OFICINA PROTEGIDA TERAPÊUTICA: OPÇÃO DE TRABALHO … · 2009-11-25 · Portanto o trabalho de...

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OFICINA PROTEGIDA TERAPÊUTICA: OPÇÃO DE TRABALHO E VALORIZAÇÃO DO JOVEM E DO ADULTO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E/OU MÚLTIPLA. ANA MARIA STRUJAK 1 ANIZIA COSTA ZYCH 2 Resumo: O presente artigo aborda a temática da educação, na modalidade Educação Especial, na área de educação profissional, tendo como finalidade buscar alternativa de inclusão no trabalho protegido, promovendo a integração da pessoa com deficiência intelectual e/ou múltipla, com a intenção de conscientizá-lo sobre sua participação efetiva no processo de exercício da cidadania, oferecendo oportunidades práticas, com possibilidade de desenvolver seu potencial, levando-o à integração sócio-cultural, envolvendo a família, escola e sociedade. Originou-se de uma pesquisa fundamentada em literatura específica, considerando também a preocupação para que os alunos não fiquem isolados, pois o propósito é a criação de oportunidades às pessoas mais comprometidas, evitando que fiquem alienadas devido às características de suas deficiências. Através da interação proporcionada pela oficina protegida terapêutica, houve possibilidade de elevar a auto-estima e o ajustamento pessoal e social do alunado. Palavras- chave: Trabalho; valorização; deficiência intelectual. Abstract This work deals with the education theme, on the Special Education mode, professional education area, achieving an alternative to include and integrate the multiple and/or intellectual deficient person on protected work. The intention is aware of his effective participation on citizenship exercising, offering practical opportunities, with the possibility to potential development, leading to a sociocultural integration, involving family, school and society. It begin from a research based on a specifically research in the literature, considering the attention to don´t allow that students stay alone, because the purpose is create opportunities to most committed people, avoiding madness due deficiency characteristics. Towards integration provided by therapeutically protected workshop, it was possible to achieve an upgrade on students’ self-esteem social-personal adjustment. 1 Ana Maria Strujak – Professora PDE – Pós Graduação em Educação Especial – Deficiência Mental 2 Professora – Doutora – Anizia Costa Zych – UNICENTRO - Campus Irati - Paraná

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OFICINA PROTEGIDA TERAPÊUTICA: OPÇÃO DE TRABALHO E

VALORIZAÇÃO DO JOVEM E DO ADULTO COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL E/OU MÚLTIPLA.

ANA MARIA STRUJAK 1

ANIZIA COSTA ZYCH 2

Resumo: O presente artigo aborda a temática da educação, na modalidade

Educação Especial, na área de educação profissional, tendo como finalidade

buscar alternativa de inclusão no trabalho protegido, promovendo a integração

da pessoa com deficiência intelectual e/ou múltipla, com a intenção de

conscientizá-lo sobre sua participação efetiva no processo de exercício da

cidadania, oferecendo oportunidades práticas, com possibilidade de

desenvolver seu potencial, levando-o à integração sócio-cultural, envolvendo a

família, escola e sociedade. Originou-se de uma pesquisa fundamentada em

literatura específica, considerando também a preocupação para que os alunos

não fiquem isolados, pois o propósito é a criação de oportunidades às pessoas

mais comprometidas, evitando que fiquem alienadas devido às características

de suas deficiências. Através da interação proporcionada pela oficina protegida

terapêutica, houve possibilidade de elevar a auto-estima e o ajustamento

pessoal e social do alunado.

Palavras- chave: Trabalho; valorização; deficiência intelectual.

Abstract This work deals with the education theme, on the Special Education mode, professional education area, achieving an alternative to include and integrate the multiple and/or intellectual deficient person on protected work. The intention is aware of his effective participation on citizenship exercising, offering practical opportunities, with the possibility to potential development, leading to a sociocultural integration, involving family, school and society. It begin from a research based on a specifically research in the literature, considering the attention to don´t allow that students stay alone, because the purpose is create opportunities to most committed people, avoiding madness due deficiency characteristics. Towards integration provided by therapeutically protected workshop, it was possible to achieve an upgrade on students’ self-esteem social-personal adjustment.

1 Ana Maria Strujak – Professora PDE – Pós Graduação em Educação Especial – Deficiência Mental 2 Professora – Doutora – Anizia Costa Zych – UNICENTRO - Campus Irati - Paraná

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 10% da população mundial

apresentam algum tipo de deficiência e desta porcentagem 5% apresenta

deficiência mental. Este dado é de 1981. Um dado mais recente, do senso

realizado pelo IBGE, em 2000, informa que 14,5% da população brasileira, são

portadores de deficiência. Estes dados são importantes para a percepção de

que o trabalho com as pessoas portadoras de deficiência, não deve ser

negligenciado.

