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meu útero chuta o teu. dois mundos que colidem. meu chute engravida o teu. eu quero o aço na curva da letra. depois derretê-la a máximo calor. meu corpo quando deita na distância vira uma cidade pronta só no futuro. eis o futuro: esse lugar onde nossos pés ficam para fora.

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um  músculo involuntário é meu corpo todo, com ele redobro-me e me ajusto em fronhas, malas, bilhetes fé no dinamismo

essas roupas templos entre tigres e eufrates é com ele que me derramo por calendários na parede, papéis, recibos, anotações mancho tudo

é com ele que arrumo este velho hotel à beira da estrada eu camareira de mim mesma à espera da única clientela você

- em todos quartos – você

a inversão dos pólos dos lençóis acredito nas linhas retas se elas forem a maneira mais rápida de chegar nos teus ouvidos acredito nos teus ouvidos porque esta é a forma mais fiel de uma chegada, já que estar com você é chegar sempre, e disso tiro coisas, como por exemplo os dias, as luzes, a respiração voluntária.

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o aluguel da língua

800 anos faz nossa língua só para podermos desperdiçá-la cantando vantagem dos olhos embora a prazo sejam os únicos confiáveis para que possamos jogá-la fora com o jeito que nos falta na beira do rio prado depois buscá-las à força, à nado, molhar os bolsos com este resgate para que possamos estragá-las na fricção com planos, os descartáveis, depois consertá-las, com bolachas de maizena, na caligrafia da surpresa nos rostos essa é a língua que não funciona por isso nos pertence há 800 anos a língua que não opera existe só para podermos estarmos juntos pela mais útil das disfuncionalidades.

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espera dentro das lupas

os olheiros da chegada esperam encontrar intactas a sinalização neo-clássica dos corredores de seu pescoço. que estejam nos lugares os domadores de ciclopes o vocabulário das carícias que terminam as pernas com as mãos. na arquitetura íntima dos boatos dos teus quartos que se mantenham firmes os mesmos desastres, que de medo sobra, e o principal: que de medo divide comigo, as camas, e mais ainda, a mitologia das camas cujos números nos dormem e não o contrário. o contrário é o acidente intacto.

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exploração do excesso

quando livro já escrito> pixá-lo de trás pra frente> rezar> um ninguém percerba> queira desnãoescrever também> se o livro porr impressão> im-pressão é realidade subcutânea> ter usado todas palavras> dizer tudo> vá-lidos destinos> completos dicionários> inventar palavras> parto anormal> e viva  descomunicação abusiva> ouvino no ouvido no> cego retirante> eis o analfabeto sabotagem> invertida ordem das costelas> politicais ais miragens

§ o universo romântico está dentro da> pílula> de dormir> você/nós até podemos> dormir juntos> isso é> corpos e espaço mesmo> mas cada gar-ganta é> pílula uma viu> eu não vi> isso não interessa> tenho as costas quentes>enfim>

§ agora é para valer> nossos ossos coloridos> carne-coral> sustentados  fi-gurinos> perder coragem devagar> construir uma canoa> tudo ao mesmo tempo> aquela montanha na casa ou casa na montanha> tãoreal> o poder de fabricar todos os objetos do mundo> pelo fato> de não querer mais nada> seremos duas colônias> mais vinte futuros nós> luzes olímpicas> § criar vida  vegetal> morador de alguém> classificados em são paulo> isto é resistência> meu amor> escute> nossa própria guerra é uma conquista> a mesma máquina de lavar> giratória> que nos salva as órbitas> resistá>

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escavação climática

bebo uma cervejae vejo  a  cor do anzoldescendo os seios indo, agora sim, o fio da cor lá pra baixojá bastaé tão gostosolá em baixobem diferente do que dizem que devia seresse tempotempo fodido digonós na rua e o que? as pessoas acusando a mudança de ser fera mortíferaas armas em nossos pesadelospesadelos nossas cabeçasesse tempo fodidoonde as pessoas não entendem as ruasno entanto, a cor do anzola não cor – mais presente cor – o fiome excitalá em baixoé tão gostosoé assim que a gente começa

e vocês perdem.

