teria mais influenciado o desempenho futuro destas
firmas.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Além da Introdução, esta dissertação está estruturada em outros cinco Capítulos. O segundo
capítulo aborda as razões que influenciam a abertura de capital, a evolução das listagens na
Bolsa de Valores no Brasil e os segmentos especiais de listagem. O terceiro capítulo apresenta
o Referencial Teórico e Empírico destacando os estudos de autores que pesquisaram o tema
abordado, mesmo este não sendo o objetivo central das pesquisas, visando explorar as
diversas metodologias utilizadas na literatura internacional e brasileira. O quarto capítulo
aborda a Metodologia, detalhando o período analisado, as etapas, as variáveis pesquisadas, a
descrição teórica da metodologia utilizada e as limitações da pesquisa. O quinto capítulo
apresenta os Resultados e a Análise da pesquisa. O sexto capítulo contempla as Conclusões do
trabalho, bem como a síntese das limitações da pesquisa e sugestões para estudos futuros.
8
2 OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES (INITIAL PUBLIC OFFERING – IPO)
Os IPOs são realizados através da distribuição primária de ações (Oferta Pública Primária ou
emissão primária), da distribuição secundária (Oferta Pública Secundária ou emissão
secundária) ou de uma combinação das duas emissões (Oferta Mista). Na Oferta Pública
Primária, a empresa emite novas ações a serem ofertadas ao mercado por operação de
aumento de capital. Portanto, ocorre o ingresso de novos recursos na própria emissora
(empresa), aumentando assim a base de acionistas.
A Oferta Pública Secundária consiste da alienação de ações já existentes, pertencentes a seus
acionistas. Assim sendo, os recursos obtidos não são aportados na empresa, porém
direcionados exclusivamente aos acionistas vendedores, proporcionando liquidez aos
mesmos, além de aumento da base de acionistas.
2.1 LISTAGEM EM BOLSA NO BRASIL
Para que uma empresa negocie ações em bolsa de valores ou mercado de balcão organizado, é
necessário que a mesma possua capital aberto, sendo para isto, necessário solicitar autorização
à CVM para obtenção de registro de Companhia Aberta. De acordo com a BM&FBovespa
(2010 e 2011), 155 empresas abriram capital e listaram suas ações entre 1995 e 2011 no
mercado brasileiro, sendo apenas 6 relacionadas aos IPOs ocorridos entre 1995 e 2003 e 149
entre 2004 e 2011 (Figura 1), o que evidencia período hot de mercado.
9
2
-
1
-
1 1
-
1
-
7 9
26
64
4 6
22
11
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: BM&FBovespa (2010 e 2011) e Autora
Figura 1- Ofertas Públicas Iniciais de Ações no Brasil
A BM&FBovespa atribuiu o aumento das listagens após 2004 principalmente aos seguintes
fatores: melhoria da economia brasileira; forte liquidez internacional; reforma da legislação
(Lei das S.A. – Lei 6.404/76, revisada diversas vezes com destaque para as Leis 10.303/01 e
11.638/07); e criação, em 2000, dos níveis diferenciados de governança corporativa, o que
conferiu maior transparência às empresas e segurança aos investidores.
No biênio 2006/2007, o número de IPOs ultrapassou o de SEOs, conforme se observa na
Tabela 1. Considerando os IPOs após 2004, 48 foram emissões apenas primárias, 13 apenas
secundárias e 77 mistas.
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Total
IPOs - 1 - 7 9 26 64 4 6 11 11 139 SEOs 14 5 8 8 10 16 12 8 18 11 11 121 Total 14 6 8 15 19 42 76 12 24 22 22 260
Dupla Listagem - - - 2 1 1 0 0 1 0 - 5
Fonte: BM&FBovespa (2012)
Tabela 1 – Número de Ofertas Públicas: IPO´s e SEO´s
O ápice das listagens em Bolsa no Brasil ocorreu em 2007, com 64 IPOs totalizando volume
financeiro de R$ 55,6 bilhões (Figura 2). A fase de crescimento significativo das emissões foi
interrompida em 2008 em razão da crise financeira internacional.
10
4,5 5,415,4
55,6
7,5
23,811,2 7,2
4,38,5
15,1
14,5
26,8
22,2
63,2
10,8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011
SEO IPO
13,9
30,4
70,1
34,3
74,4
8,8
46,0
18,0
Em R$ Bilhões
Obs.: 2010* excluindo capitalização da Petrobras; Fonte: BM&FBovespa (2012)
Figura 2 – Ofertas Públicas no Brasil: IPO´s e SEO´s
Segundo a BM&FBovespa, o maior IPO do mundo foi registrada nesta Bolsa de Valores, em
outubro/2009, com a captação de R$ 14,1 bilhões pelo Banco Santander. Contudo, a CVM
classifica essa emissão como SEO, pois, na época desta operação, o Banco Santander já
possuía ações em circulação no mercado, embora em quantidade muito pequena.
Anteriormente, a maior operação no mercado acionário brasileiro foi a da Visanet (atual
Cielo), em junho/2009, com a emissão secundária de ações e captação de R$ 8,4 bilhões.
Em 2010, apesar do reduzido número de empresas que realizaram emissões, o mercado de
capitais brasileiro bateu recorde em volume financeiro de emissões, atingindo
aproximadamente R$ 191 bilhões (IPO: R$ 11,2 bilhões), com, porém, R$ 120,4 bilhões
decorrentes da capitalização atípica da Petrobras.
Neste contexto, a relação entre o volume financeiro das Ofertas Públicas e o PIB Nacional
também apresentou importante elevação conforme se pode observar na Tabela 2. Para o ano
de 2010, foi desconsiderada a capitalização da Petrobras.
11
AnosNúmero de
OfertasVolume Ofertas
(R$ Bilhões)PIB
(R$ Bilhões)%
PIB
2002 5 6,10 1.477,8 0,41
2003 6 2,70 1.699,9 0,16
2004 15 8,80 1.941,5 0,45
2005 19 13,94 2.147,2 0,65
2006 42 30,40 2.369,5 1,28
2007 76 70,10 2.661,3 2,63
2008 12 34,30 3.032,2 1,13
2009 24 46,00 3.239,4 1,42
2010 22 74,40 3.770,1 1,97
2011 22 18,00 4.143,0 0,43
Média 1,12
Desvio Padrão 0,81
Coeficiente de Variação 0,72 Fonte: Autora com base em dados históricos da BM&FBovespa e
do Bacen
Tabela 2 – Evolução das Ofertas Públicas: 2002-2011
Apesar do significativo crescimento do número de empresas listadas na Bolsa de Valores
brasileira, esse patamar permanece ainda muito aquém do verificado em outras economias
mundiais (Figura 3).
6.752
4.988
3.945 3.838 3.520 3.276 2.886 2.079 1.816
373
Índia EUA Canadá China/ HK
Japão Espanha Reino Unido
Austrália Coréia Brasil
Fontes: ABRAPP, WFE e BM&FBovespa (2012)
Figura 3 – Empresas Listadas em Dez/11: Brasil e Países Selecionados
O aumento da quantidade de empresas listadas contribuiu para o aumento da capitalização de
mercado; contudo, a relação capitalização de mercado x PIB (%) também mostra que o Brasil
está aquém de outras economias, inclusive das emergentes (Figura 4).
12
��� ��� ��� ��� ��� �� �� ��� �� ��� �� ��
��
���
��� ���
������
������
������ ��
��
��� ���
�� ��
��
���
��
����� ��� ���
���
����� ������ ������� ���� ��� ����� ���� ���� ���� ��� ����� ������
!!" !!# !$!
Fonte: BVM&FBovespa (2012)
Figura 4– Capitalização de Mercado x PIB: Brasil e Países Selecionados
Considerando as informações das Figuras 3 e 4, observa-se que ainda há elevado potencial de
crescimento da quantidade de ofertas públicas iniciais no Brasil.
2.2 SEGMENTOS ESPECIAIS DE LISTAGEM
Em dezembro/2000, a BM&FBovespa criou segmentos especiais de listagem (Novo Mercado,
Nível 1 e Nível 2) destinados às empresas que se comprometam com a adoção de padrões
elevados de governança corporativa. Isto foi resultado, segundo esta Bolsa, de uma pesquisa
junto a empresas, instituições financeiras e investidores, que detectou a necessidade de
melhoria na Governança Corporativa, visando conferir maior transparência aos emissores,
prestação de contas e direito igualitário entre acionistas majoritários e minoritários.
O principal objetivo estava associado à premissa de que a redução da percepção de risco por
parte dos investidores influenciaria positivamente o preço e a liquidez das ações. Desde então,
a maioria das empresas aderiu aos níveis diferenciados de governança corporativa.
Posteriormente em 2005, a BM&FBovespa lançou novo segmento de listagem, o Bovespa
Mais objetivando tornar o mercado de ações brasileiro mais acessível, principalmente, às
13
empresas de pequeno e médio porte, que buscam o mercado como uma importante fonte de
recursos e podem adotar estratégias diferentes, tais como: captação de volumes menores,
aumento de exposição junto ao mercado para criar valor e realização de distribuições mais
concentradas. O Anexo A apresenta uma síntese das principais características de cada
segmento de listagem na BM&FBovespa.
14
3 REFERENCIAL TEÓRICO E EMPÍRICO
Existem diversas pesquisas analisando o tema IPO na literatura internacional e nacional. A
maioria está relacionada aos fatores determinantes à decisão de realizar essas ofertas e/ou a
precificação das ações (underpricing de curto prazo e underperformance de longo prazo). Os
estudos sobre o desempenho operacional e financeiro das empresas que realizaram as
emissões, objeto desta pesquisa, existem em menor quantidade, principalmente, no Brasil.
Este Capítulo visa apresentar o referencial teórico e empírico, destacando as interpretações
dos principais autores que analisaram a evolução do desempenho operacional e/ou financeiro
das empresas após a realização de emissões de ações (IPO ou SEO).
3.1 LITERATURA INTERNACIONAL
3.1.1 Degeorge e Zeckauser (1993)
Degeorge e Zeckauser (1993) pesquisaram 62 empresas americanas objeto de leveraged
buyouts (LBOs), isto é, aquisições alavancadas, e que, posteriormente, retornaram ao mercado
de ações. Estas empresas foram denominadas “LBOs reversas”, sendo o período analisado
entre 1983 e 1987. Foram coletados para cada empresa os dados de desempenho de 1 ano
antes e de até 2 anos após a realização do IPO. Encontraram fortes evidências de que a
15
decisão de realizar o IPO coincidiu com o pico de desempenho operacional das LBO´s
reversas.
Destacaram que, antes do IPO, o lucro operacional das LBO´s reversas apresentou maior
crescimento do que o ativo total, tendo as LBO´s melhor performance do que as LBOs que
não realizaram IPO. Já, após a realização do IPO, o desempenho das LBOs reversas, embora
positivo, piorou em comparação com seus pares que não abriram capital e ao próprio
desempenho pré-IPO. Sugerem duas possíveis hipóteses para explicar a melhor performance
ex-ante IPO, e a piora ex-post e constataram que ambas justificam o desempenho apresentado:
(i) informação assimétrica associada ao uso das informações que apenas os gestores
conhecem no momento do IPO e/ou manipulação do desempenho; e (ii) seleção pura: por
causa do excesso de dívida e efeitos comportamentais, é mais provável que empresas com
bom desempenho procurem se tornar públicas do que aquelas que apresentem fraca
performance.
3.1.2 Jain e Kini (1994)
Jain e Kini (1994) analisaram a mudança no desempenho operacional de 682 empresas norte-
americanas que abriram capital entre 1976 e 1988. Consideraram na amostra, as empresas que
realizaram IPOs, com preço de pelo menos US$ 5, emissão de pelo menos US$ 1,5 milhão,
constando da base de dados COMPUSTAT. Utilizaram duas variáveis para avaliar o
desempenho operacional: (i) ROA, e (ii) fluxos de caixa operacionais deflacionados pelo total
de ativos no final do ano fiscal.
Escolheram o ROA por ser uma medida de eficiência de utilização dos ativos, sendo este
calculado considerando-se o lucro operacional (antes da depreciação e impostos), dividido
16
pelo ativo total ao final do ano fiscal. O fluxo de caixa operacional deflacionado por ativos foi
escolhido, pois o fluxo de caixa operacional é componente primário utilizado nos cálculos do
valor presente para definir o valor de uma empresa.
Realizaram a comparação de médias das variáveis analisadas, antes e depois dos ajustes da
indústria, considerando janelas de tempo diferentes. Deste modo, foram considerados os
desempenhos 1 ano antes do IPO contra: (i) o próprio ano da Oferta e (ii) 1 ano, (iii) 2 anos e
(iii) 3 anos após o IPO. Também tentaram mensurar o crescimento de outras medidas
contábeis como vendas, giro do ativo e investimentos, visando explicar as mudanças no
desempenho operacional durante os primeiros anos após a realização do IPO. Foram
realizados testes de significância baseados no two-tailed Wilcoxon signed rank test,
assumindo que as observações são independentes.
Os autores constataram significativa piora no desempenho após a realização do IPO, quando
consideradas as variáveis ROA e Fluxos de Caixa Operacional deflacionados por ativos, antes
e depois do ajuste da indústria. Além disso, verificaram que essa piora do desempenho não
podia ser atribuída à falta de oportunidades de crescimento de vendas ou cortes nos
investimentos após a realização do IPO, uma vez que essas variáveis apresentaram grande
crescimento nesse período.
Para Jain e Kini (1994), há diversas justificativas para a queda do desempenho operacional
após o IPO, cabendo destacar: a tendência de aumento dos custos de agência, a possibilidade
de maquiagem de balanços, e o fato dos empresários realizarem essa operação em períodos
em que a companhia apresentou os melhores resultados, cientes de que esse cenário não se
sustentaria no futuro. Consideraram fatores comuns às três justificativas, a presença de
17
assimetria de informação e/ou conflito de interesses entre os proprietários iniciais e os novos
acionistas.
Adicionalmente identificaram que: (i) há forte relação entre desempenho operacional pós-IPO
e retenção de capital dos acionistas originais (detinham ações antes do IPO); (ii) e não há
relação entre desempenho operacional pós-IPO e underpricing. Segundo os autores, as
empresas cujos acionistas iniciais permanecem com maior participação após a Oferta
geralmente apresentam desempenho superior em comparação com outras emissoras, tanto
antes quanto após os ajustes da indústria. Essa conclusão foi obtida a partir da análise da
relação entre as medidas operacionais de desempenho e a participação da empresa detida
pelos acionistas iniciais após o IPO.
