Optare Acao 190 - anabb.org.br · Valmir – A Previ vive uma situação muito boa, muito...

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Ação mar-abr/20072

Cartas

ANABB - SCRS 507, bl. A, lj. 15 CEP: 70351-510 Brasília/DF

Atendimento ao associado: (61) 3442.9696 Geral: (61) 3442.9600

Site: www.anabb.org.br E-mail: [email protected]

Redação: Ana Cristina Padilha, Marianna Jungmann e Priscila

Mendes Arte anúncio: Alisson Sakamoto

E-mail: [email protected]

Edição e Editoração: Optare Comunicação Editor e jornalista resp.: Pierre

Triboli Revisão: Júlia Luz Perio dicidade: mensal Tiragem:102 mil Capa:

Ablestock Impressão: Gráfica Positiva Fotolito: Colorpress

DIRETORIA-EXECUTIVAVALMIR CAMILOPresidente

WILLIAM JOSÉ ALVES BENTODiretor Administrativo e Financeiro

DENISE LOPES VIANNADiretora de Comunicação e Desenvolvimento

GRAÇA MACHADODiretora de Relações Funcionais, Aposentadoriae Previdência

EMÍLIO S. RIBAS RODRIGUESDiretor de Relações Externas e Parlamentares

CONSELHO DELIBERATIVOANTONIO GONÇALVES (Presidente)Ana Lúcia LandinAntilhon Saraiva dos SantosAugusto Silveira de CarvalhoCecília Mendes Garcez SiqueiraCláudio José ZuccoDouglas José ScortegagnaÉlcio da Motta Silveira BuenoGenildo Ferreira ReisInácio da Silva MafraIsa Musa de NoronhaJosé Antônio Diniz de OliveiraJosé Bernardo de Medeiros NetoJosé BranissoJosé Sampaio de Lacerda JúniorLuiz Antonio CareliMércia Maria Nascimento PimentelNilton Brunelli de AzevedoRomildo Gouveia PintoTereza Cristina Godoy Moreira SantosVitor Paulo Camargo Gonçalves

CONSELHO FISCALHumberto Eudes Vieira Diniz (Presidente)Armando César Ferreira dos SantosSaul Mário MatteiAntônia Lopes dos SantosDorilene Moreira da CostaElaine Michel

DIRETORES ESTADUAISPaulo Crivano de Moraes (AC)Ivan Pita de Araújo (AL)Marlene Carvalho (AM)Franz Milhomem de Siqueira (AP)Olivan de Souza Faustino (BA)Francisco Henrique Ellery (CE)Elias Kury (DF)Pedro Vilaça Neto(ES)Saulo Sartre Ubaldino (GO)Joel Duarte de Oliveira (MA)Francisco Alves e Silva - Xixico (MG)Edson Trombine Leite (MS)José Humberto Paes Carvalho (MT)José Marcos de Lima Araújo (PA)Maria Aurinete Alves de Oliveira (PB)Carolina Maria de Godoy Matos (PE)Benedito Dias Simeão da Silva (PI)Moacir Finardi (PR)Antonio Paulo Ruzzi Pedroso (RJ)Heriberto Gadê de Vasconcelos (RN)Valdenice de Souza Nunes Fernandes (RO)Robert Dagon da Silva (RR)Edmundo Velho Brandão (RS)Carlos Francisco Pamplona (SC)Emanuel Messias B. Moura Júnior (SE)Walcinyr Bragatto (SP)Saulo Antônio de Matos (TO)

Este espaço destina-se à opinião dos leitores. Por questão de espaço e estilo, as cartas podem ser resumidas e editadas. Serão publicadas apenas correspondências assinadas e que sejam selecionadas pelo Conselho Edito-rial da ANABB. As cartas que se referem a outras entidades, como Cassi e Previ, serão a elas encaminhadas.

2007 SEM DÍVIDASGostaria de comentar a matéria “Equilíbrio Financeiro”, do Jornal Ação 188, em que a autora foi feliz em abordar a ne cessidade de um bom planejamento familiar na equa-lização do orçamento doméstico. Porém, o texto contém a frase: “Suas dívidas são engordadas com os cerca de R$ 2.500 referentes às parcelas de financiamento do carro e de empréstimos da Previ, do CDC e da Cooperforte”. Da forma como foi co-locado, a Previ e a Cooperforte aparecem como eterna fon te de endividamento dos funcionários, o que não é verdade. A Previ, todos já conhecem. Mas poucos sabem que a Cooperforte é uma das maiores e mais bem-sucedidas cooperativas de crédito do mundo e que tem boas opor-tunidades em aplicações financeiras para seus cooperados. Na minha opinião, o jornal deve à Cooperforte um “direito de resposta” para que sua imagem não fique estigmatizada como uma instituição que “empresta dinheiro” ou contribui para o endividamento dos funcionários.Magno Soares dos Santos

Belo Horizonte – MG

NR: Quando foi abordado na matéria que os empréstimos da Previ e da Cooperforte contribuíram para aumentar a dívida do entrevistado, a ANABB não teve, em nenhum momento, intenção de denegrir a imagem das duas instituições. O que deve ficar claro, no entanto, é que qual-quer empréstimo, sendo pago por meio

de prestações, contribui para as despesas mensais de quem o utilizou.

VITÓRIA NA JUSTIÇACom muita satisfação, acuso o recebimento de carta da ANABB de 15/01/07. Vinha acompanhando com alguma preocupação o desenrolar da ação rescisória pretendida pela CEF, já que vemos acontecer neste país coisas inacreditáveis, sobretudo no que se refere à Justiça. Estou imensamente agradecido a essa Associação pela defesa dos interesses de seus associados, até mesmo nos casos mais intrincados. É uma dedicação rara no Brasil e que merece a nossa gratidão e respeito. Parabéns!João Baptista de Araújo

Rio de Janeiro – RJ

Registro meus sinceros agradecimentos pelo desfecho, a mim favorável, da ação FGTS/Planos Econômicos conduzida por essa Associação. Parabenizo os dirigentes, advogado e funcionários da ANABB pela dedicação e competência. Nelson Nunes de Souza

Jequié - BA

ENCONTRO DE MULHERESA minha opinião sobre o ótimo evento do Dia Internacional da Mulher é que basta um “pocket show”, pois o melhor da noite é o reencontro mágico que só a ANABB sabe proporcionar.Ruth Kauffmann

Rio de Janeiro - RJ

O tema da redução da maioridade

penal para 16 anos não está sendo

discutido só no Congresso. O as-

sunto também foi tema de enquete

publicada no site da ANABB entre

21/02 e 15/03. A pesquisa foi res-

pondida por 1.450 internautas.

MAIORIDADE PENAL

* O sistema da enquete não registra porcentagem decimal. Por isso, o total resulta em 101%.

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nesta edição, os projetos de ressocialização da Colônia Penal Feminina de Recife, onde 410 presas trabalham e estudam. Lá, a ANABB, por meio do Comitê de Cidadania dos Funcionários do BB em Pernambuco, já ajudou a montar uma cozinha-escola e um salão de beleza.

E, para as mulheres, tudo sobre o V Encontro Regional de Mulheres do BB. Veja as fotos dos eventos em cada cidade, os depoimentos de quem foi e a presença das mulheres que ven-ceram e chegaram aos cargos mais altos nas entidades ligadas ao BB. Um brinde a elas!

