Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo...

21
1 Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo Digital 2013 A nova regra para as notícias Os meios globais de comunicação mudaram para sempre? Sumário executivo A Oriella PR Network, representada na América Latina pela VIANEWS Comunicação Integrada, pelo sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos meios digitais nas redações e coleta de notícias em todo o mundo marca um divisor de águas. Ele é baseado em uma pesquisa realizada com mais de 500 jornalistas, de 14 países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, EUA, França, Índia, Itália, Nova Zelândia, Reino Unido, Rússia e Suécia) e mostra que os meios digitais estão sendo bem utilizados em todos os países, embora de maneiras diferentes. Foram entrevistados mais de 500 jornalistas, de 14 países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, EUA, França, Índia, Itália, Nova Zelândia, Reino Unido, Rússia e Suécia) e mostra que todos eles os meios digitais estão sendo bem utilizados, embora de maneiras diferentes. O questionário foi enviado a um grupo de jornalistas, por e-mail, e respondido online. 10% dos jornalistas respondentes são do Brasil, sendo 68% deles editores. Os retornos no Brasil foram de jornalistas atuantes em veículos nacionais, distribuídos entre jornais, revistas (geral e especializadas) TV, rádio, sites de noticias, blogs, comunidades e agência de noticias. Mais do que nunca, os entrevistados acreditam que seu maior público esteja mais online do que off- line e esta afirmação pode ser comprovada tendo como base as métricas digitais como, por exemplo, o número de visitantes únicos. Esta evolução mostra que empresários têm feito investimentos significativos em suas plataformas digitais enquanto o mundo tem se afastado da mídia impressa e se aproximado dos conteúdos digitais. Como resultado, o modo como os jornalistas trabalham mudou drasticamente: “Primeiro em digital”: a priorização da noticia em digital está mudando as regras do jogo. Um terço dos entrevistados acredita que o digital vem primeiro ou seja, eles furam a notícia em meios digitais ao invés de segurá-las até a edição impressa do dia seguinte da versão impressa no Brasil, este número é um pouco menor (entre 23% e 25%), uma vez que 33% dos respondentes discordam da afirmação. Quase metade dos jornalistas respondentes (40,9% no Brasil) disse que o seu veículo produz in house o seu próprio material de vídeo. O meio móvel está crescendo em popularidade como um modelo de monetização - Os modelos para gerar receita via jornalismo digital também estão mudando; aplicativos pagos de smartphones para conteúdo estão crescendo em popularidade, enquanto o modelo de monetização dominante conteúdo suportado por anúncios encontra-se em queda. No

Transcript of Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo...

Page 1: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

1

Oriella PR Network – Estudo Mundial de Jornalismo Digital 2013

A nova regra para as notícias

Os meios globais de comunicação mudaram para sempre?

Sumário executivo

A Oriella PR Network, representada na América Latina pela VIANEWS Comunicação Integrada, pelo sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013.

Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos meios digitais nas redações e coleta de

notícias em todo o mundo marca um divisor de águas. Ele é baseado em uma pesquisa realizada com

mais de 500 jornalistas, de 14 países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, EUA,

França, Índia, Itália, Nova Zelândia, Reino Unido, Rússia e Suécia) e mostra que os meios digitais

estão sendo bem utilizados em todos os países, embora de maneiras diferentes.

Foram entrevistados mais de 500 jornalistas, de 14 países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Espanha, EUA, França, Índia, Itália, Nova Zelândia, Reino Unido, Rússia e Suécia) e mostra que todos eles os meios digitais estão sendo bem utilizados, embora de maneiras diferentes. O questionário foi enviado a um grupo de jornalistas, por e-mail, e respondido online. 10% dos jornalistas respondentes são do Brasil, sendo 68% deles editores. Os retornos no Brasil foram de jornalistas atuantes em veículos nacionais, distribuídos entre jornais, revistas (geral e especializadas) TV, rádio, sites de noticias, blogs, comunidades e agência de noticias. Mais do que nunca, os entrevistados acreditam que seu maior público esteja mais online do que off-

line e esta afirmação pode ser comprovada tendo como base as métricas digitais como, por

exemplo, o número de visitantes únicos. Esta evolução mostra que empresários têm feito

investimentos significativos em suas plataformas digitais enquanto o mundo tem se afastado da

mídia impressa e se aproximado dos conteúdos digitais.

Como resultado, o modo como os jornalistas trabalham mudou drasticamente:

“Primeiro em digital”: a priorização da noticia em digital está mudando as regras do jogo.

Um terço dos entrevistados acredita que o digital vem primeiro – ou seja, eles furam a

notícia em meios digitais ao invés de segurá-las até a edição impressa do dia seguinte da

versão impressa – no Brasil, este número é um pouco menor (entre 23% e 25%), uma vez

que 33% dos respondentes discordam da afirmação.

Quase metade dos jornalistas respondentes (40,9% no Brasil) disse que o seu veículo produz

in house o seu próprio material de vídeo.

O meio móvel está crescendo em popularidade como um modelo de monetização - Os

modelos para gerar receita via jornalismo digital também estão mudando; aplicativos pagos

de smartphones para conteúdo estão crescendo em popularidade, enquanto o modelo de

monetização dominante – conteúdo suportado por anúncios – encontra-se em queda. No

Page 2: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

2

Brasil, 35,7% dos jornalistas respondentes disse que sua empresa disponibiliza conteúdo

do site via aplicativo para smartphone ou tablete.

A mídia digital tem se incorporado ao arsenal jornalístico. O uso de blogs e micro blogs como

fonte e validação de notícias deu um salto desde o ano passado - mas somente quando as

fontes por trás destas informações são confiáveis. O mesmo se repete no Brasil, embora as

agências de notícias ainda mantenham a dianteira da preferencia na hora da validação,

com 61,7% de citações.

O uso pessoal das redes sociais pelos jornalistas também é crescente. Pela primeira vez, a

proporção de contas pessoais de jornalistas ativos no Twitter ultrapassou a marca de

cinquenta por cento na pesquisa mundial, com 80% dos respondentes no Brasil – onde o

Facebook foi o líder em termos de uso pessoal de redes sociais, com 80% dos

entrevistados afirmando possuírem uma pagina na rede.

