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1º TRIMESTRE • 2011• Nº 294 Como lidar melhor com o sofrimento

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1º TRIMESTRE • 2011• Nº 294

Como lidar melhor com o

sofrimento

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Em 2011, este é o alvo:

Contatos Missionários8Chegamos a 2011 e o desafio é colher

o bendito fruto do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

de contatos missionários

Alvo geral

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MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA

Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através do ensino e da prática da palavra de Deus.

——— ——— ——— ——— ——— ——— ——— ———— ———

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Copyright © 2011 – Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial

ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

REDAÇÃO

Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo MTb. 24.465

Redação e preparação Alan K. Pereira Rocha, Edney Rodrigues Brito, Eleilton William de Souza Freitas, Genilson S. da Silva, Jailton Sousa Silva, Valdeci Nunes de Oliveira, Virginia Ronchete David.

Revisão de textos Eudoxiana Canto Melo

Editoração Farol Editora

Capa Marco Murta

EXPEDIENTE

REDAÇÃO – Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro – São Paulo – SP – CEP 01014-030Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3107-2544 – www.portaliap.com – [email protected]

REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS1º TRIMESTRE – 2011 – Nº 294

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ

Diretor Genilson S. da Silva

Conselho Editorial Adelmilson Júlio Pereira Aléssio Gomes de Oliveira Edney Rodrigues Brito Fernando dos Santos Duarte Genilson S. da Silva Gilberto Fernandes Coêlho José Lima de Farias Filho Manoel Pereira Brito Otoniel Alves de Oliveira Sebastião Lino Simão Valdeci Nunes de Oliveira

de originais

Seleção de hinos Silvana A. de Matos Rocha

Leituras diárias Alan K. Pereira Rocha

Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141

Assinaturas Informações na página 120

Impressão

Gráfica Regente Av. Paranavaí, 1146 – Maringá, PR Fone: (44) 3366-7000

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SUMÁRIO

ABREVIATURAS 4

APRESENTAÇÃO 5

1 Sofrimento e Satanás 7

2 Sofrimento e Adoração 16

3 Sofrimento e Apostasia 24

4 Sofrimento e Consolo 33

5 Sofrimento e Desabafo 41

6 Sofrimento e Suicídio 49

7 Sofrimento e Inocência 58

8 Sofrimento e Esperança 67

9 Sofrimento e Abandono 75

10 Sofrimento e Soberania 83

11 Sofrimento e Sabedoria 92

12 Sofrimento e Nostalgia 101

13 Sofrimento e Mudança 110

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ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIAUTILIZADAS NAS LIÇÕES

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES

ANTIGO TESTAMENTOGênesis GnÊxodo ExLevítico LvNúmeros Nm Deuteronômio DtJosué JsJuízes JzRute Rt 1 Samuel 1 Sm 2 Samuel 2 Sm1 Reis 1 Re2 Reis 2 Re1 Crônicas 1 Cr 2 Crônicas 2 CrEsdras Ed Neemias NeEster EtJó JóSalmos SlProvérbios PvEclesiastes EcCantares CtIsaías IsJeremias JrLamentações LmEzequiel Ez Daniel DnOséias OsJoel JlAmós AmObadias Ob Jonas JnMiquéias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

NOVO TESTAMENTOMateus MtMarcos McLucas LcJoão JoAtos AtRomanos Rm1 Coríntios 1 Co2 Coríntios 2 CoGálatas Gl Efésios EfFilipenses Fp Colossenses Cl 1 Tessalonicenses 1 Ts 2 Tessalonicenses 2 Ts1 Timóteo 1 Tm2 Timóteo 2 TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago Tg1 Pedro 1 Pe2 Pedro 2 Pe1 João 1 Jo2 João 2 Jo3 João 3 JoJudas JdApocalipse Ap

ARA – Almeida Revista e AtualizadaARC – Almeida Revista e CorrigidaAS21 – Almeida Século 21ECA – Edição Contemporânea de AlmeidaNVI – Nova Versão Internacional

KJA –Tradução King James AtualizadaBV – Bíblia VivaBJ – Bíblia de JerusalémTEB – Tradução Ecumênica da BíbliaNTLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje

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APRESENTAÇÃO

É segunda-feira. O despertador toca anunciando que já está na hora de você se arrumar para ir trabalhar. Você não quer, mas tem de se le-vantar. A sua mesa está cheia de coisas para serem resolvidas. O tempo gasto entre a sua casa e o local onde você trabalha é curto. Você chega logo. Acha estranho o que vê: as portas da empresa estão fechadas. Pela hora, já era para estarem abertas. Você se aproxima e vê um comunicado fixado na parede. Não acredita no que está escrito. A empresa fechou as portas. Faliu. Você, de uma hora para outra, ficou desempregado.

Sem poder obter maiores informações sobre a falência, você resol-ve dirigir-se ao banco onde tem conta, para sacar dinheiro e pagar as suas contas a vencer: prestações da casa, o financiamento do carro, a mensalidade da escola das crianças. Tira o extrato para ver se o saldo é suficiente. Leva um susto. Você não tem um real sequer em conta. Você é mais um dos clientes que teve todo o dinheiro sacado por uma quadrilha especializada em clonar cartões. Sem emprego, sem dinheiro, você não tem mais nada o que fazer. Volta para a sua casa com a cabeça quente.

À medida que chega perto de casa, você nota uma movimentação fora do comum de viaturas da polícia e do corpo de bombeiros. Assim que o vê, uma de suas vizinhas corre em sua direção, dizendo aos prantos: “Não deu tempo... não deu. Foi rápido”. Sem saber ainda do que se trata, você pergunta: “Não deu tempo? O que aconteceu?” Então, descobre que o botijão de gás da sua casa explodiu, incendiando tudo. Nenhum dos seus filhos foi resgatado com vida. Só a sua esposa, que estava fora de casa no momento do acidente, sobreviveu. O tempo passa.

Certo dia, você acorda e nota que está em um quarto de hospital. Nota que o seu corpo está todo coberto de feridas, da sola dos pés ao couro cabeludo. A coceira é insuportável. O horário de visita chega. A sua vonta-de é de não receber ninguém. A sua esposa chega bem no momento em que você está lendo a sua Bíblia. Ela olha para você e com o dedo em riste, grita: “Eu não compreendo essa sua reação. Perdemos tudo: casa, filhos, emprego, dinheiro, saúde, paz. Tudo. E você fica aí lendo essa sua Bíblia. Eu não aguento ver você desse jeito. Rasgue esse livro, rompa com o seu Deus e se mate!” Ela sai do quarto, logo depois de você a chamar de louca.

Assim que ela sai, entram alguns amigos seus. Vieram de longe só para se solidarizar com você. O olhar deles é de choque. Não conseguem

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dizer uma só palavra. Você lamenta, em alto e bom som, por tudo. Diz que preferiria morrer a viver. Eles só ouvem. Depois de algum tempo, um deles abre a boca e diz: “Você merece isso que está passando. É isso que acontece com quem comete maldades”.

E aí, conseguiu sentir o drama? Pois é, esse drama foi sentido de ma-neira ainda mais intensa por um homem da terra de Uz, cujo nome era Jó. A sua história de sofrimento está registrada no livro que leva o seu nome. As lições desta nova série, que tratam de sofrimento e satanás, adoração, apostasia, consolo, desabafo, suicídio, inocência, esperança, abandono, soberania, sabedoria, nostalgia e mudança, e que chegam agora às suas mãos, baseiam-se inteiramente nele. Jó, definitivamente, não era um homem qualquer. Deus mesmo disse, não uma, mas duas vezes, que ninguém havia, na terra, semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal. Jó é uma prova clara de que quem serve e teme a Deus sofre, e sofre muito.

Ele é um exemplo poderoso de que, doenças, perdas, pobreza, crises não são sinônimos de falta de fé em Deus ou resultados de algum peca-do pessoal direto. Quem pensa assim, está mais para Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú do que propriamente para Jó. Mas o homem de Uz é também uma prova maravilhosa de que, mesmo sem dinheiro e saúde, é possível ser fiel a Deus. Que as lições deixadas por esse homem de incrível integrida-de pessoal e heróica perseverança espiritual nos ajudem a lidar melhor com o sofrimento.

Que Deus abençoe o nosso ano novo!

Glória a ele, agora e para sempre! Amém.

Pr. Genilson S. da SilvaDiretor do Departamento de Educação Cristã

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TEXTO BÁSICO: O Senhor disse a Satanás: — Pois bem. Faça o que quiser com tudo o que Jó tem, mas não faça nenhum mal a ele mesmo. (Jó 1:12 – NTLH)

INTRODUÇÃO: É assim que começa o livro de Jó: Na terra de Uz vivia um homem chamado Jó (Jó 1:1). Este livro recebeu este nome em home-nagem ao seu herói, e não por causa do seu autor.1 Quando foi escrito, Jó não estava mais vivo. Por que, então, anos depois de sua vida sobre a terra, alguém resolve escrever sobre ele? A resposta é óbvia: este homem deixou um legado incrível. Apesar de ser tão humano quanto o mais humano dos humanos, suas atitudes diante do sofrimento mostraram o quanto Jó era singular. A sua história é a base desta e de todas as lições que se seguirão. Temos muito a aprender com ele. Na presente lição, analisaremos qual a relação de Satanás com o sofrimento de Jó e com o sofrimento de forma geral.

1. Os nomes preferidos pelos estudiosos para autor do livro de Jó são os de Moisés e Salomão.

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Domingo, 26 de dezembro: .........Jó 1:1-12Segunda, 27: ................................... Jó 1:13-22Terça, 28: ..............................................Jó 2:1-10Quarta, 29: ....................................... Jó 2:11-13Quinta, 30: ..........................................Jó 3:1-10Sexta, 31: ......................................... Jó 3:11-19Sábado, 1 de janeiro: .................. Jó 3:20-26

Mostrar que a atuação de Satanás, nosso opositor, é concreta; que seu caráter é detestável; e que ele pode, sim, nos causar algum tipo de sofrimento, mas suas ações estão debaixo da autoridade divina.

1 JAN 2011

1Hinos sugeridos: BJ 88 / BJ 128

Sofrimentoe Satanás

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Em 5 de agosto, um desmoronamento na mina San José, em Copiapó, deixou 33 trabalhadores presos em uma galeria a qua-se 700 m de profundidade. Após 17 dias, as equipes de resgate conseguiram contato com o grupo e descobriram que estavam todos vivos por meio de um bilhete enviado à superfície. A partir daí, começou a operação para retirá-los da mina em segurança. A escavação do duto que alcançou os mineiros durou 33 dias. (...) Concluída esta etapa, as equipes de resgate decidiram reves-tir o duto - ainda que parcialmente - para aumentar a segurança antes de retirá-los. (...)

Depois de muitos testes, o esforço final de resgate teve início às 23h19 de terça-feira, 12 de outubro, (...) e durou menos de 24 horas. Os trabalhos terminaram às 21h55 da quarta-feira, dia 13. A missão durou pouco menos da metade do tempo estimado pelas autoridades, que era de 48 horas. Os trabalhadores foram içados dentro da cápsula Fênix II, que tem 53 cm de diâmetro. Durante todo o percurso de subida, eles tinham suas condições de saúde monitoradas, usaram tubos de oxigênio e se comu-nicaram com as equipes da superfície por meio de microfones instalados nos capacetes. (...)

O segundo mineiro retirado da galeria a 700m de profundi-dade na mina San José, em Copiapó, é Mario Sepúlveda Espi-nace. O eletricista saiu da cápsula muito emocionado, carre-gando uma sacola com “presentes” do fundo da mina. “Estive com Deus e com o diabo. Os dois brigaram e Deus venceu”, disse ele ao deixar a mina, segundo a BBC Brasil. “É incrível que, a 700 metros de altura, e sem nos ver frente a frente, eles conseguiram nos recuperar. (...) Estou muito feliz de estar aqui, nunca tive dúvidas sobre os profissionais que o Chile tem. Nun-ca duvidei disso. E em termos de fé, sempre tive fé no Criador”, afirmou o mineiro, segundo a BBC.

Fonte: Redação Terra. Disponível em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias > Acessado em 25/10/2010.

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01. A partir do texto em destaque, explique por que Mario Espinace entendeu o sofrimento pelo qual passou como uma “briga” entre Deus e o diabo?

II. DE VOLTA A JÓ

O nome de Satanás aparece apenas nos dois primeiros capítulos de Jó. Temos, ao todo, 14 menções. Por estas 14 menções, este é o livro da Bíblia em que mais vezes encontramos este nome. Essas ocorrências correspondem a pouco mais de um quarto, de todas as que ocorrem nas Escrituras. E não obstante Satanás seja apresentado de forma significa-tiva neste livro, um dos propósitos deste é “mostrar a grande soberania de Deus sobre Satanás, e como Deus pode usar os piores ataques do Diabo para o cumprimento de seus objetivos e o bem do seu povo”.2 Jó experimentou essa verdade na prática. Vejamos como tudo aconteceu.

1. Um homem observado: O testemunho de Jó, apresentado nos pri-meiros versículos do livro, é simplesmente fantástico. O autor do relato começa dizendo que ele era “um homem” que vivia na terra de Uz (1:1). Precisamos deixar duas coisas bem claras aqui. A primeira: Jó existiu. Sua história não é uma lenda; ele não é um personagem mitológico (cf. Ez 14:14, 20; Tg 5:11). A segunda: A despeito de todas as suas qualidades singulares, ele era apenas “um homem” comum, de carne e osso. Con-tudo, ainda que comum, conseguiu se destacar por causa de sua fé e de seu compromisso com Deus (1:3). Foi Deus quem disse: ... ninguém há na terra semelhante a ele (1:8; 2:3).

O caráter de Jó era exemplar: ... homem íntegro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal (1:1b). Ele não era perfeito ou considerado sem pecado, mas se esforçava para viver honestamente, e empreendia esfor-ços para fazer a vontade de Deus. Tinha uma família abençoada (1:2): dez filhos ao todo (nessa época, família grande era evidência da bênção de Deus). Seus filhos gostavam de passar tempo juntos (1:4), o que indi-

2. Ellisen (2007:182).

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ca que foram bem educados. Jó, também, era um pai piedoso. Sempre oferecia sacrifícios em favor dos filhos (1:5). Além de tudo isso, era extre-mamente rico, o maior de todos do oriente (1:3). Pois bem, esse homem exemplar foi alvo de observação, tanto de Deus quanto de Satanás. A pa-lavra “observaste”, em Jó 1:8, denota “cuidadosa vigilância”. Satanás não somente observava, mas vigiava sistemática e persistentemente a Jó.3

2. A cena por trás da cena: Há uma mudança drástica entre os versícu-los 5 e 6 do primeiro capítulo de Jó. Somos levados de uma cena na terra de Uz para uma audiência perante o Senhor. Assim começa o versículo 6: Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor. Muitos acreditam que essa reunião aconteceu no céu, lugar onde, supos-tamente, fica a corte do Senhor. O livro de Jó, no entanto, nada diz acerca da localização da reunião, do que se tratava, de quando em quando acon-tecia. O autor texto não está preocupado em responder essas perguntas. A única certeza que temos é que a reunião aconteceu. Os filhos de Deus (possivelmente, os anjos, Jó 38:7), foram se apresentar diante do Senhor.

Nessa reunião celeste, o nome de Jó seria citado e as decisões en-volvendo sua pessoa mudariam para sempre os rumos de sua vida. No entanto, Jó sequer suspeitava ou sonhava que algo do tipo pudesse estar acontecendo. Nós, os leitores, somos preparados para o que vai acon-tecer, porque sabemos o que aconteceu na reunião; Jó, não. Lembre-se disto: existe um mundo espiritual, em que acontecem coisas desconheci-das por nós. Precisamos sempre nos lembrar disso. “Quando não perce-bemos, Deus executa um plano que nos surpreende e, ocasionalmente, nos choca. Ele permite que aconteçam coisas que não esperamos. Sem o conhecimento de Jó, algo ocorre no plano celestial”.4

3. Um intruso na reunião: A reunião que mudaria para sempre os rumos da vida de Jó não aconteceu somente entre Deus e os seus anjos: ... veio também Satanás entre eles (1:6b). A expressão “entre eles” é usada para indicar que Satanás era um intruso na reunião. “Isso faz bastante sentido. Afinal, o diabo não é um filho de Deus. Perdeu esta condição quando se rebelou e foi expulso”.5 Pelo fato de ser um intruso bisbilho-teiro e não ter direito algum de estar ali, Deus fala com ele e o questiona acerca da sua circulação: Donde vens? (v. 7). É óbvio que Deus sabia de onde Satanás vinha; a pergunta visava somente estabelecer um diálogo.

3. Andrade (2005:61).4. Swindoll (2004:25).5. Aguiar (2005:22).

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Satanás respondeu de forma evasiva e abusada: Estive rodeando a terra, observando os homens (v. 7b – BV). Veja que, em sua resposta, o diabo quis dar a impressão de ser um vagabundo inofensivo, o que não é verdade. “Embora trabalhe nos bastidores e não seja onipresente como Deus, Sa-tanás não é apenas uma invenção da imaginação humana, mas uma enti-dade viva e atuante no planeta”.6 A todo momento, seu objetivo é o de se opor ao povo de Deus e destruí-lo. Satanás está sempre tentando interferir na vida dos seres humanos causando-lhes sofrimento. É esse adversário que encontramos aqui, no livro de Jó. Lembramos que, nessa época, Sata-nás tinha algum tipo de acesso à presença de Deus. Esse acesso era oca-sional, mas existia, e perdurou somente até a morte de Cristo (Ap 12:10).

4. Acusações infundadas: O substantivo hebraico satan, que aparece em Jó 1:7, e que foi traduzido, em nossas bíblias, como Satanás, significa também “adversário”, “alguém que se opõe”. Satanás é mesmo perito em fazer isso. Quando Deus diz: Observaste a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele (1:8), Satanás destila seu veneno, em sua res-posta. Opõe-se violentamente à veracidade da fé de Jó e à sinceridade do relacionamento entre Deus e o homem: Será que Jó não tem razões para te temer? (v. 9 – NVI), O Senhor deu a ele do bom e do melhor, prote-gendo Jó de todos os males e tristezas e fazendo dele um homem riquíssi-mo! Não é sem razão que Jó te obedece! (v. 10 - BV), respondeu o inimigo.

Na verdade, o principal alvo do ataque de Satanás contra Jó foi o pró-prio Deus: “Será que Deus é tão bom que pode ser amado mesmo sem suas dádivas?”, “O ser humano pode apegar-se a ele, mesmo quando não há benefícios ligados a isso?” Essas foram as questões levantadas por Sa-tanás. O acusador insinua que o relacionamento entre Deus e os homens está baseado em jogo de interesse. Jó servia a Deus por causa de suas bênçãos, e Deus só o abençoava para que ele o adorasse. Tanto o caráter de Deus quanto o de Jó estavam sendo questionados duramente. Sata-nás não mudou: continua assim mesmo, acusando dia e noite o povo de Deus e o Deus do povo. Seu nome retrata bem suas ações.

5. Foi um desafio? Depois de acusar, dizendo: ... é por interesse próprio que Jó te teme (v. 9), Satanás lança o desafio: ... se tirares tudo o que é dele, verás que ele te amaldiçoará sem nenhum respeito (1:11 – NTLH). A lógica de Satanás é clara: o homem não é capaz de amar a Deus de verdade, de forma desinteressada. Ledo engano! Sua proposta soa ingênua. O que

6. Comentário Bíblico Africano (2010:576).

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fez com que ele chegasse a essa conclusão? O que fez Satanás pensar que Deus cederia às suas provocações? Deus não pode ser induzido ao erro! Ninguém pode tentá-lo (Tg 1:13). Ele não joga com seu povo. O que aconteceu com Jó não foi uma aposta de Deus com Satanás.

Quando o criador disse: Eis que tudo que ele tem está em seu poder (v. 12), não estava agindo arbitrariamente. “A única razão pela qual Deus permitiu que o diabo tocasse em Jó foi a sua certeza de que poderia tirar daquilo algo de bom”,7 afinal, ele não precisa fazer apostas com ninguém, pois não tem nada a provar a ninguém. Ele é Deus! Quando Paulo disse, em Romanos, que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam (8:28 – grifo nosso), não estava brincando. É a mais pura verdade. Ele usa, inclusive, ata-ques do inimigo para nos aprimorar. Na verdade, tudo o que aconteceu com Jó serviu, no final das contas, para aproximá-lo ainda mais de Deus (42:5).

6. Deus manda, Satanás obedece: Uma verdade é certa, em toda a história de Jó: Deus não o abandonou nas mãos de Satanás. O inimigo nunca pôde ir nenhum milímetro a mais ou a menos daquilo que Deus permitiu. O Senhor disse: Eis que tudo que ele tem está em seu poder; somente contra ele não estendas a tua mão (v. 12 – grifo nosso). Ele obedeceu direitinho ao Senhor (vs. 13-19). O próprio Satanás havia dito, antes dessa permissão do Senhor, que nada podia fazer con-tra Jó, pois o Senhor o protegia por todos os lados (v. 10). “Satanás pode ser o principal causador de confusão no universo, mas é uma mera criatura, insignificante em comparação com o Senhor”.8 Ele só faz aquilo que Deus permite que faça.

Quando recebeu a permissão de Deus para tocar em tudo o que Jó possuía, Satanás saiu da presença do Senhor (v. 12b). O inimigo pensou que lograria êxito em seu empreendimento. Tocou em tudo o que Jó possuía. Conseguiu arrancar dele várias coisas importantes. No entanto, não pôde roubar a sua fé. Mas Satanás é insistente. No capítulo 2, nós o vemos de novo conversando com o Senhor sobre Jó. Ele não ficou enver-gonhado com a primeira derrota, ao ver que Jó não era um interesseiro. O grande acusador não se deu por vencido. Dessa vez, quis tocar na pele de Jó (vs. 1-5). De novo, o Senhor permitiu, mas apresentou uma restri-ção (2:6), e, de novo, Satanás lhe obedeceu, sem nenhuma oposição (2:7). Deus manda, e Satanás obedece. Ponto final.

7. Aguiar (2005:25).8. Andersen (1984:80).

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02. De que maneira o texto de Jó 1:1-5,8 apresenta o personagem que leva o nome do livro? O que podemos dizer sobre seu caráter e sua família?

03. Em Jó 1:6-8, a cena na terra, descrita nos cinco versículos anteriores, muda? O que esses versículos descrevem? Jó sabia de tal reunião? Quem apareceu ali como um intruso?

04. Quais foram as acusações infundadas, feitas por Satanás, em Jó 1:8-11? A quem foram dirigidas? Elas se mostraram verdadeiras?

05. O que aconteceu a Jó foi fruto de uma aposta entre Deus e Satanás? Se não, qual a razão de Deus permitir que o diabo tocasse Jó? Deus abandonou Jó nas mãos do inimigo? Baseie-se nos itens 5 e 6 do comentário.

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Creia: a atuação de Satanás é concreta.Satanás existe. A Bíblia não tenta provar isso, mas parte da pre-

missa de que ele é real. Satanás não é uma criação da mente huma-na. Aliás, é nisso mesmo que ele quer que acreditemos, porque, se duvidarmos que ele existe, mais vulneráveis estaremos diante da sua atuação. Por isso, creia: o inimigo, apesar de invisível, é real. Ele é

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o mesmo que tentou Jesus (Mt 4:1-11), que quis peneirar Pedro (Lc 22:31), que entrou no coração de Judas (Jo 13:27), que corrompeu Ananias (At 5:2), que anda em nosso derredor, querendo nos devo-rar (1 Pd 5:8). Para que Satanás não tenha vantagem sobre nós, não ignoremos as suas artimanhas (2 Co 2:11).

06. Leia a primeira aplicação e responda: Satanás é uma criação da mente humana? Justifique sua resposta.

2. Vigie: o caráter de Satanás é detestável.O que fica claro no livro de Jó é que Satanás, nosso opositor, não

presta. Suas acusações e ações são todas detestáveis. Mas é isso mesmo que é esperado de sua parte; afinal, o seu caráter é detestável: Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira (Jo 8:44). Ele é conhecido como “o Maligno” (1 Jo 5:18). O que esperar de alguém que deseja, a todo momento, matar, roubar e destruir? Não devemos esperar nada de bom dele! Devemos, sim, atentar para o conselho da palavra de Deus: Estejam alertas e vigiem (1 Pd 5:8 – NVI).

07. Leia a segunda aplicação e responda: Por que não podemos esperar nada de bom da parte de Satanás? Diante disso, qual deve ser a nossa postura?

3. Confie: O domínio de Satanás é limitado.Os anjos estão sempre prontos para, ao menor aceno, obedece-

rem ao Senhor, e isso inclui Satanás. Ele nunca tem a última palavra, que é sempre de Deus. Mesmo podendo tocar no ser humano, isso só acontece com a permissão divina. Observe o que Jesus disse a Pedro: Satanás pediu insistentemente para vos peneirar (Lc 22:31 – BJ, gri-fo nosso). O inimigo não pode fazer nada contra nós, a não ser que

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Deus permita. Lembremo-nos sempre disso, diante do sofrimento. E, quando não conseguirmos entender por que Deus permitiu que certas coisas acontecessem em nossa vida, confiemos: Deus não faz nada sem propósito. Ele usa até mesmo os ataques do inimigo para nos aperfeiçoar e nos tornar mais parecidos com Cristo. Consolemo-nos no fato de que ele não nos prova além das nossas forças (1 Co 10:13).

08. Leia a terceira aplicação e responda: Satanás pode fazer alguma coisa contra nós, sem a permissão divina? Justifique sua resposta.

CONCLUSÃO: Depois de Jó 2:7, Satanás some da história. E era isso mesmo que ele deveria fazer, afinal, foi derrotado de forma vergonhosa. Acusou Jó de interesseiro, praticando algo que é a sua especialidade, desde o início: a mentira. Foi desmascarado de forma humilhante. Viu que um homem pode, sim, amar ao Senhor, mesmo sem contar com as suas dádivas. Diante disso, não havia outra coisa para Satanás fazer, se-não sumir. E foi isso mesmo que ele fez. No final das contas, a única coisa que o inimigo conseguiu foi aproximar, ainda mais, Jó e Deus (40:5). Não nos desesperemos: Deus está no comando de todas as coisas! Ainda que Satanás se levante contra nós, maior é o Senhor!

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16 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

TEXTO BÁSICO: Então Jó se levantou e, em sinal de tristeza, rasgou as suas roupas e rapou a cabeça. Depois ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e adorou a Deus. (Jó 1:20 _ NTLH)

INTRODUÇÃO: A Bíblia apresenta a cena das tragédias na vida de Jó, em poucos versículos. Entre uma notícia e outra, ele não tem tempo para tomar fôlego ou refletir. Enfim, após tomar conhecimento dos desastres, Jó expressou o que sentia, e o fez de uma forma admirável. Do mesmo modo, calamidades acontecem todos os dias ao nosso redor e conosco: roubos, sequestros, tsunamis, terremotos, doenças. Realmente não é fácil lidar com essas situações, mas Deus deixou um excelente exemplo: Jó. Aprendamos com sua resposta diante do sofrimento.

8 JAN 2011

2Mostrar que o verdadeiro adorador compreende que é um mordomo, zela pelo seu caráter e persevera na confiança.

Domingo, 2 de janeiro: ................. Jó 4:1-11Segunda, 3: ...................................... Jó 4:12-21Terça, 4: ................................................Jó 5:1-16Quarta, 5: ......................................... Jó 5:17-27Quinta, 6: .............................................Jó 6:1-13Sexta, 7: ............................................. Jó 6:14-23Sábado, 8: ........................................ Jó 6:24-30

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Sofrimento e Adoraçao

Hinos sugeridos: BJ 84 / BJ 33

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

No primeiro século da era cristã, milhares de gladiadores en-frentavam-se no coliseu, em Roma. Ali se arriscavam em bus-ca da fama, liberdade ou, simplesmente, de sobrevivência. Um dia chegou aos ouvidos do imperador que quarenta lutadores haviam se convertido ao cristianismo. Indignado, ele mandou dizer-lhes que deveriam renunciar à sua fé. Caso contrário, um grupo de soldados levaria até o lugar mais inóspito das mon-tanhas, e ali seriam deixados para morrer de frio e de fome. Ao saber das ameaças de César, os gladiadores permaneceram firmes, como um só homem.