Não se pode negar a existência de avanços em relação à

profissionalização e inserção da pessoa portadora de deficiência no mercado

produtivo de trabalho, contudo a legislação por si só não é suficiente para

assegurar tal direito, pois as contratações efetuadas acontecem

esporadicamente e muitas vezes não são compatíveis com a potencialidade da

pessoa.

Mendonça (2007) afirma que:

O entrave dos trabalhos de inclusão social das pessoas com deficiência, não reside na ausência de dispositivos legais que promovam essa garantia. Legislação protetiva tem-se em abundância, e do mais alto refinamento, digno dos países de primeiro mundo. O que falta, é integrar tais mandamentos ao dia a dia da sociedade brasileira, transformando o que hoje constitui obrigação, em satisfação de integrar um cidadão impedido de exercer sua cidadania plena, ao convívio social sadio, sem que isso se lhe seja concedendo uma graça, por simpatia ou piedade, mas promovendo justiça.

Vários estudiosos concordam com o pensamento de Mendonça, pois

sabemos que a dificuldade de colocação da pessoa com deficiência no

mercado de trabalho não se dá por falta de leis, pois o Brasil possui uma das

legislações mais avançadas sobre os direitos das pessoas portadoras de

deficiência e também sobre o direito ao trabalho.

Para Gugel (2003),

(...) a legislação voltada para a pessoa portadora de deficiência só será eficaz se órgãos e instituições que abrigam esses indivíduos zelarem pelo seu cumprimento, colaborando para extirpar preconceito em relação às potencialidades da pessoa portadora de deficiência, incluindo-os na sociedade, como sujeito de direitos e garantias.

Acreditando no potencial das pessoas que apresentam deficiência

intelectual e múltipla, tendo como foco a eficiência, foi apresentada uma

proposta de ação na educação escolar e profissional com os apoios

necessários para a inserção no trabalho de acordo com o potencial de cada

pessoa, bem como foram investidos esforços na educação ambiental dos

participantes, incentivando o aproveitamento de material orgânico para a

produção de adubo, reaproveitamento de restos de frutas e verduras,

separação e reaproveitamento do lixo reciclável.

Desta forma a Escola de Educação Especial “Nossa Escola” APAE- Irati

orientando seus alunos, observando a diversidade dos talentos, que puderam

ser explicitados por cada um, pode contemplá-los com atividades interessantes

e prazerosas.

Pensando na temática da educação na modalidade de educação

especial, buscou-se oferecer alternativa como a Oficina Protegida Terapêutica

(OPT), acreditando na possível superação das dificuldades encontradas pelos

alunos envolvidos na educação profissional e que apresentam maiores

comprometimentos nas áreas biopsicosociais.

A OPT propõe respeito às necessidades especiais dos educandos que

apresentam deficiência intelectual ou múltipla, reconhecendo seu direito de

acesso ao trabalho. As atividades pensadas envolvendo também os familiares

procuraram contemplar os princípios político-educacionais sugeridos pela

Secretaria Estadual de Educação, defendendo o direito de acesso e

permanência na escola, como também, o respeito e atendimento à diversidade,

e as Diretrizes Curriculares para a Educação Pública do Estado do Paraná,

quando se refere ao processo de ensino aprendizagem.

Portanto o trabalho de intervenção apresentou uma proposta de inserção

do alunado na Oficina Protegida Terapêutica, tendo como contexto a Apae

Rural, para a produção, cultivo e comercialização de flores, plantas e árvores

ornamentais.

A manutenção de um espaço de educação para o trabalho, tornou-se

necessário para pessoas com deficiência intelectual ou múltipla, resultando no

alcance progressivo de suas competências.

O trabalho como princípio educativo, não é em MARX (1963) e

GRAMSCI (1976)

(...) uma técnica didática ou metodológica no processo de aprendizagem, mas um pressuposto ontológico e ético-político no processo de socialização humana”. Esta proposta procura provocar

reflexões levando o professor a buscar conteúdos e saberes para a formação do alunado bem como da sociedade em que atua, pois a educação não é um fato isolado, ela ocorre no coletivo social.

Este estudo foi desenvolvido com base em fundamentação teórica

específica, considerando a investigação referente à:

- Programas de profissionalização nas escolas de educação especial

para pessoas portadoras de deficiência intelectual ou múltipla.

- Apresentação e análise de concepções de educação profissional nos

currículos das Oficinas Protegidas Terapêuticas.

- Tratou-se de uma pesquisa sob abordagem participante e

aprofundamento na pesquisa ação.

DESENVOLVIMENTO

A APAE - Irati, partindo do que foi exposto, trabalha com a intenção de

promover a educação profissional dos educandos tanto no espaço institucional

quanto fora dele, de modo a qualificar e habilitar os alunos para programas

compatíveis com suas habilidades e condições individuais. Também foram

oferecidas atividades complementares em informática, educação física,

educação artística e educação musical.

No Brasil, a formação profissional da pessoa com deficiência vem sendo

amplamente discutida no âmbito educacional, a partir do pressuposto de que o

trabalho constitui-se em uma via de inclusão social desta população com

deficiência e, conseqüentemente, em uma forma de minimizar os problemas

que enfrentam.