Também estudaram a piora das relações M/B, P/E e EPS. Segundo os autores, as empresas, no
momento do IPO apresentam elevados múltiplos P/VPA e P/E em comparação aos seus pares
na indústria, mas esses múltiplos declinam após a listagem. Ainda destacaram que o EPS
também diminui com o passar do tempo.
Concluíram que a piora do desempenho não é prevista pelos potenciais investidores, que
inicialmente avaliam as empresas IPO´s com base na expectativa de continuidade de
crescentes resultados, enquanto que, na realidade, as margens pré-IPO, quando se formam
essas expectativas não se sustentam.
3.1.3 Loughran e Ritter (1997)
Loughran e Ritter (1997) relacionaram o desempenho em bolsa do preço das ações das
empresas que realizaram SEO´s com o desempenho operacional. Pesquisaram 1.338 empresas
que realizaram SEO´s entre 1979 e 1989 e foram listadas na NYSE, na AMEX e na Nasdaq.
18
Excluíram da análise as empresas: (i) classificadas como instituições financeiras e de setores
regulados (serviços públicos); (ii) que realizaram mais de uma SEO durante os 5 anos após a
primeira Oferta; e com Patrimônio Líquido inferior a US$ 20 milhões no ano da emissão.
Os autores constataram que o desempenho operacional das empresas emissoras foi melhor no
período em que ocorreu a SEO. Já, após a oferta, verificaram fraco desempenho operacional
e, ao comparar com não emissores, observaram que a deterioração era muito maior.
Concluíram que o fraco desempenho operacional se refletiu em baixos retornos das ações
após a emissão, sendo que o impacto foi maior nos emissores de menor porte. Porém,
destacaram que, no momento da oferta, os múltiplos não refletem a expectativa de
deterioração do desempenho. Por conta disto, Jain e Kini (1994) sugeriram que as novas
ofertas de ações podem ser usadas para prever o fraco desempenho operacional após emissão,
o que, segundo eles, é consistente com a pesquisa de Hansen e Crutchley (1990). Também
constataram que os emitentes são empresas de crescimento rápido e historicamente estas
apresentam retornos das ações mais baixos do que aquelas que apresentam crescimento lento.
Além disso, para os autores, algumas emissoras intencionalmente enganam os investidores.
Concluíram que, enquanto algumas tentam obter ganhos com a emissão de capital próprio,
outras apenas aproveitam as janelas de oportunidades que estão, em grande parte, fora de seu
controle.
Neste sentido, destacaram que quando uma empresa se encontra sobrevalorizada, é provável
que decida emitir ações, aproveitando o momento oportuno para aumentar a folga financeira.
Nos anos em que poucas empresas estão sobrevalorizadas, há reduzido número de emissões
19
enquanto que nos anos em que muitas empresas estão sobrevalorizadas, há muitas emissões
de ações, seguidas de fraco desempenho operacional e retorno das ações.
Ainda ressaltaram que o fraco desempenho operacional e retorno das ações não ficam restritos
às SEOs, sendo também observados nos IPOs.
3.1.4 Pagano, Panetta e Zingales (1998)
A pesquisa de Pagano et al (1998) analisa os fatores determinantes para a realização de IPOs a
partir do exame das características ex-ante e ex-post de empresas italianas. A amostra final
contemplou 69 empresas listadas na MSE, sendo consideradas as empresas com probabilidade
mínima de abrir capital durante o período analisado (1982-1992) e excluídas as instituições
financeiras e com PL abaixo de 5 bilhões de liras (US$ 3,2 milhões).
As variáveis utilizadas para avaliar a performance foram: ROA, investimentos, alavancagem,
investimentos financeiros, financiamento via capital, financiamento via dívida, payout,
impostos, taxa de crescimento da receita, taxas de juros, concentração do crédito, número de
instituições financeiras. Analisaram a evolução desses indicadores nos anos da oferta inicial
de ações e até três anos após a listagem em Bolsa de Valores.
Os autores constataram que a probabilidade de se realizar IPO aumenta quando as ações do
mesmo setor estão valorizadas. Também destacaram que este resultado não é surpreendente
nem exclusivo da amostra utilizada, pois também foi constatado nos Estados Unidos (Ritter,
1984) e em outros países (Loughran et al., 1994 e Ljungqvist, 1995). Ainda destacaram que as
empresas não emitem ações para financiar futuros investimentos e crescimento, mas para
reequilibrar as suas contas após períodos de elevados investimentos e crescimento. Esse
resultado ficou em linha com o encontrado por outros pesquisadores na Europa (Planell, 1995
20
e Rydqvist e Högholm, 1995) mas contrasta com pesquisas no mercado americano
(Mikkelson et al, 1995). Além disso, Pagano et al. (1998) encontraram evidências de que as
emissões conferem menor custo de crédito pós-IPO, o que pode estar relacionado com a
melhoria da informação tendo em vista que a empresa se tornou pública.
3.1.5 Bottazzi e Da Rin (2002)
Bottazzi e Da Rin (2002) pesquisaram, no período de março/1996 até dezembro/2001, o
desempenho de 538 empresas listadas no Novo Mercado das seguintes Bolsas européias:
Neuer Markt (Frankfurt), Nouveau Marche (Paris), e Nuovo Mercato (Milão). Analisaram os
resultados 2 anos antes e 2 anos após a realização do IPO, levando em conta variáveis
financeiras e não financeiras.
As variáveis financeiras utilizadas foram: vendas, AT, ativos tangíveis, ativos intangíveis,
dívida total, dívida com bancos em relação à dívida total, razão entre dívida de curto prazo e
dívida total, dívida de longo prazo em relação à dívida total, PL, dívida em relação ao PL,
dívida frente aos ativos tangíveis, alavancagem, investimentos, margem operacional, ROA e
ROS. As variáveis não financeiras estudadas foram: idade, empregados, vendas externas
(dummy), participação das vendas externas, P&D (dummy), gastos com P&D, P&D/vendas,
P&D/empregado, empregados de P&D/empregados totais.
Adicionalmente foram analisadas: variáveis de crescimento (vendas, AT, ativos tangíveis,
ativos intangíveis, dívida, empregados, gastos com P&D); e variáveis para análise do IPO
[aumento de capital, free–float (% do capital total, % das novas ações, % do capital original,
% do lote suplementar)].
21
Para os autores, as empresas que aderem ao NM tendem a ser mais jovens, com menor porte
do que aquelas do segmento tradicional, apresentam crescimento mais rápido e fazem
investimento elevado em P&D. Também são muito alavancadas e incapazes de expandir ainda
mais o crédito bancário, o que é consistente com a situação de restrição de crédito. Esta
possibilidade também é suportada pelo aumento acentuado da dívida e desembolsos com
P&D pós-IPO. Concluíram que, pós-IPO, as empresas apresentam expressiva mudança,
reequilibrando a sua estrutura de capital (por conta do aumento do capital próprio), elevando a
dívida, acelerando o crescimento, tornando-se menos rentáveis.
3.1.6 Chi e Padgett (2006)
Pesquisaram as mudanças no desempenho operacional das empresas estatais chinesas que
realizaram IPOs e a relação com o underpricing de curto prazo e retornos de longo prazo.
Estudaram 382 companhias chinesas listadas entre 1996 e 1997, na Shanghai Stock Exchange
e na Shenzhen Stock Exchange.
Primeiro, compararam o desempenho financeiro e operacional 3 anos antes com 3 anos após a
listagem. Constataram que a listagem em bolsa ocasiona significativa deterioração na
rentabilidade (LPA, RSPL e ROA), na taxa de crescimento das vendas e na eficiência (giro do
ativo), proporcionando aumento das vendas e relevante diminuição da alavancagem (dívida
em relação aos ativos totais).
Ainda concluíram que a subvalorização tem poder explicativo não significante na previsão do
desempenho operacional pós-emissão, sugerindo que a hipótese de sinalização não explica o
underpricing nos mercados de IPO chineses. Esse resultado ficou em linha com o encontrado
por Jain e Kini (1994).
22
Por último, através de análise cross-sectional, estudaram a relação entre o desempenho
operacional pós-IPO e os retornos de longo prazo. Os resultados encontrados mostram que os
investidores usam as informações contábeis para tomada de decisões de investimento e que as
empresas com maior ROA, menor tamanho (receita), aumento das taxas de crescimento das
vendas, maior giro dos ativos e elevada relação entre dívida e AT obtiveram retornos no
mercado mais elevados no longo prazo.
Os autores concluíram que, para desfrutar de melhor performance nos mercados secundários a
longo prazo, é importante melhorar o desempenho operacional das empresas listadas, já que,
ao fazer decisões de investimento, os investidores levam em conta indicadores operacionais
para avaliar as ações. Porém, devido à deterioração geral do desempenho operacional pós-
IPO, consideraram fundamental, para melhorar o desempenho financeiro das companhias
listadas e desenvolver os mercados de ações, avançar em governança corporativa e disciplinar
o mercado de capitais.
A metodologia utilizada por Chi e Padgett levou em conta Jain e Kini (1994), Megginson,
Nash e Randenborgh (1994), Loughran e Ritter (1997) e Huang e Song (2005) ao selecionar
as seguintes proxies contábeis para avaliar o desempenho operacional das empresas: EPS;
ROE; ROA para medir a lucratividade; Vendas e SG para medir a produção; AST para medir
a eficiência; e DAR para medir a alavancagem. Para analisar o efeito da listagem sobre o
desempenho operacional dos IPOs, consideraram a metodologia utilizada por Megginson et
al. (1994), por terem sido os primeiros a calcular proxies empíricas no estudo do desempenho
operacional de cada empresa por um período de 7 anos, sendo 3 anos antes e 3 anos depois da
listagem. Adotaram a mediana das variáveis utilizadas para examinar o desempenho
operacional, por considerar essa métrica mais usual, uma vez que as médias podem sofrer
desvios e, com isto, ficarem sensíveis a valores extremos. Chi e Padgett, assim como Jain e
23
Kini (1994) e Loughran e Ritter (1997), utilizaram o Wilcoxon Signed Rank-tests para a
avaliação da significância da diferença entre as medianas do desempenho operacional antes e
após listagem.
Para comparar o desempenho operacional médio antes e após a listagem, utilizaram como
referência 2 anos antes do IPO e um 1 ano antes e compararam com a diferença entre a média
do ano de referência (ano “0”) e de cada ano após a listagem (anos 1, 2 e 3). Não ficaram
restritos ao estudo da mudança do desempenho operacional antes e depois do IPO, buscando
encontrar as tendências contínuas da mudança após a listagem. Embora algumas pesquisas
constatassem que os picos do desempenho operacional eram no ano anterior à emissão,
optaram por 2 anos antes e 1 ano antes como referência, pois o processo de listagem na China
é maior do que a maioria dos outros países, geralmente durando cerca de 1 ano.
3.2 LITERATURA NACIONAL
3.2.1 Bossolani (2009)
Bossolani (2009) pesquisou se o desempenho das empresas melhora após a realização do IPO.
O desempenho foi definido por um maior crescimento e uma maior rentabilidade após o IPO.
De acordo com o autor, no Brasil, até então, não havia sido realizado estudo empírico
analisando o impacto da abertura de capital para o desempenho das empresas após o IPO.
Essa pesquisa se baseou no estudo de Bottazzi e Da Rin (2002).
A hipótese estudada por Bossolani (2009) foi verificar se o “IPO ajudaria as empresas a
melhorar o desempenho, uma vez que estas podem sofrer de restrição de capital e, por isso,
não ter acesso suficiente a financiamentos”. As hipóteses testadas levaram em conta os dados
de desempenho das empresas antes e depois do IPO. Foram analisadas as empresas não-
24
financeiras que realizaram IPO na Bovespa (atual BM&FBovespa), entre 2004 e 2006,
totalizando 36 empresas. A análise considerou o desempenho 3 anos antes (ou pelo menos 1
ano) e, no mínimo, 1 ano após a realização do IPO. Não foram consideradas na amostra
empresas que não tivessem pelo menos um ano de resultados reportados antes ou após o IPO.
Bossolani (2009) não diferenciou as empresas por segmento de listagem, pois 80% foram
listadas no Novo Mercado e as demais adotaram algum nível de governança ou eram BDR´s.
Os dados contábeis foram: ROL, dívida curto prazo, dívida longo prazo, AT, PL, volume da
oferta primária e secundária; e LL. Dois componentes foram utilizados como proxies do
crescimento das empresas: crescimento das receitas e crescimento dos ativos. O modelo
utilizado para se estudar os determinantes do crescimento das empresas no Brasil relacionou a
taxa de crescimento das empresas com as seguintes variáveis controle: (i) idade das empresas
(calculada a partir do ano da sua fundação até o ano do IPO); (ii) estrutura de capital das
empresas (total das dívidas de curto e longo prazo divididos pelo PL); (iii) o capital levantado
com o IPO; e (iv) a estrutura acionária no período do IPO (mensurada pela participação de
fundos de Private Equity). A lucratividade e a rentabilidade das empresas foram definidas
pelo ROE e ROA.
O autor utilizou o método de Análise de Variância ANOVA Não Paramétrica para Medidas
Repetidas Ordinais para testar a diferença entre a média dos grupos de observações
classificados através de um só fator, como, por exemplo, grupos de empresas pré ou pós IPO
no mesmo mercado, durante um período específico de tempo. Atribuiu o uso deste método
por sua adaptação a duas necessidades: (i) comparação entre múltiplos grupos, não podendo
estes ser pareados; e (ii) pelo pequeno número de grupos. Para explicar os fatores
determinantes do crescimento da empresa (receita e ativo) e da alavancagem na rentabilidade
no período pós-IPO, utilizou modelos de regressão.
25
Para Bossolani (2009) os dados analisados sugeriram que, antes do IPO, as empresas
cresceram e expandiram suas receitas e ativos, por conta dos investimentos realizados, o que
as deixou excessivamente alavancadas, indicando um ambiente de escassez de crédito no
mercado. Destacou que, após o IPO, as empresas utilizam-se dos recursos oriundos da oferta
primária de ações para aumentar investimentos e acelerar o crescimento dos ativos e receitas,
tornando-se menos alavancadas do que no período pré-IPO. Ainda constatou que a menor
alavancagem permite a redução das despesas financeiras, e, com isto, as empresas conseguem
manter a rentabilidade após o IPO. Adicionalmente, passam a enfrentar menor restrição para
captação de novas dívidas após o IPO, uma vez que se beneficiam do aumento do patrimônio
líquido proveniente dos recursos da oferta primária de ações.
