O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

download O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

of 33

Transcript of O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    1/33

    1

    O Manejo Ecolgico de Pragas e

    DoenasDra. Andrea Brechelt

    Rede de Ao em Praguicidas e suas Alternativas para a Amrica Latina(RAP-AL)

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    2/33

    2

    Agradecimento

    Agradeo a todos os escritores e a todas as escritoras deste mundo por me darem a possibilidade de aprendercom seus livros, manuais e folhetos. Espero, de corao, que este manual seja estudado com a mesma

    intensidade com a qual eu tenho lido as publicaes de vocs e espero tambm que seja til para muita gente.

    A Autora

    Ttulo: Manejo Ecolgico de Pragas e DoenasAutora: Dra. Andrea BrecheltFundao Agricultura e Meio Ambiente (FAMA)Repblica Dominicana

    Editado por: Rede de Ao em Praguicidas e suas Alternativas para a Amrica Latina(RAP-AL)Av. Providencia No. 365 Dpto.41, Santiago de Chile, ChileTel. /Fax: 56-2-341 6742

    [email protected] Edio: Abril de 2004Impresso:Reviso: Mara Elena Rozas, Agnes Valvekens e Fernando Bejarano G.

    Responsvel pela Edio em portugus:Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor CAPA - Ncleo de Santa Cruz do Sul.Rua Thomas Flores, 805 - fundosCaixa postal 47196810-090 - Santa Cruz do Sul - Brasil - RS

    Traduo e reviso:Hildegard Susana JungJaime Miguel Weber (CAPA) [email protected]

    A publicao deste Manual foi possvel graas ao apoio de:

    HIVOS, Fundo Biodiversidade /Holanda; Sociedade Sueca pela Conservao da Natureza.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    3/33

    3

    ndice

    1. Introduo2. A problemtica da agricultura convencional3. O conceito de pragas4. As causas da apario de pragas5. Os inseticidas como uma soluo5.1 Organoclorados5.2 Organofosforados5.3 Carbamatos5.4 Piretroides6. O conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP)7. Medidas para a proteo natural dos cultivos contra pragas e doenas7.1 Cultivos mistos e diversificao7.2 Rotao de cultivos7.3 Ritmo natural dos insetos7.4 Preparao do solo7.5 Cercas vivas7.6 Armadilhas7.7 Organismos benficos7.7.1 Os diferentes tipos de organismos e seus efeitos7.7.2 Mtodos de utilizao7.8 Extratos de plantas7.8.1 O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam. Meleaceae7.8.2 A Violeta (Melia azedarach), Fam. Meliaceae7.8.3 O Alho (Allium sativum), Fam. Liliaceae7.8.4 A Pimenta Picante (Capsicum frutescens), Fam. Solanaceae7.8.5 O Papaia (Carica papaya), Fam. Caricaceae

    7.8.6 O Guanabano (Annona muricata), o Mamo (Annona reticulata), Fam. Anonaceae

    7.8.7 O Fumo (Nicotiana tabacum), Fam. Solanaceae

    7.8.8 O Piretro. (Chrysanthemum cinerariefolium), Fam. Asteraceae7.8.9 Outros inseticidas botnicos

    7.8.10 Outros extratos

    8. Reflexes finais

    Anexos

    Literatura consultadaTabelas

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    4/33

    4

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    5/33

    5

    1. Introduo

    A agricultura moderna, com a implementaode monocultivos em grande escala, temprovocado vrios problemas no que se referes doenas e pragas resistentes e

    especializadas nas plantas cultivadas.

    A utilizao excessiva de praguicidas deorigem qumica e sem prvia assistnciatcnica, em lugar de resolverem o problema,tem produzido fortes danos produtividadeda agricultura, ao ser humano e natureza.

    Atualmente, muitas instituies esto embusca de alternativas menos prejudiciais,aproveitando as defesas naturais dosorganismos e reorganizando completamente

    as tcnicas de cultivo tradicionais.

    2. A problemtica da agriculturaconvencional

    O crescimento da populao mundial e, porconseqncia, o aumento da necessidadealimentcia, causaram h aproximadamente30 anos o incio da revoluo verde, que tinhacomo nica prioridade o aumento daquantidade de alimentos a qualquer custo.

    Desde ento, realmente tem sido possvel verno mundo uma mudana extraordinria natecnologia agropecuria e, sem dvida, umaumento na produo. Mas ao mesmo tempotambm comearam a aparecer efeitosnegativos que no haviam sido calculados.

    Para poder aumentar a produo, havia queaumentar notavelmente a aplicao deinsumos agrcolas. Como as plantas sealimentam dos nutrientes do solo e avanamem seu crescimento segundo a

    disponibilidade destes nutrientes no lugar, secomeou a utilizar fertilizantes sintticos emgrandes quantidades. Alm de uma maiorproduo, o uso destes fertilizantes tem vriasdesvantagens fortes. Os nutrientesaplicadosdesta maneira praticamente no realizam

    nenhum tipo de intercmbio com o solo euma grande parte deles se perde por erosono solo e por livre liberao, o que podecausar um efeito muito negativo para a gua epor conseqncia para os arroios e rios. Aconcentrao inadequada de certos nutrientes

    na gua causa um crescimento anormal dasplantas e animais e um uso exagerado deoxignio, causando um colapso nesteecossistema.

    Por outro lado, o aumento da produoagrcola e especialmente a produo emmonoculturas, tem criado um aumentoextraordinrio de insetos, pragas e doenasespecializados exatamente neste cultivo. Nanatureza no existem pragas. Fala-se depraga quando um animal, uma planta ou um

    microorganismo, aumenta sua densidade anveis anormais y afeta direta ouindiretamente espcie humana, seja porquevir a prejudicar sua sade, sua comodidade,prejudique as construes ou os prdiosagrcolas, florestais ou currais, dos quais o serhumano obtm alimentos, forragens, txteis,madeira, etc. Ou seja, nenhum organismo praga per se. O conceito de plaga artificial.Um animal se converte em praga quando suadensidade aumenta de tal maneira, que causauma perda econmica ao ser humano.

    A multido de problemas fitos sanitrios secombate h muito tempo com inseticidasqumicos. Muito mais ainda na agriculturaconvencional, onde so considerados

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    6/33

    6

    Tabela 3: Fatores que determinam a toxicidade dos pesticidas.

    Fatores que intervm duranteo contato com o pesticida

    Tipo de Contato Efeitos

    Condies climticas Tipo e condies de cultivo Tipo de pesticidas Concentrao aplicada Formulao Ingredientes inertes Mtodo de aplicao Condies da equipe Durao da aplicao Direo do vento Ateno durante o trabalho Entre outros fatores

    Contato com a pele

    Contato por deglutio (oral)

    Contacto por aspirao

    Sintomas diretos:Enjo, vmito, contraes

    espasmdicas, coma.

    Sintomas crnicos:Prejuzos ao fgado e aos rins,esterilidade, mudana dehemograma, tumores, reaesalrgicas, mudanasdermatolgicas, entre outros.

    Fonte: Schwab, A. (adaptado) (1989).

    como a nica soluo para referidosproblemas, causando efeitos imediatos parareduzir expressivamente a populao deinsetos, de maneira efetiva e no momentooportuno. Mas este uso discriminado dequmicos na proteo dos cultivos temcausado graves problemas sade humana eao meio ambiente. Tambm no pdeeliminar ou reduzir as pragas e doenas quetm atacado as plantaes. A situao ainda pior. A aplicao permanente desubstncias qumicas tem feito com que os

    insetos e outros organismos se mostrassemresistentes a estas substncias, significandoque j no surtem nenhum efeito, e querequerem una dose cada vez maior. Se noano de 1938 existiam somente 7 espcies deinsetos resistentes aos 5 grupos de inseticidasms importantes (DDT, Aldrim, Dieldrim,Endrim, Heptacloro, Organo-fosforados,Carbamatos, Piretrinas), hoje em diapraticamente no existem organismosdaninhos de importncia econmica que notenham desenvolvido resistncia, no mnimo,

    contra uma dessas substncias ativas. Estesefeitos tm aumentado de uma maneiraextraordinria os custos de produo, comresultados muitos negativos no que se refere competitividade no mercado mundial, tantono preo, como na qualidade do produto.

    Existem diferentes classes de pesticidas(Tabelas 1 e 2 no anexo). Entre eles, de uma

    maneira geral, os inseticidas so os maistxicos para o ser humano. Mas os pesticidascom menos toxicidade aguda tambm corremo risco de permanecer por longo tempo nacadeia alimentcia, chegando de maneiraconcentrada ao ser humano, como porexemplo, os organoclorados. Outros sosumariamente cancergenos ou causammutaes e reaes alrgicas. A toxicidadedos pesticidas para o aplicador depende daforma de contato e das condies fsicas dohomem (Tabela 3). Como especialmente

    ocorre na regio tropical, onde os aplicadoresno usam roupa de proteo e muitas vezesno conseguem ler as instrues e indicaes,as intoxicaes so muito freqentes e muitoscasos terminam com a morte (Tabela 4).

    Tabela 4: Estimativa das intoxicaes porpesticidas ao ano em nvel mundial

    Intoxica-es

    Mortes Fontes

    500,000 5,000 WHO 1973- 20,640 Coppelstone

    1977750,000 13,800 Bull 19821.5 2.0milhes

    40,000 Sim 1983

    1.5 milhes 28,000 Levine 1986

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    7/33

    7

    Na Regio Tropical: Aplicou-se 15 % dos pesticidas em nvel

    mundial! Registrou-se 50 % das intoxicaes por

    pesticidas! Registrou-se 75 % dos casos de morte por

    pesticidas!Algumas investigaes tm mostrado que50% das intoxicaes e 75% dos casos demorte por pesticidas acontecem em pases daregio tropical, apesar de que ali sejamaplicados somente 15% dos pesticidasutilizados a nvel mundial.

