Os 7 Planetas Nas Abordagens Gica Alquimica e Mitolo

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Os Planetas -O Sol Por Juliana Estevez No sistema solar, o sol ocupa uma posição central. Ele dá Luz, "vida" e ordem a todos os outros planetas. Na psique, sua função é a mesma. Ele é o centro integrador da consciência. É a parte consciente do self. É só a partir deste centro consciente, que se pode perceber, ordenar e integrar, o self total, representado pelo mapa astral inteiro. O sol representa a noção de Eu, a sua frase chave é EU SOU. E a partir da função solar é possível a auto percepção. O auto conhecimento e a busca de si mesmo é um impulso psíquico Solar. É só a partir da "luz que o sol emana" que podemos perceber e conscientizarmo-nos das muitas outras funções que astrologicamente estão representadas pelos outros planetas. Se o Sol não existisse, os planetas não passaria de corpos rochosos, sem vida e sem orbe, na escuridão do universo. Portanto a função solar de auto percepção e auto conhecimento é essencial para se conhecer todas as outras funções. O Sol, no mapa, revelará a minha natureza mais essencial, minha semente mais primordial, e como eu me torno Eu próprio. Jung denominou este processo de "individuação", e psiquicamente esta é a função solar. O sol mostrará como eu me percebo, qual é o caminho que eu percorro na busca para me tornar eu mesmo. Outra função importante do sol está associada com a posição que este tem, não em relação ao sistema solar, mas em relação à terra. Lembremos que a astrologia inicialmente tinha uma perspectiva totalmente geocêntrica, portanto, para nós, humanos, que vivemos na terra, o Sol tem ainda uma função igualmente importante. A vida na terra depende absolutamente do sol, pois ele é a fonte de energia da terra, e toda a cadeia alimentar se resumiria em seres que comem outros, que comem plantas, que, por sua vez, dependem (fotossíntese) da energia solar. Astrologicamente, o Sol no mapa, irá revelar a energia vital do indivíduo, a sua vitalidade e vigor físico. Simbolicamente, o sol também revelará o potencial de dar vida, ou criar, portanto representará a criatividade, o brilho, a importância, a auto confiança, o calor, a generosidade. Associado à posição central no sistema solar, o sol simboliza a importância, a força de vontade ou de carácter, o poder, o centrismo ou egocentrismo, a majestade, narcisismo, orgulho. O Sol e a Lua Outras importantes interpretações do Sol foram criadas a partir da sua relação com a Lua. Como o sol se apresentava sempre da mesma forma em relação a Lua que era eternamente mutável, associou-se o Sol a um princípio masculino de estabilidade em comparação ao princípio feminino mutável. Daí, nasceram as representações solares de Masculino, Yang, lógico-racional, pai- autoridade, Animus. O Glifo:

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Os Planetas -O Sol Por Juliana Estevez

No sistema solar, o sol ocupa uma posição central. Ele dá Luz, "vida" e ordem a todos os outros planetas. Na psique, sua função é a mesma. Ele é o centro integrador da consciência. É a parte consciente do self. É só a partir deste centro consciente, que se pode perceber, ordenar e integrar, o self total, representado pelo mapa astral inteiro. O sol representa a noção de Eu, a sua frase chave é EU SOU. E a partir da função solar é possível a auto percepção. O auto conhecimento e a busca de si mesmo é um impulso psíquico Solar.

É só a partir da "luz que o sol emana" que podemos perceber e conscientizarmo-nos das muitas outras funções que astrologicamente estão representadas pelos outros planetas. Se o Sol não existisse, os planetas não passaria de corpos rochosos, sem vida e sem orbe, na escuridão do universo.

Portanto a função solar de auto percepção e auto conhecimento é essencial para se conhecer todas as outras funções.

O Sol, no mapa, revelará a minha natureza mais essencial, minha semente mais primordial, e como eu me torno Eu próprio. Jung denominou este processo de "individuação", e psiquicamente esta é a função solar. O sol mostrará como eu me percebo, qual é o caminho que eu percorro na busca para me tornar eu mesmo.

Outra função importante do sol está associada com a posição que este tem, não em relação ao sistema solar, mas em relação à terra. Lembremos que a astrologia inicialmente tinha uma perspectiva totalmente geocêntrica, portanto, para nós, humanos, que vivemos na terra, o Sol tem ainda uma função igualmente importante.

A vida na terra depende absolutamente do sol, pois ele é a fonte de energia da terra, e toda a cadeia alimentar se resumiria em seres que comem outros, que comem plantas, que, por sua vez, dependem (fotossíntese) da energia solar.

Astrologicamente, o Sol no mapa, irá revelar a energia vital do indivíduo, a sua vitalidade e vigor físico. Simbolicamente, o sol também revelará o potencial de dar vida, ou criar, portanto representará a criatividade, o brilho, a importância, a auto confiança, o calor, a generosidade.

Associado à posição central no sistema solar, o sol simboliza a importância, a força de vontade ou de carácter, o poder, o centrismo ou egocentrismo, a majestade, narcisismo, orgulho.

O Sol e a Lua Outras importantes interpretações do Sol foram criadas a partir da sua relação com a Lua.

Como o sol se apresentava sempre da mesma forma em relação a Lua que era eternamente mutável, associou-se o Sol a um princípio masculino de estabilidade em comparação ao princípio feminino mutável. Daí, nasceram as representações solares de Masculino, Yang, lógico-racional, pai-autoridade, Animus.

O Glifo:

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O círculo com um ponto no meio.

Em todas as culturas o círculo representa um símbolo de totalidade e perfeição. Na natureza não existem formas perfeitamente circulares com excepção do próprio disco do Sol.

O ponto no meio do círculo representa a noção de indivisibilidade, infinito (principio e fim) e também de Centro interior.

O símbolo circulo - ponto também remete para uma noção de fonte e expansão, o que também representa essência e manifestação.

O Ascendente

O ascendente ou casa I também é uma posição astrológica determinada pela posição do Sol. O mês de nascimento determina o signo onde está o Sol e a hora de nascimento determina o ascendente e consequentemente, a posição de todas as outras casas.

O ascendente representa a expressão do indivíduo, isto é, como ele expressa a essência (Sol), a sua persona, ou a representação que faz de si mesmo para o mundo. O ascendente também pode ser associado com a máscara do ego, a capa que reveste o self (sol), e a própria personalidade.

Associações à Alquimia A alquimia foi uma ciência "químico-psicológica" nascida no século I A.C., e cujos conhecimentos foram recuperados por Jung, psicólogo que procurou as raízes do conhecimento antigo da psicologia do homem.

A alquimia foi muito mais do que uma ciência precursora da química actual. Esta ciência buscava a compreensão do mistério da estrutura do universo. Sucintamente, pode-se dizer que a alquimia se baseava num processo que tinha como objectivo encontrar a ligação entre determinados elementos químicos e factores psíquicos do alquimista, pois o mistério da estrutura do universo estava também no próprio alquimista, no seu próprio corpo e no seu inconsciente.

Além de trabalhar com materiais externos, trabalhavam também com seus factores psíquicos internos. A busca da transmutação do chumbo em ouro, que correspondia ao que Jung chamou de processo de Individuação. Isto é, os dois processos davam-se sincronicamente, o químico e o psicológico.

Os glifos simbólicos correspondentes aos diferentes processos alquímicos eram os mesmos glifos que representam os planetas. Por isso, o conhecimento que temos dos planetas pode ser bastante enriquecido quando compreendemos sua função no processo alquímico.

O ouro puro, objectivo alquímico final era representado pelo glifo do Sol. E psicologicamente, o ouro significava o essencial, o mais puro material que era obtido a partir de um longo processo - a individuação - do alquimista.

O processo de individuação, leva o individuo a um estado de unidade autónoma e indivisível e de totalidade interna, através da integração dos vários componentes da psique (planetas). O signo ocupado pelo Sol no mapa astrológico indica a forma na qual este caminho pode ser melhor seguido.

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Associações à Mitologia

Em todos os povos e culturas antigas o Sol foi sempre reverenciado como um Deus central senão o único Deus.Toda a sobrevivência estava vinculada a este generoso astro, que doava calor e vida. Apesar de generoso o Sol também podia ser perigoso já que "o excesso de brilho queima".

Há muitos mitos a respeito do deus Sol, todos relatando sua natureza masculina, majestosa, brilhante e generosa.

A mitologia greco-romana nomeou-o Apolo - Phebo.

Apolo dirigia a carruagem "Solar" através dos céus, todos os dias, puxada por cavalos alados. Estes cavalos representam a energia instintiva, animal, sendo controladas pela consciência (Sol), e guiadas de modo correcto, seguro e criativo.