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a cidade contra Val Smith

o que teria a dizer a cidade natal de Val Smith sobre sua adolescência tardia as fitas k7s com respostas prontas às camisas polos o vício de ir contra os nocauteadores? são as pessoas que sabem das cidades não as cidades das pessoas certamente nunca disse Val “M.” Smith portanto perguntamos o que vocês acham desta mulher que dentre todos os lugares do mundo escolheu esse lugar para ter de onde fugir só para colocar o nome no lado dos destinatários nos envelopes brancos se livrar da horrorosa pilhas de envelopes brancos cuja cota cada um recebe de nascença?

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por que a palavra colarinho ainda tem que existir

essa chuva que não caiu hoje me lembra no futuro terei 28 oito anos provavelmente já terei tido ou usado tantos diferentes tipos de casacos que desabotoar não será mais parte da aventura mas sim o que virá depois talvez as coisas que vierem após dependam mais ou menos de mim ou essa é uma idade onde elas fantasiam-se solitárias nós na plateia no aguardar das encomendas quem serão os anos responsáveis pelo bem estar dos joelhos dobrados e quantos são os números que nos enganam há um a mais em nós comendo pipoca pedindo que desliguem suas televisões o que nos promete o errar nas contagens dos assentos e sendo assim nos promete nada.

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desprédios e primeiros corredores

você levava os relógios nos ouvidos meu silêncio por perto éramos uma rua só onde continha o aeroporto, a marcenaria portuguesa, uma lavanderia e uma casa de jogos porque essa era a piadas que mais nos sobrava naquele tempo a pálpebra direita já me estava bem encaminhada enquanto que a esquerda fraquejava não abria por completa tente ver menos novelas ou passar óleo de gengibre você me receitava agora sei que era inútil o segundo era apenas para me ver vermelha foi belo o lugar daqueles anos antes nunca tinha visto, nem achava provável, uma rua desaparecer. tudo que não falamos nos representa.

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casca de âncora

se dependesse das fitinhas do bomfim teríamos amarrados nos pulsos aquele retrato do moinho de suez presos pela nó da iminente vontade de um dia viajarmos até o canal de suez onde nos empinaríamos na horizontal é verdade porque o contrário de um só é igual ao crescimento dos lados todos nossos lados em progressão dentro do que descobriríamos mais tarde era a parte de dentro de um círculo de vento acontece que junto ao bomfim o grosso sal daqueles dias foram desperdiçados em magias brancas cujas ironias não identificamos mas muito se assemelham as atmosferas dos balões meteorológicos que parecem inverter todas leis previsíveis todas as leis você está ouvindo as fitinhas coloridas, as fitinhas rosas e laranja poderiam ter nos levados pela mão lembrado a terrível história de seu cabelo promovido a casulo quando o calor falha as fitinhas verdes, as fitinhas roxas e brancas foram a mais bem sucedida tentativa de congelamento solar que até hoje eu conheci mais ambiciosa transfusão de montanhas que deus sabe, pude enquanto geografia testemunhar pena que levaste muito pouco as mãos a cabeça

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pena que levaste muito pouco os pulsos no enquadramento próximo às luzes acesas até as fitinhas se vão não é mesmo isso parece algo que eu poderia ter dito como um argumento para não tentarmos a pesca naquele lado da baía onde a água é transparente os pulsos continuarão não é verdade você talvez me disse em resposta a essa patética frase que agora pouco reconheço assim patética não ouvi é claro tenho os ouvidos surdos em frente a tanta transparência é fato além disso qual é ponto se não essa liberdade de poder colocar palavras na sua boca sabe-se lá onde a original se engole com primazia?

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godzilla cartomante

em outra vida seríamos nômades mas não podemos porque nessa vida já somos nômades ou não não sei pelo menos para você ou não não sei talvez apenas para mim fica complicado às vezes saber que vida é essa que seremos se vezes é a outra seríamos se vezes a seríamos é essa mesmo a outra vida roubando nossas gorjetas o sonho da mobilidade diária carnavalesca um afresco nos inacabando. em outra vida seríamos espertos.

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corredor sonâmbulo

sonhei que iam vender a casaa casa dos meus pais, mas tudo estavamuito fácil porque o comprador adorou o lugarque tinha mais de seis banheiros sem porquêentão veio um vilão, aquela coisa toda dejornada do herói, ele matou os compradores,ele matou o agente imobiliário, eu disse, mas nossa,eu nem te conheço, porque quer tanto essa casa?«essa é a nossa família» respondeu o homem, penseié não, você é apenas uma personagem embutida pelosistema Joseph Campbell de mitos e pela mtv, fui emborapensando: esse cara morando ai com a gente e ninguém viu?pior de tudo é que nem o ofendi. aquele assassino.