As ordens foram cumpridas. Os lutadores foram levados ao mon-te mais alto da Itália, onde, quase despidos ficaram expostos as neves e ao vento. Quando chegou a noite, os guardas encarrega-dos da terrível missão deixaram o cume. Eles acamparam centenas de metros abaixo, amparados pelo calor do fogo e dos cobertores. Sabiam que ao romper da manhã, os homens que haviam trans-portados estariam mortos. Naquela noite, o comandante romano deitou-se na sua tenda, mas não conseguiu dormir.

Seus sonhos eram interrompidos pelo soar distante de uma can-ção trazida pelo vento: “quarenta gladiadores que lutam por Cristo recebem sua vitória e sua coroa”. Exposto daquela maneira a morte, era esse o seu hino de triunfo.

O coração do oficial inflamou-se com as chamas que ardia naqueles corações. Eles estavam dispostos a morrer por sua fé. (...). Vários minutos se passaram até que, finalmente, um ho-mem meio morto foi trazido a sua tenda. Era um dos quarenta lutadores. Extenuado, pedia permissão para se retratar. - És tu o único que solicita isso? perguntou o capitão. - O único, senhor (...). Soltando de sua posição, o oficial (...) exclamou: - Então tomarei o teu lugar! (...)

Fonte: AGUIAR, Marcelo. O Enigma de Jó. Belo Horizonte: Betânia, 2005, pp. 123-124.

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18 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

01. Leia o texto em destaque e comente sobre o hino que os quarenta gladiadores cantavam, quando expostos à morte. O que isso revela sobre a fé desses homens?

II. DE VOLTA A JÓ

Nesta lição, veremos a resposta de Jó perante suas primeiras perdas: a de seus bens materiais e a de seus filhos (Jó 1:13-19). O infortúnio somou a perda de quinhentas juntas de bois, quinhentos jumentos, sete mil ovelhas, três mil camelos, sete filhos, três filhas e muitos servos (1:2-3). Era de se esperar que, após ouvir o relatório dos seus quatro apa-vorados servos, o patriarca se desesperasse ou se aborrecesse ou até ficasse decepcionado com Deus; entretanto, o texto bíblico relata que, mesmo tendo demonstrado sua tristeza, ele se prostrou em uma atitude submissa e adorou ao Senhor.

1. Adoração e confissão de tristeza: Sem aviso prévio ou motivos aparentes, Jó foi despojado de suas posses, que conquistara durante anos de trabalho e vivência familiar. Não ouviu a conversa entre Satanás e Deus. Não foi informado, antecipadamente, a fim de se preparar emo-cionalmente para a adversidade. Nem pôde se preparar financeiramente para o pior. Como outras pessoas que experimentam as riquezas e as bênçãos de Deus, é provável que não esperasse por tribulações. Sendo assim, não nos espantaria a sua revolta. Seria natural que questionasse a proteção divina ou que murmurasse.

Essa não foi a reação de Jó. No entanto, como qualquer ser humano em meio ao sofrimento, Jó experimentou a dor e vivenciou o luto pela perda. Naturalmente, confessou sua tristeza, do modo costumeiro de sua época1. Rasgou suas vestes e rapou sua cabeça. O manto que rasgou era uma peça do vestuário que se ajustava frouxamente ao corpo. Um traje usado por cima de outras peças de roupa, que ia até o joelho. Ras-gar, no hebraico (qara), quer dizer partir ao meio. O ato de rasgar esse

1. Wiersbe (2008:10).

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componente do seu vestuário anunciou profunda tristeza.2 Foi um gesto imediato de desgosto em relação às perdas.

Depois de se levantar e rasgar o manto, Jó rapou a cabeça. O verbo, no hebraico (gazaz), informa que ele tosquiou o próprio cabelo. O cabelo é um elemento importante na aparência do indivíduo. Um cabelo bem trata-do representa beleza e cuidado pessoal, perante a sociedade. Rapá-lo, sem dúvida, confirmou o desprendimento de sua glória pessoal. Essa era uma atitude comum nos rituais de luto,3 como podemos verificar, em inúmeros textos no Antigo Testamento (Is 15:2; Jr 7:29; Ez 7:18; Am 8:10). Esse foi outro gesto de confissão da sua tristeza, perante a provação a que foi submetido.

Deus não espera que nos portemos friamente diante do sofrimento, mas espera que sejamos humanos. Não há nada errado em confessar a dor. Até Jesus, quando viveu na terra, como ser humano, chorou na hora do sofrimento (Jo 11:35). Nem sempre, como costumamos pen-sar, a adoração é marcada por expressões de alegria. Jó estava confuso e entristecido, mas não praguejou ou culpou a Deus pela adversidade. Como qualquer indivíduo, confessou sua tristeza e, numa postura que o diferencia de outras pessoas, se apegou a Deus com sinceridade, no momento do desespero.

2. Adoração e aceitação submissa: A ação seguinte de Jó, após con-fessar sua tristeza a Deus foi prostrar-se ou ajoelhar-se. O verbo, no he-braico, é naphal, e significa cair, deitar, prostrar. Tal atitude não significa um colapso nervoso, mas uma ação deliberada com um propósito espe-cífico. Na época, cair prostrado com o rosto no chão era uma expressão sincera de obediência e submissão a Deus.4 Admiravelmente, Jó se pros-trou, humilde e submisso, diante da soberania divina. Encurvou-se diante de Deus, que havia autorizado todas aquelas desgraças em sua vida.

Jó não questionou arrogantemente a Deus por permitir que o mal lhe sobreviesse, nem exaltou seus anos de devoção. Ele aceitou e confirmou com suas palavras: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou (Jó 1:21). Nesta bela afirmação, Jó declara sua certe-za de que todas as suas riquezas e os seus filhos foram dados pelo Criador do Universo. Era como se dissesse: Nunca me prendi aos bens materiais, mas a quem os deu, e os filhos que tive foram doados por Deus que tem o direito de tomá-los. Jó foi submisso ao Senhor Criador de todas as coisas.

2. Swindoll (2004:40).3. Champman et al (2005:30).4. Swindoll (2004:40).

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Neste momento de sofrimento, Jó não exigiu seus direitos diante de Deus ou ordenou que ele restituísse tudo que havia perdido. Não fez isso, porque tinha convicção de que Deus é o proprietário soberano de tudo o que existe no mundo e que sabe como governá-lo. Em nenhum momento se viu na condição de reclamar seus direitos, pois poderia estar despojado de todos os seus bens e de toda a sua família, mas tudo de que precisava era a presença contínua do Senhor em sua vida. Jó tinha uma visão ampla, perante os acontecimentos. Ele conseguiu vislumbrar a mão de Deus nos eventos.5

Provas e tribulações são comuns à vida cristã (Jo 16:33). Jó tinha essa consciência. Ele não esperava apenas o bem das mãos de Deus; por isso, conseguiu passar da forma mais saudável pelo sofrimento. Jó, da mesma forma, conhecia a quem adorava. Por trás da submissão, havia uma his-tória de comunhão crescente com Deus. O primeiro capítulo relata esse relacionamento. Conhecendo profundamente o Deus a quem servia, o patriarca sabia que nenhuma injustiça poderia vir das mãos divinas. Ele não viu no Senhor nenhuma ação inapropriada (Jó 1:22), nem deixou de se submeter a Deus.

3. Adoração e procedimento coerente: Em seguida, Jó adorou ao Senhor. O verbo hebraico shachah esclarece que ele se prostrou diante de Deus em adoração. Adoração também significa veneração, reverência e contemplação do Criador pela criatura.6 No auge da humilhação de Jó, estava o melhor de sua adoração, pois esta não era interesseira, mas sincera. Jó, ao contrário do que Satanás havia suposto, não servia a Deus pelas bênçãos que recebia, mas por quem o Senhor é. A adoração poste-rior às notícias de perda evidenciam o caráter verdadeiro. O coração de Jó estava somente em Deus, e não no que perdera.

A coerência de Jó é comprovada por meio de dois procedimentos: ações e palavras demonstram adoração. O texto bíblico diz: ... ajoelhou-se, encostou o rosto no chão e adorou a Deus (Jó 1:20) e disse: Louvado seja o seu nome (Jó 1:21b). Sua ação não foi dissociada de suas palavras. Ele adorou de forma completa. Jó não era dissimulado, nem buscava a Deus apenas na hora da alegria ou da bonança. Adorava independente-mente da ocasião, porque sabia que as circunstâncias da vida poderiam ser alteradas, mas não o caráter daquele a quem servia e que, por seus atributos, era digno de adoração.

5. Andersen (1984:85).6. Andrade (2002:92).

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O amor que tinha por Deus era tão elevado que, no momento de maior angústia, não pensava em recorrer a outra pessoa. Ele não pensou em atribuir suas frustrações, decepções e perdas a Deus, mas o adorou. Diante de todo o sofrimento, Jó foi capaz de reconhecer a grandeza e a majestade do seu Criador. Toda a catástrofe que vivenciara servira ape-nas para provar a quem pertencia seu coração. A motivação da adoração de Jó não eram as bênçãos recebidas do Senhor, nem sua numerosa família. Ele não adorava esperando recompensas.

A grandeza no caráter de Jó se confirmou, quando ele adorou na hora da aflição. Ele tinha uma fé madura o suficiente para continuar amando a Deus em qualquer circunstância. Seu relacionamento não era baseado em troca de favores.7 O patriarca tinha certeza de que os atributos divi-nos não podiam ser dimensionados pela quantidade dos favores que ele havia granjeado. Jó foi um grande exemplo de que a adoração não deve estar relacionada a barganhas. O Senhor merece ser adorado pelo que é, ou seja, por suas inúmeras qualidades, e não pelo que ele oferece às pessoas. Essa convicção proporciona a adoração ininterrupta.

02. Leia o primeiro item, comente a respeito da confissão de Jó sobre sua tristeza e responda: Por que essa foi uma atitude saudável?

03. A partir da leitura do segundo item, responda: Que atitude de Jó demonstra submissão a Deus.

04. Leia Jó 1:22 e responda: Por que Jó não atribuiu a Deus falta alguma?

7. Idem (2002:97).

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05. Após ler o terceiro item, responda: Qual era a motivação da adoração de Jó?

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. O verdadeiro adorador compreende que é mordomo.Jó tinha plena consciência de que todos os seus bens vinham de Deus (1

Tm 6:7). Nada possuíra, mas obtivera por empréstimo do Criador do Uni-verso (Jó 1:21). Ele tratou de cuidar dos seus bens e da sua família, enquan-to os teve, e, quando os perdeu, não blasfemou, mas foi capaz de bendizer ao Senhor. Atualmente, vemos pessoas reclamando por seus direitos, dian-te de Deus. Aprendamos com Jó, que não se prendia aos bens que possuía.8 O seu coração não estava nas coisas, pois não as merecia, mas no Doador delas. Mais valiosa é a companhia do Senhor e não suas dádivas.

06. Leia 1 Tm 6:7, a primeira aplicação e responda: Qual deve ser nossa postura diante das bênçãos que Deus no concede?

2. O verdadeiro adorador zela pelo seu caráter.Jó não amava a Deus em decorrência de sua prosperidade, pois, se fosse

assim, o teria amaldiçoado, ao perder tudo. Ele não valorizava o “ter”, mas o “ser”. Ele sabia que a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui (Lc 12:15). Deste modo, mesmo quando possuía uma grande fortuna, ele cuidou do seu caráter: era íntegro, reto, temente a Deus e se desviava do mal. Sejamos como Jó, pois, quando perdermos tudo o que nos é precioso, continuaremos irrepreensíveis. Ao findar da nossa vida, o que será avaliado por Deus não será o que possuímos, mas o que viemos a ser.

8. Swindoll (2004:42).

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07. Leia Lc 12:15, a segunda aplicação e responda: O que é mais importante para um servo de Deus?

3. O verdadeiro adorador persevera na confiança. A Bíblia diz que Jó não atribuiu falta alguma a Deus. Ele sofreu com as

desgraças, mas não murmurou, blasfemou ou se rebelou. Não agiu assim, porque sua confiança no Deus soberano era maior que o desespero. O relacionamento que construiu com Deus o levou a confiar que, em ne-nhum momento, Deus o abandonaria. Ele não passou sozinho pela prova. Confie que o Senhor permite as provas para nosso próprio aperfeiçoa-mento espiritual (Tg 1:2-4,12). Ele, em nenhum momento, nos desampara. Persevere, confiando no Senhor e adorando-o no momento de tribulação.

08. Leia Tg 1:2-4,12, a terceira aplicação e responda: Como temos de passar pelas provas?

CONCLUSÃO: Jó passou com êxito pela primeira prova. Ele nos ensi-nou que a adoração nem sempre é destituída de momentos de confissão da tristeza e que ela sempre vem acompanhada de submissão irrestrita à vontade do Soberano Criador do Universo. Também ensinou que as palavras e as ações se completam durante a adoração. Aprendemos que o verdadeiro adorador precisa de atributos, tais como: mordomia, caráter cristão e confiança. Sejamos como Jó, que passou pelo sofrimento com uma atitude de verdadeiro adorador.

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24 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

Sofrimentoe Apostasia

TEXTO BÁSICO: Então, sua mulher lhe disse: Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre. (Jó 2:9)

INTRODUÇÃO: Sabemos o nome do marido dela, mas não sabe-mos o nome dela. Anônima, como tantas outras mulheres da Bíblia, a esposa de Jó ficou conhecida pelas palavras que proferiu ao marido, no auge do sofrimento. Por que ela disse tais palavras? Porque caiu na tentação que todo ser humano enfrenta, em tempos de aflição: de pensar que Deus não se importa ou que ele sequer exista. De fato, bons cristãos, por causa disso, chegam a abandonar a sua fé e se rebe-lam contra Deus. Aquela mulher ficou revoltada com Deus e esperava que o seu esposo fizesse o mesmo.

15 JAN 2011

3Hinos sugeridos: BJ 7 / BJ 93

Entender o perigo de apostatarmos da fé em momentos difíceis da vida e mostrar o cuidado que devemos ter com o que ouvimos, falamos e pensamos nesses momentos.

Domingo, 9 de janeiro: .................... Jó 7:1-8Segunda, 10: ......................................Jó 7:9-21Terça, 11: ................................................ Jó 8:1-7Quarta, 12: ..........................................Jó 8:8-22Quinta, 13: ......................................Jó 9:1-1-13Sexta, 14: .......................................... Jó 9:14-24Sábado, 15: ..................................... Jó 9: 25-35

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Durante a Segunda Grande Guerra, um grupo de judeus, con-finado em um campo de concentração, reuniu-se secretamente num dos galpões. A noite estava muito fria. A neve, caindo sem parar, cobria de branco o acampamento. Parecia querer escon-der com seu manto as atrocidades cometidas ali. Aos poucos, vários homens descarnados e maltrapilhos foram chegando ao alojamento central. O rústico barracão de madeira, desprovido de qualquer aquecimento e iluminado por umas poucas velas, ficou lotado. Naquela hora, ele se transformou na sala de um estranho tribunal.

Os prisioneiros sabiam que, se fossem apanhados pelos guar-das, seriam executados sumariamente. Entretanto, não haviam desafiado o frio e a morte para elaborarem um plano de fuga. O motivo da reunião era outro. Os judeus tinham se ajuntado para realizar um julgamento. Eles escolheram um juiz, constitu-íram um advogado de defesa e elegeram para si um promotor. Finalmente, o júri foi composto, e a audiência teve início. O mais surpreendente era a identidade daquele que estava sendo julga-do. O réu não era outro senão o próprio Deus.

Durante a madrugada, aqueles prisioneiros fizeram uma série de indagações. Eles perguntaram como o Senhor pudera ter entregado o seu povo nas mãos dos nazistas. Questionaram as razões divinas para permitir que milhões de inocentes fossem mortos. Falaram da câmara de gás e dos fornos crematórios, perguntando por que o criador não havia feito nada a respeito. Por fim, quando o nascer do sol se aproximava, o júri anunciou o veredicto. Deus foi considerado culpado. Todos os prisionei-ros assentiram com a cabeça, indicando sua aprovação. Um a um, eles se levantaram e deixaram o galpão. Esgueiram-se si-lenciosos de volta aos seus alojamentos, preparando-se para mais um dia de privações.

Fonte: AGUIAR, Marcelo. O Enigma de Jó. Belo Horizonte: Betânia, 2005, p. 38-39.

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26 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

01. De acordo com o texto em destaque, que visão a respeito de Deus os prisioneiros judeus assumiram, a partir do sofrimento?

II. DE VOLTA A JÓ

Apostasia é rebelião contra Deus, é abandonar e negar a fé. Era esse o plano que o acusador tinha para a vida de Jó. Esse homem, além de perder tudo, foi afastado do convívio das pessoas, por causa de sua do-ença horrível e de sua aparência repugnante. Certo dia, sua mulher ficou indignada com o que o viu: o marido estava num lugar sujo, assentado num monte de cinzas e raspando suas feridas com um caco. Olhou para ele e lhe disse: Você ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus, e morra! (Jó 2:10). O palco estava pronto para a apostasia entrar em cena; contudo, o desfecho foi surpreendente. É isso que observaremos a seguir.

1. Uma esposa revoltada: Costumamos pensar que não temos nada a aprender com a mulher de Jó. Há muito tempo, temos olhado para ela com certo desprezo. Nós simplesmente a julgamos e a condenamos. Mas, antes de continuar nosso estudo, é muito importante ouvir o que a Bíblia tem a dizer em defesa dessa mulher. Talvez nunca tenhamos nos dado conta de que ela também foi submetida a infortúnios quase tão intensos quanto os do seu marido. É claro que estava errada e que nada justifica as suas palavras; contudo, sejamos honestos e consideremos a situação.1

Assim como Jó, a sua mulher também havia perdido os dez filhos num só dia. Um fato assim basta para deixar qualquer mãe arrasada. Ela tam-bém viu toda a riqueza de sua família se acabando de uma hora para ou-tra. Num dia, seu marido era o homem mais rico e poderoso do Oriente (Jó 1:3); noutro dia, era o homem mais pobre e miserável da terra. Por essa razão, essa mulher também perdeu todo o seu prestígio; não era mais a “primeira dama” daquela região. Além disso, Jó, o homem que ela amava, estava sofrendo de uma doença terrível e humilhante, que o obrigou a se afastar das pessoas.

1. Wiersbe (2006:11).

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A mulher de Jó o viu sair de sua bela casa e ir para fora da cida-de, sentar-se sobre um monte de cinzas. Esse lugar era uma espécie de “lixão” da cidade, onde se jogava e se queimava o lixo e onde os de-safortunados viviam pedindo esmolas.2 Nesse local, “os cães brigavam por algum alimento e o estrume da cidade era queimado. O cidadão mais proeminente daquela região passou a viver na mais abjeta pobreza e vergonha”.3 Até ali, aquela esposa havia suportado bravamente todo sofrimento, mas, quando viu o marido em situação tão lastimável, não resistiu: entrou em desespero e falou tempestivamente o que veio ao coração, à mente e aos lábios.

Aquela mulher não teve a resistência de Jó e zangou-se com Deus. Para ela, tudo estava claro: seu marido não merecia aquele sofrimento e, se ele estava sofrendo, era simplesmente por que Deus não se importava e havia abandonado Jó. Concluiu que não valia a pena ser fiel a Deus. Então, deu o ultimato: “Basta! Amaldiçoe a Deus e morra!”. Era melhor ver seu marido morto do que definhando de dor e vergonha. Ao que parece, ela acreditava que, se Jó se voltasse contra Deus, atrairia para si, como castigo, a morte.

2. Uma proposta maligna: Sem saber, essa mulher estava tomando o lugar de Satanás, cujo propósito era levar o homem da terra de Uz a amaldiçoar a Deus (cf. Jó 1:11; 2:5). Se voltarmos alguns versículos, vamos nos deparar com as palavras que o Senhor disse a Satanás: Observaste o meu servo Jó? (...) homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Ele conserva a sua integridade (Jó 2:3). Sem se dar conta, ela tocou exatamente no ponto que Deus havia usado para responder ao acusador. Sem dúvida, essa foi uma proposta maligna e o patriarca foi tentado a desistir de sua fé.

Todos nós enfrentamos esse tipo de tentação. Sempre que somos atingidos pelas tragédias da vida ou passamos por períodos de sofri-mento intenso, em nossa mente, ecoam palavras semelhantes àquelas ditas pela mulher de Jó. Somos tentados a pensar que o Senhor não se importa conosco. Ficamos decepcionados com Deus, achando que ele não ouve a nossa oração, nem se importa com a nossa dor. É possível até que nos tornemos céticos e concluamos que Deus sequer exista. E ainda que a decepção não nos leve tão longe assim, ela pode causar sérios danos ao nosso relacionamento com o Pai.

2. Chapman, et al (2009:32).3. Wiersbe (2006:11).

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Quando Jó ouviu as palavras: Ainda conservas a tua integridade? Amal-diçoa a Deus e morre, a tentação deve ter sido ainda mais aguda, porque tal conselho veio de alguém que ele amava e respeitava: a sua compa-nheira de toda a vida. Quanto a isso, é importante deixarmos, aqui, dois valiosos conselhos a quem está ao lado de uma pessoa em sofrimento: Em primeiro lugar, sempre tome cuidado com suas palavras, em tempos terrivelmente difíceis. Em momentos assim, com sofrimento e dor prolon-gados, tendemos a ficar confusos e nos tornar mais vulneráveis.

Em segundo lugar, nunca aconselhe ninguém a comprometer a própria integridade, mesmo que isso possa oferecer alívio temporário. Não faça isso, pois, em período difícil, podemos aceitar facilmente sugestões des-sa natureza. A mulher de Jó fez justamente isso. Havia duas coisas das quais ele se recusava a abrir mão, que eram a sua fé em Deus e a sua in-tegridade. E, ironicamente, foram exatamente essas duas coisas que ela o aconselhou a abandonar. Ainda bem que, ao contrário do que se espera-va, o homem de Uz soube resistir com firmeza à tentação, respondendo, de maneira surpreendente, como poderemos notar a seguir.

3. Uma resposta magnífica: Precisamos tirar o chapéu para o velho patriarca! Quando a vida se complica, a coisa mais fácil a fazer é desistir, mas ele teve coragem de agir de maneira diferente. Assentado, naque-la situação complicada, em condição de fraqueza, sofrendo com suas feridas e sem ter a menor perspectiva de mudança de sua situação, Jó se manteve firme e teve forças para repreender sua mulher: Falas como qualquer doida (Jó 2:10a), ou seja: “É melhor mudar o rumo dessa conver-sa, pois o que você está falando é loucura completa!”. Para Jó, sua mulher estava sendo tola e insensata.

Contudo, esse servo de Deus foi além da simples censura. Ele contra-argumentou com uma extraordinária pergunta: Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? (Jó 2:10b). Que ensino magní-fico! “Seu discernimento era raro, não só naquela época, mas também hoje”.4 Como é difícil encontrarmos pessoas que pensam assim em nos-sos dias. Muitos, hoje, buscam mais os favores de Deus que o próprio Deus; fazem de sua fé um negócio e do relacionamento com Deus uma barganha. Pensam: “Quem serve a Deus não deve sofrer, pois, se for o contrário, não há vantagem em servi-lo” ou “Se Deus deixa o crente fiel sofrendo, então não é justo e bom como dizem”.

4. Swindoll (2004:56).

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Mas a lógica de Jó é diferente: Já recebemos tantas coisas boas de Deus, por que não receber também o sofrimento e a dor? (Jó 2:10b – BV). Isso é que chamamos de pergunta retórica, isto é, uma questão levantada não para ser respondida, mas para nos levar a pensar. O que Jó está querendo dizer é o seguinte: “Será que Deus não tem o direito de agir assim conosco? Ele não é o Oleiro e nós, o barro? Ele não é o Pastor e nós, as ovelhas? Ele não é o Mestre e nós, os servos? Não é assim que funciona?”. Esse patriarca entendia que Deus é Criador Soberano e pode fazer o que quiser conosco, sem a necessidade de pedir permissão e nem dar explicações.5

À semelhança de Jeremias, Jó sabia que era um vaso na mão do grande Oleiro (Jr 18:6). O patriarca entendia que um vaso de barro não briga com quem o fez. O barro não pergunta ao oleiro: “O que é que você está fazendo?”, nem diz: “Você não sabe trabalhar” (Is 45:9 – NTLH). Além disso, para Jó, o relacionamento com Deus não po-dia ser interesseiro. Ele decidiu dizer “não” à apostasia, à revolta e à murmuração. Escolheu continuar crendo, e crer é viver sem tramar; é obedecer a Deus, apesar dos sentimentos, das circunstâncias ou consequências, sabendo que ele está realizando em nós o seu plano perfeito, que é a seu modo e a seu tempo.6

02. Leia o primeiro item anterior e responda: Quais foram os motivos que tornaram a esposa de Jó uma mulher revoltada? Ela estava satisfeita com Deus?

03. Leia Jó 2:9; o segundo item anterior e responda: Que importantes conselhos são destinados a cada crente? Comente cada um deles.

5. Idem.6. Wiersbe (2006:11).

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04. Após ler Jó 2:9-10 e o terceiro item anterior, responda: Qual foi a reação de Jó, diante da proposta de sua mulher?

05. Após ler o segundo e o terceiro parágrafos do terceiro item anterior, comente a resposta de Jó: Temos recebido o bem de Deus não receberíamos também o mal? (Jó 2:10b).

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. No sofrimento, tenhamos cuidado com o que ouvimos.Nem todo conselho é bom e nem tudo o que nos dizem é verdade.

Por isso, é preciso ter cuidado, a todo instante, com o que ouvimos; mas, principalmente, nos momentos de adversidades e crises, pois, neles, nos sentimos mais fragilizados e perdemos um pouco de nosso discernimen-to. É nessas horas, que aparecem aqueles que querem nos fazer desistir e nos fazer pensar coisas ruins sobre Deus. Eles dizem: “Onde está o seu Deus?” (Sl 42:3); “Inútil é servir a Deus; o que ganhamos quando obedece-mos aos seus preceitos?” (Ml 3:14), ou ainda: “O que adianta ir à igreja?”. Se você não tomar cuidado, palavras assim poderão levá-lo a revoltar-se com Deus e a se desviar do caminho.

06. Leia Sl 42:3; Ml 3:14; a primeira aplicação e responda: Por que devemos ter cuidado com o que ouvimos em meio ao sofrimento?

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2. No sofrimento, tenhamos cuidado com o que dizemos.Quando a vida se complica, nossa tendência é começarmos a murmurar.

Contudo, é bom que se diga que, além de ser pecado, a murmuração pode nos levar à blasfêmia e à apostasia (1 Co 10:10). Por outro lado, devemos prestar atenção às pessoas que estão ao nosso lado e que sofrem conosco: cônjuge, filhos, amigos ou irmãos. Veja bem: a mulher do patriarca agiu sem pensar e falou o que não devia. Aquilo que Jó ouviu dela poderia tê-lo leva-do a revoltar-se com Deus e a desistir da vida. Então, tenhamos cuidado com o que falamos em tempos de aflição para não perdermos a fé e nem levar outros a perderem-na. Seremos julgados por nossas palavras (Mt 12:36,37). Portanto, falemos apenas o que edifica e transmite graça (Ef 4:29).

07. Leia 1 Co 10:10; Ef 4:29; a segunda aplicação e responda: Por que devemos ter cuidado com o que dizemos em meio ao sofrimento?