3.2.2 Schiozer et al. (2009)
Estudaram a Oferta Pública Inicial de ações de bancos brasileiros, entre 2005 e 2007, e
utilizaram variáveis do rating CAMEL (Adequação de Capital, Qualidade dos Ativos,
Qualidade da Gestão, Lucros e Liquidez dos Ativos) como indicadores de desempenho
operacional. Constataram que os bancos que realizaram IPO, apresentavam características ex-
ante diferentes dos pares de mesmo porte e tipo de atuação, que continuaram com capital
fechado.
Segundo os autores, os bancos que realizaram IPO registraram, ex-ante, maior rentabilidade,
maior relação de empréstimos sobre ativos, menor proporção de empréstimos inadimplentes e
capital mais limitado em comparação com os bancos que permaneceram privados. Com isto,
concluíram que a onda de IPOs de bancos não pode ser explicada pela Teoria Market Timing,
mas por maiores oportunidades de crescimento desses bancos em relação aos seus
26
concorrentes. Destacaram que a liquidez do mercado é uma condição necessária, mas não
suficiente, para explicar IPOs.
Ao investigar o efeito da decisão de abrir capital sobre o desempenho operacional pós-IPO,
encontram evidências sobre o crescimento da proporção de empréstimos em relação ao AT,
que atribuíram ao aumento da proporção de empréstimos inadimplentes. Além disso,
verificaram que houve melhoria da eficiência operacional, sugerindo que esta ocorreu por
conta de economias de escala resultantes do processo de abertura de capital. Também
atrelaram a decisão de listar as ações, principalmente, às oportunidades de crescimento
associadas com períodos de forte liquidez na economia, e não ao fato dos controladores
tentarem aproveitar a sobrevalorização das ações.
Adicionalmente, levando em conta que a maioria das ofertas de bancos brasileiros ocorreu em
grande parte através de emissão primária, os autores encontraram evidências consistentes com
o estudo de Kim e Weisbach (2007), de que a melhor explicação para as ofertas primárias
guarda relação com maiores oportunidades de crescimento e necessidade de capital.
3.2.3 Klumb (2009)
O foco da pesquisa foi investigar as motivações que levam as empresas brasileiras a abrir
capital e identificar a alocação dos recursos obtidos com os IPO´s. Klumb (2009) analisou o
desempenho operacional e financeiro ex-ante a realização do IPO para identificar as variáveis
mais representativas que levaram as empresas brasileiras a abrir capital. Além disso, avaliou o
desempenho ex-post, no intuito de testar as hipóteses da destinação dos recursos oriundos do
IPO, eventualmente omitidas nos prospectos de lançamento. O período analisado ocorreu
entre 2005 e 2007, sendo os dados pesquisados: data da fundação, PL, PELP, PC, AC, ARLP,
27
AI, AP, Vendas, Custos, Despesas Administrativas, Despesas com Vendas, Despesas
Financeiras, IRPJ e CSLL, EBITDA e CAPEX.
A pesquisa foi dividida em três partes. A primeira contemplou uma amostra com 4.729
empresas, do banco de dados da Serasa, no intuito de apresentar as características das
empresas aptas à abertura de capital, e que foi utilizada para identificar as variáveis
determinantes para a realização do IPO. A segunda contou com uma amostra de 80 empresas
que fizeram IPO em três momentos: no ano do IPO, bem como ex-ante e ex-post essa
operação. Os dados ex-post foram utilizados para testar a alocação de recursos captados com
as subscrições iniciais. A terceira parte contém as informações das 4.649 empresas
consideradas potenciais da listagem da Serasa, com vendas acima de R$ 10 milhões e que não
abriram capital no período da pesquisa.
Klumb (2009) encontrou evidências de que o Passivo Exigível Total é a variável independente
mais significante para a determinação dos fatores que motivam a abertura de capital.
Acrescentou que o EBITDA é a segunda variável mais significante, acompanhada do Capex e
das Despesas Financeiras. Com isto, o autor sugeriu que as empresas investem em ativos fixos
para a obtenção de lucros operacionais mais altos, utilizando capital de terceiros a custos
elevados. Também constatou que os recursos captados foram destinados ao aumento do PL
(oferta primárias), com ingresso de novos acionistas, e direcionados para investimentos e
aumento das vendas.
3.2.4 Wardil (2009)
Wardil (2009) analisou o impacto dos IPOs sobre o desempenho das empresas brasileiras,
comparando múltiplos calculados com base em dados contábeis ex-ante versus ex-post a
28
abertura de capital. Considerou as empresas listadas entre 2004 e 2007, tendo o foco da
análise se concentrado em três aspectos: impacto sobre o tamanho da empresa, endividamento
e lucratividade.
A amostra final consistiu de 93 empresas, sendo as variáveis estudadas: EBITDA, margem
EBITDA, RSPL (EBITDA/PL), ROE (LL/PL) e GAF (AT/PL). A metodologia utilizada por
Wardil (2009) englobou estatística descritiva, testes de médias e modelos econométricos.
Com base nas estatísticas descritivas, constatou que as médias gerais de PL e do Faturamento
apresentaram significativo aumento, sinalizando que as empresas cresceram e supôs que o
IPO teve impacto positivo sobre o crescimento do capital das empresas analisadas pois 92%
optaram por Ofertas Primárias ou Mistas. Além disso, sugeriu que o aumento da capitalização
pode ter possibilitado crescimento dos investimentos, proporcionando aumento do
faturamento.
Através da análise univariada, testou se ocorreu variação na média dos múltiplos estudados
antes e depois do IPO, utilizando testes estatísticos de igualdade de média. De acordo Wardil
(2009), ao analisar a variação das médias dos múltiplos relativos aos IPOs de 2006 e de 2007,
os resultados foram significantes para o GAF, a RSPL, mensurada pela razão entre EBITDA e
PL, e o ROE (apenas IPOs de 2006), calculado pelo Lucro Líquido/PL, indicando que
estatisticamente houve variação na média desses múltiplos.
Para testar o impacto dos IPOs sobre os múltiplos na análise multivariada, utilizou modelos
econométricos diferenciados para cada múltiplo, organizando em forma de painel. Os
resultados indicaram que o IPO teve impacto positivo sobre o EBITDA e sobre a Margem
EBITDA. Segundo o autor, o aumento do capital próprio pode ter possibilitado incremento
dos investimentos e, por conseguinte, melhora dos resultados operacionais das empresas. Com
29
relação ao GAF, constatou efeito negativo do IPO.
Embora os testes de média tenham sinalizado que houve mudança dos múltiplos de
rentabilidade, ao analisar os modelos econométricos o autor não conseguiu afirmar que a
variação teve como causa o IPO.
Wardil (2009) encontrou grande evidência de que a oferta pública inicial teve impacto sobre a
capitalização das empresas analisadas, destacando que estas tiveram aumento da capacidade
de financiamento através de emissões primárias; os acionistas puderam diversificar sua
riqueza através de ofertas secundárias. Acrescentou que a capitalização possibilitou o
aumento da geração de fluxo de caixa operacional das empresas, destacando que,
possivelmente, o aumento do capital próprio disponível levaria a um aumento do investimento
em ativos operacionais, o que não foi testado.
3.2.5 Biral (2010)
Biral (2010) pesquisou a mudança do desempenho operacional de 69 empresas brasileiras que
abriram capital no período de 2004 a 2008, através da análise dos seguintes indicadores:
ROA, ROE, EBITDA/Ativos, FCL/Ativo, Alavancagem, Crescimento de Receitas e
Crescimento de AT.
Segundo o autor, até então apenas dois trabalhos estudaram esse tema no Brasil: Schiozer et
al. (2009) e Bossolani (2009). Destacou que ampliou o escopo de análise destes autores em
dois sentidos: (i) em relação à Schiozer et al. (2009), utilizou uma amostra mais ampla,
abrangendo outros setores da economia; (ii) quanto à Bossolani (2009), ampliou a amostra,
incluindo os IPOs ocorridos em 2007 e 2008 (quase dobrando o número de empresas
analisadas) e adotando uma metodologia de pareamento (matching), no intuito de mitigar a
30
influência das mudanças macroeconômicas, regulatórias e tecnológicas que afetam
homogeneamente o desempenho das empresas de um dado setor, visando isolar o efeito da
abertura de capital propriamente dita sobre o desempenho operacional das empresas.
Inicialmente, Biral (2010) selecionou 92 empresas brasileiras que abriram capital de 2003 até
2008, através de IPOs na Bovespa. Excluiu da amostra as instituições financeiras e as
empresas que realizaram operação de fusão, considerando aquelas que possuíam matchings
que permitiam a comparação com empresas do mesmo setor, utilizando o método de
diferenças em diferenças, não a simples variação no tempo de forma absoluta. A amostra final
foi composta por 69 empresas e dividida em duas partes, antes IPO (t = -4 a t = -1) e pós-IPO
(t = +1 a t = +4).
De acordo com o autor, os resultados indicaram que, ex-ante IPO, as empresas que abriram
capital possuíam desempenho superior, em termos de rentabilidade, vis-à-vis as empresas do
grupo de controle, tendo este fato permanecido após o IPO. Também constatou que essas
empresas eram mais alavancadas e cresciam mais rapidamente em relação aos seus pares,
tanto antes quanto após o IPO.
Todavia, Biral (2010) não conseguiu verificar, com significância estatística, se o IPO é capaz
de alterar o desempenho operacional das empresas, o que atribuiu à duas possíveis hipóteses:
(i) o desempenho operacional não varia com IPO, contrariando a maioria das evidências
internacionais, mas concordando com Bossolani (2009), de que as empresas utilizam os
recursos das ofertas para aumentarem os investimentos e acelerarem o crescimento dos ativos
e receitas. Sugere que isto reduz a possibilidade de maquiagem de balanços; (ii) ausência de
dados suficientes para conclusões, pois algumas variáveis sugeriram (sem significância
estatística) tendência de piora no desempenho operacional das empresas, conforme
31
identificado em pesquisas internacionais por conta de maquiagem de balanços, market timing,
assimetria de informações e mudança na estrutura de controle.
3.2.6 Mello et al. (2010)
Mello et al. (2010) avaliaram a evolução de alguns indicadores contábil-financeiros de 62
empresas que realizaram IPO na BM&F Bovespa entre 2004 e 2007. Neste sentido, testaram
as diferenças existentes entre as médias dos indicadores de retorno, margem, estrutura,
liquidez e atividade nos períodos antes e pós-IPO. Excluíram as empresas que não possuíam
informações para mais de um exercício social antes ou após o IPO e aquelas cujos dados não
estavam disponíveis. Os autores buscaram responder as seguintes perguntas: (i) “existe
diferença significativa nestes indicadores contábil-financeiros para os períodos anterior e
posterior ao IPO?” (ii) “Se existe diferença estatisticamente significativa, o que esta diferença
mostra? Os indicadores melhoram ou pioram depois do IPO?”
A partir da premissa de que as empresas que abrem capital pretendem melhorar a
performance, rentabilidade, estrutura de capital e/ou agilizar o crescimento, os autores
testaram a hipótese de que os indicadores contábil-financeiros dessas empresas melhoraram
no período pós-IPO, em relação ao período anterior. Realizaram análise comparativa das
médias de duas amostras emparelhadas, uma anterior ao IPO e a outra posterior, para observar
se estas tiveram significante melhora, piora ou se ficaram iguais. Os índices analisados foram:
RSPL, ML, DF, LC, LG, GI e VRL. O teste de hipótese consistiu na comparação dos valores
médios das variáveis analisadas, segregadas em dois grupos, antes e depois do IPO.
Os autores constataram que os indicadores de dependência financeira e de liquidez (corrente e
geral) apresentaram sensível melhoria após a abertura de capital, ficando em linha com alguns
32
estudos anteriores, que sinalizam possível quitação de dívidas com terceiros. Os índices
margem líquida e giro do imobilizado não apresentaram alteração significativa, o que não
surpreendeu Mello et al. (2010), pois não sofrem influência direta do aumento do capital, já
que medem a eficiência e a capacidade de produção, respectivamente.
Também verificaram que, após o IPO, as receitas líquidas apresentaram aumento médio,
enquanto a rentabilidade se reduziu bastante. Os autores acreditam que “a redução no RSPL
pode refletir o prazo necessário para os investimentos gerarem lucro, o que justificaria a
importância do mercado de capitais que é de longo prazo”. Além disso, acreditam que parte
dessa piora pode ter origem na crise financeira mundial no ano de 2008, que afetou o lucro da
grande maioria das empresas, principalmente pelo fato de mais da metade das empresas da
amostra desse estudo terem aberto o capital no ano de 2007; com isto, o peso de 2008 no
cálculo da média após o IPO foi muito representativo.
3.2.7 Aldrighi (2010)
O objetivo de Aldrighi (2010) foi identificar os fatores determinantes na decisão das empresas
de realizarem IPOs na BM&F Bovespa, entre 2002 e 2008, bem como as seguintes
características econômico-financeiras ex-ante das empresas: tamanho, gastos de investimento,
crescimento das vendas, lucratividade, grau de endividamento, e setor de atuação.
Também pesquisou as escolhas relativas ao formato dos IPOs, como, por exemplo, a parcela
de oferta primária no total de oferta de ações, o segmento de listagem, a fração do maior
acionista no capital votante da empresa após o IPO, e a parcela de free-float. Ainda analisou a
relevância da conjuntura de liquidez internacional para a onda de IPOs, em particular o papel
33
dos investidores estrangeiros na aquisição das ofertas, e verificou a existência de diferenças
no desempenho e nas escolhas financeiras e de investimento das empresas antes e após o IPO.
Utilizou diversas fontes de dados e metodologias (modelos econométricos, testes de média, e
estatísticas descritivas), com destaque para o uso de três modelos: logit, probit e probit em
painel. Entre os principais resultados podem ser destacados os seguintes na pesquisa de
Aldrighi: (a) diversificação de portfólio não foi uma motivação relevante para a realização dos
IPOs no período e, com isto, não se confirmou a expectativa de descontinuidade no padrão
tradicional de forte concentração da propriedade do capital e do controle do capital das
empresas; (b) na média, houve uma queda no coeficiente de investimento das empresas após
os IPOs; (c) a reestruturação financeira não parece ser motivação para IPOs; (d) empresas
maiores, mais lucrativas, com gastos de investimento mais elevados, e que mais crescem
apresentam maior probabilidade de realizar IPO; (e) as condições favoráveis do mercado
internacional de capitais contribuíram para a onda de IPOs entre 2004 e 2007; (f) constatou
underpricing na amostra analisada de IPOs; (g) encontrou indícios de market timing dos IPOs
porém estes não foram captados pelos modelos econométricos.
