OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO NO · PDF fileliteral ou...

20
OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS AUTISTAS Amanda da Silva Barros Aluna concluinte do CEDF-UEPA [email protected] Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto Orientador do CEDF-UEPA [email protected] RESUMO Este estudo descreve os benefícios que a prática da natação proporciona para o desenvolvimento de crianças autistas. O objetivo foi identificar os efeitos benéficos desta modalidade esportiva, verificar que papel o professor de Educação Física deve ter ao lidar com crianças autistas através do conhecimento acerca do autismo. O estudo foi desenvolvido através de uma análise bibliográfica de artigos, teses, monografias e dissertações. A natação é considerada uma modalidade completa que auxilia no aumento de ações motoras, respeito aos limites, e no desenvolvimento da interação social e comunicação, além de ser uma modalidade capaz de ser ensinada e assimilada por uma criança autista, porém para que resultados eficazes sejam alcançados é necessária uma mediação adequada de um professor de Educação física capacitado. Palavras-chaves: Autismo infantil, natação, desenvolvimento. 1. INTRODUÇÃO O Autismo é um tipo de transtorno que interfere em áreas do desenvolvimento da criança como habilidades sociais, comunicativas, comportamentais e em seus interesses que são limitados e repetitivos. Atualmente a incidência populacional está em torno de 2-5 para 1.000 indivíduos, tendo como predomínio maior no sexo masculino e a sua prevalência, atualmente é o terceiro mais frequente distúrbio de comportamento, sendo mais frequente que a síndrome de down (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Com as grandes controvérsias existentes, o que se sabe é que o autismo afeta o funcionamento cerebral, porém a sua etiologia continua sendo estudada. Devido á essas disfunções o desenvolvimento motor da criança também é afetado, neste sentido a prática esportiva é fundamental no desenvolvimento de crianças com autismo (SOARES, 2009; HOLLERBUSCH,2001). Além dos problemas de comportamento característicos do autismo, estudos mostram que o autista apresenta também possui problemas em suas capacidades

Transcript of OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO NO · PDF fileliteral ou...

OS BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DA NATAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE

CRIANÇAS AUTISTAS

Amanda da Silva Barros Aluna concluinte do CEDF-UEPA

[email protected] Prof. Dr. Ricardo Figueiredo Pinto

Orientador do CEDF-UEPA [email protected]

RESUMO

Este estudo descreve os benefícios que a prática da natação proporciona para o desenvolvimento de crianças autistas. O objetivo foi identificar os efeitos benéficos desta modalidade esportiva, verificar que papel o professor de Educação Física deve ter ao lidar com crianças autistas através do conhecimento acerca do autismo. O estudo foi desenvolvido através de uma análise bibliográfica de artigos, teses, monografias e dissertações. A natação é considerada uma modalidade completa que auxilia no aumento de ações motoras, respeito aos limites, e no desenvolvimento da interação social e comunicação, além de ser uma modalidade capaz de ser ensinada e assimilada por uma criança autista, porém para que resultados eficazes sejam alcançados é necessária uma mediação adequada de um professor de Educação física capacitado.

Palavras-chaves: Autismo infantil, natação, desenvolvimento.

1. INTRODUÇÃO

O Autismo é um tipo de transtorno que interfere em áreas do desenvolvimento

da criança como habilidades sociais, comunicativas, comportamentais e em seus

interesses que são limitados e repetitivos. Atualmente a incidência populacional está

em torno de 2-5 para 1.000 indivíduos, tendo como predomínio maior no sexo

masculino e a sua prevalência, atualmente é o terceiro mais frequente distúrbio de

comportamento, sendo mais frequente que a síndrome de down (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2013).

Com as grandes controvérsias existentes, o que se sabe é que o autismo

afeta o funcionamento cerebral, porém a sua etiologia continua sendo estudada.

Devido á essas disfunções o desenvolvimento motor da criança também é afetado,

neste sentido a prática esportiva é fundamental no desenvolvimento de crianças com

autismo (SOARES, 2009; HOLLERBUSCH,2001).