3. No sofrimento, tenhamos cuidado com o que pensamos.As nossas crises existenciais em meio às aflições estão ligadas ao que

pensamos sobre nós mesmos e sobre Deus. Quando pensamos de nós mesmos além do que convém, achamo-nos dignos e pensamos que não merecemos nenhum sofrimento. Então, no menor infortúnio, concluímos que Deus é injusto. Por outro lado, quando pensamos aquém do que devemos pensar sobre Deus, imaginamos que ele não se importa conos-co ou que as coisas fugiram do controle dele. Na aflição, é preciso ter cuidado com tais pensamentos para não apostatarmos da fé. Creiamos, o Deus que servimos é soberano e sabe o que faz. Mesmo na dor, ele tem um plano para nós, e ainda que isso fuja à nossa compreensão, devemos pensar: Deus está no controle! Foi isso o que Jó fez.

08. Leia Fl 4:8; a terceira aplicação e responda: Por que devemos ter cuidado com o que pensamos em meio ao sofrimento?

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CONCLUSÃO: O episódio da vida de Jó que estudamos, hoje, conclui-se com uma frase estupenda: Em tudo isto não pecou Jó com os seus lá-bios (Jó 2:10). Ele soube compreender sua esposa e a repreendeu amoro-samente, pois não ficou enfurecido com ela, nem a chamou de perversa; apenas expôs a sua falta de discernimento. Assim, o patriarca de Uz es-teve diante de uma esposa revoltada e perante uma proposta maligna, e, na graça de Deus, soube devolver uma resposta magnífica. Se houve um homem temente a Deus no Antigo Testamento, alguém que participou do sofrimento de Cristo, que foi tentado a desistir e venceu, esse homem foi Jó.7 E nós devemos imitá-lo.

7. Idem.

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TEXTO BÁSICO: Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que lhe sobreviera, (...) combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo. (Jó 2:11 – ARA)

INTRODUÇÃO: Continuando esta série de estudos cujo tema é Jó: Como lidar melhor com o sofrimento, temos como título para a lição de hoje: “Sofrimento e consolo”. Os personagens bíblicos, cujas atitudes fo-ram escolhidas como objeto de reflexão, são o patriarca Jó e três dos seus amigos. Estes três homens, ao saberem que Jó estava enfermo, e, movi-dos pela mais íntima compaixão, saíram de suas terras e foram até Uz, a fim de o visitarem e o consolarem. Todavia, apesar de todo o bom desejo e da sinceridade de seus corações, não cumpriram como deveriam, o bom propósito que assumiram. É o que veremos na presente lição.

Sofrimento e Consolo

22 JAN 2011

4Hinos sugeridos: BJ 144 / BJ 86

Mostrar ao estudante que a melhor maneira de lidar com aqueles que sofrem consiste em ouvir mais que falar e falar apenas o que convém.

Domingo, 16 de janeiro: ............. Jó 10:1-17 Segunda, 17: .................................Jó 10:18-22Terça, 18: ..............................................Jó 11:1-6Quarta, 19: ....................................... Jó 11:7-12Quinta, 20: .....................................Jó 11:13-19Sexta, 21: .......................................... Jó 12:1-11Sábado, 22: ....................................Jó 12:12-25

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Certo domingo, o telefone tocou durante o café da manhã. Sabia que não eram boas notícias. Eu já aprendera que esses telefonemas em horas incomuns geralmente significavam acontecimentos ruins. Neste caso, foram as piores possíveis. Uma moça da congregação, piedosa e talentosa, morrera em um acidente de carro. Seu namo-rado, outro membro da igreja, ficou seriamente ferido e estava no hospital. A família da jovem freqüentava a nossa igreja há anos e servia ao Senhor em diversos grupos.

Eu também aprendera, através dos anos, a falar pouco e ou-vir muito diante das tragédias. Falei tudo o que era necessário dizer: “Sinto muito... Deus ama vocês... Estou aqui”. Então corri à igreja (...). Eu não sabia que a família escutava no rádio o nos-so (...) culto (...). Telefonei depois dos cultos, para saber como os familiares da jovem estavam. Tudo o que a mãe dela queria dizer era que as minhas palavras à congregação foram cheias da graça de Deus para eles. No dia seguinte falei com a família pessoalmente e por telefone e fiz o funeral. Cada conversa era outro momento cheio de poder para todos nós. O Deus que compreende a morte de um filho muito querido surgiu nesta tragédia com espantosa graça.

Durante a semana, recebi esta nota de agradecimento daquela mãe: “Meras palavras jamais expressariam nossa apreciação pelo seu jeito de passar pelo fogo conosco durante estes dias... O seu amor e apoio, sua preocupação e suas orações nos tocaram pro-fundamente e nos ajudaram a começar a cura em nosso coração. Obrigado por dirigir o culto fúnebre... Foi exatamente o que dese-jávamos. Suas palavras, a passagem bíblica escolhida e as orações nos comoveram”. Enquanto eu viver, me sentirei preso a cada mem-bro dessa família com laços de amor.

Fonte: FISHER, David. O pastor do século 21. São Paulo: Vida, 199, p. 183-185.

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01. Após ler o texto em destaque, comente sobre o jeito como o cristão precisa “passar pelo fogo” com o seu próximo.

II. DE VOLTA A JÓ

Muitas pessoas entendem que as aflições pelas quais o crente passa são consequências dos erros deste. Assim, quando o crente sofre um prejuízo financeiro, um acidente, uma decepção ou qual-quer outro tipo de infortúnio, essas pessoas costumam acusá-lo de ter cometido algum pecado grave. Assim pensavam os amigos de Jó a respeito dele. Ocasionalmente, isso até pode acontecer, mas não é regra. O crente fiel pode ser provado, como foi Jó, desde que haja um propósito de Deus para fortalecer a sua fé. A presente lição nos ensina a sermos misericordiosos para com os que sofrem, a fim de que não percam o ânimo.

1. Notícia ruim corre! A notícia ruim espalha-se rapidamente. É o que se costuma dizer. E isso aconteceu no tocante aos males que recaíram sobre a vida de Jó. Rico, respeitado e influente como era, tudo o que de bem ou de mal lhe acontecesse, bem depressa se tornaria conhecido, não somente na região onde morava, mas também nas regiões vizinhas. É importante dizer que o que lhe sobreveio não foi um mal comum, mas uma grande tragédia. De um momento para outro, ele perdeu tudo que tinha: Seus filhos, suas riquezas e sua saúde. Considerando isso, não é difícil imaginar como ele estava se sentindo.

Espalhando-se a notícia de que Jó, o homem mais rico do oriente, além de ter perdido todos os seus bens, estava gravemente enfermo, ouvindo, pois, três amigos de Jó todo este mal que tinha vindo sobre ele, vieram, cada um do seu lugar: Elifaz, o temanita, e Bildade, o suíta, e Zofar, o naamatita (Jó 2:11a) para visitá-lo. É assim que agem os amigos. Aliás, é nessas horas que se revelam os verdadeiros amigos. Cada um deles veio trazer a Jó a sua manifestação de apoio nessa hora difícil pela qual ele estava passando. E, em assim agindo, seguiam o conselho do sábio que ordena: Não abandones a teu amigo (Pv 27:10).

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2. Um enorme desejo de consolar: Este foi o sentimento de que foram movidos aqueles três homens, ao tomarem a decisão de irem até Uz, a fim de visitar a seu amigo, Jó: o grande desejo de o consolarem. Sabiam que ele estava passando por um momento extremamente difícil e queriam prestar-lhe sua solidariedade. Para um enfermo, nada é mais gratificante do que receber a visita de uma pessoa amiga. Quando isso acontece, a sensação que o doente tem é a de que não está só na sua luta contra a doença, pois ainda tem quem se importe com ele. A verda-de é que, em muitas dessas situações, o amigo pouco ou nada pode fa-zer para ajudar aquele que sofre, a não ser ficar a seu lado e condoer-se.

Elifaz, Bildade e Zofar, com certeza, moravam em lugares diferentes, mas concordaram, entre si, em fazer essa visita juntos. O texto afirma: E combinaram encontrar-se para, juntos, irem mostrar solidariedade a Jó e consolá-lo (Jó 2:11b – NVI). O fato de virem juntos ao encontro do amigo, num momento como aquele, reforça ainda mais a ideia da importância que esse homem de Deus tinha para eles. Atitudes assim acabam por revelar quem são os verdadeiros amigos. Temos muito a aprender com esses homens, nesse sentido (Mt 25:36,39-40).

3. O susto: Ao chegarem a Uz, foram ao encontro do amigo, e logo ficaram sabendo que a situação dele era muito pior do que eles haviam imaginado. Encontraram-no no monturo da cidade, assentado no chão e tendo sobre o seu corpo uma chaga maligna que ia desde a planta dos seus pés até o alto da cabeça. E, para aliviar a coceira que disto resulta-va, ele utilizava um caco de cerâmica. Não era mais aquele homem que seus amigos tinham conhecido antes, pois toda a sua aparência se trans-formara. O texto afirma que quando o viram à distância, mal puderam reconhecê-lo (Jó 2:12a – NVI)

Ao ver os amigos, muitas devem ter sido as perguntas que Jó lhes fez, ou desejou fazer, tais como: Por que tudo isto aconteceu comigo? Que fiz eu de tão grave para que sobre mim viesse todo este mal? Ou: Por que Deus permitiu que estas coisas me acontecessem? Não é assim que muitos de nós temos pensado e falado diante das dificuldades? E a incon-formação de Jó teria sido ainda maior, se ele tivesse conhecimento de que o próprio Deus dera testemunho de sua integridade, quando disse a Sata-nás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero e reto, temente a Deus e desviando-se do mal (Jó1:8).

4. Alto grau de compaixão: Ao contemplarem a situação em que Jó se encontrava, a reação daqueles três homens foi imediata. O texto reproduz essa reação com as seguintes palavras: ... ergueram a voz e choraram; e

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cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça (Jó 2:12b). Assentar-se no chão, vestir-se de saco, lançar pó sobre a cabeça e rasgar as vestes eram atitudes muito comuns entre os orientais, em determinadas circunstâncias. Com essas atitudes, demonstravam humildade (2 Rs 21:27-29; Jn 3:5-6); consternação ou surpresa (2 Sm 13:31; 2 Rs 19:1); espanto (Gn 44:11-13); indignação (Mt 26:65) ou profunda tristeza (Gn 37:34; Jó 2:12).

No caso dos amigos de Jó, o choro, o rasgar os vestidos e o lançar pó sobre suas cabeças foram sinais de profunda compaixão e tristeza, ante o estado de miséria em que encontraram seu amigo. Sabiam que ele esta-va doente, mas sequer tinham imaginado que a enfermidade dele fosse tão grave. Ficaram de tal modo estarrecidos que emudeceram. Tinham vindo com o objetivo de o confortarem e o consolarem; mas faltavam as palavras. Provavelmente nem sabiam por onde começar. Quem já não passou por uma experiência assim, em que as palavras perdem o sentido, a despeito do grande desejo de ajudar?

5. Às vezes, é melhor calar-se: E se assentaram juntamente com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, porque viam que a dor era muito grande (Jó 2:13). Há, na atitude demonstrada por esses três homens, pelo menos duas coisas para as quais precisamos dar atenção: 1) Assentaram-se com ele na terra. Isso significa que se despoja-ram de suas prerrogativas e passaram a adotar uma posição semelhante à de Jó, para melhor se identificarem com ele; 2) nenhum deles lhe dizia palavra alguma. Neste momento inicial da visita, preferiram ouvir a falar.

Há situações nas quais a melhor maneira de nos relacionarmos com aquele que sofre ao nosso lado consiste em procurarmos nos identificar com ele, demonstrando-lhe empatia, para que ele não se sinta diminuído e menosprezado. Inclusive, se necessário for, assentando-nos com ele na terra. De igual modo, há circunstâncias em que o silêncio diz muito mais do que muitas palavras. Os amigos de Jó foram ter com ele para consolá-lo. Porém, na arte de consolar os tristes e abatidos, a melhor coisa que se deve fazer é ouvir, levando-se em conta, principalmente, o fato de que o que o aflito mais quer é falar e ser ouvido.

6. Cuidado com o que se fala: Depois daquele período de abstenção do uso da fala, que se estendeu por sete dias, os amigos de Jó já estavam perdendo a paciência com ele e começaram a falar. A partir daí, tudo mudou, porque falaram muitas coisas que não deveriam ter falado, e falaram mais do que deveriam. Diante daquele que sofre, precisamos ter muito cuidado com o que dizemos, se, de fato, devemos dizer alguma coisa. Mesmo na defesa daquilo que consideramos ser “do interesse de

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Deus”, devemos ser ponderados, pois, mesmo procurando defender a Deus, este não aprovou a maneira como fizeram isso.

Quando não se tem uma boa palavra para dizer, a melhor coisa que de-vemos fazer é não dizer coisa alguma, pois, além de corrermos o risco de agravarmos ainda mais uma situação que já não é boa, corremos o risco de contrariarmos a Deus, que nem sempre aprova os métodos que utilizamos. Foi isto o que o Senhor deixou evidente ao dizer a Elifaz: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó (Jó 42:7b). Eles haviam sido duros e implacáveis contra aquele de quem o próprio Deus dera bom testemunho.

02. Leia Jó 2:11, os itens 1 e 2 anteriores e responda: Depois da tragédia que sobreveio a Jó, por parte de quem ele recebeu uma sincera manifestação de solidariedade?

03. Leia Jó 2:12, os itens 3 e 4 anteriores e responda: Ao constatarem o deplorável estado de saúde em que Jó se encontrava, qual foi a reação imediata de seus amigos, e por quanto tempo ficaram emudecidos?

04. Leia Jó 2:11, o item 5 e responda: Com que propósito Elifaz, Bildade e Zofar foram visitar Jó?

05. Leia Jó 42:7, o item 6 e responda: Cumpriram os amigos de Jó a missão que assumiram em relação a ele? Justifique sua resposta.

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III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Tenhamos prontidão para ajudar aqueles que sofrem. Para prestarmos assistência a uma pessoa que sofre, precisamos ter

disponibilidade e prontidão. Jesus ensinou o dever de assistir os enfer-mos. Na maioria das vezes, a pessoa que está sofrendo não tem nenhu-ma vontade, energia ou motivação para cumprir seus afazeres normais. Por isso, ligue para ela e pergunte se pode ajudá-la, como, por exemplo, levando-lhe uma refeição, dividindo suas tarefas. “Se você não puder estar fisicamente, telefone periodicamente para lembrá-la que você está predisposto a auxiliá-la e preocupa-se com ela. Transmita sua disposição para ouvi-la no momento em que ela desejar falar”.1

06. Leia a primeira aplicação e responda: O que precisamos ter para prestarmos assistência àqueles que sofrem?

2. Tenhamos compaixão para ajudar aqueles que sofrem. Compaixão é o sentimento de pesar de que somos possuídos diante

da desgraça e da infelicidade das outras pessoas. “Compadecer-se”, por-tanto, é uma das características do cristão. Nenhum bom cristão é capaz de ver uma pessoa sofrendo, sem se compadecer dela. E a verdadeira compaixão é aquela que nos impele a fazer algo em favor daqueles que padecem. Jesus, em diferentes ocasiões do seu ministério, foi movido por esse sentimento (Mt 9:36, 14:14, 15:32). De igual modo, devemos também nos apiedar dos nossos semelhantes.

07. Leia Mt 9:36; 14:14, a segunda aplicação e responda: Se precisamos ter compaixão daqueles que sofrem, qual é a verdadeira compaixão, conforme o exemplo dado por Jesus?

1. Kemp (2001:98).

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3. Tenhamos percepção para ajudar aqueles que sofrem. A palavra de Deus recomenda: ... sede uns para com os outros benignos

e misericordiosos (Ef 4:32). Para sermos benignos e misericordiosos, pre-cisamos ser suficientemente sensíveis para percebermos que há alguém do nosso conhecimento ou ao nosso redor precisando de alguma coisa. Jesus relacionou, em uma só passagem, muitas necessidades (Mt 25:42-43). Será que não conhecemos nenhuma pessoa necessitada, que não tenha o suficiente para comer e vestir, que desabrigada, enferma e hos-pitalizada, presa? Ou não percebemos que pessoas assim existem? Talvez precisemos aguçar melhor a nossa percepção.

08. Leia a terceira aplicação e comente com a sua classe a sentença: “Tenhamos percepção para ajudar aqueles que sofrem”. Como fazer isso?

CONCLUSÃO: Aprendemos, na presente lição, com base no exemplo de Jó, que o sofrimento nem sempre é uma retribuição pelos pecados que cometemos. Jó era um homem justo e temente a Deus. A despeito disto, foi submetido ao mais duro teste de fidelidade. Por isso, devemos ajudar aqueles que sofrem, mesmo que seja apenas com uma palavra de consolo. E, ao fazermos isso, devemos ter o devido cuidado para não agravarmos ainda mais uma situação que já não é boa. A arte de aconse-lhar e consolar exige sabedoria. Às vezes, o silêncio é mais eficaz do que o discurso. Acusar e incriminar não é o melhor caminho.

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Sofrimentoe Desabafo

29 JAN 2011

5Hinos sugeridos: BJ 306 / BJ 299

Ajudar o estudante a entender a importância de desabafar corretamente em meio aos sofrimentos, como parte do processo de superação da dor.

Domingo, 23 de janeiro: ............. Jó 13:1-12Segunda, 24: .................................Jó 13:13-28Terça, 25: ........................................... Jó 14:1-22Quarta, 26: ....................................... Jó 15:1-16Quinta, 27: .....................................Jó 15:17-35Sexta, 28: .............................................Jó 16:1-6Sábado, 29: ...................................... Jó 16:7-22

TEXTO BÁSICO: Finalmente Jó quebrou o silêncio e amaldiçoou o dia do seu nascimento. (Jó 3:1-2 – NTLH)

INTRODUÇÃO: “Homem que é homem não chora!” Palavras usa-das pelos pais, no passado, para fazer um menino se calar diante da dor. Jó sente dores físicas: está com uma doença maligna; sente dores emocionais: perdeu, num só dia, sete filhos e três filhas; per-deu, ainda, todo o seu patrimônio. Não há como ficar insensível. Na calamidade, é possível conhecer melhor a Jó, homem de carne e osso. Ele mesmo pondera: Será que sou forte como a pedra? Será que o meu corpo é de bronze? (Jó 6:12 – NTLH). Jó é homem e se porta como tal. É homem, mas se porta de maneira elevada, acima de como se portaria a maioria dos homens.

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Desabafo: Jennifer Hudson fala de familiares assassinados. Ven-cedora de um concurso musical de calouros e premiada no Oscar por sua atuação no longa “Dreamgirls”, Jennifer Hudson divide es-sas conquistas com um crime bárbaro, que abalou sua estrutura familiar em 2008. Sua mãe, Darnell Hudson Donerson, o irmão mais novo, Jason, e o sobrinho de apenas sete anos, Julian King, foram brutalmente assassinados após terem desaparecido por algumas semanas. Somente agora, quase três anos após as tristes perdas, Jennifer conseguiu falar a respeito do trauma.

“Era como se eu estivesse fora de mim. É tudo um borrão, surre-al”, disse a atriz, relembrando o momento em que recebeu a notícia da morte dos familiares. A entrevista foi concedida em um pro-grama para televisão do canal VH1. Emocionada, Jennifer chorou muito e recordou dos momentos de tensão que passou, antes de saber que não voltaria a ver os parentes. “Durante duas semanas, fiquei fechada em um quarto e somente alguns familiares e amigos entravam”, contou. “Eu (...) [orava] todos os dias, de manhã quando acordava e a noite, na hora de ir para cama.”

William Balfour, ex marido de sua irmã, Julia, foi indiciado pelo crime como principal suspeito. Sem comentar sobre quem su-postamente acabou com parte de sua família, Jennifer optou por falar a respeito de uma esperança que surgiu em sua vida. Ano passado, uma luz se acendeu para atriz, quando soube que estava grávida de seu marido, David Otunga. Seu filho David, que nasceu há 12 meses, trouxe uma nova realidade para Jennifer, que vivia abalada com tanta brutalidade. “Meu filho lembra um pouco meu sobrinho”, desabafou emocionada, ao lembrar-se do pequeno (...).

Disponível em: http://entretenimento.br.msn.com/famosos/noticias-artigo.aspx?cp-documentid=24749573 > Acessado em 08/11/2010.

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01. Com base no texto em destaque, comente sobre o desabafo emocionado da atriz em questão, diante da situação difícil que viveu. Desabafar pode ajudar na superação da dor?

II. DE VOLTA A JÓ

Quebrado, destruído, vencido! Esse poderia ter sido o fim de Jó, se ele não tivesse usado uma válvula de escape, à sua disposição. Ele não apenas a usou, mas a usou corretamente, e isso foi importante para a manutenção de sua vida. Enlutado, ferido, doente, pobre, desesperança-do, sem expectativa de futuro; assim estava o homem que era referência, no oriente, de integridade nos negócios, de integridade social e moral e de temor a Deus. A grande temática envolvendo Jó é: Por que o justo sofre? Ele próprio tem dificuldade para entender e aceitar os sofrimentos.

1. Jogue o lixo fora: As decepções de Jó são comentadas em toda parte. Por ser íntegro e reto (Jó 1:1), ele era também um homem sábio (Sl 119:98-102). Sua sabedoria o levou a agir da maneira certa, no momento da dor. O que fez Jó? Jogou fora o lixo emocional. Finalmente Jó quebrou o silêncio e amaldiçoou o dia do seu nascimento (Jó 3:1-2 – NTLH). Desa-bafos estão presentes em todo o livro de Jó, e, seguramente, têm muito a ver com sua sobrevivência. O coração humano é grande para amar – muito maior do que, em geral, as pessoas percebem -; porém, é pequeno para lidar com decepções.

Todas as pessoas sofrem decepções na vida. Não há como não sofrê-las. O importante é saber o que fazer com os sentimentos que se seguem aos desapontamentos, para evitar que causem danos irreversíveis ou so-frimentos ainda maiores, pelas incômodas pressões que as decepções promovem. Perigoso nem sempre é o que se fala, mas o que se deixa de falar.1 O que não é dito é veneno, é lixo. Jó, por viver no temor do Senhor, era um homem sábio. Muito tempo antes da psicanálise, já sabia a im-portância do desabafo.

1. César (2008:114).

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Nenhuma pessoa normal guardaria, no armário da cozinha, o lixo da casa. Se o fizer, uma hora, o lixo despencará, e imagine a sujeira! Assim acontece com as decepções guardadas: o coração não consegue arma-zená-las. É como uma bomba-relógio, que pode explodir a qualquer ins-tante. Não tendo como permanecer no coração, essas emoções acabarão saindo, seja na forma de diarréia, de impotência, de enfarte, etc. Guardar esse lixo é mais nocivo do que a decepção sofrida, até porque a decep-ção pode conduzir à maturidade emocional e espiritual, enquanto esse lixo só trará consequências danosas.

2. Desabafo como remédio: Nem sempre as dores cessarão com de-sabafos. Jó fala sobre isso: Mas, se falo, a minha dor não acalma, e, se me calo, o meu sofrimento não diminui (Jó 16:6 – NTLH). Mesmo que a dor continue, o desabafo produzirá alívio. Quanto maior o sofrimento, maior a necessidade de desabafar. Um coração cheio de tristezas precisa ser aliviado. O desabafo é um remédio e uma ótima terapia. As boas ma-neiras ensinam a reprimir as emoções, e quem faz isso, adoecerá mais rapidamente.2 A Bíblia ensina: Partilhem as dificuldades e problemas uns dos outros, obedecendo dessa forma à ordem do nosso Senhor (Gl 6:2).

O Dr. Dráuzio Varella afirma que sentimentos escondidos e repri-midos acabam se transformando em gastrite, úlceras, dores lomba-res, dor na coluna e outras doenças.3 Diante do horror da guerra, Jeremias ensina ao povo a importância do desabafo (Lm 2:19). Ana, com o coração ferido pelas provocações de Penina, vai à presença do Senhor e, em meio às lágrimas, derrama seus sentimentos perante Deus, esvaziando a amargura em sincero desabafo (1 Sm 1:9-18). A complexidade dos problemas fazia com que vivesse triste e sem ape-tite; após o desabafo, comeu e se alegrou.

A tragédia sofrida por Jó foi tão forte que não há como pensar nela sem comoção. Uma grande perda desse homem foi a do respeito de seus amigos. Ele expõe este sentimento: Eu sou irrisão para os meus amigos (Jó 12:4). O desabafo, por si só, não traz de volta o respeito dos amigos, mas esvazia o coração ferido e cheio de dores. O desaba-fo produz efeitos positivos no coração humano. É como a válvula da panela de pressão, que, quando aberta, diminui a pressão até chegar ao estágio desejado. O desabafo vai esvaziando o coração humano dos sentimentos que são nocivos.

2. Idem, p.115 (2008:115). 3. Idem, p.114.

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3. Os amigos podem ajudar: Zombado, mal interpretado, pressiona-do e até caluniado pelos amigos, Jó reivindica seu direito de falar e de ser ouvido: O melhor consolo que vocês me podem dar é escutar com atenção às minhas palavras. Tenham paciência enquanto eu falo; depois que eu terminar, vocês podem zombar de mim (Jó 21:2-3). Os três amigos de Jó vêm visitá-lo e se condoem profundamente com seu estado. A presença dos amigos pareceu-lhe ser a oportunidade ideal para desabafar. Então, desabafa: Maldito o dia em que nasci! Maldita a noite em que disseram: Já nasceu! É homem! (Jó 3:3 – NTLH).

A partir das palavras de Jó, inicia-se, entre eles, uma disputa. Os amigos não souberam entendê-lo e passaram a acusá-lo impiedosa-mente. Eles não tiveram a sensibilidade para entender que as palavras de Jó eram de um homem desesperado (Jó 6:26 – NTLH). Diante do desespero e das decepções, se não quiser ou não puder ir a um profis-sional, procure amigos; desabafe com eles; extravase. Se reagirem com reprovação, peça que sejam compreensivos; explique a severidade da situação e a seriedade do momento; faça soar a trombeta; esperneie; faça o que for preciso, mas desabafe.

Ter ouvidos dispostos a ouvir é muito bom para quem precisa desaba-far! Aqueles amigos se importaram com Jó o suficiente para percorrerem uma longa distância, a fim visitá-lo. Na dor, se identificaram tanto com o amigo que, quando lamentaram com ele, não o fizeram numa casa con-fortável, nem no ar condicionado de um Shopping Center, nem mesmo na cama de um hospital, mas assentaram-se no meio das quinquilharias, cercados de lixo; provavelmente, havia mau cheiro por todo lado, inclu-sive no corpo do próprio Jó. Amigo só para as horas boas não é amigo.

4. Sem abrir mão da sabedoria: Para que seja útil, o desabafo precisa ser sincero. Quando é pensado, premeditado, estudado detalhadamente, deixa de ser desabafo. No desabafo, não se deve esconder nada e nem escolher ou melhorar as palavras. O que realmente tem valor é o que sai da alma dolorida, arruinada pelos acontecimentos. Em Jesus, temos um grande exemplo: sem constrangimento algum, diante de Pedro e João, na-quela fatídica noite, ele disse: ... a tristeza que estou sentindo é tão grande, que é capaz de me matar. Fiquem aqui vigiando comigo (Mt 26:38 – NTLH).

A sinceridade do desabafo de Jó é clara, e seu desabafo é completo: Por que não nasci morto? Por que não morri ao nascer? Por que a minha mãe me segurou no colo? Por que me deu o seio e me amamentou? Se eu tivesse morrido naquele momento, agora estaria dormindo, descansando em paz (Jó 3:11-13 – NTLH). Os textos alistados, na sequência, revelam

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claramente o homem da terra de Uz pondo para fora tudo que agonia-va a sua alma (Jó 3:16, 20-21,25-26, 6:2-4,7-13, 7:3-5,11,15-16, 9:27-29, 10:18-19, 12:4, 16:12-14, 19:8-10, 30:15-16).