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as indústrias

toda vez que sinto vontade de gritar chamando alguém mas não tenho seu nome ainda a indústria de guloseimas é aquela que ganha antes era a do tabaco mas aconteceu com nós, rompemos (precisa-se do corpo afinal é início de século há pouco) era um daqueles dias onde mastigava chicletes e balas no ônibus apenas metade da barriga funcionando a outra, suspeitava-se nadas contudo havia o silencio é claro enquanto o que era boca mexia-se em vão. foi um bom plano aquele até que a outra parte da barriga explodiu. e fez um puta barulho

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quebra-cabeça do susto

entrar no carro de alguém sabendo que você devia ir para o outro lado sentir a linha do devia esticar olhar para trás para vê-la balançando na estrada senti-la envolvendo os dois pulmões a pressão de sua volta a cada virada na quilometragem olhar para este alguém sem conseguir segurar alguma palavra a durar mas que seu som seu som errado seu som de fuligem som de partitura som passado não corrigindo o futuro errando apenas esperar aquele momento quando será que a c corda irá romper o quando chegará que horas antecipar o acidente nos olhos do motorista.

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charly garcia nos lê nas mãos inclusive rodapés

para paola

essas somos nós agora rimos e fingimos gostar de macadâmia palavra com muita arquitetura para servir apenas para comer choramos com a boca rimos com os olhos dissemos 2014 será diferente você na argentina eu longe da argentina confundimos os amigos com as ruas mentimos nos tranquilizando as ruas também mudam de endereço foram precisos 20 anos para botarmos fogo na casa para que no futuro um exame de raio-x ateste uma porção de fumaça preta da queima de nossa primeira porta essas somos nós agora com os pulmões mais pesados fumando sem parar entre as coxas de piva que nos pertencem por impossibilidade somos jovens por isso nossos sapatos nos traem a janta se come no almoço às vezes penso em teu cabelo

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em como é a memória do cabelo no sul o que ele não consegue esconder em cada fuso horário às vezes quando sento em uma arquibancada ou no teatro na plateia penso que estou te vendo está vestida de velocidade, bicicletas e a rua são os olhos fechados.

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como renovar o guarda-roupa em passos

esqueci aquele dia quando olhava a própria mão tentando ver o que todos veem ou seja apenas uma mão fizemos as pazes eu e ela quando a noite nasce nos cinemas já posso a cumprimentar esqueci aquele dia quando os olhos da paisagem me roubou os binóculos forçando a chegar mais perto tentei esticar o close até as vozes por trás dos morros não funcionou como esperava esqueci aquele dia vendo uma videocassete onde nossos mortos dançavam e bebiam muito logo ninguém usará mais vhs imagino onde será que eles irão se divertir esqueci aquele dia enquanto envelhecia meu rosto escondia o vento para o tédio dos dias nos ombros

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esqueci aquele dia jogando dama com minha avó materna e seu alzheimer ela que já esquecera tanta coisa ria eu que já perdera tanta coisa não achava a própria boca esqueci aquele dia o visitando só as vezes porque é longe aquele dia  os sapatos nunca tão bons depois de visitar aquele dia tiro a camisa e jogo fora eu uso o esquecimento daquele dia para comprar roupas em geral dou preferências as regatas.

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hoje em 1990

saíste falando em todas as fotografiasporque essa é sua vingança pessoal contra as fotografiasdenunciar a voz roubando-lhe as palavrasquando te vingas fica bonitanão és mulher de ninguémnão és mulhernão és nem tuamas sim a raiva do mundo à galope e sem esquinas

como podemos ver nessa fotografia

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os fuzis

- quando te vejo de longe perco o casaco.- quando te vejo de perto sou um casaco.- por já saber morrer acho que poderíamos ter um kit-net e criar três filhos.- se existe um momento certo para nos cabermos acho que seria este.- este momento: eu que não o posso sair.- lembra quando havia você, havia a dor: de repente, uma porta?

- preciso te contar uma coisa: tranquei todas as portas.

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por que não posso barbear o rosto possuo o rosto todo machucadopela lâmina de barbear que não possopelo hábito de manhã cedo que não tenhopelos pêlos que não possocontudo posso sim ter um rosto todo machucadoa parte mais fiel de um machucado é ter uma justificativa que não funcio-nase eu fosse homem não teria barba

já que sou mulher a tenho por contrário.

