Oqueéumeco*doppler? - Cardiologistas em Lisboa -...

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O que é um ecodoppler? O ecodoppler, ultrassonografia vascular ou triplexscan é um método de imagem que se baseia na emissão e reflecção de de ondas de som (ultrasons). Através deste exame é possível obter imagens em tempo real 2D ou modo B (imagem bidimensional onde se visualizam os vasos e o seu conteúdo) e doppler pulsado que consiste na análise espectral da velocidade do sangue. Do ponto de vista hemodinâmico é possível estudar as características quantitativas e qualitativas da circulação do sangue, nomeadamente velocidades, débitos, perfis de fluxo e existência de refluxos ou turbulencias patológicas. Em caso de estreitamento no vaso iremos obter um fluxo turbulento. Caso não haja qualquer tipo de obstrução teremos um fluxo laminar. Nos casos de ausência de fluxo poderemos inferir que se trata de uma oclusão do vaso. Através da análise espectral poderemos ainda avaliar a competência vascular. Por exemplo nas varizes dos membros inferiores o problema subjacente é o deficiente encerramento das válvulas a nível das veias do sistema venoso que não coaptam adequadamente, permitindo o refluxo de sangue venoso (fig. 1). Este refluxo pode ser medido através do ecodoppler. Temos assim um exame não invasivo, indolor, com relativa facilidade e rapidez de execução, ainda assim de baixo custo, que permite a visualização das artérias e veias bem como detecção das alterações presentes nestes vasos. É a junção da informação hemodinâmica acerca da velocidade e fluxo de sangue no segmento vascular e a informação morfológica que permite fazer um diagnóstico adequado. Tipos de ecodoppler De acordo com a região anatómica estudada, poderemos obter ecodoppler arterial dos membros inferiores, venoso dos membros inferiores ou carotídeo –vertebral (artérias do pescoço). Em que situações se deve realizar um ecodoppler arterial dos membros inferiores. Todas as situações em que há suspeita de doença arterial periférica. A doença arterial periférica é uma manifestação de aterosclerose a nível dos membros inferiores e os sintomas associados mais frequentes são a presença de claudicação intermitente (dor a nível das pernas desencadeada pela marcha), dor constante nos membros inferiores com arrefecimento dos mesmos e/ ou presença de úlceras nos dedos que não cicatrizam. Este exame permite avaliar a

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 O  que  é  um  eco-­‐doppler?  

O   eco-­‐doppler,   ultrassonografia   vascular   ou   triplex-­‐scan   é   um   método   de   imagem   que   se  baseia  na  emissão  e  reflecção  de  de  ondas  de  som  (ultra-­‐sons).  Através  deste  exame  é  possível  obter   imagens  em  tempo  real  2-­‐D  ou  modo  B  (imagem  bi-­‐dimensional  onde  se  visualizam  os  vasos  e  o  seu  conteúdo)  e  doppler  pulsado  que  consiste  na  análise  espectral  da  velocidade  do  sangue.  Do  ponto  de  vista  hemodinâmico  é  possível  estudar  as  características  quantitativas  e  qualitativas   da   circulação   do   sangue,   nomeadamente   velocidades,   débitos,   perfis   de   fluxo   e  existência  de  refluxos  ou  turbulencias  patológicas.  Em  caso  de  estreitamento  no  vaso   iremos  obter   um   fluxo   turbulento.   Caso   não   haja   qualquer   tipo   de   obstrução   teremos   um   fluxo  laminar.   Nos   casos   de   ausência   de   fluxo   poderemos   inferir   que   se   trata   de   uma  oclusão   do  vaso.   Através   da   análise   espectral   poderemos   ainda   avaliar   a   competência   vascular.   Por  exemplo   nas   varizes   dos   membros   inferiores   o   problema   subjacente   é   o   deficiente  encerramento   das   válvulas   a   nível   das   veias   do   sistema   venoso   que   não   coaptam  adequadamente,  permitindo  o  refluxo  de  sangue  venoso  (fig.  1).  Este  refluxo  pode  ser  medido  através  do  eco-­‐doppler.  

Temos  assim  um  exame  não   invasivo,   indolor,  com  relativa   facilidade  e  rapidez  de  execução,  ainda  assim  de  baixo  custo,  que  permite  a  visualização  das  artérias  e  veias  bem  como  detecção  das   alterações   presentes   nestes   vasos.   É   a   junção   da   informação   hemodinâmica     acerca   da  velocidade  e   fluxo  de  sangue  no  segmento  vascular  e  a   informação  morfológica  que  permite  fazer  um  diagnóstico  adequado.  