O termo formação profissional, em seu significado mais amplo, refere-se

aos processos educativos capazes de possibilitar ao indivíduo a aquisição de

conhecimentos teóricos, técnicos e operacionais, relacionados à prestação de

serviços, sejam estes desenvolvidos tanto na escola quanto nas empresas.

Este trabalho sobre o labor da pessoa com deficiência não estaria

completo se dele não constassem considerações sobre causas e níveis de

deficiência, facilitando, assim uma melhor compreensão das necessidades

especiais desses cidadãos.

Diante do novo paradigma dos Direitos Humanos no qual não é a

deficiência que conta como motivadora de respeito às necessidades especiais

desse coletivo, mas sim, a eficiência – procuramos fazer referência aos

princípios que regem a visão inclusiva:

• Igualdade de todos perante a lei.

• Garantia dos direitos sociais e o exercício da cidadania.

• O avanço institucional como meta da integração social da pessoa

com deficiência.

Pelo artigo 5º, parágrafo 2, da lei 8.112/90 e do artigo 93, da lei n.

8.213/91, considera-se:

Pessoa com deficiência, “aquela que apresenta, em caráter permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica, que geram incapacidade para o

desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano” (Artigo 3º, Decreto 914/93).

Causas e fatores de risco

Inúmeras são as causas e os fatores de risco que podem levar à

instalação da deficiência intelectual. É importante lembrar, entretanto, que

muitas vezes, mesmo com a utilização de sofisticados recursos diagnósticos,

não se chega a definir com clareza a causa da deficiência intelectual.

a- Fatores de risco e causas pré-natais: são aqueles que vão desde a

concepção até o início do trabalho de parto, e podem ser:

- desnutrição materna;

- má assistência à gestante;

- doenças infecciosas: sífilis, rubéola, toxoplasmose;

- tóxicos: alcoolismo,consumo de drogas, efeitos colaterais de medicamentos,

poluição ambiental, tabagismo;

- genéticos: alterações cromossômicas, ex. : Síndrome de Down,; alterações

gênicas, ex.: erros inatos do metabolismo (fenilcetonúria), , esclerose tuberosa,

etc.

b- Fatores de Risco e Causas Peri-natais: os que vão do início do trabalho de

parto até o 30º dia de vida do bebê, e podem ser divididos em: Má assistência

ao parto e traumas de parto; hipóxia ou anóxia; prematuridade e baixo peso.

Icterícia grave do recém nascido

c- Fatores de Risco e Causas Pós Natais: os que vão incidir do 30º dia de vida

até o final da adolescência e podem ser: desnutrição, desidratação grave,

carência de estimulação global; infecções: meningoencefalites, sarampo, etc.

intoxicações exógenas, remédios, inseticidas, produtos químicos; acidentes: de

trânsito, afogamento, choque elétrico, asfixia, quedas, etc. infestações:

neurocisticircose

Podem ser identificadas pelo atraso no desenvolvimento neuro-

psicomotor (a criança demora em firmar a cabeça, sentar, andar, falar).

Dificuldade no aprendizado (dificuldade de compreensão de normas e ordens,

dificuldade no aprendizado escolar).

Caracterização das deficiências:

• Deficiência sensorial –

Compreende a deficiência visual e auditiva:

- Deficiência visual – refere-se a uma perda total ou parcial da visão.

- Deficiência auditiva – refere-se à perda total ou parcial da audição.

• Deficiência múltipla –

- Refere-se a duas ou mais deficiências ao mesmo tempo numa pessoa.

Exemplo: Intelectual e física, surdez e cegueira.

• Deficiência da fala -

Refere-se a um padrão de fala limitada ou dificultosa.

Obs. Os termos, mudo e surdo-mudo são incorretos, pois, em geral, a

dificuldade de fala, dos surdos, é conseqüência da falta de audição.

• Deficiência intelectual -

Refere-se a um padrão intelectual reduzido e abaixo da média.

- Deficiência intelectual leve, moderada, severa ou profunda – são termos

que indicam dificuldades cognitivas.

• Deficiência física –

- Perda ou redução da capacidade motora. A deficiência física engloba

vários tipos de limitação motora:

Paraplegia- Paralisia total ou parcial da metade inferior do corpo,

comprometendo as funções das pernas. Causada, geralmente, por lesão da

medula espinhal ou por poliomielite.

Tetraplegia- Paralisia total ou parcial do corpo, comprometendo as funções

dos braços e pernas. Possui as mesmas causas da paraplegia.

Hemiplegia- Paralisia total ou parcial das funções de um só lado do corpo. As

causas são lesões cerebrais por enfermidade, golpe ou trauma.

Amputação- Falta total ou parcial de um ou mais membros do corpo.

Malformação congênita- Anomalia física desde o nascimento.