Editorial

Diretoria-Executiva

Mais de R$ 20 bilhões na reserva especial da Previ e uma discussão que persiste todos os anos: qual o melhor destino para esse dinheiro? É sobre isso que o presidente da ANABB e con-selheiro deliberativo da Caixa de Previdência, Valmir Camilo, fala em entrevista para o Ação.A necessidade de corrigir in-justiças criadas desde 1997, a aposentadoria antecipada aos 45 anos para mulheres e benefí-cios maiores para quem trabalha mais tempo estão entre as suges-tões apoiadas por Camilo.

O excesso de dinheiro da Previ contrasta com o esforço dos dirigentes da Cassi para salvar a Caixa de Assistência. Enquanto o funcionalismo do BB tem aposentadoria garan-tida, a saúde corre sério risco caso as alterações no estatuto, necessárias para implementação do acordo fechado com o BB, não sejam aprovadas. A pri-meira consulta ao Corpo Social acontece entre 18 e 30 de abril e precisa da aprovação de dois terços dos associados. Se não conseguir o quórum e aprova-ção mínima, a Cassi terá que esperar até maio para a segunda votação, quando precisará de 50% mais um para aprovar o novo texto do estatuto. Sem a manifestação favorável de seus associados, a Caixa não poderá

receber o aporte imediato de R$ 150 milhões prometido pelo Banco do Brasil. Todos os deta-lhes e a opinião dos dirigentes da Cassi e de outras entidades você lê na matéria “A Cassi em suas mãos”, na página 12.

Seguindo a tendência de explorar os assuntos de interesse dos funcionários do BB, o Ação procurou Banco do Brasil, sindi-catos, Contec e TST para saber como funcionam as Comissões de Conciliação Prévia (CCP). Saiba que direitos podem ser negociados com o Banco para evitar uma briga na Justiça e os prós e contras desse tipo de acordo.

E como a saúde também é importante, a alimentação saudável foi tema de reporta-gem na página 18. Veja como evi tar o efei to obesidade + hiperten-são provocado pelo ex-cesso de sal, de gordura e de alimentos pobres na dieta do brasileiro; o desastre que as re-feições fora de casa e o sedentarismo têm provocado na vida de crianças, adolescentes e adultos; e os benefícios dos alimentos orgânicos e integrais.

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O presidente da ANABB, Valmir Camilo, avalia as possibilidades de utilização da reserva especial da Previ, que atingiu R$ 20,5 bilhões no fim de 2006.

A reserva especial da Previ acumula recursos de forma crescente, razão pela qual a ANABB tem buscado ampliar o debate sobre o seu uso. Em entrevista ao Jornal Ação, no dia 26/03, o presidente da Associação e conselheiro deliberativo da Previ, Valmir Camilo, afirmou que o atual nível da reserva permite que as contribuições dos associados e do Banco do Brasil sejam extintas, sem que o fundo de Previdência corra riscos. Ele ressaltou, no entanto, que a prioridade atual da Previ deve ser a correção de injustiças com alguns segmentos de associados. O saldo da reserva especial é o resultado da diferença entre o superávit da Previ e a reserva de contingência (que assegura o benefício dos associados em situações imprevistas, como crises econômicas).

Ação – Qual é a origem da reserva especial da Previ?Valmir – A Previ vive uma situação muito boa, muito particular. Ela é a maior investidora privada no Brasil, num momento em que a economia apresenta índices excelentes de desempenho. A Previ, que tem participa-ção em empresas, se vê em cenário no qual a bolsa de valores apresenta bons resultados. Outra parte dos investimentos é a renda fixa, que foi beneficiada nos últimos anos com altas taxas de juros.

Ação – Pode-se dizer que os investimentos em empresas são fundamentais para a Previ?Valmir – Sim. A Previ tem participação nas maiores empresas do setor privado, o que acaba refletindo

É preciso corrigiras injustiças

por Ana Cristina PadilhaFotos: Saulo Cruz

Capa

É preciso corrigiras injustiças

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na própria Previ. Melhor desempenho das empresas, maior distribuição de lucro e maior participação da Previ nos dividendos.

Ação – O que mais contribui para o superávit?Valmir – A alteração no Plano de Benefícios 1 realizada em 1997, que impôs uma regra muito dura para quem se aposentou a partir daquele ano. Existiam muitas dúvidas sobre a possibilidade de a Previ continuar honrando seus compromissos. Essa expectativa não se confirmou. No entanto, os benefícios desse grupamento foram reduzidos e as contribuições continuaram no mesmo patamar. Isso acabou sobrando no caixa da Previ.

Ação – É por isso que o senhor costuma falar que existem injustiças que devem ser sanadas?Valmir – Exatamente. A ANABB não consegue pen-sar diferente. Se nós, em algum momento no passa-do, colocamos para um segmento do funcionalismo uma alteração no plano, que significou prejuízo para ele, em nome da estabilidade e segurança da Previ, hoje a gente tem um cenário diferente apontando para uma outra situação. É justo corrigir isso.

Ação – Parar de contribuir pode ser um risco?Valmir – Existe no funcionalismo uma tendência em acreditar que parar de contribuir é um risco. Em algum momento, seria. Atualmente, se isso for feito de forma segura, não é. É um absurdo, em um fundo com mais de R$ 30 bilhões de recursos, que não estão comprome-tidos, os trabalhadores colocarem mais R$ 300 milhões por ano e o Banco, outros R$ 300 milhões por ano. Realmente, é uma insensatez. Estamos tirando daquelas pessoas uma oportunidade de viver melhor hoje. Acho que o funcionário do Banco do Brasil, aquele que tem dúvidas sobre isso, poderia pegar esses recursos e fazer uma aplicação financeira.

Ação – O BB pode parar de contribuir para este plano? Valmir – O Banco do Brasil ajudou a construir esse fundo. Eu tenho orgulho de trabalhar nessa empresa, o Banco é meu parceiro. Se o fundo não precisar mais que o Banco ponha dinheiro nele, por que exigir que

o Banco continue contribuindo? Vamos discutir com o Banco outros tipos de participação na vida do funcio-nário, para que o BB coloque mais dinheiro na Cassi, por exemplo. É necessário ter uma boa aposentadoria, mas também é preciso ter acesso a uma saúde com mais tranqüilidade e isso está faltando.

Ação – A extinção da contribuição não poderia gerar problemas futuros?Valmir – Não, porque podemos monitorar esse plano todos os anos. O que a gente propõe é formar um fundo com parte do superávit para cobrir as contribui-ções futuras do Banco e do funcionalismo. Se aquele fundo for acabando, a gente sabe que vai ter de repor. Agora, para que tenhamos a consciência tranqüila ao fazer essas mudanças, antes é preciso corrigir as injustiças do plano.

“Se quem se aposentava antes de

1997 podia receber mais de 100%

do salário da ativa, por que as

pessoas hoje têm que se aposentar

com apenas 75%? Não seria justo

voltar a aposentar essas pessoas

com valor integral de salário?”

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Ação – O que é preciso recuperar?Valmir – Se quem se aposen-tava antes de 1997 recebia até mais de 100% do salário da ativa, por que as pessoas hoje têm que se aposentar com apenas 75%? Não seria justo voltar a aposentar essas pessoas com valor integral de salário? Isso significa garantir a esses aposentados um salá-rio bem próximo ou igual ao que ele ganhava. Ninguém está querendo distribuir mais do que a pessoa ganha. O que existe hoje é que as pessoas têm dificuldade em se apo-sentar porque perdem muito na aposentadoria.