Em muitos desses textos, vemos Jó perguntado a Deus o porquê de tanto sofrimento. Sofrer sem saber o motivo aumenta consideravelmen-te a dor, tornando-a insuportável. Enquanto não se consegue visualizar a razão dos sofrimentos, corre-se o perigo de se entregar aos sentimentos de revolta, que, à medida que crescem, levam a pessoa a maior sofri-mento e também a pecar contra o Criador. Mesmo antes de começar o desabafo, Jó estava decidido a não pecar contra Deus (Jó 1:10). Ele foi sábio: desabafou, em vez de murmurar.

02. O que você aprendeu sobre não guardar os sentimentos causados pelas decepções?

03. Após ler 1 Sm 1:9-18; Mt 11:28-30 e o primeiro item, comente com a classe sobre a importância do desabafo para a saúde física e emocional.

04. Com base em Jó 21:2-3, 10:1, 32:20, comente sobre a sinceridade de Jó no desabafo.

05. Com base em Sl 141:3; Tg 1:19 e no terceiro item, discuta sobre a importância do cuidado no desabafar.

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III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Em meio aos sofrimentos, desabafemos sem murmuração.Desabafar não é pecado, murmurar, sim. Para não transformarmos a

prática de desabafar na de murmurar, precisamos distinguir bem uma da outra. Desabafar é a prática de falar respeitosamente “para” Deus so-bre tristezas, carências, dificuldades, enfermidade ou qualquer ameaça. Murmurar é a prática de falar “contra” Deus. A primeira é encorajada pelas Escrituras: Confie sempre em Deus, meu povo! Abram o coração para Deus, pois ele é o nosso refúgio. A segunda é proibida. A palavra de Deus adverte que não devemos murmurar como alguns filhos de Israel fizeram (1 Co 10:10).

06. De acordo com a primeira aplicação, explique a diferença entre a prática do desabafo e a prática da murmuração.

2. Em meio aos sofrimentos, desabafemos sem arrogância. Em seu desabafo, Jó questiona: “Por quê?” Não é errado perguntar por

que, mas é preciso saber que Deus não nos deve uma resposta. Além do mais, precisamos entender que o fato de sabermos o porquê da aflição não alivia a nossa dor. Olhar para a radiografia de uma perna quebrada não a deixa menos dolorida. Deus sempre nos trata de acordo com as nossas reais necessidades e não de acordo com o que pensamos ser nos-sas necessidades. Ele sabe e faz o que é realmente melhor para nós. Sen-do assim, derramemos o nosso coração perante ele com total humildade.

07. Leia Rm 11:33-36; a segunda aplicação, e comente a afirmação: “Não é errado perguntar por quê, mas é preciso saber que Deus não me deve uma resposta.”

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3. Em meio aos sofrimentos, desabafemos sem acanhamento.Para Jó, a vida estava intolerável. Se, por acaso, em sua vida, chegar

o momento marcado por sofrimentos tão intensos a ponto de fazê-lo pensar que a vida perdeu o colorido, que não faz mais sentido viver, que a vida está intolerável, então, mais do que nunca, é hora de desabafar. Se não fizer isso, poderá não sobreviver aos sofrimentos. Quando desabafar, não o faça pela metade; seja intenso e sincero no desabafo. Fale de suas dores, de seus temores, sem acanhamento. Abra o coração por inteiro, diante de Deus. Lance sobre ele não apenas algumas, mas todas as suas ansiedades.

08. Leia a terceira aplicação e explique o que significa abrir o coração diante de Deus sem acanhamento.

CONCLUSÃO: Em seu perfeito cuidado para conosco, Deus provê meios para ajudar-nos a superar os momentos de atrocidades. O desa-bafo, como já dito, é um poderoso recurso de Deus à nossa disposição e, também, um importante processo terapêutico. Por causa da educação que recebemos, pode parecer estranha a questão de desabafar. Pela fal-ta de costume, podemos ficar constrangidos, por considerarmos errado falar de dificuldades vividas. Mesmo parecendo nova para muitos, essa ferramenta é, na verdade, antiga. Há tempos, Jó a utilizou e foi aceito por Deus. Sigamos seu exemplo, desabafando, quando necessário.

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Sofrimentoe Suicídio

TEXTO BÁSICO: Detesto a vida; não quero mais viver. Deixa-me em paz, pois a minha vida não vale nada. (Jó 7:16 – NTLH)

INTRODUÇÃO: Diante das perdas e aflições, nem todos reagem da mesma forma. Muitos há que, logo, optam pela fuga. Nada de cons-trutivo, nenhuma reação positiva, apenas a vontade intensa de escapar da situação angustiante o mais rápido possível. E não são poucos que “escapam” pelo suicídio. Se a pior coisa que se conhece na existência for a morte, o que mais a pessoa vai querer é viver. E se a pior coisa para ela for a vida? Ela pode passar a sentir o desejo de morrer. A lição de hoje vai nos mostrar que Jó, no auge da sua dor, lidou com esse desejo. Nessa ocasião, chegou a dizer que é melhor ser estrangulado e morrer do que sofrer assim (Jó 7:15 – NVI).

5 FEV 2011

6Hinos sugeridos: BJ 381 / BJ 9

Mostrar que, embora reconheça que uma pessoa em estado de desespero possa desejar ou até pedir a Deus para morrer, a Bíblia não recomenda o suicídio como solução para o sofrimento.

Domingo, 30 de janeiro: ............. Jó 17:1-10Segunda, 31: .................................Jó 17:11-16Terça, 1 de fevereiro: .......................Jó 18:1-4Quarta, 2: ......................................... Jó 18:5-21Quinta, 3: .......................................... Jó 19:1-12Sexta, 4: ...........................................Jó 19:13-22Sábado, 5: ......................................Jó 19:23-29

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Um importante maestro britânico, Sir Edward Thomas Dow-nes, de 85 anos, e sua esposa de 74 anos viajaram para uma clínica na Suíça onde foram auxiliados a cometer suicídio. De acordo com uma declaração da família, o músico - cego e pro-gressivamente surdo - e a esposa - doente terminal - optaram por morrer na clínica Dignitas. “Ambos viveram plenamente e se consideravam extremamente afortunados por ter vivido vidas tão cheias de recompensas, tanto profissionalmente como pes-soalmente”, disse a declaração.

“Eles morreram em paz e em circunstâncias de sua própria es-colha”. “Nosso pai, que tinha 85 anos, era quase cego e progressi-vamente surdo, teve uma longa e distinta carreira como regente”. “Nossa mãe, que tinha quase 74, começou carreira como bailarina e mais tarde trabalhou como coreógrafa e produtora de TV, antes de dedicar os últimos anos de sua vida trabalhando como assisten-te pessoal para nosso pai”. “Depois de 54 felizes anos juntos, eles decidiram terminar suas vidas ao invés de continuar a lutar contra sérios problemas de saúde”. (...)

Conhecido internacionalmente, o maestro nasceu em Birmin-gham em 1924. Ele começou a tocar o violino aos cinco anos. (...) Durante sua carreira, recebeu vários prêmios importantes, assim como títulos e honrarias da realeza britânica. A lei da Grã-Bretanha proíbe a eutanásia e qualquer forma de assistência ao suicídio. A clínica Dignitas, com sede nas proximidades de Zu-rique, na Suíça, oferece esse tipo de serviço. A entidade é alvo de debates frequentes na sociedade britânica e foi tema de um recente documentário na televisão do país.

Fonte: Maestro britânico e esposa cometem suicídio em clínica suíça. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/2009/07/090714_casal_suicidio_mv.shtml > Acessado em 02/11/2010.

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01. Com base no texto em destaque, comente com a classe a morte do casal britânico em “circunstâncias de sua própria escolha”. Será que biblicamente o suicídio é aceitável em alguma hipótese?

II. DE VOLTA A JÓ

O livro de Jó faz alusão direta à morte por cerca de quarenta vezes1 (1:15,17,19, 2:9, 3:11,5,21, 4:21, 5:2,20, 7:15, 9:23, 10:18,21,22,12:2,13:15, 14:8,10,14, 16:16, 17:16, 18:13, 20:16, 21:21,23,25, 24:14,17, 26:5, 28:22, 30:23, 31:30,39, 33:22, 34:20, 36:14, 37:17, 39:30, 42:17). Para sermos bem exatos, apenas quinze capítulos não fazem menção explícita dela (6, 8, 11, 15, 19, 22, 23, 25, 27, 29, 32, 35, 38, 40 e 41). Apesar disso, não há como não admitir que a média geral é bem alta: quase uma por capítulo. Isso sem levar em conta a palavra “sepultura”, que aparece mais nove ve-zes (3:17, 22; 7:21; 10:19; 17:1, 14; 21:32; 33:18, 22). Mas é assim mesmo. Sofrimento e morte, como será visto logo a seguir, estão muito relacio-nados um com o outro.

1. Encarando a morte: Imagine a cena: Jó está em sua grande casa com a sua mulher. Os seus filhos haviam ido a uma festa na casa do ir-mão mais velho. Os dois, de repente, ouvem alguém bater à porta com muita força. Assim que é aberta, um dos seus servos muito tenso entra. Sem poder se conter, conta o que houve: Fomos atacados. Os sabeus, Se-nhor... Foi de repente. Levaram tudo... Mataram os empregados... Só... Só eu consegui escapar para trazer a notícia. Na mesma hora outro servo entra aos gritos: As ovelhas, senhor. Os pastores... Raios... Raios caíram sobre eles. Estão todos mortos.

Logo a seguir mais um servo chegou aos prantos: A casa, Senhor... A do seu filho mais velho... Ela caiu. Todos... Todos os seus filhos se foram. Notou quantas mortes? E o que é pior: uma atrás da outra. Jó perdeu os dez filhos de uma só vez. Ele os amava muito. Orava sempre por eles para que fossem cada vez mais santos diante do seu Deus (1:5). Agora, nunca

1. Tendo por base a Bíblia Almeida Revista e Atualizada.

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mais os teria perto de si. Essa é a maior dor que alguém pode sentir. Não é nada fácil lidar com a morte. Se for a de um filho, as dores são por demais intensas. Nessas horas, nem todo pai (ou mãe) reage como Davi. Muitos têm a reação de Jacó.

Tão logo soube que o seu filho com Bate Seba havia morrido, Davi, que, por seis dias, ficou isolado em seu quarto, orando e jejuando pela cura da criança, se levantou da terra; lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do Senhor e adorou (2 Sm 12:20). Na Bíblia, lavar-se e tro-car de roupas simboliza um recomeço.2 E era isto mesmo que Davi tinha em mente: recomeçar a sua vida. O mesmo não se deu com Jacó. Quan-do deduziu que José estava morto, entrou em luto profundo e, vinte anos depois, ainda lamentava a morte do seu filho predileto (Gn 42:36). Tentaram consolá-lo, ele, porém, recusou ser consolado e disse: Chorando, descerei a meu filho até à sepultura (Gn 37:35).

Existe mesmo um estado emocional em que alma de alguém que sofre uma perda não aceita consolo de nenhuma natureza, nem psicológica nem teológica. O salmista confessou ter vivido essa situação: ... a mi-nha alma recusava ser consolada (Sl 77:2b - ARC). Se a pessoa não notar isso em tempo – que a sua alma recusa o consolo – instala-se nela uma tristeza absurda e crônica. Ela perde, então, o interesse pela vida, em saber, ver, conhecer, experimentar, amar, sorrir, cantar. A insistência nesse estado inviabiliza a sua existência e complica a sua convivência com os outros. Pode levá-la não só à revolta com a vida e com o Senhor, mas também ao desespero e até mesmo ao suicídio.

2. Desejando a morte: Jó não fala muito, nos dois primeiros capítulos. Na verdade, apenas duas vezes, mas fala bem demais. Se você não se lembra com exatidão de tudo o que ele disse, antes de seguir adiante, pare e veja de novo Jó 1:21 e 2:10. Para alguém que sofreu tantas per-das, a sua fala é, de fato, digna de muitos aplausos. Jó se calou a seguir. Não se sabe por quanto tempo. Sabe-se apenas que ele falou sete dias depois que os seus amigos foram fazer-lhe uma visita: Depois disto, abriu Jó a boca (3:1a – ARC). No hebraico, essa expressão “abriu a boca” é um idiomatismo que designa algo bem meditado.

O que Jó vai dizer, então, não é nada impensado. Tudo indica que teve tempo para ruminar a sua trágica situação. Mas o que ele diz? De início, ele pede que sejam riscados do calendário o dia do seu nascimento e a

2. Veja Gn 35:1,2; 41:14; 45:22; Êx 19:10; Lv 14:8, 9; Jr 52:33; Ap 3:18.

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noite da sua concepção (3:1a-2). Um pouco mais adiante, indaga porque não morreu ainda no útero, logo ao nascer ou por falta de leite materno (3:11-12). Sair com vida e saúde do útero da mãe era visto como uma ação especial da providência divina (Sl 22:9). Mas Jó preferia que isso não tivesse ocorrido com ele. A sua alma doía tanto que ele chegou ao ponto de dizer: Se a minha mãe tivesse tido um aborto, às escondidas, eu não teria existido (Jó 3:16 – NTLH).

Alguém pode pensar assim: mas tudo o que Jó fala aqui é da boca para fora. Será? Mais outra questão técnica. Há quem afirme que, aqui, nesse trecho, são usados alguns verbos chamados jussivos na sintaxe hebraica3. Trata-se de verbos que expressam desejo, ou seja, retratam o que Jó estava realmente almejando que tivesse acontecido. A boca fala do que o coração está cheio. E o agitado coração do homem de Uz não anela outra coisa, senão a própria morte. Entre os hebreus, a morte era vista como um mal a ser evitado. Mas Jó diz que os infelizes e amargurados a desejam mais do que riquezas. Eles ficam muito alegres e felizes quando por fim descem para a sepultura. (3:17b-18 – NTLH). Eles exaltam a morte, e não a vida.

O desejo de viver está latente no ser humano. Quando deseja a morte é porque o existir dói muito. Para o hebreu, a vida era um dom de Deus e deveria ser usufruída com alegria e gratidão. Mas Jó está sofrendo tanto que preferia morrer a viver. A morte resolve os problemas pessoais e as injustiças sofridas? Não. No caso de Jó, ela apenas acabaria com o seu sofrimento (3:17-19). Contudo, deve-se frisar que o fato dele ver na morte uma saída para a aflição não significa que esteja fazendo uma de-fesa do suicídio ou da eutanásia como solução para o sofrimento. Nunca passou pela mente dele a ideia de forçar a sua morte a vir mais depressa ou provocá-la de um modo sutil.

3. Suplicando a morte: Uma vez que não pode se matar com as pró-prias mãos, nem pedir para que as mãos de seus amigos o façam, Jó, então, apela, por meio da oração, para que o seu Deus acabe com a sua vida. Este, sim, pode fazê-lo, por ser o único que tem poder absoluto sobre a vida e a morte: ... o Senhor Deus é quem tira a vida e quem a dá. É ele quem manda a pessoa para o mundo dos mortos e a faz voltar de lá (1 Sm 2:6 – NTLH). Jó, então, transforma o seu desejo em um pedido: Quem dera que se cumprisse o meu pedido, e que Deus me concedesse o que anelo! Que fosse do agrado de Deus esmagar-me, que soltasse a sua mão e acabasse comigo! (Jó 6:8-9).

3. Swindoll (2004: 86).

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Alguém pode indagar: Aqui Jó está falando com Deus ou com Eli-faz? Com Deus. O fato dele falar “acerca de Deus na terceira pessoa não deve dar a impressão errada. Realmente, está orando, e não falando a Elifaz. Semelhante convenção é comum ao dirigir-se com respeito a um superior”.4 Mas lembre-se disto: quando Jó pede em oração a própria morte é por não suportar mais o desespero, e não porque achou que aquela era uma saída agradável e aceitável. Ele afirma que não tem mais nenhuma resistência. Lembra que o seu corpo é de carne e nervos, não de pedra e bronze. Está certo de que tanto os seus recursos internos quanto os externos se esgotaram. Acredita que não lhe resta nenhuma esperança sequer (Jó 6:11-13).

Não foi apenas Jó que orou com fervor em favor da própria morte. Sem aguentar mais o peso do fardo de ter que guiar a Canaã o povo de Israel, que não sabia fazer outra coisa senão se queixar de tudo e de todos, Moisés disse a Deus: ... tem pena de mim e mata-me! (Nm 11:14b-15a – NTLH). A somatória de um colapso emocional, estresse, fome e uma absurda sensação de fracasso levou Elias a orar dessa forma: — Já chega, ó Senhor Deus! Acaba agora com a minha vida! (1 Rs 19:4 – NTLH). Jonas, por sua vez, orou não só uma, mas duas vezes para que Deus o matasse: Agora, ó Senhor, acaba com a minha vida porque para mim é melhor morrer do que viver (Jn 4:4, 8 – NTLH).

Jó, Moisés, Elias, Jonas. Todos oraram pela própria morte, mas nenhum deles tentou tirar a própria vida. Oraram assim em razão das angústias pro-fundas que experimentaram. A Bíblia diz que a opressão faz ter vontade de morrer. Mas apenas constata isso, sem, porém, recomendar ou autorizar que o oprimido se mate. Deus ouviu todas essas orações, mas não aten-deu a nenhuma delas. Jó morreu, sim, não quando quis, mas quando Deus quis. Ele não “veio” porque quis e não “foi” porque quis. A Bíblia diz que ele morreu velho e farto de dias (42:17), talvez muito tempo depois do seu Deus reaver sua riqueza, reconstruir sua família e refazer seu círculo de amigos.

02. Após ler o primeiro parágrafo do tópico “De volta a Jó”, comente sobre as alusões feitas à “morte”, no livro de Jó.

4. Andersen (1984:127).

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03. Jó teve de lidar com várias mortes ao mesmo tempo, inclusive a dos próprios filhos. Diante de fatos assim, que reações podemos ter?

04. Jó fez referência ao dia do seu nascimento e à noite da sua concepção (Jó 3:1-2, 11-12,16). O que ele disse?

05. Além de Moisés, Elias e Jonas, Jó também orou a Deus pedindo a própria morte (Jó 6:8-9). O que o levou a orar dessa forma?

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Vivemos mais e melhor, quando aceitamos as nossas aflições.A alma aflita de Jó nos ensina que é pura ingenuidade imaginar que

quem serve a Deus está livre de sofrer, nesta vida, o que alguém que não o serve sofre. Começamos a crescer, quando aceitamos que as afli-ções fazem parte desta existência. A palavra de Deus ensina que, en-quanto vivemos neste tabernáculo, gememos angustiados (2 Co 5:1a – grifo nosso), mesmo tendo as primícias do Espírito Santo. Isso será assim, até que aquele que começou a boa obra em nós nos liberte completamente (Rm 8:23). A Bíblia, por outro lado, nos instrui a nos gloriarmos em nossos próprios sofrimentos, sabendo que estes são as portas de acesso à maturidade psíquica e espiritual. Isso porque o so-frimento produz perseverança, a perseverança produz experiência e a experiência gera esperança no coração.

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06. Vivemos mais e melhor, quando aceitamos as nossas aflições. Que observações você faz sobre essa afirmação?

2. Vivemos mais e melhor, quando dividimos as nossas aflições. Não são todas, mas existem algumas pessoas que, quando se de-

param com algum problema intenso, a sua primeira alternativa é pensar em se matar (At 16:27). Talvez esse seja o caso de alguém que você ama muito. Pessoas assim precisam ser ajudadas com ur-gência. Em um estado desses, não podem nem devem jamais andar e viver em solidão. Aqueles que as cercam precisam saber como elas se sentem. Não todos, mas alguns poucos, que sejam capazes de orientá-las ou conduzi-las a alguém que realmente possa fazê-lo com sabedoria. Aflição dividida é aflição diminuída. Jó não escondeu o que sentia na alma.

07. Vivemos mais e melhor, quando dividimos as nossas aflições. Você pode explicar o que isso quer dizer?

3. Vivemos mais e melhor, quando suportamos as nossas aflições.Jó pediu para o Autor da vida acabar com a sua vida, mas ele mes-

mo não acabou com ela. Ele não desistiu da existência. Quanto pior ficava, mais ele lutava e resistia. O Novo Testamento faz referência a sua resistência: ... ouvistes falar da resistência de Jó e conheceis o des-fecho que Deus lhe proporcionou, pois o Senhor é compassivo e piedoso (Tg 5:11). Quem sabe que no mundo se têm aflições e sabe que não há exceções, não busca sofrimentos para si; também não abre mão de lutar e viver, quando eles aparecem em seu caminho. Sendo assim, fiquemos firmes no Senhor. Eduquemos e estimulemos a nossa alma a ter fé no filho de Deus, que não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse (Hb 12:2b – NTLH).

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08. Vivemos mais e melhor, quando suportamos as nossas aflições. Dê a sua opinião sobre essa questão.

CONCLUSÃO: Jó não quis morrer porque sofria de depressão grave, transtorno bipolar, esquizofrenia, síndrome do pânico, tampouco porque se sentia uma carga intolerável para os outros ou porque não tivesse alguém que pudesse lhe transmitir um sentimento de integração. O seu problema era um estado de profundo desespero por causa dos eventos adversos vividos. Às vezes, alguém pode querer tirar a própria vida por algum tipo de transtorno mental existente. Mas, seja qual for o caso, es-sas pessoas precisam do nosso apoio e da nossa atenção. Muitas podem precisar até mesmo de ajuda dos especialistas da psiquiatria e da psico-logia para que voltem a ter vontade de viver de novo.

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58 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

TEXTO BÁSICO: Quantas faltas e pecados cometi? De que erros e pe-cados sou acusado? (Jó 13:23)

INTRODUÇÃO: José, Moisés, Davi, Neemias, Jesus, Paulo. Sabe o que esses homens têm em comum? Todos eles passaram por uma das mais perturbadoras experiências: a acusação injusta. José foi acusado de tentativa de estupro. Davi foi acusado de tentar derrubar o rei Saul. Neemias foi acusado de trabalhar em proveito próprio. Paulo foi acu-sado de fingir a sua própria conversão. Jesus foi acusado de ser um beberrão. E o que dizer de Jó? Os seus três amigos o acusaram fron-talmente de toda sorte de pecado. Há situações em que a acusação frontal do pecado é uma bênção. Foi por causa dela que Davi disse: Eu pequei contra Deus (2 Sm 12:9). Mas, para Jó, foi muito triste. Por uma simples razão: ele era inocente.

Sofrimento e Inocência

12 FEV 2011

7Hinos sugeridos: BJ 8 / BJ 102

Mostrar que nem todo sofrimento, por mais terrível que seja, tem relação com algum pecado direto que tenhamos cometido anteriormente.

Domingo, 6 de fevereiro: ........... Jó 20:1-11Segunda, 7: ....................................Jó 20:12-29Terça, 8: ............................................. Jó 21:1-16Quarta, 9: .......................................Jó 21:17-26Quinta, 10: .....................................Jó 21:27-34Sexta, 11: .......................................... Jó 22:1-11Sábado, 12: ....................................Jó 22:12-29

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

[Por ter o mesmo nome de um acusado pela polícia, o irmão Clei-ton foi encarcerado durante 34 dias. O povo promessista orou in-tensamente, e Deus fez a justiça.] O último dia de Cleiton (...), de 21 anos, numa das celas do Presídio Santa Augusta foi angustian-te. Fazia sete dias que suas esperanças de sair logo da carceragem tinham sido renovadas, mas nada mudava. “Eu estava pedindo a Deus por uma noticia boa. Passei o dia angustiado até que, agora a pouco (ontem, 15 de julho), me chamaram, e disseram que era o meu alvará de soltura”, narrou o jovem, bastante emocionado, quando já em liberdade (...).

A Justiça da Comarca de Pinhais/PR havia decretado a prisão pre-ventiva do morador de Forquilhinha, acusando-o de envolvimen-to em um homicídio. O crime ocorreu em 2008, um ano antes da primeira e única vez em que o rapaz esteve na cidade da região metropolitana de Curitiba. Desde 11 de junho de 2010, quando o Mandado de Prisão foi cumprido, a família e amigos correram por provar a sua inocência. A boa noticia que Cleiton tanto esperava chegou a ele no final do dia de ontem (15). Pouco mais cedo, a Justiça paranaense havia expedido carta precatória à Comarca de Criciúma, solicitando que o colocassem em liberdade (...).

A decisão judicial foi baseada em diversos documentos anexados às alegações do defensor. O advogado explicou que o juiz entendeu que o material estava conexo com a defesa e, diante disso, Cleiton, realmente, não é a mesma pessoa apontada no processo criminal como assassino. (...) Os documentos encaminhados a Curitiba para provar a inocência do jovem foram providenciados com o auxilio do delegado Airton Ferreira, que tomou o depoimento do suspeito, coletou suas digitais e bateu fotos atuais. (...).

Fonte: Jornal da Manhã, de Criciúma (SC), em 16 de julho de 2010. Disponível em: http://www.portaliap.com.br/testemunho-9.php > Acessado em 05/11/2010.

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60 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

01. Leia o texto em destaque e comente sobre a experiência vivida por este jovem, acusado injustamente de um crime que não cometeu.

II. DE VOLTA A JÓ

O livro de Jó começa narrando o dilema de seu personagem principal (1:1-2:13), continua retratando o debate dele (3:1-37:24) e termina mos-trando a sua salvação (38:1-42:17). Do debate, participam três pessoas: Elifaz, Bildade e Zofar. Eles, porém, não atacam ao mesmo tempo. Nos dois primeiros blocos de debates, os três falam uma vez cada um (3:1–21:34). No último, só Elifaz e Bildade (22:1-31:40). Elifaz, Bildade e Zofar são unânimes em dizer que Jó está sofrendo em virtude de seu pecado pessoal. As reações de Jó a essas análises equivocadas não só aumenta a discussão, mas também a esquenta, como veremos na sequência.

1. Os ataques verbais à inocência começam: Por sete dias, eles o olha-ram sem dizer nada. Só ficaram avaliando e formando uma opinião sobre o que diriam para animar aquele homem coberto de tumores. Um deles passou a falar. Você já sabe o nome dele: Elifaz. É o mais velhos de todos. A sua fala vai de Jó 4:1 a Jó 5:27. É longa. E, como diz a Bíblia, no muito falar não falta transgressão (Pv 10:19b). Ele fita o rosto aflito do seu amigo e in-daga: Você lembra de alguma pessoa inocente que tenha caído na desgraça ou de alguma pessoa honesta que tenha sido destruída? (Jó 4:7). Ele ataca perguntando. Não busca respostas. Já tem uma opinião formada sobre esse assunto: Tenho notado que os que aram campos de maldade e plantam sementes de desgraça só colhem maldade e desgraça (Jó 4:8 – NTLH).

Aqui, tenho notado e, mais adiante, uma vez vi (5:3), Elifaz analisa o que se passa com o seu amigo apoiado em sua observação pessoal. Mas ele ainda não acabou. Tem algo mais a dizer: ... a aflição não brota da terra; a desgraça não nasce do chão: somos nós mesmos que causamos o sofrimento (Jó 5:6 – NTLH). Elifaz acertou em cheio, quando disse que o que se planta se colhe e que a aflição não surge do nada, mas nada disso se aplica a Jó. Ele está sem uma cabeça de gado sequer no pasto, sem um empregado sequer na fazenda e sem um filho sequer em casa, porque pecou. Não sofria por causa de si próprio. Está sob provação divina.