Além dos problemas de comportamento característicos do autismo, estudos

mostram que o autista apresenta também possui problemas em suas capacidades

2

físicas, e na compreensão do corpo e sua globalidade, o que torna a prática de

atividade física fundamental no desenvolvimento de crianças autistas, não apenas

na parte motora, mas também na parte cognitiva. Uma modalidade esportiva muito

procurada por pais com filhos portadores de autismo é a natação, por ser um

esporte completo que ajuda a criança a reconhecer seu próprio corpo, entre suas

habilidades que ajudam no desenvolvimento global da criança (COELHO, 2012).

Miranda (2011) em seu estudo apresenta os benefícios da natação para o

autismo em quatro pressupostos: a aprendizagem da natação sendo uma

modalidade passível de ser ensinada e assimilada por indivíduos autistas; A prática

da natação ajuda na respiração, respeito aos limites, lateralidade e coordenação de

movimentos conjuntos de grupos musculares; A capacidade da criança autista de

aprender o nado através de técnicas alternadas da natação; Melhoria no humor e na

motivação do autista altamente significativo na prática da natação, pelo ambiente

facilitador e harmonioso que ela propõe, assim facilitando o desenvolvimento

cognitivo e social da criança.

Ainda são poucos os estudos realizados que apresentam a importância da

natação para o desenvolvimento da criança com autismo, e nos estudos realizados

mostra-se a importância do papel do professor na mediação com o aluno, no qual

este professor necessita do conhecimento e experiência no assunto para que este

possa atuar efetivamente dentro da marca do limite da capacidade da criança de

caminhar sozinha e de sua capacidade máxima com ajuda do outro segundo

(Chicon, et al, 2014). No entanto, o que hoje é observado é a falta de profissionais

capacitados que possuem conhecimento sobre este transtorno e saibam as formas

adequadas de trabalhar com crianças autistas, por este ser um tema muito

complexo, muitos professores ainda se mostram desconfortáveis em lidar com

autistas em suas aulas.

Diante deste quadro problemático faz-se necessário discutir alguns aspectos

deste transtorno e entender de que forma a natação pode contribuir para o

desenvolvimento da criança com autismo e como ela deve ser trabalhada. Neste

sentido, as indagações que norteiam esta pesquisa são: Quais benefícios que a

natação pode proporcionar para o autista? Que papel o professor deve exercer ao

lidar com crianças autistas?

Perante este quadro problemático o presente estudo tem como objetivo geral

identificar quais os benefícios que a prática da natação pode trazer no

3

desenvolvimento de crianças com autismo e como objetivos específicos conhecer o

autismo e suas características, descrever sua relação com as práticas corporais e

como a natação se insere neste contexto, apresentar o papel do professor de

Educação Física na intervenção das aulas práticas para que os resultados sejam

eficazes.

Nessa perspectiva, pretendemos com esta pesquisa aprofundar os estudos

sobre este transtorno que mesmo sendo bastante conhecido nos dias de hoje ainda

não é claramente definido, tendo muitas complexidades que ainda não foram

entendidas. E como a natação, como prática esportiva, é importante para o

desenvolvimento de crianças portadoras deste transtorno.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. AUTISMO

O Autismo é um tipo de transtorno que interfere em áreas do cérebro

responsável pelo desenvolvimento da criança, tendo como predomínio maior no

sexo masculino (4 meninos : 1 menina). Ele está inserido no grupo de síndromes

conhecida como Transtorno Invasivo do Desenvolvimento – TID. O diagnóstico do

autismo geralmente é dado antes da criança completar seus três anos de idade.

Atualmente os critérios diagnósticos incluem prejuízos em três áreas: interação

social recíproca; comunicação verbal e não verbal e repertório de interesses e

atividades, que são restritos e estereotipados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

A palavra autismo provém do grego “autos” que significa “próprio” ou “de si

mesmo”, ou seja, algo que está envolvido em si próprio. Este termo surge a partir

das características singulares e pelas diferenças individuais que o autista possui.

Essas diferenças individuais estão ligadas a personalidade e aos interesses que a

criança autista possui, muitas vezes peculiares que se manifestam de forma variada.

Tais diferenças influenciam no desenvolvimento da criança, no qual em alguns

casos os indivíduos desenvolvem habilidades superiores e outros possuem um

atraso significativo. Algumas crianças autistas, apesar desse atraso significativo

podem apresentar grandes habilidades motoras, de memória, musicais, mecânicas e

habilidades com cálculos que muitas vezes não estão de acordo com sua idade

cronológica (MIRANDA, 2011).