Apolo era filho de Zeus e de Latona, filha dos Titãs (forças da natureza). Este Deus aparece em inúmeros mitos, mas o que é mais significativo para nós são as suas características. Apolo era um deus belíssimo, radioso, de andar majestoso e encantador, muito talentoso. Era dono da lira, instrumento criado por seu irmão Hermes e aprendeu a tocá-la tornando-se um exímio músico. Também possuía um arco e flecha e o dom de usá-los com perfeição. Apolo era conhecido portanto, como o deus da música, dos talentos, das artes e da poesia..O Oráculo de Delfos também era uma função de Apolo. Este Deus possuía o dom da profecia e era o único que realmente podia interpretar o pensamento de Zeus.Na entrada de Delfos, havia duas inscrições sagradas, que revelam muito acerca de Apolo e do Sol astrológico:"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás a Deus e o universo" e "Nada em excesso".

O sol astrológico também representa nossa busca de auto conhecimento, de propósito, significado e direcção na vida, nossa vocação, nossos dons e talentos e o caminho para alcançarmos conscientemente a "Iluminação", ou a totalidade interna.

O sol Físico ocupa cerca de 90% da massa total do sistema solar, o sol psicológico terá função similar, representando o núcleo vital da personalidade e o centro máximo da consciência.

O sol também simboliza o coração do sistema solar e fisicamente também terá esta função.

O Sol rege o signo de Leão e a casa V e está exaltado em Carneiro.

- A Lua A essência dos significados da Lua surgiu devido à sua natureza mutável e nocturna. Em primeiro lugar, a lua muda constantemente de fase, perfazendo seu ciclo em 28 dias.

A sua mutabilidade deve-se à posição que ocupa em relação ao Sol. Quando está conjunta ao Sol, desaparece, pois o brilho solar ofusca a Lua, e é neste período que ela parece ser "fecundada" pelo Sol. Na próxima fase, começa a distanciar-se do sol, e começa a crescer (gravidez), e quando entra

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na fase da oposição fica totalmente cheia, e "dá à luz", iluminando a noite escura, e por fim mingua, e volta a aproximar-se do sol, que a ofusca novamente, até desaparecer e reiniciar o ciclo.

Este é o princípio Lunar, que deu origem aos maiores significados da Lua: é o arquétipo da grande mãe, é o feminino, a gravidez, as emoções, os sentimentos, os afectos, o cuidado, a protecção, a nutrição, a alimentação.

A mutabilidade da Lua representa a mutabilidade dos sentimentos e afectos humanos, e também a instabilidade.

Outros significados da Lua advêm da sua natureza nocturna.Nos primórdios da humanidade, a noite era sinónimo de perigo, medo, desconhecido. Como os homens estavam muito expostos ao ataque de animais, saqueamento das suas reservas por inimigos, etc., a noite e a escuridão tornaram-se o principal arquétipo de medo no inconsciente colectivo do homem.

Outras qualidades dadas deste arquétipo à lua são as de imaginativa, impressionável e influenciável. E também fantasia, criatividade, sonho.

Astronomicamente, a Lua pode não representar grande coisa quando se trata do sistema Solar, mas, em relação à terra ela é muito importante. Se partirmos do principio que a astrologia inicialmente era geocêntrica e ainda é em grande parte, veremos o quanto este luminar influencia-nos.

A lua condiciona uma série de eventos na terra, graças a sua influência gravitacional, afectando as marés, o crescimento da vegetação e ainda influenciando fortemente os nascimentos e todos os ciclos naturais. Sendo assim, podemos perceber que a Lua é um condicionador importante para o homem, e toda a experiência associada aos outros factores planetários também será profundamente influenciada pela Lua, isto é pela nossa percepção emocional, pelos nossos condicionamentos inconscientes e pelos nossos mecanismos de defesa.

A lua astrológica também representa os nossos medos, e a nossa defesa emocional inconsciente e imediata frente a estímulos ameaçadores. A lua é a nossa identidade emocional, a forma habitual de reacção, os padrões instintivos de comportamento e os condicionamentos apreendidos na infância.

Também rege as experiências passadas, a memória emocional, o passado, a tradição.

Enquanto o Sol representa o nosso Self consciente (luz do dia), a Lua representa o Ego inconsciente e o comportamento emocional adquirido inconscientemente (escuridão da noite).

Enquanto o Sol representa a parte masculina da psique humana a Lua representará a sua componente feminina "Anima", dai os seus significados de figura materna, mulher, nutrição, casa, protecção.

A Lua e o Sol A Lua e o Sol são dois factores psíquicos complementares. Visto que a Lua não tem luz própria a depende do Sol para "existir", ela reflecte a luz solar; enquanto o Sol é activo, a Lua é reactiva, receptiva, passiva, introvertida.

A Lua é a falta que incentiva a função Solar de busca de si mesmo, de auto conhecimento, de individuação (totalidade e indivisibilidade). Enquanto o Sol dá luz e calor, a Lua absorve, incorpora.

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À medida que a nossa consciência solar vai-se desenvolvendo, a influência condicionadora da Lua vai diminuindo, pois os conteúdos inconscientes vão tornando-se conscientes, as reacções automáticas vão dando lugar a comportamentos mais adaptados e livres do condicionamento inconsciente e as emoções tornam-se mais conscientes e canalizam-se mais criativamente.

O Glifo:

O glifo da Lua simboliza o meio círculo, e portanto uma fracção do todo, algo que falta para se chegar ao todo, um vazio.

Este vazio é também um importante significado da lua, aquilo que falta para a completude, as carências, o que precisa de alimento ou nutrição para "encher", ou completar.

O símbolo do meio círculo também simboliza a "alma", o sentir ou o intuir. Este símbolo também encerra em si a noção de passividade - receptividade.

Associações à Alquimia Na Alquimia, a Lua simboliza um outro metal importante, a prata. A prata era tida como feminina e lunar pois é frágil e por corroer-se facilmente sendo colocada em contacto com qualquer ácido ou agente agressivo (masculino).

Outro processo que estava associado ao símbolo lunar é a "Unio Mystica", processo onde a prata é acrescentada à obra alquímica que objectiva o ouro (sol).

Esta união é o que na astrologia chamamos de preencher as carências da Lua através do Sol. Este processo está melhor explicado no parágrafo acima - Lua e Sol.

Associações à Mitologia

Existem muitas Deusas associadas à Lua.

Artemísia, Hecate, Demeter ou Ceres, Diana, Hera ou Juno e Selene. Todas estas deusas representam de formas diferentes as facetas do arquétipo lunar.

O mito de Demeter é o que demonstra as principais características Lunares.Deméter ou Ceres era a mãe natureza, responsável pela manutenção da vida na terra.

Deméter era mãe da bela jovem Perséfone. Um dia, O deus dos infernos raptou Perséfone e a levou para o Hades - o inferno. Deméter procurou a sua filha por todo o mundo, desesperada, e a sua tristeza era tão grande que toda a natureza se ressentiu.

Como Deméter é a própria mãe natureza (Ceres - cereal), um terrível Inverno quase devastou toda a face da terra, situação propositadamente causada por Deméter para chamar atenção ao rapto que ninguém ligou. Com a terra secando e os homens morrendo de fome e frio, Zeus interveio, enviando Hermes - o deus mensageiro, para procurar Perséfone por todos os cantos do mundo.

Descobriu-se que ela estava no inferno e que se havia tornado mulher de Hades. Deméter continuou irredutível e exigiu que sua filha voltasse para junto da mãe. Foi então feito um acordo, onde por 6 meses do ano Perséfone ficaria com a mãe e os outros 6 com o marido.

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Quando a filha regressou toda a terra voltou a produzir abundantemente, e este período ficou conhecido como a Primavera. No Verão a alegria mantinha-se, até o retorno da filha ao Hades, quando novamente Deméter deprimia e as folhas começavam a cair até a morte total no Inverno. E o ciclo se repete infindavelmente marcando as estações do ano.

Este mito revela a natureza protectora materna, bem como a famosa estratégia Lunar de chantagem emocional, e a mutabilidade cíclica de humor da Deusa Deméter.

A Lua rege o signo de Caranguejo ou Câncer e a casa IV, e está exaltada em Touro.

-Mercúrio Mercúrio representa no homem a função de pensar, reflectir e comunicar. A capacidade de propriocepção, isto é, perceber o eu do não – eu. A posição de mercúrio no sistema solar também diz bastante a respeito de seus significados.

Mercúrio é o primeiro planeta depois do sol. Da terra, é sempre visto bem perto do sol, nunca se afastando mais que 28 graus. É comum encontrá-lo numa conjunção ao Sol, e portanto confundir o Eu Sou com o Eu Penso, isto é: Eu sou aquilo que penso, ou, noutras palavras “Penso (mercúrio) logo existo (sol)”.