    A OMS tem classificado os praguicidassegundo a sua toxicidade aguda, para advertiraos agricultores sobre o grau depericulosidade:

    Categorias Toxicolgicas OMS(Organizao Mundial da Sade)

    DL50 para o rato (mg/kg depeso do corpo

    Oral DrmicaCategoria

    toxicolgicaSli-dosa

    Lqui-dosa

    Sli-dosa

    Lqui-dosa

    Ia Extremamente

    perigoso

    5 oumeno

    s

    20 oumeno

    s

    10 oumeno

    s

    40 oumeno

    s

    Ib Altamenteperigoso

    >5-50 >20-200

    >10-100

    >40-400

    II Moderadamente

    perigoso

    >50-500

    >200-2000

    >100-1000

    >400-4000

    III

    Ligeiramen-te

    perigoso

    > 500 >2000

    >1000

    >4000b

    Nota: Esta tabela no mostra o efeito crnico

    Os pesticidas chegam de duas diferentes

    formas ao consumidor: com os resduos nashortalias, ou atravs da cadeia alimentcia,concentrando-se e causando danosirreparveis e permanentes sade humana(Tabela 5 no anexo).O impacto sobre o meio ambiente depende dotipo de fertilizante e pesticida. Os danos maiscomuns so os seguintes:

    ! Contaminao do ar (organofosforados).! Contaminao do solo (organoclorados).! Contaminao da gua (organoclorados e

    organofosforados).! Formao de resistncias contra os

    pesticidas.! Eliminao dos inimigos naturais

    (produtos no seletivos).! Reduo da populao de abelhas.! Envenenamento de aves e peixes.! Reduo da biodiversidade, entre outros.At h muito pouco tempo atrs, muita gentepensava que os pases em vias dedesenvolvimento no tinham os fundosnecessrios para manterem seus recursosnaturais, ou melhor, seus sistemas ecolgicosintactos. A prioridade tem sido a produo de

    alimentos para uma populao cada diamaior. Isto tem significado uma luta datecnologia contra a natureza.

    Conhecendo com o tempo os efeitosnegativos desta forma de agricultura, pouco apouco est sendo mudado o conceito daproduo agrcola outra vez. O consumidortem pedido produtos sadios, o agricultor pedemais segurana e o ecologista demanda aproteo do meio ambiente. Agora sabemosque somente a integrao com as condies

    naturais permitir uma produo estvel,ecologicamente sadia, economicamenterentvel e permanente. Os conceitos daagricultura orgnica asseguram estaestabilidade da produo agrcola, sem causardanos irreparveis aos seres humanos, aomeio ambiente e sem usar muitos recursoseconmicos.

    3. O conceito de pragasNa natureza, como resultado de mltiplaspresses seletivas ocorridas no curso demilhes e milhes de anos, os organismostm desenvolvido mecanismos desobrevivncia e reproduo que explicam suaexistncia atual. Mas, alm de sua presena,advertimos que existe certo equilbrio nasquantidades de plantas, animais emicroorganismos. Ou seja, a ao combinada

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    8/33

    8

    de mltiplos fatores abiticos e biticos,explica que os organismos mostrem umaabundncia que, mesmo sendo varivel, ela semantm mais ou menos constante em torno deum valor mdio tpico. Assim, cada espcie emcada localidade exibe certa abundncia

    caracterstica ou tpica; segundo a magnitudedesse valor, uma espcie ser pouco ou muitoabundante.

    Pode-se afirmar que, na natureza, por causado efeito recproco de alguns organismossobre outros, sob certas condiesambientais, estes muito raramenteincrementam suas densidades, muito alm desuas populaes mdias e, quando o fazem,com o tempo a situao retorna ao seu estadonormal. Em outras palavras, na natureza no

    existem pragas.

    Chama-se de praga quando um animal, umaplanta ou um microorganismo aumenta suadensidade a nveis anormais e comoconseqncia disso, afeta direta ouindiretamente espcie humana, seja porqueprejudica a sua sade, sua comodidade,prejudique as construes ou os prdiosagrcolas, florestais ou destinados ao gado,dos quais o ser humano obtm alimentos,forragens, txteis, madeira, etc. Ou seja,

    nenhum organismo pragaper se. Ainda quealguns sejam em potencial mais daninhos queoutros, nenhum intrinsecamente mau. Oconceito de praga artificial. Um animal setransforma em praga quando aumenta suadensidade de tal maneira, que passa a causaruma perda econmica al ser humano.

    Pragas-Chave

    So pragas que aparecem de formapermanente em grandes populaes, so

    persistentes e muitas vezes no podem serdominadas pelas prticas de controle; se noso aplicadas medidas de controle, podemcausar severos danos econmicos. Somentepoucas espcies adquirem esta categoria entreas plantaes, geralmente porque nopossuem inimigos naturais eficientes.Nesta categoria de pragas se baseiam asestratgias de controle nas plantaes. As

    pragas-chave mais importantes na regiotropical so as Moscas Brancas, os pulges eas larvas de lepidpteros, entre outros, emvrios cultivos.

    Pragas ocasionais

    So espcies cujas populaes se apresentamem quantidades prejudiciais somente emcertas pocas, enquanto que em outrosperodos perdem importncia econmica. Oincremento populacional de uma maneirageral est relacionado com as mudanasclimticas ou com os desequilbrios causadospelo homem.

    Pragas potenciais

    preciso entender que, a grande maioria dasespcies que aparece dentro de umaplantao, tem populaes baixas, sem afetara quantidade e a qualidade das colheitas. Masse, por alguma circunstncia, desaparecessemos fatores de controle natural, estas pragaspotenciais poderiam passar s categoriasanteriores. Por exemplo: a aplicaoexagerada de inseticidas, que tambm mataos benficos, e as monoculturas, entre outrasatividades, pode causar esta mudana.

    Pragas migratrias

    So espcies de insetos no residentes noscampos cultivados, mas que podem chegar aeles periodicamente, devido a seus hbitosmigratrios, causando severos danos.Podemos citar como exemplo as migraesde lagostas.

    A classificao de pragas pode sofreralgumas variaes de apreciao, dependendo

    do sistema de produo agrcola. Aquipodemos citar como exemplo a agricultura debaixos insumos externos e a agriculturaecolgica; nesta ltima, a dinmica daspragas est condicionada pela biodiversidadegerada pelas caractersticas do sistema.

    Em um sistema conduzido dentro dosparmetros da agricultura ecolgica, as

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    9/33

    9

    pragas-chave reduziro sua ao nociva, umavez que se evita contar com somente umaespcie de planta, o que provocaria umincremento maior de sua populao. Istodepender do tipo de cultivo, as dimenses darea de cultivo, as caractersticas do

    desenvolvimento da praga, as condiesambientais, etc., de tal maneira que adiminuio da colheita pela ao de umapraga-chave pode depender muito destes eoutros fatores.

    A grande quantidade de problemasfitossanitrios combatida h muito tempocom inseticidas qumicos. Muito mais aindana agricultura moderna, onde so tratadoscomo a nica soluo para referidosproblemas, causando efeitos imediatos para

    reduzir expressivamente as populaes deinsetos de maneira efetiva e no momentooportuno. Mas, como resultado, vemprovocando uma situao mais grave ainda.Especialmente na regio tropical, seapresentam grandes problemas deintoxicaes de agricultores y operrios,efeitos residuais nos produtos agrcolas,contaminaes de solo, gua e ar, pragasresistentes contra praticamente todos osinseticidas disponveis no mercado e comoconseqncia de tudo isto, a destruio dos

    sistemas ecolgicos.

    Nos sistemas agrcolas tradicionais, osmtodos de proteo vegetal so basicamentepreventivos, influenciando de maneiranegativa as condies ambientais para aspragas e de maneira positiva para os insetosbenficos. Os sistemas ecolgicos, almdisso, so associaes entre plantas, animais,microorganismos e os componentes abiticos.Cada ser vivente tem seu hbitat e suaconvivncia com outros seres vivos. Esta

    relao tem se desenvolvido durante umlongo processo de adaptao e seleo.

    As regies dedicadas agricultura devem sertratadas como sistemas ecolgicos. Istosignifica que preciso adapt-las scondiciones locais e levar em conta as leisecolgicas, para o desenvolvimentoagropecurio.

    4. As Causas do Surgimento das Pragas. necessrio analisar quais so os fatores quediferenciam os ecossistemas naturais dosecossistemas artificiais (cultivos agrcolas,plantaes florestais, fazendas de gado), para

    ento tentar entender as causas do surgimentodas pragas. Alguns destes fatores seromostrados a seguir:

    Para suprir as suas necessidadesalimentcias, de vesturio e de moradia, oser humano tem transformado reas devegetao natural, de grandecomplexidade estrutural, em reasuniformes de cultivos que, em certoscasos, podem chegar a centenas dehectares plantados com um s tipo de

    cultivo. Na monocultura se apresentauma superabundncia de alimento, muitoconcentrado fisicamente - enquanto que,na natureza, o alimento mais escasso eest mais espalhado-; essadisponibilidade do recurso permite queum organismo herbvoro ou inclusivepatognico possa alcanar nveisepidmicos, de praga.

    Em conexo com a simplificao dosecossistemas naturais, tem-se eliminado a

    vegetao silvestre que, segundo tem sidodocumentado em alguns casos, servecomo fonte de alimento ou refgio aosinimigos naturais (parasitas e predadores)das pragas, pelo que a densidade destesdiminui e, de maneira concomitante,aumenta a densidade da praga.

    Certos cultivos exticos, ao seremintroduzidos em uma nova regio, podemser atacados por organismos que nuncahaviam estado em contato com eles, e quese alimentam de plantas silvestres. Esta

    mudana de preferncia, acrescentada plantao extensiva do novo cultivo,favorece a converso em praga de umorganismo previamente inofensivo.

    Na natureza, e inclusive nas plantaes,h alguns organismos que atacam aosoutros e so denominados inimigosnaturais. Estes podem ser classificadoscomo predadores, parasitas ou

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    10/33

    10

    patognicos, e mantm certos insetos embaixas densidades (chamados pragassecundrias) que, se no existiremaqueles, alcanariam o status de pragaprimria. Na verdade, quando usamosexageradamente os praguicidas para

    combater uma praga primria, essassubstncias dizimam ou eliminam osinimigos naturais das pragas secundrias,motivo pelo qual estas podem alcanardensidades anormais e se converterem empragas primrias. Assim, os praguicidasestaro, na verdade, fomentando aapario de pragas.

    O ingresso acidental de um organismoem uma nova regio ou pas e o sbitoincremento de suas densidades, criam umproblema de praga que antes era

    inexistente. Com relao aos insetos, aapario destas pragas exticas, quemuitas vezes no alcanam o status depraga no seu pas de origem, se explicapelo ingresso dos inimigos naturais dessapraga, que conseguem mant-la a baixasdensidades naquele pas.

    Certos gostos ou hbitos dos consumido-res, ou pautas fixadas para a exportaode produtos agrcolas, fazem com queno se aceitem no mercado produtos compequenos danos que no impediriam seu

    consumo, ou com dano aparente, pura-mente superficial. Ou seja, esses gostos,hbitos ou pautas convertem um danoaparente em um dano real, e ao organis-mo causador, de inofensivo em nocivo.

    5. Os inseticidas como uma soluoA maioria dos problemas fitossanitrios combatida desde sculos com inseticidas qu-micos. Muito mais ainda na agricultura mo-derna, so tratados como a nica soluo para

    referidos problemas, causando efeitos imedi-atos para reduzir expressivamente as popula-es de insetos de maneira efetiva e no mo-mento oportuno. Os inseticidas qumicos p-dem ser divididos em quatro grandes grupos.