34
4 METODOLOGIA
A pesquisa é quantitativa e descritiva, pois utiliza instrumentos estatísticos no tratamento dos
dados (estatística descritiva, testes de hipótese e regressões), através do software SPSS 18.0.
O objetivo principal foi examinar se houve mudança na performance operacional e financeira,
no longo prazo, das empresas brasileiras que abriram o capital no período de 2000 a 2008.
Para tal, analisou-se a evolução de seis indicadores econômico-financeiros, visando verificar
se ocorreu diferença estatisticamente significativa ao se comparar o desempenho das firmas 2
e 3 anos pré-IPO versus 3 anos pós-IPO. Foram também observados fatores que poderiam
justificar a evolução apresentada por tais indicadores.
Como objetivo secundário, esta pesquisa buscou estimar potenciais fatores determinantes da
mudança do desempenho operacional e financeiro de longo prazo das empresas que
realizaram IPO.
4.1 AMOSTRA E FONTE DE DADOS
A amostra inicial contemplou todas as empresas brasileiras que realizaram IPO´s entre 2000 e
2008, totalizando 112 IPOs, sendo 39 emissões primárias, 10 emissões secundárias e 63
emissões mistas. A escolha do período analisado foi determinada pela disponibilidade das
informações ex-ante e ex-post às listagens. O período definido, entre 2000 e 2008, concentrou
35
72% dos IPOs ocorridos entre 1995 e 2011. Todas as empresas listadas adotaram algum nível
de governança corporativa, sendo que 78% aderiram ao Novo Mercado.
Com base em Chi e Padgett (2006), foram utilizadas proxies contábeis, como também
examinadas eventuais diferenças considerando os resultados num período de 7 anos, sendo 3
anos pré-IPO, ano IPO e 3 anos pós-listagem em Bolsa.
Pré-IPO Pré-IPO Pré-IPO IPO Pós-IPO Pós-IPO Pós-IPOt-3 t-2 t-1 t t+1 t+2 t+3
Para assegurar o período mínimo de desempenho de 3 anos após a realização do IPO, foi
estabelecido o exercício social de 2008 como data limite para a pesquisa. As empresas listadas
após 2008 não possuíam informações relativas ao período de 3 anos pós-IPO.
Os dados utilizados relativos ao período 3 anos pré-IPO foram obtidos através dos Balanços
Patrimoniais, das Demonstrações Financeiras Anuais e/ou dos Prospectos Definitivos da
referida operação e que se encontram disponíveis, nos sites da CVM, BMF&Bovespa,
empresas emissoras e instituições financeiras coordenadoras da Oferta.
Para análise do desempenho pós-IPO, foram inicialmente consideradas as informações do
Banco de Dados da Economática. Porém, constatou-se que esse Banco não contemplou
atualizações decorrentes de reclassificações das Demonstrações Financeiras Padronizadas
(DFP´s), em anos posteriores ao exercício social. Além disso, o critério para o cálculo do
endividamento não inclui as dívidas com empresas ligadas, mesmo quando as mesmas são
onerosas. Também foi utilizada metodologia diferente da Economática para se calcular as
variáveis Nível de Investimentos e Taxa de Investimentos, considerado-se os valores dos
36
investimentos classificados no DOAR (DFP´s até 2008) ou Fluxo de Caixa (DFP´s a partir de
2008). Todos os dados utilizados refletiram as informações das DFP´s, publicadas até 3 anos
após a listagem em Bolsa, obtidas nos seguintes sites: CVM, BM&FBovespa e próprias
empresas.
Com base no referencial teórico e empírico, foram excluídas da amostra as empresas
pertencentes aos setores cujo padrão de contabilização é diferente da maioria das atividades
econômicas, uma vez que poderiam prejudicar os resultados da análise empírica. Assim como
em Pagano et al. (1998), Bossolani (2009) e Biral (2010), foram desconsideradas 18 empresas
pertencentes ao setor financeiro.
Seguindo Biral (2010), que não considerou em seu estudo as empresas envolvidas em
processos de fusão, foram eliminadas nesta pesquisa 12 empresas que passaram por processos
de reestruturação (consolidações, fusões, fechamento de capital, etc.), que inviabilizaram a
análise dos dados.
Também foram excluídas as empresas que realizaram emissões de Brazilian Depositary
Receipts (BDRs), pois são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil
mas que representam valores mobiliários de emissão de companhias abertas com sede no
exterior. Além disso, foram eliminadas as empresas startup, pois também inviabilizariam a
análise comparativa do desempenho operacional e financeiro.
Por último, foram desconsideradas as empresas que não apresentaram informações pré-IPO
auditadas ou cujo Parecer dos Auditores ou Relatório de Revisão da Auditoria contivesse
ressalvas ou revisão limitada. Neste contexto, foram excluídas 57 empresas da Amostra. Na
37
Tabela A1 do Apêndice A apresenta-se a relação de todas as empresas excluídas da Amostra e
respectivas justificativas.
Neste contexto, a amostra reduziu-se para 55 empresas que realizaram IPOs no período entre
2000 e 2008, ou seja, 49% da amostra inicial, totalizando volume financeiro de R$ 32,3
bilhões. Verificaram-se 17 emissões apenas primárias, 4 apenas secundárias e 34 mistas (vide
Tabela no Apêndice B). Aproximadamente 84% das companhias da amostra final estão
listadas no Novo Mercado e as demais adotaram algum nível de governança corporativa.
Entretanto, analisando-se as estatisticas descritivas dessa amostra, ainda foram identificados 8
casos extremos (outliers), listados na Tabela 3, que precisaram ser excluídos da amostra. Com
isto, a amostra final foi reduzida para 47 empresas. O critério utilizado pelo software SPSS
para classificar casos extremos considera as observações 3 vezes superiores ao 3º quartil e 3
vezes inferiores ao 1º quartil. Vale notar que a maioria das empresas outliers pertencem aos
setores de shoppings e construção civil, o que, possivelmente, está relacionado com a forte
expansão que ambos têm apresentado nos últimos anos.
Empresas Setores
CPFL Concessionária - Energia Elétrica
OHL Concessionária - Rodovias
UOL Mídia
BRMalls Shopping
CCDI Construção Civil
General Shopping Shopping
Iguatemi Shopping
PDG Construção Civil Tabela 3 – Relação dos Outliers Excluídos da Amostra
Os dados coletados na pesquisa foram: data da Oferta, setor de atuação, segmento de listagem,
natureza da Oferta, volume total captado no IPO, montante captado na Oferta Primária de
ações, Receita Operacional Líquida, Lucro Líquido, dívida onerosa bruta, Patrimônio Líquido,
38
Investimentos, valor da emissão, participação de estrangeiros no IPO e identificação de
empresas reguladas.
4.2 VARIÁVEIS PESQUISADAS
Para se analisar empiricamente o desempenho econômico-financeiro de longo prazo das
empresas antes e após a realização do-IPO, foram considerados nesta pesquisa,
principalmente, Chi e Padgett (2006) e Bossolani (2009). Chi e Padgett (2006) basearam seus
estudos em Jain e Kini (1994), Megginson, Nash e Randenborgh (1994), Loughran e Ritter
(1997) e Huang e Song (2005).
Analisaram-se seis proxies contábeis relacionadas com Tamanho, Crescimento,
Rentabilidade, Alavancagem Financeira, Investimentos e Taxa de Investimentos, para
verificar se o desempenho pós-IPO apresentou mudança (Tabela 4).
Variáveis Descrição Resultados EsperadosTamanho log natural ROL Real ln ROLD > ln ROLA
Crescimento taxa de crescimento ln ROL Real � ROLD < �ROLA
Rentabilidade ROS = LL/ROL ROSD > ROSA
Alavancagem Financeira [EOB/(PL+EOB)]+1 AlavancagemD < AlavancagemA
Nível de Investimentos log natural Capex Real ln CapexD > ln CapexA
Taxa de Investimentos Capex/ROL Tx CapexD > Tx CapexA Obs.: D significa depois do IPO; A significa antes do IPO.
Tabela 4 – Variáveis de Desempenho Operacional e Financeiro
• TAMANHO: foi utilizado o logaritmo natural da ROL Real, proxy mais comumente
utilizada, no intuito de uniformizar a amostra, em vista das diferenças entre os valores da
ROL das firmas. A ROL Nominal foi deflacionada pelo IPCA, índice de inflação
calculado pelo IBGE, para se eliminar o efeito meramente inflacionário da expansão da
Receita e encontrar-se a ROL Real. Essa métrica é importante para se avaliar se as
empresas brasileiras cresceram após a realização do IPO. De acordo com a literatura
39
pesquisada, as empresas necessitam de recursos para investir e crescer. Também é usual
considerar o AT ou PL como medidas de Tamanho; porém essas variáveis não foram
utilizadas pois, segundo Wei et al. (2003), quando há ingresso de recurso novo na
empresa, que é o caso do IPO por emissão primária, ocorre expansão dos ativos e do PL,
prejudicando-se a análise comparativa dessas variáveis.
• CRESCIMENTO: podem ser utilizadas a variação da Receita e do AT, porém pelas razões
mencionadas anteriormente, foi considerada apenas a variação anual do logaritmo natural
da ROL Real para se verificar se a empresa cresceu após o IPO. Apenas para essa variável
não foi possível a obtenção de resultados para o período de 7 anos, pois a maioria das
empresas só disponibiliza informações contábeis para 3 anos antes do IPO, conferindo
variação apenas para 2 anos pré-IPO. De acordo com a literatura, a taxa de crescimento
após o IPO é positiva mas se reduz em relação ao período pré-IPO.
• RENTABILIDADE: a maioria das pesquisas no exterior e no Brasil utilizou o ROE e o ROA.
Wei et al. (2003), não consideram o ROE e o ROA boas métricas quando há ingresso de
capital novo na empresa, pois o PL e os ativos aumentam, elevando os denominadores
desses índices. Sugerem que o ROS é a medida mais adequada para mensurar a
rentabilidade nas pesquisas que tratam da emissão primária de ações. Assim sendo,
utilizou-se o ROS, medido através da relação LL/ROL, para se analisar a evolução da
rentabilidade. Considerando-se os estudos analisados no Brasil, apenas Mello et al. (2010)
utilizaram essa variável com a denominação de Margem Líquida.
• ALAVANCAGEM FINANCEIRA: para se evitar problemas com empresas que, porventura,
apresentassem Patrimônio Líquido negativo e/ou não possuíssem dívida, essa variável foi
estimada a partir do seguinte índice: 1+[EOB/(PL+EOB)] onde, EOB se refere ao
40
Endividamento Oneroso Bruto e PL ao Patrimônio Líquido. Essa medida indica como a
empresa financia a sua atividade. O aumento desse índice revela que a Companhia está
mais endividada e, por outro lado, a redução aponta diminuição da alavancagem.
• NÍVEL DE INVESTIMENTOS: é considerado bom indicador para se avaliar a expansão dos
negócios da empresa, sendo calculado considerando-se o logaritmo natural do Capex Real,
visando uniformizar a amostra, em função das diferenças entre os valores da ROL das
firmas. O Capex Nominal também foi deflacionado pelo IPCA para eliminar o efeito
inflacionário.
• TAXA DE INVESTIMENTOS: considera a relação entre o Capex e a ROL, esperando-se que
empresas com foco em crescimento apresentem aumento dessa relação após o IPO.
4.3 ANÁLISE DE MUDANÇAS DE INDICADORES APÓS IPO
O objetivo principal foi analisar empiricamente se houve mudanças no desempenho
operacional e financeiro no longo prazo, das empresas brasileiras antes e após as operações de
listagem na BM&FBovespa (IPOs).
Para se avaliar a performance de longo prazo das empresas constantes da amostra final,
considerou-se a metodologia utilizada por Chi e Padgett (2006) quando estes analisaram o
efeito da listagem sobre o desempenho operacional dos IPOs. Os autores basearam-se, na
pesquisa de Megginson et al. (1994), que calcula proxies empíricas para estudar o
desempenho operacional de cada empresa por um período de 7 anos, sendo 3 anos antes, ano
do IPO e 3 anos pós-IPO.
41
Inicialmente, foi realizado levantamento das estatísticas descritivas, considerando o
desempenho 3 anos antes do IPO (denominado pré-IPO ou “t-3”) e 3 anos após o IPO
(denominado pós-IPO ou “t+3”), perfazendo 7 anos de avaliação. Todavia, conforme já
mencionado, a Taxa de Crescimento não possui desempenho em t-3 e, deste modo, apenas
para essa variável, foi considerado o desempenho 2 anos antes do IPO (“t-2”) para o período
pré-IPO, reduzindo o período de pesquisa para 6 anos. Assim como Bossolani (2009), foi
analisada a média das variáveis pesquisadas para se examinar a evolução do desempenho
operacional.
Na sequência, realizaram-se testes de hipóteses para avaliar se as médias das variáveis pós-
IPO mudaram em relação ao período pré-IPO. De acordo com Fávero et al. (2009), os testes
de hipótese permitem verificar se os dados amostrais trazem evidências que apóiam ou não a
hipótese formulada. A hipótese testada é denominada hipótese nula ou H0 e pressupõe que a
amostra siga uma determinada probabilidade, o que explica a distribuição das freqüências na
população de onde a amostra foi retirada. A hipótese que não inclui H0 é denominada hipótese
alternativa ou H1.
Conforme Fávero et al. (2009), o modelo aplicado para a construção dos testes de hipótese
envolve as seguintes etapas: (i) definição da hipótese nula (H0) a ser testada e da hipótese
alternativa (H1); (ii) definição do nível de significância � (erro máximo admitido); (iii)
escolha da estatística de teste mais adequada; (iv) fixação da região crítica do teste; (v)
retirada de uma amostra e cálculo do valor observado da estatística do teste; e (vi)
pertencendo o valor da estatística a região crítica, rejeitar H0; caso contrário, não rejeitar H0.
Os testes de hipóteses podem ser paramétricos ou não paramétricos. Segundo Fávero et al.
(2009), os testes paramétricos verificam suposições sobre parâmetros populacionais, tais
42
como média, variância e normalidade da distribuição. Para a verificação da normalidade
univariada apontaram como testes mais utilizados: Kolmogorov-Smirnov (amostras a partir de
30 observações) e Shapiro-Wilk (amostra com menos de 30 observações). Para a comparação
da homogeneidade de variâncias entre populações destacaram os testes de Levene e Bartlett.