Para os jornalistas, a mídia social é mais do que blogs e Twitter - em particular, o uso do

Google Plus, amplamente satirizado em diversas áreas da mídia, é extremamente popular,

tanto nos veículos como junto aos próprios jornalistas – no Brasil, mais de um terço dos

respondentes tem uma pagina pessoal no Google Plus.

Apesar de toda a nova tecnologia, os valores tradicionais permanecem. Em todos os países,

a fonte mais valiosa de notícias e validação das informações está nas conversas com

especialistas do setor. Analistas e acadêmicos são os primeiros a serem procurados pelos

jornalistas na hora de obter suas notícias. E as fontes mais confiáveis são os acadêmicos e

técnicos, ao invés de executivos, pessoal de mercado e figuras políticas.

Já no Brasil, acrescentamos como fontes preferidas as agências de notícias e de assessoria

de imprensa, que ficaram no topo do ranking quando se fala em busca de informação e

validação.

Acreditamos que estas tendências indiquem o real surgimento do jornalismo digital como uma força

dominante na mídia mundial – estamos diante de um novo padrão no fornecimento e busca da

notícia. As táticas de mídia que há poucos anos teriam funcionado perfeitamente bem, já não

podem ser invocadas. As tendências para a publicação de editoriais primeiro no meio digital e

conteúdos para celular têm implicado na forma como as marcas devem se comunicar.

Exploraremos os desenvolvimentos, os desafios e as oportunidades que essas tendências trazem ao

longo do relatório bem como forneceremos algumas orientações práticas com base em nossas

conclusões, ao final.

Page 3: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

3

1 - Mídias globais - uma indústria em evolução

A incerteza permanece

Nas últimas interações do Estudo de Jornalismo Digital Oriella vimos as movimentações da economia

mundial acontecendo nas redações e nos escritórios editoriais. Em 2012, por exemplo, a imagem é

muito mais otimista nos mercados em desenvolvimento – Brasil, Rússia e China – do que na Europa

ou América do Norte. Mais jornalistas desses países relataram aumento no número de jornalistas e

nas receitas em relação às outras regiões que entrevistamos.

O quadro de 2013 é mais sutil. Este ano, EUA é o país cujos jornalistas estão mais otimistas sobre as

receitas e onde 52% dos meios de comunicação pesquisados acreditavam que suas receitas

aumentariam - tendo um em cada três antecipado o crescimento da receita igual ou superior a dez

por cento. Isso sem falar da comparação gritante com a média global de 36%. No Brasil, entretanto,

embora 26,6% dos respondentes também acreditem num aumento igual ou superior a 10 por

cento, também 26,6% vislumbram diminuição e 33,33% não estimam nenhuma mudança no

quadro atual de investimento de suas organizações.

A situação é diferente novamente quando se trata de níveis de pessoal. Este ano, a Alemanha foi o

único país onde o número dos que acreditavam nos empregos foi maior do que aqueles que previam

declínio. Em todos os outros países, incluindo China, Índia, Brasil, EUA e Canadá, aqueles que

previam um declínio no número de funcionários foi maior do que aqueles que não concordavam em

pelo menos 2 para 1 – no Brasil, 33% dos respondentes acredita numa diminuição de até 10% do

efetivo da equipe editorial.

Na verdade, o ambiente operacional para a mídia mundial está desafiante. Nos mercados em

desenvolvimento, a adoção de internet banda larga está acelerando: no Brasil, 46 por cento da

população tem agora acesso à Internet, enquanto a adoção na China é de 42 por cento1. Como

resultado, o consumo de mídia online deve mudar, se distanciando da impressa – mais do que na

Europa e América do Norte.

Os dados da indústria da publicidade apoiam este ponto de vista. O WARC Consensus Ad Forecast

for 2013 prevê que a publicidade na internet vai ter um crescimento mais forte este ano, com taxa

de crescimento prevista de 13 por cento. Por outro lado, o estudo diz que a publicidade em jornal

impresso deverá diminuir 2,7 por cento2.

A perspectiva incerta para a grande mídia também fica clara devido a um forte aumento da

preocupação entre os entrevistados de que a sua publicação possa ser retirada do mercado. Este

ano, cerca de um em cada cinco respondentes concordou que esta era uma preocupação, em

comparação com um em cada oito há um ano.

Mídias digitais atraem os olhos e os anunciantes, mas falta prestígio.

1 www.internetworldstats.com ; World Bank

2 WARC 2013 (provedor global de ideias e informações para a área de marketing)

Page 4: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

4

Um dos objetivos deste estudo foi o de acompanhar os relativos valores dos formatos de mídia impressa e digital. Fizemos isso pedindo aos jornalistas que nos falassem onde eles acreditam que têm a maior audiência. O estudo deste ano está em linha com os resultados de 2011 e 2012: cerca de metade dos entrevistados do mundo todo concorda que suas maiores audiências são online. Jornalistas são, porém, descrentes quanto aos méritos financeiros de uma publicação digital. Apenas

20 por cento dos entrevistados em todo o mundo concordam que sua publicação ganha mais

dinheiro online do que com a versão impressa, enquanto 44 por cento discorda. Este é

provavelmente um reflexo dos investimentos substanciais dos grupos de mídia digitais pressionando

suas receitas totais. The New York Times Company e Axel Springer, na Alemanha, são exemplos de

empresas que já anunciaram lucros reduzidos recentemente - em parte como resultado de um maior

investimento em plataformas digitais. Como veremos mais adiante neste relatório, as métricas

digitais tornaram-se o principal meio utilizado por publicações para acompanhar a eficácia do

trabalho dos seus jornalistas.

A Índia e Suécia apresentam os valores extremos quando se trata de imprimir o consumo de mídia -

69 por cento dos entrevistados na Suécia e 61 por cento na Índia pensam que suas maiores

audiências consomem seu formato de impressão ou transmissão tradicional. O Reino Unido vem

num distante terceiro lugar, com 45 por cento, enquanto os jornalistas da França, China, EUA,

Canadá e Brasil agora acreditam que suas maiores audiências já estão online.

No Brasil, o online ficou somente m pouco acima do tradicional formato impresso (42% para 39%)

e foi a primeira vez nesta pesquisa que o formato online superou o impresso (gráfico a seguir) - em

2012, o impresso obteve 43% de retorno contra 25% para o formato online.