O autismo é considerado tema complexo, que envolve conceitos e teorias

distintas, tornando-o um assunto com grandes controvérsias, pois apesar do avanço

4

das pesquisas o que se sabe é que o autismo afeta o funcionamento cerebral,

porém a sua etiologia continua sendo estudada.

(SANTO E COELHO, 2006 apud Silva e Soares, 2014) descreve o autismo como:

“Uma perturbação do desenvolvimento infantil, que não tem cura e

evolui com a idade. É um distúrbio neurofisiológico, que atinge o

Sistema Nervoso, antes do nascimento, afetando algumas áreas do

cérebro, levando aos déficits nas capacidades de interação social e

comunicativa.”

Tamanaha (2008) cita em seu artigo que há uma falha cognitiva que justifica

as dificuldades na interação social e na comunicação, que existe uma incapacidade

de identificar, compreender e atribuir sentimentos, acarretando prejuízos na

socialização da criança. Na fase da infância, a criança apresenta dificuldades na

compreensão de simples capacidades e na adaptação social (MIRANDA, 2011). São

essas dificuldades que influenciam no desenvolvimento do processo de

aprendizagem e na comunicação da criança.

2.1.1. HISTÓRICO DO AUTISMO

O termo autismo foi descrito pela primeira vez por Eugen Bleuler em 1911 que

utilizou o termo como um dos principais sintomas da esquizofrenia. Em 1943 o

americano Dr. Leo Kanner, publicou seu artigo “Os distúrbios autísticos do contato

afetivo” que apresenta um conjunto de características que poderia, teoricamente,

identificar este distúrbio, através de estudos realizados por ele com onze crianças,

estas crianças apresentavam características como: rotinas repetitivas, disfunção na

capacidade linguística, aspecto físico aparentemente normal, um isolamento

extremo e uma incidência maior no sexo masculino. (SOARES, 2009).

Kanner (1943), citado por Ministério da Saúde (2013) ao observar as

características nas onze crianças, três delas não adquiriram a fala ou raramente as

usavam. Ele observou também características como um “isolamento autístico

extremo” o que as levava a ignorar ou recusar o contato com o ambiente ao seu

redor; eles também tinham uma “excelente capacidade de memorização decorada”

como uma dificuldade de expandir conceitos, usados normalmente em seu sentido

literal ou associados ao contexto usado pela primeira vez ouvido.

As crianças tinham certo receio ao que vinha do exterior, o que ele chamava

de “intrusão assustadora”, pois ignoravam tudo o que era perguntado, recusa de

alimentos e desespero ao ouvir barulhos fortes e objetos em movimento. Kanner

5

descreve também um “desejo obsessivo e ansioso pela manutenção da

uniformidade” que se entende pela preferência por tudo que se mostra repetitivo e

rotineiro, causando crises de ansiedade e desespero quando se encontram em

processo de mudança, seja essa mudança de residência, trajetos percorridos, ações

ou posições (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013).

No ano seguinte, após a publicação de Kanner, em 1944, o pediatra Hans

Asperger, publica um artigo no qual estuda um grupo de rapazes que apresentam

características semelhantes com as que Kanner descreve em seu artigo como:

dificuldade na interação social, uso da linguagem e uma maior incidência no sexo

masculino, além de usar o termo “Autismo” para descrever essas características. No

entanto, existe uma grande divergência entre ambos autores e para isto foram

apresentados diversos estudos que apresentassem a distinção do autismo e da

síndrome de Asperger como é conhecida hoje (SOARES, 2009; MIRANDA, 2011).

Tamanaha (2008) apresenta em seu artigo que a diferença entre ambos os

estudos está concentrada na área da comunicação, onde no autismo a mesma é

bastante prejudicada enquanto na síndrome de Asperger mesmo havendo certa

dificuldade no uso da linguagem, não há um prejuízo significativo nas áreas da

linguagem e cognição. Tais diferenças apresentadas fizeram com que a Síndrome

de Asperger se tornasse uma entidade clínica e não apenas um subgrupo do

espectro autista (MIRANDA, 2011).

Após a publicação de Kanner em 1943, os estudos acerca do autismo foram

deixados de lado, por muitos estudiosos acreditarem que as características

apontadas por Kanner terem uma relação com características esquizofrênicas.

