Organizacaoprodagricola2010
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1
Instituto Superior de Agronomia
Secção de Agricultura
1ª edição em 1995edção revista em 2010
Prof. Pedro Aguiar Pint o
A palavra SISTEMA irá ser utilizada com frequência,
porque a utilização deste conceito abstracto é extra-
ordinariamente útil na arrumação de ideias e permiteuma análise eficaz da realidade:
SISTEMA - É uma hierarquia de componentes e
factores, humanos ou materiais, visando determina-
do objectivo. O funcionamento do sistema está
dependente da interligação e interdependência das
suas componentes, formando um todo coerente. (Aze-
vedo et al., 1972).
1.1. Sistemas de exploração da terraUm sistema de exploração da terra pode ser interpre-
tado como o conjunto de culturas e práticas ou
operações culturais característico das explorações
agrícolas, que assume uma forma mais ou menos
homogénea no espaço e no tempo.
O sistema representa portanto, uma forma de apro-
veitamento agrícola, agrupando explorações que,
embora possuam a sua individualidade própria, apre-sentam swemelhanças nas características de distri-
buição dos seus componentes, no tempo e no espa-
ço. A orientação directriz da interacção entre compo-
nentes assume o mesmo padrão de comportamento.
Dentro da disciplina de análise de sistemas, um dos
corolários usados é a permissibilidade de considera-
ção de subsistemas alternativos. Assim, num siste-
ma de exploração da terra podem distinguir-se os
sistemas de produção e os sistemas de cultura,
que interpretam a mesma realidade com ópticas
subtilmente diferentes.
1.1.1. Sistema de produção
Define a importância relativa de cada um dos secto-
res de actividade agrícola na exploração: pecuária,
arvense, florestal, hortícola, etc, bem como a intensi-
dade de emprego de factores externos. Numa pers-pectiva que é frequentemente usada pelos econo-
mistas agrários, o SISTEMA DE PRODUÇÃO repre-
A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃOAGRÍCOLA
1. Conceitos
A Agricultura é uma actividade económica complexa,
interpretada por autores diferentes e com estilos
muito pessoais:
Algumas definições de Agricultura
Tarefa de colocar as plantas cultivadas em condi-
ções ambientais óptimas de modo a conseguir-se o
máximo rendimento em quantidade e qualidade.
(Dihel)
É a arte de extrair do solo pela cultura, e dum modo
mais ou menos permanente, o máximo de produção
com um mínimo de despesas e esforço.(Chevalier)
Actividade económica complexa que visa a produção
de bens, quer explorando a fertilidade do solo através
da vida latente contida no embrião vegetal quer
transformando os produtos vegetais e animais por
intermédio de indústrias anexas.(H. Barros)
É uma actividade do Homem levada a cabo primari-
amente com o intuito de produzir alimentos (directa
ou indirectamente), fibras, combustíveis e outros
materiais, mediante o uso controlado de vegetais e
animais.(Spedding)
A actual conjuntura de preços de bens alimentares,
que adquirem um peso cada vez menor no “cabaz de
compras” dos países mais desenvolvidos, tem con-
duzido a reconhecer explicitamente como funções da
Agricultura, um conjunto de funções que lhe eram
implícitas e que necessitam de maior desenvolvi-
mento e divulgação, como, por exemplo: a conserva-ção do ambiente rural, a ocupação humana do terri-
tório, a propiciação de actividades de lazer, etc.
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senta a combinação de produções e factores no seio
da unidade produtiva ou centro de decisões que é a
empresa, sendo as produções o resultado das
actividades a que o agricultor se dedica ou pretende
dedicar e os factores, os recursos humanos e mate-
riais necessários e de que pode dispor, para conse-
guir obter o resultado económico desejado. Note-se
que, nesta perspectiva, associam-se às considera-
ções de ordem técnica, as implicações económicas
do sistema.
1.1.2. Sistema de cultura
Segundo Hénin e Sebillotte (1962) reflecte a maneira
pela qual os agricultores podem manter ou aumentar
a fertilidade dos seus campos,
• seja fazendo suceder as culturas,
• seja cedendo adubos,
• seja pelo contrário, orientando as produçõespara produtos de fracas exportações.
Estas três estratégias, que não são antagónicas,
podem muitas vezes ser complementares.
1.1.3. Sistema de agricultura
Diz respeito, de acordo com a classificação de Bicanic
(1967), à organização e finalidade económica da
exploração:
Agricultura de subsistência
Agricultura comercial Agricultura empresarial
Agricultura contratual e planeada
1.1.4. Sistema agrário
Numa concepção muito mais alargada, Caldas (1964)
apresenta o SISTEMA AGRÁRIO como o conjunto
de situações de carácter económico e social, enqua-
dradas por uma certa harmonia de normas jurídicas
ou costumes inveterados ou até caracterizados por
uma mentalidade determinada do empresário agrí-
cola ou do trabalhador.
EXEMPLOS:
A agricultura itinerante das zonas tropicais é carac-
terizada por:
um sistema de produção pouco intensivo em capital,recorrendo em exclusivo a mão-de-obra familiar;
Quadro 1. Caracterização de alguns sistemas de exploração da terra (Adaptado de Azevedo et al., 1972).
Sistemas Mobilização do solo Origem da Rotações Grau de
Condiçõesdomin
ambientaisantes
de exploraçãoda terra
Antes da
sementeira
Depois da
sementeirafertilidade frequentes mecanização
das operações
Clima
(Köppen) SoloObservações
Agricultura itinerante (sistemade produçãosem pecuária)
Uma VáriasResíduos da vegetação
expontâneaC ou S-Pn
n ≥ 30Nulo Aw
Vários(laterites)
Queimada para permitir ainstalação das culturas
Agricultura mediterrânica
tradicional de sequeiro
Várias
(Alqueive)
VáriasResíduos do pousio;
fertilização
Alq-C-C-Pn
n≤
10
Mínimo a elevado Csa Vários -------------------------
Ley- fa rmi ng - -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- - -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- -- --Estrumação e
sideraçãoNorfolk ouS-C-L-Pr
Mínimo a elevado Cf Vários -------------------------
Dry-farming Numerosas -------------------------Fertilização e
restolhos (baixos)Alq-C
Alq-Alq-CElevado
BsR < 300 mm
Espessura efectivaelevada com elevada
CAU-------------------------
Stubble-mulch farmingUma ou duas;
reviramento intensoCorte de resíduos
Fertilização e restolhos(altos)
C-LS-C-L
Elevado Bs a CfEspessura efectiva
elevada com elevadaCAU
Emprego de máquinasespeciais: semeadores e
estirpadores
Mobilização mínima Uma ------------------------- Fertilização
S-CS-L
S-C-LS-C-L-C
Elevado Cf a DfBoa estrutura e
drenagemMonda química intensa
No-tillage
(sem mobilização)------------------------- ------------------------- Fertilização S-L Máximo
Cf a Df Boa estrutura e
drenagemMonda química intensa
Agricultura de regadio deVerão mediterrânico
Uma ou duas;reviramento reduzido
Várias FertilizaçãoS-CS-S
S-C-LElevado
Csa a Csb(Verão)
Vários; aluviossolosArvenses de regadio;
hortofruticltura
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um sistema de cultura de sequeiro com pousio eincorporação de resíduos da vegetação espontâ-nea;
um sistema de agricultura primariamente de subsis-tência, ocasionalmente comercial, mas dirigidosobretudo para o autoconsumo;
um sistema agrário de propriedade privada familiarcom predomínio da mulher na gestão da empresa.
O sistema de agricultura de regadio do Campo do
Ribatejo será:
um sistema de produção muito intensivo em capital,recorrendo em larga escala a mão-de-obra assa-lariada;
um sistema de cultura de regadio, muito intensivo,
altamente mecanizado e incorporando grandesquantidades de nutrientes, sob a forma quase ex-clusiva de adubos químicos;
um sistema de agricultura empresarial ou contratuale planeado;
um sistema agrário de propriedade privada e empre-sa patronal.
(Azevedo et al., 1972)
2. O estudo da exploração agrícola
Na actividade quotidiana de uma exploração agríco-
la, surgem situações que ora exigem uma solução de
ordem técnica ora de ordem económica, ou um
compromisso entre ambas.
Os problemas de ordem técnica enquadram aspec-
tos relacionados com o funcionamento da explora-
ção que podem ser analisados sem interferir com a
combinação de meios de produção e, portanto com
o sistema de produção.
EXEMPLOS:
- Escolha de uma formulação de adubação, aten-dendo às exigências da cultura;
- Determinação da dotação e intervalo de regamais adequado para as condições climáticas,o solo, a cultura e a fase do ciclo cultural.
- Tipo de preparação do solo mais adequada àssuas características físicas, teor de humidadeactual e previsível e cultura a instalar, etc.
Os problemas de ordem económica relacionam-se
com a quantificação dos meios de produção tendo
em vista a obtenção do objectivo económico do
empresário, quer este seja a efectividade do custo, a
relação custo - preço, a relação custo - lucro ou
eficiência do custo.
A gestão de uma empresa agrícola envolve ainda, a
consideração de duas perspectivas diferentes, mas
obrigatoriamente complementares (Black, 1947):
- a organização da empresa agrícola, isto é, aestrutura e componentes da empresa; (do lat.orgänu - órgão).
- as operações, isto é, o exercício ou funciona-mento dos componentes; (do lat. operatiõne -acção de trabalhar).
O estudo da organização da empresa pode partir de
uma análise sistemática das condições de produ-
ção, visando responder a perguntas como:
- O que produzir? Culturas, animais, combina-ções de culturas e animais.
- Quando produzir? Outono - Inverno ou Prima-vera - Verão? Sementeira precoce ou tardia?
- O que produzir em cada folha da exploração?
Unidades de produção. Afolhamento. Rota-ção.
- Natureza da energia a utilizar? Tipo de tracção.Potência necessária.
- Operações culturais a realizar? Justificação.Objectivo. Alternativas.
- Como se efectuam as operações? Material autilizar. Características. Alternativas. Carac-terísticas da operação. Diferibilidade
- Quantidade de factores a utilizar? Curvas deprodução. Eficiência de uso.
- Unidades produtoras a utilizar? Biótipos. Cul-tivar ou raça.
- Quando como e onde vender? Característicasde conservação do produto. Evolução sazo-nal dos preços de mercado.
Uma vez definida a organização da exploração, o
empresário tem que decidir constantemente sobre omodo de funcionamento dos diferentes órgãos ou
constituintes da empresa. São as decisões
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AmbientefísicoAmbienteculturalAmbienteeconómicoAmbientesocial
Padrõesou
referências
DEFINIROBJECTIVOSOU
ACÇÕES
DEFINIRECARACTERIZAROS
MEIOS
COMBINARECOORDENAROS
MEIOS
RECTIFICARAUTILIZAÇÃODOS
MEIOS
Ordenamentonoespaçoenotempo
Controlo
ProgramaEstratégia
Soluções
alternativasMODELO
Projecto
Execuçãodoprojecto
Empresário
Directordeempresa
hefedeculturas
Capataz I n
t e r v e n
ç ã o n o
p l a
n e a m
e n t o
d a s
o p e
r a ç õ
e s
0 % 100
Operárionãoespecializado
Agriculturacontratualeplaneada
Agriculturaempresarial
Agriculturacomercial
Agriculturadesubsistência
Q u o t a
- p a r t e
d o p l a
n e a m e
n t o d e
o p e r a
ç õ e s p o
r m é t o
d o s e s c
r i t o s
0 % 100
operacionais, que têm características eminente-
mente dinâmicas. Para que a sequência de decisões
tenha lógica e portanto, consiga assegurar o bom
funcionamento da estrutura, é necessário que as
operações sejam planeadas, isto é, que os objecti-
vos sejam ordenados no tempo, que os meios neces-
sários sejam previstos e estejam disponíveis para
serem utilizados quando a operação se realize.
O estudo da exploração agrícola visa geralmente
dois objectivos:
Análise - Quando incide sobre explorações existen-
tes, caracterizando a sua estrutura e modo de funci-
onamento, avaliando o seu potencial e permitindo a
detecção de deficiências, estrangulamentos ou “pon-
tos fracos”.
Planeamento - Quando procura estruturar novas
explorações ou promover a remodelação das explo-rações existentes.
Na empresa agrícola, as diferentes
actividades são simultaneamente
complementares, porque em con-
junto conseguem melhor a
optimização do uso dos factores
disponíveis e a maximização do
Figura 2.2. Importância e intervenientes noplaneamento das explorações agrícolas.
resultado final ou minimização do risco, e
concorrentes porque consomem facto-
res de produção, devendo portanto ser
analisada a sua eficiência comparativa no
Figura 2.1. Fases do planeamento de operações num sistema deexploração da terra.
emprego de tais factores, de modo a ser possível
definir qual a melhor combinação de actividades
elementares, do ponto de vista técnico e económico.
A definição de actividade, ou unidade elementar
(Barros, 1964) pressupõe a correspondência com
uma produção ou conjunto de produções rigorosa-
mente definidas no que respeita à época, qualidade,
quantidade e preço, bem como entre a produção e o
conjunto de factores nela aplicados.
3. Sistemas de cultura
Recorde-se que a definição de sistema de cultura de
Hénin e Sebillotte (1962) sugere que as maneiras
pela qual os agricultores podem manter ou aumentar
a fertilidade dos seus campos são:
• fazendo suceder as culturas,
• cedendo adubos,
• orientando as produções para produtos defracas exportações.
O problema da manutenção da fertilidade é, para o
agricultor um compromisso entre duas perspectivas
diferentes (Sébillotte, 1966):
- A curto prazo: como obter a máxima produção da
terra de que dispõe.
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de cereais, conduz a uma diminuição de rendimen-
tos. Esta diminuição é tanto mais marcada, quanto
maior a distância que separa a produção do período
de pousio. Por outro lado, uma adubação mineral,
reduz esta diminuição, sem contudo a conseguir
eliminar. Algumas culturas antecedendo outras,
produzem um efeito de recuperação, semelhante ao
conseguido pelo pousio.
3.1. Sequência de culturas
3.1.1. Efeitos de uma cultura sobre a que selhe segue. Precedente cultural.
O quadro 3. sugere que a beterraba sacarina tem um
efeito sobre a produção de trigo semelhante ao
pousio. É um bom precedente cultural do trigo.
O exemplo da cultura do milho, em Madison (Ohio)
(Quadro 4.), permite-nos estender as conclusões
sobre os efeitos da monocultura e dos precedentes
culturais. Assim, parecem evidentes as seguintes
conclusões:
- A cultura continuada da mesma espécie
(monocultura) conduz geralmente à diminuição da
produtividade, mas há diferenças no comportamentodas várias espécies cultivadas.
- No caso do trigo, uma única interrupção, pousio em
Rothamstead ou cultura sachada em Grignon, é
suficiente para recuperar dramaticamente o rendi-
mento. Todavia, este efeito de recuperação desapa-
rece rapidamente (quatro anos após a interrupção,
em Rothamstead, a produtividade do trigo era prati-
Média 1852-1925
(74 anos)Média 1935-1954 (20 anos)
TRATAMENTOS Monocultura contínua 1.º ano após pousio 4.º ano após pousio(kg.ha-1) (kg.ha-1) (kg.ha-1)
Testemunha sem
adubação1000 2000 1100
14 t/ha de estrume porano
2450 3200 2450
Adubação mineral
completa2500 3150 2500
Adubação
mineralPrecedente
Rendimento em
grão (kg. ha-1)
N P K
40 100 100 3160
60 100 100 Trigo desde 1900 3440
80 100 100 3330
100 100 100 3550
100 100 100 Beterraba-sacarina 4880
100 100 100 Pousio 4770
TRATAMENTOSRendimento em
hl.ha-1
1946 a 1952 1953 a 1957 1946 a 1957
A: Monocultura de milho sem N 40.7 39.2 40.1
B: Monocultura de milho com 112 N 49.9 55.6 52.2
C: Monocultura de milho com 112 N
(Melhor solo)60.7 64.5 62.3
O: Milho-Soja-Trigo-Forragem anual 77.0 77.1 77.0
Quadro 2. Monocultura do trigo em Rothamstead desde 1839.(Adaptado de Duthil (1973). Dados originais de Lawes e Gilbert.)
Quadro 3. Monocultura do trigo em Grignon desde 1900 (Ensaio deBerthault). (Adaptado de Duthil (1973). Dados originais de Péquignote Récamier em 1960.). Menor diferença significativa: 410 kg
- A longo prazo: como restaurar a fertilidade da terra,
“esgotada” pelas culturas precedentes.
Durante muito tempo a alternância entre cultura e
pousio, parecia ser a única resposta às duas ques-
tões. O agricultor teria que ter sempre, pelo menos,
o dobro da área que era efectivamente cultivada
anualmente: uma metade incluía as folhas que
estavam em produção e a outra agrupava as terras
que em ciclo de restauração da fertilidade. O apare-
cimento dos adubos, no século passado, e o empre-
go generalizado de estrumes nas culturas sachadas,
no século passado, permitiram substituir com vanta-
gens nítidas, a alternância cultura-pousio.
Mas será mesmo necessário fazer alternar as cultu-
ras sobre um mesmo terreno? Não se poderá optar
pela monocultura que simplificaria muito, toda a
gestão da empresa agrícola?
Vários ensaios de longa duração, como os
exemplificados nos quadros 2 e 3, respectivamente
em Rothamstead (Reino Unido) e Grignon (França),
evidenciam que a monocultura, nomeadamente a
Quadro 4. Comparação dos rendimento do milho em monocultura eem rotação em Madison (OHIO). (Adaptado de Duthil (1972))-Todas as parcelas receberam 336 kg de 0.12.12 . ha-1.ano-1.- A e B têm o mesmo tipo de solo.
- C é um solo melhor e com maior capacidade de retenção. O milho no Ohio é cultivado na estaçãohúmida.- O: representa a média obtida nos dif erentes tipos de solos.- B e C : Os resíduos de colheita (restolhos) são enterrados e ocasionalmente foi semeado um azevémde Inverno. (Lollium sp.)
As medidas de capacidade eram frequentemente usadas no comércio de sementes de cereais e deoutros grãos. De modo a converter para massa, a grandeza mais correctamente utilizada, énecessário conhecer a massa específica do grão de milho. É variável com o tamanho e forma do grãoe com o teor de água, oscilando entre 680 e 720 kg.m-3. Assim, o máximo rendimento obtido nesteensaio (77 hl.ha-1 )equivale a uma produção entre 5236 e 5544 kg.ha-1)
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Quadro 5. Ordenação do valor de vários precedentes culturais dotrigo, beterraba sacarina e colza. (Adaptado de Duthil, 1972).
camente idêntica à obtida em monocultura).