(Dados Brasil 2013)

No entanto, quando perguntado sobre o prestígio da imprensa em seus países, uma tendência

contrária emerge. Globalmente, mais de metade dos jornalistas questionados (50 por cento)

concordou que a mídia impressa teve mais prestígio em seus países.

39%

42%

4%

15%

Maiores audiências

No nosso formato original 'tradicional' impresso / broadcast

Nosso formato online

Não sei

Publicamos apenas online

Page 5: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

5

É interessante notar os países onde este ponto de vista não era suportado: Estados Unidos (35%),

Canadá (29 %) e na Rússia, onde nem um único jornalista concordou que a mídia impressa tinha

mais prestígio do que a online. Nesses países, sites de notícias e blogs estão bem estabelecidos no

mix de mídia - até certo ponto devido à sua enorme extensão geográfica.

“Primeiro em digital”

No ano passado foi possível ver muitos grupos de títulos respeitados declarar o "digital primeiro".

Ou seja, eles publicarão notícias online assim que surgirem ao invés de manter as histórias

importantes para a próxima edição impressa. Vemos que a publicação digital torna-se um

catalisador-chave para o novo padrão de notícias ao redor do mundo. No Reino Unido, tanto o

Guardian como o Financial Times anunciaram mudanças para um primeiro modelo digital; Axel

Springer, na Alemanha, também está investindo muito neste meio. Essas mudanças são, em parte, o

reconhecimento da natureza mutável do seu público, em parte para reduzir custos.

No Brasil, entretanto, 44,2% dos respondentes reforçaram que não se preocupam com a versão na qual seu artigo será publicado e 53% dos respondentes disseram que passaram a focar mais em matérias exclusivas. A pesquisa reflete amplamente uma tendência mundial. Trinta e nove por cento dos jornalistas

entrevistados em todo o mundo concordam que seu veículo seja agora “primeiro digital”, e a

tendência é especialmente repercutida no Canadá, Índia, Rússia, Itália e Suécia. Como resultado,

mais jornalistas estão sendo convidados a trabalhar mais: 46 por cento dos jornalistas entrevistados

concordam que para este ano espera-se produzir mais conteúdo, acima dos 40 por cento de 2012 –

46,5% é o número dos brasileiros que afirmaram estar produzindo muito mais conteúdo nos

últimos tempos.

Além disso, mais de um quarto dos entrevistados (28%) deste ano, dizem que produzem várias

versões da mesma história ao passo que esta se desenrola - evidências convincentes de que o

jornalismo digital em tempo real é a corrente principal. As maiores respostas aqui vêm da China: 64

por cento dos jornalistas dizem que cobrem notícias desta forma, seguida pela Alemanha, com 44

por cento. Paradoxalmente, nos EUA, apenas 11 por cento dos jornalistas concordam.

O crescimento da publicação digital também significa que mais do trabalho dos jornalistas está

sendo publicado enquanto questões práticas sobre o espaço e paginação se tornam coisas do

passado. Perguntamos qual proporção aproximada de sua produção tinha sido publicada até o

momento este ano, em comparação com o ano anterior. No geral, um terço dos entrevistados disse

que nove décimos ou mais de suas matérias tornou-se impressa no ano passado - não é um número

ruim até você descobrir que este ano a proporção subiu para 43 por cento. A tendência é muito mais

acentuada na Europa do que na Ásia-Pacífico e Américas - talvez um reflexo dos recursos mais

restritos e competitivos dos mercados de mídia na região.

O Brasil se destaca neste item uma vez que dentre os jornalistas que responderam a pergunta,

37% afirmaram que a totalidade de suas matérias são publicadas.

Medindo o sucesso na era da mídia digital

Page 6: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

6

Pela primeira vez na pesquisa, pedimos que jornalistas dissessem como o sucesso de seu material é

avaliado. Antigamente os editores teriam olhado para o número de matérias impressas, bem como o

número de artigos exclusivos, como um critério de desempenho. Hoje, o uso das mídias sociais para

promover seu próprio conteúdo, além da inerente ‘rastreabilidade’ do conteúdo digital significa que

os editores têm uma variedade muito maior de métricas que podem considerar.

A mensagem da pesquisa deste ano é clara sobre o assunto: a medida mais importante se encontra

nas visitas únicas que seus artigos recebem - meio escolhido por 50 por cento dos jornalistas

entrevistados. Esta visão é mais fortemente percebida nos EUA e no Canadá, com 68% e 86%

respectivamente, além do Brasil (52%), Suécia (58%), Espanha (58%) e Rússia (52%). No Reino

Unido, uma medida um pouco mais simples de visualizações de página foi destacada por 51% dos

jornalistas britânicos, em comparação aos 45% que escolheram visitas únicas.

Curiosamente, a França foi o único país que evidenciou um modelo mais profundo de envolvimento

dos usuários - 77 por cento dos jornalistas franceses dizem que são medidos pelo aumento de

seguidores de mídia social, 74 por cento por quantos ‘likes’ ou tweets que recebem. Estes números

sugerem que os editores estão olhando para além do volume de tráfego puro para rastrear o buzz da

mídia social em torno de sua cobertura.

Embora sem distinção entre produção on-line ou off-line, no Brasil ficaram entre as principais respostas dos jornalistas o número de visitas (66.7%), o aumento de seguidores nas redes sociais ou ‘likes’ e ‘retweets’ das matérias (41% cada item), comentários on-line (38,5%) e quantidade de cartas dos leitores (20,5%). As receitas de publicidade (25,6%) e o número de matérias exclusivas (23,1%) também foram duas formas de retorno ao trabalho do jornalista.

Como a mídia digital determina a publicação das notícias

Ao longo dos últimos seis anos, o Estudo de Jornalismo Digital Oriella traçou o surgimento de

técnicas de relatos de histórias digitais que são complementares e, por vezes, substituem a palavra

escrita e a fotografia. Nos últimos três anos, o tipo de conteúdo que mais rápido tem crescido é o

vídeo caseiro. Este ano, quase metade dos entrevistados - 49 por cento - disse que seus títulos

publicados possuíam vídeos produzidos em casa. Trata-se de um aumento de 13 pontos sobre 2012,

e um colossal 30 pontos superior ao registrado em 2011, quando apenas 20 por cento dos

entrevistados informou que seus títulos acompanhavam vídeos caseiros.