Paralisia cerebral- Termo amplo que designa um grupo de limitações

psicomotoras resultantes de uma lesão do sistema nervoso central. Apresenta

diferentes níveis de comprometimento, dependendo da área do cérebro

afetada. Nem toda pessoa com paralisia cerebral possui também deficiência

intelectual.

Sindrome de Down- Erro genético que se caracteriza principalmente por sinais

físicos e desenvolvimento motor e mental diferente, como diferentes são as

pessoas. Síndrome significa conjunto de sinais que caracterizam uma condição

e Down é o sobrenome do cientista que descreveu essa síndrome com

características.

No que se refere à pessoa com deficiência inserida no trabalho, e tendo

como princípio o respeito à dimensão ética do ser humano, independente de

suas dificuldades, a educação profissional de jovens e adultos na APAE de

Irati, fundamenta-se na contribuição de teóricos da psicologia e da educação,

como Vygotsky (1994), em relação aos aspectos históricos e socioculturais da

aprendizagem e do desenvolvimento, também vemos, ainda em Vygotsky

(1994), a importância da valorização da zona de desenvolvimento proximal nos

alunos com deficiência intelectual ou múltipla; Paulo Freire (1985), no que se

refere à pedagogia da liberdade, nos faz perceber o quanto a nossa sociedade

ainda é opressora, principalmente ao negar à pessoa com deficiência o direito

de descobrir-se como homem através do trabalho que pode exercer, e de

Howard Gardner(1995), na sua teorização sobre as inteligências múltiplas que

nos permite observar mais as habilidades dos alunos o que nos leva a

questionar a forma como cada um aprende. Baseiam-se ainda, na teoria dos

estilos de aprendizagem também de Gardner (1995), que referencia o modelo

cognitivo e de processamento de informação.

A intervenção na OPT justifica-se pelo princípio do respeito à dimensão

ética do ser humano, independente de suas limitações.

- Considerando o Decreto 3298/99, que regulamenta a política nacional para a

integração da pessoa portadora de deficiência, ao tratar do acesso ao trabalho

e dispõe também sobre o trabalho protegido. A preocupação quanto a este

modelo é de que as pessoas não fiquem isoladas, pois nosso propósito é a

criação de oportunidades às pessoas mais comprometidas, que poderão ficar

alienadas devido a gravidade de suas deficiências. Desta forma, a interação

proporcionada pela OPT, é considerada benéfica, podendo elevar sua auto-

estima.

O processo de Educação Profissional da APAE de Irati segue o princípio

de identificar potencialidades e interesses da pessoa com deficiência e oferecer

programas de educação profissional na seqüência de três etapas conforme o

Plano orientador para gestores e profissionais - Educação Profissional e

Trabalho para pessoas com Deficiência Intelectual ou Múltipla da Federação

Nacional das APAEs.

1. PROGRAMA DE INICIAÇÃO PARA O TRABALHO

No programa de iniciação para o trabalho, são desenvolvidas ações

voltadas para atividades práticas de trabalho que revelarão as potencialidades,

aptidões e interesses do aluno para o exercício de uma atividade profissional.

Esta etapa envolve a avaliação inicial para o trabalho e a pré-

profissionalização.

1.1 PROGRAMA DE AVALIAÇÃO INICIAL PARA O TRABALHO

A avaliação inicial para o trabalho deve ser realizada por uma equipe

multidisciplinar, tendo em vista a pesquisa de potencialidades, interesses

profissionais e o nível acadêmico do aluno, procurando assim, encaminhá-lo

para atividades que melhor respondam às suas necessidades acadêmicas,

profissionais ou ocupacionais, sensibilizando-o para o bom desempenho da

tarefa laboral.

1.2 PROGRAMA DE PRÉ-PROFISSIONALIZAÇÃO

O programa de pré-profissionalização consiste em oferecer ao educando,

maior variedade de experiências de trabalho em atividades práticas,

complementares e acadêmicas para que, pela vivência, possa definir seu

interesse e desenvolver suas capacidades e potencialidades ocupacionais.

2. PROGRAMA DE QUALIFICAÇÃO/HABILITAÇÃO PROFISSIONAL

A etapa de qualificação e habilitação profissional caracteriza-se pelo seu

objetivo qualificador de mão de obra do portador de deficiência intelectual para

o emprego, que varia muito em decorrência do contexto regional.

A qualificação profissional possui duas modalidades:

* Treinamento para o trabalho: Agências Formadoras, Oficinas

Protegidas de Produção.

* Treinamento em estágio: Empresas e Oficinas Protegidas de produção.

3. PROGRAMA DE COLOCAÇÃO NO TRABALHO

A colocação no trabalho é a inserção do educando em atividades

laborativas, considerando sua condição física, aspirações pessoais, o nível de

escolaridade e de qualificação profissional, assim como as possibilidades de

colocação existentes na comunidade.