- No caso do milho, os resultados obtidos com a
rotação de culturas são igualmente superiores aos
conseguidos em monocultura. Mas a fertilização
(uma das alternativas enunciadas por Sébillote na
definição de sistema de cultura) e a natureza do solo
exercem uma influência determinante. O caso do
milho é, um exemplo relativamente complexo. Há
vários exemplos, em muitas regiões produtoras do
mundo, em que não se verificaram reduções de
produtividade, em situação de monocultura prolon-
gada de milho.
3.1.2. Alternância de culturas. Período derecorrência3.1.2.1. Culturas melhoradoras
São culturas que deixam o solo em melhores condi-
ções do que aquelas que encontraram. Uma vez que
as condições de solo que melhor satisfazem os
requisitos de uma cultura são variáveis com a cultu-
ra, este conceito não é generalizável, isto é, não há
uma cultura que possa ser sempre considerada
como melhoradora, tudo dependendo da cultura emquestão e da cultura que se lhe segue.
Precedente cultural TrigoBeterrabasacarina
Colza
Aveia 6 2
Batata 1 1 1
Beterraba-sacarina 2 7
Cevada 6 5 2
Colza 3
Ervilha - 3
Fava -
Leguminosa (excepto luzerna) 2
Luzerna 4 3
Pastagem 2
Pousio 5
Trigo 5 4 4
3.1.2.2. Culturas esgotantes
Com o mesmo tipo de restrições à sua generaliza-
ção, uma cultura esgotante, deixa o solo em piores
condições de fertilidade, comparativamente com as
condições pré-existentes.
3.1.2.3. Culturas liquidadorasEm alguns casos, o “excesso” de fertilidade residual,
consequência de uma determinada sequência de
culturas pode ser removido por uma cultura
liquidadora que repõe a fertilidade ao nível inicial.
Pressupõe-se uma cultura que apenas utilizará a
fertilidade existente no solo, não requerendo aduba-
ções.
3.1.2.4. Culturas sufocantes
Tipicamente são culturas de rápido crescimento ini-
cial, cobrindo rápida completamente o solo, pelo que
“derrotam” as infestantes na competição inicial, “su-
focando-as”. De notar o seu interesse no controlo de
infestantes, sem recurso a herbicidas.
3.1.2.5. Consociação de culturas
Cultura de duas ou mais espécies diferentes em
simultâneo. A diversidade procurada pela utilização
de sequências de culturas, é parcialmente conseguidanas consociações. Levantam, contudo, graves pro-
blemas à mecanização das operações, pelo que a
sua utilização é praticamente restrita às forragens e
prados e a alguns outros casos isolados.
3.1.2.6. Culturas intercalares ou furtivas
A finalidade destas culturas é a maximização da
utilização da terra, preenchendo os períodos deso-
cupados as culturas principais. Dadas as caracterís-
ticas do nosso clima, estes períodos de desocupa-
ção são relativamente pequenos, excepto quando a
uma cultura de Outono - Inverno se segue uma
cultura de Primavera - Verão. Neste caso, o tempo
em que a terra se encontra desocupada, pode ir de
Julho a Maio do ano seguinte. Uma vez que é dada
prioridade à cultura principal (de Primavera), a cultu-
ra intercalar ou furtiva está sujeita a não completar o
seu ciclo vegetativo, pelo que é normalmente uma
cultura forrageira.
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3.1.2.7. Culturas encadeadas
São culturas que, numa sequência cultural estão
parcialmente sobrepostas, isto é, ainda a primeira
não completou completamente o seu ciclo cultural e
já a segunda cultura é instalada. O objectivo princi-
pal é também o de conseguir optimizar a utilizaçãotemporal da terra. Exemplo: a cultura do azevém
seguindo a cultura do milho no Noroeste.
3.1.2.8. Culturas de protecção
Destinam-se prioritariamente aservir de cobertura
de protecção ao solo, quando o risco de degradação
é acentuado, em consequência da incidência parti-
cularmente grave de fenómenos erosivos (erosão
hídrica ou eólica).
3.1.2.9. Culturas para siderar. Siderações. Adubosverdes.
Praticadas com o objectivo de produzir biomassa
que será incorporada no solo no final do ciclo cultural,
visando melhorar o teor de matéria orgânica.
3.1.2.10. Pousios e alqueives.
Enquanto o pousio se refere ao tempo durante o qual
a terra não é ocupada por nenhuma cultura, o alquei-
ve é um pousio durante o qual a terra é mobilizada,
com o objectivo principal de combater as infestantes.
3.1.2.11. Período de recorrência. Máximo derepetições
É o mínimo período que decorre entre duas culturas
da mesma espécie numa rotação. Parte-se do
CulturaMáximo de
repetições
Período de
recorrência
Beterraba 1/3 3
Batata 1/3 3Milho 1 1
Trigo 1/2 2
Cevada 1/2 2
Aveia 1/2 2
Colza 1/6 6
Luzerna 3/9 6
Ervilha 1/4 4
Linho 1/6 6
Quadro 6. Período de recorrência e número máximo de repetições(Adaptado de Duthil,1973). Quadro 7. Coeficientes de agravamento dos tempos de viragem
segundo a forma da parcela (Coelho, 1993).
princípio que a utilização de uma cultura com uma
periodicidade inferior ao período de recorrência con-
duz a efeitos negativos sobre o rendimento. Pode
ser igualmente visto (para culturas anuais) como o
denominador do n.º máximo de repetições de uma
mesma cultura a efectuar numa dada sequência
cultural. (Quadro 2.6)
3.2. Afolhamentos: Compartimentaçãoespacial da exploração agrícola
A terminologia francesa atribui ao termo “assolement”
um significado mais lato do que aquele que é, geral-
mente considerado no nosso país. O “assolement”
está associado à distribuição de unidades de produ-
ção e culturas pela exploração agrícola, sem consi-derar obrigatoriamente uma associação dos concei-
tos de afolhamento (divisão espacial) e rotação
(divisão temporal). Em português, “afolhamento”
tem a sua raíz etimológica na “folha”, que significa
uma parcela de terra, tratada homogeneamente, isto
é, recebendo uma cultura sujeita a técnicas culturais
condicionadas pela cultura e pelas características
específicas da parcela. O afolhamento é, muitasvezes, condicionado pela presença de limites físicos
impostos à compartimentação da exploração agríco-
la (caminhos e estradas, muros e sebes vivas pré-
existentes, linhas de água, características topográfi-
cas específicas, etc.). Numa situação ideal, o núme-
ro de folhas corresponde à duração da rotação
empregue na unidade de produção, a área das
folhas tenderá a ser equivalente e a sua forma
deverá ser tão regular (poligonal) quanto possível.
3.2.1. A forma das folhas
Na realidade, a formas das folhas, quando condicio-
nadas por limites ou barreiras físicas pré-existentes
é extremamente variável, podendo ter uma influên-
cia desfavorável na mecanização das operações
agrícolas.
FORMA
COEFICIENTE 1.00 1.41 1.55 1.661.411.661.55
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Como a maior parte das operações agrícolas meca-
nizadas são lineares, a forma rectangular é a mais
eficiente, já que para uma área igual reduz o tempo
total necessário para as viragens nas cabeceiras.
Coelho (1993) tomou para base de referência o
número de viragens que é necessário realizar numa
parcela de forma quadrangular e estudou os traça-
dos de trabalho teóricos que permitem minimizar o
número de viragens em parcelas de diferentes for-
mas e com a mesma área do quadrado de base,
tendo calculado os quocientes entre o número de
viragens na forma em estudo e o número de viragens
na forma de referência, que constituem, coeficientes
de agravamento do tempo de viragem em função daforma da parcela (Quadro 2.7). Segundo esta aná-
lise, a influência da forma da parcela sobre o tempo
de tarefa faz-se sentir sobretudo nos casos com
vértices pronunciados e numerosos como, por exem-
plo, em parcelas triangulares e pentagonais (Figura
2.4). O efeito é tanto mais pronunciado quanto menor
a superfície da parcela. Esta relação resulta do facto
de quanto menor for a parcela, maior é a importânciado tempo de viragem no tempo de tarefa, sendo este
último, por isso, mais afectado pela variação da
forma.
3.2.2. Número e dimensão das folhas
O número e dimensão das folhas deveria ser condi-
cionado pela ocupação cultural que o agricultor dá à
sua exploração agrícola, isto é, dentro de cada
unidade de produção, o número de folhas deveriaestar associado à rotação preconizada. Contudo,
muitas vezes, nas situações concretas, há que adap-
tar o afolhamento à organização espacial específica
de cada exploração.
3.2.2.1. Fragmentação da superfície da exploraçãoagrícola
A fragmentação da propriedadade agrícola é, um
processo espacial que encerra elementos visíveis,tais como a distribuição dos campos, das cercas e
dos muros, e elementos invisíveis, tais como a estru-
tura das explorações agrícolas - os conjuntos de
campos possuídos ou trabalhados por um agricultor
individual num dado momento. A fragmentação da
terra agrícola é, também, muitas vezes, uma respos-
ta racional dos agricultores às heterogeneidades e
incertezas do ambiente natural, económico e social
em que operam (Coelho, 1993).
A intensidade da fragmentação é, vulgarmente, as-
sociada à idade dos sistemas agrários, sendo o
fenómeno, de acordo com o censo mundial da agri-
cultura de 1970, mais acentuado na Europa, com um
número médio de 6.2 parcelas por exploração, do
que nos outros continentes (FAO, 1981), em conse-
quência da antiguidade dos sistemas agrários, da
pressão demográfica e dos regimes de transmissão
por herança. A fragmentação da terra e das explo-
rações agrícolas tem efeitos importantes ao nível da
organização do trabalho, da produtividade e da eco-
nomia das explorações agrícolas.
O termo fragmentação é usado, indiferentemente
em dois sentidos distintos, quer para descrever situ-
ações em que a divisão da propriedade agrícola
origina unidades tão pequenas que dificultam ou
impedem uma exploração racional das mesmasquer
referindo-se a uma situação em que a propriedade
individual se encontra dividida em muitas parcelas
não contíguas.
3.2.2.2. Emparcelamento
Emparcelamento, é o nome dado ao instrumento
político utilizado para resolver problemas de organi-
zação espacial das explorações, é pois, essencial-mente, uma acção de resolução de problemas espa-
ciais (Coelho, 1993). Já no século IV A.C. um sábio
0 2 4 6 8 10
rectangular
quadrangular
hexagonal
circular
trapezoidal
pentagonal
triangular
F o r m a d a p a r c e l a
Tempo de tarefa ( horas/ha)
0.5 h1.0 h
Figura 3. Evolução do tempo de tarefa com a variação da forma daparcela, para parcelas de diferentes áreas.
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chinês, de nome Mercuis, propôs a divisão lógica da
terra agrícola em unidades quadrangulares e suge-
riu que pequenas aldeias fossem compostas de nove
dessas unidades. A lógica desta operação tornou-a
num sistema muito divulgado na China (King e Burton,
1982).
O emparcelamento adquire maior importância nas
sociedades com um largo passado agrário e mais
desenvolvidas, devido, em primeiro lugar, à
agudização do problema da fragmentação, particu-
larmente naquelas em que o regime de heranças em
partes iguais é mais antigo, e, em segundo lugar, ao
elevado custo económico desta política. Países
europeus de economias desenvolvidas, como a Su-
écia, a Dinamarca, a Alemanha, a França e a Suíça
têm vindo a emparcelar as suas terras desde há
década. Na Alemanha, por exemplo, desde 1942
que se vem seguindo um programa activo de empar-
celamento da propriedade fragmentada; por volta
dos anos 60, durante o pico de actividade, cerca de
metade do orçamento do ministério da agricultura
era devotado a esta política (King, 1977). O proble-ma da fragmentação permanece hoje preocupante
na Europa do Sul, em países como Portugal, Espanha,
Grécia e Turquia (Coelho, 1993).
Fragmentação e emparcelamento são, essencial-
mente, processos de rearranjo do espaço. Enquanto
que as reformas agrárias, no sentido redistributivo,
são aplicadas às estruturas agrárias que estão su-
postamente mal organizadas, no que respeita àposse de terra e à dimensão da propriedade, o
emparcelamento preocupa-se com explorações que
estão deficientemente organizadas, no que diz res-
peito à localização e à forma, ou seja, que têm uma
organização espacial deficiente. A FAO define em-
parcelamento rural como a medida ‘’para criar ou
promover a criação de explorações agrícolas indivi-
duais com dimensão, estrutura, capital e gestão
adequadas ’’ , englobando simultaneamente o alar-
gamento de explorações economicamente inviáveis
e o agrupamento ou concentração das parcelas de
uma dada exploração. Esta definição transporta tam-
bém, alguma carga ideológica no que se refere ao
estatuto de posse da terra (Coelho, 1983).
Actualmente, o conceito de emparcelamento tem um
significado muito amplo, sendo entendido como um
instrumento privilegiado para promover o desenvol-
vimento global em meios rurais. Neste sentido, a
reorganização espacial visa não só o desenvolvi-
mento do sector agrícola mas também o dos restan-
tes sectores da economia regional.
3.3. Rotações
Embora os Romanos conhecessem os efeitos bené-
ficos de certas culturas (fava, ervilha e tremoço,
entre outras Leguminosas) sobre a cultura cerealífera
dominante, na Europa medieval, a cultura cerealífera
só era possível quando intercalada com períodos de
pousio de duração variável consoante as condições
do meio. Apenas no século XVIII, foram introduzidas
importantes inovações tecnológicas que estão na
origem da Agricultura actual. Assim, a introdução
por Jethro Tull (Inglaterra) da sementeira em linhas,
por oposição à sementeira a lanço, possibilitou a
utilização da sacha com tracção animal, o que se
demonstrou determinante no controle mecâncio (o
único possível, à época) das infestantes. Propunha
também, uma preparação cuidada e fina do solo, na
convicção errada de que as raízes das plantas eram
capazes de ingerir partículas de solo. Por razões
erradas, a maior intensidade e cuidado colocados na
preparação do solo foram benéficos, incentivando,
também, posteriores inovações tecnológicas. Se-
guiu-se-lhe o Visconde Townshend of Rainham, no
condado de Norfolk que, mais tarde ficou conhecido
por Turnip (Nabo) Townshend que divulgou o esque-
ma cultural conhecido por rotação quadrienal (four-
course rotation ) de Norfolk (Spedding, 1983). Nesta
sequência, o trigo habitual (C) era sucedido por umacultura de raíz tuberosa (geralmente nabo) semeada
em linhas e sachada (S), que por sua vez era
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Milho Trigo
FavaCevada Milho
Trigo Fava
Cevada
MilhoTrigo
Fava CevadaMilho
TrigoFava
Cevada
t = 1 t = 2
t = 4 t = 3
Figura 4. Representação gráfica de uma rotação quadrienal, tipoNorfolk.
sucedida por cevada (C) e esta por trevo encarnado
(L) combinado com azevém.
A necessidade de fazer suceder culturas de modo
regular, dá origem ao conceito de rotação. Assim,
uma rotação é uma sequência ordenada de culturas,
durante um determinado período de tempo, findo o
qual, as culturas se sucedem na mesma ordem.
3.3.1. Unidade de produção
Representa um sub-sector produtivo dentro da ex-
ploração agrícola, que ocupa uma determinada frac-
ção da área total. Assim, podemos ter a unidade de
produção florestal, hortícola, pecuária, arvense de
sequeiro, arvense de regadio, etc. Porque é uma
unidade, pressupõe-se a existência de característi-
cas semelhantes. É vulgar encontrarmos explora-
ções com diferentes unidades de produção e, mes-
mo dentro das unidades de produção de culturas
arvenses, há muitas vezes, razões que aconselham
a uma organização que se baseie em mais do que
uma unidade de produção. Assim, a possibilidade
limitada de água para irrigação, aconselha à criação
de uma unidade de produção de regadio e de uma
unidade de produção de sequeiro; características
muito distintas no que respeita a potencial produtivo
do solo, (textura, declive, etc.) podem conduzir a
uma opção por duas unidades de produção sujeitas
a graus de intensificação cultural diferentes e,
Quadro 8. Representação esquemática de uma rotação quadrienal,tipo Norfolk.
1.º ano 2.º ano 3.º ano 4.º ano
Folha 1 Milho Trigo Fava Cevada
Folha 2 Trigo Fava Cevada Milho
Folha 3 Fava Cevada Milho Trigo
Folha 4 Cevada Milho Trigo Fava
consequentemente a rotações de diferente duração
e composição. Na Tapada da Ajuda existem duas
unidades de produção arvense: a unidade de produ-
ção de regadio (R) sujeita a uma rotação quadrienal
que abrange a quase totalidade da Terra Grande e
uma unidade de produção de sequeiro (S) submetida
a uma rotação quinquenal, que inclui o Almotivo e a
Eira Velha. A disponibilidade de água na Terra
Grande e um solo com maior potencial produtivo
estabelecem o critério para esta difernciação. Cada
unidade de produção submetida a rotação de cultu-
ras (porque há unidades de produção, como, por
exemplo, a vinha e os pomares, não sujeitas a
rotação) tem um afolhamento correspondente. Da-
qui a necessidade de fazer a distinção entre o
afolhamento, no sentido estrito (dentro da unidade
de produção) do assolement francês, que é melhor
descrito pelo conceito de ocupação cultural.
3.2. Representação simbólica e gráfica dasrotações. Sua classificação
As rotações podem ser representadas simbolica-
mente de acordo com uma classificação funcionaldas culturas. Assim, a rotação exemplificada acima
pode ser representada simbolicamente:
S-C-L-C
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2.3.3.3. Rotação-tipo
2.3.3.4. Regras para a implantação de rotações2.3.3.4.1. Definição de objectivos
De modo a compreendermos melhor os critérios a
utilizar na escolha de uma rotação devemos ter
presente os objectivos que se pretendem alcançar
com a prática da rotação de culturas:
2.3.3.4.1.1. Manutenção da fertilidade dos solos.
Introdução de leguminosas e/ou de culturas que
deixem uma quantidade apreciável de resíduos;
outro aspecto não menos importante está ligado com
a optimização da gestão dos nutrientes ao longo do
perfil. Culturas com sistemas radicais de geometria
diferente e explorando diferentes volumes de solo,
quando em sucessão numa rotação asseguram a
melhor utilização potencial dos fertilizantes aplica-
dos que se distribuem de modo diferencial ao longo
do perfil.2.3.3.4.1.2. Manutenção e/ou melhoria da arabilidade dossolos
Características físicas (estrutura, drenagem interna)2.3.3.4.1.3. Protecção contra a erosão
Maximização da fracção de tempo em que o solo
está protegido por um coberto vegetal.