Contudo, outros estudos foram sendo formados sobre o autismo, surgindo

alterações na compreensão desta psicopatologia. Concepções recentes e

atualizadas descrevem o autismo como uma perturbação evasiva do

desenvolvimento, onde as manifestações dessas perturbações variam de acordo

com a idade da criança (MIRANDA, 2011).

O autismo surgiu oficialmente pela primeira vez na CID (Classificação

Internacional de Doenças), em 1975, e foi categorizado como uma psicose da

infância. Até então, o DSM I e o DSM II (Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais), respectivamente em 1952 e 1968, se referiam apenas à

esquizofrenia de tipo infantil. E em 1976, um novo estudo sobre o autismo foi

realizado por Lorna Wing, o qual descreve déficits que o indivíduo com autismo

6

possui em três principais áreas: imaginação, socialização e comunicação, que ficou

conhecido como a “tríade de wing”, sendo, hoje, a base de diagnóstico do autismo

(LAMPREIA, 2003; MIRANDA, 2011)

Esta autora coloca o autismo como uma psicopatologia que atinge o Sistema

Nervoso, afetando áreas responsáveis pelo desenvolvimento da criança, seja este

motor ou cognitivo, apresentando diversas manifestações de comportamento do

mesmo distúrbio. Apesar de todas essas características, o autismo ainda não possui

uma origem conhecida, sendo definido por um cruzamento de diferentes teorias

como teorias comportamentais baseadas em mecanismos psicológicos e cognitivos

subjacentes; e teorias neuropsicológicas e fisiológicas baseadas nas funções

neurológicas (SOARES, 2009).

2.1.2. CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO.

Um conjunto de características autísticas podem assumir diferentes

combinações, e estas características são importantes na determinação do tipo e o

grau de dificuldade que a criança possui, por exemplo, enquanto algumas crianças

podem apresentar um desvio do desenvolvimento desde os primeiros dias ou meses

de vida, outras apresentam algum sintoma somente após um ou dois anos de idade;

algumas falam, outras são mudas e algumas podem apresentar retardo mental ou

não. No entanto as características não são sempre as mesmas ao longo da vida,

uma vez que, os sintomas podem ser diferentes em diferentes fases de

desenvolvimento da criança com Autismo (LAMPREIA, 2003; SOARES, 2009).

COSTA E NUNESMAIA (1997) apresentam em seu artigo as características

clínicas que uma criança autista apresenta desde seus primeiros dias de vida até os

cinco anos de idade:

QUADRO I – Apresentação das características clínicas do autismo de acordo com o

período de desenvolvimento da criança

Período do desenvolvimento Características clínicas

Recém-nascido Primeiro Ano

• parece diferente dos outros bebês • parece não precisar de sua mãe • raramente chora (“um bebê muito comportado”) • torna-se rígido quando é pego no colo • às vezes muito reativo aos elementos e irritável • não pede nada, não nota sua mãe; • sorrisos, resmungos, respostas antecipadas são ausentes

7

Segundo e o Terceiro Anos Quarto e o Quinto Anos

ou retardados; • falta de interesse por jogos, muito reativo aos sons; • não afetuoso • não interessado por jogos sociais; • quando é pego no colo, é indiferente ou rígido; • ausência de comunicação verbal ou não verbal; • hipo ou hiper-reativo aos estímulos; • aversão pela alimentação sólida • etapas do desenvolvimento motor irregulares ou retardadas. • indiferente aos contatos sociais • comunica-se mexendo a mão do adulto • o único interesse pelos brinquedos, consiste em alinhá-los; • intolerância à novidade nos jogos • procura estimulações sensoriais como ranger os dentes, esfregar e arranhar superfícies, fitar fixamente detalhes visuais, olhar mãos em movimentos ou objetos com movimentos circulares. • particularidade motora: bater palmas, andar na ponta dos pés, balançar a cabeça, girar em torno de si mesmo. • ausência do contato visual • jogos: ausência de fantasias, de imaginação, de jogos de representação; • linguagem limitada ou ausente - ecolalia - inversão pronominal; • anomalias do ritmo do discurso, do tom e das inflexões; • resistência às mudanças no ambiente e nas rotinas

*Adaptado de Costa e Nunesmaia (1997)

ORRÚ (2002) descreve a diferença de comportamento em uma criança

autista, onde durante os 2 a 4 meses de vida um bebê já é capaz de responder à

estímulos internos e externos como chorar quando está com fome, sorrir, reconhecer

a voz da mãe. No entanto um bebê autista não agirá da mesma forma, pois

geralmente bebês autistas mostram-se muito passivos e indiferentes aos sinais de

socialização.