    5.1 OrganocloradosEste grupo de inseticidas se caracteriza por:

    Apresentarem em sua molcula tomosde carbono, hidrognio, cloro eocasionalmente oxignio.

    Conterem anis cclicos ou heterocclicosde carbono.

    Serem apolares e lipoflicos.

    Terem pouca reatividade qumica.

    Os compostos organoclorados so altamenteestveis, caracterstica que os torna valiosospor sua ao residual contra insetos e por suavez perigosa, devido ao seu prolongadoarmazenamento na gordura dos mamferos.Dentro deste grupo de inseticidas encontram-se compostos to importantes como o DDT,BHC, clordano e dieldrim.

    Estes compostos provocaram uma revoluo

    no combate aos insetos, por seu amplointervalo ou espectro de ao e seu baixocusto; tem sido usado de maneira intensivapara controlar pragas agrcolas e temimportncia mdica. Possuem baixatoxicidade para mamferos e outras espciesde sangue quente e seus resduos so degrande persistncia no ambiente; alm disso,devido ao seu alto grau de lipo-solubilidade,se acumulam nos tecidos adiposos de muitosorganismos atravs do processo de bio-magnificao na cadeia trfica.

    Por estes problemas mencionados, hoje emdia a comunidade internacional est tentandoproibir sua produo, sua comercializao eseu uso atravs do Convnio de Estocolmosobre Contaminadores OrgnicosPersistentes.

    5.2 OrganofosforadosO desenvolvimento destes inseticidas data daSegunda Guerra Mundial, quando os tcnicos

    alemes encarregados do estudo de materiaisque poderiam ser empregados na guerraqumica, descobriram e sintetizaram umagrande quantidade de compostos orgnicosdo fsforo. Posteriormente, os trabalhosfeitos pelo qumico Gerhard Schrader nocampo da agricultura, permitiram comprovarque muitos dos compostos orgnicos do

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    11/33

    11

    fsforo apresentavam toxicidade elevadacontra insetos prejudiciais.

    A maioria dos organofosforados atua comoinseticida de contato, fumegantes e de aoestomacal, mas tambm se encontram

    materiais sistmicos, que quando aplicadosno solo e nas plantas so absorvidos porfolhas, talos, cortia e razes, circulam naseiva, tornando-a txica para os insetos quese alimentam ao sug-la.

    Os primeiros compostos organofosforadosutilizados como inseticidas pertencem ao tipode steres sensveis do cido fosfrico, taiscomo o TEPP e outros, aos que seacrescentou depois o paration Tiofosfato, queapesar de ser antigo, segue sendo de uso

    comum em todo o mundo.

    Caractersticas bsicas dosOrganofosforados

    So mais txicos para vertebrados que oscompostos organoclorados.

    No so persistentes no meio ambiente,principal causa que motivou asubstituio do uso dos organocloradospelos organofosforados.

    5.3 CarbamatosNos anos 60, apareceu um terceiro grupo deinseticidas, conhecidos como carbamatos. Oscarbamatos apresentam uma persistncia etoxicidade intermediria entre osorganoclorados e os organofosforados, tmusos variados, principalmente comoinseticidas, herbicidas e fungicidas.

    O carbaril o carbamato mais conhecido eutilizado no controle de larvas e outros

    insetos que se alimentam da folhagem. O fatode que estes derivados tenham sidodesenvolvidos mais recentemente que osorganofosforados, faz com que seucomportamento, de uma maneira geral (ao,seletividade, metabolismo, etc.), no tenhaalcanado o desenvolvimento que se temobtido com os inseticidas organofosforados.Os carbamatos atuam da mesma forma que os

    organofosforados, inibindo a Acetil-colinesterasa nas sinapses nervosas.

    O problema em geral que apresentam estesinseticidas, a sua alta toxicidade aguda,portanto, so muito perigosos para o usurio

    direto, o agricultor.

    5.4 PiretridesA partir dos anos 80, o grupo dos piretridestem recebido muita ateno devido a suabaixa toxicidade para os mamferos, quasenula acumulao no meio ambiente e grandeutilidade como alternativa no combate depragas agrcolas. Infelizmente, apesar de quesomente haja sido autorizado um nmeroreduzido de piretrides, j foram registrados

    casos de resistncia no campo e no laborat-rio. Este grupo de compostos tem sido sinteti-zado ao usar como base a estrutura qumicadas piretrinas naturais, com as quais se com-partilha algumas caractersticas toxicolgicas.

    O piretro um inseticida de contato, obtidodas flores Chrysantemun cinerariaefolium(Compositae) que tem sido usado comoinseticida desde o ano 400 a.C., na regio quehoje em dia o Ir. Era conhecido como pda Prsia e se presume que foi empregado

    para combater piolhos humanos. Atualmente,se sabe que as variedades que crescem nosplanaltos do Qunia produzem as proporesmais altas de ingredientes ativos; comercial-mente, so cultivadas no Cucaso, Ir, Japo,Equador e Nova Guin. O piretro deve suaimportncia a sua imediata ao (uns quantossegundos) sobre insetos voadores, acrescido asua baixa toxicidade para animais de sanguequente, devido ao seu rpido metabolismo deprodutos no txicos. Deste modo, adiferena do DDT, o piretro no persistente,

    pois repele alguns insetos e seus resduos sode vida curta. Estas caractersticas evitaram aexposio prolongada dos insetos ao piretro,o qual contribuiu ao escasso nmero de casosde resistncia ao produto, apesar de ter sidoempregado por muito tempo.

    O piretro usado para combater pragas emalimentos armazenados, contra insetos

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    12/33

    12

    caseiros e de cultivos industriais, dirigido alarvas j adultas de lepidpteros e de outrosinsetos fitfagos de vida livre, sempre equando parte de seu ciclo biolgico possaestar exposto ao do contato do txico.

    O piretro obtido a partir das flores secas decrisntemo; extrado com querosene edicloruro de etileno e se condensa pordestilao ao vazio.

    So vrios os fatores ambientais que degra-dam as piretrinas, entre eles, luz e calor. Suabaixa estabilidade impede que sejam efetivascontra pragas em condies de campo.

    Devido instabilidade das piretrinas, emmeio e ao desenvolvimento de outros

    produtos inseticidas, na dcada dos anos 40se relegou o estudo das piretrinas. Aindaassim, em 1945 foi sintetizada a retrolona, apartir da piretrina I; este foi o primeiropiretride sinttico.

    Na atualidade, os piretrides sintticos tmperdido quase que completamente a piretrinanatural. O problema mais grave da suautilizao o rpido desenvolvimento deresistncias em algumas pragas.

    6. O conceito do Manejo Integrado de Pragas(MIP)Os resultados negativos do uso exagerado dospesticidas tm causado reaes tambm nomundo da agricultura convencional. Tanto osservios de extenso agrcola, como osfabricantes de insumos agroqumico e osorganismos internacionais, tm procuradouma soluo para os perigos graves que osqumicos podem causar ao meio ambiente e vida humana. Um compromisso que tem sido

    aceito todas as partes o Manejo Integradode Pragas (MIP).

    Segundo a definio da FAO, O ManejoIntegrado de Pragas uma metodologia queemprega todos os procedimentos aceitveisdesde o ponto de vista econmico, ecolgicoe toxicolgico, para manter as populaes deorganismos nocivos abaixo dos nveis econo-

    micamente aceitveis, aproveitando, da me-lhor forma possvel, os fatores naturais quelimitam a propagao de referidos organis-mos. De acordo com esta definio, o obje-tivo do manejo integrado de pragas mini-mizar o uso de produtos qumicos e dar pri-

    oridade a medidas biolgicas, biotcnicas ede fito-melhoramento, assim como s tcni-cas decultivo. Se aplicssemos desta manei-ra, estaramos na metade do caminho para ummanejo ecolgico de pragas. Mas, apesar deque o meio ambiente e as medidas ecolgi-cas j desempenhem um papel importantenesta estratgia, a economia, sem dvida, temprioridade.

    Ainda assim, muitas das caractersticas doMIP tambm so importantes para o Manejo

    Ecolgico de Pragas (MEP). Portanto, valemencion-las aqui:

    Caractersticas bsicas do MIP:

    O controle se baseia em conhecimentossobre os organismos nocivos e benficos.

    A meta estabelecer as populaes deorganismos daninhos a baixo nvel dedensidade, e no elimin-los.

    A combinao de vrias medidas decontrole.

    A incluso do ecossistema na estratgiado controle para conseguir manejar.

    A aplicao de rgidas regras de renta-bilidade. Ou seja, que somente sejam im-plementadas medidas de controle quandoo prejuzo esperado seja maior que oscustos de referida medida. Isto nos levaao conceito do parmetro de interveno.

    Realizao das aplicaes das medidas aoseu devido tempo; com isto se renunciaao calendrio de aplicaes, por sereste um mtodo que induz a um emprego

    excessivo e indiscriminado depraguicidas.

    O conceito dos parmetros

    O parmetro econmico indica o grau deinfestao por uma praga, no qual os custosde uma medida de controle so equivalentes

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    13/33

    13

    ao valor monetrio da perda de colheita queessa medida evita.

    O parmetro de interveno indica o grau deinfestao no qual se deve implementar umamedida de controle, para evitar que a

    populao de organismos nocivos supere oparmetro econmico.

    Para a tomada de decises com fundamentoeconmico no manejo integrado de pragas relevante o parmetro de interveno. Paradeterminar com exatido o parmetro deinterveno necessrio conhecer osseguintes parmetros: A relao entre populao de organismos

    nocivos e a perda de lucros, isto , arelao infestao - perda.

    Os lucros obtidos, se no intervm nainfluncia da populao de organismosnocivos, isto , os lucros potenciais.

    O preo do produto da colheita,expressando como preo desde aexplorao agrcola.

    Os custos de uma medida de controle. A eficcia de uma medida de controle.Disto se deduz que o parmetro deinterveno um fator varivel e na prtica difcil determin-lo com exatido. Alm

    disso, necessrio um sistema permanente devigilncia do cultivo.

    Os instrumentos do manejo integrado depragas

    Os instrumentos mais importantes do manejointegrado de pragas podem ser classificadosem quatro grupos principais: As tcnicas de cultivo e medidas de fito-

    melhoramento. As medidas de controle mecnicas e

    fsicas. As medidas biolgicas e biotcnicas de

    proteo vegetal. As medidas qumicas bvio que os trs primeiros pontos tambmso a base para o manejo ecolgico de pragas.Por tanto, para explicar as diferentes medidas,

    teremos que passar ao captulo da proteonatural das plantaes. O mais importanteneste captulo no esquecermos dosparmetros de interveno. Tambm naagricultura orgnica, o agricultor tem quetrabalhar com um conceito econmico. Se ele

    aplicar um produto biolgico segundo umcalendrio, mas sem necessidade,possivelmente no causar efeitos negativosao meio ambiente ou ao ser humano, masestar perdendo dinheiro. Uma agriculturaorgnica sem rentabilidade no existirdurante muito tempo.