Para verificar a significância estatística, destacam o teste paramétrico t de Student, ressaltando
que este pode ser aplicado em três tipos de testes de hipóteses: sobre uma média populacional,
para comparação de duas médias emparelhadas e para comparação de duas médias
independentes. Ainda destacam a ANOVA (Analysis of Variance), uma extensão do teste t,
utilizada para se comparar médias de mais de duas populações. De acordo com Maroco (2007,
apud Fávero et al. (2009)), para a realização do teste t é necessário que: (i) a variável
dependente apresente distribuição normal; e (ii) as variâncias populacionais sejam
homogêneas, quando comparadas duas ou mais populações.
A Tabela 5 apresenta as hipóteses formuladas para os testes paramétricos utilizados nesta
pesquisa:
Testes Hipóteses Formuladas p-Valor
K-S H0: a distribuição dos dados é normal > �: aceita-se Ho, concluindo que distribuição é Normal
H1: a distribuição dos dados não é normal < �: rejeita-se Ho, concluindo que distribuição não é Normal
Levene H0: as variâncias são homogêneas > �: aceita-se Ho, concluindo que variâncias homogêneas
H1: as variãncias não são homogêneas < �: rejeita-se Ho, concluindo que variâncias não são homogêneas
Teste t H0: as médias populacionais são iguais < � rejeita-se H0, concluindo que médias não são iguais
H1: as médias populacionais são diferentes > �: aceita Ho, concluindo que médias são iguais Nota: K-S – Teste Kolmogorov-Smirnov
Tabela 5 - Hipóteses Formuladas para os Testes Paramétricos
Quanto aos testes não paramétricos, para Fávero et al. (2009), podem ser alternativa aos testes
paramétricos quando não há condições de aplicações destes. Os testes não paramétricos
possuem menor número de suposições sobre os dados, não exigindo, por exemplo, que a
distribuição seja normal, além de envolverem cálculos mais simples. Para amostras
emparelhadas, os principais testes são o teste de Wilcoxon e o teste de McNemar. O teste de
43
Wilcoxon é aplicado para variáveis ordinais e o McNemar para variáveis nominais. De acordo
com Maroco (2007, apud Fávero et al. (2009)), o teste de Wilcoxon é uma alternativa ao teste
t de Student utilizado para comparar duas médias populacionais com determinado valor
teórico. Esse teste verifica a direção das diferenças para cada par e a magnitude da diferença
dentro dos pares.
Sendo assim, as hipóteses fixadas nesta pesquisa para se comparar os valores médios das
variáveis analisadas antes e após o IPO foram:
• Hipótese nula (H0): não há diferença entre os grupos analisados (médias antes e depois do
IPO).
��� ��� �� �� � ������� �� � ��
Onde:
= Média do indicador depois do IPO
= Média do indicador antes do IPO
• Hipótese alternativa (H1): há diferença entre os grupos analisados.
�� ����� � �� �� ����� �� � ��
Para se avaliar se as amostras pré e pós-IPO são significativamente diferentes, foram
aplicados nesta pesquisa os seguintes testes: (i) Kolmogorov-Smirnov (K-S) – para verificar
se a distribuição é normal, o número de observações da amostra é superior a 30; (ii) Levene
para testar a homogeneidade das variâncias; e (iii) atendidos os pressupostos de distribuição
normal e variâncias das amostras iguais entre si, ou seja, constatada a homocedasticidade, foi
44
utilizado o teste paramétrico t de Student para verificar se as amostras, pré e pós IPO, são ou
não significativamente diferentes.
Apesar dos testes paramétricos demonstrarem ser mais eficientes, adicionalmente foi
realizado teste não paramétrico, para confirmar os resultados obtidos na estatística
paramétrica e/ou como alternativa na hipótese dos pressupostos para aplicação do teste t de
Student não serem atendidos. Neste contexto, foi aplicado o teste de Wilcoxon para avaliar a
significância da diferença entre as médias do desempenho operacional antes e após o IPO.
4.4 POTENCIAIS DETERMINANTES DE MUDANÇA DOS INDICADORES
Esta pesquisa examinou, como objetivo secundário, as fontes de mudanças dos indicadores de
desempenho operacional e financeiro pós-IPO. Neste sentido, inicialmente, foram calculadas
taxas de crescimento das 6 variáveis pesquisadas (Tamanho, Crescimento, Rentabilidade,
Alavancagem Financeira, Nível de Investimentos e Taxa de Investimentos) para os períodos
t+3 versus t-3 e realizado o teste K-S para se avaliar se as mudanças dos indicadores
apresentaram distribuição normal.
Na sequência foram realizadas análises de Regressão Linear Múltiplas para as taxas de
crescimento de indicadores que apresentaram distribuição normal, visando encontrar
significância das variáveis explicativas na predição da variável dependente. Segundo Fávero
et al (2009), a Regressão Linear Múltipla tem como objetivo estudar a relação entre duas ou
mais variáveis explicativas (ou independentes), que se apresentam na forma linear, e uma
variável dependente métrica (a ser explicada), sendo representada pela seguinte expressão:
Y = �0 + �1X1 + �2 X2 + ... + �n X n + �
45
Onde:
• Y é a variável dependente;
• �0 é o intercepto;
• �1, �2, ... �n representam os coeficientes de cada variável explicativa (coeficientes
angulares);
• X representa as variáveis independentes (métricas ou dummies); e
• � é o termo do erro aleatório, representando variáveis X que não foram inseridas no
modelo e seriam boas candidatas a explicativas de Y. Os erros são independentes e
identicamente distribuídos com distribuição Normal de média zero e variância �2.
De acordo com Fávero et al. (2009), através do Método dos Mínimos Quadrados Ordinários, é
possível estimar a função da regressão que reduzirá a soma dos quadrados dos resíduos,
visando fazer com que a seguinte expressão resulte em valores mínimos:
Sendo assim, usando Mínimos Quadrados Ordinários, em cortes transversais, a forma geral da
regressão considerada nesta pesquisa tem a mudança percentual do indicador como variável
dependente, sendo escrita como:
�%I = �0 + �1 Tam. + �2 Primária + �3 NM + �4 Emissão + �5 Estrang. + �6 Regul. + �7 Ano 2007 + �
Onde:
• �%I: variável dependente métrica que reflete a mudança percentual de cada um dos
indicadores escolhidos nos intervalos t+3/t-3;
46
• TAMANHO (Tam.): avalia se há influência do porte da firma sendo medido pela média do
logaritmo natural da ROL Real no ano do IPO;
• PRIMÁRIA: verifica se há influência da emissão primária, que foi calculada através do % da
emissão primária sobre o valor da emissão total do IPO;
• NOVO MERCADO (NM): variável dummy = 1 quando a firma pertence ao Novo Mercado e,
caso contrário, dummy = 0;
• EMISSÃO: % da Emissão Total sobre Ativo Total das Empresas na data do IPO;
• ESTRANGEIROS (Estrang): % da participação dos Investidores Estrangeiros no IPO;
• REGULADO (Regul.): variável dummy = 1 quando firma pertence à setor regulado e
dummy=0, caso contrário; e
• ANO 2007: variável dummy = 1 para emissões ocorridas em 2007 e dummy = 0 para os
outros anos.
Para se realizar as regressões, foram utilizados os métodos ENTER, pelo qual todas as
variáveis explicativas são incluídas simultaneamente no modelo, mesmo que alguma não seja
significante, e STEPWISE, que inclui passo a passo cada variável.
4.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Entre os limitadores desta pesquisa destacam-se: (i) a dificuldade na obtenção de informações
das empresas listadas antes de 2000, o que limitou o período de análise e, com isto, a amostra
utilizada; (ii) a impossibilidade de se realizar análise comparativa entre empresas agrupadas
por setor porque em diversos casos, não foi possível formar pares comparáveis; (iii) as
mudanças no padrão de contabilidade nacional por conta do processo de convergência das
normas e práticas contábeis internacionais (IFRS). Além disso, foram evitadas variáveis que
pudessem ser muito influenciadas pelo evento IPO, caso do AT e do PL. Esta última foi
47
utilizada apenas no cálculo da Alavancagem Financeira, sendo mitigado possível impacto de
Passivo a Descoberto.
Com relação ao IFRS, cabe registrar que as Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 alteraram a Lei
6.404/1976 (conhecida por Lei das Sociedades por Ações ou Lei das S.A.), estabelecendo
condições para a participação do Brasil no processo de convergência das normas e práticas
contábeis internacionais.
As primeiras mudanças ocorreram nas DFP´s de 2008 e, em 2010, tornou-se obrigatória a
adoção das normas internacionais no Brasil. O DFP de 2009 da maioria das empresas foi
apresentado com base nos dois padrões contábeis (Legislação Societária e IFRS).
Para minimizar possíveis impactos das novas regras, analisaram-se alguns dados e as Notas
Explicativas das empresas consideradas mais afetadas, visando, ajustar possíveis diferenças.
Apesar disso, não é possível assegurar que se evitaram todas as possíveis distorções nos
resultados das referidas datas. Também não encontramos, nos estudos citados nesta pesquisa,
análise sobre os efeitos das novas práticas contábeis.
48
5 RESULTADOS E ANÁLISE
5.1 ANÁLISE DE MUDANÇAS DE INDICADORES APÓS IPO
Analisaram-se inicialmente as estatisticas descritivas da amostra, contemplando 55 empresas
e a evolução das 6 variáveis pesquisadas, para se examinar a mudança do desempenho
operacional e financeiro pós-IPO, pelo período de 7 anos (3 anos pré-IPO, ano da listagem e 3
anos pós-IPO). O resumo desses resultados foi disponibilizado no Apêndice B.
Entretanto, conforme mencionado no Capítulo sobre Metodologia, foram identificados 8
casos extremos (outliers), listados na Tabela 3, que precisaram ser excluídos sendo, deste
modo, a amostra final reduzida para 47 empresas. A Tabela 6 apresenta o resumo das
estatísticas descritivas da amostra final, relativas ao desempenho operacional e financeiro, por
7 anos (3 anos pré-IPO, ano IPO e 3 anos pós-IPO).
Porém, a análise da mudança dos indicadores ficou restrita aos resultados em t-3 e t-2 para
avaliação do período pré-IPO e t+3 para o período pós-IPO, por duas razões: (i) foco no
desempenho de longo prazo; (ii) evitar-se a possibilidade de que o desempenho no ano
anterior ao IPO (t-1) e dos dois anos seguintes (t+1 e t+2) estar mais influenciado por
reestruturações e ajustes de balanço, entre outros, visando elevar a precificação das empresas.
Segundo Teoch, Welch e Wong (1998, apud Wardil (2009)), as empresas possuem incentivo
para inflar os resultados reportados em relação ao fluxo de caixa real, visando elevar o preço
49
dos seus papéis no IPO, pois aquelas com maiores lucros despertam maior interesse dos
investidores e, por conseguinte, apresentam menor custo da oferta.
Amostra Final t-3 t-2 t-1 t t+1 t+2 t+3N (Válidas) 47 47 47 47 47 47 47Tamanho
. Média 12,4 12,7 13,0 13,3 13,7 13,9 14,1
. Mediana 12,3 12,7 13,0 13,4 13,7 13,9 14,0
. Desvio Padrão 1,2 1,2 1,2 1,1 1,1 1,1 1,2
Taxa de Crescimento
. Média ND 0,25 0,30 0,34 0,37 0,24 0,22
. Mediana ND 0,22 0,21 0,27 0,33 0,21 0,18
. Desvio Padrão ND 0,20 0,25 0,28 0,34 0,21 0,19
Rentabilidade
. Média 4,7 5,8 6,2 3,2 6,6 7,6 8,6
. Mediana 4,7 4,5 5,6 3,3 7,9 7,9 8,3
. Desvio Padrão 10,8 9,1 11,2 13,5 10,4 9,4 9,8
Financeiro. Média 1,41 1,42 1,40 1,25 1,31 1,35 1,38
. Mediana 1,36 1,40 1,37 1,24 1,31 1,37 1,43
. Desvio Padrão 0,29 0,28 0,28 0,20 0,23 0,20 0,21
Nível de Investimento
. Média 9,3 9,2 10,1 11,3 11,6 11,4 11,7
. Mediana 9,9 9,5 10,1 11,5 11,9 11,4 11,8
. Desvio Padrão 2,2 2,5 2,1 1,7 1,6 1,9 1,7
Taxa de Investimento
. Média 10,7 11,2 21,5 29,9 27,1 22,0 18,8
. Mediana 6,3 4,0 5,4 18,8 16,7 7,8 11,3
. Desvio Padrão 12,5 17,8 58,0 35,7 34,7 29,1 20,6
Notas: N - quantidade casos pesquisados; Tamanho – log natural ROL Real; Taxa de Crescimento - variação log natural ROL Real; Rentabilidade - ROS (relação entre LL e ROL); Financeiro – avalia a alavancagem através de índice resultante da divisão da Dívida Onerosa Total pelo somatório entre esta e o PL; Nível de Investimento – log natural do Investimento Real; e Taxa de Investimento - relação entre os investimentos e a ROL; ND – Não Disponível; t-3: 3 anos pré-IPO; t-2: 2 anos pré-IPO; t-1: 1 ano pré-IPO, t: ano do IPO; t+1: 1 ano pós-IPO; t+2: 2 anos pós-IPO; e t+3: 3 anos pós-IPO.
Tabela 6 – Estatística Descritiva da Amostra Final
A leitura dos coeficientes médios da amostra final relativa ao período pós-IPO (t+3) versus
pré-IPO (t-3 e t-2), sugere crescimento das variáveis Tamanho, Rentabilidade, Nível de
Investimento e Taxa de Investimentos e declínio da Taxa de Crescimento e da Alavancagem
Financeira. O desvio-padrão ficou estável nas variáveis Tamanho e Taxa de Crescimento e
apresentou elevação na Taxa de Investimentos. Já no caso das variáveis Rentabilidade,
Alavancagem Financeira e Nível de Investimentos apresentou redução. Para se avaliar se as
mudanças verificadas no desempenho apresentaram significância estatística, foram realizados
50
testes estatísticos de diferenças de média entre os indicadores transcritos na Tabela 7 (testes
paramétricos) e na Tabela 8 (testes não paramétricos).