2.3.3.4.1.4. Promoção de técnicas de protecção integrada:
A descontinuidade criada pela sucessão de culturas
com características diferentes (morfológicas, anató-
micas e fisiológicas) impede a especialização de
qualquer grupo particular de competidores ou para-
sitas. Por exemplo, plantas que apresentem diferen-
te organização espacial da parte aérea (porte, rami-
ficações e folhas) que se sucedam na rotação, mos-
tram competitividades diferentes em relação às po-
pulações de infestantes, pelo que, não favorecerão
o desenvolvimento diferencial de nenhuma espécie.
O mesmo tipo de raciocínio pode ser aplicado a
pragas e doenças criptogâmicas em relação às quais
duas culturas de espécies diferentes apresentarão
susceptibilidades diferentes.
2.3.3.4.1.5. Optimização no tempo dos recursos da explora-ção
Recursos fixos, como mão-de-obra permanente, trac-
tores e alfaias, em alguns casos a água (caudais de
rega disponíveis) podem ser utilizados mais eficien-
temente se a sua utilização for distribuída ao longo
do ano, o que se consegue mais facilmente empre-
gando espécies de ciclos culturais diferentes e,
consequentemente, mobilizando diferencialmente
esse tipo de recursos. Ex: dois cereais numa mesma
rotação podem ou não, dependendo das respectivas
precocidades, exigir as mesmas operações em con-
tínuo ou em simultaneidade.
2.3.3.4.1.6. Optimização das receitas de tesouraria ao longodo ano:
Produção de leite, hortícolas, Culturas de Outono -
Inverno e de Primavera - Verão, etc. (Recurso ao
crédito de campanha).2.3.3.4.1.7. Diminuição do risco
Ligado a acidentes climatéricos ou de mercado. A
multiplicidade das produções associada às rota-
ções, dilui o risco associado à variabilidade climática
ou às oscilações de mercado.2.3.3.4.2. Condicionantes da escolha de um sistema deculturas
A concretização de qualquer destes objectivos, de-
pendendo da sua aplicabilidade a cada situação
concreta, determina um conjunto de normas a que a
rotação deve obedecer.
O processo de definição de uma rotação normalmen-
te começa pela escolha de uma cultura que, quer
pelo seu particular interesse económico, quer pela
intensificação cultural a que obriga, tem uma posição
Figura 2.5. Representação esquemática do crescimento daincidência de doenças em monocultura,
Cultivar comnova resistência
Epidemia
Maiordificuldade de
controlo
A frequência
aumenta
Maiorintensidade de
tratamento
Aumento daquantidadede inóculo
Monocultura Doença
Novo tipo devirulência
Aumento dos problemasfitossanitários em monocultura
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predominante no conjunto de culturas da rotação,
sendo por isso designada por cabeça de rotação. A
escolha desta cultura é determinante na definição
das culturas que a seguem e precedem na sequên-
cia temporal, pelo que se deve empregar a máxima
ponderação na decisão a tomar.
3.3.4.2.1. Condições edafo-climáticas.3.3.4.2.1.1. Temperatura.
O primeiro passo deste processo de análise de
alternativas passa pela caracterização do ambiente
físico da exploração, de modo a avaliar as
potencialidades de produção e a proceder ao levan-
tamento das eventuais limitações existentes. Em
ordem sequencial e decrescente de limitação são os
seguintes os principais factores limitantes:
No nosso país está particularmente associada à
orografia e, no caso das culturas de Primavera -
Verão pode ser limitante da duração da época cultu-
ral para culturas sub - tropicais. Ex: Arroz tem como
fronteira setentrional o Vale do Vouga. Situações
microclimáticas particulares devem ser tomadas em
consideração, quer para delas tirar proveito, quer
para obviar situações de risco elevado. Estão no
primeiro caso situações em que se pode tirar partido
de um microclima privilegiado (moderação climática,
ou exposição favorável) proporcionando a obtenção
de colheitas antecipadas e, por conseguinte melhor
remuneradas (Ex: batata - primor no Oeste, tomate
para consumo vs. tomate industrial, etc..). Estão no
segundo caso todas as situações que proporcionem,
devido às suas peculiaridades microclimáticas umamaior frequência de geadas ou a extensão do perí-
odo de geadas, aumentando por conseguinte, o risco
associado a certas culturas sensíveis.3.3.4.2.1.2. Declive.
Pelas dificuldades impostas à mecanização, bem
como pelos elevados riscos de erosão a que os
declives acentuados estão associados na ausência
de processos extremamente dispendiosos de pro-
tecção é um factor que muito frequentemente limita
as potencialidades produtivas de uma região. Os
declives acentuados estão sempre associados a
solos delgados, exactamente por acção continuada
da erosão, pelo que a sua aptidão agrícola é muito
limitada ou mesmo nula, sugerindo-se outras utiliza-
ções nomeadamente florestal e ou silvo-pastoril.
(Classes de declive).3.3.4.2.1.3. Pedregosidade.3.3.4.2.1.4. Espessura efectiva do solo.
Para além das situações em que a rocha-mãe se
encontra muito perto da superfície há condições em
que, embora aparentemente não pareça haver limi-
tações na espessura do solo, a espessura efectiva-
mente explorável pelas raízes é reduzida, em virtude
da presença de certos depósitos minerais que imper-
meabilizam o horizonte iluvial, ou a presença de uma
toalha freática superficial impede, pelo menos du-
rante uma parte do ano, o desenvolvimento dos
sistemas radicais em toda a espessura do solo.
(Drenagem)3.3.4.2.1.5. Def iciência de água
A Agricultura sem recurso à irrigação é, no nosso
país denominada de sequeiro, por oposição à Agri-
cultura de regadio. Noutras condições climáticas, aregularidade e quantidade das precipitações permite
fazer Agricultura sem irrigação e com pequenas
limitações de água. (Climas marítimos, Climas con-
tinentais com precipitações regulares na estação
quente, climas tropicais com estação quente e húmi-
da, regimes monsónicos, etc.). Particularmente, no
caso dos climas mediterrânicos e noutros tipos cli-
máticos em que a estação quente coincide com a
estação seca, ou em climas desérticos, em que a
quantidade de precipitação é sempre reduzida, inde-
pendentemente da época do ano em que ocorre, o
solo tem uma importância determinante na econo-
mia da água. Assim, em função das suas caracterís-
ticas físicas (particularmente a capacidade de reten-
ção para a água, asssociada à microporosidade -
textura e estrutura ), bem como do volume de solo
exploràvel se define a Capacidade Utilizável (C. A.
U.) que determina o sucesso ou insucesso da Agri-
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cultura de sequeiro. A sua importância, embora não
tão determinantemente, faz-se também sentir na
Agricultura de regadio, reflectindo-se, sobretudo na
maior ou menor facilidade na gestão da água.3.3.4.2.1.6. Disponibilidades de água para irrigação
Dadas as características climáticas da generalidadedo nosso País, a alimentação em água das culturas,
particularmente das culturas de Primavera - Verão
faz-se recorrendo a água armazenada no solo, ou a
água precipitada anteriormente e armazenada quer
superficialmente (charcas, albufeiras) quer em pro-
fundidade (poços, furos) ou ainda a água precipitada
noutras regiões (rios, ribeiros e barragens de gran-
des dimensões). Em função da quantidade e emalguns casos da qualidade ou preço da água dispo-
nível este factor pode ser ou não fortemente restritivo
das opções a tomar. (Adaptação ao regadio).3.3.4.2.1.7. Características químicas, físicas e biológicas doperfil cultural
Particularmente a arabilidade, i.e., a facilidade com
que é trabalhado, o pH, a presença de sais em
elevadas concentrações (salinidade) e noutros ca-
sos menos comuns, a presença de elementos tóxi-cos (caso de solos derivados de rochas com metais
pesados na sua composição - serpentinites) podem
por em risco a viabilidade de certas culturas, embora,
a maior parte das situações possa ser corrigida.
(Critério económico).3.3.4.2.2. Considerações gerais
Estas considerações aplicam-se à generalidade das
culturas. Contudo, há casos em que determinadas
características limitantes para a generalidade das
culturas podem estar particularmente bem adapta-
das a certas culturas com requisitos ecológicos pe-
culiares. É o caso, por exemplo do pessegueiro, que,
pelo facto de ser extremamente susceptível ao defi-
ciente arejamento do solo, se desenvolve melhor em
solos de textura ligeira, geralmente considerados
mais “pobres” do que os solos com maiores teores de
argila e limo, desde que convenientemente regado.É esperável que cada espécie cultivada tenha o seu
“nicho ecológico” próprio e que este não seja coinci-
dente com os de outras espécies alternativas. Con-
tudo, as expressões que atribuem qualificativos cul-
turais a certo tipo de solos, como por exemplo, “Terra
de pão”, ou “Terra de batata”, não são exactas. Na
generalidade das circunstâncias, as características
favoráveis ou desfavoráveis de um certo tipo de solo
são-no para a maior parte das plantas cultivadas.
Pode todavia acontecer que espécies mais rústicas
se desenvolvam melhor em solos mais pobres do
que outras espécies mais exigentes. Porém este
facto não nos permite concluir que aqueles solos são
mais favoráveis à espécie mais rústica. O que se
passa é que, a reduzida fertilidade diminui o poten-
cial produtivo da espécie mais exigente, sem afectar
o já de si reduzido potencial da espécie mais rústica.
No primeiro caso a limitação é ambiental, ao passo
que neste último, a limitação predominante é
genotípica. A análise das potencialidades e limita-
ções define o tipo de intensificação cultural possível
no quadro definido pela limitação mais restritiva (Lei
de Liebig, ou do mínimo).3.3.4.2.3. Condições estruturais.3.3.4.2.3.1. Estatuto de posse da terra
A exploração por conta própria familiar e o
consequente prazo temporal alargado associado a
ela, bem como, a perspectiva de manter em bom
estado de conservação um património fundiário para
as gerações futuras, de um modo geral assegura
uma estratégia mais conservadora e cuidada do que
no caso da exploração por arrendamento ou naexploração empresarial. Particularmente no caso da
exploração por arrendamento, o curto horizonte tem-
poral não contempla preocupações de índole
conservacionista, sendo o objectivo principal a
maximização do rendimento a todo o custo, dentro
do período limitado de exploração.
Um outro aspecto, este ligado com o estatuto jurídico
da terra tem tido efeitos semelhantes ao das explo-rações por arrendamento, desincentivando o inves-
timento produtivo de médio e longo prazo e estimu-
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lando a utilização descontrolada da terra.3.3.4.2.3.2. Vias de comunicação
Estabelecem o contacto entre a produção e o
utilizador. A rapidez de comunicação está associada
ao peso do custo do transporte no valor da produção
no mercado. Por isto facilmente se vê que, quando asvias de comunicação são lentas, oneram desneces-
sariamente os encargos com a produção ou reduzem
o valor comercial desta. Em qualquer dos casos a
margem bruta é reduzida.3.3.4.2.3.3. Rega
Regadios públicos e privados; redes de distribuição;
esquemas de funcionamento; preço do factor água.3.3.4.2.3.4. Energia
A importância da energia (eléctrica ou outra) naexploração agrícola é cada vez maior. A sua utiliza-
ção como força motriz (ex: bombagem de água), em
frigorificação ou aquecimento ou secagem, bem como
noutros inúmeros sectores da actividade agrícola
torna-a indispensável na Agricultura actual. A ausên-
cia de electrificação rural pode inviabilizar, senão em
absoluto pelo menos economicamente muitas op-
ções possíveis.3.3.4.2.4. Condições económicas3.3.4.2.4.1. Escoamento dos produtos3.3.4.2.4.1.1. Mercados e Preços
Uma vez que a escolha de uma rotação visa conse-
guir o melhor rendimento económico, embora con-
servando a viabilidade da sua manutenção a longo
prazo, pelo recurso a práticas conservacionistas das
características do solo o valor da produção, e a
facilidade de colocação são dos factores mais deci-
sivos na escolha da cabeça de rotação.3.3.4.2.4.2. Crédito
A opção por determinadas culturas que envolvam
investimentos iniciais elevados está condicionada na
maior parte dos casos pela disponibilidade e custo de
capitais alheios.
3.3.4.2.5. Condições específicas da própria exploração3.3.4.2.5.1. Área
Os meios necessários à execução de operações
culturais específicas têm um custo fixo que se dilui
com o grau de utilização que lhes é dado. Assim, a
opção por certas culturas pode ser limitada por uma
dimensão que não assegure uma utilização superior
ao limiar de rentabilidade. (Economias de escala).
Ao contrário, certas culturas particularmente intensi-
vas em capital e/ou mão de obra, ou cujos produtos
tenham uma procura restrita, não são bem adaptá-
veis a grandes explorações.3.3.4.2.5.2. Grau de mecanização
Quer a mão de obra disponível quer as disponibilida-
des de tracção ou de alfaias específicas podem ser
limitantes de certas opções, ou pelo contrário, suge-
rir a tomada de uma decisão que maximize a utiliza-
ção desse tipo de recursos fixos.
3.3.4.3. Métodos de elaboração de rotações3.3.4.3..1. Por aproximações sucessivas
Culturas tradicionais
Novas culturas
Culturas possíveis
Informaçãos/adaptabilidade
Sucessão de culturas
Cabeça de rotação
Calendáriocultural
Culturasmelhoradoras
Culturasesgotantes
Período derecorrência
Graudeintensifi-caçãocultural
AF
OLHAME
NTO
R O T A Ç O
Factoreseconómico-
-sociais
Capital
Mão de obra
Mercado
Preço
Figura 6. Diagrama relacional dos factores a ter em consideração naescolha de culturas numa rotação
3.3.4.3..2 Por programação linear
A programação linear permite escolher uma combi-
nação de culturas que optimiza uma dada função
objectivo, desde que se conheçam as restrições
técnicas de cada cultura.
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Exemplo: Um produtor de leite do Noroeste Português pretende maximizar a
margem bruta global da sua exploração recorrendo à produção de forragens (milho e
azevém). Sabendo que a área disponível é de 40 ha, que só pode dispor de 150
000 m3 de água para rega e que pode dispor de 240 dias.homem determine qual a
área a atribuir a cada uma das culturas para uma margem bruta unitária de 500
unidades para o milho e de 400 unidades para o azevém.
Cada restrição técnica permite definir uma recta que delimita todas as combinações
possíveis de X1 e X2. Assim, por exemplo, o factor terra permite todas ascombinações possíveis de área dedicadas a Milho e Azevém limitadas
superiormente pela recta X2 = 40 - X1 , i.e., desde a totalidade da área dedicada ao
Azevém até à totalidade da área dedicada ao Milho. Já no caso da água, a recta
que delimita todas as combinações possíveis de utilização do factor (X2 = 50 - 5/3
X1) ou (X1 = 30 - 3/5 X2), embora permitindo a utilização de uma área superior à
que existe com a cultura do azevém(que requer 3000 m3.ha-1, ou seja, 120 000 m3
para a totalidade da área), não permite a utilização integral da área existente com a
cultura do milho, já que neste caso, seriam necessários 200 000 m3, limitando a
cultura do milho possível a uma área de 30 ha. O sistema de inequações que traduz
a combinação das três restrições técnicas, define o polígono a sombreado que
corresponde ao domínio de todas as combinações possíveis de áreas dedicadas às
culturas do milho e do azevém.
A função objectivo Z = 500 X1 + 400 X2 estabelece a margem bruta obtenível pelas
combinações de área dedicada ao milho e ao azevém. É tanto maior quanto
maiores forem X1 e X2 e quanto maior for a distância à origem. Esta equação pode
ser reescrita: X2 = - 5/4 X1 + Z/500 e daqui se pode concluir que para qualquer
valor de Z, i.e., para qualquer que seja a margem bruta global obtida, o declive da
recta que representa a função objectivo é constante e igual a - 5/4 e a ordenada na
origem é tanto maior quanto maior for Z. A solução óptima corresponde ao domínio
realizável (área sombreada) por um lado e a uma recta de declive - 5/4, cuja
ordenada seja a maior possível. A família de rectas paralelas, representadas a
tracejado, inclui a recta tangente a um vértice exterior do polígono com a maior
ordenada na origem. O ponto de intercepção indica a combinação de X1 e X2
(áreas dedicadas às culturas do milho e do azevém) que maximiza a margem bruta.
Figura 7. Exemplificação de um caso simples de aplicação daprogramação linear.
Coeficientes ou restrições técnicas:
X110 20 30 40 50 60
Milho
Azevém
X2z = 500 X1 + 400 X2Função objectivo:
Restrições:
Área: 40 ha
X1 + X2 <= 40
Mão de obra: 240 dH
6 X1 + 4 X2 <= 240
Água: 150 000 m3
5000 X1 + 3000 X2 <= 150000
60
50
40
30
20
10
0
Consumo defactor
Milho Azevém Disponibilidade
Terra 1 1 40
Mão de obra 6dH 4 dH 240 dH
Água 5000 m3 3000 m3 150000 m3
3.3.5. Avaliação das rotações
A priori A posteriori
Balanço da matériaorgânica
Valor da produção
Índice deprodutividade
Matéria secaproduzida e
qualidade daprodução
Utilização denutrientes
Evolução do teordos diversos
nutrientes no solo
Consumo depesticidas
Alteração daestrutura do solo
Utilização deMão-de-obra
Necessidades demecanização (horase tipo de máquina)
Eficiênciaenergética
Eficiência de rega
Estimativa daProdutividade
Avaliação doimpacte ambiental
Quadro 9. Critériosde avaliação de umarotação
3.3.5.1. Balanço da matéria orgânica
BALANÇO HÚMICO
1 - SEM ESTRUMAÇÃO OU INCORPORAÇÃO DE
RESÍDUOS
A = Ao
( 1- k1
)n
A - Teor actual de matéria orgânica (%)
Ao
- Teor inicial de matéria orgânica estável (%)
k1
- Taxa de mineralização anual (ano-1)
n - tempo (anos)
Anos
%
d e
M . O .