    7. Medidas para a proteo natural dasplantaes

    Que medidas existem para proteger as

    plantaes orgnicas contra animais edoenas que podem reduzir notavelmente arentabilidade da produo tambm naproduo orgnica?

    Manejo Agro-ecolgico de Pragas (MAP)Controles culturais

    Controle manual de insetos. Eliminao de plantas ou frutas doentes. Descanso da terra. Variedades resistentes. Rotao e associao de cultivos. Manejo da densidade e das datas desemeadura. Manejo do risco para combate de ervas

    daninhas. Cercas-vivas para criar refgios para os

    inimigos naturais. Armadilhas. Caldos minerais.

    Controle biolgico Conservao ou fomento dos inimigos naturais

    das pragas. Aumento de organismos benficos. Introduo de inimigos naturais contra pragas

    exticas.

    Controle com plantas inseticidas Uso de ps, extratos, leos de plantas com

    propriedades inseticidas, reguladores decrescimento, repelentes ou que alterem ocomportamento das pragas.

    Fonte: Bejarano G., F. (2002)

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    14/33

    14

    Alguns destes mtodos sero descritos maisdetalhadamente.

    Nos sistemas tradicionais de agricultura, osmtodos de proteo vegetal so basicamentepreventivos, influindo de maneira negativa as

    condies ambientais para as pragas e demaneira positiva as dos insetos benficos.

    Os sistemas ecolgicos so associaes entreplantas, animais, microorganismos e oscomponentes abiticos. Cada ser vivente temseu hbito e sua convivncia com outros seresvivos. Esta relao tem sido desenvolvidadurante um longo processo de adaptao eseleo.

    As regies dedicadas agricultura devem ser

    tratadas como sistemas ecolgicos, istosignifica adapt-las s condies locais elevar em conta as leis ecolgicas para odesenvolvimento agropecurio.

    A proteo vegetal muito complexa, na qualinfluem tanto as condies agro-ecolgicas,como econmicas e scio-culturais. necessrio um equilbrio entre as diferentesmedidas para poder manter o sistema o maisprximo possvel ao natural e os nveis deinsetos, doenas e outros agentes o mais

    longe possvel do parmetro econmico. Oparmetro econmico indica o grau deinfestao no qual os custos de uma medidade controle so equivalentes ao valormonetrio da perda de colheita que essamedida evita. O parmetro de intervenodeve aludir ao grau de infestao, no qual sedeve programar uma medida de controle, paraevitar que a populao de organismos nocivossupere o parmetro econmico.

    7.1 Cultivos mistos e diversificao

    Muitos dos organismos nocivos mais impor-tantes so monfagos, ou seja, se especi-alizaram em um gnero de espcies vegetais,

    ou inclusive em uma s espcie. O cultivo deuma planta ou o cultivo contnuo destamesma planta cria as condies de vida para amultiplicao acelerada de algumas pragas.

    Certas combinaes de diferentes cultivosreduzem drasticamente o perigo de infestaopor uma praga. Um bom exemplo para estaprtica a combinao de milho com feijo.Os cultivos associados favorecem aspopulaes de organismos benficos, servemcomo barreira para impedir que um

    organismo nocivo se disperse at seuhospedeiro e aumentam a diversidade. Aidia utilizar plantas de diferentes famlias,que geralmente tm diferentes exignciasacerca do lugar e so sensveis ou resistentescontra diferentes tipos de pragas e doenas.Alm disso, em um cultivo misto,as plantashospedeiras de uma praga encontram-se maisdistantes. Algumas experincias tmdemonstrado que, por todos estes efeitos,pode-se reduzir a incidncia de pragas de30% a at 60%.

    Combinaes favorveis so: Milho - feijo Tomate - repolho Milho - feijo - banana Milho batata-doce Milho - amendoim Milho - mandioca - feijo Milho feijo-guand

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    15/33

    15

    Milho - feijo - amendoim - arroz Rabanete - pimentas - alface Batata inglesa - cebola - feijo - milho Batata-doce - berinjela - tomate muito melhor tambm a integrao de culti-

    vos permanentes, como, por exemplo, rvoresfrutferas, palmeiras ou outro tipo de rvores.

    Uma forma especial a semeadura de plantasrepelentes, muitas vezes no comestveis,contra algumas pragas especficas,aproveitando, por exemplo, seu forte cheiropara afastar os insetos e outros tipos deanimais. Algumas plantas que podem usadascomo repelentes so as seguintes: coentro,salsa, aipo, menta, hortel, crisntemo,gergelim e algumas gramneas. De uma

    maneira geral, podem ser de grande efeitocontra as larvas de borboletas e nematdeos.

    7.2 Rotao de cultivosA rotao de cultivos a plantao sucessivade diferentes cultivos no mesmo terreno. Asrotaes so opostas ao cultivo contnuo epodem ir de 2 a 5 anos de continuidade.Geralmente, o agricultor planta a cada ano,uma parte de seu terreno com cada um doscultivos que fazem parte de sua rotao.

    Os organismos nocivos podem sobreviver nosrestolhos, em outras plantas que atuam comohospedeiros provisrios, ou inclusive no solo,invadindo o prximo cultivo. Sem dvida,mediante uma sucesso de cultivos no ade-quados para as pragas, pode ser interrompidoo ciclo de vida destes organismos.

    Desenho 1: Esquema para a rotao decultivos. (Fonte: Suquilanda V., M. B.1995).

    A rotao especfica de cultivos a nicamedida rentvel de controle de determinadosnematides ou organismos patognicos, comopor exemplo, os cogumelos que vivem nosolo. O princpio deste mtodo consiste em

    retardar a semeadura seguinte da plantahspede, at que as condies de vida para osorganismos no lhes permitam sobreviver.Uma rotao adequada de cultivos especia-lmente eficaz para privar de nutrientes osorganismos que, devido a sua escassa mobili-dade ou estenofagia, dependem de uma unicaplanta hospedeira, demonstrando menor efi-ccia contra organismos polfagos ou mveis.

    A rotao requer que o produtor pense arespeito do papel que cada cultivo assume em

    seu sistema. Em um sistema produtivo,podem envolver-se 5 tipos de plantas,segundo a parte aproveitvel:

    Raiz Hortalias defolhas

    Sementes

    Frutas Pasto/Ervas

    Batatainglesa,batata-doce,cebola,cenoura,mandioca,

    alho,beterraba,rabanete.

    Repolho,alface,aipo,espinafre,couvechinesa,manjerico

    , coentro

    Milho,lentilhas,feijo,feijo-guando

    Tomate,abbora,alho,melo,berinjela, pepino

    2 ou 3 anosde misturapermanentede ervasleguminosasquando hproduo

    animal(poca dedescanso)

    Uma rotao adequada de cultivos requercomo base um registro dos cultivos de cadaparcela.

    7.3 Ritmo natural dos insetosA escolha da poca adequada para asemeadura tambm pode reduzir muito ainfestao na plantao. Normalmente, cadaetapa de crescimento do cultivo est

    associada com pragas especficas. Portanto, preciso fazer todo o possvel para que a etapasensvel da planta no coincida com a altaincidncia de uma praga que prefiraexatamente o cultivo nesse estado. Para isto, necessrio conhecer os ciclos de vida dosinsetos daninhos mais importantes e osefeitos de seus diferentes estgios aoscultivos.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    16/33

    16

    7.4 Preparao do soloA preparao adequada do solo uma boamedida contra pragas que desenvolvem seusestados larvais ou quando esto em forma debatata, no mesmo solo ou em resduos

    orgnicos que ficam depois da colheita. Oarado influi de duas formas: Ovos, larvas e gros podem ser

    transportados a nveis to profundos nosolo, que no lhes ser possvel chegar superfcie.

    Tambm possvel que sejamtransportados superfcie, onde secaropela ao do sol, ou aves ou outrosanimais podero vir a com-los.

    Especialmente em regies quentes, qualquer

    tipo de arado tem tambm efeitos negativos ecausa problemas no equilbrio do solo. Ohmus pode se destruir e se acelera a eroso.A deciso sobre este tipo de trabalho preciso que seja tomada tendo por base ainfestao do solo, a situao do lugar e commuito cuidado.

    7.5 Cercas-vivasAs cercas-vivas so utilizadas na agriculturapara evitar os danos de animais grandes na

    fazenda e para proteger as propriedades emgeral.

    Na regio tropical as espcies mais usadasso: O Candelabro (Euphorbia lactea) O Crton (Codiaeum variegatum) O Pinho Cubano (Gliciridia sepium) O Pinho de Leite (Jatropha curcas) O Agave-mexicano (Agave sisalana)Estas cercas podem hospedar uma grande

    quantidade de insetos, aves, aranhas e outrosorganismos teis para o controle natural daspragas. Una cerca cria nichos ecolgicos paraos animais teis. Introduz-se maisdiversidade nas parcelas, com o resultadomais comum de diminuir o impacto daspragas. Tambm, como os cultivos estaromais protegidos das influncias ambientais,mostraro uma resistncia maior.

    7.6 ArmadilhasO controle ecolgico utiliza algumascaractersticas do comportamento das pragaspara estabelecer estratgias de controle.Desde tempos se sabe que muitas espcies de

    insetos so fortemente atradas a fontes de luze cor amarela. Estas caractersticas tmpermitido o aperfeioamento de tcnicas dearmadilhas para alguns lepidpteros ecolepteros (armadilhas luminosas) e paraalguns dpteros (armadilhas amarelas).

    Com o avano das anlises bioqumicas, tem-se conseguido sintetizar compostos naturais,que so excretados ao exterior do corpo dosinsetos, atuando como mensagens qumicas eafetando vrios tipos de comportamento.

    Estes compostos so conhecidos como semio-qumicos e deles, os feromnios sexuais so ogrupo que possui maior aplicao prtica.

    Os feromnios sexuais so substnciasproduzidas por um organismo e percebidaspor outro pertencente mesma espcie, paraprovocar reaes especficas em seucomportamento e em sua fisiologia.

    Para conseguir uma implementao exitosadesta tecnologia e com ela reduzir as

    aplicaes de inseticidas, necessriodeterminar o parmetro econmico, ou seja,definir com certo grau de preciso umtamanho de captura de machos, atravs dosquais se incrementa notavelmente o risco deperdas econmicas causadas pelo dano daslarvas da praga. Como a captura dos machosse faz vrios dias antes de aparecerem aslarvas, desta maneira se pode averiguar se onvel desta praga vai chegar ao parmetroeconmico ou no. Se a resposta for negativa,segue-se com a captura e o monitoramento.

    Se a resposta for positiva, determina-se a datade incio das aplicaes de praguicidasbiolgicos, sem perda de dinheiro.