A demanda por material de vídeo produzido por terceiros cresceu, mas não na mesma medida: em

2012, 30 por cento dos entrevistados disseram que usaram em seus títulos vídeos produzidos

externamente, este ano o número é de 34 por cento. No Brasil, vídeos (produzidos em casa ou de

fontes externas) mantiveram-se na faixa de 40,9% em cada opção.

Infográficos são outro ativo de conteúdo que tem atraído muita atenção ultimamente. Este ano, 28

por cento dos entrevistados dizem que seus títulos publicaram infográficos produzidos

internamente. Trata-se de um aumento em relação a 2012, embora muito menor do que no caso do

vídeo. Tal como acontece com o vídeo, quando infográficos são produzidos externamente, por

Page 7: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

7

exemplo, pelas empresas, eles se tornam um pouco menos populares, com 23 por cento dos

jornalistas dizendo que os publicam.

Há, no entanto, evidências de que algumas dessas novas formas ativas de contar histórias estão perdendo seu brilho em alguns países. Por exemplo, 41 por cento dos jornalistas chineses nos disse em 2012 que publicaram infográficos produzidos externamente e este ano, o número caiu para 20 por cento. Já no Brasil, os infográficos tiveram um destacado crescimento, com 34,1% para os desenvolvidos em casa e 31,8% para os obtidos em fontes externas - em 2012, os infográficos em geral foram citados por 22% dos respondentes.

Os aplicativos móveis também obtiveram crescimento de lembrança, ou seja, 31,7% das citações contra 29% do ano anterior. Se alguém pudesse tirar qualquer conclusão geral desta parte do estudo, temos que a mídia ainda está procurando - muito fortemente - as chaves para o sucesso na era da mídia digital. No capítulo três, exploraremos como a mobilidade é uma abordagem de monetização que está crescendo em popularidade enquanto o modelo de negócios baseado em publicidade começa a cair.

Apesar de toda a evolução tecnológica, alguns valores muito "tradicionais" permanecem no coração

do jornalismo em todo o mundo - valores que têm implicações importantes para as marcas que

desejam construir relacionamentos com eles.

Um destaque no Brasil é que o Facebook ficou na frente como um dos formatos online oferecidos

pelas publicações, com quase 70% de lembrança. O canal passou a ser citado na pesquisa a partir

de 2012, quando sua indicação esteve próxima ao Twitter (desta vez, com 63,6% das respostas).

Os blogs de autoria de jornalistas e de colaboradores destacam-se também (52,3%).

(Dados do Brasil)

2 - Mídias sociais e apuração de noticias – surge uma nova ordem mundial

Blogs (De

Jornalistas/Colaboradores)

Blogs (De

autoria pública

ou colaboração de leitores

)

Infográficos (

A partir de

fontes externa

s)

Infográficos

(Desenvolvido

s em casa)

Podcats de

aúdios

Videos (de

fontes externa

s)

Videos (produz

idos em

casa)

Comunidade/ Fóruns

de discuss

ão

Canal do

Twitter

Página do

Facebook

Google Plus

Mobile App

Nenhuma das opções acima

Série1 0,523 0,182 0,318 0,341 0,25 0,409 0,409 0,136 0,636 0,659 0,159 0,318 0,114

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

Títu

lo d

o E

ixo

Conteúdos oferecidos pela publicação em versão online

Page 8: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

8

Nos últimos três anos, temos traçado o impacto que as mídias sociais tiveram sobre o jornalismo. No

ano passado, após observar como a cobertura da intensa turbulência política no Oriente Médio e

outros lugares se tornou dominada pelo conteúdo de mídia social, a nossa pesquisa mostrou o quão

eram popular os micro blogs - e os mais tradicionais blogs – onde os jornalistas procuravam novas

histórias ou comprovação de matérias nas quais já estavam trabalhando.

Este ano, a tendência é similar, com 51 por cento dos jornalistas de todo o mundo dizendo que usam

micro blogs (como Twitter, Facebook e Weibo) para reunir novas histórias, desde que os donos das

contas sejam conhecidos e confiáveis (em 2012, 54%). Assim como foi em 2012, a confiança nessas

fontes cai drasticamente quando elas não são conhecidas do jornalista: 25 por cento dizem que

buscam histórias dessa forma - a mesma proporção de 2012.

O Reino Unido, Canadá (ambos com 68 por cento), China (64 por cento) e França (55 por cento) são

os países cujos jornalistas mais prontamente abraçaram a coleta de notícias pelas mídias sociais -

desde que as fontes sejam confiáveis.

O uso das mídias sociais por jornalistas para verificar as histórias nas quais já estão trabalhando

também está em linha com as descobertas de 2012. Globalmente, 42 por cento dos jornalistas usam

micro blogs confiáveis (em 2012, 43%) e 37 por cento utilizam blogs que eles conhecem (em 2012,

38%) para verificar histórias. Em comparação a outras fontes, o uso das mídias sociais para captação

de notícias e verificação mudou desde o ano passado, indicando que os jornalistas - e seus editores -

mantêm-se globalmente satisfeitos com o papel das mídias sociais em seu trabalho.

Como no ano passado, as mais importantes fontes de notícias e validação são as conversas com

especialistas do setor. Em 2012, 63 por cento dos jornalistas disseram que a origem da notícia ocorre

por meio dessas discussões e 62 por cento que eles a usavam para validação. Este ano, os números

diminuíram, mas ainda superam os canais de mídia social: 59 por cento dos entrevistados usam para

fonte de notícias, 54 por cento usam para validação.

Não é nenhuma surpresa que as mídias sociais tornaram-se tão valiosas para os jornalistas: do

presidente Barack Obama a Rupert Murdoch e até mesmo o Papa, muitos dos principais

influenciadores mundiais publicam suas opiniões ali. No entanto, quando perguntados sobre quais

únicas informações de fontes os jornalistas procurariam primeiro no desenvolvimento de uma

história, uma imagem muito mais complicada emerge (ver gráfico a seguir). Em 2011-2012,

acompanhamos uma mudança significativa de fuga de histórias pré-embaladas por comunicados de

imprensa para contato com especialistas porta-vozes. Essa mudança continua em 2013 - apenas sete

por cento dos entrevistados dizem que os comunicado de imprensa recebidos são o seu primeiro

porto de escala. Mas também houve uma grande queda no uso de porta-vozes das empresas - de 24

por cento em 2012 para 16 por cento este ano.