Ação – E quanto àqueles que trabalham mais tem-po que o necessário?Valmir – Esse é outro ponto importante. Principalmente porque a nova legislação impõe a aposentadoria com 35 anos de serviço. Por que a pessoa vai trabalhar mais cinco anos, contribuindo para a Previ sem nenhum benefício adicional? Se ela contribuir 31, 32 anos, tem que receber de volta a contribui-ção que está fazendo. Isso não pode simplesmente virar superávit, porque esse é um direito individual, é uma contribuição que ela fez a mais sobre o tempo de trabalho. Não é justo que você coloque isso num superávit para ser diluído para todo mundo. Então, corrigir uma injustiça é dizer: olha, a legislação impõe a você 35 anos de trabalho, o fundo garante a inte-gralidade com 30 anos. Se você tiver que trabalhar até 35 anos, eu vou lhe pagar essa diferença. É o que chamamos de alteração do índice de 360/360 para 420/360 meses de contribuição. Já existia isso no passado. Temos que recuperar. Outro ponto impor-

tante é corrigir uma injustiça com as mulheres.

Ação – Você defende a aposentadoria anteci-pada para a mulher?Valmir – Sim. A Previ tem uma aposentadoria anteci-pada aos 50 anos de idade. Ela serve muito bem para os homens que, pela legis-lação, devem trabalhar até 53 anos. Mas as mulheres só precisam trabalhar até 48 anos, ou seja, elas nunca vão usar esse dispositivo. A nossa proposta é que a Previ possa oferecer para as mulheres uma aposen-tadoria antecipada aos 45 anos de idade. É um direito que elas precisam ter. A

escolha tem que ser delas. E não custa nada para a Previ, pois, na medida em que elas se aposentam antes, terão um benefício menor porque contribuíram menos.

Ação – E quanto aos pen-sionistas? Há alguma providência de utiliza-ção da reserva especial

em relação a esse segmento?Valmir – Hoje existem dois segmentos de pensio-nistas. Um deles, de pensionistas dos funcionários que se aposentaram antes das mudanças, com média salarial próxima de R$ 6 mil por mês. É de se imaginar que os pensionistas desse grupamento tenham uma pensão maior em relação aos pen-sionistas dos que se aposentaram após 1998, cujo benefício médio é de cerca de R$ 2,4 mil. Quando se propõe a ampliação do teto, leva-se em conta que o grupamento de pensionistas pós-98 vai ter uma melhoria junto com os aposentados. No entanto, não podemos perder de vista que os pensionistas,

“A Previ tem uma aposenta-

doria antecipada aos 50 anos

de idade. Mas as mulheres

só precisam trabalhar até 48

anos, ou seja, elas nunca vão

usar esse dispositivo.”

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de modo geral, têm uma redução muito brusca de salário, porque como a maioria não tem mais filhos em idade de receber pensão, acaba recebendo 60% do benefício. Então, em um segundo momento, seria interessante melhorar a pensão, saindo de 60% para 70% ou 80%.

Ação – Para utilizar a reserva especial, é preciso haver reforma estatutária?Valmir – É necessário alterar o plano de benefícios. E isso o Conselho Deliberativo tem o poder de fazer. É claro que se busca uma forma de trazer a participa-ção do corpo social no debate, mas não é necessário realizar uma consulta ao corpo social para fazer essa mudança.

Ação – Na sua opinião, como deve ser feito o debate sobre a reserva especial?Valmir – A ANABB vem provocando essa discussão. O assunto é recorrente na pauta dos veículos de comunica-ção da ANABB e nos fóruns que a Associação organiza. Ela sempre leva essa questão para o debate. Da mesma forma, tenho assistido ao movimento sindical provocar essas discussões nas assembléias e reuniões. Nós temos realizado, inclusive, reuniões conjuntas com entidades de aposentados e o movimento sindical para discutir o tema. Tem um ponto que é consenso: o funcionalismo só aceita reduzir ou acabar com a contribuição se tiver convicção de que a melhoria dos benefícios já veio. Não justifica parar de contribuir para a Previ antes de ver os benefícios melhorarem.

Ação – Então, está garantido um futuro tran-qüilo para os associados da Previ?Valmir – Penso que, no futuro, teremos que dis-cutir a criação de um outro plano de benefício dentro desse plano. Pode-se pensar, por exemplo, em destinar parte das reservas para pagar um be-nefício complementar de R$ 500,00 para todos os aposentados e pensionistas. Para algumas pessoas, não vai ser uma grande mudança, mas para muita gente vai ser uma melhoria fantástica. O plano de benefícios 1 hoje é um fundo desigual. Há muitos que podem viver bem com o benefício da Previ, mas outros passam necessidade. Ou tornamos agora esse fundo exemplar, construindo uma relação entre aposentadoria e qualidade de vida, ou perdemos essa chance. O atual momento político possibilita fazer a discussão com mais tranqüilidade. Será uma pena se perdermos essa oportunidade.

“Tem um ponto que é consenso: o

funcionalismo só aceita reduzir ou

acabar com a contribuição se tiver

convicção de que a melhoria dos

benefícios já veio.”

“Os pensionistas, de modo geral,

têm uma redução muito brusca de

salário. Como a maioria não tem

mais filhos em idade de receber

pensão, acaba recebendo 60% do

benefício. Então, em um segundo

momento, seria interessante me-

lhorar a pensão, saindo de 60%

para 70% ou 80%.”

Dr. Malcolm no show musical “Mulher... Suas Dores... Seus amores.“

Evento realizado pela ANABB com o patrocínio da Cooperforte atraiu cerca de 2.900 funcio-

nárias do BB em diversas cidades.

Um brinde às mulheresUm brinde às mulherespor Priscila Mendes

Encontro

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O debate em torno dos direitos femininos teve proporções diferentes ao longo dos anos: as mulhe-res, que já foram estigmatizadas como o “sexo frágil”, quebraram vários tabus que as envolviam. Décadas atrás, elas ainda eram proibidas de trabalhar em muitas instituições. Inclusive no Banco do Brasil, onde hoje ocupam 35% das 85 mil vagas de concursados da ativa e continuam seu esforço pela abertura de espaço.

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (8 de março), a ANABB promoveu o V Encontro Regional de Mulheres do BB, realizado em dez cidades brasileiras.

A peça Rádio Esmeralda AM e os palestrantes Malcolm Montgomery e Nelma Penteado integraram a programação do evento, cujas estrelas principais foram as 2.900 mulheres que prestigiaram as atividades. O encontro, organizado com o apoio da Cooperforte, ocorreu em nove capitais (Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, For-taleza, Recife e Salvador) e em uma cidade do interior de São Paulo (Ribeirão Preto).

“Hoje as mulheres representam uma força de tra-balho muito importante dentro da estrutura do Banco do Brasil, das empresas e da própria sociedade”, afirmou o presidente da ANABB, Valmir Camilo. Ele também chamou a atenção para a participação feminina na Associação. “Mais de 80% dos funcionários da ANABB são mulheres. Isso é uma prova de que a mulher dá conta do recado”, enfatizou.

As conquistas alcançadas pelas mulheres dentro do Banco foram destacadas pela diretora de Comunicação e Desenvolvi-mento da ANABB, Denise Vianna.

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A diretora Denise Vianna no evento de Salvador.

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“As mulheres têm muito o que comemorar, pois elas já foram discriminadas dentro do BB. Hoje, ocupam espaço nas gerências, nas superintendências e nas diretorias”, afirma.