A variável Tamanho foi calculada pela média do logaritmo natural da ROL Real, que no
período pré-IPO, foi 12,4 em t-3 e 12,7 em t-2, e, após o IPO (t+3), aumentou para 14,1,
estando o desvio padrão estável em 1,2. Essa mudança de desempenho foi estatisticamente
significante, tanto utilizando teste paramétrico como não paramétrico, ao nível de
significância de 1%, sinalizando que as empresas brasileiras aceleraram o crescimento após o
IPO. Esse resultado foi semelhante ao encontrado na literatura internacional por Jain e Kini
(Bottazzi e Da Rin (2002) e Chi e Padgett (2006) e, na literatura brasileira, por Bossolani
(2009), Klumb (2009) e Wardil (2009). De acordo com Bossolani (2009), as empresas
brasileiras, assim como as européias, necessitam de recursos para investir e crescer. Além
disso, destacou que a falta de recursos no período pré-IPO, possivelmente, decorre da
restrição ao crédito.
A Taxa de Crescimento foi mensurada através da média da variação anual do logaritmo
natural da ROL Real, que se reduziu após o IPO, porém ainda permanecendo em patamar
positivo e elevado (t-2 = 25%; t+3 = 22%). Ainda vale destacar que o desvio-padrão
permaneceu em torno de 0,20, indicando menor dispersão frente a média. O desempenho da
Taxa de Crescimento não foi estatisticamente significante, tanto se utilizando teste
paramétrico como não paramétrico, o que sinaliza que estatísticamente não houve mudança
dessa variável nas empresas brasileiras pós-IPO. Esse resultado foi diferente do encontrado na
maior parte das pesquisas estudadas.
Para se analisar a variável Rentabilidade foi escolhido o ROS, que considera a relação
LL/ROL. No período pré-IPO, a média do ROS foi 4,7% em t-3 e 5,8% em t-2 e, após o IPO,
51
esta alcançou 8,6% (t+3). Já o desvio padrão reduziu de 10,8% para 9,8%, indicando declínio
da dispersão frente a média. Comparando-se a mudança do ROS em t+3 versus t-3, foi
constatada significância estatistica, tanto utilizando teste paramétrico como não paramétrico
ao nível de 5%. Quanto à mudança do ROS, no período t+3 versus t-2, foi significante ao
nível de 10% apenas através da estatística paramétrica. A melhora da Rentabilidade das
empresas brasileiras após a listagem em Bolsa pode ter sido influenciada pelo acréscimo da
receita, redução do endividamento (capitalização através de oferta primária) e menores custos
de captação, proporcionando menores despesas financeiras. Neste sentido, vale registrar que
Pagano et al. (1998) encontraram evidências de que as emissões conferem menor custo de
crédito e maior controle do volume de negócios pós-IPO, possivelmente em razão da melhoria
da informação quando a empresa se torna pública. Bossolani (2009) também concluiu que a
menor alavancagem permitiu a redução das despesas financeiras nas empresas brasileiras;
com isto, estas conseguiram manter a rentabilidade após o IPO.
A variável Alavancagem Financeira analisa o grau de endividamento estimado, através de um
índice resultante da divisão do Endividamento Oneroso Bruto pelo somatório entre este e o
Patrimônio Líquido. O índice médio da Alavancagem Financeira sinaliza leve redução da
alavancagem no período pós-IPO (t+3 = 1,38), frente aos períodos pré-IPO (t-3 = 1,41; e t-2 =
1,42), bem como da dispersão (o desvio padrão reduziu de 0,29 em t-3 para 0,21 em t+3). A
redução da alavancagem pode estar relacionada ao uso dos recursos provenientes da oferta
primária para amortização da dívida. Todavia, essa mudança do desempenho não foi
estatisticamente significante no teste paramétrico e não paramétrico, levando à não aceitação
da mudança dessa variável após o IPO. Já Bossolani (2009) encontrou evidências
estatisticamente significativas, confirmando a redução da alavancagem das empresas
brasileiras após o IPO, da mesma forma que Bottazzi e Da Rin (2002) para as empresas
européias.
52
O Nível de Investimentos, calculado pela média do logaritmo natural do Capex Real, registrou
crescimento após o IPO (t-3: 9,3; t-2: 9,2; e t+3: 11,7), enquanto que o desvio padrão
apresentou redução (t-3: 2,2; t-2: 2,5; e t+3: 1,7). Esse resultado estatisticamente significante
ao nível de 1%, ocorreu tanto no teste paramétrico quanto não paramétrico. A melhora do
Nível de Investimentos pós-IPO também foi verificada nos trabalhos de Bossolani (2009),
Klumb (2009) e Wardil (2009), sinalizando que os recursos oriundos da oferta primária de
ações também foram direcionados para investimentos.
A variável Taxa de Investimentos foi definida a partir da relação entre Capex e ROL. A
expectativa de aumento do seu coeficiente médio após o IPO (t-3 = 10,7%; t-2: 11,2%; e t+3:
18,8%) foi confirmada, também tendo sido constatado significativo aumento da dispersão. A
mudança do desempenho foi estatisticamente significante ao nível de 1% apenas para o teste
não paramétrico (Wilcoxon Test). Esse resultado foi semelhante ao encontrado por Bossolani
(2009), Klumb (2009) e Wardil (2009), indicando que os recursos captados na oferta primária
de ações pelas empresas brasileiras proporcionaram maior patamar de investimentos após o
IPO.
Em suma, vale registrar que os resultados da maior parte da literatura pesquisada indicam
piora do desempenho operacional e financeiro das empresas após a listagem em Bolsa; porém
essas pesquisas ficaram restritas ao desempenho de curto prazo. Já neste trabalho, que tem por
foco o prazo mais longo, encontraram-se evidências de melhoria do desempenho das
empresas brasileiras, sendo esse resultado semelhante ao estudo de Megginson et al (1994,
apud Chi e Padgett (2006)).
Neste sentido, através de testes paramétricos, foram comprovadas estatisticamente a melhora
do desempenho pós-IPO (t+3), versus pré-IPO (t-2 e t-3), das variáveis Tamanho (ln ROL
53
Real), Nível de Investimentos (ln Capex Real) e Rentabilidade (ROS). Aplicando-se o teste de
Wilcoxon, também foi comprovada estatisticamente a melhora da variável Taxa de
Investimentos (Capex/ROL). Esses resultados sugerem que as empresas utilizaram os recursos
oriundos da oferta primária de ações para elevar os investimentos e aumentar as receitas.
Além disso, é possível que os recursos oriundos da oferta primária tenham sido direcionados
para a redução da dívida, visando menor restrição ao crédito e redução dos custos de captação
e, por conseguinte, conferindo menores despesas financeiras líquidas.
t-3 t-2 t+3 t+3 & t-3 t+3 & t-2 t+3 & t-3 t+3 & t-2
N (válidos) 47 47 47 1 (df1) 1 (df1) 47 47
92 (df2) 92 (df2)
Tamanho 0,082 0,087 0,085 1,100 0,641 -14,234 -13,290
(0,20) (0,20) (0,20) (0,30) (0,43) (0,00) (0,00)
Taxa de Crescimento ND 0,140 0,138 ND 0,161 ND 0,684
ND (0,02) (0,03) ND (0,69) ND (0,50)
Rentabilidade 0,129 0,154 0,150 0,594 0,009 -2,417 -1,793
(0,05) (0,01) (0,01) (0,44) (0,93) (0,02) (0,08)
Alavancagem 0,110 0,098 0,119 7,857 3,734 0,703 0,968
(0,20) (0,20) (0,09) (0,01) (0,06) (0,49) (0,34)
Nível de Investimento 0,109 0,070 0,089 2,649 4,582 -11,007 -8,891
(0,20) (0,20) (0,20) (0,11) (0,03) (0,00) (0,00)
Taxa de Investimento 0,195 0,276 0,186 (a) (a) (a) (a)
(0,00) (0,00) (0,00) (a) (a) (a) (a)
teste tVARIÁVEIS
K-S Levene
Obs.: ND – Não Disponível; Notas: K-S – teste Kolmogorov-Smirnov para verificar se as variáveis possuem distribuição Normal (p-valor entre parênteses e � = 1%); Teste de Levene para avaliar a homogeneidade das variâncias quando distribuição Normal (p-valor entre parênteses); e Teste t para verificar se as amostras pré e pós-IPO são ou não significativamente diferentes (p-valor entre parênteses), quando pressupostos de normalidade e homogeneidade foram atendidos; t-3 (3 anos pré-IPO); t-2 (2 anos pré-IPO); e t+3 (3 anos pós-IPO); (a) testes não calculados pois pressupostos de normalidade não foram atendidos.
Tabela 7 – Testes Paramétricos
Período Z-statistics p-valor
t+3/t-3 -5,96 0,000
t+3/t-2 -5,96 0,000
Taxa de Crescimento t+3/t-2 -0,63 0,529
t+3/t-3 -2,24 0,025
t+3/t-2 -1,69 0,090
t+3/t-3 -0,65 0,516
t+3/t-2 -1,13 0,258
t+3/t-3 -5,92 0,000
t+3/t-2 -5,92 0,000
t+3/t-3 -3,52 0,000
t+3/t-2 -3,24 0,001
Tamanho
Rentabilidade
Alavancagem
Nível de Investimento
Taxa de Investimento
Teste Não Paramétrico (Wilcoxon)
Notas: utilizou-se Wilcoxon Test para se comparar as duas médias populacionais (antes e pós-IPO); t-3 (3 anos pré-IPO); t-2 (2 anos pré-IPO); e t+3 (3 anos pós-IPO).
Tabela 8 – Teste Não Paramétrico
54
5.2 POTENCIAIS DETERMINANTES DE MUDANÇA DOS INDICADORES
O objetivo secundário desta pesquisa buscou examinar os potenciais fatores determinantes das
mudanças dos indicadores de desempenho operacional e financeiro após o IPO. Como
apresentado no Capítulo 4, sobre Metodologia, usando Mínimos Quadrados Ordinários, em
cortes transversais, a forma geral da Regressão Linear Múltipla (RLM) possui a mudança
percentual dos indicadores que apresentaram distribuição normal, como variável dependente.
Aplicando o teste Kolmogorov-Smirnov e considerando p-valor de 1%, aceitou-se H0 de que a
distribuição é Normal apenas para as variáveis dependentes �% do Tamanho e �% da
Alavancagem Financeira, conforme descrito na Tabela 9.
Variáveis Dependentes K-S p-valor
�% Tamanho 0,15 0,01
�% Taxa de Crescimento1 0,25 0,00
�% Rentabilidade 0,43 0,00
�% Alavancagem 0,12 0,19
�% Nível de Investimento 0,29 0,00
�% Taxa de Investimento 0,30 0,00 Notas: 1 considerou-se o período t+3/t-2 apenas para a Taxa de Crescimento; demais variáveis t+3/t-3; � =1%.
Tabela 9 – Teste Kolmogorov-Smirnov (K-S)
Para se explicar os potencias fatores determinantes das mudanças dos indicadores �% do
Tamanho e � % Alavancagem Financeira foram pesquisadas as seguintes variáveis
independentes: Tamanho na data do IPO, Emissão Primária (% emissão primária sobre % da
emissão total do IPO), listagem no Novo Mercado (dummy), Montante Emitido, % de
participação dos Investidores Estrangeiros no IPO, setores Regulados (dummy) e emissões
ocorridas no ano de 2007 (dummy) por concentrar o período hot no mercado de capitais
brasileiro.
55
A Tabela 10 mostra os resultados das regressões, sendo destacados os coeficientes estimados,
as estatísticas t e F, o p-valor, o R2 e o R2 ajustado para cada variável dependente pesquisada.
Método Enter (t+3/t-3) �% Tamanho �% AlavancagemIntercepto 38,71 3,55
(1,901)* (0,060)
Tamanho t -2,06 -0,87 (-1,431) (-0,210)
Primária 1,90 -1,29 (0,892) (-0,211)
NM -4,32 7,65(-0,947) (0,582)
Emissão 0,02 0,19(0,234) (1,024)
Estrangeiros% 0,06 0,02(0,706) (0,093)
Reguladas -0,936 -10,645
(-0,339) (-1,337)
Ano 2007 1,10 -4,54
(0,441) (-0,632)
N 47 47
R 0,360 0,364
R2 0,130 0,133
Adjusted R2 -0,027 -0,023
F Statistics 0,829 0,851
P-valor 0,569 0,553 Notas: os coeficientes estimados estão demonstrados na primeira linha, as estatísticas t para cada variável estão entre parênteses. Significantes a 10%.
Tabela 10 – Regressão Linear Múltipla – Método ENTER
Pelo método ENTER, o conjunto das variáveis independentes que foram selecionadas
explicou apenas 13% da mudança do Tamanho no período t+3 versus t-3, não sendo
encontrada significância estatística para a regressão ao nível de 5%. O resultado encontrado
causou surpresa, sendo contrário ao observado por Bossolani (2009) e Bottazzi e Da Rin
(2002) que, indicaram a variável Capital Levantado como relevante.
No caso da mudança da Alavancagem Financeira, aplicando o método ENTER, o conjunto de
variáveis selecionadas também explicou apenas 13% da mudança dessa variável no período
t+3 versus t-3, não sendo encontrada significância estatística para a regressão ao nível de 5%.
56
Pelo procedimento STEPWISE também não se adicionaram variáveis explicativas para a
mudança dos indicadores �% do Tamanho e �% do Financeiro.
Esses resultados sugerem que os determinantes das mudanças dos indicadores representam
questão empírica em aberto.
57
6 CONCLUSÕES
Esta pesquisa teve como objetivo principal examinar se houve mudança na performance
operacional e financeira a longo prazo, das empresas brasileiras que realizaram IPO no
período de 2000 a 2008. Foram também testados alguns fatores que explicariam a evolução
apresentada por esses indicadores como objetivo secundário.
A amostra inicial considerou 112 empresas que realizaram IPOs entre 2000 e 2008. Foram
levantados e analisados os dados dessas empresas no período de 7 anos, sendo 3 anos pré-
IPO, ano IPO e 3 anos pós-IPO. Neste estudo houve rigor na escolha da amostra, sendo
priorizada a qualidade e confiabilidade das informações analisadas. Por conta deste fato,
diversas exclusões ocorreram, sendo a amostra final composta por 47 empresas.