0%
1%
2%
3%
4%
0 50 100 150 200
k1=1%
k1=2%
k1=0.5%
Figura 8. Evolução teórica do teor de matéria orgânica ao longo dotempo
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Material orgânicoCoeficienteiso-húmico
Estrume bem decomposto 0.5
Estrume mais ou menos palhoso 0.2-0.4
Detritos vegetais lenhosos mas ainda ricos emazoto, palhas enterradas com adubos azotados
0.15-0.3
Palhas mal misturadas com o solo, semfornecimento de azoto, detritos lenhosos
0.08-0.15
Quadro 10. Coeficientes isohúmicos de alguns materiais orgânicos
Natureza dos resíduos MS (t.ha-1)Húmus
(kg.ha-1.ano-1)
Beterraba 3-6 450-900
Batata 0.5 Negligenciável
Trigo (palha exportada) 2-4 300-600
Cevada (palha exportada) 1-2 150-300
Milho (5 ton.ha-1)
(Colmos enterrados)5 750
Palha de trigo 4 400
Luzerna (2 anos) 5-8 500-800
Prado temporário (3 anos) 15-18 750-900
Mostarda branca 3 Negligenciável
Estrume de quinta(de 5 em 5 anos)
8 320-640
Quadro 11. Quantidades de húmus formadas pelos resíduos dediversas culturas (kg.ha-1)
2 - COM ESTRUMAÇÃO OU INCORPORAÇÃO DE
PALHAS OU RESÍDUOS
k2 - coeficiente isohúmico
x - quantidade de resíduos/estrume incorporadosto
Ao
to
Ao
+ k2
x
t1
(Ao
+ k2
x)(1-k1
)+ k2
x
t2
[(Ao
+ k2
x)(1-k1
)+ k2
x](1-k1
)+ k2
x
t3
{[(Ao
+ k2
x)(1-k1)+ k
2x](1-k
1)+ k
2x}(1-k
1)+ k
2x
t3
{[(Ao
+ k2
x)(1-k1)3
+ k2
x (1-k1
)2}+ k
2x
tn
[(Ao
+ k2
x)(1-k1)n
+ k2x(1-k
1)n-1
]+ k2x
3.3.5.2. Índices de produtividadeA. Culturas e Operações
Trigo, aveia, cevada, centeio, triticale (sem incorporação de palhas) -2.0
Alqueive nu ou de Verão -2.5
Culturas estremes em linhas, sachadas: milho, sorgo, batata serôdia, tomate (indústria), feijão, abóbora, etc. -1.0
Pomares cultivados sem cultura de protecção -2.5Oleaginosas anuais de sequeiro (girassol, açafroa) -1.5
. Sem alqueive prévio. -1.5
. Revestindo alqueives 0.25
Leguminosas anuais Outono x Invernais a lanço -0.25
Leguminosas anuais de Primavera a lanço 0.0
Gramíneas permanentes para corte 0.25
Gramíneas permanentes para pasto 0.5
Leguminosas permanentes . 1.º ano 2.5
. 2.º ano 0.5
. 3.º ano 0.25
. Outros anos 0.25
Trevos anuais para pasto 1.0
Trevos anuais para corte 0.5
Prados permanentes ou temporários de gramíneas e de leguminosas 1.0
Resíduos de culturas (2.5 t.ha-1) deixados nos campos (cereais de pragana, milho, sorgo, etc.) 0.25
B. FertilizaçãoPor cada tonelada de estrume por hectare não enterrado 0.04
Por cada tonelada de estrume por hectare enterrado 0.05
Por cada 40 unidades.ha-1 de adubos químicos 0.15
C. Erosão (agravamento dos índices negativos indicados em A.)
Classe Grau Declive (%) Sem defesa Lavoura em curvasde nível Culturas em faixas ou valados
1 Nulo ou pequeno 1 0.00 0.000 0.000
2 Ligeiro 1-2 0.25 0.125 0.0503 Moderado 3-5 0.50 0.330 0.125
4 Severo 6-10 1.00 0.800 0.300
5 Muito severo 10 2.00 - -
Cook (1962) apresentou o
conceito de índices de produ-
tividade - solo que atribui uma
notação ao efeito de uma cul-
tura e tecnologia sobre a pro-
dutividade de um solo.
O cálculo dos Índices de Pro-
dutividade baseia-se na con-
sideração de três perspecti-
vas sob as quais incide a aná-
lise de uma tecnologia cultu-
ral (Quadro 12):
Quadro 12. Índices de Produtividade -solo. Adaptação dos índices de Cook(1962) às condições de PortugalContinental. Preparado por Azevedo (1971/72),
Portas (1970 e 1972) e Lynce de Faria e Portas(1984).
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A - Culturas e Operações
A cada cultura ou operação é atribuída uma nota (positiva ou negativa) de acordo com vários factores
associados ao seu efeito sobre as características do solo. Assim os cereais são notados negativamente ao
passo que os prados temporários têm um efeito positivo sobre a fertilidade do solo.
B - Fertilização
Cada 40 unidades de adubos químicos fornecidos por ha, independentemente do nutriente fornecido, têm
um efeito positivo de igual grandeza. Os estrumes têm também um efeito positivo, que é maior no estrume
enterrado por comparação com o estrume não enterrado.
C - Erosão
Os índices negativos atribuíveis às Culturas e Operações são agravados, tanto mais quanto maior for o
declive. Este efeito é atenuado por medidas de protecção contra a erosão.
Usando como exemplo uma rotação com alguma tradição na unidade de produção
de regadio da Terra Grande (Tapada da Ajuda):
Anafa x Milho - Trigo - Consociação - Trigo
o procedimento de cálculo do Índice de Produtividade, passa pelas seguintes
etapas:
- Cálculo dos índices de produtividade associados a culturas e operações
(Perspectiva A)
Anafa +0.5
Milho -1.0
Trigo -2.0
Consociação +.5
Trigo -2.0
__________________________________
∑ -4.0
(Procurar no quadro o índice de
produtividade respeitante à
cultura, ou cultura de
características semelhantes).
- Cálculo dos índices de produtividade associados à fertilização (Perspectiva B):
é necessário determinar a soma de todas as unidades de macronutrientes principais
incorporados nos fertilizantes empregues
A cultura da anafa tem, nesta rotação o papel de cultura intercalar, uma
vez que é colhida a tempo de proporcionar a sementeira da cabeça de
rotação: Milho.
- Cálculo dos índices de produtividade associados ao declive (Perspectiva C):
Cada índice negativo associado às culturas e tecnologias de produção é agravado
no caso vertente em -0.33, dado que se trata de uma área com declive médio entre
3 e 5%, onde a lavoura é efectuada paralelamente às curvas de nível:
3 parcelas negativas 3 x (-0.330) = -0.99 ≈ -1
- Índice de produtividade da rotação:
A= -4.0
B = 802 /40 x 0.15 = +3.0
C = -1.0
Total = A + B + C = -2.0
Uma vez que a rotação é quadrienal o índice de produtividade médio é (-2/4) = - 0.5
3.4. Potencialidades e orientações para aprodução agrícola
Temperatura 1Insuficiente
Topografia
Suficentes para satisfazer as exigências da cultura
declive muito acentuado
>15%
Déficehídrico
plano ou
pouco elevado
0% < < 8%
Déficehídrico
declive frequentemente
acidentado 8% < < 15%
elevado
Possibilidadesde
rega
2
Possibilidadesde rega
reduzidas
médias ou boas
baixo
3
4
5
elevado
Comportamentofísico do solo
reduzidas
boas
deficiente
baixo
normal
1 - Orientação forrageiraextensiva, floresta
2 - Orientação menos extensiva:
-área importante dedicada àcultura forrageira;
-algumas possibilidades paraculturas arvenses,nomeadamente cereais deInverno;
-certas culturas especiais(árvores de fruta,vinha) efloresta.
5 - Largas possibilidades de cultura:
-culturas forrageiras diversas;-cereais de Inverno,
oleaginosas;-culturas de Verão;-culturas especiais variadas.
3 - Orientação com:
-área importante de vinha;-culturas forrageiras, cereais de Inverno,
oleaginosas;-área dedicada às culturas de Verão muito reduzida.
4 - Orientação baseada em:
-rotação forragem-cereal;-possibilidade de algumas culturas de Verão;-culturas especiais possíveis (vinha).
Quadro 13. Orientações da produção agrícola de acordo com osfactores ecológicos
200 kg Superfosfato 18%200 kg x 0.18 P = 36
Cultura do Milho600 kg Adubo ternário 15:15.:15600 kg x (3 x 0.15) = 270
Adubação de cobertura:
400 kg NH4NO3 26% 400 kg x 0.26 = 104
Cultura do Trigo
250 kg Adubo binário 16:32:0250 kg x (0.16 + 0.32) = 120
Adubação de cobertura:
200 kg NH4NO3 26%3 200 kg x 0.26 = 52
Consociação
300 kg Superfosfato 18%300 kg x 0.18 = 48
2.ª Cultura de trigo = 172
____________________________________________________________________
∑ = 802
Cultura da Anafa
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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Azevedo, A. L, A. M. Portas e F. C. C. Cary. 1972. O planeamento das operações em sistemas deexploração da terra. Informação Científica, 6. Nova Lisboa. 54 p.
Azevedo, A. L. 1971/72. Excertos das lições de Agricultura Geral e Máquinas Agrícolas. Tabelas,Quadros e Desenhos auxiliares. Instituto Superior de Agronomia. UTL. Lisboa.
Barros, H. 1964. Análise e planeamento: conceitos e aplicações. In: Análise e planeamento daexploração agrícola. Lisboa. Centro de Estudos de Economia Agrária. Citado por Azevedoet al. (1972).
Bicanic, R. 1967. Agriculture and the political scientist. Intern. J. agrar. A., 5 (2). London. Citado porAzevedo et al. (1972).
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Cook, R.L. 1962. Fitting crops to the soils. Soil management for conservation and production.Chapter 5, pp.62-88.
Duthil, J. 1973. Élements d’écologie et d’agronomie. Tome III. Exploitation et amélioration du milieu.Édition J.-B. Baillière, Paris. 656p.
FAO 1981. 1970 World census of Agriculture. analysis and international comparison of results. Foodand Agriculture Organization of the United Nations. Rome.
Hénin, S e S. Sébillotte 1962. Si nous parlions “assolement”. Bull. C. E. T. A., Étude n.º 783. Citadopor Azevedo et al. (1972).
King, R. 1977. Land Reform: A World Survey. G.Bell & Sons Ltd, London.
King, R. L. and Burton, S. P. 1981. An Introduction to the Geography of Land Fragmentation andConsolidation, Leicester University Department of Geography, Occasional Paper Nº8,Leicester.
Lynce de Faria, P. e C. A. M. Portas. 1984. Sistemas de Agriultura mediterrânica de sequeiro. Casoda região trigueira de Beja. Seminário “A Agricultura Portuguesa”. Comemorações do 1.ºCentenário do Pavilhão de Exposições da Tapada da Ajuda.
Sébillotte, S. 1966. Rotations et assolements. Révue agricole de France. Numéro spécial:“Fertilisation”.
Spedding, C. (ed.) 1983. Freams’s Agriculture. 16th edition. Royal Agricultural Society of England.816p.
ANEXOSPela sua importância e interesse relevante para os
temas abordados neste capítulo, incluem-se, textos
ou excerptos de textos de algumas referências
bibliogáficas incluídas.
Alves, A. A. 1961. A Agricultura do Sul. In:O problema da manutenção da fertilidade na Agricultura do Sul .Melhoramento, 14.13-32.
1. A AGRICULTURA DO SULTerra da nossa promissão, da exígua promissão de sete sementes,
o Alentejo é na verdade o máximo e o mínimo a que podemos aspirar:
o descampado dum sonho infinito e a realidade dum solo exausto.
MIGUEL TORGA
Latifúndio e monocultura de cereais praganosos, é o fácies dominan-te da exploração agrícola ao Sul do Tejo. Nesta agricultura a duas largasdimensões, a pecuária, embora de certo relevo, é subsidiária apenas.O porco é um sub-produto do sobreiro, da azinheira e do «agostadouro»,tal como a ovelha o é deste e do pousio. A ovelha quase faz parte dapaisagem, implantada na terra, quer esta tenha ou não revestimentovegetal, mais um ser espontâneo, entregue à inclemência do tempo,frequentemente adverso, e às benesses da providência nem semprepródiga. Contudo, «lavoura sem gados é uma casa sem telhado;lavrador sem vivos, não é lavrador não é nada» como escreveuCAPELA E SILVA (1939).
A extensividade e o cereal, sobretudo o trigo, exercem sobre oagricultor do Sul poderosa influência, fascinação de meridional a quemos excessos deleitam; também porque, «é preciso ter terra para seralguém, muita terra para ser remediado». A cultura até ao outeiro, longeque no Alentejo é além», «já ali», o mar imenso da seara ondulante, sãoconsiderados inerentes ao clima adverso, como à terra sáfara, fatalis-mos que o alentejano admite por tradição e perpetua imutável desde háséculos. Para quem chega, o ambiente pesa na vastidão dos seuslonges, a continuidade da sua tradição absorvente e dominadora. Osque vêm do Norte ou são «ratinhos», se oriundos da Beira e chegampela época das ceifas, ou simples e genericamente «galegos» que oíncola olha suspeitoso e com não velado desprezo. O primitivismo doscostumes atingiu proporções de uniformidade que não têm paralelo emqualquer outra província, parecendo que o tempo deixou imutáveis,petrificados no campo em seus «pelicos» e «safões», o pastor e oporqueiro, enquanto o «ganhão» revolve o alqueive sem fim, numvaivém cadenciado que prossegue para além do próprio tempo. Todaa reacção contra o meio depara com a resistência da tradição, acontinuidade do «sempre assim foi» e vai pouco a pouco morrendo até
à absorção total, diluída pela planície ondulante e sem fim, dessecadapelo «suão» e pelos calores tórridos do estio. E quando as chuvasvoltam, quase sempre breves mas copiosas e o «leste» sopra agoragélido das estepes de Castela, o Alentejo é de novo agreste, para maisadiante reverdecer exuberante, numa promessa de abundância queraramente se concretiza. A agricultura do Sul tem, por isso mesmo,feição característica. Por fatalismo ou abandono, por imposição danatureza ou da vontade dos homens, assim continua também, quaseimutável, a exploração da terra. Muito se tem dito e escrito sobre aagricultura do Sul, sobre ela se tem discutido apaixonadamente, tantosob o ponto de vista da estrutura como da técnica da exploração agrária.Nada se acrescentará aqui de novo, deduzindo argumentos em favordesta ou daquela teoria. Procura-se analisar, sem paixão e objectiva-mente, algumas das práticas correntes da agricultura do Sul, comobase dum aperfeiçoamento, que, mesmo os mais incrédulos julgamnecessário, a bem da produtividade da terra que é manifestamentebaixa. Mas para melhor compreender a agricultura de hoje, tornou-seindispensável estudar a evolução através dos tempos, na medida emque ela por vezes explica práticas tradicionais que se desejam rever àluz dos conhecimentos técnicos actualizados. Achar as razões que
determinaram sentido da evolução é tão importante para o estudo daspráticas culturais integradas num ambiente ecológico, como a análisedessas mesmas práticas, na agricultura progressiva que nos é impostapela pressão demográfica e necessidades da vida actual, que não podeser alheio o elemento humano nelas envolvido. De resto, como escre-veu REBELO DA SILVA (1868), «se não serve de nada suas lições, aHistória a ninguém aproveita».
1. 1. AGRICULTURA PRIMITIVASem elementos que nos mostrem o relevo da agricultura pré-
muçulmana, pode apenas conjecturar-se como ela se terá desenvolvi-do no Sul. «Outrora a Lusitânia foi por certo uma região essencialmentearborizada, uma vasta floresta acidentada onde abundavam as charne-cas e os pântanos e habitada por uma fauna numerosa e variada»SUPOSPÔIN SARD (1912), ao tentar reconstituir o primitivo território
português e seu povoamento.Que era arborizada, demonstra-o o próprio nome de Lusitânia,
radicado naquela origem, segundo HERCULANO (1914). E aFitossociologia moderna o considera também, julgando ter sido, emvisão ampla, a Quercus ilex ssp. rotundifolia característicafisionomicamente destacada da vegetação climácica do Sul, como aQuercus robur o foi no Norte (MALATO-BELIZ, inf. verb.).
Evoluindo sempre, por conquista e adaptação desde os caçadoresdo paleolítico, através de sucessivas invasões de povos de tradiçãoagrícola como os Líguros, outros nómadas mais afeitos à pastorícia eoutros ainda de índole guerreira como os Celtas, amalgamando-se soba protecção dum clima mediterrânico geralmente ameno e dum ambi-ente rico, assim se foi consubstanciando a Lusitânia. “Rica de estanho,cobre e madeiras simultaneamente, encontravam-se pois, todos os
materiais necessários à fabricação do bronze que durante tanto tempofoi o metal mais usado» (POINSARD, 1912). Dela derivou, segundo omesmo autor, a atracção dos fenícios, cartagineses e gregos, detendência comercial. E a indústria dos metais perpetuou-se ainda por
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latifúndios, distribuídos com mão pródiga a ordens, mosteiros e ricos-homens» (TELLES, 1899). D. Dinis distribuiu courelas junto das aldei-as, mas as grandes propriedades desde sempre dominaram a extensãoterritorial do Alentejo. Era mais fácil dividir em grande, sobretudoquando a terra abundava e era escasso o número dos contemplados.Separadas depois por heranças sucessivas, reagrupadas por união defamílias as «herdades» atravessaram os séculos, perpetuando a divi-são original na propriedade. «Assim a constituição da propriedade
alentejana conserva ainda o carácter que lhe imprimiu o sistemaempregado por D. Sancho, e seguido depois por D. Afonso III e por seufilho D. Dinis, na distribuição das terras”, como escreveu ANSELMO DeANDRADE em 1898, o latifúndio que alguns continuam a atribuir aofatalismo conjunto do nosso clima irregular e pobreza do solo. Com aestrutura se foi perpetuando também o sistema de exploração que lheé inerente e que REBELO DA SILVA (1868) referiu nestes termos: «Aextensão das herdades e defezas, excluindo a pequena propriedade,criou a lavoura gigantesca, atrasada e em grande parte pastoril, com ospousios de muitos anos, as queimadas e os montados, a par dela umaeconomia rural tão especial e arreigada que frustou sempre os esforçosmais vigorosos, porque nunca cedeu ao preceito das leis, nem à acçãodas ideias». Igual defeito lhe achou BASÍLIO TELLES (1899) comoSEVERIM DE FARIA o criticara também asperamente, já em l624(SILVA, 1868), Contudo, o latifúndio e toda a sua agricultura ancestral
continuou através dos tempos até aos nossos dias: «um sistemabárbaro de cultura, enérgicos alqueives, queimas assoladoras semincorporação de húmus, maus afolhamentos que têm depauperadoainda mais as nossas terras pobres (REBELO, 1917); o gado errantepor montes e vales do tempo de Viria to, ou da antiga transumância doAlentejo... o pousio vindo pelo menos dos romanos, com as fumaradasdos alqueives» (CAMPOS, 1946); o que afinal AQUILINO RIBEIROsintetizou em caricatura, escrevendo: «mutatis mutantis o portuguêscultiva a terra como no tempo do rei Vamba».