A diretora de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência da ANABB, Graça Machado, lembra que ingressou no BB no primeiro concurso nacional que permitiu a participação de mulheres. “Foi uma luta para chegar onde estamos, para alcançar o nosso espaço. Temos muito a crescer, pois ainda há muita discrimina-ção, mas a mulher, a cada dia, tem galgado espaço e mostrado que tem competência”, ressalta. A conselheira deliberativa da ANABB e presidente do Conselho Fiscal da Cassi, Ana Lúcia Landin, concorda. “No Banco do Brasil, a gente vem de uma luta bem acirrada. Mas hoje temos uma posição de destaque, na qual podemos demonstrar que somos capazes.”

A única mulher a ocupar um cargo na Diretoria Executiva da Previ também é uma conselheira deliberativa da ANABB: Cecília Garcez, diretora de Planejamento. Cecília afirma que a ANABB sempre teve uma posição pioneira em relação à mulher e ressalta que o espaço fe-minino no trabalho é algo a ser conquistado aos poucos. “As mulheres têm feito isso. Temos muito o que agradecer, além de lutar e aproveitar as oportunidades.”

INFORMAÇÃO E DESCONTRAÇÃODurante o Encontro Regional de Mulheres do BB,

as funcionárias de Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Porto Alegre e Fortaleza foram homenageadas com a palestra musical “Mulher... Suas Dores... Seus amores”, do gi-necologista e obstetra Malcolm Montgomery. Utilizando

fotografias, pinturas, músicas e imagens, o médico abordou os principais momentos afetivos femininos e desenhou a saúde físico-mental e social da mulher.

Em uma de suas apresentações, o médico lembrou às convidadas que “dinheiro pode ser recuperado quan-do perdido, saúde também, mas o tempo é inexorável”. Foi uma forma de lembrá-las a viver cada momento.

Já a escritora Nelma Penteado apre-sentou a palestra “Inteligência profissional e afetiva” em Recife e Salvador. Uma ex-posição que buscou elevar a auto-estima da mulher, na qual a escritora ensina como conciliar trabalho e vida pessoal de forma leve e prazerosa. Para Nelma, as mulheres têm duas escolhas: serem pedrinhas de rua ou diamantes. Se for feita a segunda escolha, ela deve se sentir como tal e buscar os meios

Se você participou do Encontro de Mulheres, entre no site www.anabb.org.br na área Eventos e veja as fotos na galeria.

A diretora Graça Machado no Encontro de Porto Alegre.

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para conseguir ser um diamante. Ao longo de 14 anos, as palestras da escritora já ultrapassaram a marca de 1 milhão de participantes.

A Rádio Esmeralda AM, uma famosa comédia musical que já foi vista por mais de 200 mil pessoas, fez a abertura do encontro em Brasília. O espetáculo também levantou o astral das bancárias em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. A comédia é apresentada pelas locutoras Adriana Marques e Simone Rasslan, que encarnam, respectivamente, as personagens Erothyldes Malta e Cat Milleidy no programa “Amor de Parceria – a voz da mulher no rádio”. Durante a performance, a dupla interage com o público, lê cartas pi-cantes, dá receitas de simpatias e poções de amor e promove muitas gargalhadas. A peça relembra os tempos áureos do rádio, com a apresentação de radionovela e de músicas ao vivo, interpretadas pelas locutoras.

A descontração da Rádio Esmeralda foi aprova-da pelas bancárias que participaram do evento. Em

Brasília, a aposentada Ezetilde Menezes de Andrade disse que vai comparecer às edições seguintes. “Nos próximos, estarei aqui ou seja onde for. Vou a qualquer lugar”, informa. A bancária Lúcia Maria, da Gerel Rio de Janeiro, também aprovou a iniciativa. “As mulheres estão mais

firmes e unidas. Espero que, nos próximos eventos, aquelas que não estiveram nesse

momento possam participar.”A Cooperforte, mais uma vez,

apoiou a ANABB na realização do encontro. Segundo o presidente da

entidade, José Valdir Ribeiro dos Reis, o público

feminino do Banco do Brasil merece a homenagem. “É uma ini-ciativa interessante da ANABB, e a Cooperforte tem sido parceira nesses eventos.” •

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Notas

SEQÜESTRO-RELÂMPAGOEstá circulando pela internet um spam com orien-tações de segurança para clientes de banco vítimas de seqüestro-relâmpago. No e-mail, sugere-se que as vítimas digitem sua senha no auto-atendimento de forma invertida. No entanto, o Banco do Brasil esclarece que essa é uma orientação falsa e não deve ser seguida.

BB PAGA PLR AOS FUNCIONÁRIOSOs funcionários do BB receberam no dia 22 de março a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) referente ao segundo semestre de 2006. A proposta do BB para a PLR foi aprovada pela maioria dos bancários em assembléias realizadas em todo o País. O valor pago aos bancários corresponde a R$ 1.423,36 de módulo linear (R$ 412,00 de parcela fixa mais R$ 1.011,36 referentes à distribuição de 4% do lucro líquido) mais o módulo variável. A definição do módulo variável é a seguinte: 45% do vencimento padrão do E6 para o escriturário; E6 mais comissão de caixa para os cai-xas; Valor de Referência (VR) para os comissionados (ou VR mais Diferencial de Mercado - DM quando for o caso).

PREVI FECHA 2006 COM PATRIMÔNIO DE R$ 106 BILHÕES O valor do patrimônio da Previ chegou a R$ 106 bilhões em 2006. Os números foram divulgados no dia 16/03 e apontaram um superávit acumulado de R$ 34,8 bilhões. Também foi registrado um número recorde de associa-dos: 162.897, entre participantes ativos, aposentados e pensionistas. O patrimônio de R$ 106 bilhões está assim distribuído: renda variável (R$ 67,5 bilhões), renda fixa (R$ 32,9 bilhões), imóveis (R$ 2,9 bilhões) e operações com participantes (R$ 2,7 bilhões). A rentabilidade de todos os segmentos bateu a meta atuarial, que foi de 9%. O maior desempenho foi alcançado pela renda variável (47,1%), seguido por imóveis (19,2%), renda fixa (18,4%) e operações com participantes (12,3%). A rentabilidade total da Previ foi de 34,9%.

Fonte: Previ

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

divulgou algumas dicas sobre o assunto:

• Ao digitar sua senha, mantenha o corpo próximo à máquina.• Prefira utilizar os caixas automáticos instalados em locais de grande movimentação e durante o dia.• Quando precisar sacar dinheiro à noite, leve um ou mais acompanhantes adultos para que fiquem na fila.• Nunca aceite ou solicite ajuda de estranhos.• Esteja atento à presença de pessoas suspeitas.• Em caso de retenção do cartão no caixa auto-mático, aperte a tecla “anula” ou “cancela” e avise imediatamente o banco.

• Evite sacar grandes quantias em dinheiro.

Nas transações de va-lores altos, dê preferência

aos meios eletrônicos de pa-gamento, como cartões, DOCs

e TEDs.

CINFABB 2007 OCORRE EM ABRILO tradicional Campeonato de Integração dos Funcionários Aposentados

do Banco do Brasil (CINFABB) já está com os motores ligados para a edição de 2007. Neste ano, o evento será realizado na AABB Belo Horizonte (MG), entre os dias 21 e 28 de abril. A competição é promovida e coordenada pela Fenabb e tem o apoio da ANABB.