O escopo desta pesquisa foi ampliado em relação aos estudos anteriores: (i) a amostra
utilizada se refere às empresas que realizaram IPOs entre 2000 e 2008, período maior do que
o pesquisado anteriormente; (ii) o foco desta pesquisa foi analisar o desempenho de longo
prazo das companhias por 7 anos (3 anos pré-IPO, ano da operação e 3 pós-IPO), período bem
superior ao utilizado nas pesquisas citadas; (iii) foram pesquisados fatores que justificariam a
evolução apresentada pelas variáveis analisadas; (iv) os potenciais fatores que mais
influenciaram o desempenho de longo prazo das empresas que realizaram IPO foram
pesquisados; (v) a mesma amostra foi utilizada para avaliar o desempenho pré e pós-IPO; e
58
(vi) adotou-se critério diferente da Economática no cálculo de diversas variáveis, sendo todos
os dados elaborados com base nas informações das DFP´s atualizadas, considerando
reclassificações, auditadas e sem ressalvas, bem como DOAR e/ou Fluxo de Caixa.
A expectativa é de que o resultado dessa pesquisa contribua para que as empresas,
investidores e agentes de mercado em geral entendam se a realização de IPOs influencia o
desempenho operacional e financeiro no longo prazo das empresas listadas no mercado
brasileiro, bem como analisar potenciais fatores que possam influenciar o desempenho de
longo prazo das firmas.
A maior parte da literatura pesquisada indica que o desempenho operacional e financeiro das
empresas piorou após a listagem em Bolsa. Entretanto, a maioria das pesquisas analisou o
desempenho de curto prazo das empresas. Neste trabalho, que enfoca o prazo mais longo,
foram encontradas evidências de melhoria do desempenho das empresas brasileiras, resultado
semelhante ao estudo de Megginson et al (1994, apud Chi e Padgett (2006)).
Neste sentido, cabe ressaltar que, foram comprovadas estatisticamente através de testes
paramétricos, a melhora do desempenho pós-IPO (t+3), versus pré-IPO (t-2 e t-3), das
variáveis Tamanho (ln ROL Real), Nível de Investimentos (ln Capex Real) e Rentabilidade
(ROS). Também foi observado crescimento da variável Taxa de Investimentos (Capex/ROL)
sendo essa mudança estatisticamente significante, ao nível de 1%, apenas na aplicação do
teste de Wilcoxon. Estes resultados sugerem que as empresas utilizaram os recursos oriundos
da oferta primária de ações para elevarem os investimentos e aumentarem as receitas.
O crescimento pós-IPO das variáveis Tamanho e Nível de Investimentos ratifica evidências
documentadas por Chi e Padgett (2006) na literatura internacional, e Bossolani (2009), Klumb
59
(2009) e Wardil (2009) na literatura brasileira. Bossolani (2009) concluiu que as empresas
brasileiras, assim como as européias, necessitavam de recursos para investir e crescer. Além
disso, destacou que, possivelmente, a falta de recursos no período pré-IPO foi decorrente de
restrição ao crédito.
O acréscimo da Rentabilidade das empresas brasileiras pode estar relacionado ao crescimento
da Receita e à melhora da situação financeira. Esta última pode ter sido influenciada pela
redução das despesas financeiras vis-à-vis a possibilidade de uso dos recursos da oferta
primária para reduzir o endividamento oneroso e a menor restrição ao crédito, favorecendo
assim a diminuição dos custos de captação. Pagano et al. (1998) encontraram evidências de
que as emissões conferem menor custo de crédito e maior controle do volume de negócios
pós-IPO, atribuíndo esse cenário à melhoria da informação, já que a empresa se tornou
pública. Bossolani (2009) verificou que, antes do IPO, as empresas brasileiras se encontravam
mais alavancadas, sinalizando ambiente de escassez de crédito, e concluiu que a menor
alavancagem após o IPO permitiu redução das despesas financeiras, proporcionando a
manutenção da rentabilidade após o IPO.
Esta pesquisa constatou a redução da Alavancagem Financeira, mensurada através de índice
estabelecido para cálculo do endividamento oneroso em relação ao PL, não se conseguindo,
entretanto, comprovar estatisticamente as mudanças dessa variável. Também não se encontrou
significância estatística para a Variável Taxa de Crescimento.
Para se atender ao objetivo secundário de examinar empiricamente os potenciais
determinantes das mudanças de cada indicador pesquisado, foram realizadas Regressões
Lineares Múltiplas das variáveis a seguir, que apresentaram distribuição normal: Variação %
do Tamanho e Variação % da Alavancagem Financeira. O modelo utilizado relacionou a
60
mudança desses indicadores com as seguintes variáveis independentes: Tamanho na data do
IPO, Emissão Primária (% emissão primária/ % emissão total do IPO), listagem no Novo
Mercado (dummy), Montante Emitido, % de participação dos Investidores Estrangeiros no
IPO, setores Regulados (dummy) e emissões ocorridas no ano de 2007 (dummy), período hot
no mercado de capitais brasileiro. No entanto, as regressões realizadas não explicaram as
mudanças do Tamanho e do Financeiro antes e após o IPO.
Por fim, pode-se afirmar que essa pesquisa apresentou resultados importantes para a
academia, as empresas, investidores e agentes de mercado em geral ao conseguir comprovar
estatisticamente a mudança, no longo prazo, de alguns indicadores de desempenho
operacional e financeiro das empresas brasileiras após o IPO.
Entre os limitadores desta pesquisa destacam-se: (i) a dificuldade de obtenção de informações
das empresas listadas antes de 2000, o que limitou o período de análise e, com isto, a amostra
utilizada; (ii) a impossibilidade de se realizar análise comparativa entre empresas agrupadas
por setor, já que, em diversos casos, não foi possível formar pares comparáveis; e (iii) as
mudanças no padrão de contabilidade nacional por conta do processo de convergência das
normas e práticas contábeis internacionais (IFRS).
Neste contexto sugere-se para pesquisas futuras: (i) avaliar se houve influência das alterações
provocadas pela implementação do IFRS nos indicadores operacionais e financeiros das
empresas; (ii) ampliar a amostra pesquisada tanto em quantidade de empresas analisadas
como o período de análise; (iii) testar outros modelos para avaliar os fatores determinantes da
mudança dos indicadores pesquisados.
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALDRIGHI, D. M.; AFONSO, L. E.; CAPPARELLI, G.; SANTOS, A. As Ofertas Públicas Iniciais na Bovespa no Período Recente: Características das Empresas, Estrutura de Propriedade e de Controle, e Desempenho. Disponível em: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/produtos/download/PDE2009_IPE-USP_Aldrighi.pdf. Acesso em: 25 abr. 2011.
ANUATTI-NETO, F.; BAROSSI-FILHO, M; CARVALHO, A. G.; MACEDO, R. Os Efeitos da Privatização sobre o Desempenho Econômico e Financeiro das Empresas Privatizadas. Revista Brasileira de Economia. Rio de janeiro: v. 59, iss.2, p. 151-175, abr/jun 2005.
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor, São Paulo: Editora Atlas, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
BARROS, L. A. B. C. Estrutura de Capital e Valor da Empresa no Contexto da Assimetria de Informações e Relações de Agência: Um Estudo Empírico. 2001. Dissertação (Mestrado em Contabilidade), Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. Disponível em: <http://www.teses. usp.br/>. Acesso em: 05 mai. 2011.
BAUER, R; GUENSTER, N; OTTEN, R. Empirical evidence on corporate governance in Europe: the effect on stock returns, firm value and performance. Journal of Asset Management, Reino Unido, v. 5, n. 2, p. 91-104, 2004.
BIRAL, R. A abertura de capital afeta o desempenho operacional das empresas? Uma evidência da onda de IPOS 2004-2008. Dissertação (Mestrado em Finanças e Economia de Empresas, Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2010. Disponível em: < http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/4314>. Acesso em: 05 abr. 2011.
BM&F BOVESPA. Ofertas Públicas. BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt- br/mercados/acoes/ofertas-publicas/ofertas-publicas.aspx?idioma=pt-br>. Acesso em: 12 mai. 2011.
__________________ Segmentos de listagem. Disponível em: www.bmfbovespa.com.br Acesso em: 05/02/2012.
BOSSOLANI, T. IPO e o Desempenho das Empresas. Dissertação (Mestrado em Finanças e Economia Empresarial), Escola de Economia de São Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2009. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/ 2647/Tharso?sequence=3>. Acesso em: 20 abr. 2011.
BOTTAZZI, L.; Da RIN, M. Europe’s ‘New’ Stock Markets. Working Paper Università Bocconi, Milano, n. 218, Jul. 2002.
62
BRASIL, Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em < http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 30 jul. 2011.
BRASIL, Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001 Altera e acrescenta dispositivos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Disponível em < http://www.cvm.gov.br>. Acesso em: 27 ago. 2011.
BRASIL, Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 03 mar. 2012.
BREALEY, R.; MYERS, S. Principles of corporate finance. 8ª Ed. Nova York: McGraw-Hill, 2006.
CARVALHAL, A. A influência da estrutura de controle e propriedade no valor de mercado, estrutura de capital e Política de dividendos das empresas brasileiras de capital aberto. 2002. Tese (Doutorado em Administração), COPPEAD/UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.
CASOTTI, F.P.; MOTTA, L.F.J. Oferta Pública Inicial no Brasil (2004-2006): Uma Abordagem da Avaliação por meio de de Múltiplos e do Custo de Capital Próprio. Revista Brasileira de Finanças, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p. 157-204, 2008.
CHI, J.; PADGETT, C. Operating Performance and Its Relationship to Market Performance of Chinese Initial Public Offerings. The Chinese Economy, China, v. 39, n. 5, p. 28-50, 2006.
COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Métodos de pesquisa em Administração. 7ª Ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2003.
DAMODARAN, A. Finanças corporativas: Teoria e prática. 2ª Ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2004.
DEGEORGE, François; ZECKAUSER, Richard. The Reverse LBO Decision and Firm Performance: Theory and Evidence. Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 48, n. 4, p. 1323-48, 1993.
DONALDSON, T.; PRESTON, L.E. The stakeholder theory of the corporation: Concepts, evidence, and implications. Academy of Management Review, Nova York, v. 20, p. 65-91, 1995.
ERNST & YOUNG TERCO e FIPECAFI. IFRS: 1º ano Análises sobre a Adoção Inicial do IFRS no Brasil, 2011. Disponível em <:http://www.ey.com.br>. Acesso em 21 abr. 2012.
FAMA, E.; FRENCH, K. Testing Trade-off and Pecking Order Predictions About Dividends and Debt, Review of Financial Studies, Oxford, Reino Unido, v.15, p. 1-33, 2002
63
FAMA, E.; FRENCH, K. The Corporate Cost of Capital and the Return on Corporate Investment. The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 54, n. 6, p.1939-1967, 1999.
FAMA, E. F.; JENSEN, M. C. Separation of ownership and control. Journal of Law and Economics, Oxford, Reino Unido, v. 26, n. 1, p. 301-325, 1983.
FÁVERO, L. P.; BELFIORE, P.; SILVA, F. L.; CHAN, B. L. Análise de Dados: Modelagem Multivariada para Tomada de Decisões, 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2009
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA – IBGC. Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, 2009. Disponível em <www.ibgc.gov.br>. Acesso em: 20 jan. 2012.
JAIN, B. A.; KINI, O. The Post-Issue Operating Performance of IPO Firms. The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 49, n. 5, p. 1699-1726, 1994. Disponivel em <http://www.ssrn.com>. Acesso em 01 jun. 2011.
JENSEN, M. C.; MECKLING, V. Theory of the Firm: Managerial Behavior, Agency Costs and Ownership Structure. Journal of Financial Economics. v. 3, n. 4, p. 305-360, 1976. Disponível em <http://www.sfu.ca/~wainwrig/Econ400/jensen-meckling.pdf> Acesso em 23 mai. 2011.
KLUMB, E. M. Motivações para Abrir Capital No Brasil: Uma Análise Empírica Entre 1998 a 2007. Dissertação (Mestrado Profissionalizantes em Administração e Finanças), IBMEC, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em <http://www.ibmecrj.br/sub/RJ/files/dissert_mestrado/ ADM_eduardoklumb_ago09.pdf.>. Acesso em: 05 nov. 2011.
LOUGHRAN, T.; RITTER, J.R. The Operating Performance of Firms Conducting Seasoned Equity Offerings. Journal of Finance, v. 52, N. 5, p. 1823-1850, Dez. 1997.
MATTOS, P. L. C. L. A estruturação de dissertações e teses em administração: caracterização teórica e sugestões práticas. RAC – Revista de Administração Contemporânea, São Paulo, v. 6, n. 3, p. 175-198, set.-dez. 2002.
MELLO, H. R.; AMARAL FILHO, A. C. C.; MACEDO, M. A. S.; CORRAR, L. J. Efeitos da Abertura de Capital nas Empresas: uma análise fundamentada em índices contábil-financeiros. XIII SEMEAD Seminários em Administração. Disponível em <http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/541.pdf>. Acesso em 25 set. 2011.
MYERS, S. C. The capital structure puzzle. Journal of Finance, v. 39, p. 575-592, Jul. 1984.
MYERS, S. C.; MAJLUF, N. S. Corporate financing and investment decisions when firms have information that investors do not have. Journal of Financial Economics, n. 13, p. 187-221, 1984.
MIKKELSON, W.; PARTCH, M.; SHAH, K. Ownership and Operating Performance of Companies that go public. Journal of Financial Economics, v. 44, n. 1, p.281-307, 1997.
64
MODIGLIANI, F.; MILLER, M. H. The Cost of Capital, Corporation Finance, and the Theory of Investment. American Economic Review, Nashville: American Economic Association, v. 48, n.3, p.261-297, 1958.
MODIGLIANI, F.; MILLER, M. H.. Corporate income taxes and the cost of capital: a correction. American Economic Review, Nashville: American Economic Association, v. 53, p. 433-43, 1963. Disponível em <http://web.ebscohost.com>. Acesso em: 08 jun. 2011.
PAGANO, M.; PANETTA, F.; ZINGALES, L. Why Do Companies Go Public? An Empirical Analysis. The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 53, n. 1, p. 27-64, 1998.
PAGANO, M.; RÖELL, A.; ZECHNER, J. The Geography of Equity Listing: Why Do Companies List Abroad? The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. LVII, n. 6, p. 2651-2694, Dec. 2002.
RITTER, J. R. The Long-Run Performance of Initial Public Offerings. The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 46, n. 1, march. 1991.
RITTER, J.R. ; LOUGHRAN, T. The New Issues Puzzle. The Journal of Finance, Oxford, Reino Unido, v. 50, n. 1, march. 1995.
RITTER, J.R. Initial Public Offering. Contemporary Finance Digest. v. 2, n. 1, p. 5-30, 1998.