A criança autista também possui algumas limitações e dificuldades em

relação a algumas habilidades como coordenação motora, agilidade, equilíbrio, na

motricidade fina, na lateralidade e ausência da consciência corporal e apraxia.

Contudo, vale ressaltar como foi dito anteriormente há casos de crianças autistas

8

possuírem grandes habilidades motoras, este fator está ligado ao seu potencial

capacitador.

Outra característica importante é o déficit no entendimento social, porém

Soares (2009) afirma que este déficit pode ser compensado, quando a criança

aprende regras do comportamento social, assimilando-as de forma rígidas, pois,

além disso, apresentam dificuldades em identificar os sentimentos e emoções de

outras pessoas.

Este déficit de entendimento pode estar atrelado à uma dificuldade de

desenvolver habilidades de Atenção Compartilhada, onde FARAH et al (2009)

descreve esta atenção como sendo os comportamentos infantis que irão coordenar

a atenção entre os parceiros de interação social afim de compartilhar um

pensamento sobre um objeto ou situação. Além disso, esta atenção compartilhada

envolve também o uso e a compreensão de gestos convencionais, tais como:

mostrar, apontar e a observar estes gestos, os quais são essenciais para o

desenvolvimento da linguagem.

Outra característica que deve ser levada em consideração é a ausência do

contato visual, que acarreta a perca de informações não verbais que se originam das

expressões faciais, além de prejuízos na percepção dessas expressões,

prejudicando o desenvolvimento de habilidades pragmáticas e sociais da linguagem

(FARAH et al., 2009).

Quando é feita uma análise qualitativa e quantitativa do desenvolvimento de

uma criança autista, o foco desta análise será a interação social e a comunicação,

por serem fatores essenciais para adquirir outros comportamentos. A utilização de

instrumentos avaliativos, aliados com uma análise mais qualitativa do desempenho

da criança, permite a aquisição de um quadro mais fidedigno do real comportamento

da mesma. A respeito da área de linguagem, embora a criança seja pouco verbal ou

não verbal, a partir dos instrumentos avaliativos, algum tipo de linguagem

expressiva, em forma de gesto, ela possui (LAMPREIA, 2003).

No entanto, para uma melhor compreensão do real comportamento de uma

criança autista é necessário entender o desenvolvimento normal de uma criança

para assim conhecer as diferenças. O desenvolvimento de uma criança ocorre

dentro de um determinado tempo de forma evolutiva, respeitando a individualidade

de cada um. Porém, com uma criança autista esse desenvolvimento será de uma

forma diferenciada e não padronizada (ORRÚ, 2002).

9

De forma geral, para a compreensão sobre o autismo é necessário o

conhecimento de suas principais características, seus limites, o potencial

capacitador da criança e suas necessidades e prioridades que precisam ser

estudadas e trabalhadas. As características que uma criança portadora de autismo

apresenta são: expressão facial vazia, não possui um contato visual direto, não

gosta de mudanças em sua rotina; além das principais características que envolvem

o diagnóstico do autismo, a disfunção na comunicação, socialização e imaginação.

No entanto a personalidade do autismo é bastante complexa, pois cada criança

possui sua especificidade.

2.1.3. AUTISMO E DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor é um conjunto de processos de mudança que têm

lugar durante toda a vida, com acentuada expressão na infância e adolescência,

sendo uma contínua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, a partir

do conhecimento das capacidades físicas da criança e sua aplicação na

performance de várias habilidades motoras, de acordo com a idade, sexo e classe

social. Essas alterações são realizadas pela interação entre as necessidades da

tarefa, a biologia do individuo e as condições do ambiente (BARREIROS e NETO,

s/data; UMEKI, 2005).

