Olavo Bilac

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O que podemos perceber no poema acima é que o autor era um grande admirador da Língua Portuguesa, símbolo de um movimento literário conhecido como Parnasianismo, que pretende romper com o movimento anterior no que diz respeito ao sentimentalismo exacerbado, a linguagem simples. Procurava-se com esse movimento enaltecer a tradição clássica erudita. Com esse poema de Olavo Bilac, conhecemos como se deu o processo de origem e entrada da Língua Portuguesa no território brasileiro. Logo nas primeiras linhas, o autor nos remete à origem, evidenciando o seu nascimento na região do Lácio – Itália. Lugar em que se falava o latim vulgar, pista que ele nos concede em seguida, ao afirmar que se trata de uma língua “inculta”, mas ainda assim, bela. O segundo verso conota o nascimento de uma Língua em detrimento da morte de outra, ou seja, a gênese da Língua Portuguesa, enquanto o Latim ia morrendo. Há, ainda, alguns autores que afirmam esse termo sepultura tratar-se do fato de a Língua Portuguesa ser isolada das demais formadas pelo latim, no entanto, por compreender que o autor utilizou-se de paradoxos em todo o poema, preferimos a primeira interpretação. Os próximos versos, também recheados de paradoxos, nos trazem a ideia de uma língua que, assim como um metal precioso, estava sendo descoberta na mina e deveria ser lapidada a fim de chegar à preciosidade. Pelo fato de ser desconhecida, o autor compara-a com instrumentos musicais de alto som, tiros de canhão, ao mesmo tempo que traz a ideia de canções de ninar e assobios. Em relação a como a Língua pode chegar até aqui, o poema traz a informação de que foi através de um oceano largo – a viagem de Portugal até aqui - e em território brasileiro, a língua adquire mais um aroma – o das selvas virgens – Florestas brasileiras que ainda precisavam ser desbravadas, assim como a nova língua. Idioma rude e doloroso, pois, ao desbravar a nova terra, foi imposto e destruiu a cultura de outros povos. Utilizando-se de uma expressão fora da norma, o autor escreve: “meu filho” talvez por querer mostrar que apesar de ser uma língua desconhecida, imposta por meios nem sempre amigáveis,

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Análise do poema Língua Portuguesa

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O que podemos perceber no poema acima que o autor era um grande admirador da Lngua Portuguesa, smbolo de um movimento literrio conhecido como Parnasianismo, que pretende romper com o movimento anterior no que diz respeito ao sentimentalismo exacerbado, a linguagem simples. Procurava-se com esse movimento enaltecer a tradio clssica erudita.Com esse poema de Olavo Bilac, conhecemos como se deu o processo de origem e entrada da Lngua Portuguesa no territrio brasileiro. Logo nas primeiras linhas, o autor nos remete origem, evidenciando o seu nascimento na regio do Lcio Itlia. Lugar em que se falava o latim vulgar, pista que ele nos concede em seguida, ao afirmar que se trata de uma lngua inculta, mas ainda assim, bela.O segundo verso conota o nascimento de uma Lngua em detrimento da morte de outra, ou seja, a gnese da Lngua Portuguesa, enquanto o Latim ia morrendo. H, ainda, alguns autores que afirmam esse termo sepultura tratar-se do fato de a Lngua Portuguesa ser isolada das demais formadas pelo latim, no entanto, por compreender que o autor utilizou-se de paradoxos em todo o poema, preferimos a primeira interpretao.Os prximos versos, tambm recheados de paradoxos, nos trazem a ideia de uma lngua que, assim como um metal precioso, estava sendo descoberta na mina e deveria ser lapidada a fim de chegar preciosidade. Pelo fato de ser desconhecida, o autor compara-a com instrumentos musicais de alto som, tiros de canho, ao mesmo tempo que traz a ideia de canes de ninar e assobios.Em relao a como a Lngua pode chegar at aqui, o poema traz a informao de que foi atravs de um oceano largo a viagem de Portugal at aqui - e em territrio brasileiro, a lngua adquire mais um aroma o das selvas virgens Florestas brasileiras que ainda precisavam ser desbravadas, assim como a nova lngua.Idioma rude e doloroso, pois, ao desbravar a nova terra, foi imposto e destruiu a cultura de outros povos.Utilizando-se de uma expresso fora da norma, o autor escreve: meu filho talvez por querer mostrar que apesar de ser uma lngua desconhecida, imposta por meios nem sempre amigveis, ainda assim, carrega consigo a ternura de uma me, que age sempre pensando em estar fazendo o melhor.No podia faltar nesse poema tambm, a clebre figura de Cames, um dos expoentes da Lngua Portuguesa, que ao escrever Os lusadas tornou-a conhecida e consolidada no restante do mundo.