Mercúrio, é o primeiro planeta que vai diferenciar o “eu sou” (sol) de todo o resto que eu não sou. Fará portanto uma ponte entre a consciência individual como tudo o que está fora desta consciência (outros planetas). Estabelecerá ligações, encontrará diferenças e identificações do que é como o que não é, do dentro com o fora, e do fora com o fora.

Estas ligações representam; 1- A nossa capacidade de pensar, reflectir e aprender, 2- A nossa capacidade de comunicar, partilhar ideias, escrever 3- A nossa capacidade de dividir, discriminar, analisar e classificar.IIsto é, Mercúrio representa como eu assimilo intelectualmente as experiências, como as penso e como as comunico. De que forma se estrutura minha inteligência lógico-racional.

Mercúrio será portanto uma função essencial para o centro da consciência (sol) conectar-se com o que é exterior.

A associação com a mente e com os pensamentos também se deve à velocidade de Mercúrio em seu trajecto no céu. Mercúrio era visto no nascer do sol no extremo leste e no fim do dia no extremo oeste. Como é o mais rápido dos planetas, já que seu percurso no céu acompanha o do Sol, tamanha velocidade no homem só poderia representar a sua mente e seus pensamentos.

Este dado também atribuirá a Mercúrio as qualidades de inquietação, rapidez, irritabilidade, nervosismo.

O Glifo:

A meia-lua, o círculo e a cruz.

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A meia-lua superior é o que simboliza a necessidade de aprendizado, comunicação e expressão. Representa o princípio da receptividade e captação.

O círculo é a representação do todo, do inteiro, que em Mercúrio representa a expansão da consciência. A cruz é a manifestação material, o plano concreto da realidade, isto é a actuação ou realização concreta na realidade da função Mercuriana de pensar, comunicar, etc.

Representa também a necessidade de comunicação e compreensão entre o céu e a terra, a necessidade de transcendência.

Os dois princípios, masculino e feminino, estão contidos em Mercúrio. Ele é Hermafrodita (Hermes + Afrodite). A função feminina consiste em acumular e receber informação e a masculina em distribuir pensamentos e comunicar. O que também se verifica na dupla regência de Mercúrio à Virgem (feminino) e Gémeos (masculino).

A Lua e Mercúrio

A Lua e Mercúrio são factores planetários com função similar. Os dois são os primeiros que fazem contacto com o exterior, a lua com relação à Terra e Mercúrio com relação ao sol. Ambos estabelecem uma ponte com o todo o restante. Apesar de funções similares, fazem estas funções se processam de forma diferente. A Lua estabelece pontes e percebe o exterior através das emoções, e interpreta os factos com base na memória que tem das experiências vividas no passado e reage influenciada pelo comportamento inconsciente. Mercúrio faz a ponte com o exterior com base na reflexão imparcial e objectiva da realidade. É analítico e factual, e reage baseado no que é lógico e racional.

Atenção: não confundir racionalidade com consciência. Devido a proximidade de Mercúrio ao Sol, é comum esse tipo de confusão. Mercúrio não representa a consciência una, pelo contrário é bastante dual. Citando Liz Greene: “Mercúrio é, ao mesmo tempo, o grande reconciliador e, ao mesmo tempo o grande destruidor. Através do seu poder de dividir, racionalizar, discriminar e separar, o indivíduo pode conscientizar-se das relações entre os factos ou, por outro lado, permanece alienado dessas relações ao coleccionar dados isolados ou sem sentido no conjunto”.

Associações à Alquimia

Mercúrio é muito citado na alquimia por ser Hermes o pai da alquimia. Hermes Trimegisto, o três vezes grande é aquele que através das leis herméticas criou a astrologia, a alquimia e até a magia, que originaram todas as ciências ocultas.

Há também um outro processo alquímico associado a Mercúrio que é a "Separatio", um processo fundamental para se chegar ao "albedo". Depois de se retirar os minérios através do processo de derretimento, deve-se limpá-los, o que é um trabalho analítico, e depois disso a síntese química poderá ser iniciada. Isto é, primeiro ocorre um processo analítico e depois o sintético.

Psicologicamente a "separatio" representa a fase onde a mente mercuriana, dual, separa intelectualmente a mente do espírito como sendo um processo inicial necessário para depois a fusão acontecer não só no nível intelectual, mas em todos os níveis.

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Mercúrio também pode ser visto na alquimia como um "espírito maligno", que confunde completamente o alquimista. Isto se deve ao facto de que o elemento químico mercúrio pode mesmo causar envenenamento. Psicologicamente, isto representa a mente dual mercuriana nos confundindo, remetendo sempre a realidade dual que a mente cria e percebe, mas que no fundo, não passa de uma percepção dissociada da realidade da mente inferior.

Associações à Mitologia

Na mitologia grega Mercúrio é Hermes, o deus mensageiro. Este deus participa de inúmeros mitos, que veremos na mitologia dos signos. Por agora, interessam-nos as características deste deus, que revelam muito acerca dos significados de Mercúrio.

Mercúrio era um deus muito jovem, alguns o relatam como um adolescente. Era magro, ágil, muito expressivo, gesticulava muito, dificilmente se calava. Possuía asas nos pés e um elmo também alado, o que lhe facilitava a deslocação para qualquer lugar, tornando este Deus o mais rápido do Olimpo.

Hermes era um deus bastante dual, era considerado o protector dos viajantes, das estradas, O senhor dos pastores, Patrono dos comerciantes, Pai da magia e da feitiçaria e da alquimia, era também o rei das encruzilhadas e Patrono dos ladrões.

Hermes não tinha morada no Olimpo, era o "habitante do crepúsculo" e não tinha casa pois estava sempre em movimento.

Como sua função de mensageiro o levava a todos os lados, Hermes era o único deus que tinha acesso a qualquer reino, sendo também conhecido como Guia dos 3 mundos, isto é Hermes preambulava nos céus do Olimpo, na terra dos homens e no inferno dos mortos (reino do Hades). No Olimpo sua função era a de Mensageiro e qualquer coisa que se quisesse comunicar de cima para baixo e de baixo para cima, era Hermes quem o fazia. Na terra, Hermes ensinou aos homens a escrita, a lógica, a matemática, a poesia e as artes da comunicação. Num primeiro estágio, os princípios e valores morais (Júpiter) não significavam nada para Hermes. Mais tarde, Hermes "evoluiu" e tornou-se o Hermes Psicopompus, levava a alma dos mortos para serem julgadas no Hades, e também tornou-se um ser sábio, criou as leis herméticas, a base da feitiçaria, da alquimia e da própria astrologia.

A personagem mitológica de Hermes revela algumas características importantes a respeito do planeta que corresponde. Em primeiro lugar, fisicamente, Mercúrio apresenta qualidades de jovem, adolescente, rápido, comunicativo, versátil, adaptável, sempre em movimento. Ia a todos os sítios, mas não ficava em nenhum por muito tempo, passando logo para outro, o que revela a superficialidade intelectual mercuriana. A dualidade do deus, ajudando quem viajava e também quem assaltava o viajante, também é um princípio de Mercúrio. Quando evoluído, desce aos infernos (inconsciente) e cria as leis herméticas, os sábios princípios de todas as ciências ditas "ocultas".

Mercúrio rege Gémeos e Virgem as casas III e VI e sua exaltação é em Virgem e Aquário.

-Vénus Nos primórdios dos tempos, o ser humano percebeu que a sobrevivência solitária era menos eficaz do que em conjunto. Na natureza, a associação a outros da mesma espécie facilita não só a auto-

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defesa, satisfazendo a necessidade de segurança, como também a preservação de toda a espécie - instinto básico de sobrevivência.

A partir daí, estabeleceram-se uma série de princípios e normas que beneficiassem todo o grupo. As leis surgiram então para manter a paz e o equilíbrio social.

Então, Vénus, como factor psíquico arquetípico, representará no homem, a necessidade de estabelecer relações baseadas na dependência mútua através da cooperação e na harmonia, ou equilíbrio entre dois ou mais. Todas as relações humanas, amizades, sociedades, casamentos, são criadas a partir desta necessidade arquetípica representada por Vénus.

Antes do estabelecimento da relação, é preciso escolher com quem se relacionar. Nos primórdios, o homem precisava de segurança física, protecção, e alimentos para sua sobrevivência. Para isso, era preciso escolher os que melhor pudessem proporcionar esta segurança.

Podemos perceber, portanto, que a função de Vénus é escolher, procurar a qualidade, aquilo que tem valor. Vénus representa a capacidade humana de procurar o que tem valor, o que tem qualidade, discriminar através do senso o que vale do que não vale, o que é bom do que não é bom.