Segundo Santos et.al (2004), existem basicamente três aspectos acerca da

sequência de desenvolvimento motor:

A sequência é a mesma para todas as crianças, apenas a velocidade varia;

Há uma interdependência entre as mudanças daí surge a afirmação de que

existem habilidades básicas, ou seja, habilidades que são os alicerces para

que toda a aquisição posterior seja possível e mais efetiva;

A sequência indica não apenas aquilo que a criança pode aprender mas

especialmente as suas necessidades.

O desenvolvimento motor e a coordenação motora em crianças autistas foi

considerado por Kanner como normais, mesmo sendo de forma desajeitada. Anos

depois desta afirmação, estudos sistemáticos começaram a questioná-la. Os

resultados apresentaram uma baixa aptidão quando comparados com indivíduos

normais e com atraso mental como na composição corporal, força e flexibilidade, o

nível da idade cronológica de tarefas como movimentos estáticos e dinâmicos e no

desempenho motor qualitativo, encontraram-se abaixo dos indivíduos normais e com

10

atraso mental, além de baixa produção energética, baixo funcionamento corporal e

postura prejudicada (MIRANDA, 2011).

O autista ainda apresenta distúrbios de percepção, ou seja ele é incapaz de

usar seus estímulos sensoriais na identificação do que seja ou não importante, o que

causa um erro de seletividade, podendo ignorar até estímulos visuais, como pessoas

e paredes chegando até chocar-se como estas como se o obstáculo não existisse

(FERNANDES, 2008).

Em relação ao nível de motricidade global, Fernandes (2008); Miranda (2011)

e Correia (2013) apresentam em seus estudos que em autistas os movimentos

podem ser pobres, lentos ou diferidos em sua execução, acarretando dificuldades na

iniciativa motora e no controle do equilíbrio; e devido seus movimentos

estereotipados a maioria dos autistas possuem uma motricidade perturbada, que

podem envolver diferentes partes do corpo. Contudo, algumas crianças em certos

casos podem ser particularmente ágeis ou até mesmo com níveis de habilidades

variados. Observam- se também outros problemas motores como ausência de

esquema corporal, apraxia e o chamado “Grasping”, quando uma criança segura em

um objeto e é incapaz de soltá-lo voluntariamente.

A aprendizagem se caracteriza pela mudança na capacidade de um individuo

desempenhar uma habilidade. Essa mesma aprendizagem não é observada

diretamente, e sim o comportamento do individuo, e a partir deste devem ser feitas

as inferências específicas. Durante este processo de aprendizagem observam-se

quatro características gerais do desempenho: aperfeiçoamento, consistência,

persistência e adaptabilidade (MAGILL, 1988 apud UMEKI, 2005).

2.1.4. O AUTISMO E A PRÁTICA CORPORAL

Devido às dificuldades na motricidade apresentadas acima, a prática de

atividade física é de grande importância para o desenvolvimento não apenas motor

mas também para o desenvolvimento psicológico da criança com autismo, pois a

criança desenvolve-se entrando em contato com o mundo e vivenciando e

experimentando as relações, inicialmente através do corpo sendo seu primeiro meio

de comunicação (FERREIRA, 2000).

Contudo a atividade física para um individuo com autismo torna-se um desafio

pelo seu baixo desenvolvimento motor, motivação, as dificuldades encontradas no

11

planejamento e generalização e também dificuldades de auto monitoramento das

atividades (PIMENTA, 2012).

As experiências motoras que a criança vivencia são decisivas na progressão

das estruturas que vão dar origem às formas superiores de raciocínio, ou seja, ela

conseguirá desenvolver uma determinada organização mental para aprender a lidar

com o ambiente. Portanto, quando há uma pobreza no campo de exploração da

criança as suas capacidades perceptivas serão retardadas e limitadas (FERREIRA,

2000).

No autismo a maior parte das capacidades físicas é problemática, portanto

práticas corporais que envolvem competição ou colaboração são eficazes, pois

estimulam o autista a processar rapidamente uma informação, reagir depressa, etc.

e devido os autistas terem como características uma resistência a mudanças é

necessário que as atividades sigam um horário e duração definida mantendo uma

rotina regular e para uma criança ou um grupo de crianças de maior severidade,

essa necessidade é fundamental (ARAÚJO, 2009).