    Esta tecnologia pode ser utilizada para: Melhorar a eficincia dos praguicidas

    convencionais. Suprimir a populao sem praguicidas,

    atravs do massivo aprisionamento

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    17/33

    17

    atravs de armadilhas e a interrupo doacasalamento ou confuso dos machos.

    H ainda alguns problemas que so obst-culos para o desenvolvimento mais aceleradodeste mtodo e isto tem a ver com uma in-

    completa identificao dos componentes qu-micos dos feromnios, falta de bons disper-sores, alto custo de produo e um incom-pleto conhecimento da biologia das pragas.Devido crescente demanda por um usoadequado dos agroqumicos sintticos, pode-se esperar que em um futuro prximo sejaincrementada a investigao e o uso prticodos feromnios sexuais como um componen-te importante do manejo das pragas agrcolas.

    7.7 Organismos benficosComo j explicamos anteriormente, nos siste-mas ecolgicos intactos, as pragas potenciaistm seus inimigos naturais, que ajudam amanter sua populao a um nvel aceitvel.No caso de sistemas agro-ecolgicos e em setratando de insetos pragas no nativos dopas, estes organismos poden ser aproveitadospara um sistema de proteo vegetal estvel.

    7.7.1 Os diferentes tipos de organismos eseus efeitos

    Os organismos benficos utilizados para ocontrole biolgico podem classificados emquatro grupos: Patognicos. Parasitides. Predadores. Fitfagos.PatognicosEntre os patognicos que atacam aos artr-podos, encontram-se bactrias, fungos, vrus

    e protozorios. Os patognicos esto semprelatentes no ecossistema. Sob condies favo-rveis, produz-se de forma espontnea umaumento de sua populao e reduz-se as dosorganismos daninhos. De uma maneira geral,estes aumentos da populao de um patog-nico se produzen somente quando a densida-de da populao de uma praga j alcanou umponto crtico e o cultivo j sofreu danos. Ain-

    da assim, este tipo de processo pode acelerar-se por inoculao, dado que os patognicosem geral podem aplicar-se em forma deprodutos fabricados de acordo com uma fr-mula. J existem vrios produtos comerciaisdeste tipo no mercado internacional.

    Broto de caf infestado porBeauveria bassiana

    Os mais conhecidos so: Bactrias: Bacillus thuringiensis (contra

    larvas de lepidpteros). O produto maisconhecido e vendido deste grupo.

    Fungos: Beauveria bassiana (contra Hypothenemus hampei, Diaprepes

    abreviatus), Metarhizium anisopliae (pa-ra o controle de Hypothenemus hampei, Empoasca sp.) , Verticillum lecanii(contraBemisia tabaci), entre outros.

    Vrus: Poliedrose nuclear ou granulose(que afetam larvas de lepidpteros).

    Estes produtos, basicamente os fungos, tmganhado muita importncia por seremcapazes de controlar a broca do caf. Emvrios pases est sendo realizado o manejoda broca utilizando um produto base deBeauveria como nico fungicida, utiliza-ndo-se adicionalmente controles culturais.

    Parasitides

    Cephalonomia stephanoderis

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    18/33

    18

    Os parasitides so insetos cujodesenvolvimento acontece no corpo de uminseto hspede, causando a morte deste. Emgeral, os parasitides atacam a umadeterminada espcie, e sua densidade depopulao depende diretamente da populao

    da espcie hspede. Ainda assim, odesenvolvimento dos parasitides acontececom atraso em relao ao do hospedeiro, demodo que um rpido aumento da densidadeda populao de organismos nocivos produzdanos nos cultivos, antes de que osparasitides possa, inibir a sua ao.

    O controle biolgico pode ser realizado im-portando, adaptando e criando grandes quan-tidades de parasitides de outras regies eliberando-os na zona, ou ainda fomentando a

    tiempo a densidade das populaes de para-sitides existentes. Ambos mtodos requeremuma considervel capacidade para a comser-vao e para a criao massiva de insetos.

    Os parasitides mais conhecidos so:Trichograma sp. (para larvas e ovosde lepidpteros).

    Cephalonomia stephanoderis (contraa broca do caf)

    Encarsia formosa (contra a moscabranca).

    Predadores

    Coccinella septempunctata (adulto)

    Os predadores exterminan aos organismosdaninhos, caando-os e devorando-os. Noperseguem, em geral, a uma espcie deter-minada, e sua mobilidade faz com que sejameficazes tambm contra populaes de baixadensidade. Alguns predadores se alimentam,

    por pocas, de plantas e podem ser destrudospor venenos de contato ou por ingesto, ouainda por inseticidas sistemticos.

    Coccinella septempunctata (larva)

    Os predadores mais importantes so: Percevejos e caros predadores. As joaninhas ou cascudinhos

    (colepteros coccinlidos). Os escaravelhos, aranhas e

    Chrysopidae.

    A vespa da famlia Chrysopidae

    FitfagosOs fitfagos so organismos que devorampartes das plantas, causando srios trastornosem seu desenvolvimento. Hoje se utilizam,para o controle dos malefcios, sobretudo in-setos e, em meios aquticos, peixes fitfagos.

    7.7.2 Mtodos de utilizaoA utilizao de grupos de organismosbenficos para o controle de pragas abarcatrs formas: introduo, conservao efomento, e liberao peridica de organismosbenficos.

    Na introduo de um programa de controlebiolgico, preciso observar os seguintespassos:

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    19/33

    19

    1. Determinar a importncia econmica doorganismo daninho.

    2. Identificar corretamente o organismodaninho e comprovar se importado ouautctono.

    3. Coletar informaes sobre o organismo

    daninho que se deseja controlar.4. Identificar os inimigos naturais e

    determinar sua eficincia.5. Analisar as condies para o

    estabelecimento de um organismobenfico.

    6. Identificar os fatores que influenciamsobre a densidade das populaes.

    7. Calcular a relacin custo-beneficio dasmedidas de controle biolgico planejadas.

    A forma mais conhecida de controle

    biolgico de uma praga importar de seu pasde origem os inimigos naturais de referidoorganismo e estabelec-los no lugar. Estemtodo tem sido vitorioso a longo prazo,somente se o organismo se adapta ao seunovo meio, se ele se multiplica e se expande.A hiptese neste caso que, um insetointroduzido pode facilmente converter-se emuma praga, pela falta dos inimigos naturais,os quais em seu pas de origem o mantm emum nvel economicamente aceitvel.

    Se no possvel a instalao definitiva deum inimigo natural, ou se a sua densidadeno suficiente para um controle eficiente, preciso realizar uma liberao peridica.

    No caso do Bacillus thuringiensis, umabactria que libera esporas, e da qual existemmuitas subespcies que controlam larvas delepidpteros, dpteros e colepteros, aeficcia se baseia nos cristais txicos que eleforma durante a fase de esporulao e queesto dentro das esporas. Con esta bactria j

    possvel obter vrios produtos comerciaisno mercado, que se aplicam como qualqueroutro produto: por asperso sobre as folhasdo cultivo quando a densidade da pragarequeira um controle.

    Alm dos produtos base de Bacillusthuringiensis, j esto sendo utilizados os

    seguintes organismos de maneira regular nocontrole de pragas, entre outros: Beauveria bassiana contra a broca do

    caf yDiaprepes sp. em ctricos. Verticillum lecanii contra a mosca

    branca.

    De uma maneira geral, as condies e oscultivos de ciclo curto no permitem umainstalao permanente do organismo ben-fico, para o que seriam necessrias aplicaesperidicas quando aparecem as pragas.

    7.8 Extratos de plantasA natureza tem criado durante sculos vriassubstncias ativas que, quando corretamenteaplicadas, podem controlar insetos pragas de

    maneira eficiente. A substituio dosinseticidas sintticos por substncias vegetaisrepresenta uma alternativa vivel, mas nosignifica que estes extratos de plantas possamreestabelecer por si mesmos o equilbrioecolgico que reclamamos para um sistemaagro-ecolgico estvel. O controle direto comeste mtodo no deixa de ser uma medida deemergncia e deve ser utilizado com muitaprecauo. Alm disso, como no sosistemticos, preciso que sejam aplicadoscom muita preciso no verso das folhas, onde

    habita a maioria dos insetos pragas.

    As vantagens das substncias botnicas sobvias: a maioria de baixo custo; esto aoalcance do agricultor; algumas so muito t-xicas, mas no tm efeito residual prolongadoe se descompem rapidamente; em sua maio-ria no so venenosas para os mamferos. Oscompostos qumicos encontrados em certasplantas tm reaes de diferente ndole frenteaos organismos que se desejamos eliminar.Assim, tem sido detectadas substncias inibi-

    doras do crescimiento e fito-hormnios. Estespodem dar-nos uma idia sobre as possveisreaes entre planta e planta. As reaes deplanta a fungo parecem ser baseadas na pre-sena de uma substncia "anti-fungo", cujomecanismo de defesa induzir ao endureci-mento das paredes celulares. As reaesplanta-inseto so as que melhor tem sidoestudadas.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    20/33

    20

    Na literatura, aparecem descritos aproxima-damente 866 diferentes tipos de plantas quefuncionam como inseticidas, 150 quecontrolam nematdeos e muitas outras queajudam a combater caros, lesma e ratos. Natabela 8 no anexo pode-se ver uma pequena

    parte destas plantas. Daqui em diante, seapresentar uma relao das plantas maisconhecidas e ms usadas em nvel mundial.Mesmo sendo produtos naturais, precisoque sejam utilizados com a mesma precauoque os praguicidas qumicos e somentedeveriam ser utilizados se as demais medidasno so suficientes para manter a populaode um inseto ou uma doena a um nvel ondeno possam causar prejuzos econmicos.

    O Nim (Azadirachta indica A. Juss), Fam.

    Meleaceae

    O Nim pertence famlia Meliaceae e temsua origem na ndia e Birmnia. Atualmente,tem sido introduzido como rvore dereflorestamento em muitos pases da AmricaLatina, sia e frica, em regiones secas equentes, devido a sua pouca exigncia porgua e solo. Todas as suas partes contmsubstncias ativas, que desde muitos sculostem sido utilizadas na ndia na proteovegetal, mas tambm na medicina veterinriae humana. Tem sido separados 25 diferentesingredientes ativos, dos quais pelo menos 9afetam o crescimiento e o comportamento dosinsetos. Os ingredientes tpicos do Nim soTriterpenides (Limonides), dos cuales osderivados da Azadirachtina, Nimbin eSalannin so os mais importantes, comefeitos especficos nas diferentes fases decrescimento dos insetos. Pela grandequantidade de substncias ativas e o tipo deao sobre os insetos, praticamenteimpossvel que as pragas possam desenvolverresistncia contra os seus compostos.