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Elifaz recua. Falou muito, mas disse pouco. Quem vai dar o segundo golpe verbal? Entra um homem chamado Bildade. Os seus raciocínios se apóiam na tradição, isto é, no ensino dos antigos (8:8-10). Agora, se você achou que Elifaz bateu muito forte, veja esse que é um pouco mais jovem. Pense em alguém bruto. Diz, sem rodeio algum, a causa da morte dos seus filhos: Decerto os seus filhos pecaram contra Deus, e ele os castigou como mereciam (8:4). Essa doeu muito. Quanta frieza! A sua tese é esta: tudo o que ocorre de ruim com alguém é fruto da justiça retributiva de Deus (Jó 8:4).

O que isso quer dizer? Que Deus sempre agracia quem faz o que é certo e sempre castiga quem faz o que é errado. Ele pensa: Deus não pune sem cau-sa. Algo de muito errado fora feito por Jó. O juízo é retributivo, mas a graça, não. Ela é imerecida. Mas o duelo dessa fase inicial ainda não acabou. Falta Zofar. Ele golpeia sem piedade. Disse que, se Jó fosse tão sábio como dizia ser (Jó 11:4), veria que o seu castigo era bem menor do que a sua iniquidade me-recia. “Você está sofrendo? Merece mais” (Jó 11:6). Exorta-o a arrepender-se e a abandonar o seu pecado: Jó, vire o coração para Deus. Abandone o pecado que mancha as suas mãos e não deixe que a maldade more na sua casa (Jó 11:13-14). O seu apelo está certo, mas não se aplica a Jó.

2. Os ataques verbais à inocência continuam: A segunda fase da luta se inicia no capítulo 15 e vai até o capítulo 21. Os lutadores sãos os mesmos da primeira: Elifaz, Bildade e Zofar. Um golpe cruel segue outro. Após ouvir Jó falar, Elifaz diz não ter mais nenhuma dúvida de sua culpa: Você fala assim por causa do seu pecado (...). Eu não preciso acusá-lo, pois as suas próprias palavras o condenam (Jó 15:5a-6 – NTLH). Bildade, pressupondo que Jó está sofrendo por causa de seu pecado, descreve as terríveis aflições do homem perverso (Jó 18:5-21), assunto já explorado, antes, por Elifaz (Jó 15:17-30). Zofar também aborda o tema do destino dos perversos (20:5-19). Os três usam os mesmos golpes.

Quando fazem essa descrição da existência sofrida do homem per-verso, estão pensando na mesma pessoa: Jó. Para eles, só existiam duas classes de indivíduos: ímpios e justos. E Jó estava, definitivamente, enqua-drado na classe dos ímpios. Mas qual era, realmente, a opinião de Elifaz, Bildade e Zofar sobre os maus? Na visão deles, os que não querem saber de Deus vivem a vida inteira atormentados (Jó 15:20), não ficam ricos por muito tempo (Jó 15:29), as suas casas são destruídas (Jó 15:34), andam tropeçando (Jó 18:7), sofrem ameaças de todos os lados (Jó 18:11), são acometidos de doenças mortais (Jó 18:13), não deixam descendentes (Jó 18:19), a sua alegria e seu prazer duram pouco (Jó 20:5), o seu corpo jovem e forte logo vira pó (Jó 20:11).

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Sabe qual o grande problema das regras de Elifaz, Bildade e Zofar? Isto: nelas não existe exceção alguma. Elas se aplicam a todos, indistin-tamente. Para eles, os inocentes nunca fracassam e os perversos nunca progridem. Estão errados. A vida não é assim tão inflexível, certinha, fe-chada, tanto para um quanto para outro. Quando Elifaz e Bildade argu-mentaram sobre a ruína do perverso, Jó não disse nada. Mas, depois que ouviu Zofar insistir no tema, refutou as suas afirmações. Com isso, mostraria também a inconsistência da lógica deles, que era assim: os perversos sofrem. Jó sofre. Logo, Jó é perverso. Jó, por sua vez, não pos-sui uma opinião romântica sobre os perversos (21:7-33).

Para o homem de Uz, os perversos não querem mesmo saber de Deus, nem da sua lei. Não o adoram nem vêem valor algum em fazer-lhe orações. Nem sequer atribuem ao Senhor a razão do seu progresso (Jó 21:14-16). Mas nem por isso todos sofrem, de pronto, os efeitos da ira de Deus sobre si. Nem sempre as coisas vão mal para eles. As suas famí-lias são grandes e felizes e os seus rebanhos, férteis. As suas proprieda-des desfrutam de segurança e os seus corpos são vigorosos e saudáveis. Nem sempre são condenados e presos. Enfim, morrem velhos, ricos e, muitas vezes, sem sentir dor alguma. Esses fatos quase fizeram Asafe se desviar da verdade (Sl 73:2).

3. Os ataques verbais à inocência terminam: A última etapa do combate começa no capítulo 22 e termina no capítulo 26. Desta vez, só dois vão atacar o servo de Deus: Elifaz e Bildade. Elifaz volta desferir golpes verbais contra a inocência de Jó, mas não como nas duas fases anteriores. Agora, as suas palavras estão muito mais ásperas e violentas: Se ele o castiga e o chama para prestar contas, não é porque você o adora com todo o respeito, mas sim porque cometeu muitos pecados, e as suas maldades não têm conta (22:4-5). Ele ousa detalhar seus pecados extre-mos: ganância, omissão, extorsão, abuso (22:6-9). Até então, ninguém havia usado esse golpe.

Ele exorta Jó a fazer as pazes com Deus, que, das alturas, viu todos os seus erros (Jó 22:12-14, 21). Mas de que modo Elifaz soube disso tudo, uma vez que entra em cena apenas depois que Jó perdeu tudo? Ele não soube. Apenas supôs. Os acusadores do inocente nunca in-vestigam cuidadosamente os fatos. O que dizem não está firmado em relatos, provas, documentos. Se Elifaz tivesse feito isso, em re-lação a conduta de Jó antes da desgraça atingi-lo, teria descoberto que ele havia sido um homem transparente (31:5), desapegado em relação ao dinheiro (31:24-25), cumpridor de suas obrigações sociais

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(29:15-17), bondoso para com os seus inimigos (31:29-32), livre de imoralidades sexuais (31:1, 9-10).

Bildade fala e encerra o ciclo de debates. A sua fala é a mais breve do livro. Além de curta, é repetitiva (Jó 4:17-21, 15:14-15). Ele enaltece o Criador, mas rebaixa demais aquele que foi criado à sua imagem e se-melhança. Diz que, diante de Deus, o homem, por ser tão vil quanto um inseto e um verme, nunca pode ser correto ou inocente. Quem ele quer atingir? O seu alvo é Jó, que continuava exigindo que a sua inocência fosse reconhecida. O que é dito sobre Deus está correto (25;1-3), mas o que ele diz sobre o ser humano, não (25:4-6). Este é depravado, mas não totalmente. Os três amigos, enfim, desistiram de atacar Jó, que estava convencido da sua inocência (32:2). Mas a luta ainda não havia acabado.

Quando todos se calam, Eliú, o mais jovem de todos, entra em cena para emitir a sua opinião sobre tudo que ouviu deles e de Jó (32:1-37:24). Supõe-se que quem fala por último, fala melhor, uma vez que teve tempo para analisar bem tudo que ouviu. Esse, porém, não é o caso de Eliú, que também não acredita na inocência de Jó. Em Jó 34:37, ele declara: Jó é pecador, um pecador rebelde. Em Jó 35:2, enfatiza: Jó, você não tem o direito de dizer que para Deus você é inocente. Em Jó 35:3, ele corrige: Não pode perguntar assim: “Ó Deus, será que te sentes mal com o meu pecado? E que vantagem tenho se não pecar?”. Em Jó 36:21, Eliú explica: Você está sofrendo por causa da sua maldade; cuida-do, não se volte para ela! A luta acaba. A inocência de Jó permanece. A inocência vence a acusação.

02. Para Elifaz, Bildade e Zofar, qual era a causa do sofrimento de Jó? Tendo por base os textos bíblicos citados no item 1, destaque alguns aspectos das declarações deles.

03. Tendo Jó em mente, Elifaz (Jó 15:17-30), Bildade (Jó 18:5-21) e Zofar fazem uma descrição do homem perverso (Jó 20:5-19). De que modo Jó reagiu ao que eles disseram? Leia Jó 21:14-16.

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04. Em sua terceira e última fala, Elifaz mencionou alguns pecados específicos cometidos por Jó (Jó 22:6-9). Após ler o capítulo 31, explique por que essa sua acusação não condizia com a realidade.

05. Depois que Elifaz, Bildade e Zofar saem de cena, Eliú, o mais jovem de todos, entra. Que provas temos de que ele também não acreditava na inocência de Jó?

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Quando a nossa inocência for atacada, sejamos autênticos.No caso de Jó, as falsas acusações vieram dos seus amigos. Mas po-

dem vir também do chefe atual ou do anterior, do empregado, do vi-zinho, do sócio, do esposo, da mulher, do ex-namorado, da ovelha, do pastor. Não importa de onde venham, nunca recorramos aos recursos da mentira para nos defendermos. Se pecamos, não nos declaremos ino-centes. Não podemos nos enganar a nós mesmos e mentir. Precisamos confessar a prática do pecado para sermos perdoados por Deus. Se, po-rém, não pecamos, não nos declaremos culpados. Não exageremos e nem neguemos a verdade, nem sequer nos atemorizemos em pronun-ciá-la. A melhor defesa contra a calúnia é a verdade.

06. Quando a nossa inocência for atacada, não podemos abrir mão da verdade. O que isso significa? Havendo possibilidade, mencione alguns exemplos práticos de como isso pode ser feito.

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2. Quando a nossa inocência for atacada, fiquemos tranquilos.Não nos iludamos: ser acusado injustamente de pecado é uma estraté-

gia muito usada. O que aconteceu com Jó pode acontecer conosco, tam-bém. Alguém pode dizer que as nossas aflições se devem as nossas falhas. Se isso ocorrer conosco, não caiamos na tentação de pular na arena, não reajamos precipitadamente na carne, não digamos coisas de que, mais tarde, venhamos a nos arrepender. Fiquemos tranquilos. Ouçamos bem o que está sendo dito contra nós. Pensemos no caráter da pessoa que apresenta a acusação. Aceitemos tudo calmamente. Jó fez isso e foi muito bem sucedido e respondeu bem tudo que disseram contra o seu caráter.

07. Por que é importante mantermos a tranquilidade, diante das acusações falsas? Cite algumas atitudes que devem ser evitadas nessas horas tão difíceis.

3. Quando a nossa inocência for atacada, fiquemos confiantes.“Você sofre porque negou pão para quem tinha fome”. Essa foi apenas

uma das muitas acusações feitas contra Jó. O que ele fez? Apoiou-se em seu Deus. Somos acusados por alguém. O nosso estômago embrulha, fica-mos com insônia, perdemos o apetite. Decidimos não dar atenção ao que disseram contra nós. Volta e meia, o assunto está em nossa mente de novo. O que fazer? Precisamos, pela misericórdia divina, declarar-nos livres do pe-cado de que nos acusam e entregarmo-nos aos cuidados de Deus. A nossa mente só relaxa, as nossas emoções só se acalmam e o nosso espírito só fica em paz, quando nos apoiamos e nos abrigamos no seu soberano controle.

08. Quando a nossa inocência é atacada, ficamos bastante agitados, física e emocionalmente. O que devemos fazer em situações assim?

CONCLUSÃO: A sua situação é a de Jó ou é a de Elifaz, Bildade, Zofar e Eliú? Você está sofrendo falsas acusações ou fazendo falsas acusações? Se você está sofrendo falsas acusações, não desanime nem se perturbe.

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66 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

Tudo não passa de um absurdo e uma mentira. Segure-se com força nas mãos de Deus, durante essa crise. Peça-lhe sabedoria e graça para reagir, de modo que o nome dele seja louvado. Agora, se você anda atacando a inocência de algum servo ou serva de Deus, espalhando boatos, menti-ras, calúnias sobre o seu caráter, saiba: Deus está indignado com essa sua atitude. Tal coisa não deve continuar. Arrependa-se desse seu pecado, e peça perdão a Deus, agora mesmo.

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Sofrimentoe Esperança

19 FEV 2011

8Hinos sugeridos: BJ 223 / BJ 121

Mostrar que quem põe a sua esperança em Deus, lida melhor com a perturbação emocional, com a circunstância contrária e com a condenação infundada.

Domingo, 13 de fevereiro: ......... Jó 23:1-17Segunda, 14: ................................... Jó 24:1-12Terça, 15: ............................ Jó 24: Jó 29:13-17Quarta, 16: .....................................Jó 24:18-25Quinta, 17: ..........................................Jó 25:1-6Sexta, 18: .............................................Jó 26:1-4Sábado, 19: ...................................... Jó 26:5-14

TEXTO BÁSICO: Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cor-tada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. (Jó 14:7)

INTRODUÇÃO: Das treze lições desta série, já vimos sete. Sem contar a de hoje, restam apenas mais cinco pela frente. Pois bem, você ainda deve se lembrar que o assunto de uma das lições vistas, a de número seis, foi sofrimento e suicídio. Sabia que, de acordo com os especialistas, a esperança é a principal arma contra o ímpeto suicida? Em meio ao intenso e extenso sofrimento, as pessoas estão sujeitas a imaginar que é melhor morrer do que viver. Mas não é assim com as pessoas que nu-trem alguma esperança. Estas nunca vêem a morte como alívio ou saída. Vamos ver o que a lição de hoje tem a nos ensinar sobre sofrimento e esperança.

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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68 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Dezenas de estudos verificaram o poder de cura da esperança, assim como os riscos do contrário. A Universidade da Escola de Medicina de Rochester descobriu que pacientes submetidos à ci-rurgia cardíaca tinham muito mais probabilidade de morrer depois da operação se mostrassem sinais de depressão. (...) Relatos de pri-sioneiros de guerra indicam que alguns podem morrer por nenhum motivo aparente, a não ser a perda da esperança. Considere a ex-periência do major F. J. Narold Kusher, oficial médico do Exército, prisioneiro (...) durante cinco anos e meio.

“Kusher conheceu, entre os prisioneiros de guerra, um forte fu-zileiro naval que já estava ali havia dois anos com saúde relativa-mente boa. O fuzileiro tornou-se um prisioneiro modelar e líder do grupo de reforma de pensamento no campo, especialmente porque o comandante do campo havia prometido que soltaria aqueles que cooperassem. À medida que o tempo foi passando, ele começou a compreender que seus captores [os que o capturaram] tinham mentido. Quando perdeu as esperanças, tornou-se um morto-vivo. Recusava-se a qualquer trabalho, rejeitava todo o oferecimento de comida (...) e ficava deitado no seu catre chupando o polegar. Em questão de semanas, ele morreu”.

O dr. Martin Seligman, (...), ao escrever sobre o jovem fuzileiro, disse que uma explicação estritamente médica para seu declínio não seria apropriada: “A esperança de ser posto em liberdade sus-tentava-o. Quando perdeu a esperança, quando acreditou que to-dos os seus esforços tinham sido em vão e assim o seriam sempre, morreu”. Como observou o psicólogo Harold G. Wolf: “A esperança, a fé e um propósito na vida têm poder de cura. Não se trata apenas de uma crença, mas de uma conclusão comprovada...”.

Fonte: YANCEY, Philip. Onde está Deus quando chega a dor? 2 ed. São Paulo: Vida, 2005, pp. 189-190.

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01. Depois de ler o texto em destaque, explique a afirmação do psicólogo Wolf: “A esperança, a fé e um propósito na vida têm poder de cura”.

II. DE VOLTA A JÓ

Para o incrédulo, a esperança é a última que morre, mas para o que crê em Deus, ela não morre nunca. A Bíblia, por sua vez, afirma que, enquanto se vive neste mundo, existe alguma esperança (Ec 9:4a – NTLH). Diz, ainda, que pela sua malícia é derribado o perverso, mas o justo, ainda morrendo, tem esperança (Pv 14:32). Pois bem, uma das palavras-chave do livro de Jó é exatamente esta: esperança. Na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, é possível encontrá-la dezoito vezes (4:6, 5:16, 6:11,19,20, 7:6, 8:13, 11:18,20, 13:15, 14:7,19, 15:22, 17:11,15, 19:10, 27:8, 29:4). É usada tanto por Jó quanto por seus amigos.

1. Difícil, mas possível: Abraão era bem velho, quando ouviu, da parte de Deus: ... darei a você um filho (Gn 17:16). A Bíblia diz que ele chegou a rir, quando soube disso. Nessa ocasião, a sua mulher, Sara, além de igualmente muito idosa, era também estéril. Do ponto de vista reprodutivo, tanto um quanto outro estavam mortos. Por essa razão, era muito difícil imaginar um homem de noventa e nove anos gerando um filho no ventre de sua esposa de 89 anos. Diante desses fatos tão adversos, ele corria o risco de não crer no que Deus havia dito, mas acabou crendo no que o seu Deus dissera.

Lemos, na Bíblia, que Abraão teve fé e esperança, mesmo quando não havia motivo para ter esperança (Rm 4:18). Sabe por que ele reagiu desse modo? Porque o homem da terra de Ur sabia que, para o seu Senhor, não há coisa demasiadamente difícil (Gn 18:14). E Jó, reagiu da mesma forma? Alguém pode dizer: “Mas a sua situação era bastante diferente”. E era mesmo. As circunstâncias do homem da terra de Uz, cujo nome era Jó, eram infinitamente mais desfavoráveis do que as circunstâncias do homem da terra de Ur, cujo nome era Abraão.

O homem da terra de Ur não foi violentamente atacado pelo prínci-pe da potestade do ar, isto é, Satanás. O homem da terra de Uz, sim. O homem da terra de Ur não perdeu, de repente, todos os filhos, riqueza, empregados, fama, amigos e vizinhos. O homem da terra de Uz, sim. O

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70 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

homem da terra de Ur não portava, em seu corpo, feridas terríveis e do-lorosas, da sola dos pés ao alto da cabeça. O homem da terra de Uz, sim. O homem da terra de Ur não ouviu a sua mulher aconselhá-lo a abando-nar a sua integridade e romper com Deus. O homem da terra de Uz, sim.

O homem da terra de Ur não foi ferozmente criticado, o tempo todo, por amigos que se achavam sábios, mas que não o eram. O homem da terra de Uz, sim. O homem da terra de Ur não teve a sensação incômoda de que o seu Deus brigou com ele, afastou-se dele, passou a lançar contra ele setas cheias de veneno. O homem da terra de Uz, sim. Diante de tantos desastres e de tantas provações, pergunta-se: É possível ter alguma esperança? O homem da terra de Uz, que experimentou momentos de desespero, nos mostra que não é nada fácil ter esperança em situações assim, mas não é impossível.

2. Expressões de desespero: No livro de Jó, você tem tanto prosa quanto poesia. Mas saiba: a maior parte dele não é prosa; é poesia. O trecho poético vai do terceiro ao último capítulo. Temos prosa apenas nos dois primeiros capítulos e nos onze últimos versículos do capítulo quarenta e dois. É por causa disso que o seu livro está entre os livros poéticos da Bíblia, que vão de Jó a Cantares, e não entre os chamados históricos, que vão de Gênesis a Ester, cujo gênero é narrativo. Pois bem, na poesia, utilizam-se, com frequên-cia, muitas alegorias e imagens para se dizer o que se passa na alma.

Jó lançou mão desse recurso para expressar a sua desesperança. Vejamos somente dois exemplos. No primeiro, Jó emprega a imagem da lançadeira do tecelão. Ele declara que os seus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão e se findam sem esperança (Jó 7:6). No segundo exemplo, apre-senta a figura de uma árvore, que, mesmo depois de cortada, pode brotar de novo e tornar a viver (Jó 14:7). Mas o mesmo não se dá com o ser huma-no. Há esperança para a árvore, mas não para ele: tudo acaba na sua morte.

Agora, é digno de nota que essas metáforas são usadas por Jó durante seus momentos de orações a Deus. Muitos podem se sentir um tanto sem jeito ao perceber o homem de Deus orando dessa forma. Sentem-se assim porque pensam que quem anda tão perto de Deus vive feliz sem-pre. Mas é assim mesmo? Jó nos lembra que não. Mostra-nos que nem mesmo o mais piedoso e temente servo de Deus está livre de passar por períodos de desespero. Jó era de carne e osso. Não era um ser angelical, muito menos divino: era um ser humano, cheio de limitações e fraquezas.

Ele não tinha apenas virtudes: tinha também defeitos. Não era um santo no sentido absoluto da palavra. A sua natureza humana estava afetada e habitada pelo pecado original. Como todos os outros mortais, a sua alma se abatia. Era um homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimen-

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tos. O seu coração ficou perdido, confuso, deprimido, perplexo, duvidoso. Jó fazia lamentações. Chorava intensamente. Enfim, tinha crises de fé. E nada disso foi às escondidas. Os seus amigos ouviram cada palavra.

3. Confissões de esperança: Embora tenha, com frequência, expressa-do angústia e confusão, o homem da terra de Uz se recusava firmemente a abandonar definitivamente a sua esperança em Deus. Dos seus lábios não saíram apenas expressões de desespero, mas também confissões de esperança. Duas destas merecem destaque: uma, pouco conhecida, está no capítulo 13, versículo 15; outra, muito conhecida, está no capítulo 19, versículo 25. Vamos à primeira1: Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele.

Observamos que a sua confissão começa com um enfático Ainda que. Trata-se de uma expressão de teimosia. É preciso esclarecer que nem toda teimosia é pecaminosa e condenável. Se a teimosia levar a pessoa para o lado da carne, ela será obviamente um grande defeito. Mas, se, por outro lado, levá-la para perto de Deus, será, certamente, uma grande virtude. Des-sa forma, não é, de modo algum, errado dizer que pessoas esperançosas são pessoas teimosas. Por quê? Porque insistem em que a sua alma continue a esperar em Deus, mesmo quando tudo e todos ao redor se opõem.

Somente quem possui essa teimosia virtuosa consegue prestar culto a Deus, quando tudo vai de mal a pior. Acredite: certas fases duras da vida só podem ser encaradas e vencidas, se houver essa teimosia. Mas Jó fez outra confissão de esperança, igualmente maravilhosa: Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra (Jó 19:25). Temos, aqui, uma palavra que merece uma explicação. Qual é? “Redentor”. No hebraico, é goel, que, dependendo do contexto, pode significar também vingador e defensor.

Esse termo era mais frequentemente aplicado ao parente masculino mais próximo de uma pessoa. Ele tinha a responsabilidade não só de vingar o sangue, mas também de reaver a propriedade e a liberdade do seu parente (Dt 19:6-12; Lv 25:23-25,39-55). Tinha também a obrigação de se apresentar a um tribunal com o objetivo de defendê-lo de uma injustiça sofrida (Pv 23:10-11). Um pouco antes, Jó havia dito que os seus parentes próximos o haviam desamparado (Jó 19:14). Mas ele não ficou sem “goel”, isto é, sem redentor ou defensor. Ele tinha Deus. Este era o seu “goel”. Logo, o Senhor se levantaria para acertar as contas com os que o acusavam sem motivo e para defender a sua honra.

1. O texto foi extraído da ARC, Almeida Revista e Corrigida.

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02. A Bíblia afirma, em Rm 4:18, que Abraão teve fé e esperança, mesmo quando não havia motivo para ter esperança. Por que, para Jó, foi bem mais difícil ter alguma esperança?

03. Leia Jó 7:6. Esse texto traz uma das muitas expressões de desespero de Jó. O que você tem a dizer sobre essa reação emocional desse servo de Deus?

04. Leia Jó 13:25 (se possível, na versão Almeida Revista e Corrigida). Observe que há, nesse versículo, a expressão “Ainda que”. Explique o seu significado.

05. Leia Jó 19:25. Aqui, Jó faz uma solene confissão de esperança. Como podemos entendê-la? Para ajudar, em sua resposta, recorra ao comentário do item 3.

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Diante da perturbação emocional, não nos recriminemos.Numa hora, Jó pergunta: Por que viver, se não há esperança? (6:11

– NTLH). Noutra, declara: Ainda que ele me mate, nele esperarei (13:15 – ARC). Em ambos os casos, ele está sendo totalmente sincero. A experi-ência de Jó é a de todos que passam por sofrimentos. Revela as variações

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emocionais a que estamos sujeitos. Em meio à dor, ninguém, por mais que tente, consegue manter, o tempo todo, um nível elevado de espi-ritualidade, repleto de esperança e serenidade. Muitas vezes, nós nos sentimos profundamente perturbados emocionalmente. Não devemos nos condenar, quando nos sentirmos assim. Deus sabe lidar com isso.

06. Em meio à dor, ninguém, por mais que tente, consegue manter, o tempo todo, um nível elevado de esperança e serenidade. Qual a sua opinião sobre essa questão?

2. Diante da circunstância contrária, não nos entreguemos. Quando Jó diz: Ainda que ele me mate, nele esperarei, expressa, espon-

taneamente, a sua disposição interior de continuar confiando em Deus, apesar da desgraça, da acusação, do prejuízo, da solidão, do imprevis-to, da amargura, do silêncio, do desgaste. Continuemos esperando em Deus, mesmo nos momentos mais adversos e nas situações mais afli-tivas. Continuemos esperando em Deus, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte (Sl 23:4), ainda que um exército se acampe contra nós (Sl 27:3), ainda que a terra se transtorne (Sl 46:2), ainda que as águas tumultuem (Sl 46:3) e ainda que a figueira não floreça nem haja fruto na vide (Hc 3:16).

07. Leia Sl 23:4, 27:3, 46:3 e Hc 3:16. Todos esses textos tratam de alguma situação contrária. Numa situação assim, por mais difícil que seja, qual deve ser, de fato, a nossa atitude?

3. Diante da condenação infundada, não nos atemorizemos. Quando vemos os amigos de Jó atirando os seus primeiros insultos

contra ele, o nosso maior desejo é que Deus os silencie de imediato. Mas Deus não o faz, não no mesmo instante. Ele permite que os golpes verbais tenham livre curso. Mas presta atenção em tudo o que cada um diz. Sabe quem disse e quem não disse a verdade. Na hora certa, então,

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o Redentor de Jó chama todos para o acerto de contas (Jó 42:7). Lem-bremo-nos: Deus não é injusto para esquecer uma única palavra ociosa proferida contra nós. O nosso Redentor vive. Não desistamos de esperar pela sua justiça. Quem, hoje, nos acusa terá que prestar contas de toda palavra inútil que falou (Mt 12:36). No céu, há quem nos defenda. O nos-so advogado lá está (Jó 16:19).

08. Jó nos ensina que quem serve a Deus não está isento de ser acusado falsamente. Qual é a reação de Deus, quando somos vítimas de acusações infundadas?

CONCLUSÃO: Talvez você esteja vivendo, atualmente um momento de intensa angústia. A sua cabeça está confusa. A sua alma está em agonia. Enquanto os outros louvam a Deus, você se sente alheio e longe. Hinos que falam dos feitos poderosos do Senhor lhe parecem difíceis de serem aceitos, porque você tem a sensação de que Deus evaporou da sua exis-tência. Saiba de uma coisa: o seu Redentor não está morto: está vivo e olha por você. Espere nele, então. Que Deus, que nos dá esperança, encha você de alegria e de paz, por meio da fé que você tem nele, a fim de que a sua esperança aumente pelo poder do Espírito Santo (Rm 15:13).

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26 FEV 2011

9Hinos sugeridos: BJ 383 / BJ 260

Ensinar ao estudante da Bíblia que, em meio ao abandono, precisamos confiar na companhia, na aceitação e na compaixão de Deus.