Em sua 13ª edição, o evento vai reunir 21 AABBs de 16 Estados e espera receber 600 atletas e cerca de 2 mil pessoas por dia. Os participantes vão disputar

competições de futebol minicampo master (50 anos) e supermaster (60 anos), natação (masculino e feminino), sinuca, tênis feminino (simples) e tênis masculino (dupla e simples).

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Cassi

A presidente da Federação das Associações de Apo-sentados e Pensionistas do Banco do Brasil (Faabb), Isa Musa de Noronha, lembra que os associados só poderão avaliar as mudanças propostas depois de lerem o texto. Ela ressalta, no entanto, que o associado precisa comparecer às urnas. “Independentemente de votarem sim ou não, é preciso que os colegas, especialmente os aposentados, par-ticipem da votação. Precisamos alcançar o quórum”, explica Isa, que também é vice-presidente da União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil (Unamibb).

Os dirigentes da Cassi estão preocupados com as conseqüências da não-aprovação do estatuto. “Se não conseguirmos a aprovação, a Cassi provavelmente não terá recursos financeiros para saldar seus compromissos com assistência à saúde nos moldes que hoje existem”,

Depois de dois anos de negociação e um déficit acumulado de mais de R$ 100 milhões, a Cassi conse-guiu um acordo com o Banco do Brasil. Mas isso não significa a salvação da Caixa de Assistência. É que o acordo implica diversas mudanças no estatuto da en-tidade e, para isso, o texto precisa ser analisado pelo Corpo Social. Para que as modificações sejam aceitas logo na primeira votação, que ocorre de 18 a 30 de abril, é preciso quórum e aprovação de, no mínimo, dois terços dos associados.

Se a participação e os votos de aprovação forem insuficientes, ainda haverá outra chance. O novo estatuto pode ir para uma segunda votação, entre os dias 21 de maio e 1º de junho, na qual precisa de quórum de 50% mais 1 e votação favorável de, pelo menos, dois terços.

No dia 18 de abril começa a votação para a alterar o estatuto da Cassi. Para aprovação em primeira consulta, é necessário o voto favorável de aproximadamentea de 100 mil pessoas.

A Cassi em suas mãos por Mariana JungmannFotos: Saulo Cruz

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13Ação mar-abr/2007

explica Denise Vianna, diretora de Comunicação da ANABB e conselheira deliberativa da Cassi. Denise participou das negociações com o Banco do Brasil e ajudou a elaborar o novo estatuto.

A presidente do Conselho Deliberativo da Caixa de Assistência, Graça Machado, também integrou essas duas etapas de trabalho. Segundo ela, parte do que foi conseguido com o Banco vinha sendo pleiteado há anos. “O BB vai voltar a pagar 4,5% para todos os funcioná-rios, contribuir sobre o 13° e assumir os dependentes indiretos”, informa.

O Conselheiro Deliberativo Suplente da Cassi, Cláudio Barbirato, faz coro com as colegas. “É preciso que os aposentados votem mostrando sua força de repre-sentatividade”. Barbirato alega ainda que o Banco que-brou o equilíbrio do custeio da Caixa quando mudou a política de RH há alguns anos. Sendo assim, será preciso continuar pressionando para garantir salário e equilibrar o plano, pois o novo estatuto não pode garantir que o problema seja solucionado definitivamente”.

Para o diretor de Saúde da Cassi, Douglas Scorte-gagna, a participação maciça dos associados na consulta dará legitimidade ao processo e demonstrará que eles estão cientes do que vem acontecendo com a Caixa de Assistência. A necessidade de aprovação é reforçada pelo diretor de Produtos e Atendimento ao Cliente da

Cassi, José Antônio Diniz. “A reforma esta-tutária reflete o acordo negociado entre os re-presentantes do Banco e os associados”, lem-bra Diniz.

• Inclusão de assistência odontológica, condicio-nada a existência de recursos.

• Paridade no número de eleitos e indicados nos conselhos Deliberativo e Fiscal.

• Supressão da cláusula que autorizava o BB a redu-zir sua contribuição no caso de geração de receitas líquidas pela Cassi por contrato ou convênio.

• Inclusão, entre os dependentes, dos companhei-ros do mesmo sexo.

• Quem pode ser associado não pode ser de-pendente.

• Previsão de suspensão total/parcial de direitos dos associados que lesam a Cassi.

• Obrigatoriedade de informar à Cassi os valo-res recebidos do INSS que não são recebidos por intermédio da Previ.

• Inclusão da co-participação limitada a 1/24 dos proventos gerais.

• Contribuição sobre o 13º salário.

• Funcionário que não aderir na sua posse à Cassi não vai poder mais participar do plano de associados.

O novo estatuto será divulgado pela Cassi e pelo siteda ANABB.

Denise Vianna: aprovação do novo estatuto é necessária.

Cláudio Barbirato: acordo é a melhor solução neste momento.

Veja algumas modificações estatutárias

• Aporte de R$ 300 milhões, sendo a 1ª parcela de R$ 150 milhões e 3 parcelas de R$ 50 milhões corrigidas pelo INPC.

• Custo integral do déficit dos dependentes indiretos.

Acordo financeiro firmadoentre a Cassi e o Banco do Brasil

Ação mar-abr/200714

CCP: alternativa para resolver conflitos

Justiça

Os funcionários do Banco do Brasil que se desligarem da em-presa por demissão ou aposentadoria podem recorrer a um órgão para rever seus direitos trabalhistas. É a Comissão de Conciliação Prévia (CCP), resultado de um acordo entre o Banco do Brasil e a Contraf-CUT. O acordo também foi apresentado para apreciação da Contec, mas ainda está em fase de análise.

O objetivo da CCP é solucionar conflitos trabalhistas envol-vendo ex-funcionários e o BB, como desvios de função, hora extra acima da 8ª hora, reflexos de férias, entre outros. As comissões são estabelecidas dentro de cada sindicato e têm composição paritária, formada por dois integrantes do sindicato e dois integrantes do Banco do Brasil. Todas as sessões conciliatórias são realizadas nas dependências dos sindicatos.

O funcionário apresenta suas razões pessoalmente, por escrito. As demandas são avaliadas e a comissão realiza a primeira sessão de conciliação em até dez dias após o recebimento do Termo de Reivindicação pelos representantes do BB. Também são contados dez

Ex-funcionários do

BB podem utilizar

comissões de concilia-

ção prévia para tratar

de direitos trabalhis-

tas. O sistema já foi

adotado por diversos

sindicatos, mas ainda

enfrenta restrições a

respeito das regras de

negociação.

por Ana Cristina Padilha

15Ação mar-abr/2007

dias após a primeira sessão para que todo o processo seja finalizado. No entanto, os envolvidos podem estipular prazo maior, caso seja necessário. Não há necessidade de contratar advogado para a CCP.

PRÓS E CONTRASDe acordo com o Banco do

Brasil, tem-se registrado um resul-tado positivo com a criação da CCP, pois houve uma grande redução no número de ações trabalhistas. Segundo dados do Banco, em 2003 foram registradas cerca de 25 mil ações individuais e 1,5 mil coletivas. Este número foi reduzido para atuais 16 mil ações individuais e 1 mil coletivas. “Na Comissão de Conciliação Prévia, utilizamos a política do ganha-ganha. É bom para o Banco e é bom para o funcionário”, afirma o gerente da Divisão de Relações e Conciliações Trabalhistas do BB, José Doralvino Nunes de Sena.

A diretora de Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil, Izabela de Alcântara Lemos, reforça essas vantagens. “A CCP se apre-senta como alternativa adequada para resolução extrajudicial de questões do contrato de trabalho com ex-funcionários.”