    Os Nimbines e Salannines causam efeitos re-pelentes e anti-alimentares no caso de vriosinsetos das ordens Coleptera, Homptera,Heterptera e Orthptera. Tambm existemreferncias de controle em Nematides. AAzadirachtina e seus derivados causam, ge-

    ralmente, uma inibio do crescimento e alte-ram a metamorfose. Estas substncias provo-can uma desordem hormonal em diferentesetapas no desenvolvimento do processo decrescimento do inseto, influenciando oshormnios da mudana e da juventude.Assim, os insetos no so capazes de se de-senvolverem de uma maneira normal e seproduzen deformaes na pele, nas asas, pa-tas e outras partes do corpo. Por seu modo deao, basicamente um veneno por digesto.

    Controla: larvas de lepidpteros,colepteros, himenpteros, dpteros,adultos de colepteros, hompteros eheterpteros pequenos, etc.

    Preparao: 30 gramas de sementesmodas, 20 gramas de massa moda ou 80gramas de folhas modas para 1 litro degua. Esperar entre 5 e 8 horas, misturan-do bem o lquido; coar para a aplicao.

    Aplicao: se aplica com uma bomba-mochila, cedo pela maana ou tardinha,cobrindo bem toda a superficie da planta,

    especialmente no avesso das folhas. preciso fazer pelo menos 3 aplicaes (6a 8 dias entre cada aplicacin) segundo aincidncia das pragas.

    Ateno: no afeta aos animais de sanguequente, nem aos seres humanos, no seacumula no meio ambiente e tem muitopouco efeito contra organismos benficos.

    Preparao do extrato aquoso de Nim.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    21/33

    21

    Os produtos de Nim podem ser utilizados emhortalias, rvores frutferas e em plantasornamentais.

    Para extenses grandes de terreno j existe o

    leo formulado e o extrato alcolico de Nim.Das sementes descascadas com uma prensa,se extrai o leo cr e se manipula comsubstncias que ajudam a diluir o leo emgua.

    A produo de leo com uma prensamecnica

    O leo de Nim pode ser utilizado emcultivos hortcolas, ornamentais e emrvores frutferas, para o controle delarvas de lepitpteros, moscas brancas,pulges e percevejos pequenos. Oproduto tambm fortalece o

    desenvolvimento da planta e evita oataque de pragas.

    Um litro de leo manipulado contmaprox. 0.5% (550 ppm) de Azadirachtina.A dose recomendada de 5-10 ml porlitro de gua.

    Ateno: no afeta aos animais de sanguequente, nem aos seres humanos, no seacumula no meio ambiente e tem muitopouco efeito contra organismosbenficos. No h necessidade de usarroupa de proteo, mas se recomendaproteger os olhos durante a aplicao.

    Experincias no campo mostram que o Nim ainda mais eficaz contra lepidpteros quandoutilizado de maneira alterada, com umproduto base de Bacillus thuringiensis. No

    caso do bacillus, o Nim evita odesenvolvimento de resistncias e aumenta aquantidade de diferentes pragas que podemser controladas. No caso do Nim, o bacillustem um efeito sinergtico, que melhora aindamais o seu efeito.

    base das folhas, das sementes e do leo deNim esto sendo preparados produtos muitodiferentes, como por ejemplo: sabonetesmedicinais, champs medicinais, repelentescontra mosquitos e cupins, ch contra febre e

    parasitas e muito mais.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    22/33

    22

    Tabela 6:Ingredientes ativos das sementes de Azadirachta indica A. Juss e seus

    principais efeitos contra as pragas de cultivos (segundo Gruber, A. 19991, adaptado).

    Grupo de Compostos do Nim e seus efeitos mais importantes

    Nimbine Salannine Azadirachtine leosPragas(insetos,nematides)

    Efeitosrepelentes

    Anti-alimentcios

    AlteraodaMetamor-fose

    Reduo dafertilidade

    Inibio depr ovos

    Alteraesnocomportamento

    Produtosdo Nim

    LepidopteraColeopteraHymenoptera(larvas)

    __________ __________ __________ __________Extrato dassementesricas enAzadirach-tina

    Coleoptera(adultos) __________

    Extratos dassementes,com leo e

    Azadirach-tina; leo deNim

    Diptera (larvas)__________ __________

    Extratos dassementesricos emAzadirach-tina

    HomopteraHeterptera(adultos)

    leo dassementes,extratos defolhas comAzadirach-tina

    Orthoptera __________ __________ __________ Extratos de

    sementes efolhas comleo

    Orthoptera Extratos doleo comAzadirach-tina

    Tysanoptera __________ __________ __________ __________ __________ __________ Extratos dassementescom leo

    Nematides __________ __________ __________ __________ Extratos defolhas esementesricos em

    Nimbin

    Legenda: Fortes Efeitos Efeitos leves

    _____

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    23/33

    23

    Tabela 7: Dosificao do Inseticida Nim segundo pragas e cultivos.Dose

    Produtos base de NimCultivos Pragas Sementes Modas de

    Nimleo Manipulado de

    NimMassa de Nim

    Melo Vermes do melo (Diaphaniahyalinata, Diaphania nitidalis)

    875 g P.C./tarefa 175 cc P. C./ tarefa 525 g P. C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./ tarefa 1,050 g P.C./tarefaPimenta Pulges:Myzus persicae,Macrusiphumeuphorbiae.

    1,312 g P.C./tarefa 312 cc P.C./ tarefa 788 g P.C./tarefa

    Lepidpteros: Spodoptera spp.,Heliothis sp .

    656 g P.C./tarefa 156 cc P.C./ tarefa 394 g P.C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,312 g P.C./tarefa 312 cc P.C./ tarefa 788 g P.C./tarefaTomate Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,295 g P.C./tarefa 350 cc P.C./ tarefa 1,050 g P.C./tarefa

    Mosca minadeira (Liriomyza trifolli ) 875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefaPulges:Myzuspersicae,Macrosiphumeuphorbiae.

    1,295 g P.C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa

    Vermes de alfinete (Keiferialycopersicella)

    875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa

    Cupim da batata (Gnorimoschemaopecullella)

    875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa

    Vermes dos frutos (Heliothis zea,H.virescens, Spodoptera spp.)

    875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa

    Repolho Cupim da couve (Plutella xylostella) 1,050 g P.C./tarefa 210 cc P.C./tarefa 630 g P.C./tarefaFalso medidor da couve (Trichoplusiani)

    1,050 g P.C./tarefa 210 cc P.C./tarefa 630 g P.C./tarefa

    Pulges:Lipaphis erysimi, Brevicornebrassicae.

    2,100 g P.C./tarefa 420 cc P.C./tarefa 1,260 g P.C./tarefa

    Beterraba Minadores:Liriomyza sp., Spodopteraexigua

    750 g P.C./tarefa 156 cc P.C./tarefa 450 g P.C./tarefa

    Pulges 1,500 g P.C./tarefa 312 cc P.C./tarefa 900 g P.C./tarefaQuiabo Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa

    Verme dos frutos (Heliothis zea,H.virescens, Spodoptera spp.

    875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa

    Pulges: Aphis gossypii,Myzuspersicae

    1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa

    Abbora Verme do melo e pepino (Diaphaniahyalinata,D. Nitidalis)

    1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa

    Pulges 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefaAlface Mosca minadora (Liriomyza spp.) 750 g P.C./tarefa 156 cc P.C./tarefa 450 g P.C./tarefa

    Pulges:Myzuz persicae,Macrosphumeuphorbiae

    1,500 g P.C./tarefa 312 cc P.C./tarefa 900 g P.C./tarefa

    Berinjela Moscas minadoras:Liriomyza trifolli 1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefaVermes de alfinete (Keiferialycopersicella)

    1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefaBerinjela Cupim da batata (Gnorimoschema

    opecullella)1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa

    Vermes com chifres (Manduca spp.) 1.312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefaMelancia Vermes do melo e do pepino

    (Diaphania hyalinata ,D. nitidalis)1,312 g P.C./tarefa 262.5 cc P.C./tarefa 787.5 g P.C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefaPulges 2,624 g P.C./tarefa 525 cc P.C./tarefa 1,574 g P.C./tarefa

    Pepino Verme do melo e do pepino(Diaphania hyalinata ,D. nitidalis)

    875 g P.C./tarefa 175 cc P.C./tarefa 525 g P.C./tarefa

    Mosca branca (Bemisia tabaci) 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefaPulges 1,750 g P. C./tarefa 350 cc P.C./tarefa 1,050 g P.C./tarefa

    Legenda:P. C. = Produto concentrado1 tarefa : 628.93 m2-A quantidade de gua a utilizar no exceder a dose mnima do produto por litro de gua.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    24/33

    24

    7.8.1 A Violeta (Melia azedarach), Fam.Meliaceae

    A Violeta pertence mesma famlia do Nim econtm como substncias ativas tambm

    derivados dos triterpenides, mas so umpouco diferentes. A substncia maisconhecida o meliantriol.

    A preparao do extrato aquoso base das

    sementes da violetaComo o Nim funciona contra o mesmo tipode insetos, somente preciso utilizardosificaes de sementes ou folhas 30 %mais altas, pelas baixas concentraes dassubstncias ativas nas diferentes partes darvore. um veneno de contato e pordigesto.

    Controla: larvas de lepidpteros, pulges,caros, gafanhotos, entre outros.

    Preparao: 60 gramas de sementesmodas ou 100 gramas de folhas secas em1 litro de gua. Esperar 5 horas, misturarbem a soluo e depois co-la.

    Aplicao: a aplicao pode ser realizadacom uma bomba-mochila. Sonecessrias pelo menos 3 aplicaes (umaaplicao a cada 8 dias) cobrindo bemtoda a superficie do cultivo.

    Ateno: o extrato txico para animaisde sangue quente e seres humanos.

    7.8.2 O Alho (Allium sativum), Fam.Liliaceae

    O alho geralmente cultivado para aalimentao humana, mas tambm pode serusado na proteo vegetal como inseticida,fungicida e antibacteriano. Tanto os bulboscomo as folhas, contm substncias ativasque podem ser extradas com gua, ou o leo,com uma prensa, e serem aplicadas noscultivos.

    Controla: larvas de lepidpteros, pulges,percevejos pequenos e vrias doenas

    causadas por fungos. Preparao: deve-se moer 2 libras do

    bulbo e misturar con 20 colherinhas desabo em 1 galo de gua. Depois de 4horas, se coa para a aplicao.

    Aplicao: desta soluo, se mistura 1litro com 20 litros de gua e se aplicacom uma bomba-mochila pelo menos acada 6 a 8 dias.

    Para fabricar produtos manipulados, utiliza-seespcies que tenham um alto contedo das

    substncias ativas e se cultiva este tipo,especialmente com o propsito de extrair oleo para ser manipulado.