 

Tipos  de  eco-­‐doppler  

De   acordo   com   a   região   anatómica   estudada,   poderemos   obter   eco-­‐doppler   arterial   dos  membros   inferiores,   venoso   dos   membros   inferiores   ou   carotídeo   –vertebral   (artérias   do  pescoço).  

 

Em  que  situações  se  deve  realizar  um  eco-­‐doppler  arterial  dos  membros  inferiores.  

-­‐   Todas   as   situações   em   que   há   suspeita   de   doença   arterial   periférica.   A   doença   arterial  periférica  é  uma  manifestação  de  aterosclerose  a  nível  dos  membros  inferiores  e  os  sintomas  associados  mais  frequentes  são  a  presença  de  claudicação  intermitente  (dor  a  nível  das  pernas  desencadeada   pela  marcha),   dor   constante   nos  membros   inferiores   com   arrefecimento   dos  mesmos  e/  ou  presença  de  úlceras  nos  dedos  que  não  cicatrizam.  Este  exame  permite  avaliar  a  

gravidade   da   doença   arterial,   ajuda   a   definir   o   potencial   de   cicatrização   das   úlceras   e   é  indispensável  no  diagnóstico  diferencial  dos  doentes  com  sintomas  atípicos.  

-­‐   Avaliação   da   circulação   em   doentes   com   factores   de   risco   cárdio-­‐vasculares   (ex:   diabetes,  HTA,  dislipidemia...)  ou  outras  manifestações  de  doença  cárdio-­‐vascular  (EAM,  aneurismas  da  aorta  abdominal  ou  doença  carotídea).  

-­‐  Doentes  submetidos  a  revascularização  arterial  dos  membros  inferiores  como  forma  de  obter  um   controlo   não   invasivo   e   preventivo   de   estenoses   de   bypass   que   possam   pôr   em   risco   a  sobrevida  das  pontagens.  

-­‐  Doentes  com  suspeita  de  lesão  iatrogénica  pós-­‐cateterismo  arterial.  Os  doentes  submetidos  a  intervenção   vascular   (cardíaca   ou   outra)   podem   ter   como   complicação   presença   de   falso  aneurismav(fig.  2).  A  avaliação  e  até  tratamento  desta  complicação  pode  ser  realizado  de  uma  forma  simples  e  pouco  invasiva  atavés  deste  método  imagiológico.  

 

Quanto  tempo  demora  a  realização  de  um  eco-­‐doppler  arterial  dos  membros  inferiores?  

O   tempo   de   duração   de   um   eco-­‐doppler   arterial   dos   membros   inferiores   é   variável   com   a  indicação  e  com  os  achados  detectados  a  nível  do  mesmo.  Para  orientação  pode  considerar-­‐se  como  valores  de  referência  um  intevalo  entre  15  a  40  minutos.  

 

É  necessário  alguma  preparação  especial  para   realizar  um  eco-­‐doppler  arterial  dos  membros  inferiores?    

Como   foi   referido,   este   é   um   exame   não   invasivo,   indolor   e   realizado   com   um   aparelho   de  ecografia.  Deste  modo  não  requer  preparação  específica  ou  jejum.  O  doente  deve  trazer  uma  roupa   confortável,   deita-­‐se   numa   marquesa   onde   deverá   retirar   calças,   sapatos   e   meias   e  mede-­‐se   a  pressão  arterial   a  nível   de  um  dos  membros   superiores  e  de  ambos  os  membros  inferiores.  

   

Eco-­‐doppler  carotídeo-­‐vertebral  

Em  que  situações  se  deve  efectuar  um  eco-­‐doppler  carotídeo-­‐vertebral?  

Este  exame  permite  a  avaliação  da  circulação  carotídea  extra-­‐craneana.  Cerca  de  80%  dos  AVC  têm  como  causa   falta  de   irrigação  cerebral  e  em  2/3  dos  casos  o  mecanismo  subjacente  é  a  trombose   da   circulação   carotídea   (extra   e/ou   intra-­‐craneana).   As   placas   aterocleróticas  encontram-­‐se   frequentemente   nas   bifurcações   carotídeas   (vasos   do   pescoço)   e   levam   a   um  aperto  progressivo  com  oclusão  final  do  vaso  (fig.  3).  Alternativamente,  a  placa  pode  romper  e  enviar  embolos  para  o  cérebro.    