1. 2. A CULTURA DO TRIGO
Assegurar o pão de cada dia foi sempre a preocupação dominantedos povos, desde os tempos primitivos, quando trocaram a vida
nómada da caça e pastorícia pela agricultura, pois que, como diz opovo, «casa onde não há pão, todos ralham e ninguém com razão». Eo pão, na bacia mediterrânica, sempre foi obtido à custa do trigo, queainda hoje é base da alimentação e o fulcro da agricultura do Sul. Nosséculos XII e XIII já a cevada, o centeio, o milho miúdo e a aveiaalternavam com o trigo (HERCULANO, 1914). Diz-nos REBELO DASILVA (1930) que «a agricultura naquele tempo tinha uma feiçãosemelhante à actual; eram cultivadas as mesmas plantas, exceptuandoo milho actual». Estavam assim lançados à terra vasta do Sul, oscereais praganosos, e radicadas para sempre as características dosnossos dias. O tempo e as vicissitudes de cada nova época, imprimiriamsomente maior relevo às modalidades da feição original. Na crónica deD. Fernando, FERNÃO LOPES deu-nos conta das medidas que aquelemonarca tomou para que «as herdades que eram para dar pão todasfossem semeadas de trigo e cevada e milho», no intuito de debelar o que
BASÍLIO TELLES (1899) designou «a primeira crise cerealífera dopaís». Assim se procurava evitar, entre outros, o abandono do trigo pelavinha sem legislar contra ela, por razões de estado, o que Pombal fariaquatro séculos depois, mais energicamente e o que ainda se verificanos nossos dias, não a favor do trigo, mas das culturas arvenses emgeral. No século XVII, os «campos de Évora, Beja, Serpa, Moura eOurique, quando lhes corriam propícias as estações, não só acudiamcom avultadas quantidades aos depósitos de Lisboa, como repartiamas sobras pelos lugares de Castela mais vizinhos» escreveu REBELODA SILVA (1868). No século XIX, o trigo chegou para exportar (TELLES,1899), como sucederia mais tarde, em 1934. Mas estes períodos deabundância, de duração limitada, sem dúvida resultados anuais decondições climáticas de excepcional feição, alternaram sempre comlargos períodos de escassez. Sucederam-se, através dos séculos, ascrises de que OLIVEIRA SOUSA (1886), HERCULANO (1914) e
REBELO DA SILVA (1930) nos deram notícia, motivadas bastas vezespelo clima adverso como a de 1202, e a seca que em 1521 «não permitiuque as searas formassem espigas». A cultura do trigo deve pois sempreter sido, entre nós, uma cultura aleatória, insuficiente para as necessi-
algum tempo pois que, como EZEQUlEL DE CAMPOS escreveu em1946, «desde D. Afonso Henriques até bem depois da ida a Ceuta,fizemos ferro para as nossas precisões». A agricultura não foi o labordominante daqueles tempos e a pastorícia foi a ocupação predilectados primeiros habitantes da Lusitânia, mais adequada à tendêncianómada e às disponibilidades naturais aqui achadas pelos povosprimitivos — Ager pastoralis. Que assim foi e que a ovelha era o animalpreponderante, pode sem dúvida deduzir-se também da origem fenícia
do rio que pelo sul limitava a Lusitânia (HERCULANO, 1914). Afeiçoa-dos à adaptação quase constante aos múltiplos invasores, não é deestranhar que os povos da península fossem tão facilmente assimiladospelos romanos, portadores duma organização perfeita, possuidoresduma técnica agrícola e industrial evoluídas, duma civilização quefloresceu também aqui. Existiram no Sul, ao tempo dos romanos napenínsula, cidades importantes, cujos vestígios Évora ostenta, Eboraque fora a capital da Lusitânia. Mas as cidades estavam isoladas,ocupando posições estratégicas como Juromenha ou no seguimentode povoações pré-existentes. E a agricultura devia circunscrever ascidades, pois que no dizer de Herculano, «as aldeolas, as granjas, ashabitações isoladas pelos campos pressupõem extremo aperfeiçoa-mento da vida civil. Este grande facto social pertence exclusivamenteàs eras modernas. Os romanos desconheciam-no. Foi a cultura doscereais, fundamentalmente do trigo, a que os romanos transplantaram
do Lacio e intensificaram na Península com a sua técnica aperfeiçoadamas ainda esgotante. Deles herdámos o arado de pau, as rotações, aorganização da lavoura do Sul A «herdade» é a inda hoje, uma imagemda «villa rústica» generalizada no Lacio, identificada por LUÍS CHAVES(1922) no Alentejo. Por isso «desde o começo do domínio romano atéà invasão dos mouros, prosseguira a devastação da floresta por toda aterra» (CAMPOS, 1946). Com Musa e Tarik veio para a Península umanova civilização que iria igualmente florescer aqui, mercê dascircunstancias naturais favoráveis, como da aptidão do povo que apossuía. A vocação comercial dos árabes aliada à aptidão rural dosberberes, muito contribuíram para o desenvolvimento das cidades emque Évora se destacava novamente e Silves ombreava com as maisimportantes da Península. Desenvolvendo a agricultura, a indústria e ocomércio, o domínio árabe deve ter modificado substancialmente aorganização territorial do Sul. Pago ao invasor o tributo territorial e de
capitação, o mosárabe parece ter mantido completa liberdade deacção. «The new regime was liberal and tolerant, and even the Spanishchroniclers describe it as preferable to the Frankish rule in the north».Mais do que tolerante contudo, «the greatest benefit that it brought to thecountry was the elimination of the old ruling class of nobility and clergyand the distribution of their lands, creating a new class of smallholderswho were largely responsible for the agricultural prosperity of MuslimSpain». (LEWIS, 1958). Pelo contrário a reconquista, deve ter localiza-do, cingindo aos aglomerados protegidos as terras cultivadas, comagricultura anual, transitória, entre as «algaras» e os «fossados» quetodos os anos, descendo do norte, procuravam desalojar os muçulma-nos. «A agricultura cingia apenas as povoações acasteladas, o mais eradeserto» escreveu Herculano. Com o domínio cristão ia começar umanova fase de desenvolvimento do Sul. «Depois da conquista de Alcáceros cristãos vitoriosos penetravam como uma torrente no sertão do
moderno Alentejo» diz ainda o nosso primeiro historiador, dando-nosuma ideia do povoamento ou antes, do despovoamento do nosso Sul,em meados do século Xll. Conquistados aos serracenos a golpes deaudácia, perdidos e reconquistados tantas vezes, os matagais e char-necas do Sul foram-se pouco a pouco transformando em terras decultura. O fogo destruía o mato, a floresta tombava pela chama, comoo agareno tantas vezes caíra pela espada dos piedosos cruzados e dosgodos, em cujas veias corria sangue guerreiro de germanos e suevos.Dos centros populacionais que os árabes haviam desenvolvido, tantasvezes prósperos, irradiava a ocupação. As ordens religiosas, pondo delado a espada inútil, ocupavam as terras, partindo de Leiria para lestee depois para sul. Aos Templários, que dominavam a Beira-Baixa,Afonso Henriques doou terras no Alto Alentejo onde Ucrate (Crato)começou a ser edificada em 1232. Mais para sul, a do Hospital fundouAvis. A de Calatrava, doou o nosso primeiro rei «todo o herdamento evinhas e almoínhas e figueiras que para mim tomei nas cercanias deÉvora» (HERCULANO, 1914). Nasceram assim as «herdades», doa-ções dos reis às ordens religiosas e aos vassalos que se haviamdistinguido na guerra santa. Estabelecia-se no Sul o «regime dos
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dades do país as mais das vezes, raramente produzindo mais que onecessário. Daí a necessidade quase constante do proteccionismo deque tem sido alvo pelos tempos fora, desde D. Fernando até aos nossosdias, destacando-se no século passado a célebre «lei dos cereais» deELVINO DE BRITO, promulgada em 1899. Extensificou-se a cultura dotrigo e «a charneca cinzenta entrou de cobrir-se de largas manchasverdes e de claros restolhos desmaiados ao sol» (REBELO, 1917).MIRA GALVÃO (1943) diz do Campo Branco no Baixo Alentejo: «Todaesta vasta região, a maior produtora de trigo do país, encontrava-se há
cerca de 50 anos quase na sua totalidade coberta de matos que vastosincêndios periodicamente destruíam. Só junto dos montes e das povo-ações se fazia agricultura pobre e definhada por falta de fertilizantes. Sóse cultivava de trigo uma pequena área, a indispensável para satisfazeras necessidades e exigências que eram poucas, das escassas popu-lações rurais». Mais recentemente a «Campanha do trigo», aumentan-do de novo a área dedicada ao trigo, arreigou ainda mais no agricultordo Sul a tendência para a cultura cerealífera, «a mais antiga, maisgeneralizada e a mais radicada da nossa tradição», como a designouFILIPE DE FIGUEIREDO (1929). «Mercê dos prémios de cultura, dosestímulos e auxílios de várias ordens então criados, conseguiu-se queos restos da charneca que tinham ficado por cultivar, por antieconómicasa sua arroteia e cultivo, fossem finalmente desbravados e com osestímulos criados para a cultura do trigo mais foi alargada a área decultura à custa da redução dos pousios» (GALVÃO, 1943). Mais umavez, como depois da «lei dos cereais», aumentou a produção, verifican-do-se temporariamente autosuficiência de trigo, mais à custa de áreacultivada, de condições climatéricas anuais favoráveis, que da capaci-dade produtiva do actual sistema da cultura, como se mostrará.
Tem sido opinião corrente desde longa data, que a fertilidade do soloportuguês tem baixado, tanto quanto diz respeito ao Sul. A agriculturapraticada no Sul foi sempre do tipo primitivo, quase sempre itinerante,evoluindo para a alternância a curto prazo, onde as fertilizações sãoescassas e desequilibradas e a recuperação mínima.
Após as queimadas, destruidoras dos matagais, foi trigo, com outroscereais praganosos, a cultura dominante das planícies sem fim. «O soloporém, empobrecido com a repetição dos cereais, depressa principioua perder a fertilidade», escreveu REBELO DA SILVA (1868). A produ-ção unitária do trigo, que era de 8 hl/ha nos séculos XIII e XIV, não foi
grandemente elevada nem com a extensificação da cultura a novasterras. No final do século XIX devia oscilar entre 10 hl (ALMEIDA, 1880)e 9 hl (SOUSA 1886) ou talvez mesmo manter-se nos 8 hl (MACHADO1893; ANDRADE 1898). Se atendermos a que já então a fertilizaçãomineral começava a ser aplicada, que a preparação da terra era maiscuidada. pela generalização da charrua e que novas terras eramsubmetidas à cultura, parece não se terem verificado aumentos sensí-veis da produtividade da terra. Vinte anos depois, a produção não eramuito mais elevada e assim se manteve até agora:
1920/24 7.0 Quintais/ha1925/29 6.5 Quintais/ha1930/34 10.0 Quintais/ha1935/39 9.0 Quintais/ha1940/44 6.5 Quintais/ha1945/49 5.5 Quintais/ha
A média destes últimos trinta anos é de 7.4 quintais por hectare, o queequivale a cerca de 9.2 hl/ha e se não afasta grandemente dos númeroscitados pelos autores do final do século passado. Tomada assim aprodutividade no seu conjunto, ela é porém resultante de duas causasantagónicas, para as quais não dispomos de elementos de informaçãoque permitam distingui-las. Por um lado, o aperfeiçoamento técnico dacultura do trigo elevou sem dúvida a produtividade das melhores terras,tornou possível a sementeira em terras até então de pousio. Por outrolado a extensificação, levada a terras menos aptas à cultura, fez baixara produtividade média do país diluindo os efeitos da primeira causa. Asnovas terras trazidas à cultura, embora possuidoras de fertilidadenatural acumulada pelo repouso da charneca, sem serem potencial-mente ricas, volvidos escassos anos de cultura empobreciam de talmodo que a sua produtividade declinava vertiginosamente. «À medidaque a cultura ia consumindo a matéria orgânica, as produções baixa-
vam a ponto de as terras mais magras se negarem a produzir. Surgiuentão a necessidade de as deixar em descanso por alguns anos»(GALVÃO, 1943). A insistência dos agricultores na cul tura cerealífera,«a cultura pouco rendosa do trigo» como a designava VERÍSSIMO DEALMEIDA (1880), a extensificação a terras menos aptas à culturaesgotante foram responsabilizadas, no final do século passado, pelabaixa produção unitária dos nossos trigos. LACHER MARÇAL (1879)no Alto Alentejo, escrevia da progressiva escassez das colheitas ediminuição da fertilidade. VERÍSSIMO DE ALMEIDA (1880) em Lisboa,
atacava a generalização da cultura do trigo a solos impróprios paraaquela planta, preconizava a fava como «ensejo» do trigo, indicandouma rotação que Plínio recomendara e os árabes largamente haviamusado no Sul. O agricultor do Sul retrogradava ao tempo dos gregos,usando a pousio, o alqueive, que os romanos progressivamente haviamsubstituido pela alternancia de culturas, com predomínio das legumino-sas entre os anos de trigo. De nada serviram porém os conselhos datécnica perante a impulso no sentido da cultura do trigo, favorecido porcondições económicas. A extensificação da cultura não foi acompanha-da de aperfeiçoamento cultural com vista à estabilização da produtivi-dade do solo, já que novas técnicas o poderiam conseguir, supunha-se,um pouco ingenuamente, como ainda hoje sucede. Entretanto, «aescassez das colheitas aumenta; a fertilidade das terras diminui. . .enquanto a renda quase duplicou» (MARÇAL, 1879) É a pressãodemográfica, a fome de terra, a política do pão que leva à extensificação,à «lei dos cereais». Aumentou-se a área cultivada, elevou-se a produ-tividade do solo à custa de mobilizações mais fundas, que elevavam acolheita até 25% (LAPA, 1879), de alqueives mais cuidados, de maisfertilizantes e melhores sementes, mormente nas melhores terras. Etudo isso deve ter contribuído para o equilíbrio da produtividade da terra,compensando o declínio da fertilidade das novas terras abrangidas pelaextensificação cultural. Responsabiliza-se o clima pela irregularidade ebaixo nível da produtividade dos nossos solos naturalmente poucofarteis, o que é verdade em grande parte. Mas se é certo que o «climaera então, como hoje, pouco favorável à cultura cerealífera» comoescreveu REBELO DA SILVA (1868) não está provado que o climatenha evoluído desfavoravelmente para a cultura. E já em tempos idos,como o mesmo autor refere, «a abundância de ano para ano se iatornando mais rara, e a aparição do espectro da fome cada vez se
repetia mais frequentemente». É que o agricultor de então mobilizavao solo apenas superficialmente, com o fertilizava pouco ou mesmo nadae não usava sementes seleccionadas de cultivares mais produtivas.Para REBELO DA SILVA a «agricultura primitiva» era uma das causasda baixa produtividade entre nós. Era sem dúvida a cul tura cerealíferaestreme, a deficiente estrutura agrária do Sul. Já em 1624 SEVERIM DEFARIA responsabilizara o despovoamento do reino pela existência dasgrandes «herdades» (SILVA, 1868) e a lei das esterilidades» daordenação manuelina, fora feita contra a incúria dos agricultores. Muitoembora evoluindo, ainda que lentamente, a cultura do trigo continuourudimentar duma maneira geral. Dela escreveu PEQUITO REBELO(1917) que a conhece por experiência: «são sobretudo imperfeitosainda os trabalhos preparatórios, sendo as lavouras superficiais e malcortadas; as sementeiras, são feitas grosseiramente a lanço e semcritério; as adubações, consistem em deitar à terra doses maciças de
superfostato, sem se atender à qualidade e às necessidades do solo».E se de então para cá muito se tem progredido quanto à técnica cultural,ainda hoje muitos dos defeitos apontados são práticas normais dacultura do trigo. Elevam-se as fertilizações mas «o super já não dáaquelas fundas extraordinárias dos primeiros tempos. O solo entra nocaminho do empobrecimento» (BARRADAS, 1933). Confirma-se as-sim experimentalmente, o que TAVARES DA SILVA (1906) afirmava «oemprego exclusivo do superfosfato conduz-nos fatalmente à esteriliza-ção do terreno». O solo é pobre, toda a gente o reconhece. Contudo,este solo que hoje julgamos pouco fértil por determinismo da providên-cia, foi o mesmo solo de que Herculano escreveu - «o território à voltade Évora, passava por ser um dos singulares em fertilidade» e criou apaisagem exuberante que devia circundar Alcácer no tempo dosmouros, como descreveu o mesmo autor. Não terá baixado a fertilidadeporque a temos delapidado com a monocultura imponderada de cereais
praganosos, em rotações esgotantes ano após ano, culminando naaveia «liquidadora»? E quando a fertilidade baixou e a produtividadecomprometeu a economia duma agricultura parasitária, «a rotaçãobienal nasceu então, ou mais exacto, ressurgiu das tradições dos
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agrónomos antigos» (SILVA, 1868). Fizemos o mesmo que os outrospovos Mediterrânicos em idênticas condições ecológicas, usámos asmesmas culturas, abusámos das mesmas rotações, por isso atingimoso nível que PANTANELLI (1948) reconheceu em Itália — <Nei nostrilatifondi invece, miserabili sono i residui di fertilitá».
1. 3. 1. A MANUTENÇÃO DA FERTILIDADE
Destruída a floresta pelo fogo, arroteada a charneca, foi o cereal, foio trigo o primeiro ocupante das «charnecas do Alentejo, espécie debacia cujo solo arenoso se embebe de calor» como descreveuPOINSARD (1912).
Não podia, contudo, à míngua de fertilização adequada e rotaçõesequilibradas, suportar aquele solo, naturalmente pouco fértil, tãoesgotante cultura por largo tempo. E o pousio era então como hoje, aúnica solução de continuidade naquela exploração do solo em que tudoera exigido sem quase nada dar em troca.
Assim havia sido na evolução da agricultura primitiva, ao passaremos povos do tipo pastoril ao pastoril-agrário, onde o gado tosava umavegetação espontânea só abundante nas primaveras húmidas. Opousio, dando alguma pastagem magra para um gado em manadio, aosabor do tempo, era a única recuperação permitida ao solo. Era tambémuma adaptação da agricultura tradicional à grande extensão, para quenão havia nem braços, nem capital de exploração; era a forma primitivade exploração agrícola, a solução do homem que não domina anatureza e se converte em parasita do solo.