Domingo, 20 de fevereiro: ......... Jó 27:1-12Segunda, 21: .................................Jó 27:13-23Terça, 22: ........................................... Jó 28:1-11Quarta, 23: .....................................Jó 28:12-19Quinta, 24: .....................................Jó 28:20-28Sexta, 25: .......................................... Jó 29:1-17Sábado, 26: ....................................Jó 29:18-25

TEXTO BÁSICO: Os meus parentes se afastaram; os meus amigos não lembram mais de mim. (Jó 19:14)

INTRODUÇÃO: Quem um dia foi abandonado, sabe, mais do que nin-guém, o quanto é angustiante tal experiência. O abandono, na verdade, só é saudável, quando praticado em relação a qualquer ato pecaminoso. Todavia, deixa de ser benéfico quando as vítimas passam a ser as pessoas ao invés do pecado. O ser humano quer ser amado, não odiado; acolhi-do, não abandonado. Não é à toa que, em todo o mundo, as clínicas de psiquiatria se tornam o principal refúgio para bilhões de pessoas afeta-das pelo complexo de inferioridade e pela depressão, provocados por al-gum sentimento de abandono ocorrido no passado. Como Jó atravessou o abandono? É o que veremos neste estudo.

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Sofrimentoe Abandono

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Marcelo Batista Ribeiro tem onze anos. É um menino alegre e carinhoso. Gosta de cuidar e de brincar com o irmão mais novo, mesmo que tenha dividido com ele o reino onde ele foi absoluto por seis anos. (...) Os dois meninos foram adotados por Cláudia Ri-beiro e Édson Ribeiro. Os pais nunca esconderam a forma como os filhos chegaram à vida deles. O menorzinho foi entregue pela mãe biológica no hospital, logo depois do parto, e o casal ainda não tem a guarda definitiva do menino. Já a história de Marcelo virou man-chete, nos jornais de 1998.

A reportagem do papel amarelado, com a foto de Édson e Cláu-dia segurando o filho no colo, conta como o menino foi abando-nado, quando tinha dois meses de idade. Ele foi deixado dentro de uma cesta, na beira de um rio, em um subúrbio carioca. Ao lado do bebê, uma mamadeira, algumas fraldas descartáveis e a pulseirinha com o nome da mãe biológica. Marcelo foi encontrado por algumas crianças, entregue a um adulto e levado para a Vara da Infância e da Juventude. Édson e Cláudia estavam na fila de adoção, aguardando uma menina recém-nascida.

(...) Todos os dias o Brasil assiste a histórias parecidas com a de Marcelo. Somente no Rio, no mês de julho, foram cinco bebês aban-donados em 13 dias. Um deles morreu. No fim de agosto, outro bebê foi encontrado morto em São Gonçalo, na região metropoli-tana de Niterói. Mas o país não sabe quantos são os recém nascidos largados no meio do mato, dentro de sacos plásticos. Jogados no lixo. A quantidade é muito maior do que possamos entender. Eles chegam debilitados aos hospitais. E muitos não conseguem sobre-viver à violência do abandono. (...)

Fonte: TELES, Lilia. Drama vivido por bebê abandonado ganha final feliz. Disponível em: http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2010/09/drama-vivido-por-bebe-abandonado-ganha-final-feliz.html > Acessado em 03/11/2010.

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01. Leia o texto em destaque e comente sobre a “violência do abandono”, referida pela autora. Ser abandonado é bom em alguma circunstância?

II. DE VOLTA A JÓ

Para muitos de nós, o abandono não passa de uma realidade distante e alheia. Afinal, a nossa facilidade de nos relacionarmos com as pessoas, a nossa inteligência ou a nossa confortável condição financeira não nos permitem imaginar o contrário. É possível que Jó tivesse esse pensa-mento por alguns motivos, tais como: o fato de ele ser rico e, portanto, sempre contar com a presença de pessoas ilustres no seu âmbito de convivência; os seus filhos serem verdadeiros exemplos de comunhão, e, ele próprio ser um bom homem. Nada poderia dar errado. Mas o desfe-cho da sua história se desenvolveu de modo imprevisível e o abandono tornou-se real para ele.

1. Esqueceram de mim! Sem dúvida, o período em que Jó fora afligido com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da cabeça (2:7), constitui-se a pior fase da sua vida. Ele não foi poupado da dor causada pela sua en-fermidade, tampouco ficou imune às lágrimas, que eram, muitas vezes, frutos do sentimento de abandono em que ele se encontrava. Por isso, Jó reclama com veemência: Os meus parentes se afastaram; os meus amigos não lembram mais de mim (19:14). Não é tão simples nos imaginarmos na condição de Jó. Como você se sentiria, se, além de perder os seus filhos, também perdesse a companhia dos amigos e dos parentes próximos?

O isolamento é prejudicial para qualquer ser humano. Tanto os homens quanto as mulheres têm por natureza a necessidade de se relacionar com os indivíduos da sua espécie. Quem primeiro declarou isso foi o próprio Deus, ao dizer que não é bom que o homem esteja só (Gn 2:18a). Jó, porém, estava no isolamento, não por opção, mas por ter sido, literalmente, aban-donado. Ele não mais usufruía da companhia das pessoas que amava. Para Jó, estas não se importavam com a sua dor. Juntamente com o patriarca, os princípios essenciais da comunhão e da solidariedade foram esquecidos.

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2. O estranho: O sofrimento de Jó ultrapassa a barreira do isolamen-to e alcança o vale da ingratidão. Observe as palavras do patriarca, no versículo 15 do capítulo 19: Os meus domésticos e as minhas servas me reputaram como um estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos. Nem todos os servos de Jó haviam morrido. Provavelmente, as servas citadas no texto sejam escravas. Estas, porém, não mais estimavam o seu senhor. Por muito tempo se serviram da bondade do caridoso homem, mas, agora que ele está, literalmente, nas cinzas, não lhe dão o mínimo de atenção, nem querem “desperdiçar seu tempo” com ele.

Jó agora não passa de um estranho no meio da sua gente, e de um estrangeiro dentro da sua própria pátria. Antes, ele era conhecido por ajudar os pobres e as viúvas (31:16), mas, agora, todos ignoram os be-nefícios que ele fizera no passado. É isso mesmo, todos ignoram, exceto Deus! Um estranho não tem lugar em nossos corações, em nosso lar e, muitas vezes, nem é assunto das nossas conversas. Mas é evidente que o patriarca jamais fora ignorado pelo dono do universo. O Deus de Jó é o Deus que não aceita o preconceito, porque não faz acepção de pessoas (34:19). O Senhor não via em Jó um estranho, pois além das feridas, Deus enxergava nele um coração íntegro (2:3).

3. Ninguém me responde: O abandono da família, dos amigos, dos hóspedes e dos servos culminou na perda de comando do patriarca. Jó enfrentava certa “crise de autoridade”, isto é, as suas palavras já não eram tidas como dignas de atenção e respeito. Pouco caso se fazia delas. Jun-tamente com a perda dos filhos e da riqueza, veio também a perda da autoridade sobre os seus empregados. Veja o que diz ele sobre isso: Cha-mo o meu criado, e ele não me responde; tenho de suplicar-lhe, eu mesmo (19:16). Aqui, Jó expressa claramente a sua insatisfação em virtude do nível tão inferior a que fora submetido.

Esse texto traz à tona um grave problema identificado de modo fre-quente no corpo de Cristo: a insubmissão. O empregado deixa de res-ponder não a uma pessoa subordinada às suas ordens, mas a alguém que está acima dele por direito. Mas o que muito nos chama à atenção é a atitude de Jó. A postura dele é humilde. Para conseguir o que queria, ele tinha que suplicar ao servo. A Bíblia Viva traduz a fala dele da se-guinte maneira: ... e eu preciso pedir humildemente. Que atitude louvável! Apesar do abandono, Jó não se esquivou do princípio da humildade. Em meio ao abandono, Jó ainda mantinha íntegro o seu caráter.

4. Cadê o afeto? O lamento de Jó continua no versículo 17 do capítulo 19: A minha mulher não tolera o mau cheiro da minha boca; os meus ir- os meus ir-os meus ir-

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mãos têm nojo de mim. O patriarca sofre por falta de afeto. A ausência de apoio produz dor e amargura em seu coração. É prudente, no entanto, considerarmos duas partes em questão: A esposa de Jó e o próprio Jó. Quanto a ela, é compreensível, até certo ponto, a sua reação. A doença de Jó certamente era nojenta à visão e ao olfato. As feridas cobriam-lhe o corpo inteiro, soltavam pus e cascas, e o desfiguraram, a ponto de Elifaz, Bildade e Zofar terem dificuldade para reconhecê-lo.1 Pense em como seria a sua reação se estivesse no lugar dela.

Quanto a ele, não podemos deixar de notar a sua angústia, num esta-do deplorável. A morte desse miserável homem já era aguardada (2:9). A doença em si já era suficiente para lançar abaixo a sua estima e a falta de afeição só agravava esse quadro lamentável. Verdade é que os parentes de Jó, os seus amigos íntimos, os seus servos e a sua própria mulher o abandonaram com repulsão e ele ficou privado do afeto daqueles que mais significavam para ele.2 Estes sequer chegavam perto dele. Tal ati-tude, no mínimo, vai contra o princípio da compaixão demonstrado por Cristo para com os marginalizados (Mt 8:1-4).

5. Brincadeira sem graça: O martírio do nosso personagem abando-nado continuou. O coração dele tornou-se vítima do sarcasmo violen-to daqueles que lhe deviam respeito: Até as crianças me desprezam, e, querendo eu levantar-me, zombam de mim (19:18). O detalhe é que, no Oriente, o respeito aos idosos era uma caraterística fundamental da so-ciedade. Ainda hoje, quando meninos desrespeitam um idoso indefeso, uma das cortesias mais sagradas da sociedade israelita é tripudiada.3 Mas o velho Jó não era respeitado, pois fora excluído da comunidade. Logo, era obrigado a suportar as gargalhadas ferinas de corações desumanos.

Jó não imaginara que o abandono dos seus contemporâneos pudesse chegar ao extremo do escárnio. Este, provavelmente, não era uma cara-terística exclusiva daquelas crianças. Jó havia dito: Os meus amigos zom-bam de mim (16:20a). Devemos concordar que é muito fácil zombar do miserável, quando não se está com ele na miséria. Uma coisa é imaginar o problema alheio; outra coisa é vivê-lo. Quem satiriza o doente é insen-sível, arrogante, incompreensível e não tem amor. Para as circunstâncias semelhantes, a Bíblia ordena: Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram (Rm 12:15).

1. César (2008:93) 2. Davidson (1963:479) 3. Andersen (1984:191)

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6. O detestável: Jó, finalmente, chega ao ápice do abandono. Não passando de um esquecido, estranho, sem autoridade, sem afeto e escarnecido, o patriarca, agora, é visto como um detestável, como ele mesmo declara: Todos os meus amigos chegados me detestam; aqueles a quem amo voltaram-se contra mim (19:19). Há dois possíveis motivos que tornaram a pessoa de Jó detestável aos seus amigos. Em primeiro lugar, o aparente desprezo de Deus. Acreditava-se que Jó havia cometi-do algum pecado horrendo e, portanto, Deus o detestara e o castigara. Logo, todos se sentiam no direito de fazer o mesmo. Por isso, Jó conclui: Ele [Deus] afastou de mim os meus irmãos (v.13).

Em segundo lugar, o possível contágio da doença. A enfermidade de Jó era repugnante a ponto de causar nojo e medo nas pessoas. O poder da medicina não era tão eficiente a ponto de curá-lo. Portanto, com exceção de Elifaz, Zo-far e Bildade, ninguém ousava se aproximar dele. Jó passou a ser visto como um infortúnio e portador de desgraça e morte. Desse modo, ele era mais uma vítima do preconceito humano. Ao invés de ser compreendido, foi condenado explicitamente pelas palavras grosseiras e desprezíveis dos amigos (16:2). Ele esperava que estes lhe estendessem as mãos; porém, eles o abominaram.

02. Leia Jó 19:14, 15; o primeiro e o segundo itens anteriores e responda: Por que o isolamento é prejudicial para o ser humano? Por que Jó era visto como um estranho entre a sua gente?

03. Após ler Jó 19:16,17; o terceiro e o quarto itens, responda: Que graves problemas Jó enfrentou, diante dos seus empregados e da sua família?

04. Leia Jó 19:18; o quinto item e responda: A que extremo chegou o abandono na vida de Jó?

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05. Após ler Jó 19:19 e o sexto item, comente os motivos que tornaram Jó detestável aos seus amigos.

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Em meio ao abandono, confie na companhia de Deus. Jó fora esquecido pelos seus parentes e amigos (19:14). Ele fora literal-

mente abandonado. Essa situação se repete, com frequência, em nossos dias. Todavia, o Deus a quem ele prestava obediência não o abandonou, em momento algum! Não estamos imunes à rejeição das pessoas, ainda que estas sejam próximas de nós. Todavia, assim como Deus não aban-donou a Jó, não nos abandonará (Is 49:15). Portanto, confie na compa-nhia dele e não esqueça: Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações (Sl 46:1).

06. Leia a primeira aplicação e responda: Por que precisamos confiar na companhia de Deus, em meio ao abandono?

2.Em meio ao abandono, confie na aceitação de Deus. A doença de Jó o fez amargar o desprezo das pessoas. Ele não

mais era aceito dignamente na sociedade. O patriarca foi recebido somente por aquele que todos imaginavam tê-lo repudiado: Deus. O mau cheiro das feridas de Jó o afastou da população, mas não de Deus. Este não faz acepção de pessoas (At 10:34). Portanto, se o mundo nos odiar ou se as pessoas que mais amamos se afastarem de nós, Deus agirá de maneira diferente e nos aceitará, apesar das muitas falhas que possuímos. Certamente, coisa alguma poderá nos separar do amor dele (Rm 8:35).

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07. Leia a segunda aplicação e responda: Por que precisamos confiar na aceitação de Deus, em meio ao abandono?

3. Em meio ao abandono, confie na compaixão de Deus. Mesmo doente Jó não recebeu apoio nem compaixão dos outros. Pelo

contrário, foi escarnecido sem piedade (19:18). Era tratado como um le-proso, um pária indesejado pela família e pelos amigos.4 Nós também poderemos ser escarnecidos pelas pessoas em meio à dor. O que fazer, nessas horas? Confiar na compaixão de Deus é a atitude segura. Ele se identifica com os marginalizados da sociedade e compreende a dor de todos eles. Deus tem compaixão de nós, pois compassivo e justo é o Se-nhor; o nosso Deus é misericordioso (Sl 116:5).

08. Leia a terceira aplicação e responda: Por que precisamos confiar na compaixão de Deus, em meio ao abandono?

CONCLUSÃO: No estudo de hoje, abordamos sobre sofrimento e abandono na vida de Jó. Com a sua história aprendemos que o cristão, por mais íntegro que seja, poderá ser esquecido, ignorado, desacatado, repugnado, escarnecido e detestado pelas pessoas, sejam elas próximas ou não. A fim de que não venhamos a padecer em meio a estas situa-ções, a Bíblia nos orienta a agirmos sabiamente, ou seja, em meio ao abandono, devemos confiar na companhia, na aceitação e na compaixão de Deus. Se fizermos isso, seremos mais que vencedores, por meio da-quele que nos amou (Rm 8:37).

4. Wiersbe (2006:40).

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TEXTO BÁSICO: Mas ele é ele! Quem poderá fazer-lhe oposição? Ele faz o que quer. (Jó 23:13 – NVI)

INTRODUÇÃO: Ainda existem muitas pessoas que pensam que to-das as coisas acontecem simplesmente por acontecer. Tão somente por causa das chamadas “leis da natureza”, “destino” ou “sorte”. Entretanto, a Bíblia mostra que existe um Deus que controla todas as coisas: desde fazer crescer o capim que o gado come e a verdura que o homem planta, até estabelecer um limite para os oceanos que cobrem a terra (Sl 104:14, 9). Deus é soberano, ou seja, ele é sábio e conhecedor de todas as coisas, reina numa dimensão além da nossa compreensão, realizando planos que estão além da nossa capacidade de alterar, retardar ou interromper.1 É sobre este aspecto da natureza de Deus que estudaremos nesta lição: Sofrimento e soberania.

1. Swindoll (2001:104).

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

Domingo, 27 de fevereiro: ......... Jó 30:1-15Segunda, 28: .................................Jó 30:16-31Terça, 1 de março: ......................... Jó 31:1-12Quarta, 2: .......................................Jó 31:13-28Quinta, 3: ........................................Jó 31:29-40Sexta, 4: ............................................. Jó 32:1-10Sábado, 5: ......................................Jó 32:11-22

Mostrar que podemos descansar seguros, quando entendemos que Deus é soberano em seu comando, em seu propósito e em seu programa.

5 MAR 2011

10Hinos sugeridos: BJ 1 / BJ 234

Sofrimentoe Soberania

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84 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Cinco caixões idênticos se alinhavam na frente da igreja en-quanto o pastor Max (...) dirigia a primeira série de funerais a serem realizados na devastada comunidade de Jarrel, no estado do Texas. A música era o ponto alto dos cultos daquela igreja, mas o diretor de música (...), Larry Igo, não estava lá para liderar a congregação na cântico de um hino. Seus restos mortais esta-vam no primeiro caixão; os outros quatro esquifes pertenciam à esposa de Larry, Joan, a Audrey, sua filha de 17 anos, e a seus dois gêmeos de 15 anos (...).

Quatro dias antes um tornado classificado como o tipo F-5, o mais violento que já se teve notícia, abriu uma trilha de mais de 800 metros de largura através da pequena Jarrel, um vilarejo de 400 habitantes. Um gigantesco funil de vento que permaneceu no solo por mais de 9 quilômetros sugou o asfalto das estradas e reduziu cerca de 50 casas a pedaços maiores que uma caixa de fósforos. Vinte sete pessoas perderam a vida, incluindo todos os cinco membros da família Igo.

No funeral o pastor Johnson lembrou a bela voz de Joan. “Não faz muito tempo, eu pedi que ela cantasse no meu fune-ral”, disse o pastor. Em vez disso, ele estava cantando no dela. “A vida é tão incerta”, relembrou o pastor. A vida é incerta e muitas coisas ruins acontecem a pessoas boas. Uma das coisas ruins que podem atingir pessoas boas é um desastre natural, (...), que não discrimina entre inocente e culpado. As copiosas bênçãos da natureza e seu poder destrutivo caem igualmente sobre to-das as pessoas. As Escrituras dizem que Deus “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos” (Mt 5.45). (...) Como você pode compreender a soberania de Deus quando o inocente sofre?

Fonte: YOUSSEF, Michael. Se Deus está no controle, por que minha vida está deste jeito. São Paulo: Vida, 2003, p. 127-128.

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01. Leia o texto acima e comente a frase do pastor Johnson: “A vida é tão incerta”. Diante destas incertezas, você entende que Deus está no controle?

II. DE VOLTA A JÓ

Jó tinha uma noção muito clara da soberania de Deus. Mesmo sendo esmagado por um assolador sofrimento, na ocasião em que perdeu tudo, disse: ... o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor (1:21). Que afirmação madura! “Se não é comum atribuir a Deus tudo o que temos e tudo o que somos, é muito difícil e mais raro atribuir à sobe-rania de Deus a perda de tudo o que temos e de tudo o que somos”,2 e foi justamente o que Jó fez. A crença na soberania de Deus, isto é, a crença de que ele está no controle de tudo, era o que dava força para Jó perseverar; era a mola propulsora que o impulsionava a resistir diante dos reveses. O livro que leva o seu nome tem muito a ensinar sobre a soberania de Deus.

1. Não sabemos de tudo: O livro de Jó apresenta, de forma inquestio-nável, o quanto a nossa compreensão sobre os acontecimentos é limitada e o quanto Deus é soberano. Nos dois primeiros capítulos Jó é apresentado (1:1-5), questionado sobre suas motivações (1:6-11), provado (1:12-2:1-10) e apoiado durante o seu sofrimento (2:11-3). Estes capítulos montam o palco de todo a história. Satanás pede permissão para Deus, a fim de pro-var Jó em suas motivações, e o Senhor permite. Mas como entender o que vem depois? Dez pessoas morreram por causa disso. Tudo bem que Deus tinha um propósito maior, que o caráter de Jó foi aperfeiçoado, que, depois, suas riquezas foram duplicadas, mas e os seus dez filhos? Como entender a razão de Deus permitir que Satanás tirasse a vida deles para o bem de Jó?

Simplesmente, não sabemos de tudo. Deus é soberano. Ele sabe a razão que o levou a tomar esta decisão, nós não. E mais: dos capítulos 4 até o 37, temos uma série de diálogos entre Jó e seus quatro amigos; todos tentan-do entender a razão do sofrimento de Jó. Eles ofereceram várias respostas.

2. César (2008:33-34).

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Em quantas delas vemos menção da conversa de Deus com o inimigo? Em nenhuma! Sabe por quê? Por que eles não sabiam nada a respeito desta conversa. Nem Jó e nem seus amigos, ninguém sabia. Mesmo Deus, quan-do conversou com Jó, não lhe disse nada. “Nenhuma passagem no livro mostra que Jó teve acesso a esta informação”.3 Por isso, se tem uma coisa que fica clara em Jó é que nós não sabemos tudo (Dt 29:29); Deus sim.

2. Alguém pode questioná-lo? A soberania de Deus era o que dava firmeza a Jó. Se não entendesse que Deus estava no controle, seria fácil perder a cabeça na situação em que ele se encontrava. Todavia, Jó sabia quem era Deus. Nos primeiros versículos do capítulo 9, de forma poética, o patriarca reconhece a absoluta soberania divina em todas as coisas. De Deus, derivam maravilhas que o homem jamais poderá entender (vv. 5-11). O poema de Jó parece meio perturbador. Vulcões, terremotos, eclipses e outras maravilhas do céu são todos levados a efeito por Deus. E no v. 12, diante das ações de Deus, Jó questiona: Quem se atreve a perguntar: “O que estás fazendo?” (NTLH). A resposta que se espera: ninguém.

A vontade de Deus é inquestionável e inexorável. Até mesmo os “auxi-liadores do Egito”, grande potência da época, devem se curvar diante dela (v. 13).4 Deus está acima dos homens (v. 14-16, 32, 35). Ele é a causa única de todos os eventos. Veja a pergunta de Jó, no versículo 24 do capítulo 9: Se não é ele o causador disso, quem é, logo? Neste versículo, somos infor-mados que a terra pode até ser governada por perversos: Quando um país cai nas mãos dos ímpios (v. 24a) – por autoridades que fecham os olhos para a justiça –, ele venda os olhos de seus juízes (v. 24b), mas, para Jó, não restam duvidas de que é Deus, e somente Deus, que tem a última palavra no controle do mundo. Para ele, a história nunca esteve sem chefe.

3. Alguém pode impedi-lo? Se, no capítulo 9, Jó diz abertamente que o Senhor é inquestionável, no capítulo 12, ele diz decididamente, numa resposta ao seu amigo Zofar, que Deus é imbatível. Neste capítulo, temos uma preciosa e necessária confissão de fé na inquestionável soberania de Deus. Entre outras coisas, Jó afirma, de acordo com a NTLH: A vida de todas as criaturas está nas mãos de Deus (v. 10); Ninguém pode reconstruir o que Deus derruba (v. 14); Quando Deus segura a chuva, vem a seca (v. 15); Deus é forte e vitorioso (v. 16); Deus tira os reis dos seus tronos (v. 17); Deus afasta os sacerdotes do seu ofício; ele derruba os que estão no poder (v. 19); ... acaba com a força dos poderosos (v. 21).

3. Dever (2008:492).4. Wiersbe (2006:22).

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Em outras palavras Jó estava querendo dizer o seguinte: Deus é intei-ramente soberano com aquilo que faz com a natureza e com as pessoas. Quando ele decide, ninguém pode impedi-lo! Ele é soberano sobre na-ções (vv. 23-25) e indivíduos (vv. 17-21). Essa verdade está sintetizada em três palavras, no capítulo 23, versículo 13: Ele é ele (NVI). Em hebraico, literalmente, temos: “Ele em-um”. A ideia é que Deus é um só: Porque ele é o único (Tradução de Matos Soares). Esta afirmação traz consigo uma declaração da soberania exclusiva de Deus: ... ele decide (BJ). Ela encerra qualquer discussão: Tudo o que ele quer, ele faz (23:13 - BV).

4. Alguém pode compreendê-lo? Quem também fala sobre a sobera-nia de Deus no livro de Jó, é Eliú. Ele é o mais novo dos quatro amigos do patriarca (32:6). Seu discurso é longo (caps. 32-37). Quando o pronunciou, estava zangado: ... inflamou-se a ira de Eliú (32:2 cf. 3, 5). Seu discurso deve ser lido com isso em mente: quando estamos de “cabeça quente”, falamos coisas dispensáveis. E foi exatamente o que aconteceu. Em mui-tas partes da sua fala, este jovem se pareceu muito cheio de si: estou cheio de palavras ... (32:18); ... quem está falando com você é realmente um sábio (36:4, NTLH). No entanto, apesar de, em alguns lugares, dar a impressão de ser pomposo, em meio a tudo o que ele disse, há coisas excelentes.

“O tema principal de tudo o que Eliú tem a dizer pode ser declarado em três palavras: Deus é soberano. Ele não é só bom todo o tempo, Ele está no controle todo o tempo”5, mesmo quando não sabemos explicar a razão. Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender (36:26), disse Eliú. Na parte final do seu argumento, ele ilustra o controle de Deus sobre o mundo, durante as estações do ano (36:24-37:24). Eliú queria que Jó refletisse sobre a grandeza de Deus e sobre as maravilhas da na-tureza, “e percebesse quão pouco sabia, de fato, sobre Deus e sobre sua operação neste mundo” (Jó 37:14-15).6 Eliú estava certo: ... não podemos compreender o Todo-Poderoso, o Deus de grande poder (37:23 – NTLH).

5. O Soberano se apresenta: A partir do capítulo 38 de Jó, chegamos a um ponto culminante do livro. De certo modo, a fala final de Eliú preparou Jó para esse momento: Deus entra cena. O inquestionável, imbatível e incompreensí-vel Senhor aparece: Então respondeu o Senhor a Jó do meio da tempestade (v. 1). A palavra hebraica traduzida por “tempestade” refere-se a uma tempesta-de acompanhada por ventos fortes ou um redemoinho. Então, tente visualizar a cena. É do meio dessa tempestade, que o Senhor começa sua fala, assim:

5. Swindoll (2004:293).6. Wiersbe (2006:76).

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Quem é este que mistura sentenças, com discursos ignorantes? (...) Interrogar-te-ei e responde-me (Jó 38:2-3 – trad. Matos Soares – grifo nosso).

Veja que interessante: contrariando o que Jó e seus amigos queriam, o Senhor não veio trazer respostas, mas, sim, perguntas! Até esta altura do livro, todos estão tentando entender as razões do sofrimento de Jó, e, quando aquele que tem a resposta aparece, nada diz a respeito. Ele en-che Jó de perguntas! Ao todo, o discurso de Deus (Jó 38-39; 40:6-41:34) contém 77 perguntas! Elas tinham por objetivo, apontar a ignorância de Jó, e também, revelam a soberania de Deus. O Senhor é soberano sobre o mundo porque, além de tê-lo criado, cuida dele. Isso fica muito claro nas perguntas de Deus a Jó. Ele não precisa nos dar todas as explicações sobre tudo o que acontece. É assim que o Soberano se apresenta.

6. O último capítulo: Apesar de ter uma noção clara da soberania de Deus, em algumas partes do livro que leva o seu nome, Jó mostrou-se um pouco confuso. Talvez, pelo fato de os seus amigos o tempo todo o acusarem de estar em pecado, e por acreditar em sua inocência, ele chegou a dizer a Deus: Então, peça contas da minha vida e eu responderei; ouça a minha defesa e falarei (13:22, BV cf. 14:15); Quantos erros e peca-dos cometi? Mostra-me a minha falta (13:23, NVI). Que ousadia! Todavia, bastou o Senhor começar a fazer-lhe algumas perguntas para Jó dizer: Sou indigno, como posso responder-te? Ponho a mão sobre a minha boca (40:4); estou envergonhado de tudo o que disse (42:6 – NTLH).