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dar nomes as rochas

o que fazer quando se está em um hospitalninguém nos atende pensei que estar em um hospital já era pretextopara ser atendidoo que acontecem quando você procura um enfermeiroo mais bonito de todos, aquele com um broche em cada olho,e abre seu medo como um animal de alfaiataria, lhe cortando e costurando ao mesmo tempo,“não estás a ver que estou adoentado?”seu corpo como uma duna que concreta cada mini rochedoporque estás casando de perder-te os pedaços reclamaentão o médico, o mais bonito de todos, aquele com amarilhos em cada olho,fica a assistir a grande corrida de autorama nos bastidores das veiasvocê a relatar os sintomas: “quando acordo sempre tenho de juntaro braço direito do chão”o que fazer quando o segurança o mais real de todosaquele com um olho a mais em cada olhote coloca para fora do hospital com pregos nos pontapéspregos que pela intimidade imposta e acabam depois da pelevocê senta no meio-fio com o rosto aberto a tintilar o próprio sangue com a línguatal como o pincel de um pintor indeciso?

a) você volta para o hospital? b) você sorri?

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inquérito

a reportagem que acusa manequins de se deixarem ser roubados está aqui hoje prestando depoimento atrás daquele vidro, como podem ver ninguém nunca perguntou a um manequim se ele gostaria de ser roubado talvez achem que os objetos ainda mais os de figura humana não podem ter uma escolha mas a tal reportagem defende só se pode reconhecer um manequim ele estando em uma loja ao que tudo indica essa é a prova que a vida dos roubos é mais importante que a vida das lojas.

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é em litros o peso

contam que a primeira palavra quando surgiu era para ser um cuspe não uma palavra mas o outro, o ouvinte, a juntou do chão a guardou no bolso (os bolsos vieram antes das palavras)

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você riria mas no meu país é ilegal as pessoas comerem o jantar antes da sobremesa mas não ficaria sério se dissesse isso acontece porque à noite não se come de verdade você não saberia que rosto me devolver contudo estou certa que defenderia as sobremesas “às vezes é bom mas nem sempre” deixar a fome viver nos alimenta você falou mas não para mim já que só enxergava os limites onde sua roupa terminava e as mãos apareciam enfim

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2 de maio

queria falar aos fumantes continuem vocês estão errados um grande alô aos relojeiros sempre tão precisos mesmo sem precisar no ouvido do vendedor ambulante dizer eu não sei onde você estava ontem agradecer com desculpas a vocês os vigilantes das ruas de trás, dos lados mas não da frente vender todo ouro na 2 de maio comprar todo o cabelo na 2 de maio pensar baixinho no futuro as cabeças serão mais importantes do que tudo infelizmente a 2 de maio é só uma data e não uma avenida como eu inventei para saber onde estamos pisando só que não cabe todo mundo não é mesmo

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você perdendo tudo na tv

antes era os Bálcãs mas agora a guerra comprou o cenário por uma pechincha mentira antes era a casa da sua família mas a minha como tem casa mesmo da dor só sabe importar mentira diriam os velhos as escavadeiras também servem para destruir mas a polícia nunca mentira fui o lado direito que mais durou o esquerdo mas o braço não dava em lugar algum então leveza hemorrágica o desperdício que vazou fez manchar as conversas e tapetes na sala não peço desculpa

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foi o morador que não salvou o dia nem de hoje ou dois hojes antes quem disse o cansaço está cansado de segurar a risada senhor senhora velha namorada a gente nesse bairro acorda às sete já foi antigo antiga tudo de alguém sempre desde agora a coluna se desdobra e a vida não aparece como se vê: comprem um casaco, ele diria um casaco de madeira esses são os que duram.

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existe um bolso especial para treinar o dedo antes de apontá-los aos olhos de alguém o dedo fica lá por semanas até estar preparado deveras tem dias é preciso não esperar nada que se apresente pelo nome nesse dia um bolso promete desaparecer e se as mãos estiverem lá vão junto

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explicação a jorge ou a fresta

se eu te disser essa fresta nos viu crescer há seguidos anos mils ela recolhe a informação dos cílios das datas das datas que não couberam nos dias ela resguarda como pedra sem levitar nada e vários foram os homens que sentaram em sua visão pediram coisas que hoje equivaleria a construir um transatlântico com o que não foi encontrado na sibéria uma ponte entre dois fonemas separados pelo idiomático milênio um como supomos que antes dos homens vieram outras coisas várias foram as outras coisas que depositaram nela todo seu sumiço bagagem total de seus vazios uma fresta se eu te disser que é ali que deixo os ombros guardo algumas partes do braço quando não sei para que eles nasceram você entenderia por fim como é difícil de sermos inteiros já que uma fresta nos guarda os pedaços desde a história sem início ela nos guarda e olhá-la seria impossível sem a queda para ajustar o foco

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você entenderia por exemplo que tudo bem nos perder aos poucos os cabelos quem sabe o porquê do meu não medo de ficar careca você olharia a mim ou o quase mim tirando o medo antes?