Afeito a uma rotação primitiva, a uma exploração que não tem emconta nem as necessidades das plantas, nem as exigências da manu-tenção da fertilidade do solo, o agricultor do Sul adoptou a rotaçãotradicional e a ela se manteve arreigado, impelido pela necessidade deviver e conduzido pelo proteccionismo do trigo. Deste modo, o Sul,aparentemente mais evoluído, retrogradava sob o ponto de vistatécnico da exploração do solo. O berbere, local izado junto das cidades,explorando as suas «almuínhas» aperfeiçoara o sistema de cultura dasterras. «Conheciam e praticavam os mouros o benefício das lavrasprofundas e repetidas, usando com vantagem das culturas alternadaspara descansar e restaurar as terras da extenuação causada pelas
gramíneas cerealíferas, especialmente do trigo” escreveu REBELO DASILVA (1868). Mas o que se pode fazer numa agricultura localizada,diversificada, com mercados assegurados, não pode generalizar-se emgrande escala ao latifúndio. É ainda o autor citado que o explica: «anecessidade de gados proporcionados à extensão do domínio, aaplicação de correctivos e adubos recomendados pelos árabes, de cujouso se encontram vestígios, exigiam grandes despesas». E uma dasrazões do fracasso das leis fernandinas parece ter sido justamente afalta de capitais (TELLES, 1899), cuja carestia se reconhece entre nós,hoje como no século passado (MARÇAL, 1879).
A pressão cerealífera sobre uma estrutura agrária defeituosa, facto-res vários, têm arrastado a agricultura no sentido da exploraçãoimoderada da terra — «só um lavrador agora semeia tanto como dantessemeava o termo d’ Elvas (SILVA, 1939).
A avaliar pelo que se sabe da técnica árabe, a reconquista nãotrouxe, no campo agrícola, aperfeiçoamentos notáveis. Pode mesmodizer-se que, no aproveitamento da água, como no dos estrumes, atécnica actual no Sul é inferior à dos dominadores da Península por seteséculos. E se a questão da água começa a ser resolvida em largaescala, embora localizada em relação à vastidão do Alentejo, é o preçoda mesma de fundamental importância nas condições de exploração daactual conjuntura agrária.
Fundamentalmente porém, toda a agricultura extensiva do Sul, osequeiro, assenta na monocultura de gramíneas cerealíferas, dominan-temente no trigo, único cereal com colocação assegurada a preçoconhecido, protegido desde a sementeira até à colheita, com excepçãodo clima frequentemente adverso e às vezes traiçoeiro.
Sem discutir o sentido da evolução da cultura do trigo entre nósproblema económico para além das nossas possibilidades e quetranscende o simples aspecto da fertilidade que nos propusemosestudar, podem contudo analisar-se com maior detalhe os elementosbásicos da cultura em si, no que diz respeito aos elementos edáficos
que a condicionam. Das rotações alqueive—trigo—trigo—cevada ouaveia—pousio por alguns anos (PEREIRA, 1900), (*) ou alqueive—trigo—cevada—aveia—pousio ou ainda alqueive—trigo—aveia—pousio(ANONIMO, 1942), tem a sucessão de culturas sido cada vez maisfrequente, por encurtamento de pousio, até se reduzir a alqueive—trigo—cevada ou aveia ou simplesmente alqueive—trigo. Como HER-CULANO escreveu em 1874, «Num país mediocremente cerealífero,ao menos com relação às praganas, esgotamos os terrenos férteis comtristes rotações bienais e trienais, em que raramente figuram as ervas
de fouce». E «a rotação (#) é imprópria para obter uma remuneradoraprodução de trigo» (#) alqueive—trigo—cevada, aveia, trigo ou cen- teio—pousio (1 a 10 anos) (BARROS, 1934).
Não há dúvida que se tem feito progressos no aperfeiçoamento dacultura em si, no que diz respeito à introdução de cultivares maisprodutivas e adaptadas a condições desfavoráveis de solo e clima,sobretudo ultimamente. Aduba-se mais, sem que isso signifique asmais das vezes melhor. Fazem-se mobilizações do solo não só maisfundas como mais frequentes e perfeitas. «Dantes, davam-se pr’aí unsriscos de arado nas terras, semente parriba d’elas e zás! Agora?!...alqueives em branco de charrueca, atalhos, aterceiros, quando Deusquer grades; desmoitas por baixo; adubo número doze, amónios;salitre. . . mal empregado dinheiro» (SILVA, 1939). Alargou-se a áreacultivada a terras folgadas, mas o rendimento unitário manteve-se
constante, ou aumentou apenas muito ligeiramente. Em alguns casosmesmo, como no Alto Alentejo, «ao passo que a área semeadaaumentou de 25,5% de 1931 para 1932, a produção aumentou apenas15%, o que prova ter o aumento sido conseguido mais à custa doacréscimo da área do que da intensificação cultural» (BARROS, 1934),como BORGES reconhecera já em 1920 «As terras novas, que nuncatinham visto semente, davam searas brutas... Era semear e colher.Depois é que amargou! Terras fracas, delgadinhas, deram logo emcansar-se, em minguar na semente e só a poder de guano se tira hojealguma coisa delas (RIBEIRO, 1927). Ora se a técnica cultural seaperfeiçoou e a produtividade não cresceu paralelamente, é que o climaa não permite ou o solo a não comporta. Que os climatologistasdeterminem até que ponto o clima é factor inibitório da cultura e osagrónomos achem as modificações culturais susceptíveis de afectar aprodução. Já não é hoje viável cultivar de certa maneira «porque
sempre assim se fez»; não o recomenda a técnica, nem o consente umasituação económica desejável. Mas se se aceita que alguma coisa nãoestá bem e há que modificar, torna-se indispensável conhecer empormenor e demonstrar no campo, como certas práticas culturaisafectam a produtividade e fertilidade da terra, admitindo todavia comoANDRADE CORVO em 1867 (SOUSA, 1886) que «a rotina tem certase determinadas regras fundadas na experiência». Foi numa tentativa deconhecimento das práticas usuais, para saber porque assim se fazia,que surgiram os ensaios adiante discutidos. É certo que ignorando, ouantes menosprezando, talvez as dificuldades, se aproou ao rumo maisdifícil, conforme o demonstrou o trabalho subsequente e a bibliografiadesde então acumulada. Esta última provou também, em extensão eprofundidade, que eram idênticos os anseios alheios como é pertinentea necessidade de melhor conhecer os já tão velhos e sempre novosfenómenos ligados à tradicional rotina da cultura da terra. Toda a cultura
do trigo entre nós é baseada quase exclusivamente no alqueive,revestido ou não, à boa maneira mediterrânica, e o grão de bico é aleguminosa predilecta no Sul, para o alqueive das «terras fortes». Aestrumação verde que eleva a produção, é julgada prática melhoradorada fertilidade do solo, «que pode chamar-se bem uma correcçãohumífera» (REBELO, 1917). A palha como o restolho, queimam-se para«melhoria do estado físico, químico e biológico da terra e combate àmaior parte das doenças do trigo, embora percamos húmus e azoto»(REBELO, 1917), tal como Vergílio preconizou e elevar mesmo aprodução, como a própria agronomia contemporânea reconhece(GALVÃO, 1937). Sem compreender como actua o alqueive para umafertilidade efectiva do solo, nem tão pouco a estrumação verde, já então,há doze anos, isso era contestado na bibliografia, entre o dilema deaceitar passiva e comodamente práticas generalizadas por decalque,hábito ou dedução pouco lógica e rever no campo e no laboratórioalgumas delas, optou-se pela segunda alternativa.
Mesmo em condições; deficientes para a experimentação destanatureza, fizeram-se tentativas de estudo de práticas correntes e
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apresentam características semelhantes de distribuição das formasúteis sobre a superfície aproveitada, no tempo e no espaço, e nas quaisa orientação que lhes é imprimida segue uma mesma linha geral decomportamento.
O método de análise de sistemas deve obedecer ao seguinteesquema:
—admitir subsistemas alternativos;—formular conjuntamente os vários factores ou componen-
tes;—definir correctamente os padrões a atingir, bem como as
características normais das componentes;—considerar o conjunto dos factores e definir as ligações
estratégicas e as operações indispensáveis (isto é, os aconte-cimentos decisionais).
Os sistemas de exploração da terra traduzem em geral situações deequilíbrio entre o homem e o meio, realizadas através das exploraçõesagrícolas, embora por vezes com alterações profundas da biogeocenose.São pois dependentes do modelo físico que preside às relações bio-energéticas locais e podem discutir-se com base nesses modelos.
Num sistema de exploração da terra podem distinguir-se os sistemasde produção e os sistemas de cultura.
Os sistema de produção definem a importância de cada um dossectores de actividade agrícola na exploração: pecuária, arvense,hortícola, florestal, etc.
Os sistemas de cultura reflectem «a maneira pela qual os agricultorespodem manter ou aumentar a fertilidade dos seus campos, seja fazendosuceder as culturas, seja cedendo adubos, seja pelo contrário orientan-do a produção para produtos de fracas exportações» (HÉNIN eSÉBILLOTE, 1962). Alguns exemplos de sistemas de cultura: agricul-tura extensiva de culturas arvenses de sequeiro com pousio, cultura doregadio da cana-de-açúcar com intensa aplicação de adubos químicos.
A noção de sistema de produção considerada pelos economistas,mais lata, englobando as concepcões anteriormente formuladas; repre-senta a combinação das produções e dos factores no seio da unidadeprodutiva ou centro de decisões que e a empresa. Deste modo o
sistema de produção é a combinaçao das produções a que o agricultorse dedica ou pretende dedicar e dos recursos humano e materiais cujaaplicação considera necessária entre aqueles de que pode dispor, paraextrair de tais produções o resultado económico desejado. As compo-nentes fundamentais do sistema de produção são os factores e asproduções.
Abandona-se destarte uma óptica exclusivamente técnica paraconsiderar as implicações económicas do sistema. Ao nível da explo-ração to agrícola os sistemas de exploração da terra conduzem a umsistema de produção.
...Numa concepção mais ampla podemos ainda considerar as defini-
ções de sistema de agricultura e de sistema agrário, mas a suaformulação implica um enquadramento sócio-económico das compo-
nentes dos sistemas.Os sistemas de agricultura dizem respeito à organização e finalidadeeconómica da exploração. De acordo com BICANIC (1967), podemosconsiderar os seguintes sistemas: agricultura de subsistência; agricul- tura comercial; agricultura empresarial; agricultura contratual e plane- ada.
O sistema agrário é apresentado por CASTRO CALDAS (1964)como o conjunto de situações de carácter económico e social, enqua-dradas por uma certa harmonia de normas jurídicas ou costumesinveterados ou ate caracterizados por uma mentalidade determinadado empresário agrícola ou do trabalhador.
A formulação de dois exemplos ajuda a esclarecer alguns dosconceitos que se acabam de indicar.
A agricultura itinerante do Huambo será:
—um sistema de produção pouco intensivo em capital,recorrendo em exclusivo a mão-de-obra familiar;
—um sistema de cultura com pousio e incorporação deresíduos de vegetação espontânea;
outras; o desejar-se o óptimo é talvez a razão de se não possuíremainda hoje os conhecimentos básicos indispensáveis para uma agricul-tura melhor. Por isso, logo que foi possível obter uns palmos de terra,e não podia ambicionar-se solo representativo tão pouco, logo que nosderam um modesto «quinchoso», instalou-se um reduzido ensaio, ouum simples campo de demonstração, onde pudessem verificar-se unsquantos efeitos com o auxílio do laboratório. Nada de novo se trouxepara a experimentação além de ideias simples, adaptações, tentativasde melhor conhecer, e bem pouco, o comportamento de certas práticas
nas nossas condições ecológicas. O que se fez com modéstia, é o queadiante se expõe e se procura comentar.
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1 - Alguns conceitos
Sistema é uma hierarquia de componentes e factores, humanos oumateriais, visando determinado objectivo; para que um sistema funci-one, necessário se torna que as componentes estejam interligadas edependentes, formando um todo coerente. Ou como diz LOPES (1970)“um sistema é um conjunto de partes interdependentes, e essainterdependência determina um intercâmbio que se processa ordena- damente entre as suas diversas componentes”.
Dentro de idêntica perspectiva podemos considerar, numa primeiraabordagem, a definição do conceito de sistema de exploração da terrainterpretado como o conjunto de culturas e práticas ou operações culturais, característico das explorações agrícolas, que assume umaforma mais ou menos homogénea no espaço e no tempo .
O sistema representa assim uma certa forma do aproveitamentoagrícola e agrupa explorações - todas diferentes uma das outras - que
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—um sistema de agricultura de subsistência e comercialmas fundamentalmente orientado para o autoconsumo;
—um sistema agrário de propriedade privada familiar compredomínio da mulher na gestão da empresa.
O sistema de agricultura de regadio no Campo do Ribatejo será:
—um sistema de produção muito intensivo em capi tal recor-rendo em larga escala ao trabalho assalariado;
—um sistema de cultura muito intensivo, mecanizado eincorporando grandes quantidades de nutrientes sob a formade adubos químicos;
—um sistema de cultura comercial ou contratual e planea-do;
—um sistema agrário de propriedade privada e empresapatronal.
2 — Aspectos técnicos e económicos numa exploração agrícola
Em qualquer empresa agrícola o empresário é solici tado a resolverproblemas de ordem técnica e problemas de ordem económica.
Os problemas de ordem técnica enquadram os aspectos relativos aofuncionamento da exploração que podem ser analisados sem interferir
com a combinação dos meios de produção e portanto com o sistema deprodução, no sentido económico. A sua solução pode ser equacionadasem recurso ao cálculo económico.
Consideremos alguns exemplos: a escolha de uma fórmula deadubação no que respeita à essencialidade dos nutrientes que acompõem; o tipo de armação do terreno em cultura regada; a escolhado tipo de aiveca mais indicado para realizar determinada lavoura.
Diz-se que se distinguem mas não são independentes das soluçõeseconómicas, embora possa haver casos extremos em que é impossívela escolha de diferentes soluções técnicas. A apresentação de algunsexemplos permite esclarecer esta ideia; na região de Nova Lisboa(Huambo) em solos ferralíticos, onde não há produção física do toma-teiro sem adubação azotada e fosfórica, essa fertilização impõe-se; aescolha entre os distintos modos de colheita do tomate em estufa que,
nesta condição, só pode ser manual.Excluindo estes casos extremos, todos os problemas técnicos sãopassíveis de uma análise económica; mas uma análise económica parase revelar útil ao empresário pressupõe a correcta abordagem dosproblemas técnicos, de cuja caracterização resultam, em ultima aná-lise, as referências técnicas essenciais para a análise a fazer peloeconomista.
Os problemas de ordem económica estão relacionados com aescolha o quantificação dos meios de produção com vista à consecuçãodo objectivo económico do empresário, qualquer que este seja: efectivi-dade de custo, relação custo-preço, relação custo-lucro ou eficiência docusto. A solução deste tipo de problemas conduz à revisão do sistemade produção e portanto da gestão da empresa.
A segunda questão que nos propusemos analisar refere-se aos
conceitos de organização e operação.Como refere BLACK (1947), na gestão duma empresa agrícola hádois aspectos fundamentalmente distintos: a organização (etimologia:orgão que é parte) e as operações (etimologia: operar ou actuar, que éexercício ou funcionamento dum orgão).
O estudo da organização da empresa deve corresponder a umaanálise sistemática das condições de produção e ser orientado de modoa fornecer adequada resposta às seguintes questões fundamentais:
O que produzir? Que culturas, que animais, que combinações deculturas e animais? A resposta a esta questão será relativamente fácilquando a exploração apenas pode produzir em condições económicasum produto ou um número restrito de produtos, como acontece, porexemplo, no caso duma açucareira ou nas empresas produzindo sobcontrato.
O que produzir em cada folha da exploração? Esta questãopressupõe a escolha da rotação e o estabelecimento dos afolhamentos.
Natureza da energia (além da solar) a utilizar? Envolve a determi-
nação da potência necessária para cada operação, assim como aopção entre tracção animal ou mecânica. Operações culturais a reali-zar? Em que consistem as operações? Qual o objectivo? São necessá-rias? Porquê? Poderiam ser substituídas por outras operações?
Como se efectuam as operações? Porquê com este material?Poderão ser efectuadas com outro material? Quais as principaiscaracterísticas do material necessário para realizar a operação?
Quantidade de factores a utilizar? Quais as fórmulas empregues
nas adubações? Que quantidade de semente empregar? Que tipo dearraçoamento?Unidades produtoras a utilizar? Este aspecto é fundamental, pois
da escolha dos biótipos (plantas ou animais) depende em boa parte aprodutividade da exploração.
Quando vender? Em que fase ou época; a que preços?A organização da exploração é económica quanto à decisão final,
mas esta será inadequada se não se fundamentar numa formulaçãotécnica o mais possível exacta dos problemas existentes.
A organização da exploração recorre simultaneamente à informaçãotécnica e à informação económica: assim, ao definir a técnica operatóriapara levar a cabo determinada produção, é evidente que apenas àtécnica recorremos; se pretendemos escolher o tipo de aiveca quepermite efectuar de forma mais adequada uma lavoura, é ainda à
informação técnica que apelamos; se pretendermos determinar afórmula do arraçoamento para levar a cabo determinada actividadepecuária, será ainda na técnica que recolhemos a informação necessá-ria para fundamentar a decisão.
Mas as diversas soluções alternativas, indicadas por uma análiseexclusivamente técnica são, como já se referiu, passíveis de umaanálise económica.
Em conclusão, a organização da empresa implica o recurso sistemá-tico e simultâneo às informações da técnica e da economia.
Primeiramente intervém a técnica para definir as referências de cujaordenação resulta a técnica cultural ou operatória; depois intervém aanálise económica para definir, entre as diversas soluções tecnicamen-te possíveis, qual a mais interessante para o resultado final da explora-ção em causa. Todavia, tem-se por essencial que a anál ise económica
só e útil para o empresário quando aplicada sobre um equacionamentocorrecto dos problemas técnicos.
Deste modo podemos concluir que o planeamento actua comoligação entre a técnica e a economia; a decisão final é económica, masesta será inadequada se não se fundamentar numa formulação técnicatão exacta quanto possível dos problemas existentes.
Organizada a exploração o empresário tem que tomar uma sucessãoconstante de resoluções, mês a mês, semana a semana, dia a dia; sãoas decisões operacionais, de aspecto eminentemente dinâmico.