Em Vénus portanto surgem os primeiros valores. Sejam valores sociais (balança) ou materiais (touro). A noção de amor, expressão afectiva, harmonia, cooperação, paz, humanitarismo, justiça, senso estético, e também de segurança, riqueza, dinheiro, prosperidade, são atribuídas a Vénus.

É importante perceber como se dá o processo de selecção e valorização venusiano. Vénus valoriza através da identificação com o objecto, isto é, Vénus se projecta e se identifica com algo de fora, identifica-se com a qualidade exterior.

A projecção é o mecanismo que possibilita eu ver no outro uma coisa que é minha, e assim a identificação com o exterior é possível, pois o outro me devolve ampliada a qualidade que foi projectada. Este processo é a base das relações venusianas.

Com relação ao desenvolvimento humano, Vénus representa um processo conhecido como princípio do prazer, que se dá desde os primeiros meses até a os 3, 4 ou 5 anos de idade (formação do superego - Saturno - principio da realidade).

O princípio do prazer funciona inicialmente como manutenção da sobrevivência. Representa o rejeitar a dor, a fome, o frio, tudo que ameaça a vida e leva a morte, física e simbólica e portanto é também o procurar a satisfação imediata, o prazer, a alegria e a vida.

Quando estudarmos Saturno e o princípio da realidade veremos que a adaptação a realidade exige que retardemos o prazer imediato em nome da própria sobrevivência, e que a frustração do prazer imediato pode proporcionar ganhos maiores que sua realização.

Vénus representa o princípio do prazer, e portanto todo comportamento que exige satisfação imediata das necessidades de prazer (amor, carinho, atenção, comida, dinheiro, etc...).

O Glifo:

O círculo sobre a cruz

Existem três significados importantes que se pode obter a partir da análise do glifo de Vénus:

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1 - O círculo sobre a cruz representa a necessidade de encontrar o inteiro, o perfeito, o total e indivisível (O) na matéria, na terra (+). Desta simbologia pode-se perceber que todas as formas de relação associadas a Vénus estão profundamente associadas com a necessidade de encontrar a completude, a totalidade ou unidade através do outro. Amar pode ser associado a "refazer, ou criar a unidade". Daí Vénus também representar o "amar na dualidade", já que procura a unidade através do outro, e a unidade está primeiro em si próprio (O). Na realidade ou matéria (+) isso se manifesta como necessidade de segurança nas relações, na possessividade, controle para manter a expectativa da identificação com o outro.

2 - O glifo também revela a função inteligente e discriminativa de Vénus já que o círculo representa o pensar, raciocinar (O) antes ou acima do agir (+).Enquanto Mercúrio representa a inteligência lógica desprovida de valores, Vénus representa a inteligência associada aos afectos, aos valores e a qualidade. A capacidade de discriminar o bom do não bom é um princípio ocorre primeiro em Vénus.

3 - Este glifo também foi escolhido para representar o símbolo do feminino, o que também esta profundamente associado a Vénus. Vénus representa uma diferenciação do feminino lunar, que está mais associado ao arquétipo materno. Vénus representa o feminino em si, a noção de fêmea e mulher. No mapa astral de uma mulher, Vénus revelará as qualidades que a mulher se identifica para se definir como mulher, como a mulher lida e expressa sua feminilidade. No mapa de um homem, Vénus mostra como ele lida com seu lado feminino e qual é seu arquétipo de mulher, quais as qualidades que, para ele, uma mulher deverá ter.

Além disso, em Vénus começa-se a manifestar a expressão de amor- sexualidade, e amor-paixão (identificação excessiva com o outro). Este processo se complementa com o planeta a seguir, Marte, mas tem início em Vénus.

Vénus revela a necessidade passivo-feminina de tornar-se desejado, atraente, sedutor. Marte completa o processo, como sendo a necessidade activo-masculina de desejar e de conquistar o desejado. Daí, as associações de Vénus com a vaidade e com a beleza.

Vénus e os planetas anteriores

O Sol e a Lua são planetas que representam as metades masculina e feminina, ou os arquétipos de pai e mãe. Mercúrio percebe as diferenças, as classifica como dualmente opostas. Vénus ira tentar relacionar as duas metades como o objectivo de unir os opostos criar harmonia nas metades, vê-las como complementares e dar um valor a elas.

Associações à Alquimia

São dois os processos alquímicos associados a Vénus. A “Coagulatio” (touro) e o “conjunctio” (balança).

O processo de “Coagulatio”, ou coagulação, é o que corresponde em termos psíquicos a trazer o homem à terra, dar base segura e sólida depois de um processo de subida, um êxito que “inflamou o ego” do indivíduo. Astrologicamente, este processo representa a noção de realidade e segurança que ocorrem na Vénus taurina.

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O processo de “conjunctio” ou aglutinação é o processo que corresponde à união e de opostos, o que permite a harmonização de forças contrárias e o equilíbrio interior. Este processo está associado astrologicamente a Vénus libriana, e está assim ligado às relações homem / mulher, e todas as relações sociais que se baseiam em princípios de manutenção de equilíbrio e paz. Daí Balança estar associado à Justiça – manutenção da ordem e o equilíbrio social.

Associações à Mitologia

Vénus – Afrodite, sendo a mais bela e brilhante estrela vista no céu, ficou conhecida como a deusa da beleza e do amor.

Esta deusa participa de inúmeros mitos, e veremos alguns na mitologia de Touro e Balança, signos regido por Vénus, mas por agora, interessa-nos conhecer o mito do nascimento da deusa, e as suas características pessoais.

Afrodite nasceu de uma situação de discórdia. Urano, Deus céu, era o deus dos deuses na altura e era sua função criar todas as coisas no universo. Sua mulher, Gaia, a terra, estava sempre em baixo do céu, e eles viviam uma situação de cópula constante. Urano rejeitou os filhos nascidos de gaia, pois eram terrenos e feios demais a seus olhos e os empurrou de volta para o útero da mãe, impedindo-lhes o nascimento. Mesmo assim a eles continuavam procriando eternamente até que Gaia, revoltada com a situação, presenteou com um foice, o filho Cronos que estava em seu interior, pedindo-lhe que se vingasse do pai, castrando-lhe e impedindo que ela continuasse sendo eternamente fecundada por Urano. E Cronos assim o fez, saltando do útero da mãe rapidamente, cortando os órgãos genitais do pai e jogando-os no mar. Da espuma do mar com o esperma dos órgãos nasceu Afrodite, a ultima filha que Urano iria ter.

Afrodite representa a justiça e paz restaurada, depois da castração de Urano. Esta deusa, nascida de uma concha, é a “pérola” do Olimpo, sendo a mais bela deusa, era desejosa de amor, e se envolveu com muitos deuses, teve inúmeros casos sendo sempre infiel a sua marido Hefesto, o deus ferreiro. Afrodite foi obrigada a casar-se com Hefesto, um deus deformado e feio, como punição a sua superficialidade e vaidade excessiva, para que pudesse valorizar outras qualidades além da estética.

Afrodite era muito vaidosa e perseguia as mortais que eram de igual beleza. Detestava competições querendo ser sempre a número um sem rivais. Era ciumenta e possessiva e ainda assim era a padroeira dos casamentos. Era a protectora das artes, e a musa inspiradora dos artistas.

Astrologicamente, Vénus representa onde existe expectativa de perfeição e harmonia, e portanto, onde pode haver a ilusão e consequente desilusão caso estas expectativas não sejam satisfeitas. Vénus é o arquétipo do sentimento de amor, e todas as projecções que o acompanham.

Vénus rege Touro e Balança e as casas II e VII, e está exaltada em Peixes.

-Marte A função psíquica de Marte também tem suas origens no início dos tempos. Vimos em Vénus que o homem para melhor sobreviver sentiu a necessidade de se associar aos outros, criando um sistema de leis para manter o equilíbrio na sociedade. Marte representa o impulso instintivo agressivo de sobrevivência do homem, o impulso de lutar, agredir, atacar, defender e enfrentar.

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Enquanto Vénus representa a necessidade de identificação com o outro e com os valores do grupo para melhor sobrevivência, Marte representa a identificação consigo próprio, isto é, a reafirmação da individualidade frente ao grupo e a não concordância com os valores grupais. Se o grupo venusiano diz: hoje é melhor não caçar, o indivíduo marciano dirá: - Mas EU quero comer e VOU caçar sozinho. Pode-se perceber porque na astrologia tradicional Marte é conhecido como o “pequeno maléfico”.