A primeira comissão estabele-cida foi no Sindicato dos Bancários

de Brasília, em setembro de 2006. Até o final de fevereiro deste ano, o sindicato registrou, em 32 conci-liações trabalhistas de um total de 178 petições, acordos que totali-zaram R$ 2.182.683,87 para os ex-funcionários.

Buscar uma conciliação antes de ir à Justiça é uma indicação inclusive do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O presidente do TST, ministro Rider Nogueira de Brito, participou da comissão que elaborou o primeiro projeto apre-sentado ao Congresso Nacional sobre a CCP, quando era presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Pará e Amapá). Ele ex-plicou que foi motivado a trabalhar nesse projeto pelo elevado número de processos trabalhistas. “A cultura de levar sempre o conflito a um juiz precisa ser mudada, para que não haja a falência do próprio sistema jurisdicional”, explica ele em nota divulgada no site do TST.

Também para o presidente da Federação dos Bancários de São Paulo, David Zaia, a CCP é o melhor caminho se comparada aos meios jurídicos. A federação já utiliza a CCP com os bancos privados e agora está iniciando o processo com o Banco do Brasil. “É um instrumento positivo. Hoje, se o trabalhador sai do Banco e vai fazer uma reclamação na Justiça, espera cinco anos para a conclusão do processo ou faz um acordo no começo do processo. Mas aí ele troca a demora pela redução do valor a que tem direito. Isso não é interessante”, disse. Segundo ele, a dispensa de advogado é outro benefício para o ex-funcionário.

O coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil da Contraf-CUT, Marcel Barros, afirma que, pelas informações dos sindicatos, o número de conciliações tem sido pequeno. “O problema está no fato de o Banco não estar negociando efetivamente, mas apresentando um valor fechado, calculado com base em um paradigma que ele próprio definiu.”

Essa postura do Banco, na avaliação de Barros, pode inviabi-lizar o futuro da CCP. “A conciliação pressupõe ajustar as partes e não a imposição de uma delas. Infeliz-mente, o Banco vem se especiali-zando em tentar impor, a qualquer custo, suas posições”.

Outro problema apontado é que a CCP só é direcionada a ex-funcionários. De acordo com Lou-renço Prado, presidente da Contec, a confederação gostaria de ampliar a CCP para discutir problemas tra-balhistas também de funcionários.

“Na Comissão de Conciliação

Prévia, utilizamos a política

do ganha-ganha. É bom para o

Banco e para o funcionário.”

José Doralvino Nunes de Sena,

gerente da Divisão de Relações e

Conciliações Trabalhistas do BB

“A CCP é o melhor caminho se com-

parada aos meios jurídicos.”

David Zaia, presidente da Federa-

ção dos Bancários de São Paulo

Foto

s: Di

vulg

ação

Ação mar-abr/200716

“Não queremos resolver o proble-ma só de quem vai sair. Queremos incluir outras negociações na CCP. Que ela não seja apenas para quem estiver saindo do BB, mas também para quem fica”.

DECISÃO DE CRIAR CCPÉ DO SINDICATO

Apesar de o acordo ter sido assinado pela Contraf/CUT, sua adesão fica a critério de cada sindi-cato. Até o momento, 53 sindicatos aderiram ao programa. “A Contraf-CUT assinou um acordo ‘guarda-chuva’, e os sindicatos aderem a ele se assim desejarem. Dessa forma, fica mantida a autonomia dos sin-dicatos”, afirma o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcio-nários do Banco do Brasil da Con-traf-CUT, Marcel Barros. Segundo ele, alguns sindicatos entendem que a conciliação não deve ser efetuada porque favorece o Banco, que deixa de pagar o valor devido

e tem menos despesas. “Nossa orientação é que [o acordo] seja definido em assembléia, na qual as partes apresentam suas razões e quem decide é o funcionário”.

O presidente da Contec, Lourenço Prado, explica que a instauração da CCP está em fase de análise, mas ressalta que alguns pontos devem ser modificados. “A redação que o Banco propôs é inadequada e inadmissível. Nós sempre entendemos, defendemos e praticamos o ato segundo o qual temos que assinar o acordo nacional”, diz.

CONSULTA PRÉVIAA consulta à CCP não é obri-

gatória, mas nos locais onde existem as comissões é recomendável que o ex-funcionário que queira entrar na Justiça procure primeiro a CCP de sua região. Isso porque a Consoli-dação das Leis de Trabalho (CLT), ao regulamentar a CCP (artigo 625), diz que “qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria”. Além disso, tem-se observado que as ações encaminhadas ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) que não passaram anteriormente pela comis-são são rejeitadas. “Trabalhadores

e sindicatos não podem vir direta-mente à Justiça do Trabalho, eles devem tentar uma solução perante uma comissão”, afirmou o ministro Nogueira de Brito, em nota divul-gada pelo TST.

No entanto, caso não se che-gue a um acordo dentro da comis-são, o ex-funcionário fica livre para entrar na Justiça contra o Banco. “Em caso de acordo, apenas o que for conciliado será quitado, o que permite ao trabalhador ajuizar ação daquilo que não se conciliou”, afir-ma Marcel Barros. Ele explica que, na prática, a comissão é voluntária, uma vez que não há obrigatorieda-de de conciliar ou de quitar todas as verbas pedidas. Há, ainda, a possi-bilidade de o ex-funcionário retornar em até 180 dias, caso tenha dei-xado de requerer algum benefício devido. •

Quem já possui ação judicial não pode recorrer à Comissão de Conciliação

Prévia para fazer um acordo. Segundo o Banco do Brasil, o interessado deve

procurar a Gerência Regional de Pessoas (Gepes) de sua região para iniciar

uma negociação. Caso não saiba o contato da Gepes, o ex-funcionário deve

buscar informações em sua agência bancária.

“Não queremos resolver o

problema só de quem vai sair.

Queremos incluir outras nego-

ciações na CCP.”

Lourenço Prado, presidente da

Contec

“A CCP se apresenta como al-

ternativa adequada para reso-

lução extrajudicial de questões

do contrato de trabalho com

ex-funcionários.”

Izabela de Alcântara Lemos,

diretora de Relações com Fun-

cionários e Responsabilidade

Socioambiental do Banco do

Brasil

QUEM POSSUI AÇÕES DEVE PROCURAR A GEPES

17Ação mar-abr/2007

Ação mar-abr/200718

A saúde está na mesaUma boa alimentação

é requisito para quem

quer levar uma vida

saudável. O cardápio

dos brasileiros, po-

rém, inclui cada vez

mais produtos ricos

em gordura, açúcar e

sal. Se você se enqua-

dra nesse perfil, lem-

bre que está na hora

de modificar seus

hábitos.

O velho ditado “nós somos o que comemos” resume bem a importância de uma alimentação saudável. As pessoas que prezam a qualidade de suas refeições têm maior chance de desfrutarem de boa saúde. E comer bem não tem relação com comer muito nem com o consumo de alimentos caros.

Uma publicação elaborada pelo Ministério da Saúde com o título “Guia Alimentar para a População Brasileira” mostra como as pessoas podem se manter saudáveis e se prevenir contra doenças nutricionais, mortes prematuras (causadas por doenças cardíacas e câncer) e outras enfermidades crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, além de aumentar a resistência contra muitas doenças infecciosas.