O uso de mídia social tem aumentado substancialmente e, como primeiro porto de escala, é agora

apenas um ponto base atrás dos press-releases. Compare isso com o quadro em 2011, quando

comunicados de imprensa eram a primeira fonte de informação para os jornalistas. Enquanto isso,

blogs e analistas tiveram um ligeiro crescimento em comparação a 2012.

Page 9: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

9

De todos os países pesquisados, os jornalistas alemães são os que mais dependem de press releases

enquanto os jornalistas do Reino Unido, EUA, Suécia, Rússia e China depositam mais credibilidade no

contato com porta-vozes especialistas.

(Dados mundiais)

No Brasil, agências de assessoria de imprensa e de notícias continuam sendo as fontes de informação mais citadas pelos jornalistas, tanto para apuração como verificação, embora tenham obtido uma lembrança maior ainda em 2012. Continuam em evidência: conversas com membros da indústria, declarações de porta-vozes e atualizações de mídia social de fontes conhecidas (58.1%) e posts de blogs de autores conhecidos. Veja os dois quadros a seguir:

Page 10: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

10

(Dados do Brasil)

(Dados do Brasil)

Atualizações de social

media (por exemplo, Facebook, atualizaçõ

es do Twitter) …

Atualizações de social

media (por exemplo, Facebook, atualizaçõ

es do Twitter) …

Posts em blogs que

você conhece

Posts em blogs que você não conhece

Agências de notícias

Declarações a partir de porta-vozes das

organizações

Dados de agências

de assessoria

de imprensa

Conversas com

membros da

indústria

Outro (especifiqu

e)

Série1 0,581 0,29 0,387 0,097 0,71 0,581 0,742 0,548 0,258

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Títu

lo d

o E

ixo

Uso de fontes de informação para novas pautas e matérias

Atualizações de social

media (por exemplo, Facebook, atualizaçõ

es do …

Atualizações de social

media (por exemplo, Facebook, atualizaçõ

es do …

Posts em blogs que

você conhece

Posts em blogs que você não conhece

Agências de notícias

Declarações a partir de porta-vozes das

organizações

Dados de agências

de assessoria

de imprensa

Conversas com

membros da

indústria

Outro (especifiqu

e)

Série1 0,323 0,226 0,419 0,194 0,677 0,258 0,419 0,161 0,355

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00%

Títu

lo d

o E

ixo

Uso de fontes de informação para verificaçao de matérias

Page 11: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

11

O segredo está na fonte

Quem são essas ‘fontes confiáveis’? Este ano, pediu-se aos jornalistas para afirmar o quanto eles

confiavam nos diferentes tipos de pessoas em suas pesquisas. No geral, a mensagem é muito clara:

os acadêmicos e outros especialistas de terceiros (tais como grupos de reflexão) são, de longe, as

fontes mais respeitadas de informação para os jornalistas, com 70 por cento dos entrevistados

dizendo confiar neles.

Em segundo lugar, curiosamente, vêm técnicos das próprias empresas, com 63 por cento. Os CEOs e

os profissionais de marketing, que são mais associados com a entrega da mensagem corporativa,

apresentam uma pontuação bem menor: apenas 41 por cento dos entrevistados dizem ver CEOs

como confiáveis, enquanto que para o pessoal de marketing o número atinge um humilde 17 por

cento. Na verdade, mais jornalistas dizem que desconfiam desse último grupo – sendo que apenas

os membros do Governo perdem para eles (até mesmo agências de RP têm mais credibilidade!)

Existem algumas variações interessantes nos dados. Os CEOs estão relativamente bem-vistos na

França e Alemanha (ambos com 48 por cento), Reino Unido (45%), Rússia (52 por cento) e no Brasil

(45 por cento). Enquanto isso, os analistas são vistos como melhores fontes para os jornalistas no

Canadá (74 por cento), França (81 por cento) e Itália (57%).

Curiosamente, nos mercados emergentes pesquisados, as instituições de caridade e ONGs não

parecem ser referências de confiabilidade como muitos imaginavam. Apenas 18 por cento dos

jornalistas russos, 34 por cento dos indianos e 27 por cento dos brasileiros dizem confiar nessas

organizações.

A grande exceção é a China, onde 54 por cento dos jornalistas dizem confiar em ONGs - e na verdade

estes ocupam o segundo lugar na lista de “fontes mais confiáveis” dos jornalistas chineses. Além do

mais, os jornalistas chineses confiam mais em seus próprios leitores do que qualquer outro país

pesquisado - 58 por cento. Isso vem depois de uma sucessão de desastres naturais, que causaram

centenas de mortes e feridos, o que torna a tendência surpreendente. A implicação é que aqui os

jornalistas estão se cansando de cobrir as "versões oficiais" a partir de fontes convencionais e estão

prontos a prestar mais atenção às fontes mais próximas da história e que têm menos interesse em

encobrir os detalhes.

Page 12: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

12

(Dados mundiais)

(Dados do Brasil)

CEO de empres

as

Analistas

Regulamentos

ou funcionários do governo

Membros do

parlamento ou

congresso

Especialistas

técnico em uma empres

a

ONG's ou

instituição de

caridade

Uma pessoa como você

Acadêmicos ou especial

istas

Chefe de

Marketing

Assessoria de

imprensa

(pessoa ou

agência)

Gerente de uma organização ou comuni

dade online

Um leitor

Não Confio 1 1 1 3 0 0 0 0 0 0 0 1

2 1 1 0 1 0 2 0 0 0 1 0 3

3 0 0 3 5 0 0 4 1 5 2 1 2

4 0 0 6 3 1 2 0 0 3 4 3 0

Não confio, Nem Desconfio 12 4 10 12 2 7 9 2 6 4 13 10

6 2 9 3 1 7 8 1 2 5 7 5 5

7 7 7 3 2 9 4 1 6 4 3 2 3

8 4 6 1 1 9 3 9 12 2 6 1 3

Confio Completamente 2 0 1 0 0 0 4 5 0 0 0 1

0

5

10

15

20

25

30

35

Títu

lo d

o E

ixo

Fontes nas quais acredita no Brasil

Page 13: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

13

A era do cidadão jornalista chegou?