Este planeta representa o impulso de conflito com os interesses comunitários em prol dos benefícios da liberdade individual. Individualidade é uma palavra-chave de Marte, já que este planeta representa o impulso de lutar contra os princípios do grupo, reafirmando as diferenças individuais. Marte é portanto um impulso de independência, auto afirmação, assertividade, ambição, agressividade, espontaneidade, pioneirismo, egocentrismo e intolerância.

Marte também pode ser associado ao “motor” do indivíduo, isto é, o que move o ser para a acção, para fora de si mesmo. Lembremos que Marte é o primeiro planeta exterior à Terra. Esta posição nos remete a noção de exteriorização, movimento de dentro para fora, busca, conquista etc.

Agressividade construtiva é um arquétipo Marciano, e é fundamental para o indivíduo afirmar a sua individualidade, conquistar o que deseja, defender-se de um ataque, agir, iniciar, arriscar, ter coragem e vigor.Marte também representa a agressividade destrutiva, isto é, a violência, a brutalidade, a belicosidade, a competitividade, a destrutividade, impaciência o egoísmo despótico e infantil.

O princípio do prazer tem seu ápice no arquétipo de Marte. A agressividade marciana nasce da frustração do princípio do prazer. Marte busca a satisfação imediata e se não a encontra surge uma insatisfação activa que move o indivíduo tanto em direcção à conquista do desejado quanto à expressão da raiva destrutiva e agressiva.

Marte e Vénus

Marte e Vénus são funções complementares. Um é a polaridade do outro. Enquanto Vénus simboliza o processo de paz e harmonia, Marte é tenso e conflituoso. Vénus é passiva-atraente, Marte é ativo-conquistador. Vénus representa o amor e Marte a paixão. Vénus os afectos e Marte a sexualidade. Vénus é pacífica, Marte é bélico.

O Glifo:

A Cruz sobre o Círculo

Antes, o símbolo de Marte era a cruz sobre o círculo, actualmente o símbolo se tornou uma seta sobre o círculo, que pode representar armas e escudo.

O símbolo de Marte nos leva a três significados importantes;1 – A cruz sobre o círculo indica a matéria, o instinto(+) sobre o espírito, a razão (O). Marte representa de facto uma energia instintiva, primitiva e de sobrevivência. Pode ser interpretado como o espírito aprisionado sob a matéria ou sujeito a limitação da matéria.

2 – A cruz sobre o círculo também representa o agir (+) antes do raciocinar, antes de pensar(O). Marte representa acção impulsiva, imediata, não estratégica.

3 – Marte também representa hieróglifo do “masculino” e pode-se associar o seu símbolo com os órgãos genitais masculinos e Marte de facto representa o masculino, o macho, exactamente como a

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polaridade de Vénus. No mapa astral de um homem Marte representará as suas qualidades masculinas, como ele lida e expressa sua masculinidade. No mapa de uma mulher, Marte mostra como ela lida com seu lado masculino e qual é o seu arquétipo de homem, quais as qualidades que para ela, um homem deve ter.

Associações à Alquimia

Na alquimia Marte representa a necessidade de controlar os impulsos instintivos, animalescos, o desejo do homem, para encontrar a pureza, e a individuação.

Seu símbolo alquímico é o “Enxofre vermelho”, substância que psicologicamente esta associada ao aspecto sexual e também ao demónio que reside no “mundus inferior” ou a força instintiva que reside no inconsciente.

Os alquimistas também consideravam importante usar a energia de Marte a serviço da consciência (Sol) e com disciplina (Saturno), mas não eliminá-la, já que ele é um princípio de energia Vital e coragem.

Marte foi considerado por muito tempo, na astrologia antiga, um planeta maléfico, exactamente por representar o causador dos conflitos interiores entre vontade e desejo, entre a razão e o instinto.

Associações à Mitologia

Os gregos e os romanos consideravam O deus Ares/ Marte de forma diferente. Ares era pouco prestigiado na Grécia e muito adorado em Roma.

Para os gregos, Ares era um deus pouco popular no Olimpo. Era colérico, grosseiro, agressivo e briguento e não muito inteligente. Adorava a guerra mas era pouco estratégico e perdia sempre para sua irmã Atena.

Atena é a polaridade oposta de Marte, esta deusa era filha de Zeus e não tinha mãe. Zeus sofria de uma forte dor de cabeça e pediu para Hefesto a abrir e ver o que se passava. Hefesto assim o fez, e lá de dentro do crânio de Zeus saltou a deusa Atena, já adulta, vestida e armada, dançando uma dança de guerra para o pai.

Este invulgar nascimento revelou mais tarde as principais características da deusa, que era a mais inteligente, lógica (nasceu da cabeça), justa e estrategista. Hera, mulher de Zeus, ficou cheia de inveja por ele ter conseguido ter uma filha sem sua ajuda e por vingança e frustração fez gerar dentro de si um deus que se equiparasse a Atena.

Este deus era Ares, tão guerreiro quanto Atena, mas muito menos inteligente e estratégico. Este intratável deus nasceu da frustração e da vingança, e sua energia agressiva era descontrolada, Atena o conseguia vencer até com uma pequena pedra.

Astrologicamente Marte representa a acção impulsiva, pouco estratégica e que nasce da frustração. Representa também rivalidade, ira, raiva, impaciência, violência e intransigência.

Já em Roma, o Deus Marte era visto de forma muito diferente. Era o protector de suas lutas, era visto como o mais bravo, corajoso e destemido dos deuses. As vitórias e conquistas eram atribuídas

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a ele. Marte era visto como o deus protector da virilidade dos homens, bem como da vontade, e da coragem.

O mito conta que Marte era apaixonado por Afrodite, e eles viviam um caso amoroso, graças ao jeito agressivo, conquistador e viril do deus.

Astrologicamente, Marte também representa virilidade, sexualidade e paixão. Representa a forma como conquistamos o desejado, como desejamos e tomamos para nós o que queremos.

Marte rege Carneiro ou Áries e a casa I e está exaltado em Capricórnio e é co-regente de Escorpião.

Júpiter Nos primórdios da Humanidade, vimos que o homem percebeu a necessidade de se juntar com outros para melhor sobreviver (Vénus). Ainda assim, os impulsos individualistas criavam conflitos no grupo (Marte) e por isso, surgiram outras formas de se canalizar esta energia primitiva mais instintiva. Esta canalização se deu através de um princípio de prazer e de expansão da consciência, em detrimento do lado instintivo, e permitiu ao homem a construção de valores sociais, valores que buscam o significado maior e incentivam o indivíduo a se identificar com o colectivo.

Júpiter tem uma função similar a Vénus, no sentido em que Vénus representa o agrupamento com outros indivíduos e Júpiter também, só que o faz numa escala muito maior, introduzindo a noção arquetípica de sociedade. Daí, Júpiter ser considerado o primeiro planeta social.

Júpiter representa o próximo arquétipo humano, representando o princípio religioso, assim, como os princípios sociais que foram incorporados no inconsciente do homem – Júpiter representa a moral, a lei, os valores, o conhecimento, a busca de significados e o conceito de Deus.

No desenvolvimento humano, Júpiter representa o início da introdução dos conceitos de certo e errado que são transmitidos a criança de forma positiva, intuitiva e natural. A transmissão de valores também se inicia nesta fase e terá seu ápice no processo representado por Saturno.

Além de valores, Júpiter representa o início do processo de deixar para trás o lado impulsivo, animal, instintivo, ampliando portanto, o controle consciente sobre seu comportamento, sua atitude e suas ambições.

É uma fase de narcisismo primário, bastante positiva, onde a criança sente o impulso para ultrapassar suas fronteiras, descobrir o novo e o seu prazer está em expandir-se. As condições do ambiente também favorecem e incentivam esta expansão, que durará até a formação do superego, princípio saturnino.

O arquétipo Jupiteriano é um princípio benéfico – na astrologia tradicional é conhecido como o “grande benéfico” – é um princípio significador e canalizador dos factores planetários anteriores, além de ser o primeiro planeta “social”, Júpiter representa um princípio socializador, diferente de Vénus, muito mais aprimorado, é a essência de toda filosofia, sendo a ele atribuídas as noções de justiça, honestidade, bondade, generosidade e piedade.

Júpiter é o primeiro arquétipo representador da espiritualidade no Homem. A palavra Religião tem suas origens no verbo religare, ou religar. Júpiter revela a ânsia por unidade, por religação, com o

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Todo, com Deus, ou com o Universo. Representa a busca pela verdade, pelo sentido da vida, pelo porquê das coisas, pela Lei maior.

Júpiter representa a busca de uma ordem maior e com mais significado, para além do caos aparente da vida. Representa a Fé em todas as suas formas, desde o “crer com consciência” até o fundamentalismo, o dogmatismo e o fanatismo religioso. Representa a percepção de uma inteligência maior, maior que a do homem, que possibilita resignificar qualquer experiências.