    7.8.3 A Pimenta Picante (Capsicumfrutescens), Fam. Solanaceae

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    25/33

    25

    A pimenta picante cultivada para utiliz-lacomo condimento na comida humana, mas tambm muito conhecida por seu altocontedo de alcalides nas frutas maduras.Estas substncias tm efeito como inseticida,repelente e anti-viral. Controla: larvas de lepidpteros, pulges

    e vrus. Preparao: 100g das frutas maduras,

    secas e modas misturam-se com 1 litrode gua. Uma parte deste concentradopode ser diludo com 5 partes de umasoluo gua-sabo.

    Aplicao: a soluo preparada pode seraplicada a cada 6 ou 8 dias, diretamenteno cultivo.

    Ateno: Concentraes demasiadamentealtas podem causar fito-toxicidade.

    preciso manipular o preparado e asoluo com muito cuidado, porque causairritao na pele e nos olhos.

    7.8.4 O Papaia (Carica papaya),Fam. Caricaceae

    As fohas desta rvore, que se cultiva por suasfrutas doces e aromticas, contm enzimas ealcalides que podem ser utilizados comofungicida e nematicida.

    Controla: fungos e nematides. Preparao: mistura-se 2 libras de folhas

    modas com 1/8 de pasta de sabo raladoem 1 galo de gua e se deixa repousar de2 a 3 horas.

    Aplicao: depois de coar o extrato, deveser aplicado no mesmo dia.

    Ateno: o produto pode ser irritante paraa pele.

    7.8.5 O Guanabano (Annonamuricata), o Mamo (Annonareticulata), Fam. Anonaceae

    As frutas no maduras, as sementes, folhas eas razes das rvores desta famlia, contmuma grande quantidade de substncias muitoeficientes no controle de pragas. Funcionamcomo veneno de contato e de ingesto, mas oprocesso lento. Aproximadamente 2 at 3das depois da aplicacin que aparecen osprimeiros efeitos.

    Controla: larvas de lepidpteros, pulges,esperanzas(tettigoniidac), tripes, grilos,escamas, entre outros.

    Preparao: 2 onas de sementesdescascadas e modas, mistura-se com 1litro de gua. Depois de deixar estamistura repousar 24 horas, coa-se e estpreparada para a aplicao.

    Aplicao: aplica-se durante as horasfrescas, principalmente debaixo dasfolhas.

    Ateno: evitar que a soluo entre em

    contato com os olhos, porque causa grandesdores e at cefalia.

    7.8.7. O Fumo (Nicotiana tabacum), Fam.

    Solanaceae

    O fumo tem como princpio ativo a nicotina,que um dos txicos orgnicos mais fortes nanatureza. A nicotina atua sobre o sistema

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    26/33

    26

    nervoso dos insetos atravs da respirao,ingesto e contato. Funciona como inseticida,fungicida, repelente e acaricida.

    Controla: adultos e larvas de lepidpterose colepteros, entre outros.

    Preparao: 12 onas de fumo cozidasdurante 20 minutos, em um galo de guapara 60 litros de inseticida.

    Aplicao: at 3 asperses a cada 8 dias. Ateno: sumariamente txico para

    animais de sangue quente e sereshumanos!

    7.8.8 O Piretro (Chrysanthemumcinerariefolium), Fam.

    Asteraceae

    O piretro um dos inseticidas botnicos maisantigos do mundo. As flores deChrysanthemum cinerariefolium contmpiretrina, a substncia ativa, que mesmo emconcentraes muito baixas, biologicamenteativa. A planta deve cultivada em alturasentre 1,600 y 3,000 m sobre o nvel do mar,basicamente na frica, no planalto doQunia, porque quanto mais alto e frio, muitomelhor ser a concentrao da piretrina nasflores. O piretro deve sua importncia a suaimediata ao de queda (uns quantos

    segundos) sobre insetos voadores, agregandoa sua baixa toxicidade para animais de sanguequente, devido ao seu rpido metabolismo emsubproductos no txicos. Deste modo, opiretro no persistente. Estas caractersticasevitaram a exposio prolongada dos insetosao piretro, o qual contribui para o escassonmero de casos de resistncia ao produto.

    O piretro usado para combater pragas emalimentos armazenados, contra insetoscaseiros e de cultivos industriais, dirigido a

    larvas j adultas de lepidpteros e outrosinsetos fitfagos de vida livre, sempre queparte de seu ciclo biolgico possa estarexposto ao de contato do produto.

    O piretro obtido a partir das flores secas decrisntemos; se extrai com querosene edicloruro de etileno e se condensa pordestilao ao vazio.

    A substncia se decompem rapidamentedepois da aplicao, especialmente pelosraios do sol e pelo calor.

    Controla: larvas de lepidpteros, pulges,grilos, mosquitos, etc.

    Preparao e aplicao: de uma maneirageral, h produtos manipulados nomercado que indicam a dosagem e apreparao.

    Ateno: somente aplicar em horas datarde.

    7.8.9 Outros inseticidas botnicos

    Para completar esta parte, precisomencionar algumas plantas conhecidas em

    nvel mundial, mas com muito baixaincidncia no pas:

    Planta Substn-cia ativa

    Efeito

    Derris sp.

    Fam. Leguminosa

    Rotenona Inseticida,Repelente

    Quassia amara

    Fam. Simarubaceae

    Cuasinoides Inseticida,nematicida

    Mammea americana

    Fam. Guttiferaceae

    Mammein Inseticida

    Ricinus communis

    Fam. Emphorbiacea

    Inseticida,Repelente

    Schoenocaulon

    officiale

    Fam. Liliaceae

    Inseticida,Repelente

    Ocimum basilicum

    Fam.Lamiaceae

    leosessenciais

    Inseticida,Repelente

    (Ver tambm a Tabela 8 no anexo)

    7.8.10 Outros extratos

    Na agricultura de subsistncia, ou empequenas hortas, utilizam-se tambm outrostipos de extratos, como por exemplo:

    Extrato aquoso de sabo (inseticida,acaricida).

    Extrato aquoso de cinza vegetal(fungicida).

    Enxofre, cobre ou cal (fungicida).

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    27/33

    27

    8. Reflexes finais

    So muitas as consideraes que podemosrealizar a partir da problemtica do manejo depragas, especialmente quando se enfoca o usoindiscriminado de praguicidas; mas tambm

    so muitas as reflexes quando se trata dedecidir cual o caminho correto para que umsistema alternativo ao convencional possa serimplementado.

    O Manejo Ecolgico de Pragas aconsequncia de um enfoque agroecolgicoque provm da agricultura orgnica,biolgica, ecolgica, biodinmica, natural,sustentvel; coincidentes na viso holstica domeio do ecossistema e onde a interveno dohomem tem gerado os agroecossistemas.

    Alm disso, preciso levar em conta ashabilidades desenvolvidas historicamente,produto de xitos e fracassos acumulados noesforo por controlar as populaes de pragasque atacam as plantaes. Tudo isto temconstitudo um valioso potencial cultural etecnolgico, insuficientemente estudado evalorizado.

    O controle biolgico natural constitui umaparte importante no desenvolvimento deestratgias ecolgicas de manejo dos

    problemas fitossanitarios. O controlebiolgico clssico desempenhar um papel

    complementar de otimizao do controlenatural, sendo uma condio indispensvelpara sua viabilizao prtica, a de umtrabalho prvio de estabilizao doecossistema.

    O controle biolgico deve ser uma tecnologiade mdio e longo prazo, conseqncia dotrabalho de recuperao e estabilizao dosecossistemas atravs de estratgias deprotea e recuperao da fertilidade dossolos, manejo do recurso hdrico,agroflorestas, conservao da biodiversidade,desenvolvimento socio-econmico, etc.Todos estes aspectos devero tomar parte nasestratgias a serem adotadas para la aplicaodos princpios do MEP.

    As possibilidades do MEP podem ser muitasse forem potencializadas e combinadosadequadamente o conjunto de tcnicas eprticas possveis de implementar em umagro-ecosistema. Mais ainda, se pretendemosregulamentar a dinmica populacional dosinsetos e outros organismos potencialmentenocivos.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    28/33

    28

    Anexos

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    29/33

    29

    Literatura consultada

    1. Altieri, Miguel A.. Agroecology. Intermediate Technology Publications, London/UK 1987.2. Altieri. Miguel A.. Agroecologa. ciencia y aplicacin. CLADES, Berkeley, California, 1993.3. Andrews, K. L. y J. R. Quezada (edt). Manejo integrado de plagas insectiles en la agricultura. El Zamorano,

    Honduras, 1989.

    4. Arning, I. Y A. Lizrraga Travaglini (edt.). Manejo Ecolgico de Plagas Una Propuesta para la AgriculturaSostenible. RAAA, Lima, Per, 1999.5. Bejarano Gonzlez, F. La Espiral del Veneno. RAPAM, Texcoco, Estado de Mxico, 20026. Brandjes, P., Van Dongen, P., Van der Veer, A.. Green manuring and other forms of soil improvement in the

    tropics. AGRODOK 28, CTA, Wageningen, Netherlands, 1989.7. Brechelt, A. y C. L. Fernndez (ed). El Nim: un rbol para la agricultura y el medio ambiente. Fundacin

    Agricultura y Medio Ambiente, Santo Domingo, Rep. Dominicana, 1995.8. Brechelt, A.. Los Insecticidas: consecuencias de su prctica abusiva. INTEC: Ciencia y Sociedad, Vol. XIX, No.1

    y No. 2, Santo Domingo 1994.9. Brechelt, A.. Gua tcnica para la instalacin de composteras. Fundacin Agricultura y Medio Ambiente, San

    Cristbal, Repblica Dominicana. 1996.10.Buley, M.. La exportacin de productos provenientes de cultivos ecolgicos controlados. PROTRADE/GTZ,

    Eschborn, Alemania, 1994.11.COMUS. Elaboracin de plaguicidas orgnicos. Editorial Sombrero Azul-ASTAC, El Salvador 1996.12.De los Santos, A. y A. Brechelt. Recetas de insecticidas naturales. Fundacin Agricultura y Medio Ambiente, San

    Cristbal, Rep. Dominicana, 1996.13.Fuentes Sandoval, F.. Produccin y uso de Trichogramma como regulador de plagas. RAAA, Lima, Per, 1994.14.Gagnon, D.. El Machete Verde. SUCO, Managua, Nicaragua, 199515.Garca G., J. E. y J. M. Njera. Simposio Centroamericano sobre Agricultura Orgnica. UNED, San Jos, Costa

    Rica, 1995.16.Gomero O., L. (edt.). Plantas para proteger cultivos. Red de Accin en Alternativas al uso de Agroqumicos,

    Lima, Per, 1994.17.Grosse-Rschkamp, A.. El manejo integrado de plagas. Schriftenreihe GTZ No. 246, Eschborn, Alemania, 1994.18.Guerrero B., J.. Abonos Orgnicos Tecnologa para el manejo ecolgico del suelo. RAAA, Lima/Per, 1993.19.Kral, D. M. (edt.). Organic Farming: Current Technology and its role in a sustainable agriculture. ASA SpecialPublication Number 46 Madison, Wisconsin, USA, 1984.20.Lisansky, S.G.. Green Growers Guide. CPL Scientific Limited. Newbury, Berkshire, UK, 1990.21.Lizarraga Travaglini, A. y J. Iannacone Oliver (edt.) . Manejo de feromonas en el control de plagas agrcolas.