Em muitos países, as publicações têm reavaliado seus processos de trabalho para dar maior ênfase

ao conteúdo gerado pelo usuário. Hoje, as primeiras imagens de eventos importantes – da guerra

civil na Síria ao meteorito na Sibéria, no início de 2013 - muitas vezes vêm do público em geral.

Nossa pesquisa descobriu que os leitores desfrutam de credibilidade mais forte aos olhos dos

jornalistas do que dos membros do parlamento, profissionais de relações públicas ou marketing. Os

entrevistados também foram questionados se concordavam com a afirmação: "Na minha

organização, o 'jornalismo cidadão' carrega tanta credibilidade quanto os relatórios convencionais”-

a que 20 por cento dos entrevistados disseram que sim.

Em outras palavras, mais de um em cada cinco jornalistas em nosso estudo estão preparados para

dar aos leitores a mesma quantidade de credibilidade profissional como a si mesmos. Metade (51%)

discordou da afirmação. É certo que existe uma enorme quantidade de variedade aqui. Os jornalistas

cidadãos recebem pouca atenção no Reino Unido (três por cento pensam que têm tanta

credibilidade), Suécia (2 por cento), Nova Zelândia (1 por cento) e Rússia (0 por cento). No entanto,

na França, 58 por cento dos cidadãos-jornalistas entrevistados empataram na credibilidade

enquanto que na Itália foi de 36 por cento. Nos países do BRIC, 43 por cento na Índia e 37 por cento

na China disseram que os cidadãos-jornalistas eram igualmente confiáveis. No Brasil, essa

confiabilidade está em cerca de 36%, muito próxima dos que se posicionam como neutros (30%).

A implicação é que o jornalismo-cidadão é uma valiosa fonte de informação para os jornalistas,

especialmente onde é difícil cobrir a história na fonte e onde há preocupações sobre a confiabilidade

das fontes oficiais.

Jornalistas são editores também!

Jornalistas também percebem o valor das mídias sociais para autopromoção. Mais da metade dos

entrevistados (55 por cento) este ano concordam que os blogs são uma boa maneira para os

jornalistas construírem seus perfis pessoais - em comparação a apenas 14 por cento que discordam

e a cerca de um terço (34 por cento) que, na verdade, possuem um. No Brasil, o uso de blog pessoal

caiu 30% em relação a 2012 (atuais 20% contra 50% no ano anterior).

O uso de micro blogs é um pouco maior. Este ano, a proporção de jornalistas em todo o mundo que

possuem Twitter atingiu os 59 por cento. O uso do Twitter é maior no Reino Unido, França, Espanha,

Canadá, Austrália e EUA - e é surpreendente ver a adoção dos países anglicanos. É interessante,

porém, notar que o blog é muito mais comum entre os jornalistas da Índia (64 por cento), enquanto

que em alguns países, notadamente a Alemanha, as mídias sociais ainda são minoria: apenas um

terço dos jornalistas alemães dizem ter contas pessoais no Twitter.

O uso de Twitter e a adoção de página no Facebook pelos brasileiros obtiveram pontuação extremamente representativa (77,5% para o primeiro e 80% para o segundo). Ver gráfico mais adiante.

Page 14: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

14

O contínuo crescimento das mídias sociais por jornalistas em quase todos os países pesquisados

apresenta oportunidades reais para as publicações solidificarem as fortes relações com os

comentaristas-chave. O desafio é, evidentemente, o modo como esta solidificação ocorre. O estudo

constata jornalistas que esmagadoramente rejeitam a ideia dos 'pacotes' de histórias pré-formadas a

partir de uma única organização por quase dois para um dos entrevistados. Isto sugere que os

comunicadores empresariais devem concentrar seus esforços para aproveitar as redes sociais da sua

empresa (e de seus especialistas) para ajudar a qualificar, formar e comentar as histórias originadas

em outro lugar.

Google Plus atinge a maioridade?

A plataforma de mídia social da gigante de buscas foi alvo de fortes críticas de comunidades de

usuários regulares, mas foi entusiasticamente adotada por uma série de empresas de mídia e

jornalistas. Como em 2012, pouco mais de um quarto dos entrevistados (27 por cento) dizem ter

uma página pessoal no Google Plus – na França e EUA as proporções de usuários de Google Plus são

muito maiores (48 por cento e 61 por cento, respectivamente) e, no Brasil manteve-se como em

2012, em 35%.

Publicações, também, deslocaram-se para a plataforma - em 2012, 21% dos entrevistados disseram

que seus títulos tinham uma página no Google Plus e, este ano, 23%. Alguns títulos líderes possuem

números de seguidores significativos no Google Plus. Por exemplo, o Financial Times tem 1,3

milhões de seguidores, em comparação com um número relativamente insignificante de 430 mil no

Facebook e apenas 18 mil seguidores no LinkedIn3.

Considerando-se que a grande maioria dos jornalistas entrevistados são medidos de acordo com o

número de visitas aos seus artigos, o apetite para o Google Plus é surpreendente. É sabido que o

Google Search dá prioridade aos resultados de outros produtos do Google (como o Google Plus) -

por isso, a sua esperada adoção não é maior. Continuaremos a acompanhar o andamento do Google

Plus ao longo dos próximos anos.

3 Global social channels drive FT consumption, infographic, Financial Times, 2012

Page 15: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

15

(Dados mundiais)

(Dados mundiais)

Page 16: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

16

(Dados do Brasil)

3 - O modelo de negócio digital

Desde que lançamos o Estudo de Jornalismo Digital Oriella há seis anos, o tema da monetização

online tornou-se a questão de maior pressão enfrentadas pelas organizações de mídia. O consumo

de mídia impressa caiu na última década (ver gráfico a seguir), como resultado de que o modelo de

negócio que tem alimentado os meios de comunicação ao longo dos séculos se tornou obsoleto.

Essa transição tem feito estragos em empresas de mídia bem estabelecidas. A Time Inc., por

exemplo, perdeu 26 por cento de sua receita entre 2008 e 2012 e demitiu seis por cento de sua

força de trabalho4. Na Espanha, o El País foi forçado a demitir um terço de sua equipe e impor um

corte de salário de 15 por cento sobre quem permaneceu5. Esta tendência negativa é refletida na

pesquisa que aponta 64 por cento dos respondentes espanhóis prevendo que as receitas de

publicidade cairiam.