Segundo a nutricionista Dillian Goulart, consultora técnica do Ministério da Saúde, nos últimos 30 anos houve uma queda na quali-dade da alimentação da população brasileira, devido ao aumento no consumo de produtos ricos em gordura, açúcar e sal. “O exemplo mais claro é o consumo de refrigerante, que aumentou em torno de 400% da década de 70 até hoje”, informa a nutricionista. Segundo ela, até o prato tipicamente nacional, arroz com feijão, tem perdido espaço nas refeições dos brasileiros.

A mudança nos hábitos alimentares tem aumentado o índice de doenças impulsionadas pela má alimentação, incluindo uma faixa etá-ria que até então não era vista como grupo de risco. “Atualmente, há uma grande preocupação com as crianças e adolescentes, porque tem crescido o número de casos de obesidade infantil. Já têm aparecido casos de hipertensão nesse segmento”, afirma Dillian Goulart.

Alimentação

por Priscila Mendes

A nutricionista lembra que muitas pessoas deixaram de fazer suas refeições em casa por conta do trabalho e se tornaram sedentárias. “O ideal para manter uma boa saú-de é ter um modo de vida saudável, que inclui uma boa alimentação, prática de atividades físicas, ausên-cia do fumo e redução no consumo de álcool, além de evitar atividades estressantes”, acrescenta.

DEVER DE CASAApesar do quadro desfavo-

rável para a população brasileira quanto aos hábitos alimentares, há quem mantenha boa saúde com o preparo de refeições saudáveis. É o caso da professora aposentada Izaura Pádua Silveira, de 68 anos, que há mais de 20 anos incluiu na alimentação de sua família alimen-

A adoção de hábitos

alimentares inadequados

pelos brasileiros aumentou o

número de casos de obesidade

e hipertensão, inclusive entre

crianças e adolescentes.

19Ação mar-abr/2007

tos integrais e orgânicos. “Aqui em casa há uma convenção: pelo menos três vezes na semana tem arroz integral. Fritura não entra há muito tempo. Carne, só uma vez por semana”, afir-ma. Ela conseguiu passar essa mudança de hábitos alimentares para os filhos. Agora, a tarefa é transmitida às netas. “Mesmo quando elas querem comer massa, eu faço com um guisado de legumes”, explica.

Izaura Silveira, que mora em Porto Alegre, consome com cautela o prato mais adorado pelos gaúchos, o churrasco. “É só uma vez por mês e em pouca quantidade”, ressalta.

Para quem acha muito caro ou não tem condições de acrescentar os produtos orgâni-cos e integrais em sua refeição, a nutricionista Dillian Goulart dá algumas dicas. Aos que moram em casa, ela sugere o preparo de uma horta. E para manter uma boa alimentação, sem gastar muito, ela diz que é importante valorizar os alimentos regionais e de época. •

Ação mar-abr/200720

Izaura Pádua Silveira prepara refeição saudável.

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21Ação mar-abr/2007

AVEIAValor energético:cada 100g contém, em média, 350 calorias.- É um dos cereais mais completos, pois durante a industrialização re-tém quase integralmente o germe do grão.- Contém cálcio, ferro, magnésio, zinco, cobre, manganês, tiamina, ácido fólico e vitamina E.- Rica em fibras que ajudam a reduzir o colesterol total e o LDL-co-lesterol, prevenindo contra doença cardiovascular, além de efeito pro-tetor no desenvolvimento do câncer de cólon. - Consumo recomendado de cerca de 20g (1 colher de sopa cheia) por dia.

BRÓCOLISValor energético: 28 calorias a cada 100g- Rico em sais minerais como o cálcio e o ferro. É um dos vegetais mais ricos em vitamina A, e também contém a vitamina C, que infelizmente se perde em parte durante o cozimento. Por isso, recomenda-se consumi-lo cru.- Contém ácido fólico, que produz substâncias químicas boas para o cérebro e o sistema nervoso.

LARANJAValor energético:47 calorias a cada 100g- É rica em vitamina C, cerca de 79 mg em cada fruta, sendo que a necessidade diária para uma pessoa adulta gira em torno de 60 mg. - Ótima fonte de potássio, impor-tante para manter a contração muscular.- Ajuda a evitar o envelhecimento precoce e a prevenir doenças car-diovasculares.

MAÇÃValor energético:63 calorias (100g)- É rica em fibras eajuda no processo digestivo. - É rica em pectina, substância que protege a mucosa do aparelho digestivo e é uma das melhores fibras de alimentos para controlar os teores de colesterol. Ela tam-bém torna a absorção de glicose menos eficiente, fazendo com que o açúcar penetre no sangue mais lentamente. Isso é bom para os diabéticos, evitando que não ocorra aumento da glicemia, em pico da insulina. - Ajuda na prevenção de alguns

SERVIÇO: O Ministério da Saúde disponibiliza diversos guias sobre alimentação saudável. Para ter acesso, entre no site www.saude.gov.br/nutricao.

SAIBA MAIS tipos de câncer e da doença de Parkinson.- Boa para limpar o sangue e tam-bém é ótima para o cérebro, pois contém ácido fosfórico em forma facilmente digerível. - Contribui para um sono tranqüilo, principalmente o chá da casca da maçã.- Impede a formação de cálculos.

RÚCULAValor energético:17,2 calorias a cada 100g- Contém ácido fólico e um pouco de cálcio, o que não é comum em folhas. Tem 8 vezes mais cálcio que a alface.- Contém substâncias que ajudam na prevenção de alguns tipos de câncer. A sua cor também indica a presença das vitaminas A e C.

TOMATEValor energético:um tomate médio temcerca de 25 calorias- É rico em fibras solúveis e insolú-veis, potássio e vitamina C.- Um tomate médio tem cerca de 25 mg de vitamina C, o que cor-responde a quase metade da nossa necessidade diária.- Contém um antioxidante potente que aparentemente reduz o risco de alguns tipos de câncer e protege o colesterol sanguíneo da oxidação.

Informações do site www.xenicare.

com.br

Você já viu os grupos de alimentos e suas funcionalidades na prevenção de doenças. Para exemplificar melhor essa relação, o jornal Ação selecio-nou alguns alimentos que podem colaborar com a qualidade da refeição dos brasileiros.

Trabalho, confiança e ressocialização

Cidadania

Quando Ana Moura chegou para dirigir a Colônia Penal Feminina de Recife (PE), encontrou pouco mais de 100 presas e nenhuma ativida-de produtiva. De lá para cá, sete anos se passaram e o quadro mudou muito. Atualmente, há possibilidade de trabalho para as 410 detentas, algumas cumprindo pena nos regime fechado ou semi-aberto e outras aguardando julgamento. Ana acredita que só tem chance de se manter longe da criminalidade quem sai da cadeia e consegue ganhar dinheiro honestamente. Para isso, é preciso profissionalizar essas pessoas ainda dentro da unidade prisional. “A ressocialização só acontece por meio da educação e da qualificação profissional”, afirma.

Preocupada com a profissionalização de suas reeducandas – como prefere chamar as mulheres que por algum motivo foram parar no presídio – a defensora pública que dirige a casa de custódia foi buscar apoio governamental e da iniciativa privada. Depois de vencer a barreira do pre-conceito contra as presas e contra o próprio trabalho – “a mídia faz a população pensar que todo agente penitenciário é corrupto ou incompetente” – Ana começou a ganhar reconhecimento.