A formulação correcta destas decisões implica uma acção planeada,isto é, a ordenação dos objectivos, a previsão dos meios necessáriose a coordenação da respectiva utilização.
Consideremos alguns exemplos:
—Prevendo-se a necessidade de adubar uma cultura emNovembro, o adubo deverá estar na exploração antes dessemes.
—Para decidir sobre as operações que permitem realizarem boas condições uma colheita de forragem para conservar,programada para época com condições meteorológicas incer-tas, é necessária a existência de um armazém, de um secadorou de um silo, pois tais condições podem não permitir afenação uma vez que a época de colheita pode ser chuvosa ouhúmida.
O planeamento das operações fornece elementos para a elaboraçãoda técnica cultural. As decisões são tomadas pelo empresário notempo, de maneira dinâmica e não estática, com possibilidade deintervenção correctiva; mas só se as operações forem devidamente
planeadas haverá probabilidades de êxito quanto ao acerto dessasdecisões.Consideremos agora a noção de actividade. Não se pode elaborar o
planeamento das operações sem que previamente se estabeleça umplano de exploração e este não pode ser feito sem que se realize o
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determinado objectivo cultural. Assim, a operação cultural «distribuiçãomecânica do adubo» pode abranger as actividades seguintes: comprado adubo, prazo de entrega, transporte do adubo ao local onde se iniciao trabalho, transporte do distribuidor ao local de trabalho, verificar eregular o distribuidor, abastecimento do distribuidor, distribuição doadubo e viragens no topo da parcela.
A noção de actividade considerada é muito distinta do conceito deactividade formulado pelos economistas: ao passo que em planeamen-
to de operações a actividade representa a fracção unitária ou elementardo caminho a percorrer para a consecução do objectivo cultural fixadoa concepção apresentada pelos economistas e mais ampla e caracte-riza, técnica e economicamente, o conjunto produção-tecnologia adop-tada.
A escolha do sistema de produção obriga a definir previamente oplano de produção, que integra o seguinte conjunto de planos parce-lares:
• Plano de afolhamento• Plano de culturas• Plano de operações• Plano de fertilizações• Plano pecuário
O conjunto destes planos constitui um modelo e é o confronto entreos vários modelos possíveis que permite escolher o mais interessantedo ponto de vista empresarial. Num sistema de produção racionalmenteestruturado, os planos parcelares considerados são, como é óbvio,interdependentes; todavia o plano de operações situa-se numa posiçãode cúpula em relação aos restantes. Na verdade, a consecução dosdiversos planos parcelares implica a definição de conjuntos de opera-ções cuja realização constitui o âmbito do plano de operações. Comorefere HILF (1963), na organização de qualquer empresa a economiaselecciona os objectivos e a técnica prepara e reúne os meios para osrealizar; no topo, o trabalho através do plano de operações combina osmeios de forma a alcançar os fins. Delimitando assim o campo dasnossas preocupações às operações culturais a realizar no quadro deum sistema de produção previamente definido, podemos concluir que
a elaboração de um modelo de operações se traduz na defin ição de umconjunto ordenado de acções, de cujo planeamento vamos tratar.
No planeamento das operações na exploração agrícola pode mosidentificar as seguintes fases (CARY e DESRUISSEAUX, 1970):
—definir objectivos e operações;—seleccionar meios;—combinar e coordenar;—controlar e rectificar.
A — Definir objectivos e operações
Definir os objectivos e as operações a realizar, a partir da análise dosdiversos planos parcelares que foram considerados, bem como dos
condicionalismos edafoclimáticos, culturais, económicos e sociais.Esta fase permita estruturar o programa ou estratégia de actuação.
B — Seleccionar meios
Definir e caracterizar os meios humanos e materiais indispensáveisà consecução desses objectivos, a partir do conhecimento das normasde rendimento ou valores modulados necessários para definir comexactidão as condições de execução das operações. Estes valoresdevem ser adaptados às condições específicas da exploração nomeada-mente no que se refere à natureza e estado do solo, à dimensão elocalização das folhas e aos quantitativos de produtos a distribuir ou arecolher. Torna-se entretanto possível encarar diversas soluções ecombinações alternativas susceptíveis de permitir a realização dasoperações. Por exemplo realizar a preparação da terra para a cultura dotrigo com duas lavouras e uma gradagem ou reduzir o número demobilizações e efectuar apenas uma gradagem.
estudo da empresa agrícola como unidade económica. O estudo daempresa agrícola como unidade económica pode visar dois objectivos:de análise, quando incide sobre explorações existentes, permitindoentão a sua crítica e evidenciando os seus «pontos fracos; de pla-neamento, quando procura estruturar novas explorações ou promovera remodelação mais ou menos profunda das explorações existentes(BARROS, 1964). É nesta última perspectiva que se orientam oschamados métodos de programação da empresa agrícola. A empresaagrícola, por sua vez é um conjunto de «ramos de actividade que se
apresentam simultaneamente como complementares e concorrentes.Complementares, porque em geral qualquer deles, isoladamente, nãoconsegue assegurar a óptima solução quanto ao resultado final e aomelhor aproveitamento dos factores disponíveis, o que torna quasesempre necessário associar e combinar um certo número de ramos.Concorrentes, porque todo são consumidores de factores de produção,devendo dar-se preferência aos que proporcionem melhor resultadopor unidade de factores aplicados» (BARROS, 1964).
É este, em síntese, o objectivo dos métodos de programação que«pretendem determinar a estrutura duma exploração e propor a combi-nação mais favorável (..) das diversas modalidades de utilização dosolo e da criação animal, ecológica e tecnicamente julgadas viáveis»(BARROS, 1964).
O critério a que se recorre «para definir as unidades ou peças
elementares que devem entrar nas combinações a estabelecer, não énem pode ser uniforme, e não se baseia exclusivamente na natureza daprodução» mas tem de ser «muito preciso» (BARROS, 1964).
A unidade, a tal peça elementar, deve sempre corresponder:
1.º- a uma produção ou a um conjunto de produçõesrigorosamente definidos no que respeita à época, à qualidade,à quantidade e ao preço;
2.º—a uma relação, igualmente bem definida, entre aquelaprodução ou este conjunto e os factores nela aplicados» (...)«Propomos que se lhe dê a designação de actividade» (BAR-ROS, 1964).
A actividade simples ou elementar, utilizada pelo responsável peloplaneamento, é aquela que se caracteriza pela existência da maiscompleta identidade no que diz respeito aos factores seguintes:
a) natureza, produtividade e localização da parcela do solo;b) cultura praticada;c) produtividade unitária;d) preços dos produtos obtidos;e) valores unitários dos factores aplicados: valor venal ou
renda da propriedade, taxas de juro dos capitais, preços dosmateriais, salários, custo do dia ou hora de tracção, etc.;
f)técnica cultural seguida.
3 — O planeamento das operações
No planeamento de operações adopta-se em geral o seguinte
esquema de análise:Trabalho global, entendendo-se como tal o conjunto dos trabalhosou tarefas efectuadas na exploração ao longo de determinado intervalode tempo.
Trabalho especial, isto é o conjunto de tarefas efectuadas expres-samente para determinada produção.
Parcela de trabalho, que constitui o conjunto de operações culturaisque permitem materializar determinado objectivo cultural.
Operação cultural, definida como um conjunto de actividadesvisando determinado objectivo bem definido. O trabalho «sementeirado trigo», por exemplo, é decomponível nas operações culturais se-guintes: preparação do solo para receber a semente, transporte doadubo, distribuição do adubo, transporte da semente, distribuição dasemente.
Actividade é deste modo a fracção ou elemento unitário em que sepode decompor uma operação cultural efectuada em dado local commeios e em condições bem definidas, necessária à concretização de
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C — Combinar e coordenar
Combinar e coordenar no espaço e no tempo quer os meios quer aprópria realização das operações, o que permite em última análiseestruturar o projecto ou modelo de combinação das operações. Asoperações agrícolas são, por via de regra, efectuadas a céu aberto eestão portanto dependentes das irregularidades do clima. Por outrolado o ritmo de realização dos trabalhos deve enquadrar-se nasexigências biológicas das plantas e dos animais. Destarte não se tornapossível ordenar regularmente os trabalhos agrícolas ao longo do ano,sucedendo-se pelo contrário alternadamente períodos de grande e depequena ou nula actividade. A épocas com grande intensidade detrabalhos dão origem aos períodos de ponta ou seja aqueles em quesão excedidas as disponibilidades normais da mão-de-obra e doequipamento da exploração e não é possível executar em boas condi-ções a totalidade dos trabalhos programados.
A ocorrência destes períodos complica consideravelmente a elabo-ração do plano de operações (ou a sua ulterior realização) e conduzquase sempre a acréscimo de encargos.
De facto ou dispomos de meios susceptíveis de fazer face àsnecessidades destes períodos, que só são plenamente empregadosem restritas épocas do ano, ou pelo contrário procuramos o plenoemprego dos meios de trabalho disponíveis, correndo-se então o risco
de não ser possível respeitar o calendário cultural e de efectuar algunstrabalhos em condições desfavoráveis e susceptíveis de afectar orendimento físico das produções.
Um dos objectivos do planeamento das operações consiste precisa-mente em reduzir ou até eliminar as pontas alcançando uma maisequilibrada repartição das operações no tempo e um melhor ajustamen-to entre os meios de trabalho disponíveis e os considerados necessá-rios, não deixando contudo de ter em vista as restrições técnico-económicas da empresa. A regularidade na execução das tarefastorna-se, como regra, mais difícil de conseguir em sistemas demonocultura; “a conveniente repartição das operações ao longo do anopode obter-se, quer diversificando as produções, de forma a alternaractividades com diferentes exigências estacionais de meios de traba-lho” (CARY e DESRUISSEAUX, 1970), quer organizando em moldes
diferentes ou alternativos as operações cujas épocas de realizaçãocoincidam com os períodos de ponta. A sensibilidade dos trabalhosagrícolas à variação das condições meteorológicas não é uniforme,antes oscilando dentro de limites bastante amplos. O facto leva-nos aclassificar os trabalhos realizados na exploração em não-diferíveis ediferíveis, consoante se encontram ou não subordinados a datasprecisas, não podendo a sua execução ser avançada ou retardada semafectar o resultado da produção (CARY e DESRUISSEAUX, 1970). Sãoos trabalhos não-diferíveis que suscitam problemas complexos naprogramação das operações: assim, em consequência das já referidasdependências em relação ao clima e ao ciclo biológico das produções,torna-se necessário conhecer os períodos de execução do trabalhoe os dias disponíveis. O cálculo destes parâmetros é feito para regiõeshomogéneas no que diz respeito ao clima e ao tipo de solo,correspondendo a cada operação não-diferível um número determina-
do de dias disponíveis resultante da interacção de dois fenómenos: avariação da amplitude do período de realização dos trabalhos e avariação da proporção dos dias utilizáveis no interior destes períodos.No que se refere aos trabalhos diferíveis admite-se que eles podem serefectuados nos períodos de tempo localizados entre pontas provocadaspelas operações ligadas a datas precisas de execução; este critério,que se revela aceitável na generalidade das explorações de policultura,e de aplicação muito discutível nas empresas adoptando sistemas decultura muito especializados ou recorrendo a elevado grau de mecani-zação, casos em que os trabalhos diferíveis assumem considerávelimportância. Torna-se deste modo necessário entrar em linha de contacom eles ao elaborar o planeamento das operações.
D — Coordenar e rectificar os meios
Trata-se da fase de execução do projecto no decurso da qual se tornanecessário controlar a realização das operações e intervir sempre quese registem desvios importantes ao modelo previamente definido.
4 — Tipos do plano de operações
O desenvolvimento do projecto pode ser horizontal ou verticalconforme se processa por culturas (ou grupos de culturas) ou porsectores da empresa agrícola.
Por melhor estruturado que seja um projecto, é praticamente impos-sível definir antecipadamente com precisão todas as decisões e opçõesque se torna necessário tomar no decorrer da execução e prever a
rendibilidade das diversas soluções possíveis e muitas vezes será naexperiência passada que se buscará a orientação para as decisões dofuturo.
As dificuldades aumentam com a ampli tude do período de tempo queo modelo pretende abranger. O facto sugere a necessidade de consi-derar no planeamento das operações um horizonte de longo prazo e umhorizonte de curto prazo.
O plano de longo prazo terá duração idêntica ao número de anosnecessários para completar a rotação: as decisões a tomar relacionam-se sobretudo com a escolha do material pesado (tractores, ceifeiras-debulhadoras, equipamento para rega, etc.) e com a realização deoperações culturais cuja acção se faz sentir durante vários ciclos deprodução (drenagens, nivelamentos, correcções da fertilidade do solo,derrubas, etc.).
Verifica-se no entanto que no período de actividade em causaocorrem ou podem ocorrer acontecimentos de difícil ou mesmo impos-sível previsão, tornando-se deste modo necessário proceder à rectifica-ção periódica do plano de longo prazo. Tais acontecimentos podemfazer-se sentir no meio económico (crises económicas, diminuiçãobrusca da população activa provocada pela aceleração do surto deemigração ou outras causas) ou no meio cultural (novas tecnologiasresultantes da acção de processos técnicos imediatamente aplicáveis).Este facto evidencia a necessidade de recorrer a planos de médioprazo, ou seja planos anuais através dos quais se define a estratégiadas operações.
Finalmente haverá que referir a ocorrência de determinados aconte-cimentos na fase de execução do projecto que obrigam a alterar aorientação inicialmente prevista; esta deverá ser ajustada através deprogramas de curto prazo (semanais ou mensais) definidores da tácticaoperatória.
Um dos factores que tornam difícil o estabelecimento de um projectorígido de operações na exploração agrícola é a já referida dependênciaem que se encontra o empresário agrícola em relação às condiçõesclimáticas. Considerem-se as três seguintes operações: a lavoura, asementeira na agricultura de sequeiro e a colheita.
Todas elas são profundamente influenciadas pelos estados dotempo que afectam o estado físico do solo e o estado hídrico da plantae dos quais dependem em larga medida as condições de operabilidade.
Por outro lado, o atraso de poucos dias no inicio de uma operaçãopode afectar de algumas semanas a sua conclusão.
As condições climáticas condicionam também a duração do ciclobiológico das culturas, cuja amplitude pode ser muito alterada. Nas
regiões do continente a sul do Tejo, a variabilidade climática é muitomais acentuada no semestre Novembro-Abril que no semestre Maio-Outubro, do facto resultando uma maior dificuldade em planear asoperações naquele período.
....Finalmente, haverá que referir a irregularidade física da maioria da
explorações agrícolas cuja acção concorre cumulativamente com asdificuldades resultantes da variabilidade climática. Basta referir a tãofrequente heterogeneidade das folhas quanto à natureza dos solos.Deve acentuar-se que o planeamento das operações tem uma palavraa dizer após a obtenção dos resultados do planeamento económico,sobretudo quando as respectivas escalas de trabalho forem distintas.A optimização económica feita para uma região é, por vezes, dificilmen-te exequível ao nível da exploração agrícola. Dois exemplos: oafolhamento preconizado não se conjuga facilmente com a variabili-dade dos solos da exploração; as épocas previstas para a preparaçãodo terreno são condicionadas pelas disponibilidades de mão-de-obrana empresa.
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O planeamento das operações na exploração agrícola pode serencarado de acordo com duas ópticas distintas.
Oplaneamento global considera a totalidade das operações realiza-das na exploração durante um período de tempo determinado; corres-ponde-lhe a máxima complexidade, dado que pressupõe o enquadra-mento sistemático de todas as operações com vista a estudar asmelhores condições de utilização do conjunto dos meios de trabalho(mão-de-obra e máquinas) disponíveis. Nesta perspectiva global o
planeamento das operações conduz não só a determinar o adequadoescalonamento das operações no tempo e no espaço, mas implicaigualmente a realização dos trabalhos no momento oportuno. Numaóptica mais restrita o planeamento das operações estuda operaçõesisoladas, determinando as condições que conduzam à melhor execu-ção dos trabalhos; assume deste modo a forma de um planeamentoparcelar que se confunde com a organização do trabalho e éconcretizado na fase de execução ou preparação das operações.Torna-se evidente que o planeamento global supõe o planeamentoparcelar; não apresentaria sentido tentar programar um conjunto quan-do os respectivos elementos componentes se encontram organizadosde forma insuficiente.
5 — Métodos de elaboração do plano de operações
Os métodos de planeamento registaram nos últimos anos progres-sos notáveis; o método científico de estudo e preparação das decisõesfoi gradualmente introduzido nas diferentes actividades económicas,iniciando-se essa penetração pela indústria e alcançando mais recen-temente o sector agrícola.
Para tal penetração contribui decisivamente o crescendo de dificul-dades que em todos os aspectos se deparam ao empresário; duranteanos a tomada de decisões no que diz respei to à escolha das activida-des, dos factores de produção e à combinação das operações naexploração agrícola fundamentou-se em princípios e técnicas empíricas,que na rotina e no bom senso buscavam justificação.
Esses métodos embora tenham conduzido, em determinada fase daevolução da sociedade, a uma situação de equilíbrio que traduzia omais racional aproveitamento dos recursos disponíveis, revelam-se em
boa parte inoperantes na actualidade.Pertence a este tipo de actuação o planeamento de memória no
qual todas as decisões são tomadas de forma empírica, baseadas naexperiência e na intuição mas ignorando grandemente o métodocientífico e os princípios do racionalismo. A informação de base é retidana memória do agricultor e as opções tomam-se por força das circuns-tâncias e com base em justificações meramente intuitivas; a transmis-são das informações e directrizes aos executantes é sempre feitaoralmente e não existe qualquer possibilidade de verificação sobre aexecução das operações.
Este processo de planear a exploração e de elaborar o modelo deoperações, perfeitamente adequado para certos sistemas de explora-ção da terra, evidencia-se em outros casos demasiado grosseiro e comelevada margem de incerteza; os lapsos e omissões são frequentes, só
não se revelando a sua gravidade porque o planeamento de memóriaé hoje praticado quase exclusivamente na agricultura de subsistência,na qual, por via de regra, o número de operações executadas érelativamente pequeno e deste modo a margem de erro, ainda queexistente, afecta em menor grau o funcionamento da exploração epouco se faz sentir no conjunto do sector agrícola. Por outro lado sendoos factores incorporados na produção fabricados ou preparados naexploração e sendo os produtos destinados em grande parte aoautoconsumo, o~ erros de orientação no plano de produção traduzem-se somente numa maior soma de sacrifícios por parte do empresário eseus familiares Será oportuno todavia recordar que tais empresasconstituem ainda na agricultura quantitativo demasiado importantepara que se possa aceitar atitude tão simplista. Assim, ocioso seráreforçar a necessidade de estruturar e divulgar novas técnicas deelaboração do plano de operações suficientemente explícitas e
simplificadas, tornando-se todavia essencial considerar dois aspectosque julgamos fundamentais: por um lado a escassez de referênciastécnico-económicas sobre as condições de emprego dos factores deprodução; por outro lado o nível cultural dos agricultores aos quais se
destinam.Forma mais elaborada nas técnicas de programação das operações,
como da própria exploração, representa o planeamento por peças escritas. A transmissão das informações no que se refere às tarefas arealizar, aos meios de trabalho, às condições de execução, ~ ordem deprioridade das diversas operações e respectiva sucessão no tempopassa a ser feita textualmente sob a forma de relatório.