SCHIOZER, R.; OLIVEIRA, R. F.; SAITO, R. Why do banks go public? Evidence from the 2005-2007 wave of Brazilian bank IPOs. Banks and Bank Systems, Brasil, v. 5, n. 2, p. 96-107, 2010.
TIROLE, J. The Theory of Corporate Finance. Princeton: Princeton University, Princeton-New Jersey. 2006.
WARDIL, F. S. Análise do Impacto das Ofertas Públicas Iniciais sobre as Empresas Brasileiras – Utilizando Indicadores Contábeis Calculados a partir de evidências empíricas no Brasil. Dissertação (Mestrado em Finanças e Economia Empresarial), Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/ bitstream/handle/10438/7870/1420048.pdf?sequence=1. Acesso em: 20 abr. 2011.
WEI, Z.; Varela, O., D´Souza, Juliet; Hassan, M. K. The Financial and Operating Performance of China's Newly Privatized Firms. Financial Management, Oxford, Reino Unido, v. 32, n. 2, p. 107, 2003
65
APÊNDICE A – EMPRESAS PESQUISADAS
TABELA A1 – Relação das Empresas Excluídas da Amostra Inicial Empresas Excluídas IPO Setor Justificativas
Ideias Net 2000 Holding Start up
Porto Seguro 2004 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Submarino 2005 Varejo Fusão com Americanas.com em 2006
Nossa Caixa 2005 Financeiro Setor Instituições Financeiras
ABNote 2006 Financeiro Setor Instituições Financeiras
CSU 2006 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Abyara 2006 Construção Civil Adquirida pela BR Brokers em agosto de 2008
Vivax 2006 TV por Assinatura Alienada para a Net em 2006 e capital foi fechado em 2007
Datasul 2006 Tecnologia Fusão com a Totvs em 2008
Brascan 2006 Construção Civil Fusão Brascan, Company e MB Engenharia resultando na Brookfield (em 2008)
Company 2006 Construção Civil Brascan + Company + MB Engenharia = Brookfield (em 2008)
GP Invest. 2006 Holdings BDR
Dufry Bras 2006 Varejo BDR
BrasilAgro 2006 Agronegócios Foco em aquisições
Lopes 2006 Imobiliário Constituição e Reorganização societária em 2006
Terna 2006 Utilities Diversas Aquisições (2007, 2008 e 2011)
Ecodiesel (atual Vanguarda) 2006 Agronegócios Start up
MMX 2006 Mineração Start up
PINE 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Sofisa 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Paraná 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Cruzeiro do Sul 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Daycoval 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Indusval 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Redecard 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Patagônia 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
ABC Brasil 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Sul América 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Bic Banco 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Bovespa 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Panamericano 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
BM&F 2007 Financeiro Setor Instituições Financeiras
Agra Incorp 2007 Construção Civil Registro cancelado em 28/05/2010
Anhanguera 2007 Educação Diversas Aquisições
Açúcar Guarani 2007 Açúcar e Álcool Incorporada pela Tereos em 2010
GVT 2007 Telecom Alienada para a Vivendi e capital fechado em 2009
Satipel 2007 Madeira Alienada para a Duratex em 2009
SEB 2007 Educação Alienada para a Pearson Education do Brasil e capital fechado em 2010
Springs 2007 Têxtil Consolidação com a Coteminas ao final 2005 (inviabilizando série histórica)
Log-in 2007 Logística Reestruturação (consolidação e alienação de ativo)
Laep 2007 Alimentos/Laticínios BDR
Wilson Sons 2007 Logística BDR
Tarpon 2007 Holdings BDR
Cosan Ltd 2007 Açúcar e Álcool BDR
Agrenco 2007 Alimentos BDR
BR Brokers 2007 Imobiliário Informações 2004, 2005 e 2006 pró-forma consolidado não auditado
CR2 2007 Construção Civil Não disponibilizou informações contábeis anteriores a 2006
Invest Tur 2007 Imobiliário Não foram encontradas as informações contábeis para o período pesquisado
JHSF 2007 Construção Civil Informações anteriores a 2007 com revisão limitada da auditoria
Marfrig 2007 Frigorífico Informações anteriores a 2007 não foram auditadas
Trisul 2007 Construção Civil Informações 2004, 2005 e 2006 pró-forma não auditado
Tempo 2007 Saúde Iniciou as atividades em Janeiro de 2007 (não tem resultados anteriores)
MRV 2007 Construção Civil Diversas aquisições
Tecnisa 2007 Construção Civil Reestruturação em 2006 para abertura de capital
MPX Energia 2007 Utilities Start up
Nutriplant 2008 Fertilizantes Alteração Exercício do Social inviabilizou comparação informações
OGX Petroleo 2008 Óleo e Gás Start up
Total: 57 empresas excluídas
66
TABELA A2 - Relação das Ofertas Consideradas na Análise
Volume - R$ MM
Emissão Primária -
R$ MM R$ MM
2002 CCR Concessionária - Rodovias Novo Mercado Primária 305,3 305,3
2004 ALL Amer Lat Logísitica Nível 2 Mista 588,0 267,4
2004 CPFL Energia Utilities Novo Mercado Mista 821,0 684,6
2004 DASA Saúde Novo Mercado Mista 437,0 126,1
2004 Gol Transporte Aéreo Nível 2 Mista 878,0 498,2
2004 Grendene Calçados Novo Mercado Secundária 617,0 -
2004 Natura Higiene e Limpeza Novo Mercado Secundária 768,0 -
2005 Cosan Áçucar e Alcool Novo Mercado Primária 886,0 886,0
2005 Energias BR Utilities Novo Mercado Mista 1.185,0 1.170,1
2005 Localiza Locação Novo Mercado Secundária 265,0 -
2005 OHL Brasil Concessionária - Rodovias Novo Mercado Mista 496,0 135,0
2005 Renar Agronegócios Novo Mercado Primária 16,0 16,0
2005 TAM S/A Transporte Aéreo Nível 2 Mista 548,0 383,9
2005 UOL Mídia Nível 2 Mista 625,0 323,0
2006 Copasa Utilities Novo Mercado Primária 813,0 813,0
2006 Equatorial Utilities Nível 2 Mista 540,0 185,6
2006 Gafisa Construção Civil Novo Mercado Mista 927,0 494,4
2006 Klabinsegall Construção Civil Novo Mercado Mista 527,0 360,6
2006 Lupatech Óleo e Gás Novo Mercado Mista 453,0 155,0
2006 M.Diasbranco Alimentos Novo Mercado Secundária 411,0 -
2006 Medial Saude Saúde Novo Mercado Mista 742,0 474,1
2006 Odontoprev Saúde Novo Mercado Mista 522,0 161,9
2006 Positivo Inf Tecnologia Novo Mercado Mista 604,0 65,8
2006 Profarma Saúde Novo Mercado Mista 401,0 310,5
2006 Santos Bras Logísitica Nível 2 Mista 933,0 925,0
2006 Totvs Tecnologia Novo Mercado Mista 460,0 344,8
2007 Amil Saúde Novo Mercado Mista 1.401,0 994,7
2007 Bematech Tecnologia Novo Mercado Mista 407,0 270,0
2007 BR Malls Par Shopping Novo Mercado Primária 657,0 657,0
2007 CC Des Imob Construção Civil Novo Mercado Mista 522,0 478,5
2007 Cremer Saúde Novo Mercado Mista 552,0 210,0
2007 Estacio Part Educação Nível 2 Mista 447,0 268,2
2007 Even Construção Civil Novo Mercado Primária 460,0 460,0
2007 EZTec Construção Civil Novo Mercado Primária 542,0 542,0
2007 Fer Heringer Fertilizantes Novo Mercado Mista 350,0 203,2
2007 Generalshopp Shopping Novo Mercado Primária 287,0 287,0
2007 Helbor Construção Civil Novo Mercado Primária 252,0 252,0
2007 Iguatemi Shopping Novo Mercado Primária 549,0 549,0
2007 JBS Frigorifico Novo Mercado Mista 1.617,0 1.216,8
2007 Kroton Educação Nível 2 Mista 479,0 395,7
2007 Marisa Têxtil Novo Mercado Primária 506,0 506,0
2007 Metalfrio Equipamentos Elétricos Novo Mercado Mista 453,0 302,3
2007 Minerva Frigorifico Novo Mercado Mista 444,0 370,0
2007 Multiplan Shopping Nível 2 Mista 925,0 688,3
2007 PDG Realt Construção Civil Novo Mercado Mista 648,0 432,3
2007 Providencia Materiais Diversos Novo Mercado Primária 469,0 469,0
2007 Rodobensimob Construção Civil Novo Mercado Primária 449,0 449,0
2007 Sao Martinho Açúcar e Álcool Novo Mercado Mista 424,0 260,0
2007 SLC Agricola Agronegócios Novo Mercado Mista 490,0 308,0
2007 Tegma Logísitica Novo Mercado Mista 604,0 290,2
2007 Tenda Construção Civil Novo Mercado Primária 603,0 603,0
2007 Triunfo Part Concessionária - Rodovias Novo Mercado Mista 513,0 304,4
2007 Viver (ex-Inpar S/A) Construção Civil Novo Mercado Primária 756,0 756,0
2008 Hypermarcas Varejo Novo Mercado Primária 612,0 612,0
2008 Le Lis Blanc Varejo Novo Mercado Primária 150,0 150,0
Ano Empresa Setor Segmento de listagem Natureza da oferta
67
APÊNDICE B – ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA AMOSTRA COM OUTLIERS
Tabela B1 – Desempenho das Variáveis Pesquisadas
Variáveis t-3 t-2 t-1 t t+1 t+2 t+3
N (Válidos) 55 55 55 55 55 55 55
Tamanho
. Média 12,3 12,6 12,8 13,2 13,6 13,8 14,0
. Mediana 12,3 12,5 12,8 13,2 13,5 13,8 13,8
. Desvio Padrão 1,4 1,3 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2
Taxa Crescimento
. Média ND 0,32 0,29 0,36 0,37 0,23 0,23
. Mediana ND 0,22 0,21 0,27 0,33 0,19 0,18
. Desvio Padrão ND 0,37 0,25 0,32 0,33 0,21 0,20
Rentabilidade
. Média 1,6 5,2 7,0 3,7 7,9 14,6 12,3
. Mediana 4,4 4,5 5,6 3,8 8,6 8,9 8,7
. Desvio Padrão 18,4 11,8 11,7 17,7 11,9 37,9 17,8
Financeiro
. Média 1,5 1,7 1,7 1,2 1,3 1,3 1,4
. Mediana 1,4 1,5 1,4 1,2 1,3 1,4 1,4
. Desvio Padrão 0,4 2,1 2,0 0,2 0,2 0,2 0,2
Nível Investimento
. Média 9,4 9,4 10,3 11,4 11,7 11,5 11,8
. Mediana 9,9 9,7 10,4 11,5 12,1 11,9 12,0
. Desvio Padrão 2,2 2,3 2,1 1,7 1,6 1,9 1,7
Taxa Investimento
. Média 14,3 13,6 31,8 56,3 37,5 26,5 29,8
. Mediana 7,5 4,5 9,0 23,7 17,6 12,3 13,5
. Desvio Padrão 19,7 19,9 83,2 127,4 51,3 33,7 57,0
Notas: Esta tabela contempla o resumo das estatísticas descritivas das variáveis pesquisadas para avaliar a mudança do desempenho operacional e financeiro pós-IPO durante período de 7 anos, sendo 3 anos pré-IPO, ano da listagem e 3 anos pós-IPO. Inicialmente foram pesquisadas 112 empresas, que realizaram IPO entre os anos 2000 e 2008. Entretanto, após análise preliminar foram excluídas 57 empresas, o que gerou redução da amostra para 55 empresas. As variáveis pesquisadas foram: Tamanho (log natural ROL Real); Taxa de Crescimento (variação do log natural ROL Real); Rentabilidade (ROS, ou seja, Lucro Líquido sobre a ROL); Financeiro (índice composto pelo resultado da divisão da Dívida Onerosa Total pelo somatório entre esta e o PL); Nível de Investimento (log natural do Investimento Real); e Taxa de Investimento (relação entre os investimentos e a ROL).
68
ANEXO A – CARACTERÍSTICAS DOS SEGMENTOS DE LISTAGEM NA
BM&FBOVESPA
REGRAS NOVO MERCADO NÍVEL 2 NÍVEL 1 BOVESPA MAIS TRADICIONAL
Características das Ações Emitidassomente de açõesON
permite ações ON ePN (com direitosadicionais)
permite ações ON e PN(conforme legislação)
apenas ações ON podemser negociadas eemitidas, mas permiteexistência de PN
permite a existência deações ON e PN(conforme legislação)
% Mínimo de Ações em Circulação(free float )
25% até o 7º ano de
listagem, ou condições
mínimas de liquidez
não há regra
Distribuições públicas de ações
Vedação a disposições estatutárias(a partir de 10/05/2011)
Composição do Conselho deAdministração
Vedação à acumulação de cargos (apartir de 10/05/2011)
Obrigação do Conselho deAdministração (a partir de10/05/2011)
Demonstrações Financeiras
Reunião pública anual e calendáriode eventos corporativos
Divulgação adicional de informações(a partir de 10/05/2011)
Concessão de Tag Along100% para ações ON 100% para ações ON
e PN
80% para ações ON
(conforme legislação)
100% para ações ON 80% para ações ON
(conforme legislação)
Oferta pública de aquisição de açõesno mínimo pelo valor econômico
Conforme legislação Conforme legislação
Adesão à Câmara de Arbitragem doMercado
Facultativo Obrigatório Facultativo
Esforços de dispersão acionária
25%
não há regra
Manifestação sobre qualquer oferta públicade aquisição de ações da companhia
Limitação de voto inferior a 5% do capital,quorum qualificado e "cláusulas pétreas”
não há regra
Mínimo de 5 membros, dos quais pelomenos 20% devem ser independentes commandato unificado de até 2 anos
mínimo de 3 membros (conforme legislação)
não há regra
Presidente do conselho e diretor presidente ou principal executivo pelamesma pessoa (carência de 3 anos a partir da adesão)
Obrigatório
Obrigatoriedade em casode fechamento de capitalou saída do segmento
não há regra
Política de negociação de valores mobiliários e código de conduta não há regra
Obrigatoriedade em caso de fechamento decapital ou saída do segmento
Obrigatório Facultativo
Traduzidas para o inglês Conforme legislação
Fonte: BM&FBovespa