Esta etapa prevê três alternativas de inserção profissional:

• Mercado competitivo

• Mercado competitivo apoiado – modalidade individual e modalidade

equipe itinerante

• Trabalho autônomo

Atividades Complementares

2.4.1 Educação física e educação artística e educação musical

2.4.2 Orientação sexual

2.4.3 Desporto, lazer e cultura.

4. PROJETOS ESPECIAIS

Estes projetos especiais são destinados ao jovem, adulto e ao idoso,

quando necessitam de apoio constante ou temporário em diferentes áreas. De

modo geral, os alunos indicados para os projetos especiais apresentam

necessidades mais acentuadas de aprendizagem e limitações no

desenvolvimento prejudicando sua interação no ambiente físico e social. Estes

projetos especiais necessitam de formas especializadas de atendimento e

apoios apropriados. Portanto, não é um projeto estático, onde o aluno não vai

apresentar progresso, a intenção é promover as capacidades da pessoa

independente da gravidade de sua condição.

4.1 OFICINAS PROTEGIDAS TERAPÊUTICAS

A oficina protegida terapêutica destina-se a alunos que não têm

condições de ser inseridos no mercado de trabalho em razão da gravidade de

sua deficiência. O atendimento do aluno neste programa pode ser transitório

e/ou permanente.

O Decreto nº 3.298/99 em seu artigo 35 define oficina protegida

terapêutica como:

(...) a unidade que funciona em relação de dependência com entidade pública ou beneficente de assistência social, que tem por objetivo a integração por meio de atividades de adaptação e capacitação para o trabalho de adolescente ou adulto que devido ao seu grau de deficiência, transitória ou permanente, não possa desempenhar atividade laboral no mercado competitivo de trabalho ou em oficina protegida de produção. Dirigida a pessoas com deficiência mental com graves distúrbios de conduta e que não apresentam autonomia para realizar atividades de vida diária precisando de supervisão constante. Esses serviços incluem atividades educativas, reabilitadoras, terapia educacional e assistencial (BRASIL, 1999, p. 261).

A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – Diretrizes e Bases da

Educação Nacional em seu artigo 59, inciso IV diz que, os sistemas de ensino

assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

(...) educação especial para o trabalho, visando à sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulações com os órgãos afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora.

Este programa procura desenvolver conteúdos voltados para atividades

de vida diária, prática acadêmica, ocupacionais, artística, física, cultural,

esportiva e de lazer.

Conteúdos:

Área Acadêmica:

1. Português

• Alfabetização - leitura e grafia do pré-nome, alfabeto, leitura e escrita de

rótulos, leitura incidental de frases curtas, interpretação de pequenos

textos com significado prático dentro da realidade vivenciada pelo

aprendiz no processo de educação profissional.

2. Matemática

• Conhecimento dos numerais e noções de quantidade.

• Figuras geométricas.

• Conhecimento e utilização do dinheiro.

• Noções sobre resolução das quatro operações fundamentais.

• Interpretação oral e resolução de problemas matemáticos fundamentais

a situações referentes ao seu cotidiano.

• Leitura do relógio.

• Noções de unidade, dezena e centena.

• Noções de medidas convencionais (metade, dúzia, kg, litro, metro, etc).

3. Ciências

• Hábitos de higiene.

• Alimentação

• Água, ar e solo (importância para a saúde)

• Ser humano

• Seres vivos (animais e plantas) caracterização e utilidade.

• Meio ambiente

Preservação

Reciclagem, reutilização e redução do lixo.

Importância das ações coletivas para a melhoria do meio

ambiente

Poluição ambiental

• Educação sexual

4. História

• História do aluno.

• Datas comemorativas.

• Meios de transporte.

• Meios de comunicação

• Família

• Escola

5. Geografia

• O aluno e meio ambiente

• A escola

• A comunidade

• O meio onde vivemos.

6. Habilidades básicas para o trabalho

7. Segurança higiene e saúde no trabalho

- Noções de primeiros socorros

- Prevenção de acidentes

- Vestuário

- higiene pessoal

- Doenças

- Cuidados com materiais, equipamentos e local de trabalho.

- Noções de organização

8. Documentação essencial do trabalhador

- Importância do documento

- RG, CPF, Carteira de trabalho, Título de eleitor...

- Cuidados necessários com os documentos.

9. Noções sobre legislação trabalhista

- Jornada de trabalho

- Direitos e deveres

- Faltas

- Férias

- Licenças

Conteúdos desenvolvidos na Oficina Protegida Terapêutica - APAE RURAL

1. Projeto Piá das Flores. (este projeto baseia-se na produção, cultivo e

comercialização de flores, plantas ornamentais e produção de mudas de

árvores nativas).

2. Horticultura

3. Agricultura

4. Fruticultura

5. Pecuária

6. Jardinagem

Descrição do desenvolvimento do trabalho

• Preparo da terra com mistura de adubo orgânico e demais componentes

para enchimento de pacotes que serão utilizados na repicagem das

plantas.