Os acessos pagos (paywalls) não tem sido uma panaceia universal. Por exemplo, no Reino Unido, o

The Times continua a perder cerca de 1 milhão de libras (US $ 1,5 milhões) a cada semana, apesar da

adoção do alto perfil de acesso pago em 2010, enquanto o Daily Telegraph e os jornais Sun

implementaram suas próprias paywalls no início de 2013.

4 The Economist, http://www.economist.com/blogs/schumpeter/2013/03/time-warners-spin-out-plans 5 The Economist, http://www.economist.com/news/business/21567934-after-years-bad-headlines-industry-finally-has-some-good-news-

news-adventures

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Blog Pessoal

Twitter Pessoal

Página Pessoal

do Facebook

Página Pessoal

do Google Plus

Página Pessoal do You Tube

Pinterest Instagram

Uso pessoal de redes sociais no Brasil

Page 17: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

17

Fonte: People Press 6

Nosso estudo mostra que a esmagadora maioria “todos por um” de acesso baseado em receitas de

publicidade continua a ser a ortodoxia atual, embora sua popularidade tenha experimentado uma

ligeira queda, de 38 por cento em 2012 para 35 por cento este ano. Tal tendência certamente

explica o foco no tráfego web e usuários únicos como as métricas de desempenho para os jornalistas

explorados no primeiro capítulo.

Quando se trata de cobrar pelo conteúdo digital, os paywalls e modelos 'freemium' de rendimento

de conteúdo apresentado em um navegador abriram caminho para os smartphones e tablets.

A adoção desses dispositivos acelerou muito durante o ano passado, a ponto de entrarem na

imaginação dos proprietários que procuram formas de monetizar seu conteúdo que não seja através

de anúncios. Nosso estudo descobriu que aplicativos pagos para smartphone ou tablet quase

duplicaram em popularidade, indo de 5% em 2012 para 8% este ano, com grupos continentais

europeus de mídia - além de empresas chinesas - liderando este número.

No total, um em cada quatro jornalistas franceses, e 35% por cento no Brasil, disseram que seus

títulos são operados também em aplicativos premium. Na Itália, 12%, na Espanha 8% e na Alemanha

9% dos jornalistas entrevistados concordaram. Por outro lado, nos EUA e no Canadá, nem um único

jornalista disse que seu título tinha aplicativos premium. Na verdade, uma proporção muito maior

dos entrevistados nesses dois países disse que seu modelo de negócio foi baseado no livre acesso de

propaganda paga para o conteúdo.

Um futuro móvel acena para a mídia?

O estudo constata que os aplicativos premium acabaram à frente das taxas fixas dos paywalls e

modelos de cobrança 'freemium' por serem uma maneira eficaz para as empresas de mídia

cobrarem apenas a audiência online de seus conteúdos. Embora os resultados da pesquisa sejam

baixos - menos de 10 por cento - a mudança global a favor de celulares coincide com a mudança de

comportamentos de consumo. De acordo com o Pew Research Center, metade da população norte-

americana agora possui um smartphone ou um tablet, dos quais dois em cada três os utilizam para

6 http://www.people-press.org/2012/09/27/in-changing-news-landscape-even-television-is-vulnerable/

23

42

2012

2002

'I read a newspaper yesterday' (% of US readers)

Page 18: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

18

ler notícias7. Os analistas estimam que os smartphones e tablets terão um maior crescimento nas

categorias de dispositivos móveis a nível mundial nos próximos anos8.

É de se esperar que o consumo de notícias a nível mundial irá espelhar essa tendência: mudando

não apenas do impresso para o online, mas a partir de computadores de mesa ou laptop "fixos" para

dispositivos móveis.

(Dados do Mundo)

(Dados do Brasil)

7 The Future of Mobile News, Pew Research Center’s Project for Excellence in Journalism, October 2012

http://www.journalism.org/analysis_report/future_mobile_news 8 Canalys, February 2013, quoted in Mobithinking Global Mobile Statistics, March 2013 http://mobithinking.com/mobile-marketing-

tools/latest-mobile-stats/a

Contéudo Pago: Oferta de conteúdo

pago através de assinatura

Pagar por documento:

oferta de conteúdos pagos via

micro-pagamento

Disponiblização de

conteúdo do site via aplicativo

para smartphone

ou tablet

Publicidade financiada -

acesso gratuito via navegador

web e aplicativos, publicidade

100% financiado

Acesso gratuito ao conteúdo

online para assinantes

de conteúdo impresso

Portais de associação

Freemium - liberação de um número definido de

artigos gratuitos

por semana /mês, pago a partir daí

Nenhum

Série1 0,286 0,036 0,357 0,393 0,214 0,036 0,107 0,107

0,00%

5,00%

10,00%

15,00%

20,00%

25,00%

30,00%

35,00%

40,00%

45,00%

Títu

lo d

o E

ixo

Melhor descriçao do modelo de negócios como empresa online no Brasil

Page 19: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

19

Se a “Nova Regra para as Notícias” significar que os grupos de mídia apostem nos dispositivos

móveis em futuro a longo prazo, as ramificações para as marcas são significativas. Em primeiro lugar,

é provável que o conteúdo de notícias seja muito mais interativo do que foi no passado, com

interfaces touch-screen que abrirão novas possibilidades para contar histórias. Um exemplo

poderiam ser os gráficos interativos (ou ‘digi-graphics’), que permitem ao leitor navegar como

desejar através de histórias. The New York Times e The Guardian são dois pioneiros nesta área,

embora muitos outros grupos de jornais estejam reforçando as suas capacidades neste contexto9.

Em segundo lugar, podemos ver a polarização de como a produção jornalística é publicada. Curtas,

incisivas atualizações de notícias com cobertura quase em tempo real de eventos em versão

impressa e em vídeo, otimizadas para telas pequenas de um lado, trabalhos profundos e peças

investigativas no outro. O jornalismo ‘curto e rápido’ também poderia dar maior destaque às

publicações e, consequentemente, um maior tráfego - nos rankings de busca, leitores e aplicativos

‘agregadores de notícias sociais’, como o Flipboard e o Pulse News10.

O impacto sobre o emprego

Apesar de todas as mudanças de jogo nas redações e escritórios editoriais, os jornalistas

permanecem geralmente otimistas sobre suas posições de trabalho. Trinta e quatro por cento dos

entrevistados dizem apreciar mais o seu trabalho (o mesmo que em 2012) e apenas 17 por cento

discordam (em 2012, 14%).