O  objectivo  de  investigar  os  vasos  do  pescoço  é  identificar  os  indivíduos  em  risco  de  terem  um  AVC   e   consequentemente,   serem   tratados   preventivamente.     O   eco-­‐doppler   carotídeo   tem  elevada  sensibilidade  e  especificidade  na  detecção  de  estenoses  significativas.  Actualmente  o  estudo  ultrassonográfico  deve  ser  o  primeiro  exame  na  avaliação  do  doente  com  suspeita  de  doença  vascular  cerebral.  

De  uma   forma   sumária,   as  principais   indicações  para   se   realizar  um  eco-­‐doppler   carotídeo  –vertebral  sao:    

-­‐   Doente   com   história   de   AVC   (acidente   vascular   cerebral)   ou   AIT   (acidente   isquémico  transitório).    

-­‐  Presença  de  sopros  cervicais  

-­‐  Controlo  pós  –revascularização  dos  vasos  carotídeos  

-­‐  Pré-­‐cirurgia  coronária,  arterial  dos  membros  inferiores  ou  da  aorta  

-­‐  Oclusão  da  carótida  interna  contra-­‐lateral  

-­‐   Manifestações   de   aterosclerose   noutros   leitos   arteriais   ou   com   factores   de   risco   cárdio-­‐vasculares.  

 

Quanto  tempo  demora  a  realização  de  um  eco-­‐doppler  carotídeo-­‐vertebral?  

 

O  tempo  de  duração  de  um  eco-­‐doppler  carotídeo-­‐vertebral  é  variável,  mas  deve  considerar-­‐se  uma  duração  previsível  de  20-­‐30  minutos.  

 

É  necessário  alguma  preparação  especial  para  efectuar  um  eco-­‐doppler  carotídeo-­‐vertebral?    

Como   foi   referido   este   é   um   exame   não   invasivo,   indolor   e   realizado   com   um   aparelho   de  ecografia.  Deste  modo  não  requer  preparação  específica  ou  jejum.  O  doente  deve  trazer  uma  roupa   confortável,   deita-­‐se   numa  marquesa   onde   os   vasos   do   pescoço   serão   avaliados   por  sonda  vascular.    

Eco-­‐doppler  venoso  dos  membros  inferiores  

 

Em  que  situações  se  deve  efectuar  um  eco-­‐doppler  venoso  dos  membros  inferiores?  

O  objectivo  da  avaliação  venosa  por  eco-­‐doppler  é  determinar  a  presença  de  fluxo  vascular  a  nível  das  veias,  e  no  caso  positivo  se  existe  insuficiência  valvular  (fig.  4).  

O  eco-­‐doppler  é  presentemente  o  exame  de  eleição  em  caso  de  suspeita  de  trombose  venosa  profunda.  A  trombose  venosa  profunda  consiste  na  obstrução  parcial  ou  total  de  uma  veia  do  sistema  venoso  profundo  sendo  este  quadro  responsável  por  dor  a  nível  da  perna  com  edema  e  empastamento  da  mesma.  A  avaliação  clínica  por  si  só  falha  o  diagnóstico  em  50%  do  casos.  É   assim   essencial   a   existência   de   um   exame   rápido,   fácil   e   não   invasivo   que   auxilie   no  dignóstico   diferencial   desta   entidade.   Este   exame   é   o   eco-­‐doppler   venoso   dos   membros  inferiores   que   permite   avaliar   com   elevada   sensibilidade   e   especificidade   a   presença   de  trombo   no   interior   do   vaso,   se   o   trombo   é   recente   ou   antigo,   a   extensão   do   mesmo   e  complicações  vasculares  associadas  (refluxo).    

A  outra  grande  indicação  para  efectuar  um  eco-­‐doppler  venoso  é  a  presença  de  varizes  e/  ous  sintomas   de   insuficiência   venosa   crónica   nos   membros   inferiores.   Os   sintomas   da   doença  venosa   são   muito   inespecíficos,   pelo   que   a   realização   exclusiva   de   um   exame   objectivo   é  insuficiente   na   obtenção   de   um   diagnóstico   adequado.   Este   exame   permite   definir   o  mapeamento  venoso,  identificar  se  existem  veias  atingidas  pela  doença,  qual  a  localização  da  doença  e  assim  estabeler  o  plano  de  tratamento  mais  adequado  para  o  doente  em  causa.      

 

Quanto  tempo  demora  a  realização  de  um  eco-­‐doppler  venoso  dos  membros  inferiores?  

O  tempo  de  duração  de  um  eco-­‐doppler  venoso  dos  membros  inferiores  é  variável,  mas  deve  considerar-­‐se  como  intervalo  de  referência    20  a  30  minutos  podendo  variar  de  acordo  com  a  indicação  e  morfotipo  do  doente.  