• Cultivo (semeadura e repicagem) das seguintes variedades de flores:

amor perfeito, boca de leão, celósia, salvia, petúnia, tagets, cravina,

alisson, beijinho.

• Plantio por estaquias das seguintes espécies: pingo de ouro, hortência,

lanterna japonesa, alamanda, glicínia, hibisco, roseiras, etc.

• Plantio de árvores nativas.

• Domínio da técnica de regar as plantas nas diversas fases do

crescimento.

• Envolvimento dos alunos nas tarefas de comercialização de flores, terra

com adubo orgânico, verduras e na aquisição e rações, fertilizantes,

insumos, etc, oportunizando uma maior integração dos mesmos na

comunidade.

• Participação nas diversas etapas do cultivo de milho, mandioca, batata,

abóbora, etc.

• Trabalho com atividades de preparo de canteiros, manuseio de

ferramentas, coleta de esterco e preparação de compostagem, controle

de ervas daninhas e colheita de verduras e legumes para consumo

interno e comercialização.

• Participação no trabalho de manejo de animais com tarefas de limpeza

de galinheiros, chiqueiros e estábulo, corte de pasto, moagem de milho

e preparação de ração, coleta de ovos, ordenha, etc.

• Atividades de preparação de covas, pantio de mudas, limpeza de

pomares e colheita de frutas.

• Manutenção de jardins e bosques, através de corte de grama, coleta de

paus e folhas, poda de arbustos, reposição de flores conforme a estação

do ano.

• Lazer: Caminhadas ecológicas, prática de natação, pescarias, gincanas

e outras atividades recreativas.

REALIZAÇÃO DA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A realização de oficinas juntamente com os pais teve a intenção de

atender uma necessidade de interação familiar, que, já prevendo as mudanças

que estão por vir quanto à educação para o trabalho em entidades

assistenciais, assim proporcionou-se condições para que estas famílias

observem as habilidades de seus filhos e assim acreditem que é possível em

um trabalho conjunto criar, em suas casas, maneiras de gerar renda,

trabalhando em parceria com seus filhos.

- Nessa proposta procurou-se reunir pessoas com deficiência e seus familiares,

com os mesmos interesses sociais, econômicos, culturais e educacionais, para

desenvolverem ações de trabalho. Buscando apoio nas teorias de Vygotsky

(1994), quando faz referência às relações sociais como determinantes da

formação pessoal e profissional. Espera-se, portanto que da mesma forma

aconteça na Oficina Protegida Terapêutica ,o grupo se fortaleça, resultando na

eficácia e no sucesso do trabalho. As atividades de plantio de árvores, flores e

demais atividades propostas, foram desenvolvidas durante uma semana,

exclusivamente como atividades própria da área.

- Uma vez por mês, foram reunidos alunos e familiares para palestras, cursos e

oficinas interativas, procurando propiciar um ambiente inclusivo, com

experiências direcionando-as à aquisição de atitudes e hábitos de trabalho que

passem a fazer parte do seu dia-a-dia.

Nas palavras de Abranches (1994), “no mundo contemporâneo, o

trabalho ocupa a centralidade de nossa sociedade, ou seja, o homem se torna

um ser social à medida que se identifica como trabalhador”.

Para a pessoa com deficiência, as chances de emprego são dificultadas

pela baixa escolaridade e comprovação de competências, assim a escola se

presta a oferecer, tanto para o aluno quanto para sua família, informações

sobre alternativas que possam se transformar em fonte e emprego e renda

para a família, como a coleta seletiva de lixo, reciclagem, possibilitando um

desenvolvimento das pessoas como um ser social e produtivo.

Ao final do primeiro semestre de 2009, depois de cumprida a primeira

etapa houve, uma melhoria na qualidade de vida dos familiares, despertando-

os individual e coletivamente para uma vida mais saudável e o entendimento

de que pode haver continuidade em seus lares, dos conhecimentos adquiridos,

em conjunto com seus filhos.

Com esta proposta a escola fortalece sua prática e inicia seu agir

voltado-se para a família, com ações que levam informações capazes de

modificar e transformar atitudes, conceitos, fundamentados nas vivencias com

atividades desenvolvidas pelo aluno dentro da própria instituição.

OFICINAS

OFICINA I

PRODUÇÃO DE ADUBO ORGÂNICO ATRAVÉS DE RESTOS DE

ALIMENTOS

Segundo Mokiti Okada( 1882-1955), fundador da religião que originou a

Igreja Messiânica e que em 1935 propôs um sistema de produção agrícola que

tornasse a natureza um modelo, corrente esta chamada “agricultura natural”, a

harmonia e prosperidade entre os seres vivos é fruto da conservação do

ambiente natural, a partir da obediência às leis da natureza. - Através do

princípio da reciclagem dos recursos naturais presentes na propriedade

agrícola, o solo se torna mais fértil pela ação benéfica dos microorganismos

(bactérias, fungos) que decompõem a matéria orgânica liberando nutrientes

para as plantas. Assim, o solo, o alimento e o ser humano recuperam a saúde

e a vitalidade.