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planta da casa

ENTRADA entramos por aqui de mentira. de verdade: já estávamos lá dentro. faziam tempos. BIBLIOTECA nosso maior silêncio. 40 min. depois derrubei café. foi de propósito. BANHEIRO não estrava grávida. QUARTO descobertas interessantes: na chuva o ouvido era uma gaiola da letra ‘x’. pescoço: cheiro de névoa ímã. sexo: voo no escuro. aqui nossos futuros filhos levantaram tarde. COZINHA 2 de junho: disse que gostava de polvo. 2 de junho durou: 1 garrafa de vinho. gostar de polvo não é deixar de comer polvo. SACADA foi aqui que ameaçamos sair todas as vezes que não conseguimos voltar para casa.

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ESPAÇO DE ENQUANTO ISSO lugar de esperar serem felizes. (onde sem saber supostamente em realidade foram felizes). lugar de sem saber.

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vikram em busca

sorri  porque pensei era o que você  gostaria de fazer mas como minha coragem blefa melhor fiz primeiro depois de ser você fui eu de novo e parti com seu sorriso no rosto antes que pudesse perceber um pedaço seu estava prestes a desaparecer para sempre o que no futuro em muito afetaria seu equilíbrio entre o espelho e a pia do banheiro provavelmente mesmo sem os dias cheios

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alertas 2.0

seu amigo anda lendo saussure regras da linguagem regras da poética receito óleo de mamona ninguém gosta de ferrugem § há uma diferença entre abaixar as mãos deixar cair as mãos cuidado em desembrulhar no tirar dos braços da cabeça § as costelas não tem obrigação moral de linearidade § um estudo mostra que apresentar Artuad para os filhos aos dois anos de idade aumenta a chance que prisão de ventre não venha a sofrer futuro liberte seus filhos intestino uma dica

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quando você morre aos 31

a banheira está cheia mesmo assim a água escancara pelos anos da cara pelos canos desbrava a torneira contínua sua incapacidade de sujar-se é apenas sua objetos são os últimos a perceberem sua não volta sua não rua § uma hora as moscas param de girar em torno da mesa despencam na mesa as paradas das moscas sem olhadas foscas a acompanhar sem giradas postas a vigília a toalha de mesa ainda é mesa mesmo sendo não necessário alimento um convite sim o contrário o contrário que insiste §

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o túnel da conceição ainda escurece de dia os carros que ainda são carros porque não chegam a ser partida o que seria um fiasco a luz do sol o farol automóveis o farol dos automóveis aqui é permitido pelo vidro ser irreconhecido se é função de um carro ser movimento da estática despedida um carro não é um carro imagine uma vida § as lanternas até elas não irão para o lixo ainda talvez não houvesse quem pudesse mas agora bem-vinda basta acrescentar pilhas que vivem as lanternas soltas em ex-seus sótãos gavetas pias §

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os humanos, existem eles que ainda vivem por isso escolhem suas roupas as roupas que se esconderão quando por último te virem as roupas das quais guardarão o dia que você não viveu nos armários vão estar por anos porque na pele só cabem os minutos depois quando enfim te recordarem longe delas não haverá a lembrança desse dia onde o quando de alguém se vai nosso armário é o contrário do que se esvazia

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durantes anos discutiram como fazer uma paisagem as supostas margens do Reno como enozar as torneiras fazer um mesmo rio um rio é sempre artificial alguém disse porque antes de ser rio é uma palavra

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a luz esconde os peixes

na hora eu não ri porque é falta de respeito acreditar tão fácil na loucura que não é nossa alguém escondeu a luz então pude ver nadavam tão depressa revelando poços e fossas na hora eu ri porque é tão gostoso não deixar alguém sozinho louco que dá até tesão fabricação manual de rojão.