Júpiter além de ser um arquétipo de unidade, ou busca de unidade, é também um arquétipo de Lei e Ordem.Este planeta representa a intuição e compreensão de uma lei maior, uma lei eterna e imutável, um princípio que está dentro do homem e o permite conhecer a ética, distinguir o certo do errado, o bem do mal, e representa também o funcionamento desta lei na matéria.

Como a lei eterna se manifesta num local e num tempo específicos. Como esta verdade absoluta é relativizada numa cultura específica, num período específico, na tentativa de libertar o homem do caos, dando significado para toda a desordem e directrizes para a construção de um sistema de valores e leis humanos.

Júpiter também é um princípio de expansão e crescimento. Revela o desejo de se expandir material, intelectual e espiritualmente. É o ultrapassar as fronteiras do conhecido, ir além dos horizontes, seja através do aumento dos conhecimentos através do estudos superiores, seja através de viagens longas e conhecimento de outras culturas, seja através do aumento da compreensão dos porquês da vida, seja através do conhecimento de outras filosofias, outras religiões, e outros sistemas de leis.

No sistema solar, Júpiter é o maior de todos os planetas. O facto de ser gigantesco emprestou a Júpiter os significados de expansivo, abundante, grandioso, exagerado, que ultrapassa os limites (sem limites), efusivo, empolgado, optimista, esbanjador, desperdiçador, presunçoso, convencido (ego inflado). O facto de estar depois de Marte também representa um planeta que esta além do Ego instintivo e auto centrado, daí ser considerado também o primeiro planeta social.

O Glifo:

A meia-lua sobre a cruz (+).

A meia-lua de Júpiter representa a intuição de princípios superiores (que astrologicamente são representados pelos planetas transpessoais). Se prolongarmos a espiral da meia-lua veremos que ela sobe e se expande. A cruz, representando a terra e a linha do horizonte, mostra que a intuição (meia-lua) vem de cima da matéria (+).

Este Glifo confirma a ideia de intuição de princípios e ordem superiores representados pelo impulso espiritual e religioso.

Também pode representar a intuição ou compreensão (meia-lua) do significado de eventos e experiências mundanos (+), e a resignificação destes num nível superior.

Associação à Alquimia

Júpiter na alquimia esta associado à um processo chamado “Multiplicatio”. Quando as partes da obra estão ainda separadas, pode ocorrer de uma das partes evoluir chegando ao estado de albedo (purificação). A “Multiplicatio” representa um processo que ocorre quando uma parte da obra que

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esta purificada contamina positivamente as outras partes que ainda não estão, desencadeando o mesmo processo.

Psicologicamente, representa o efeito contagiante que um alquimista mais consciente tem sobre outras pessoas. Este efeito estimula positivamente, inspira o outro a querer evoluir também. Este princípio expansivo é visto como muito positivo e fundamental para a obra alquímica bem como para o alquimista, que se torna ainda mais ciente de si quando se vê como um ser actuante dentro do todo, do grupo ou da humanidade.

Associação à Mitologia

Este planeta na mitologia é Zeus para os Gregos e Júpiter para os Romanos. Zeus é o Deus dos Deuses. É o maior, mais importante e mais poderoso dos deuses.

Antes de Zeus, Cronos era o Deus dos deuses. O oráculo profetizou que Cronos seria destronado por um dos seus filhos, assim como ele havia destronado seu pai, Urano. Então passou a devorar sua prole recém nascida. Sua esposa Réia, revoltada, resolveu proteger o belo Zeus que acabara de nascer, e deu uma manta envolta numa pedra para Cronos engolir. Zeus cresceu escondido, e voltou ao Olimpo para fazer justiça aos irmãos engolidos.

Disfarçado de Copeiro, envenenou a comida do pai, que vomitou todos os filhos já crescidos em seu interior. Zeus liderou então uma rebelião junto com seus irmãos e tornou-se o deus dos deuses, instaurando um período de paz e justiça no Olimpo.

Zeus era um dos mais adorados deuses, era o mais sábio, o mais justo, e também o mais generoso.Zeus tinha também uma faceta divertida, bem-humorada e engraçada e seu pior defeito era a infidelidade a sua esposa Hera, como em tudo era abundante, também se relacionou com inúmeras mulheres, deusas e mortais, e teve centenas de filhos.

Astrologicamente, Zeus pode representar o arquétipo do sábio, e do guru. Júpiter é o mestre que intui a verdade e a ordem superior e a transmite. É o professor altruísta que quer expandir o conhecimento para fora de si, quer ensinar e transmitir os valores, os ideais superiores, a ética e os princípios. Júpiter é a vontade de aprender e depois de ensinar.

Júpiter também representa benefícios, “protecção de Zeus”, sorte, fortuna, alegria, facilidade, entusiasmo, jovialidade e prazer.

A ligação de Júpiter com a Astrologia

Além de Urano, a astrologia também está associada com o planeta Júpiter. Desta associação também podemos confirmar e inferir alguns significados de Júpiter.A astrologia é um estudo “superior”, isto é, requer uma compreensão superior daquele que a estuda, esta baseada em princípios, leis e verdades universais (leis herméticas).

É um estudo que procura compreender todas as dimensões e áreas da vida, na tentativa de significar as experiências, encontrar relações e conexão com uma ordem superior, ou religação com o universo (como é em cima é em baixo). A astrologia além de sua função de conhecer e interpretar o futuro (Júpiter) e de percepção de verdades maiores, também objectiva conhecer as potencialidades individuais e a formas de concretização destas potencialidades, isto é, como o indivíduo pode crescer, se expandir e tornar-se o máximo de si próprio. Evidencia tanto as diferenças individuais no homem quanto percebe a sua universalidade. Consegue encontrar relações para a natureza, o comportamento humano individual e o desenvolvimento social como um todo. É uma linguagem

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codificada, simbólica, estruturada, e universal. Tem base filosófica, mas pode até ser praticada como religião. É um sistema holístico e aberto, que permite constantes inclusões e aperfeiçoamentos teóricos e práticos, sem a necessidade de contradição dos princípios anteriores.

Júpiter rege o signo de Sagitário e a casa IX, e está exaltado em Caranguejo e é co-regente de Peixes.

Saturno Nos primórdios, o homem sentiu a necessidade de juntar-se com outros para melhor sobreviver (Vénus). As diferenças individuais se manifestaram de forma instintiva e agressiva ameaçando o equilíbrio do grupo (Marte). Com a evolução do grupo para uma sociedade, criaram-se regras e leis baseadas sobretudo em valores morais e espirituais como mandamentos e tabus religiosos, para conter o impulso mais primitivo e que também possibilitaram um aumento do controle consciente (Júpiter).

Saturno representará a evolução deste processo, simbolizando a internalização destas leis, regras e princípios morais e, simultaneamente, a criação de instituições sociais que se encarregassem do cumprimento das mesmas.

No homem, Saturno representa a consciência já formada e amadurecida, com mecanismos severos construídos com os fins de conter os impulsos primitivos e agressivos e consolidar a inserção e manutenção adequada do homem na sociedade.

No desenvolvimento do homem, Saturno representa um estágio que na criança é correspondente ao que se chama de Complexo de Édipo.Complexo este que levará à etapa final de consolidação do superego e à introdução do princípio da realidade.

Em primeiro lugar, vamos estudar o que é o princípio da realidade e superego. Freud, quando formulou sua teoria do aparelho psíquico, disse que este era formado por 3 partes distintas; o ID., o EGO e o SUPEREGO.

O ID representa aquela instância do aparelho psíquico que já nasce com o homem, representando todos os desejos e impulsos instintivos. Quando o bebé nasce, ele é puro ID, vivendo e comportando-se em função dos seus desejos, numa busca constante de prazer e fuga do desprazer. Tudo o que favorece e permite a sobrevivência dá prazer, e tudo o que ameaça a sobrevivência e o desenvolvimento é doloroso.

Por exemplo a fome. O bebé chora convulsivamente quando tem fome, pois o alimento permite-lhe sobreviver e desenvolver-se. Consequentemente, a saciação é um estado de êxtase para o bebé. O mesmo acontecerá com o frio/calor, o aconchego, o carinho, os cuidados.

O ID funciona de acordo com o princípio do prazer. Como vimos este princípio se rege pela busca da satisfação imediata de qualquer necessidade. Por exemplo, o bébé chora convulsivamente quando quer mamar. Quer, e quer agora, não aguenta esperar nem um minuto, se colocamos o dedo, a ponta da almofada ou a chupeta na boca do bebé, ele tentará mamar, e imediatamente pára de chorar. A criança pequena (antes do três anos) quando quer um brinquedo quer agora, já. Não pode esperar, e qualquer brinquedo serve. Não tendo brinquedo, uma panela e uma colher servem de tambor, e as suas necessidades são satisfeitas, a criança pára de chorar. Depois de muito pouco tempo, o brinquedo já não satisfaz mais e uma outra coisa qualquer será desejada. O princípio do

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prazer funciona assim. Como o que predomina é a urgência de satisfação, troca-se o objecto desejado facilmente por outro.