É o princípio: solo sadio - plantas e animais sadios - ser humano sadio, válido

para a corrente natural e para todas as outras modalidades agrícolas.

Com base no princípio de sustentabilidade, adotar práticas de

reaproveitamento e reciclagem de acordo com o levantamento dos tipos de

resíduos produzidos na escola e na casa dos alunos. O “lixo” orgânico (da

cozinha) será usado para fazer adubo pelo processo de compostagem, que,

por sua vez, é utilizado no cuidado da horta e dos jardins. Os produtos da horta

voltam para a cozinha e o ciclo se inicia novamente. Os alunos e os pais

participaram de todos os processos levando o aprendizado para casa, fazendo

a compostagem e, preparando suas hortas contribuindo então para o sustento

da família.

OFICINA II

CULINÁRIA ALTERNATIVA- APROVEITAMENTO DE FOLHAS CASCAS E

TALOS DE LEGUMES, VERDURAS E CASCAS DE FRUTAS.

CULINÁRIA ALTERNATIVA

A quantidade de vitaminas, sais minerais e proteínas que estão

concentradas nas cascas e folhas das hortaliças, na maioria dos casos são

superiores do que na parte normalmente utilizada.

Ao falarmos em aproveitar alimentos, estamos falando de pequenas atitudes

em nosso dia a dia.

Por falta de informação, muitas vezes sem perceber, estamos jogando fora

muitos produtos que poderiam ser utilizados. Folhas externas do repolho

(folhas verdes) normalmente são descartadas. A folha mais externa do repolho

deve ser descartada, devido á utilização de agrotóxicos. As demais folhas

verdes, podem ser utilizadas em sopas, molhos, refogados, etc. Caso a

preparação seja a partir de repolho orgânico todas as folhas deverão ser

aproveitadas. Talos e ramas das hortaliças podem ser utilizadas:

-Talos de salsinha adicionados a diversos tipos de pratos, sopas por exemplo.

-Ramas de cenoura transformam-se em bolinhos, tortas, sopas.

-Rama de rabanete ou nabo pode ser feita com shoyu e azeite.

-Rama de beterraba transforma-se em refogado, e é laxante.

-Talo de couve pode fazer parte da torta de legumes ou sopa.

Alguns tipos de cascas de frutas ou legumes podem ser utilizados na culinária,

em diversas preparações como:

- Casca de banana pode ser ingrediente de um bolo delicioso.

- Casca de limão pode ser ralada e congelada, enriquecendo posteriormente o

sabor de pães, bolos, chás, etc.

- Casca de laranja pode ser transformado em doce cristalizado ou licor.

- Casca de abacaxi pode virar suco.

Foram realizadas oficinas explicativas e demonstrativas através de mini-

cursos sobre o reaproveitamento de cascas e talos de alimentos que seriam

descartados, com a participação dos pais e os alunos, para que estas práticas

sejam levadas para suas casas, proporcionando melhora na alimentação do dia

a dia, economia doméstica e criatividade. Utilizando-se de interdisciplinaridade

como fator de ampliação de conhecimentos esta atividade foi desenvolvida de

modo conjunto com a professora PDE, Cleonice Alessi Glinski, que em seu

projeto “Prevenção de deficiências”, expôs a preocupação com o déficit

nutricional. Ambos os projetos enfatizaram a necessidade de uma boa

alimentação a fim de propiciar uma vida mais saudável para as famílias. Houve

também participação da comunidade e Pastoral da Criança.

OFICINA III

RECILAGEM E COLETA SELETIVA DE LIXO

A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que desvia do

destino em aterros sanitários ou lixões, resíduos sólidos que poderiam ser

reciclados.

Não se pode ignorar que o lixo continua existindo depois que o jogamos

na lixeira e os alunos precisam estar conscientes disso, sendo orientados para

dar um destino adequado ao mesmo. Não existe maneira de não produzir lixo,

mas podemos diminuir essa produção, reduzindo o desperdício, reutilizando

quando e separando os materiais recicláveis para a coleta seletiva.

- A coleta seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que retira dos

aterros sanitários ou lixões, resíduos sólidos que poderiam ser reciclados. Com

tal procedimento, alguns objetivos importantes são alcançados: a vida útil dos

aterros sanitários é prolongada e o meio ambiente estará sendo menos

contaminado. Além disso, o uso de matéria prima reciclável diminui a extração

dos nossos tesouros naturais. Uma lata velha se transforma em uma lata nova,

papel velho em papel novo, e assim por diante.

No Brasil existe coleta seletiva em cerca de 135 cidades, de acordo com o

professor Sabetai Calderoni (autor do livro Os Bilhões Perdidos no lixo Ed.

Humanitas-1999). Na maior parte dos casos, a coleta é realizada pelos

Catadores das cooperativas.