 

É  necessário  alguma  preparação  especial  para   realizar  um  eco-­‐doppler  venoso  dos  membros  inferiores?    

Como   foi   referido   este   é   um   exame   não   invasivo,   indolor   e   realizado   com   um   aparelho   de  ecografia.  Deste  modo  não  requer  preparação  específica  ou  jejum.  O  doente  deve  trazer  uma  roupa  confortável.  O  exame  é  realizado  idealmente,  com  o  doente  em  pé  e  as  veias  vão  sendo  avaliadas   em   toda   a   extensão  deste   a   virilha   até   ao   tornozelo   e   na   face  posterior   da  perna.  Ocasionalmente  é  requisitado  ao  doente  que  tussa  ou  é  submetido  a  manobras  de  compressão  muscular  a  nível  dos  músculos  da  perna.  

 

 

 

O  que  é  a  escleroterapia?  

A  escleroterapia  ou  secagem  dos  derrames  consiste  na  injecção  de  uma  substância  a  nível  das  veias   inestéticas   (derrames   e   pequenas   varizes)   tendo   por   objectivo   que   o   sangue   deixe   de  passar  através  destes  vasos  (fig.  5).  Assim  estas  veias  deixam  de  se  ver.      

Os   derrames   nas   pernas   são   classificadas   de   acordo   com  o  diâmetro   em  aranhas   vasculares  (telangiectasias)   ou   varizes   reticulares.   As   telangiectasias   são   veias   superficiais   de   pequeno  calibre  (<  1  mm)  geralmente  visíveis  em  aglomerado  nas  faces  externas  e   internas  das  coxas.  As  varizes  reticulares  são  veias  visíveis  azuis,  com  diâmetros  entre  1  e  4  mm  (frequentes  atrás  dos  joelhos)  que  podem  “alimentar”  as  telangiectasias  ou  surgir  isoladamente.    

 

Quanto  tempo  demora  a  realização  a  escleroterapia?  

O   tempo   de   duração   é   variável,   mas   deve   considerar-­‐se   uma   duração   de   cerca   de   20-­‐30  minutos.  

 

É  necessário  alguma  preparação  especial  para  realizar  escleroterapia?    

Antes   de   se   iniciar   o   tratamento   o   doente   deve   ter   sido   avaliado   em   Consulta   de   Cirurgia  Vascular  e  deverá  realizar  um  eco-­‐doppler  venoso  para  excluir  a  presença  de  refluxo  superficial  ou  profundo.  Pois  em  caso  de  varizes  os  tratamentos  de  escleroterapia  poderão  ser  ineficazes  sem  o  tratamento  prévio  da  patologia  venosa.  

O  doente  deve  vir   com   roupa  confortável  e   trazer   consigo  meias  de   contenção  elástica  para  utilizar  após  o  procedimento.  As  meias  deverão  ser  utilizadas  por  um  período  mínimo  de  5-­‐7  dias.  Este  tratamento  é  feito  em  ambulatório,  não  requer  anestesia  e  habitualmente  é  muito  bem  tolerado.    

As  contra-­‐indicações  absolutas  são:  

-­‐Gravidez  e  amamentação.  

-­‐  Imobilização  prolongada.  

-­‐  Isquemia  dos  membros  inferiores.  

-­‐  Alergia  à  subtância  esclerosante.  

-­‐  Estados  de  hipercoagulabilidade.  

 

Quais  os  efeitos  adversos?  

Numa   pequena   percentagem   de   doentes   poderão   surgir   efeitos   adversos   associados   ao  tratamento.  Entre  estes,  os  mais  frequentes  são:  hiperpigmentação,  flebite,  necrose  cutânea,  “mating”   e   muito   raramente   reações   alérgicas.   A   maior   parte   destes   efeitos   é   reversível,  porém   os   doentes   deverão   ser   alertados   para   a   possibilidade   destes   ocorrerem   e   quais   os  métodos  para  os  minimizarem.  

 

Fig.  1:  Insuficiência  valvular.  

 

 

 

 

Fig.  2:  Falso  aneurisma  da  artéria  radial.  

 

 

 

 

 

Fig.  3:  Bifurcação  carotídea  com  placa  no  bulbo  carotídeo.  

 

 

 

Fig.4:  Crossa  da  veia  safena  interna.  

 

Refluxo  valvular.  

 

 

 

 

Fig.  5:  Escleroterapia  de  telangiectasias.