No último capítulo do livro, depois de reconhecer que Deus é sobe-rano (42:2-3), todas as posses de Jó são restauradas. Agora, ele poderia ampliar a sua declaração de fé do capítulo 1, versículo 21: O Senhor deu, o Senhor o levou, e o Senhor trouxe de volta (grifo nosso). Deus é so-berano. Contudo, não poderíamos concluir esta primeira parte, sem afir-marmos que o fato de Jó ter terminado o capítulo 42 com todas as suas posses restauradas, não significa que isso acontecerá com todos nós. De novo ressaltamos: Deus é soberano. Ele quis esse final para Jó. O nosso final, só ele sabe. Descansemos, pois, por termos a certeza de que quem escreve o último capítulo é sempre o Senhor.

02. Leia o item 1 anterior e comente sobre o quanto a nossa compreensão dos acontecimentos é limitada.

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03. Após ler Jó 9:12, 24 e o item 2 anterior, responda: Como o Senhor é apresentado nesses versículos? Alguém pode questioná-lo?

04. Leia Jó 12:14-19, 23:13, 42:2, o item 3 do comentário e responda: Qual a verdade expressa nestes versículos? Como Deus é apresentado?

05. Após ler Jó 36:26, 37:23, 38:2-3, responda: Que verdade podemos extrair destes versículos.

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE 1. Descansemos seguros, por saber que Deus é soberano em seu

comando. Em sua fala a Jó, Deus disse: Pois o que está debaixo de todos os céus é

meu (41:11). Todas as coisas pertencem ao Senhor. Ele está no comando de tudo e de todos, e assim será eternamente (Ex 15:18). Por essa razão, nós, que cremos nele, podemos descansar seguros. A história não é acéfala, isto é, ela não está sem um cabeça, sem um comandante. Tudo o que aconte-ce conosco está debaixo da supervisão do Todo-Poderoso. Levantemos a nossa voz com confiança para declararmos: Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém (Rm 11:36 - NVI).

06. Leia a primeira aplicação e responda: Por que podemos descansar seguros, quando entendemos que Deus é soberano em seu comando?

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2. Descansemos seguros, por saber que Deus é soberano em seu propósito.

Diante do sofrimento, Jó expressou algo bastante interessante: Ele le-vará até o fim o que planejou fazer comigo (23:14 – NTLH). Jó sabia que Deus tinha um plano, e querendo ele ou não, este plano se concretizaria. O apóstolo Paulo, também, com bastante convicção, afirmou: ... sabe-mos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28). Neste versículo, não está escrito “supomos”, mas “sabemos”. Paulo sabia que Deus é soberano em seus propósitos. Deus sabe o que faz, “em todas as coisas”. Por isso, se, a exemplo de Jó, você está enfrentando algum tipo de sofrimento, não há motivos para de-sespero, dúvida ou ansiedade. É Deus quem está no controle. Descanse seguro, pois tudo que Deus faz é “para o bem daqueles que o amam”.

07. Leia a segunda aplicação e responda: Por que podemos descansar seguros, quando entendemos que Deus é soberano em seu propósito?

3. Descansemos seguros, por saber que Deus é soberano em seu programa.

Uma das mais novas heresias que circulam em nossos dias é o chama-do “Teísmo Aberto”. “O conceito é que Deus ainda está aprendendo en-quanto observa como reagimos às situações (...). Deus está envolvido em uma espécie de conhecimento progressivo”.7 Conversa fiada! O Deus da Bíblia conhece todas as coisas e controla por completo todos os aconte-cimentos. Deus tem um programa que está além da nossa compreensão. E não é por que não o entendemos completamente que o negamos. Aqui e agora, o Senhor não pretende nos mimar com vida fácil. Ele está nos preparando para a eternidade. Nenhum dos planos dele pode ser impedi-do (Jó 42:1). Descanse seguro, pois a nossa visão é limitada. Conhecemos apenas o agora; ele conhece o depois e sabe aonde quer que cheguemos.

7. Swindoll (2004:225).

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08. Leia a segunda aplicação e responda: Por que podemos descansar seguros, quando entendemos que Deus é soberano em seu programa?

CONCLUSÃO: Sabe por que, lá na frente, anos depois da história de Jó, já na época do Novo Testamento, Tiago pôde escrever: Eis que te-mos por felizes aos que perseveraram firmes. Tendes ouvido a paciência de Jó...? (5:11). Porque Jó foi um exemplo de alguém que soube passar pelo sofrimento sem perder a sua integridade e a sua fé em Deus. Qual o seu segredo? Na verdade, esse patriarca sabia que Deus estava no con-trole. A crença na soberania de Deus era uma bagagem que Jó carregava consigo. Ele entendia que Deus é soberano em seu comando, em seu propósito e em seu programa; por isso, descansou seguro. Você também tem estas convicções?

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Sofrimentoe Sabedoria

TEXTO BÁSICO: Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar do entendimento? (Jó 28:12)

INTRODUÇÃO: Quem sofre, costuma fazer muitas perguntas para si mesmo, para os outros e, principalmente, para Deus. De todas, as mais ouvidas são: Por quê? e Até quando?. Na primeira, o sofredor quer enten-der o motivo do sofrimento. Na segunda, a sua duração. Jó fez as duas algumas vezes, mas não obteve nenhuma resposta da parte de Deus. De todas as suas várias perguntas, as duas mais excelentes e relevantes são: Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar do entendimento? Ele as fez duas vezes. Elas, dentre outras coisas, irão nos ajudar a perceber, na lição de hoje, a relação que existe entre sofrimento e sabedoria.

12 MAR 2011

11Hinos sugeridos: BJ 113 / BJ 315

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que a sabedoria proveniente de Deus nos ajuda a ter mais clareza, segurança e intrepidez em nossa vida.

Domingo, 6 de março: ................ Jó 33:1-18Segunda, 7: ....................................Jó 33:19-33Terça, 8: ............................................. Jó 34:1-15Quarta, 9: .......................................Jó 34:16-37Quinta, 10: ....................................... Jó 35:1-16Sexta, 11: .......................................... Jó 36:1-15Sábado, 12: ....................................Jó 36:16-33

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

João sentou-se em sua cadeira e olhou fixamente para o telefo-ne. Ele sabia que tinha de fazer a ligação mas não tinha coragem suficiente. Finalmente pegou no gancho e discou os números mas desligou rapidamente antes mesmo de ouvir o telefone chamando do outro lado da linha. Ele enterrou o rosto nas mãos enquanto as lágrimas saíam de seus olhos. João é um ilustre professor de filoso-fia de meia idade em uma universidade de prestigio. Ele tem câncer generalizado por todo o corpo. A ligação que está tentando fazer é para seu filho mais velho.

Já fora capaz de contar para sua esposa e seus amigos mais íntimos sem desfalecer. Na verdade ele até os consolou. Mas a severidade da sua condição finalmente desabou quando tenta-va contar para os seus filhos que estava para morrer. (...) João não estava só lutando com o fato de levar más notícias para seus filhos. Com o telefonema, ele estava admitindo para si mesmo que era, quando muito, um humano, que estava para morrer (como todo ser humano) porque tinha uma doença que não podia ser evitada.

João se tornou professor de filosofia porque acreditava que en-sinando as pessoas a pensar racionalmente tornaria este mundo mais são. Desenvolver um câncer foi dolorosamente irônico para ele, uma vez que o câncer se mostra uma doença insana. Não faz nenhum sentido para o corpo voltar-se contra si mesmo enquanto arbitrariamente algumas células destroem outras. Não há nenhu-ma explicação satisfatória para o câncer. (...) João é um dos muitos membros da igreja que têm câncer. Eles formam um círculo especial de pessoas que estão descobrindo que suas vidas não estão pro-gredindo conforme tinham planejado.

Fonte: BARNES, M. Craig. Quando Deus abandona. São Paulo: Hagnos, 2004, p. 76-78.

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01. Com base no texto em destaque, comente com a classe o caso de João. A sabedoria do alto, que vem de Deus, seria importante para esse professor de filosofia nesse difícil momento?

II. DE VOLTA A JÓ

Se você ler o livro de Jó na versão Almeida Revista e Corrigida, vai encontrar a palavra “sabedoria” vinte vezes (Jó 4:1, 11:6,8, 12:2,12,13,16, 13:5, 15:8, 26:3, 28:12, 18,20,28, 32:7,13, 33:33, 38:36,37, 39:17). O capítu-lo 28 é o capítulo da sabedoria. Nos outros capítulos, as duas sabedorias, a humana e a divina, são mencionadas. No capítulo 28, porém, não há menção da sabedoria dos poderosos dessa era (1 Co 2:6), da sabedoria deste mundo (1 Co 1:20), da sabedoria terrena, animal e diabólica (Tg 3:15). Só se fala da sabedoria de Deus (1 Co 2:7), da sabedoria que vem do alto (Tg 3:17). Vamos ver o que esse capítulo diz sobre ela.

1. Não é possível explorar a sabedoria divina: Jó explica que, muito abaixo da superfície da terra, aonde os raios do sol não chegam, estão escondidos metais como prata, ouro, ferro e cobre (28:1-2). Não é nada fácil tirá-los daí. Os obstáculos são muitos. Engana-se, porém, quem pensa que essas inúmeras dificuldades irão desencorajar o garimpeiro, aquele cujo sonho da riqueza o persegue em cada um dos dias de sua vida. Determinado a trazer à luz toda preciosidade oculta, ele, com uma tocha em uma das mãos dá fim à escuridão e vasculha os recônditos mais remotos em busca de minério, nas mais escuras trevas (Jó 28:3 – NVI).

Utilizando, muitas vezes, equipamentos simples e ferramentas rústi-cas, balançando-se de um lado para outro, dependurando-se em cordas e na mais absoluta solidão, o mineiro avança arduamente, revolvendo a terra úmida, cavando poços profundos, quebrando rochedos, abrindo túneis, tapando minas d’água, até que os seus olhos possam contemplar tudo o que há de mais precioso (Jó 28:4-10). Quando fala da sabedoria divina, a Bíblia quase sempre faz algum tipo de associação com metais e pedras preciosos. Isso é visto com frequência no livro de Provérbios (3:14; 8:11, 19:16), mas, aqui mesmo, Jó faz isso.

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Ele afirma no versículo 16 que o seu valor não se pode avaliar pelo ouro de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira. Anuncia, no versículo 18, que ela faz esquecer o coral e o cristal; a aquisição da sabedoria é melhor que a das pérolas. Insiste, no versículo 19, que não se lhe igualará o to-pázio da Etiópia, nem se pode avaliar por ouro puro. Ela, porém, é huma-namente inexplorável. Jó diz que ninguém consegue localizar e extrair os tesouros da sabedoria divina pelos seus próprios esforços e técnicas, pelo simples fato de que ela não se acha na terra dos viventes (28:13b), ou, como diz a NTLH: ... os seres humanos não a encontram neste mundo.

Jó personifica o abismo e o mar: O abismo diz: Ela não está em mim; e o mar diz: Não está comigo (Jó 28:14). O “abismo” (hb. tehom) é uma referência ao oceano. As águas desses locais são realmente profundas e misteriosas. Seres vivos incríveis vivem nelas. Para alguns povos, nes-sas também habitavam deuses. Todavia, a sabedoria divina não pode ser achada lá. A questão, aqui, não é que não haja nenhum tipo de sabedoria no mundo. Se fosse assim, tempos depois, Paulo não teria escrito em sua primeira epístola aos Coríntios que Deus tornou louca a sabedoria do mundo (1 Co 1:21). Qual é, então, o argumento? O “argumento é que [a sabedoria divina] não pode ser obtida do mundo, nem dos mais prime-vos poderes da natureza”.1

2. Não é possível comprar a sabedoria divina: Para se adquirir uma educação de qualidade, isto é, uma educação com os melhores profes-sores do mercado, funcionários capacitados, atividades complemen-tares e ambiente adequado, é preciso desembolsar bastante dinheiro. Um conhecido colégio da capital paulista chega a cobrar exatamente R$ 2.756,00 por mês de cada um de seus alunos, e tem fila de espera até 2014. Quem tem dinheiro compra a sabedoria do mundo, mas não a de Deus. Após falar da impossibilidade de explorar a sabedoria divina, Jó trata da impossibilidade de comprá-la.

Antes de Deus deixar o Diabo tocar em tudo quanto Jó tinha, este era um homem muito rico para os padrões da época. Ele não era um nôma-de, isto é, uma pessoa que andava de região em região em busca de bons pastos. Ele vivia fixado na região leste do Rio Jordão, sendo um agricultor com grandes extensões de terra. Era também um pecuarista influente, que gerava empregos para muitos. Ele possuía sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas (1:3). Agora,

1. Andersen (1984:226).

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96 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2011

erra quem pensa que o homem de Uz só sabia falar de suas lavouras e de seus animais. Além de muito dinheiro, ele tinha amplo conhecimento.

Conhecia muita coisa de geografia (Jó 9:9, 14:11, 23:8-9, 26:7-8), de anatomia (Jó 7:4, 21:23-24, 27:15) e, especialmente, de mine-ração. Vemos que alguns dos metais e das pedras mais preciosos aparecem no seu vocabulário. Ele menciona: ouro, ferro, prata, cobre, ônix, safiras, coral, jaspe, topázio. Era possível saber quanto custava cada um deles. Mas, em relação à sabedoria divina, Jó declara, ca-tegoricamente, que o homem não lhe conhece o valor (Jó 28:13a). O homem mais rico de todo o Oriente (1:3b) pontua que nem mesmo os tesouros mais valiosos combinados, extraídos pelos mineiros, podem ser usados para adquiri-la.

Ele diz que não se dá por ela ouro fino, nem se pesa prata em câmbio dela (Jó 28:15). O porquê dessa compra ou troca não ser possível é explicado na sequência: O seu valor não se pode avaliar pelo ouro de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira. O ouro não se iguala a ela, nem o cristal; ela não se trocará por jóia de ouro fino (28:16-17). Segun-do a revista Forbes, em 10 de março de 2010, existem 1011 pessoas com mais de 1 bilhão de dólares. É muito dinheiro nas mãos de pou-cos. Mas nem mesmo a soma de todos esses valores é suficiente para comprar a sabedoria divina. Dizem, por aí, que o dinheiro não compra felicidade. Também não compra a sabedoria divina.

3. Não é possível perceber a sabedoria divina: Jó é claro em dizer que a sabedoria divina está encoberta aos olhos de todo vivente e oculta às aves do céu (Jó 28:21). Alguns pensam que as aves do céu fazem alusão aos anjos bons. Outros dizem que se trata de anjos maus. Esse não é o caso, mas, ainda que fosse, nem os seus olhos seriam capazes de captá-la. Existem, por fim, aqueles que veem, nes-sas aves do céu, uma referência indireta ao pássaro revelador, aquele que divulgava às pessoas importantes as críticas e os insultos pro-feridos em secreto contra elas (Ec 10:10). Mesmo se esse tal pássaro com poderes especiais realmente existisse, não poderia revelar coisa alguma sobre a sabedoria.

Jó prossegue e explica que até a Destruição e a Morte dizem: “Nós apenas ouvimos falar dela.” Destruição é a tradução da palavra he-braica “abadom”. No livro do Apocalipse, é o anjo do abismo que exerce poder (9:11) sobre os gafanhotos que saíram do abismo para causar danos apenas aos homens que não têm o sinal de Deus sobre a fronte (9:4). Será que a questão donde, pois, vem a sabedoria, e

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onde está o lugar do entendimento?, levantada nos versículos 12 e 28, permanecera sem resposta? Não. Há somente uma pessoa capaz de respondê-la: Deus. Jó ensina que a sabedoria divina “só é diretamen-te visível por Aquele que desfruta da percepção que tudo abrange e em tudo penetra”2 (Jó 28:23-24).

O Deus da criação, aquele que, com suas mãos poderosas, regula as forças dos ventos, que marca o limite do mar, que decide onde a chuva cai e que aponta por onde a tempestade deve passar (28:25-26), “é o único que exerce absoluto e completo domínio sobre a sa-bedoria e seus mistérios”3 (Jó 28:27). Ela faz parte do seu próprio ser, sendo um dos seus muitos atributos. Em Jó 12:12, o patriarca questiona: Está a sabedoria com os idosos, e, na longevidade, o en-tendimento? Em Jó 12:13, ele mesmo responde: Não! Com Deus está a sabedoria e a força; ele tem conselho e entendimento. Deus é tam-bém o seu doador: ... o Senhor quem dá sabedoria; a sabedoria e o entendimento vêm dele (Pv 2:6 – NTLH). Ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes (Dn 2:21b).

Ele também revela ao ser humano como poderá, de fato, encontrá-la: E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento (Jó 28:28). Declaração semelhante é encontrada em Sl 111:10 e Pv 9:10. Em outras palavras, Deus está dizendo que, se alguém deseja mesmo alcançar a sabedoria, deve co-meçar a temê-lo. No início do livro, por duas vezes, Deus afirma que Jó o temia (Jó 1:8, 2:3). Diante disso, conclui-se que Jó, apesar de os seus amigos pensarem o contrário (Jó 11:12), era verdadeiramente um homem de sabedoria. Ele tinha “um grande respeito por Deus, acom-panhado de ódio pessoal pelo pecado”.4

02. Jó 28:1-11 descreve a habilidade do homem na exploração dos tesouros terrenos. Mesmo com tudo isso, por que ele não consegue explorar os tesouros da sabedoria divina? Leia o item 1.

2. Pfeiffer (1985: 3450). 3. Davidson (1997:485). 4. Swindoll (2004:266).

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03. Observa-se que, nos versículos 15-19 do capítulo 28, Jó prossegue enfatizando o valor inigualável da sabedoria que vem do alto. O que isso significa?

04. Após ler os versículos 21 e 22 e os dois primeiros parágrafos do item 3, responda: Que outra questão importante é abordada neles a respeito da sabedoria que não é deste mundo?

05. Leia com atenção os versículos 12 e 20. Eles são a chave do capítulo 28. De acordo com os versículos 23-28, por que Deus é o único capaz de responder a pergunta levantada nesses versículos?

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. A sabedoria nos ajuda a perceber a vida com mais clareza.Sabedoria é olhar para a vida segundo o ponto de vista de Deus. Essa

é uma das definições mais simples. Quando possuímos a sabedoria não-terrena, não-humana, não-mundana, não-secularizada, não-demoníaca, temos uma percepção diferenciada das várias experiências da vida. Con-sideramos a vida familiar e a criação de filhos como Deus considera. In-terpretamos os acontecimentos negativos como Deus os interpretaria. Olhamos para as dificuldades da vida como Deus olha. Concentramo-nos na visão mais ampla. Enxergamos a verdade, embora, ao nosso redor, tudo não passe de engano e mentira.

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06. A sabedoria nos ajuda a perceber a vida com clareza. De que modo você explica essa declaração? Apresente alguns exemplos práticos de como isso acontece.

2. A sabedoria nos ajuda a desfrutar a vida com mais segurança.Quando analisamos as nossas falhas morais, ficamos admirados de

terem ocorrido por não termos vivido dentro da sabedoria de Deus. À semelhança das riquezas, a sabedoria protege (Ec. 7:12), mas em nível to-talmente superior. Um tema importante do livro de Provérbios é a ideia de que a sabedoria divina é sinônimo de segurança.5 Pv 3:17 informa que ela (...) guia a pessoa com segurança em tudo o que faz. Pv 4:6 orienta: ... não abandone a sabedoria, e ela protegerá você. Ame-a, e ela lhe dará segu-rança. Mas de que segurança está se tratando? Segurança espiritual. Uma pessoa temente a Deus, à semelhança de Jó, desvia-se do mal. Ela não vai aonde os maus vão. Não segue os passos deles. Não faz o que eles fazem. Enfim, ela é capaz de detectar as ciladas de Satanás e escapar delas.

07. A Bíblia ensina que a sabedoria nos ajuda a desfrutar a vida com mais segurança. Apresente alguns textos bíblicos que comprovam que isso é possível.

3. A sabedoria nos ajuda a encarar a vida com mais intrepidez. Quem ouve Jó dizer: ... onde estão as minhas forças para resistir? (6:11),

será que sou forte como a pedra? (6:12) e na verdade, as minhas forças es-tão exaustas (16:7), pode pensar que ele não vai muito longe. Mais cedo ou mais tarde, irá mesmo fazer o que o diabo disse que faria se Deus tirasse dele tudo que tinha. Mas, depois, temos outra fala dele: ... mas os justos se manterão firmes em seu caminho, e os homens de mãos puras se tornaram cada vez mais fortes (17:9 – NVI). Como é isso? Nunca é demais

5. Leia esses textos na NTLH: 2:11, 3:16, 18, 9:11, 13:16, 16:22.

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repetir: Jó era um homem sábio. Um homem sábio é forte: a sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade (Ec 7:19). Mais: ... o sábio conquista a cidade dos valentes e derruba a fortaleza em que eles confiam (Pv 21:22 – NVI). Resumindo: o sábio não desiste nunca.

08. Leia a terceira aplicação e responda: Que provas bíblicas temos de que a sabedoria que vem do Pai das luzes nos ajuda a encarar a vida com mais intrepidez? Explique o sentido disso.

CONCLUSÃO: Para lidarmos melhor com o sofrimento, não nos basta apenas a nossa sabedoria: precisamos da sabedoria que vem do alto. Sem ela, fica praticamente impossível lidar com a provocação, com o que é difícil, com a provação, com a tentação, com o que é complexo, com certas perdas, com certas circunstâncias, com certos acontecimen-tos, com a opressão das potestades do ar. Sendo assim, não ousemos encarar o sofrimento desprovidos dela. Se estamos entre aqueles que têm falta de sabedoria espiritual, peçamos o mais rápido possível a Deus, e ele a dará porque é generoso e dá com bondade a todos (Tg 1:6 – NTLH). Peçamos, porém, com fé.

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Sofrimentoe Nostalgia

TEXTO BÁSICO: Ah! Quem me dera ser como eu fui nos meses passa-dos, como nos dias em que Deus me guardava! (Jó 29:2)

INTRODUÇÃO: É possível ouvir de alguém: “Ah! Que saudade das coi-sas que eu via, antes de ficar cego; da minha querida esposa que morreu; da alegria que eu tinha, antes de descobrir o câncer; da minha empresa que faliu”. “Como tenho saudade do lar que eu tive, antes de cometer o adultério; do bom nome que possuía, antes de me afundar em dívidas sem fim; daquela época, quando eu ainda não era viciado em craque!” “Que saudade da igreja, dos hinos, dos cultos, da Ceia do Senhor, das mensagens, da amizade dos irmãos”. Essas frases nos ajudam a entender a nostalgia de Jó, em seu último discurso, iniciado no capítulo 29.

19 MAR 2011

12Hinos sugeridos: BJ 201 / BJ 261

Ensinar ao estudante, através da dolorida experiência de Jó, a importância e o perigo da nostalgia, em meio aos sofrimentos vida.

Domingo, 13 de março: .............. Jó 37:1-13Segunda, 14: .................................Jó 37:14-24Terça, 15: ........................................... Jó 38:1-11Quarta, 16: .....................................Jó 38:12-21Quinta, 17: .....................................Jó 38:22-33Sexta, 18: ........................................Jó 38:34-41Sábado, 19: ...................................... Jó 39:1-30

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

Duas semanas depois da morte trágica de seu filho, aos 18 anos, o Fantástico acompanha a volta de Cissa Guimarães ao trabalho. Em entrevista marcada pela franqueza e pela emoção, a atriz fala do luto, dos sentimentos pela família do rapaz que atropelou Ra-fael Mascarenhas e de como vai fazer para retomar sua vida. De onde ela tira força para seguir em frente? (...). “Pensar nele me dá força, me dá muita dor de saudade, óbvio. Não quero te dizer como é essa dor porque eu não quero que ninguém, a não ser quem já passou. As pessoas falam assim: ‘Eu imagino’. Não imagi-ne, não imagine, eu não quero que ninguém que não passou por isso imagine nada porque é tão horrível! “

Rafael tinha 18 anos e andava de skate com amigos na ma-drugada do dia 20 de julho, dentro de um túnel interditado, no Rio de Janeiro, quando foi atropelado por um carro, dirigido por Rafael Bussamra, de 25 anos. (...) Excesso de velocidade, suspei-ta de racha, omissão de socorro. Muitas perguntas ainda serão respondidas pelo inquérito. (...) Cissa está comovida com o ca-rinho que tem recebido das pessoas. (...) A gargalhada sempre foi uma das marcas de Cissa, mas ela acredita que já não será a mesma depois da perda do filho.

“Eu acho que nunca mais eu vou rir daquele jeito. Isso eu acho que não, mas não faz mal, eu acho que a minha alegria interna nunca mais vai ser a mesma, mas eu acho que eu vou transformar, sabe? Talvez eu não gargalhe tanto, mas talvez eu sorria mais. Talvez eu tenha mais sabedoria. Isso com certeza eu sei que eu vou ter”, avalia. “O meu compromisso com a vida é com a felicidade, e eu vou voltar a ser feliz. Já estou assim. (...).

Disponível em: <http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/08/em-entrevis-ta-ao-fantastico-cissa-fala-da-dor-da-perda-do-filho-rafael.html>. Acessado em 05/11/2010.

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01. Leia o texto em destaque e comente, com base nas falas da atriz em questão, como as suas lembranças influenciarão na continuação de sua vida?

II. DE VOLTA A JÓ

O capítulo 29 do livro de Jó será a base do estudo de hoje. Pode ser chamado de “capítulo da nostalgia”, pois Jó o inicia assim: Como tenho saudade dos meses que se passaram (Jó 29:2). Embora seja este um capítu-lo relativamente curto, com apenas 25 versículos, há mais de trinta verbos conjugados no tempo passado. Aqui, o patriarca de Uz, em meio à dor, recordou as bênçãos de Deus no passado. É fato: Quando passamos por provações, sentimos saudades dos “bons tempos” que não voltam mais. Dizem que os “bons tempos”, na realidade, são “uma combinação de uma péssima memória com uma boa imaginação”.1 Todavia, no caso de Jó, os “bons tempos” foram, de fato, bons mesmo, como veremos a seguir.

1. Ah, que saudade! O texto sagrado nos informa que Jó enumerou as muitas bênçãos que Deus lhe dera no passado. É possível imaginá-lo num profundo suspiro, meditando: “Ah, que saudade daquele tempo!”. Nos primeiros seis versículos do capítulo em estudo, Jó fala de sua sau-dade com relação a seu Deus, aos seus filhos, a sua saúde e a sua pros-peridade. Ele começa dizendo: Ah! Quem me dera ser como eu fui nos meses passados, como nos dias em que Deus cuidava de mim! (Jó 29:2). Depois, disse: Como tenho saudade dos dias do meu vigor, quando a ami-zade de Deus abençoava a minha casa, quando o Todo-poderoso ainda estava comigo e meus filhos estavam ao meu redor (29:4-5).

Pense um pouco sobre essa saudade que Jó tinha da presença de Deus. Ele estava dizendo: “Oh! Como tenho vontade de voltar àquele tempo em que eu e Deus andávamos e conversávamos juntos!”. Certa-mente, Adão deve ter sentido algo semelhante, após a queda no Éden. Jó explica que, “naquele tempo”, tudo era muito bom. Poeticamente, ele diz:

1. Wiersbe (2006:60).

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eu lavava os pés em leite, e da rocha me corriam ribeiros de azeite (29:6). “O mundo dele era tão sereno; a vida, tão agradável; a alegria, um dom sempre presente”.2 E Jó continuava a lembrar-se. Nos versículos 7-11, ele expõe a saudade que sentia do respeito e do prestígio que recebia das pessoas. Ele era um líder respeitado e admirado.