Estes sistemas de coleta seletiva podem ser implantados nas casas dos

alunos, onde os pais podem gerar renda para a família.

A participação nas palestras realizadas com pessoas que fazem parte de

cooperativas de catadores de lixo de Irati, teve o objetivo de oferecer

informações sobre o processo de reciclagem e assim despertar o interesse dos

mesmos, para esta possibilidade de geração de renda e conscientização do

compromisso de cidadania responsável.

OFICINA IV

“FAZENDO ARTE”

O propósito desta oficina foi incentivar os pais através de uma prática

educativa, produtiva e transformadora sobre o reaproveitamento do material

que descartamos, pois devemos ter consciência da riqueza que jogamos no

lixo. Conhecendo possibilidades e técnicas transformadoras, a are constituiu-se

em recurso prazeroso e renovador, provocando a criatividade dos participantes.

Através deste trabalho pretendeu-se que alunos e pais tomassem

consciência da influencia na realidade do ambiente em que vivem. Com as

atividades oportunizou-se a iniciativa para levantar a auto-estima, desenvolver

potencial criativo, adquirir mais conhecimento, podendo se utilizar dele para

gerar renda.

Foram realizados cursos de reciclagem de latas, através de pintura e

decopagem, para os pais e educandos, ensinando a reaproveitar o lixo,

transformando-o em arte, esperando contribuir para a obtenção de resultados

positivos no meio familiar, motivando a intervenção na qualidade na ambiência

do lar.

MODO DE FAZER

Pode ser utilizado em: latão, alumínio e galvanizado.

1° - Retirar rótulo e qualquer vestígio da cola;

2° - Lavar c/detergente e secar bem ao sol ou forno baixo;

3° - Passar tinta Primer/antiferrugem a base água o u solvente na cor branca.

Deixe secar de um dia para o outro. Passar duas demãos;

4° - Tampa plástica: passar goma laca incolor, duas demãos. Pintar c/tinta

(PVA ou acrílica);

5° - Pintar a lata na cor desejada com tinta PVA ou acrílica e aplicar a técnica

de pintura, que pode ser esponjado, chuvisco, manchado etc;

6° - Decorar a seu gosto. Decoupagem c/papel: usar a cola rótulo azul, diluída

com água, guardanapo, usar cola específica e ter os cuidados na aplicação do

mesmo;

7° - Passar verniz, acrílico, geral, goma laca inco lor ou spray à base água ou

solvente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Nossa Escola, escola de educação especial mantida pela APAE- Irati,

vem aprimorando sua proposta educacional com serviços diversificados. As

atividades práticas com o objetivo de desenvolver uma ação pedagógica

apropriada, busca desenvolver competências e conhecimentos gerais,

essenciais para o trabalho, investindo na construção de uma cidadania

participativa. Considera-se para efeito de análise dos resultados do processo

desenvolvido na oficina protegida terapêutica, a maior e melhor aceitação da

pessoa com deficiência por parte da família e da sociedade, a melhoria na

qualidade de vida, na relação social, familiar e pessoal. A partir das

concepções apresentadas, o aluno com deficiência sai da condição de incapaz

para a de sujeito participativo, assim tornando-se parceiro dos familiares,

estabelecendo uma relação de confiança mútua e parceria entre pais e filhos.

Assim sendo a “Nossa Escola”, com a efetivação desta proposta, deu

oportunidade, a pais e alunos, para que tomem consciência de que podem

melhorar a realidade do meio em que vivem, elevando a qualidade relacional

com o ambiente em que vivem. Ainda, foi possível adquirir alternativas de vida

que poderão levantar a auto-estima, desenvolver potencial criativo, aquisição

de conhecimentos, podendo investir na geração de renda e melhoria pessoal.

Com este trabalho não se teve a pretensão de dizer que a escola

especial possa arcar com os problemas sociais que afastam a pessoa com

deficiência intelectual, apesar da existência de legislação que o ampare do

mundo do trabalho. Espera-se que as famílias se conscientizem do seu papel e

auxiliem a melhorar sua realidade, trabalhando em conjunto com seus filhos,

descobrindo novas opções de realização do grupo familiar, gerando renda e

melhorando a qualidade de vida com iniciativas propositivas.

O mundo do trabalho oferece vagas e mais vagas, segundo legislação

vigente, mas pede em troca capacitação, qualificação, escolarização, e o

trabalhador que possua deficiência intelectual mais acentuada vai sempre ficar

à margem da sociedade?

Vamos ficar esperando piedade, caridade dos empregadores que irão

contratar por contratar ou para simplesmente cumprir a legislação ou vamos

ajudar nossos alunos a participarem do mundo do trabalho pela valorização de

sua capacidade, buscando a colocação no mundo do trabalho compartilhada

com a família e não a falsa empregabilidade pura e simplesmente.

“Acredito que para um zeloso trabalhador sempre haverá um lugar, por

mais modesto que seja, entre as fileiras da humanidade laboriosa” Sigmund

Freud (1856-1939).

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