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você já ouviu falar em nebulosas

isto é o som de algo passandofffffffffffffffffffffffffffffffffffffffcomeça com f e termina com f(e intui-se que no meio há um número incontáveis de fs)você já ouviu falar em nebulosas? este é o som exato de uma nebulosa buscando contato contato contato agora vamos a metáfora do telefone usar os olhos pra cima é como esquecer de tirar algo do gancho esquecer é o som de algo não passando(_____) ou (__________________________________________________________________________________________________________________) tanto faz porque a repetição de algo que fica é apenas outra forma de mudez o que será que acontece se a gente guarda uma mudez em cima de uma mudez uma mudez primeiro para-se de usar fff depois todo o resto a velhice é o tempo que se tem para desaprender desaprender exigeexperiência

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máquina dos enfeites quebrados

apagar os fósforos e jogá-los dentro dos cabelos como se ninguém soubesse desconfios dos fios tivesse apagar os fósforos para começar os incêndios pós-olhos pós-sombras pós-barbas pós-cios depois de correr parar o risco como quem descobre um horizonte novo na frase esfaqueada depois acender os fósforos e jogá-los dentro dos cabelos como se ninguém soubesse horas de fincar que o prego

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esquece mas eu estava no seu cabelo durante eu vi como começou.

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mulher apontando o dedo parece que fazem de propósito abandonar a gente assim recolher os bancos da rua como quem proíbe o direito ao sono ao sonho depois chama de preguiça quem tem quilômetros de pernas abaixo dos pés agora que o ano enfim começou essa placa de vende-se talhada na nossa cara a gente já foi abandono já abotoou a camisa com pedra na falta da cadeia de carbono domesticada polietileno polímeros e cambada a gente sabe que um pedido de esqueça isso nunca é gentil porque não é um pedido porque se fosse assim o nome desse país seria por favor mas na verdade é um garrancho garranchos são feios embora as assinaturas sejam garranchos pois isso eu coloco os olhos para a viagem e só vou embora de onde não fico mesmo em movimento eu já voltei eu vou ficar nessa esquina não é porque tem dois lados não é porque tem uma placa de vende-se em cima de mim plantada nesse prédio e consequentemente talhada na minha cara é porque se esse prédio cair eu quero tá embaixo daí eu coloco meus olhos de novo e vejo quem se atreve a comprar os pedaços.

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muito tempo depois de você sumir haverá às vezes que você sumirá cada vez mais como uma linha solta que adentra uma montanha e sai na forma maçaneta de alguns olhos você correrá dentro das coisas nas malas de viagens se vestirá uma das coisas boas em desaparecer é que a claustrofobia torna-se impossível.

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a quem eu gostaria de culpar por não atingir o nirvana

o meu gato preguiçoso,minha barriga volátil,a casa dos cabelos cortados,a falta de delicadeza com cavernas,o velho estofamento da sala,o não lavar de alfaces corretamente,a minha sombra deixada na festa,a tua sombra que levei por engano após a festa,aos inquilinos de minhas orelhas,ao fôlego que esqueci na herança,a cara de pau do meu reflexoque calculava os anos nos dedos dos outro

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não fora mais encontrada a irmã de charlotte

embora a manchete do the timesalegue desaparecimentoaparentemente entre as  2pm e 3pma irmã de charlotte teria se perdidoem seu próprio apartamento um tipo londrino van der roheembora a insistência da mãede que ela esteja lá em algum lugargostava tanto de tirar uma sonecano armário de talheres para mariscosàs vezes dormia com os tapetesquando se despistava dos olhossem falar sua paixão máximapelas expedições nas luminárias herdadas da família(num tempo em que a índia era mais interessante)o que dizem mesmo por aíé que a irmã de charlotteencontra-se morta mesmo não se sabendo exatamente ondeonde ficam os mortosonde ficam os mortosa irmã de charlotte sabemas tirando a grã bretanhano resto do mundo a pontualidade é uma questãode coreografia

grafado em uma parede de tijolos à vista, embaixo do rio Hughes, há uma frase que explicaquando se desaparece quem some primeiro são os ouvidos

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passar bem, acidentes

houve uma vez o presidente desse país mandou queimar todo o café pois isso nos faria um tanto menos pobres o café que não bebemos em tese sempre nos foi tão importante as promessas que bebemos sempre nos foram tão importantes eis aqui um país: brasil, lugar onde os acidentes aéreos foram inventados antes dos aviões.

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