Atualmente, cerca de 10 entidades ser-vem-se do trabalho – remunerado, é importante ressaltar – das presas. Elas costuram a toga dos juízes do Tribunal de Justiça de Pernambuco e o enxoval de toda a rede municipal de hospitais de Olinda e de alguns da rede privada de Recife. As que têm ensino médio concluído ou curso superior trabalham como secretárias ou

A Colônia Penal Feminina de Recife proporciona

atividade profissional a 410 detentas. Iniciativa

conta com a parceria da ANABB e do Comitê de

Cidadania de Funcionários do Banco do Brasil

em Pernambuco.

Ana Moura: incentivo à qualifi-cação profissional em presídio.

Ação m a r / 2 0 0 722

por Marianna JungmannFotos: Alexandre Albuquerque

23Ação mar-abr/2007

Beleza Pura, do mesmo Comitê, que montou o Salão de Beleza Zuzu Angel. A idéia é capacitar 15 detentas que depois ensinarão o ofício para as outras. A previsão é que, posteriomente, o salão seja aberto para atender a comunidade. “A ANABB é a nossa grande parceira por-que foi uma das que apareceu primeiro para ajudar a Colônia Penal”, conta Romero da Silva Melo, presidente do Comitê. Segundo ele, a confiança em Ana como gestora do presídio foi fundamental para a obtenção de recursos. “Ela é danada, é muito ética, muito responsável. E nós temos que tomar cuidado porque levamos o nome do Banco, então não dá para confiar em qualquer um”, explica. O projeto é baseado em relações de confiança e responsabilidade, como as de Ana com as detentas, as de Romero e dos funcionários do BB com Ana, e as da ANABB com o Comitê dos Funcionários do BB em Pernambuco. •

prestam outros serviços no escritório da própria colônia penal. Nesse caso, são remuneradas pelo Estado. “A maioria tem filhos e usa o dinheiro para sustentar a família que está lá fora”, informa a diretora.

É o caso de Emanuele Andrade, de 26 anos, que está presa há três e ainda aguarda o julgamento por homicídio. Ela é secretária do chefe de terapia laboral do presídio e diz que “é sempre bom trabalhar porque não se pensa em besteira”. Antes de ser presa, Emanuele fazia trabalhos de digitação e terminou o ensino médio. Agora, ela ajuda a fazer a seleção das detentas para os diferentes trabalhos dentro do presídio. O salário de R$ 280,00, baseado na Lei de Execução Penal, tem 20% de seu valor retido em um pecúlio para quando a presa voltar à sociedade. Com o dinheiro, Emanuele, que tem um filho de 4 anos, compra artigos de necessidade pessoal e diminui as despesas em casa.

TRABALHO E ESTUDOAlém de estudar informática – com computadores

doados pelo Comitê de Cidadania de Funcionários do BB em Pernambuco – as presas aprendem e praticam diversos ofícios, que servem não só como ocupação do tempo, mas principalmente como formação pro-fissional. As reeducandas da Colônia Penal também atuam na fabricação de produtos como rodas de bicicletas, embalagens para preservativos masculinos, luvas, bordados de tapeçaria, artesanato, forminhas de papel para salgados e na recarga de cartuchos de impressoras.

Por meio do Comitê de Cidadania, a ANABB ajudou as presidiárias a montar a Cozinha-Escola, que originou um bufê no final de 2005. As detentas, hoje, servem em tantos eventos que algumas solicitações precisam aguardar o surgimento de espaço na agenda. Da mes-ma forma, a Associação investiu, em 2006, no projeto

Laboratório de informática foi montado com o apoio do Comitê de Cidadania dos Funcionários do Banco do Brasil.

Mulheres costuram togas de juízes do Tribunal de Justiça.Salão de beleza: capacitação e perspectiva de atender a comunidade.

Ação mar-abr/200724

Devem estar sempre de bom humor, suportar filas imensas e aturar pessoas irritadas pela demora no atendimento. Ao mesmo tempo, devem cumprir metas e mais metas e recebem a pior comissão. As conseqüências não param por aí. Não há como esconder que a causa maior da crise da Cassi deriva dos baixos salários, reflexo da política de recursos humanos.

Os fatos indicam que ainda permanecem ações da lógica do processo de privatização, que fora iniciado e não desmontado. Como

exemplo, cito a adesão ao novo mercado; a redução permanente de custos administrativos; a tentativa da descaracterização da marca (Banco do Fulano de Tal); a busca do lucro pelo lucro; a bradescalização; o fim da isonomia na contratação de funcionários (pejorativamen-te denominados genéricos); os baixos salários, apesar de enfrentarem concurso público; alteração unilateral do PCS; e fim do anuênio. Assim, se o governo desejar privatizar, as condições estão dadas.

Aproveito para apontar soluções. No caso das metas, o Banco poderia oferecer aos funcionários formação e treinamento prévios para a venda de produtos que julgar estratégicos. Na discussão sobre PLR, poderia apreciar o aumento da participação do grupo funcional nos resultados por eles gerados em sua dependência, como forma de maior reconhecimento. Com os fantásticos lucros gerados pelos funcionários, é hora de oferecer um PCS que contemple a isonomia e um salário inicial não inferior a R$ 2 mil, garantindo a sobrevivência dos funcionários e suas famílias com dignidade em qualquer parte do País.

É preciso reconhecer aqueles que constróem este gran-de Banco e corrigir injustiças. O tratamento dispensado aos funcionários de agências constitui uma inversão de valores, pois os colegas são submetidos a volume e condições de trabalho incompatíveis com o que recebem. O esforço dessa turma é condição sine qua non para os resultados do Banco, que nos últimos anos têm se revelado muito expressivos. É hora de dar maior expressividade ao reconhecimento dos funcionários. •

Agora na diretoria da ANABB, ve-nho com a experiência vivida no interior do País, onde predominam as agências, longe dos centros de decisões. Esse contato com a sede me obriga a uma reflexão.

Uma seqüência de acontecimentos envolvendo o Banco levou à crescente deterioração das condições de trabalho, especialmente dos funcionários de agência. O ponto inicial é o fim da conta movimento, em 1986. Depois, o governo Collor - o caçador de marajás -, a revista Veja, os comentários de Paulo Francis. Tem continuidade com a grande virada, novo rosto, NMOA, o fatídico programa de demissão voluntária (PDV), que de voluntário tinha muito pouco; PEA, PAI, enxugamento do número de funcionários (135 mil para 58 mil, agora com 88 mil).

A conseqüência é que, numa só instituição, co-abitam dois bancos. Um que decide e tem condições minimamente adequadas para o desempenho funcional (Direção Geral) e outro que executa, esfoliado, mal-tratado, em condições de trabalho estressantes, que induz uma série de agressões (agências). Não é à toa que grande número de funcionários caem doentes, acometidos de LER, síndrome do pânico e problemas psicológicos causados pelo assédio moral.

Ser funcionário de agência é estar sujeito às con-dições de trabalho padrão Bradesco: baixos salários, tratamento desrespeitoso, atendimentos telefônicos e ao cliente, metas irreais, extrapolação da jornada de trabalho, número insuficiente de funcionários e pres-são imposta pelo gerente (cuja cabeça está sempre a prêmio se a sua dependência não alcançar o resultado esperado).

Nas agências é onde o Banco também acontece. Lá se realizam os negócios que geram resultados e impactam o balanço do Banco. O reconhecimento, porém, é nulo. Vejam os caixas executivos: não podem errar nunca.

Os dois Bancos do Brasil

William José Alves Bento é diretor Administrativo e Financeiro da ANABB

Opinião

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