O princípio da realidade vai surgindo com o desenvolvimento de outra instância do aparelho psíquico, o SUPEREGO. Este princípio é o oposto ao princípio do prazer. Rege-se não pela satisfação imediata, mas pela capacidade de adiar a satisfação imediata, de aguentar a falta e esperar para conquistar o objecto de desejo que é específico e insubstituível.

Um exemplo é a criança mais velha que consegue esperar até o Natal para ganhar aquele brinquedo específico, que vai satisfazer o desejo da criança por muito mais tempo. O princípio da realidade permite que o indivíduo aguente esperar para ter aquilo que deseja, sem ter que substituir por outra coisa qualquer para satisfazer-se imediatamente. Também permite que o indivíduo consiga conquistar o que deseja, seja através do bom comportamento, ou através do esforço/trabalho. Também permite que o indivíduo aprenda a gerir o tempo. Da mesma forma, transformará os desejos mais primitivos em mais elaborados, por exemplo transformará o impulso de fome em ambição. E todos estes princípios são princípios regidos por Saturno.

É importante ressaltar que os dois princípios podem funcionar no homem adulto. Aqueles que funcionam mais a partir do princípio da realidade geralmente estão mais adaptados para a realidade adulta.

O SUPEREGO, responsável pelo principio da realidade, estrutura-se definitivamente através duma vivência universal a que Freud chamou complexo de Édipo.

O complexo de Édipo é uma experiência arquetípica, isto é, que todas as crianças passam. Entre os 3 e 6 anos de idade, a criança começa a “identificar-se amorosamente” com o progenitor do sexo oposto. Essa identificação amorosa coincide com a descoberta da sexualidade na criança, e então ela “apaixona-se” por este genitor.

Quando falamos em sexualidade e paixão na psicologia infantil, falamos em formas diferentes de descoberta e expressão afectiva e não de uma sexualidade e paixão adultas. Nesta altura a menina “apaixona-se” pelo pai, e o menino pela mãe. Também há uma identificação com o progenitor do mesmo sexo, não como figura amorosa mas como modelos de imitação. A menina, identificada com a mãe, trata a boneca como se fosse a filha, faz a comidinha, arruma a casinha, numa imitação clara da figura materna. O menino fará o mesmo, indo trabalhar, defendendo a casa e a família de possíveis invasores, etc.

Esta identificação permite a construção interior de uma imagem de mãe/mulher e pai/homem. E também permitirá a criança criar internamente recursos para “rivalizar” com o pai de mesmo sexo, na conquista do objecto de desejo – o pai de sexo oposto, permitindo a criança ser “a(o) namoradinha(o) do pai (mãe)”. Esta rivalidade cria dentro da criança uma contradição de sentimentos, de amor e ódio simultaneamente pelo progenitor do mesmo sexo. Também criará na criança a fantasia de ser perseguida, punida e castrada por este progenitor. Essas situações podem ser percebidas numa espécie de luta simbólica, onde o menino compete com o pai pela mãe, mas que no final quem deverá perder é a criança. A criança ao sentir esse conflito interior de amor/ ódio, sentirá um misto culpa e frustração, pois perceberá que está a mais na relação real amorosa entre seus pais.

Como estes sentimentos todos são demasiados dolorosos para conviver na consciência, serão completamente reprimidos para o inconsciente, e tal situação não será mais relembrada conscientemente, trazendo um sentimento horrendo quando imaginada a fantasia incestuosa. A resolução do complexo de Édipo é sempre dolorosa, e por isso a criança de 6 anos viverá uma fase

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de quase aversão aos indivíduos de mesmo sexo, que só mudará com a adolescência. Esse período é chamado de LATÊNCIA, período onde as meninas detestam os meninos e vice-versa, e onde toda a energia psíquica será dirigida para a socialização e desenvolvimento intelectual, o que coincide com a entrada para a escola.

É importante saber que o complexo de Édipo ocorre com todas as pessoas e tem diferentes resoluções, uns lidando melhor que outros, e com resultados e consequências diferentes, mas para todos ele representa a consolidação da estrutura psíquica que chamamos SUPEREGO, isto é aquela instância responsável pela contenção dos desejos do ID, responsável pela introspecção do NÃO, do estabelecimento da noção do que é proibido, o que não pode, o que é certo e errado, o medo da castração e punição.

Todos estes conceitos são atribuídos a função de Saturno, bem como medo, rejeição, castração, proibição, culpa, repressão inconsciente, frustração, limite e regra, e também início da socialização e canalização dos impulsos para objectivos socialmente requisitados.

Psicologicamente, também podemos associar Saturno a outros princípios importantes. A criança vive tanto depois do nascimento quanto no início da identificação amorosa com o progenitor, uma situação a que chamamos SIMBIOSE. Neste processo, todas as necessidades da criança são percebidas e satisfeitas pela mãe, e a criança não tem noção do outro, do fora dela própria, acreditando que tudo é uma extensão de si própria. Podemos perceber isso, quando a criança, nos seus primeiros anos de vida, quer esconder-se e fecha os próprios olhos com um pano. A crença é que se ela, a criança, não pode ver, então ninguém poderá também. Não há noção de um outro-que-não-sou-eu separado da criança. Da mesma forma que se a criança desta idade quer brincar, ela não compreende e não aceita que alguém não queira. O outro tem que querer pois ela não compreende um outro separado dela, com vontade autónoma. A criança desta idade também não entende nenhum jogo com regras. As regras são saturninas e só podem ser compreendidas e cumpridas quando a criança já saiu da fase SIMBIÓTICA representada astrologicamente pela Lua. A criança vai incorporando o NÃO, a frustração causada pela indisponibilidade dos outros, a castração de seus desejos que nem sempre podem ser realizados, o medo da punição pelo não cumprimento das regras, e a noção de outro começa a surgir, assim como a satisfação da recompensa ao se cumprir a regra, ao respeitar o limite do outro e ao ter o seu limite respeitado, e assim vai surgindo a noção real do si mesmo, com contorno, limites bem definidos, quem eu sou, o que eu gosto, o que não gosto, o que quero e não quero, etc.

Podemos concluir então que a frustração e a perda (Saturno) da simbiose (Lua) leva ao conhecimento de si mesmo e a individuação (Sol).

Esta noção de unidade individual, permitida pela experiência de Saturno, poderá representar por outro lado um sentimento de separação (quebra da simbiose lunar) ou abandono, assim como as noções de rejeição, inferioridade, solidão e aridez social, inacessibilidade.

Também pode-se dizer que através da frustração das necessidades infantis introjecta-se as leis e as regras que permitirão ao indivíduo reconhecer o outro, e viver em sociedade. Desta introjecção de nãos, reconhece-se também os direitos e deveres individuais e sociais. Toda a estrutura social esta assente sobre o princípio Saturnino.

Sendo o segundo planeta social, Saturno representa o impulso de participação social, através da introjecção não só da responsabilidade pessoal, mas da responsabilidade também pelos outros, por aqueles que não se podem responsabilizar por si próprios. Daí nasce o conceito de estrutura política.

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Saturno representa o desejo de crescer em sociedade, concentração de energia num objectivo definido, baseada no principio da realidade, isto é de retardar a satisfação imediata, o que atribuirá a Saturno o significado de força de vontade dirigida, esforço, perseverança, ambição social, e experiência prática.

O Glifo:

A cruz(+) sobre a meia-lua.

Ao contrário de Júpiter, a meia-lua de Saturno esta abaixo da linha do horizonte, obrigando o homem a aceitar a experiência na Terra, a cumprir na terra a lei, a regra que Júpiter intuiu de um plano mais alto. Ao prosseguirmos a meia-lua de Saturno, veremos que ela desce, é um princípio limitador, que restringe à experiência do homem à terra, na prática, obrigando-o a viver no mundo da forma limitada da existência material. Júpiter intui a ordem teoricamente, e Saturno obriga a cumprir a ordem na prática.

A noção de limitação pode ser associada à posição de Saturno no sistema solar. Saturno é o último planeta visto a olho nú, e por muito tempo representou o limite conhecido do sistema solar, sendo a fronteira portanto entre o conhecido e desconhecido (consciente e inconsciente) portanto, pode-se dizer que toda experiência material vai até Saturno.