Nos versículos 12-17, Jó mostra que sua terceira fonte de alegria era o privilégio de compartilhar com os outros as dádivas que Deus lhe dava. Sempre oferecendo socorro e alegria a muitos, ele defendia os indefesos e os oprimidos. Jamais se esquecia dos necessitados. Nos versículos 18-20, o patriarca fala de sua saudade com respeito aos sonhos que alimen-tava para o futuro. Essa era outra fonte de alegria que ele tinha antes de ser acometido pelas calamidades. Naquela época, Jó pensava: ... no meu ninho expirarei, multiplicarei os meus dias como a areia. A minha raiz se estenderá até às águas, e o orvalho ficará (...) a minha honra se renovará em mim (Jó 29:18-20). Ele vivia em completa e feliz segurança. É possível que nem passasse por sua cabeça que iria padecer no futuro.

Por fim, Jó revela que sua última fonte de alegria era o privilégio de falar palavras de consolo e encorajamento e também a honra de acon-selhar aqueles que vinham buscar sua orientação. Ele tinha saudade da influência que exercia sobre as pessoas que estavam sob sua liderança. Observe o que Jó disse: Eu lhes escolhia o caminho, assentava-me como chefe e habitava como rei entre as suas tropas, como quem consola os que pranteiam (Jó 29:25). Isso mostra o papel patriarcal que ele exercia na comunidade. Ali, Jó era feliz e sabia disso. Esse servo de Deus desfrutou de uma vida gratificante; porém, tudo isso havia passado.

2. Não seja ingrato! A enorme diferença entre a situação atual e a ante-rior fazia com que o coração do velho patriarca se enchesse de uma nostal-gia intensa e dolorosa. Isso fazia contorcer-se de saudade; levava-o à pro-funda tristeza e à melancolia. Era impossível não se sentir assim, até porque sua doença horrível e repugnante não o deixava esquecer. Em situações as-sim, todos nós temos a tendência natural de nos entregar à murmuração e sermos ingratos para com Deus. Esquecemo-nos das bênçãos e pensamos apenas nas provações e nos problemas atuais. Contudo, Jó não agiu assim.

Justiça seja feita: Por mais triste que Jó estivesse, não deixou de ser agra-decido a Deus pelos benefícios lhe foram concedidos no passado, nem deixou de se alegrar com tais bênçãos. É essencial verificarmos que, para

2. Swindoll (2004:275).

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Jó, a maior alegria, nos “bons tempos”, era a presença de Deus em seu lar (cf. Jó 29:2-6). O patriarca reconheceu que o Senhor cuidava dele e compar-tilhava com ele uma bela amizade (v.4). Sabia que a luz do Criador estava sobre sua vida e que essa presença divina era também sobre seus filhos (v. 5). Reconhecia que Deus era fonte de toda a sua riqueza e de seu sucesso.

Parece que ele fez o mesmo pacto que o salmista fez, no salmo 103:1-2: Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser! Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos! A gratidão é a memória do coração. Ela purifica as nossas lembranças de outrora, livra-nos da murmuração, no tempo presente, e enche de esperança o nosso futuro. Por sermos tão negativos e amnésicos, costumamos olhar para o passado e lembrar mais dos momentos tristes do que dos momentos felizes. Mas, assim como Jó, o cristão precisa ser diferente. Deve ter Deus em suas lembranças, para não se desesperar, diante das adversidades da vida.

As lembranças foram, para Jó, como um oásis, em meio a um inóspito deserto. Sua atitude foi semelhante à do profeta Jeremias, que, após a tris-te derrocada do Reino do Sul pelo Império Babilônico, em 586 a.C, estava arrasado e deprimido, em meio às ruínas de Jerusalém, mas, apesar disso, teve forças para cantar: A minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lem-bro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotá-veis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! (Lm 3:20-23 – NVI).

3. Cuidado com a nostalgia: A nostalgia ou saudade dos bons tempos de outrora é algo que faz parte da vida e que pode trazer muitos benefí-cios, quando a usamos devidamente. Só tem nostalgia quem já viveu uma história. Já se disse que um povo sem memória é um povo sem história. Por isso, memória é valorizada em toda a Escritura. Moisés ensinou os israelitas a se lembrarem de como Deus os havia guiado e protegido no deserto (Dt 8:2). De fato, o verbo “lembrar” é encontrado 14 vezes, em Deuteronômio, e o verbo “esquecer” aparece 9 vezes no mesmo livro. Segundo a Bíblia, em tempos de decepção e aflição, é bom recordarmos os feitos do Senhor e lembrarmo-nos das tuas maravilhas da antiguidade (Sl 77:10,11).

Contudo, o passado deve ser um leme a nos guiar, não uma âncora a nos prender.3 Um perigo da nostalgia é fazer com que as pessoas não vivam a vida no presente, por estarem acorrentadas ao passado. Ficam presas ao passado, por ter sido este bom demais ou muito ruim, e, ambos os casos são prejudi-

3. Wiersbe (2006:60).

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ciais. Perceba que Jó desejava voltar àquela boa época de sua vida (cf. Jó 29:4). Esse é um sentimento salutar; porém, pode ser também muito perigoso. “Se nos concentramos tanto nas glórias do passado a ponto de ignorar as oportu-nidades do presente, podemos acabar despreparados para encarar o futuro”.4

Felizmente, esse patriarca era bastante sábio para não cair na armadilha de usar as memórias do passado como fuga. Jó não fugiu. Ele encarou, com coragem, a dura realidade do presente. Isso é possível perceber claramente, no capítulo 30, que inicia com a seguinte expressão: Mas agora ... (30:1). No entanto, em Jó 29, o “capítulo da nostalgia”, o nosso personagem comete uma lastimável falha e cai em outra armadilha,5 ao conjugar quatro impor-tantes verbos no tempo passado, vejamos: Deus cuidava de mim (v.2); A sua lâmpada brilhava sobre a minha cabeça (v.3); A amizade de Deus abençoava a minha casa (v.4); O Todo-poderoso ainda estava comigo (v.5 – grifo nosso).

É bem verdade que Deus diminuiu o tamanho da cerca que abrigava e protegia Jó; todavia, o Senhor nunca o abandonou e nem deixou de amá-lo. Foi Deus quem permitiu a tempestade em sua vida, mas, mesmo naquela situ-ação, estava presente e não deixou de cuidar dele, nem se tornou seu inimigo. Em outros momentos, Jó havia reconhecido essa verdade. Uma vez ele disse: Eu sei que meu redentor vive (19:25). Porém, agora, ele não tinha tanta certeza assim. Em tempos difíceis, a nostalgia pode nos levar a imaginar que Deus não goste mais de nós. Corremos até o perigo de achar que Deus esteja morto. Mas isso não verdade. O nosso Deus está vivo e nunca desampara seus filhos.

02. Com base em Jó 29:1-25 e no item 1, cite as lembranças que Jó tinha de seu passado. Do que ele tinha mais saudade?

03. Leia Jó 29:2-6; Sl 103:1-2, o item 2 e responda: Em meio aos problemas e aflições, temos a tendência de murmurar. Por que a memória aliada à gratidão é antídoto contra essa tendência?

4. Idem, p. 61.5. César (2008:98).

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04. Após ler Dt 8:2; Sl 77:10-11; Lm 3:20-23, responda: Qual é a importância das boas lembranças? Qual é valor da nostalgia?

05. Ao ler o item 3, responda: Qual é o perigo da nostalgia? Que falha o patriarca cometeu em sua nostalgia? Baseie-se em Jó 29:2-5.

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE

1. Use as lembranças para ser agradecido, quanto às bênçãos do passado.

Refletir sobre as bênçãos que Deus nos concedeu no passado é uma exce-lente maneira de lidar com o sofrimento. Isso nos dá motivos para nos alegrar-mos, traz ânimo, renova nossas forças, livra-nos da amargura e impede que sejamos negativos e amargurados. Nos vendavais da vida, quando estamos já desanimados e julgando tudo vão, devemos fazer como diz o poeta: Conta as bênçãos, conta quantas são, recebidas da divina mão; uma a uma, dize-as duma vez, hás de ver surpreso, quanto Deus Já fez. As boas lembranças podem nos libertar das lamúrias e nos tornar pessoas mais agradecidas (Sl 103).

06. Leia a primeira aplicação e responda: Por que as lembranças podem nos ajudar a ser agradecidos, quanto às bênçãos do passado?

2. Use as lembranças para ser humilde, perante os problemas do

presente.O sofrimento, aliado à nostalgia, é bastante eficiente numa valiosa ta-

refa: levar-nos a engolir o nosso orgulho e a nos transformar em pessoas

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mais humildes. Quando lembramos os “bons tempos” que não voltam mais e, depois, olhamos para a situação difícil que estamos passando, vemos logo o quanto somos pequenos e limitados e isso nos liberta da soberba e nos coloca em nosso lugar. Em 2 Coríntios 12, Paulo, após recordar as experiências que tivera com Deus, no passado (vv. 1-6), tam-bém lembra que lhe fora dado (no presente) um espinho na carne, e ele mesmo explica o motivo: ... para que não me ensoberbecesse (v.7).

07. Leia a segunda aplicação; 2 Co 12:1-7 e responda: Por que as lembranças podem nos ajudar a ser humildes, perante os problemas do presente?

3. Use as lembranças para ser confiante, quanto às perspectivas de futuro.

Quando recordamos os feitos do Senhor e nos lembramos das suas maravilhas da antiguidade (Sl 77:11), a nossa fé se renova e a nossa es-perança é restaurada. Quando trazemos à memória aquilo que pode nos dar esperança (Lm 3:20), então podemos olhar confiantes para o futuro, pois sabemos que o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer (Sl 30:5b). Sabemos, também, que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Rm 8:19). Deste modo, a nostalgia, ao invés de nos deixar melancólicos e deprimidos, pode nos deixar confiantes e cheios de fé.

08. Leia a terceira aplicação; Sl 77:11, e responda: Por que as lembranças podem nos ajudar a ser confiantes, quanto às nossas perspectivas de futuro?

CONCLUSÃO: É normal e salutar ter saudades dos bons tempos de outrora, principalmente quando estamos sofrendo. Essas lembranças po-dem nos deixar melancólicos e deprimidos; contudo, se forem aplicadas de maneira correta em nossa vida, podem, sim, produzir belos frutos.

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Mesmo em meio à dor e à aflição, você não pode esquecer as bênçãos que Deus lhe concedeu no passado. Recorde-as e seja sempre grato ao Senhor. Porém, não permita que o seu passado o prenda a tal ponto que você não viva a vida, no presente. Mas use a nostalgia para ser agrade-cido, quanto às bênçãos do passado, humilde, perante os problemas do presente, e confiante quanto às perspectivas de futuro.

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TEXTO BÁSICO: Estou envergonhado de tudo o que disse e me arre-pendo, sentado aqui no chão, num monte de cinzas. (Jó 42:5 – NTLH)

INTRODUÇÃO: Os cinco primeiros e os oito últimos versículos do li-vro de Jó estão recheados de bênçãos. Todos queriam estar na pele de Jó, podendo viver os fatos narrados nesses textos; afinal, tudo vai muito bem. Mas, não podemos esquecer que, entre eles, existem 42 capítulos, que registram muito sofrimento, muita espera, muita conversa, muita acusação. Temos o capítulo 3, por exemplo, conhecido como “o capítulo do desabafo”. Assim como também temos o 28, “o capítulo da sabedo-ria”. E, só no fim, temos o 42, que pode, sem dúvida, ser chamado de “o capítulo das mudanças”. Muitas mudanças são registradas ali: a visão, os amigos, a família, os bens; enfim, muita coisa muda para Jó.

Sofrimentoe Mudança

26 MAR 2011

13Hinos sugeridos: BJ 346 / BJ 301

Mostrar que, em meio ao sofrimento, devemos aguardar as mudanças, de forma humilde, paciente e convicta.

Domingo, 20 de março: .................Jó 40:1-5Segunda, 21: ................................... Jó 40:6-14Terça, 22: .........................................Jó 40:15-24Quarta, 23: ....................................... Jó 41:1-34Quinta, 24: ..........................................Jó 42:1-6Sexta, 25: .............................................Jó 42:7-9Sábado, 26: ....................................Jó 42:10-16

LEITURA DIÁRIA OBJETIVO

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I. UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTO

David Seamands, autor de vários livros na área de aconselha-mento, descreve como um período difícil de sua vida encami-nhou-o para um desfecho admirável. (...) ele havia se sentido cha-mado para atuar como missionário na Índia. Após alguns anos de preparo, ele e sua esposa viajaram para lá. Mas, apesar de ter nas-cido naquele país e de falar bem o dialeto local, as pessoas não davam atenção às suas pregações. O povo permanecia distante. (...) Ele e a esposa sofriam com o isolamento, a saudade da família e as doenças tropicais. Seu único consolo era seu filho pequeno, nascido no campo missionário.

E então veio o golpe doloroso. Ao contemplar nove meses, o bebê contraiu uma disenteria e morreu de um dia para o outro. O mundo parecia estar desabando sobre aquele jovem casal. Ao sepultar o filhinho no terreno dos fundos da Missão, eles não conseguiram entender o que estava acontecendo. Haviam obe-decido ao chamado do Senhor. Tinham dedicado a vida à procla-mação do evangelho. Entretanto, Deus parecia não abençoá-los. Não abria o coração dos indianos à sua Palavra. (...) Entretanto, algo inesperado aconteceu. Aquelas mesmas pessoas que, até o momento, haviam guardado distancia do casal e de sua mensa-gem, começaram a aproximar-se.

Elas passaram a escutá-los (...). O templo ficou cheio. (...) O pas-tor e a esposa perceberam que uma grande barreira havia sido rompida. Com a perda do filho, eles haviam se igualado aos india-nos. É que, naquele país, rara é a família que não tenha perdido uma criança. Então, agora, eles já não eram vistos como estran-geiros. Não mais eram conservados longe, como anjos imunes ao sofrimento. Faziam parte da comunidade. Alguns meses depois o segundo filho do casal nasceu. (...) E uma multidão de novos ir-mãos se alegrou com eles. Sim, é verdade. O Senhor pode extrair coisas boas das tragédias.

Fonte: AGUIAR, Marcelo. O Enigma de Jó. Belo Horizonte: Betânia, 2005, p. 110-111.

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01. Leia o texto em destaque e comente sobre a mudança ocorrida na vida do casal de missionários, após a tragédia.

II. DE VOLTA A JÓ

Quando Jó ainda estava falido, sentado no “lixão” da cidade de Uz, dis-se: Mas ele sabe o caminho por onde ando; se me colocasse à prova, sairia como ouro (Jó 23:10). Uma tradução mais literal do hebraico para a pri-meira parte deste versículo seria: “Mas ele (Deus) sabe caminho comigo”. A ideia é que Jó tinha a certeza de que Deus sabia o que estava fazendo com ele.1 Ele sabia que estava passando por um teste, mas que no final “sairia como ouro”. O patriarca tinha a certeza de que as provas de Deus o aperfeiçoariam. Jó não negava a provação, mas tinha esperança além dela. Entendia que, depois dela, seria um homem melhor. E é justamente dessas mudanças que trata o último capítulo.

1. Agora os meus olhos te veem: A primeira mudança descrita no capítulo 42 está ligada ao relacionamento de Jó com Deus. O sofrimento fez com que ele se aproximasse, de fato, do Senhor. É interessante no-tarmos as palavras “antes” e “agora”, do versículo 5. Leia o versículo e observe a mudança que aconteceu na vida de Jó, testemunhada por ele mesmo: Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu te vejo com meus próprios olhos (NTLH). Percebeu o que o fogo da provação fez com o patriarca? O sofrimento o tornou um homem mais maduro, deixando-o mais consciente da presença de Deus. Que dádiva preciosa!

Jó reconheceu que “antes” de todo o sofrimento pelo qual estava sen-do submetido, seu conhecimento de Deus era intelectual, limitado, ba-seado no que ouvia falar. Mas “agora”, isto é, por causa de sua situação presente de sofrimento, ele foi confrontado pelo próprio Deus, ouviu-o, experimentou-o, e conheceu o Senhor de verdade (BV). Agora, Jó conhe-cia a Deus por experiência própria. Se essa fosse à única mudança ocorri-da na vida de Jó, já valeria a pena ter passado tudo o que passou. Como

1. Andersen (1984:208).

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ele chegou a essa fantástica experiência? Através da confrontação. Dian-te das 77 perguntas que Deus lhe fez para mostrar-lhe a sua soberania, Jó reconheceu: Estou envergonhado de tudo o que disse e me arrependo, sentado aqui no chão, num monte de cinzas (Jó 42:5 - NTLH).

No versículo 6 ele diz que se “abomina” e se “arrepende”. A palavra abomina significa derreter, dissolver, definhar.2 Jó estava envergonhado, diante de todos os questionamentos de Deus (Jó 38:1-39:30, 40:6-41-34). Ainda fragilizado, reconhece a absoluta soberania do Senhor (Jó 42:2). Ao entender quem é Deus, Jó reconhece o quão insignificante é. Isso o fez conhecer Deus de verdade. Mas o texto também diz que ele se “ar-rependeu”. Do que Jó se arrependeu? Dos pecados pelos quais foi acu-sado? Não! De reivindicar para si uma integridade que ele não possuía? Não! Ele se arrependeu de ter ido longe demais em algumas de suas especulações sobre Deus. “Seu pecado não foi ter feito perguntas. Foi acreditar que possuía as respostas”.3 Diante das perguntas do Senhor, Jó viu que não sabia de nada. Por isso, arrependeu-se e decidiu confiar so-mente no Senhor. Assim, ele conseguiu avançar em seu relacionamento com Deus. E mudou para melhor.

2. Pedido de perdão: Os que também foram exortados a mudar de atitude no último capítulo do livro de Jó são os seus amigos. De-pois de passarem quase todo o livro acusando o amigo de ter come-tido pecado e de estar pagando pelo que fizera, foram severamente repreendidos por Deus. No versículo 7, ele diz: ... pois não falaste ver-dade a meu respeito. No versículo 8, a Bíblia Viva traduz assim a frase do Senhor para eles: ... vocês não me apresentaram a Jó tal como eu sou. Sem dúvida, os amigos de Jó erraram; também precisavam rever suas atitudes. E fizeram isso. Deus ordenou-lhes: Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocausto por vós. O meu servo orará por vós (v. 8).

O plano de restauração dos amigos incluía oferecer animais em holo-caustos. Nos dias de Jó, a lei com relação a esse tipo de sacrifício ainda não havia sido instituída, mas Deus já usou o que mais tarde seria regra para receber o perdão dos pecados. Eles foram até Jó oferecer sacrifício e pedir para que o patriarca intercedesse por eles: ... fizeram como o Senhor lhes ordenara (v. 9). É interessante como essa atitude é diferente das do restante do livro. Não vemos mais acusações infundadas. Eles não estão

2. Champman et al (2009:94).3. Aguiar (2005:114).

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mais com os dedos em riste em direção a Jó. Ao contrário: vão até ele, numa atitude humilde, para se desculparem pelo que haviam dito.

Veja que contradição! No decurso dos seus discursos, eles não haviam dado o mínimo indício de que poderiam ser objetos da ira de Deus e necessitavam da sua graça. Todavia, agora descobrem – é uma ironia encantadora – que, a não ser que pudessem obter a intercessão de Jó como apoio – o próprio Jó a quem haviam tratado como tão necessitado –, talvez não escapassem do desagrado divino.4 Dos quatro amigos, só Eliú não foi mencionado. Temos de concordar que ele acertou mais do que errou. Mas, mesmo assim, seu discurso precisava de alguns ajustes e seu orgulho precisava desaparecer. Talvez o Senhor o tenha tratado em outra ocasião, não registrada no livro.

3. O soberano em cena de novo: A sentença que revela a mudança do quadro da vida de Jó se encontra no versículo 10, do capítulo 42: E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos. Depois de 42 capítulos de muito sofrimento, a expressão “o Senhor virou o cativeiro de Jó” dá o tom dos últimos sete versículos. No original hebraico, temos, literalmente, “... e o Senhor cativou o cativeiro de Jó”. Enquanto Jó orava por seus amigos, ainda em frangalhos, sem família, sem bens, sem saúde, mas com sua fé renovada, o soberano entra em cena de novo, e decide mudar complemente o quadro da vida do homem de Uz.

A atitude do patriarca de interceder por aqueles que o criticaram foi bastante nobre. Orar por aqueles que o acusaram? Orar por aqueles que fizeram com que suas feridas doessem um pouco mais? É interessante observar que o texto diz que a restauração de Jó está ligada a esse gesto de intercessão em favor dos seus amigos (vv. 9-10) e não ao seu arrepen-dimento (v. 6). Conforme bem sabemos, o patriarca não estava sofrendo por causa de algum pecado cometido. Por isso, o fato de Deus abençoar Jó, com o dobro de tudo o que dantes possuía, não aconteceu em decor-rência de ele abandonar algum tipo de pecado específico.

De acordo com a “Teologia da Retribuição”, ensinada pelos amigos de Jó, Deus abençoa os que lhe obedecem, e estes levam uma vida mais feliz, e castiga aqueles que se rebelam contra ele, e estes têm uma vida infeliz. Sabemos que isso é verdade até certo ponto, mas existem exce-ções. Muitos justos têm vida infeliz, enquanto que muitos injustos têm vida boa. Mas, ao final do livro de Jó, parece-nos que essa lógica de seus

4. Andersen (1984:292).

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amigos estava certa; afinal, Jó fora bom, e suportara todas as provações e recebera grandes recompensas. Mas será que Deus era obrigado a deixar de abençoar Jó para provar que os seus amigos estavam errados? Não! Deus faz aquilo que lhe apraz. Seria absurdo dizer que ele está obrigado a conservar Jó na miséria, a fim de salvaguardar a teologia. Ademais, essas dádivas, no fim, foram gestos de graça, e não recompensas pelas virtudes de Jó.5

4. Mudanças e mais mudanças: Do versículo 11 até o último versículo do capítulo 42, o livro de Jó relata a transformação que o Senhor realizou na vida do patriarca. Foram mudanças atrás de mudanças. Em primeiro lugar: Jó experimentou mudanças sociais. As pessoas que o desprezavam apareceram: Então vieram a ele todos os seus irmãos e todas as suas irmãs e todos quantos dantes o conheceram... cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro, e cada um, um pendente de ouro. Deus jamais nos abandona. Isso é fato. Mas veja que ironia: ele pode usar os que nos abandonam para nos abençoar. Os que abandonaram Jó, agora o abençoavam.

Em segundo lugar: Jó experimentou mudanças materiais. Os seus pa-rentes e amigos lhe trouxeram presentes em dinheiro e ouro; estavam fazendo algo parecido com um “fundo de restauração”. Com esses bens, o patriarca poderia começar a recompor sua vida. O versículo 12 diz: E assim, abençoou o Senhor o estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve quatorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de boi, e mil jumentas. Além de mudanças sociais e materiais, em terceiro lugar, Jó ex-perimentou mudanças familiares. Deus tem poder para reconstruir lares desfeitos pelas tragédias, e fez isso na vida de Jó: Também teve sete filhos e três filhas (42:13).

Sobre suas três novas filhas, a Bíblia diz que em toda a terra não se achavam mulheres tão formosas (v. 15). No Oriente, os pais se orgulha-vam de ter filhas bonitas, e Jó teve três assim. Por fim, Jó foi abençoado por Deus com vida longa. (v. 16). O último versículo diz que ele morreu velho e farto de dias (v. 17). Falecer “velho e farto de dias” era o objetivo de toda a pessoa. Trata-se de um conceito que, além de uma vida lon-ga, significa uma vida rica e plena que termina bem.6 Sua morte foi feliz porque ele havia vivido bem a sua vida. Quem imaginava que o patriarca não escaparia da morte frente aquele terrível revés, se enganou. É Deus quem está no comando!

5. Idem, p.293.6. Wiersbe (2006:83).

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02. Leia Jó 42:1-6, o item 1 e comente sobre a mudança que houve no relacionamento entre Deus e Jó, em meio ao sofrimento.

03. Faça a leitura de Jó 42:7-9, do item 2 e responda: Quem também foram as pessoas exortadas por Deus a reverem suas atitudes? Por quê?

04. Leia Jó 42:10, o item 3 e responda: O que o Senhor decidiu fazer na vida de Jó? Quando isso aconteceu?

05. Faça a leitura de Jó 42:11-17, do item 4, e comente sobre as mudanças ocorridas na vida de Jó. Quais foram?

III. O QUE ISTO DIZ PARA NÓS HOJE?

1. Em meio ao sofrimento, aguarde de forma humilde a mudança.Em que momento do livro de Jó nós o vemos exigindo que Deus o res-

tituísse tudo o que ele tinha? Em que versículo ele protesta contra Deus por causa dos seus direitos? Onde é que lemos que Jó determinou a mu-dança na sua vida? Sabe qual é a resposta para estas perguntas? Em lugar nenhum! Jó não exigiu, protestou ou decretou nada! Mesmo quando es-peculou algumas coisas sobre Deus, ele o fez respeitosamente, e, no final, quando viu que estava errado, arrependeu-se. Se você está enfrentando algum tipo de sofrimento, tenha humildade. Deus é soberano e sabe o

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que faz. Decretar, exigir, protestar e determinar que ele mude a nossa situ-ação são atitudes arrogantes de quem ainda não entendeu quem é Deus.

06. Leia a primeira aplicação e responda: Por que, em meio ao sofrimento, devemos aguardar de forma humilde a mudança?

2. Em meio ao sofrimento, aguarde de forma paciente a mudança. Se há algo pelo qual Jó é conhecido biblicamente é a sua paciência.

Observe o que Tiago escreveu sobre ele, anos mais tarde: Vocês tem ouvido a respeito da paciência de Jó e sabem como no final o Senhor o abençoou (Tg 5:11 – NTLH). Em meio ao sofrimento, Jó não aban-donou a fé e nem se apostatou. Diante das suas incompreensões, apegou-se a Deus e soube esperar nele. A chama da fé e da esperança esteve sempre viva em seu coração. Deus sabe o que faz! Se você está enfrentando algum tipo de sofrimento, acalme-se, tenha paciência. Quem sabe Deus ainda não mudou a sua situação porque ainda você não aprendeu o que ele quis que aprendesse? Não abandone a fé; espere confiante e pacientemente pelo Senhor.

07. Leia a segunda aplicação e responda: Por que, em meio ao sofrimento, devemos aguardar de forma paciente a mudança?

3. Em meio ao sofrimento, aguarde de forma convicta a mudança. Sabe por que, em meio ao sofrimento, podemos aguardar a mudança

de forma convicta? Por que ela virá. Disso podemos ter certeza. Talvez, Deus não lhe dê em dobro tudo o que você perdeu. O caso de Jó é o caso de Jó. Talvez, a nossa restauração não seja completa nesta vida, mas ela ocorrerá. Esta é uma certeza que todos nós podemos ter: o dia final para todo o sofrimento humano já está programado na “agenda de Deus”. Confie! O livro de Jó trata dessa tensão entre o que é e o que ainda será, entre o que está indo e o que está vindo, “entre o pôr-do-sol

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e o nascer do sol, entre o cântico de lamento e o cântico de alegria, entre a agitação e a tranqüilidade, entre o mistério do sofrimento e o mistério da felicidade plena”.7

08. Leia a terceira aplicação e responda: Por que, em meio ao sofrimento, devemos aguardar de forma convicta a mudança?

CONCLUSÃO: A mensagem do livro de Jó não perderia seu efeito, se não tivéssemos os últimos oito versículos do livro. Deus é soberano e justo. Se não conhecêssemos o relato da mudança material que houve na vida de Jó, ainda assim, saberíamos que, um dia, ele seria recompen-sado por Deus. Na verdade, o livro de Jó deixou bem claro que o mais importante, para esse homem, era Deus. Por isso, ao chegarmos ao final desta série de lições, podemos glorificar a Deus pelos ensinamentos que tivemos para melhor lidar com o sofrimento. Terminamos esta série em tom de esperança. Esperança por sabermos que todos os sofrimentos dos filhos de Deus têm seus dias contados por ele. Glória a Deus!

7. César (2008:123).

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