    RAAA, Lima, Per, 1996.22.Mller-Smann, Karl M.. Bodenfruchtbarkeit und standortgerechte Landwirtschaft. Schriftenreihe der GTZ, Nr.

    195, Eschborn, 1986.23.Nivia, E.. Mujeres y plaguicidas Una mirada a la situacin actual, tendencias y riesgos de los plaguicidas.

    PAPALMIRA, Palmira, Colombia, 2000.24.Ocampo, R.A. (edt.). Potencial de Quassia amara como insecticida natural. CATIE, Informe Tcnico No. 267,

    Turrialba, Costa Rica, 1995.25.Prakash, A. and J. Rao. Botanical pesticides in agriculture. CRC Press Inc., Boca Raton, Florida, USA, 1997.26.Restrepo, J.. Abonos orgnicos fermentados. CEDECO/OIT, San Jos, Costa Rica, 1996.27.Sabilln, A. y M. Bustamante. Plantas con propiedades plaguicidas, Parte I. Zamorano, Honduras, 1996.28.Schmutterer H. (edt.). The Neem Tree and other meliaceous plants. VCH Verlagsgesellschaft GmbH, Weinheim,

    Germany 1995.29.Schwab, A.. Pestizideinsatz in Entwicklungslndern. PAN, Weikersheim, Margraf, Germany, 1989.30.Stoll, G.. Natural Crop Protectin. Verlag Josef Margraf, Aichtal, Alemania, 1986.31.Suquilanda, Manuel B.. Agricultura orgnica. Talleres Grficos ABYA-YALA, Quito, 1995.32.Thurston, H.D.; M. Smith; G. Abawi y S. Kearl. Tapado: los sistemas de siembra con cobertura. CIIFAD, Ithaca,

    New York, 1994.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    30/33

    Tabela 1. : Potencial de toxicidade de pesticidas usados freqentemente.Nome Genrico Dose letal

    oral DL 50mg/kg(Rato)

    Tempo deCarncia

    Cancerge-no

    ProvocaMutaes

    ProvocaAlergias

    Txico paraas Abelhas

    Txico paraos peixes

    Txipar

    insetben

    os *Inseticidas, Acaricidas1. Organo CloradosAldrin 38 DD 42 * * * * *Clordano 460 DD * * *DDT 113 DD 42 * *Dieldrin 46 DD 42 * * * * *Endosulfan (Thiodan) 80 60 * 4Heptacloro 100 DD * *Lindano (y-HCH) 88 DD 49 * * * 3-42. Organo FosforadosDemeton-S-Methyl 40 28 * * * 3-4Diazinon (Basudin) 300 60 * * 3-4Dimethoat Perfekthion 150 60 * * 3-4Malathion 2100 21 * *

    Parathion (E 605) 13 DD 56 * * *3.CarbamatosAldicarb (Temik) 0.93 DD * * * 3-4Carbaryl (Sevin) 300 35 * * * * 3-4Carbofuran (Furadan) 8 70 * * *Methomyl (Lanate) 17 14 * * 4Pirimicarb (Pirimor) 147 28 * 3-4Propoxur (Baygon) 95 14 * * * 44. Outros InseticidasDibromochlor-propan(DBCP)

    170 DD * *

    Dicofol(Kelthane) 690 35 * * 3Pentachlorphenol (PCP) 80 DD * *Permethrin (Ambusch) 4000 56 * * * 4

    Deltamethrin (Decis) 2200 56 * * * 4FungicidasBenomyl 10000 56 * * * *Captafol 5000 35 * * * 1Captan 9000 28 * * * * 1Folpet 1000 28 * * * 1Mancozeb (Dithane) 7000 56 *HerbicidasAlachlor (Lasso) 1200 90 * *Atrazin (Gesaprim) 2000 90 * 12. 4-D (U46-D) 375 28 *Dinoseb-Acetat (Aretit) 60 28 * *Deiquat (Renglone) 231 14 * 1-2Glyphosat (Roundup) 4320 42 * * 1-2

    Linuron (Afalon) 4000 *MCPA (Hedonal M) 700 28Paraquat (Gramoxone) 150 14 * *

    Explicaes:

    DD: Produto que pertence a Dzia Suja

    * 1 = no txico, 2 = ligeiramente txico, 3 = medianamente txico, 4 = muito txico para benficos.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    31/33

    31

    Tabela 2: Toxicidade de alguns inseticidas caseiros comuns(Ware 1994; Farm Chemicals Handbook 1996, Weinzierl and Henn. 1994)

    Ingrediente AtivoNome Comercial

    Dermal LD50(mg/kg)

    Dermal dosificac.para matar pes. de150 lbs. (lbs)

    Oral LD50(mg/kg)

    Oral dos. paramatar pes. de150 lbs. (lbs)

    Acephate (Orthene)

    Organofosfato

    2,000 0.300 866 0.130

    Azadirachtina (neem)Botnico

    0.000 0.000 5,000 0.750

    Bacillus ThuringiensisBiolgico

    0.000 0.000 0.000 0.000

    Beauveria BassianaBiolgico

    0.000 0.000 0.000 0.000

    Carbaryl (Sevin)Carbamato

    4,000 0.600 850 0.128

    ChlordanoOrganoclorado

    580 0.087 283 0.042

    Chlorpyrifos/Dursban

    Organofosfato

    2,000 0.300 135 0.020

    CypermethrinPiretroide

    2,000 0.300 247 0.037

    d-LimoneneBotnico

    0.000 0.000 0.000 0.000

    DDT/Organoclorado 1,931 0.290 87 0.013Diazinon/Organofosfato 379 0.037 88 0.010Dicofol (Kelthane)Organoclorado

    4,000 0.600 575 0.086

    Endosulfan (Thiodan)Organoclorado

    74 0.011 18 0.003

    LindanoOrganoclorado

    500 0.075 76 0.011

    MalathionOrganofosfato

    4,100 0.615 1,842 0.276

    Nicotina/Botnico 50 0.008 55 0.008Nosema locustaeBotnico

    0.000 0.000 0.000 0.000

    Permetrina (Ambush)Piretroide

    2,000 0.300 2,200 0.330

    Piperonyl ButoxidSynergist

    7,500 1.125 7,500 1.125

    Propoxur (Baygon)

    Carbamato

    1,000 0.150 95 0.014

    Pyrethrum/Botanical 1,800 0.270 1,350 0.203Rotenona/Botnico 1,000 0.150 60 0.009Sabadilla/Botnico 0.000 0.000 4,000 0.600Sal de mesa 0.000 0.000 3,000 0.450Sabo/inseticida 0.000 0.000 16,500 2.475

    Nota: Alguns produtos tm uma ampla abrangncia do DL50, dependendo da formulao.

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    32/33

    32

    Tabela 5: Resduos de pesticidas em hortalias na Repblica Dominicana

    Cultivo Produto Mdia de resduosem ppm

    Resduostolerveis segundo

    norma dos EE.UU.em ppm

    Tempo deAplicao (dias

    antes da colheita)

    Tomate Lannate(Methomyl)

    109.55 1.0 6-10

    Repolho Lannate 47.47 5.0 26

    Repolho Aldrin (4aplicaciones)

    186.06 0.1 89

    Repolho Dimethoat - 2.0 10-28

    Fonte: Freistadt et. al. (1979)

  • 8/4/2019 O_Manejo_Ecologico_de_Pragas_e_Doencas

    33/33

    Tabela 8: Plantas com Substncias Ativas para o Controle de Pragas e Doenas

    Espcie Nome Comum Localizao Partes txicas Principaiingredientes

    Aesculus californica California buckeye Califrnia Ntar, sementes Coumarins

    Amianthiummuscaetoxicum Crow poison Estados Unidos Bulbo, folha Alcaloides

    Amorpha fruticosa Indigobush Sul dos EstadosUnidos

    Fruta Rotenoides

    Anabasis aphylla Rssia, sia Folha AnabasineAnamirta cocculus Fishberry ndia, E.U.A. Fruta PicrotoxinAzadirachta indicaA. Juss

    Nim, Neem ndia, Birmnia Sementes Triterpenoides

    Canna generalis Canna lily Estados Unidos FolhasCelastrus angulata Bittersweet China Folha, raiz AlcaloideCimifuga foetida Fetid bugbane ndia Raiz AlcaloideCroton tiglium Croton China, ndia Semente Resina de CrotonDelphinium

    consolida

    Field larkspur E.U.A. , Inglaterra Semente Alcaloide

    Delphiniumstaphisagria

    Stavesacre,lousewort

    Europa, E.U.A. Semente Alcaloide

    Dryopteris(Aspidium) filix-mas

    Male fern Estados Unidos Rizoma Filicin

    Duboisia hopwoodii Pituri Austrlia Folha NornicotinaHeliopsis scabra Oxeye Mxico Raiz ScabrinHeliotropiumperuvianum

    Heliotrope Amrica do Sul Heliotropina

    Melanthiumvirginicum

    Bunchflower Leste dos E.U.A. Bulbo, folha

    Melia azaderach Violeta, Chinaberry sia Tropical,Austrlia

    Folha, fruto Alcaloide

    Milletia pachycarpa Fishpoison cliber,

    Hung-yao

    China Raiz Rotenoide

    Mundulea sericea Aligator plant frica, ndia RotenoideNerium oleander Oleander, rose laurel Arglia Folha OleandrinNicandra physalodes Peruvian

    groundcherryndia Folha Nicandrenone

    Phellodendronamurense

    Amur River corktree China, Japo Fruta Aporfina yalcaloidesprotoberberines

    Physalis mollis Smoothgroundcherry

    Estados Unidos Folha Glycosides

    Rhododendronhunnewellianum

    Nao-yang-wha China Flor Andromedatoxin

    Rhododendron molle Sheep-poison,

    yellow azalea

    China Flor Andromedatoxin

    Solanum tuberosum Batata Amrica do Sul Tubrculo Alcaloide (Solanum)Sophora flavescens Sophora China, Japo Raiz Alcaloide

    (Sparteine)Sophora pachycarpa Sophora China, Japo Raiz, Folha Alcaloide

    (Sparteine)Stemona tuberosa Paipu China Raiz Alcaloide