A experiência é uma dos significados mais importantes de Saturno. Este Planeta actua através da experiência, isto é, através do processo de fazer várias e várias vezes. Como a criança que tem que cair inúmeras vezes antes de aprender a andar, aprender através do erro é a forma de manifestação prática de Saturno. As frustrações a que Saturno nos submete são essenciais para o verdadeiro aprendizado, que neste caso nunca é teórico, mas sim prático.

Saturno encerra em si a noção paradoxal de “fraqueza e força”, isto é, a maior fraqueza de um homem poderá ser também sua maior força. Como ele obriga a encarar a experiência, mais cedo ou mais tarde levará ao acerto, e o acerto repetido nos levará ao conceito de “força”, aquela experiência em que somos muito bons porque a repetimos incontáveis vezes, errando das mais diversas formas até acertar.

Geralmente estes erros são muito dolorosos e a tendência é adiar a experiência o máximo possível, facto este que atribuirá a Saturno as características de medo de falhar, preocupação, dificuldade, pessimismo, atraso, demora, tempo, espera, paciência.

Este planeta também é conhecido como o Senhor do karma. Este significado pode remeter à perspectiva Kármica e ao processo de reencarnações, mas o que nos interessa é a noção de karma no sentido de aceitação da responsabilidade pelo retorno das nossas acções, sejam elas boas ou más. Saturno ensina que absolutamente TUDO aquilo que nos acontece é responsabilidade nossa, que para toda a causa existe um efeito e que todas as nossas atitudes terão um retorno.

Esta Lei do Retorno é o ensinamento maior de Saturno. Tudo aquilo que somos agora é resultado de nossa atitude no passado, seja ela desta vida ou doutras anteriores. Tudo aquilo que fazemos, pensamos, desejamos agora, definirá quem nós seremos amanhã. Por isso, Saturno pode nos levar ao sentimento de responsabilidade pessoal ou à culpa, mas de qualquer forma, ao responsabilizarmos-nos tornamo-nos conscientes e consequentemente tornamo-nos livres, pois sabemos que só depende de nós, o Universo só ressoa aquilo que projectamos, e nossa vida é um espelho fiel desta Lei. Não se pode fugir da lei, mas se tivermos livre arbítrio, a lei passa a ser nossa maior amiga.

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Por isso, Saturno é conhecido como "O Mestre". Ensina esta lei de forma prática, mostrando-nos o resultado e a consequência das nossas acções. Mesmo que leve muito tempo, o retorno sempre vem, seja ele bom ou mau.

Associação com a Alquimia

Alquimicamente Saturno representa o chumbo, o material bruto e essencial sobre a qual a obra alquímica se realizará, e que se transformará em ouro (Sol).O ouro, como vimos, representa o processo de individuação. Saturno, representando as regras, os limites, a experiência, a compreensão da responsabilidade sobre as nossas acções como sendo o maior definidor de nosso destino (Lei do Retorno), é o que leva o indivíduo a um verdadeiro conhecimento de si próprio, das suas limitações, e a um sentimento de coesão interior, indivisibilidade, totalidade que é o estado de individuação.

Há também um processo associado a Saturno na alquimia, chamado Nigredo, ou Sol niger, processo este que leva a obra a um estado de putrefacção, desintegração e que à primeira vista parece o fracasso final da obra, mas que pelo contrário, é um dos mais importantes processos, pois precede o Albedo, processo de branqueamento e iluminação.

Este processo, o nigredo deve ocorrer várias vezes até não serem necessárias mais purificações. O Sol Níger, representa psicologicamente aquilo a que Jung chamou de Sombra, isto é, uma parte da nossa natureza que é considerada feia, negra, escura, odiosa, algo que nós rejeitamos seja por influencia dos pais, da religião ou da sociedade, ou por que nós não queremos lidar com este lado escuro, e então reprimimo-lo e ele permanece inconsciente, mas é frequentemente projectado nos outros.

Esta projecção da Sombra acontece sempre que odiamos e condenamos uma atitude ou comportamento de alguém, pois estamos a projectar no outro o ódio que temos de algo que é de nós próprios, mas que conscientemente não toleramos reconhecer.

O processo de individuação inclui a integração consciente do Sol Níger, ou do lado sombra, para que possamos de facto nos tornar não perfeitos, mas inteiros. A aceitação de nossas imperfeições, de nossos limites, de nossos defeitos faz parte de Nigredo, para que na sequência, ocorra o Albedo.

Também pode acontecer que ao reprimirmos este comportamento/desejo que consideramos mau, reprimirmos também o lado bom, criativo. A sombra positiva – admiração – também ocorre frequentemente, quando admiramos a qualidade que o outro tem e que nós também temos, mas não conseguimos expressar. Quando se integra a sombra, este lado positivo/criativo também se torna consciente.

Associação à Mitologia

Na mitologia Saturno é Cronos, o deus do Tempo e da Forma. Depois de castrar seu pai Urano, Saturno mudou a ordem estabelecida por Urano, e a própria forma da vida, que antes era infinita e atemporal e depois passou a ser finita e condicionada pelo tempo.

Antes, para que qualquer coisa viesse a existir, bastava um pensamento criativo de Urano e pronto, a existência se fazia, e depois de Saturno, filho de gaia (terra), tudo teria de passar por um processo de nascimento físico, e consequente crescimento, envelhecimento e morte e todo o universo também estaria sujeito a condição limitada do espaço-tempo imposta por Cronos.

A existência estaria sujeita à densidade da matéria.

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Saturno soube pelo Oráculo que seria destronado por um dos seus filhos. A partir daí, passou a engolir toda a sua prole. Ao engolir a prole Cronos protegia a si próprio e ao mesmo tempo não precisava destruir os filhos, mantinha-os protegidos e inofensivos em seu interior. Réia, sua esposa, farta de ver os filhos submetidos à tirania do pai, escondeu um dos filhos, Zeus, que cresceu salvo pela mãe, que enganou Cronos dando uma pedra enrolada num manto para ele engolir. Cronos assim o fez, e não notou diferença nenhuma entre o bebé e a pedra, já que era cego.

Quando adulto, Zeus envenenou a comida do pai e ele vomitou todos os seus filhos, que liderados por Zeus, se rebelaram contra o pai e deram início a uma nova era no Olimpo.

Através do mito de Cronos podemos observar alguns conceitos importantes. Primeiro a noção de tempo, limitação espaço-tempo, existência condicionada à matéria.

Outros conceito que se retira do mito é o do complexo de Édipo, complexo este que Cronos viveu como o sendo o filho protegido pela mãe e como pai preterido pela esposa, rivalizando com o pai e sendo rivalizado pelo filho. Esta situação remete a noção de que a forma como vivemos este complexo é a forma como o reproduziremos com nossos filhos.

Saturno também “castra” o pai, conceito muito associado ao planeta. A noção de destronar e ser destronado também é um reflexo da lei do Retorno, que vimos mais acima. Podemos retirar conceitos significativos da parte do mito que conta que Cronos engole os filhos para se proteger e também para protegê-los, isto é para se defender e para defendê-los dele próprio.

Saturno rege todos os mecanismos de defesa. Todas as formas de nos protegermos das situações ameaçadoras são saturninas. O medo é o principal mecanismo de protecção. Inicialmente o medo é o que nos protege do perigo, através da memória de algo que deu errado no passado, deixando um medo, um trauma ou uma inibição.

O medo é protector no sentido de travar ou impedir que se cometa o mesmo erro, é uma espécie de guardião, que leva ao evitar máximo da experiência. Mas ao mesmo tempo, a experiência tem de ser repetida novamente, e enfrentar o medo com consciência permitirá ao indivíduo viver a experiência com mais maturidade e sabedoria.

O que trará a segurança verdadeira é exactamente a experiência que foi evitada pelo medo. O que pode acontecer com Saturno é que se o medo for muito forte, poderá inibir totalmente, impedindo que se viva a experiência. Saturno pode asfixiar, matar, impedir completamente.

Um dos mais conhecidos mecanismos de defesas de Saturno é transformar aquilo que se teme em algo virtuoso. Como Cronos, que teme os que os filhos o destronem, mas transmite que ao engoli-los está a protegê-los. E assim muitas das virtudes de Saturno são ilusões de um grande medo. Como o pessimista que se intitula realista, quando tem medo de ter fé no futuro e de se decepcionar caso fracasse.

Por último, podemos inferir que Cronos vomitando seus próprios filhos das entranhas representa o processo doloroso de integração da sombra, com os filhos representado as partes de cronos que ele próprio não reconheceu e mais tarde foi forçado a fazê-lo e o sair das entranhas representa o processo de ir do inconsciente para o consciente.

Saturno rege Capricórnio e a casa X, e está exaltado em Balança e é co-regente de Aquário

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