Estes documentos permitem equacionar em conjunto os objectivos
previstos e os recursos necessários ou disponíveis para os atingir; a suaelaboração pressupõe um esforço de reflexão sobre a utilidade de cadauma das operações e permite, uma vez passado à fase de execução doprojecto, responsabilizar os executantes.
O relatório pode ser simplificado, recorrendo a quadros ou fichas auxiliares que facilitam não só a escrituração como a leitura. Um modelodeste tipo de quadro é representado pela designada ficha de operação,preparada para nela se inscreverem de forma sintética mas precisatodas as indicações relativas à execução de cada tarefa: objectivos;
justificação; recursos necessários; previsão da duração; evolução notempo.
Assim, enquanto que o relatório dificilmente permite analisar odesenvolvimento das operações no tempo, a ficha de operação eviden-cia esta evolução e funciona deste modo como meio de controlo das
acções ou operações previstas.O método de planeamento por peças escritas apresenta no entantoas seguintes limitações:
—a sua elaboração e consulta revela-se bastante demora-da;
—a transmissão das informações é quase sempre difícil epouco precisa;
—o controlo das operações e a sua rectificação, sempre queocorram desvios nas previsões elaboradas, torna-se deverascomplexo;
—dificilmente evidencia as ligações entre as operações epermite localizar aquelas cuja realização condiciona o maisracional desenvolvimento do projecto.
Não se infira contudo das deficiências apontadas aos métodosconvencionais de programar as operações que tais métodos devampura e simplesmente ser abandonados; tal concepção está longe detraduzir o nosso ponto de vista, uma vez que mantemos a opinião de queos métodos escritos constituem apoio essencial dos métodos evoluídosde planeamento das operações que analisaremos seguidamente. Masnão deixamos de acentuar a necessidade de os simplificar e melhorarde forma a torná-los verdadeiramente funcionais.
...As insuficiências e limitações dos métodos convencionais de plane-
amento das operações sugerem a necessidade de recorrer a processosmais evoluídos largamente adoptados em outros sectores da activida-de económica; e o caso dos métodos baseados na investigação de operações.
A crescente penetração dos métodos baseados na investigação deoperações na programação das operações em agricultura encontra justificação em dois aspectos distintos.
Por um lado na integração da empresa agrícola no desenvolvimentoeconómico e na concomitante evolução de um sistema de economiaagrícola de subsistência para um sistema de economia agrícola deempresa orientado para a troca.
Por outro lado no reconhecimento de que não obstante o facto de arealização dos trabalhos agrícolas, submetida às imposições dascondições climáticas, obedecer a uma ordem ditada pelas exigênciasbiológicas das plantas e dos animais e (...) estar sujeita a um calendáriocultural que, até hoje, se tem imposto, quase implacavelmente, aohomem revelando-se «o processo de produção raramente, e apenasmediante recurso a técnicas especiais, susceptível de ser acelerado ouretardado» (CARY e DESRUISSEAUX, 1970), a previsão não deve serexcluída na agricultura. Com efeito, quer o progresso das ciênciasngronómicas como o aperfeiçoamento das técnicas de previsão contri-buíram decisivamente para demonstrar que todo o processo da produ-
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ção agrícola é na verdade susceptível de ser programado e controlado,podendo o «empresário calcular com rigor crescente a evolução da suaexploração e diminuir, cada vez com mais eficácia, a acção dos riscose dos imponderáveis (CARY e DESRUISSEAUX, 1970).
O interesse da empresa agrícola em recorrer a técnicas evoluídas deplaneamento será tanto mais intensamente sentido quanto esta aban-dona uma posição de autonomia e se integra em sistemas de economiaagrícola de mercado nos quais a necessidade de fundamentar todas as
decisões (escolha e composição das actividades; definição da técnicacultural; indicação da máquina destinada a realizar determinada opera-ção; etc.) no conhecimento probalístico dos acontecimentos, de contro-lar e rectificar o desenvolvimento das acções, é mais premente.
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Área:1 ha ................................................................10.04 m2 ............... ......... (100 x 100 m)
1 acre ......................................................... 4840 sq yd ................................ 43560 sq ft
0.836127 m2 .................................................... 1 sq yd ........................................ 9 sq ft
1 sq ft ............................................................... 0.0929 m2 ............................... 144.0 in2
1 in2 ................ ................. ................ ................ 6.45 cm2 ................................. 645.0 mm2
1 ha ..................................................................2.471 acres .........................11959.9056 sq yd
0.405 ha ........................................................... 1 acre....................................4046.8546 m2
sq. yd - square yard - jarda quadrada; sq. ft. - square foot - pé quadrado.
Volume/Capacidade:1 l ...............................................................1000 ml ......................................1dm3
1000 l .......................................................... 1m3 ................................................. 1 estere
1 galão (gallon -gal-) ........................................ 4 quart ......................................... 3.784 l
1 pé cúbico ( ft3) .............................................. 0.028 m3 ............... ................ ... 28.317 l
1 litro ................................................................1.057 quart.................................. 0.26425 galões
1 almude ........................................................25 l ..............................................16.5 a 26 l
1 pipa ..................................................... 20 a 25 almudes ..................... 500 a 625 l
1 barril (barrel - bbl -; US Petroleum ):
42 gal ........................................................... 159 l ............................................137 kg petróleo
1 bushel ........................................................... 1.24 ft3 .......................................... 35.12 l
estere - Medida de volume para madeiras; almude - Antiga unidade de medida ou capacidade que
varia conforme as regiões do País.
A equivalência do barril de petróleo (bbl - US Petroleum) é estabelecida para uma massa volúmica de0.86 g.cm-3; (Petróleo “standard”).
Nos Estados Unidos, e em consequência disso, no mercado mundial de cereais e outros grãos, amedida tradicional é o bushel (bu). As medidas de capacidade podem se convenientes quando setratam de avaliar capacidades de carga. Contudo, a densidade daqueles produtos é muito variável,sendo necessário proceder a controlos de densidade (“bushel weight ” ou o equivalente português “pesodo hectolitro”) e teor de humidade. Alguns valores do “bushel test weight ” (Martin, Leonard e Stamp,1976).
Trigo 60 lb/bu 27.2 kg/bu a 14.0% H20 77.3 kg/hl
Milho 56 lb/bu 25.4 kg/bu a 15.5% H20 72.2 kg/hl
Sorgo 55 lb/bu 24.9 kg/bu a 15.5% H20 70.7 kg/hl
Cevada 48 lb/bu 21.8 kg/bu 61.9 kg/hl
Aveia 32 lb/bu 14.5 kg/bu a 14.5% H20 41.2 kg/hl
Soja 60 lb/bu 27.2 kg/bu 77.3 kg/hl
O grão aumenta de volume com o aumento de teor de humidade, pelo que o “test weight”, (peso dohectolitro) diminui. A conservação com segurança dos cereais, requer 13 a 14% de humidade e teoresainda menores no caso das leguminosas e oleaginosas.
A precipitação (chuva, neve, etc.) e a água de rega são frequente-mente medidas em altura de água, sendo a unidade mais usada o mm.Um milímetro de água corresponde, como se pode avaliar da figura, aovolume de um sólido que tem por base a área considerada (1 m2, 1 ha)
1 mm
AAreeaae por altura 1 mm. Assim, 1 mm de precipitação corresponde a:
1mm x 1 m 2 = 10-3 m x 1 m2 = 10-3 m3 =
= 1 dm3 = 1 l (num m 2 ) ou l/m2
1mm x 1 ha = 10-3 m x 10 4 m2 == 10 1 m3 = 10 m3 ou 10 m 3 /ha
Massa:1 t (tonelada métrica)................................ 10.03 kg ......................................10.06g
1 lb (libra/pound) ..................................... 0.4535 kg ...........................................16 oz (onças)
1 kg ........................................................... 2.205 lb ....................................... 35.28 oz
1 oz ......................................................... 0.0625 lb ....................................... 28.34 g
Há dois tipos de sistemas que usam a libra (pound) como unidade: O sistema “avoidupoids”, em que alibra (lb avdp.) é dividida em 16 onças (oz) e o sistema “troy” ou “Apothecaries”, usado para ouro, prata,etc., em que a libra (lb troy) é dividida em 12 onças.
FACTORES DE CONVERSÃO ECONSTANTES ÚTEIS EM AGRONOMIA
E ECOLOGIA
O sistema métrico, ou SI (Système International), que tem por baseo kilograma massa (kg), o metro e o segundo é reconhecido mundial-mente e é usado na maior parte do comércio agrícola mundial. Algunspaíses continuam a usar medidas inglesas (EUA, Inglaterra, Austrália,
N. Zelândia, etc.), embora a maior parte das revistas científicas usemunidades SI. Para o agrónomo é particularmente útil a capacidade deanálise quantitativa, sendo frequentemente necessário conhecer asinterrelações entre unidades de várias grandezas físicas.
Prefixos métricos:p .................................................................. pico ....................................... 10.0-12
n .................................................................nano ......................................... 10.0-9
µ ................................................................ micro ......................................... 10.0-6
m .................................................................. mili ......................................... 10.0-3
c ................................................................. centi ......................................... 10.0-2
d .................................................................. deci ......................................... 10.0-1
da ............................................................... deca ......................................... 10.0 1
h ................................................................ hecto ......................................... 10.0 2
k ................................................................... kilo ......................................... 10.0 3
M ...............................................................mega ......................................... 10.0 6
G .................................................................giga ......................................... 10.0 9
T .................................................................. tera ........................................ 10.012
Comprimento1 km ........................................................... 1000 m .....................................0.6214 milhas
1 milha .................................................... 1609.3 m .....................................1.6093 km
0.0254 m ..................................................... 2.54 cm ............................................1 polegada (“)
1 m ...............................................................100 cm .....................................39.37 “
0.01m............................................................... 1 cm ...................................0.3937 polegadas “
0.3048 .......................................................30.48 cm ............................................1 pé (ft)
0.333 jardas (yd).............................................. 1 pé ...........................................12 polegadas
1 jarda.............................................................. 3 pés ......................................... 36 polegadas
0.9144 m ........................................................91.44 cm ....................................... 1 jarda
10-6 m ............................................................ 10.0-4 cm ...................................... 1 µm (micron)
10-9m ............................................................... 1mµ (milimicron) ......................... 1 nm
5/10/2018 Organizacaoprodagricola2010 - slidepdf.com
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................................................... °K = °C + 273 ................................ graus Kelvin
Alguns valores comparativos:
C ..................................................................... F ................................................. K
-50 ................................................................ -58 ............................................. 223
-40 ................................................................ -40 ............................................. 233
-30 ................................................................ -22 ............................................. 243
-20 .................................................................. -4 ............................................. 253
-10 ..................................................................14 ............................................. 263
0 ...................................................................32 ............................................. 27310 ..................................................................50 ............................................. 283
20 ..................................................................68 ............................................. 293
30 ..................................................................86 ............................................. 303
40 ................................................................104 ............................................. 313
50 ................................................................122 ............................................. 323
100 ...............................................................212 ............................................. 373
Energia e trabalho:
“Trabalho” em sentido mecânico resulta da acção de uma força aolongo de uma distância. O corpo em que o trabalho foi aplicado ganha“energia”. Assim, trabalho e energia são expressos nas mesmasunidades.
1 Joule é a energia criada quando se aplica um força de um Newton(força que imprime uma aceleração de 1m.s-2 a uma massa de 1 kg) aolongo de uma distância de 1 metro. Potência é a taxa a que o trabalhose processa e 1 Watt = 1 Joule / segundo.
No sistema m-kp-s, em que o kilograma força substitui o kilogramamassa como unidade fundamental, a unidade de energia é o kilogrâmetro.
1 kgm = 1 kgf x 1 m1 J = 1 N . m = 1 kg. m. s-2 . m
1 erg = 1 dyne . cm = 1 g . cm. s-2 . cm
1 J .............................. 103g x102 cm s -2 .x 102 cm ..................................... 10.07erg
1 J .................................................. 0.102 kgf x1 m ....................................... 0.102 kgm
1 W ............................................... 0.102 kgms-1 .................................. 10.07 erg s-1
As unidades inglesas de energia e potência, são a libra.pé (ft.lb) e ohorsepower (hp). Esta última é ainda muito usada em motorização.
1 ft.lb ........... 0.3048 m x 0.4535 kg ....................... 0.1382 kgm .................... 1.3546 J
1 hp ..................... 550.0 ft lb s-1 ................. 76.01 kgms-1 ............................ 745.03 W
Estas são as unidades fundamentais, mas há muitos outros sistemasempíricos usados em situações específicas. Quando se trata deenergia calorífica, a caloria (quantidade de calor necessária para e levarde 1°C a temperatura de 1 g de água) é ainda frequentemente usada.
Nos países anglo-saxónicos, a British Thermal Unit (BTU) é utilizadafrequentemente. Corresponde à quantidade de calor necessária paraelevar de 1°F a temperatura de 1 libra de água.
1 cal .......................................................... 4.184 J .............................. 3.97 x 10 -3 BTU
1 J ............................................................. 0.239 cal ........................... 9.49 x 10 -4 BTU
1 BTU......................................................... 1054 J ...........................................252 cal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Almeida, G.1988. Sistema Internacional de Unidades (SI). Grandezas e unidades físicas:terminologia, símbolos e recomendações. Plátano Editora. Lisboa. 239 p.
Martin, J. H., W. Leonard and D. L. Stamp1975. Principles of crop production. Macmillan Publishing Co. Inc. New York. 1118 p.
Nobel, P. S.1970. Introduction to biophysical plant physiology. W. H. Freeman and Co. SanFrancisco. 488 p.
Produtividade/produção/rendimento:1 kg ha-1 ................................................................. 0.1 g m-2 ........................................ 0.893 lb acre-1
1 lb acre-1 ............................................................... 1.120 kg ha-1 ............................ @ 1.0 kg ha-1
1 t ha-1 .................................................................. 10.0-1 kg m-2 ................................. 10.02 m-2
1 t ha-1 ................ ................. ................ ............ 0.4046 t acre-1 ............................2.205 t ha-1
Em conversões rápidas, comete-se um erro de 12% na conversão de 1 lb.acre-1 para 1 kg.ha-1.
Força:1 N ................................................................... 1.0 kg x 1 m s-2
1 dyne ..............................................................1.0 g x 1 cm s-2
1 N .................................................................10.03 g x 102 cm s-2 ..................... 10.0 5 dyne
1 dyne ............................................................ 10.0-3 kg x 10-2 m s-2 ................... 10.0-5 N
1 kgf ................ ................. ................ .. 1.0 kg x 9.8 m s-2
1kgf ..................................................................9.8 N ...........................................9.8 x 105 dyne
1N .................................................................... 0.10204 kgf ......................... ≅ 10.0-1 kgf1 dyne ..............................................................1.02 x 10-6 kgf .................... ≅ 10.0-6 kgf
Pressão:1 atm ............................................................ 760 mm Hg ...................................10.336 m H20
1 atm ................................................................1.0336 kgf cm-2 ........................ 14.7 lb in-2
1 bar ...............................................................10.06 dyne cm-2 ...........................1.0133 atm
1 Pa ..................................................................1.0 N m-2 .................................. 10.05 dynex10-4 cm-2
1 Pa ................................................................10.0 dyne cm-2 .............................. 10.0-5 bar1 Pa ..................................................................0.01 mbar
1MPa..............................................................10.06 x 10-5 bar .......................... 10 bar
Unidades do “Système International” (SI)Quantidade ....................................Dimensões ............................... Unidades SI
Massa ............................................................. M ................................................kg
Comprimento ................................................... L ................................................ m
Tempo ..............................................................T .................................................. s
Área ...............................................................L2 .............................................. m2
Volume........................................................... L3 .............................................. m3
Massa volúmica ......................................... ML-3 ................................................kg.m-3
Frequência................................................... T-1 ............................................... Hz
Velocidade ................................................. LT-1 ............................................ms -1
Aceleração................................................. LT-2 ............................................ms -2
Momento ................................................. MLT-1 ........................................ kgms-1Força....................................................... MLT-2 ........................................ kgms-2 = N
Pressão ................................................ ML-1T-2 .....................................kgm -1s-2 = Pa
Energia ou trabalho ............................... ML2T-2 ......................................kgm2s-2 = J
Potência ................................................ ML2T-3 ......................................kgm2s-3 = W
Tensão superficial......................................MT-2 ................................................. N.m-1
Viscosidade (dinâmica) ....................... ML-1T-1 ................................................kg.m-1s-1
Viscosidade (cinética) ............... ................ L2T-1 ......................................... m2s-1
Temperatura .................................................Θ ......................... °C ou K
Energia (calor) .............................H (ou ML2T-2) ................................................. J
Fluxo de radiação ...................................... HT-1 ................................................ W
Densidade de fluxo de radiação ........... HL-2T-1 ................................................ W.m-2
Calor latente ............................................. HM-1 .............. ................. ................ ... J.kg-1
Calor específico ............................. HM-1Θ -1 ................................J.kg-1°C-1
Condutividade térmica ................ HL-1Θ-1T-1 ...................................Wm-1°C-1
Coeficientes de difusão ............................L2T-1 ......................................... m2s-1
O potencial de água é medido em unidades de pressão: atmosferas naliteratura mais antiga, bar mais recentemente começando a usar-secom mais frequência a unidade SI (MPa).De notar que o potencial de água, que traduz a concentração de energialivre na água, é expresso em unidades de pressão:
Energia/Volume = (ML2T-2) (L-3) = (ML-1T-2) = Pressão
Densidade de plantas:1 planta m-2 .................................. 10.04 pl ha-1 ................. @ 4.0 x 103 pl acre-1
N.º de plantas .ha-1 = 104 m2.ha-1 / [largura da entrelinha (m) x distância na linha (m)]
Temperatura:............................................ °F = °C x 9/5 + 32 .......................... graus Farenheit
........................................... °C = (°F - 32) x 5/9 .............................. graus Celsius