Sem surpresa, em países onde a incerteza é maior, a satisfação no trabalho é menor. Na França,

onde mais da metade dos entrevistados acreditam que equipes editoriais possam ser demitidas, a

maioria diz que a satisfação no trabalho tem permanecido a mesma ou diminuído ao longo dos

últimos dois anos. Por outro lado, na China, onde 38 por cento dos entrevistados disseram que suas

publicações contrataram mais jornalistas, a satisfação no trabalho foi a mais alta. Sessenta por cento

afirmam desfrutar mais do seu trabalho, mas nem um único entrevistado disse ter desfrutaram

menos.

O estudo encontrou que a “A nova regra das notícias” está criando novas dores de cabeça para

muitos jornalistas. Cerca de um a cada três entrevistados concordou que estão encontrando

dificuldades para se manter a par dos acontecimentos na mídia social. O resultado está mais perto

de 50 por cento na França e EUA, mas no Reino Unido, Alemanha e Brasil, os números são muito

mais baixos.

Uma conclusão a tirar deste achado é que as marcas devem prestar mais atenção às 'tendências' de

temas – e assim adequar a sua produção. Muitas marcas, em especial as B2C e as novas empresas

B2B, adotaram esse pensamento: mais empresas bem estabelecidas, entretanto, têm encontrado

mais desafios.

9 The Guardian’s interactive graphic on the Arab Spring, and NYT’s ‘Mapping the Nation’s Well-Being’ are two stand-out examples of digi-

graphics 10 The momentum behind news aggregation mobile and tablet apps should not be underestimated. In April 2013, Flipboard, one of t he

most popular of these, announced it was adding new users at the rate of 6 million per month, and currently had 56m users worldwide (see http://techcrunch.com/2013/04/29/flipboard-now-at-56m-users-adding-6m-in-one-month-since-2-0-launch/)

Page 20: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

20

Conclusão: o livro de regras fica redesenhado

O estudo deste ano viu as principais mudanças identificadas em 2012 acelerarem e tornarem-se

mais profundamente enraizadas. Os jornalistas estão usando as mídias sociais como fonte de

informação e para promover a sua publicação, aproveitando uma ampla gama de ativos de conteúdo

para contar histórias e ainda adotaram relatórios em tempo real. Estão menos interessados em

‘modelos pré-fabricados’ na forma de press releases, o que há dois anos era visto como a primeira

escala para a obtenção de notícias.

Ao mesmo tempo, a busca de receitas está levando os proprietários a tomar decisões difíceis. Se os

entrevistados para o nosso estudo estiverem corretos, haverá uma equipe de jornalistas menor em

tempo integral em 2014 do que havia este ano. A consolidação do setor – assim como sua

descontinuidade – vai continuar. Um em cada três participantes do nosso estudo concorda que o

número global de veículos será reduzido. Como resultado, haverá menos oportunidades para a

cobertura e uma maior concorrência pelo espaço nos títulos que permanecerem. Esta situação

beneficiará os ‘termômetros do setor’, mas marcas com um perfil menor terão que trabalhar mais.

Existem pontos brilhantes. Se as estratégias móveis derem lucro, o resultado poder ser grandes

mudanças na forma como os meios de comunicação informam a notícia. Publicações em tempo real

poderiam tornar-se mais comuns e, de fato, até mesmo vislumbramos o surgimento de "ciclos" de

notícias em transmissão de rádio e redações de TV. Publicações móveis podem também acelerar

novas formas de jornalismo 'interativo', onde os usuários encontram o seu próprio caminho através

da história apresentada.

Uma tendência emergente não abordada neste estudo é "jornalismo de dados" - a convergência de

análise e comunicação de dados, que foi acelerada pela publicação em vários países de grandes

quantidades de dados governamentais. O jornal inglês The Guardian’s Data Blog é provavelmente o

melhor exemplo desta nova disciplina, que pretendemos explorar em estudo do próximo ano.

A “Nova Regra das Notícias” traz consigo desafios na forma de um grupo de mídia que encolhe e

reduz seus recursos editoriais - mas também traz oportunidades reais. Oportunidades para manter

diálogos permanentes com os jornalistas através das mídias sociais, oportunidades para criar novos

tipos de ativos de conteúdo adequado para audiências em movimento.

Page 21: Oriella PR Network Estudo Mundial de Jornalismo …...sexto ano consecutivo finalizou o seu Estudo de Jornalismo Digital 2013. Este sexto estudo anual analisa o papel e o impacto dos

21

Recomendações para os comunicadores:

1. Quebre as barreiras ao separar meios, digital, blogger e engajamento influenciador. Líderes

de comunicações internas devem conduzir suas equipes para identificar e se envolver com

todas as vozes influentes em torno de sua marca.

2. Identifique quem importa – não apenas a mídia, analistas e blogueiros, mas acadêmicos,

grupos de reflexão e também ‘personalidades’. Analise as conversas sobre e ao redor da

marca para identificar 'influenciadores que estão dormindo”, cujo interesse amplamente se

alinha com o seu próprio país, mas ainda precisam ser 'ativados'.

3. Treine seus nerds – identifique os melhores especialistas para se relacionar com a mídia em

todos os níveis da organização, treinando-os em mensagens, tom de voz, gerenciamento de

entrevista e mídias sociais. Deixá-los se comunicarem como funcionários da empresa - e

reforçar o monitoramento para avaliar a sua eficácia. Até mesmo as ações simples, como

tuitar principais itens de cobertura junto do Twitter do jornalista pode resultar em grandes

impactos.

4. Pense visualmente, pense em mobilidade, pense em interatividade – publicações de

ilustração e equipes de produção de mídia estão com mais recursos do que nunca para

suportar uma audiência em evolução. Desafie suas equipes para explorar novas formas de

contar a sua história visualmente - e construir laços com essas equipes.

5. Adicione Google Plus às suas estratégias para influenciar e engajar a mídia - incentivar os blogueiros da casa a usar a plataforma para socializar sua produção e construir pontuações com rankings de autores. O estudo mostra como a mídia é uma usuária entusiasmada do Google Plus: marcas que desejam fazer suas vozes ouvidas entre os jornalistas são aconselhadas a espelhá-los.