A atividade física vem com grande importância fornecer à criança aquilo que

ela tem necessidade para manter sua boa saúde, exercer sua motricidade e assim

tomar conhecimento da imagem do corpo no espaço e também favorecer no

desenvolvimento de capacidades de adaptação e cooperação (HOLLERBUSCH,

2001). O mesmo autor apresenta atividades e suas prioridades a serem alcançadas:

Atividades de motricidade global, que incitam à produção de movimentos de uma certa amplitude que, por vezes, requerem velocidade, capacidade de resposta a uma instrução, capacidade de ultrapassar um obstáculo, de reagir a um sinal como andar, correr, saltar, rastejar, trepar, arremessar, transportar e manter o equilíbrio;

Atividades de coordenação motora que propõem encadeamentos de gestos ou de ações já dominadas como ritmos, jogos de destreza e oposição, danças e rodas cantadas;

Atividades de expressão corporal que levam as crianças a procurar

representar, com recurso ao seu repertório gestual, temas e ritmos inventados

por elas próprias ou que lhes são propostos.

A educação motora para uma criança autista é de grande ajuda para o

desenvolvimento do equilíbrio corporal, autoconfiança, e a socialização através da

imitação de movimentos, aos poucos se adaptando às regras de jogos

A prática de atividade física faz com que a criança autista saia do seu

isolamento, obrigando-o a prestar atenção ao que está sendo feito. As atividades

que tem uma maior probabilidade de sucesso com crianças autistas são geralmente

12

modalidades individuais como a natação, corrida, etc. já esportes coletivos

necessitam de modificações para alcançar resultados eficazes (HOUSTON –

WILSON, 2005 apud ARAÚJO, 2009).

2.2. NATAÇÃO

A natação é um conjunto de habilidades motoras que proporcionam ao

indivíduo o deslocamento de forma autônoma, independente, segura e prazerosa no

meio líquido. O aprendizado de habilidades aquáticas mais complexas e específicas,

como a dinâmica dos estilos da natação, depende do processamento e do domínio

de habilidades mais simples que são à base da adaptação ao meio líquido, esta

modalidade pode ser realizada com o intuito competitivo ou mesmo como forma de

relaxamento e melhora do condicionamento físico (DIAS, 2011).

A prática de natação traz benefícios fisiológicos, psicológicos, cognitivos e

sociais, pois trabalha com o indivíduo como um todo. Os benefícios fisiológicos que

ela proporciona são: manutenção ou aumento da amplitude de movimentos,

desenvolvimento da coordenação e melhora no equilíbrio e postura corporal. Já na

área psicológica os benefícios estão através do sucesso na execução das

atividades, aumentando a autoestima do aluno. Na área cognitiva observa-se que

através da movimentação corporal os alunos tendem a conhecer melhor a si mesmo,

e na área da socialização a melhora esta na inclusão, pois a criança precisa ter

contato com outras crianças da mesma faixa etária, conhecer e aproximar-se de

adultos, a fim de iniciar sua fase primária de socialização (DIAS, 2011)

2.2.1. OS BENEFÍCIOS DO MEIO AQUÁTICO

Neste contexto o meio líquido ganha o seu lugar como agente educativo,

assumindo um papel formativo que leva crianças a se desenvolverem melhor e mais

rapidamente (BONA & MELO s/data). Nos últimos anos, estudos como Miranda

(2011); Rocha (2002) e outros abordaram o tema a respeito dos efeitos benéficos da

natação para indivíduos portadores de deficiência, mas a utilização da água como

elemento terapêutico não é uma novidade, pois desde o tempo de Hipócrates, a

água era utilizada como elemento para reabilitação.

A natação terapêutica é a adaptação do indivíduo ao meio aquático,

possibilitando a prática da natação recreativa e a prática da natação pode trazer

inúmeros benefícios. E não é diferente com os portadores de necessidades

13

especiais, pois, além dos benefícios físicos, nadar proporciona a integração social, a

independência e o aumento da autoestima nas crianças (ARAÚJO; SOUZA, 2009).

A natação é a modalidade esportiva mais tradicional quando se fala de

esportes para portadores de necessidades especiais e é altamente recomendada

para crianças autistas por essas terem uma enorme atração pela água (ROCHA,

2002). A natação para uma criança com autismo pode propiciar a possibilidade de

experimentar suas potencialidades, de vivenciar suas limitações, ou seja, conhecer a

si próprio, e a prática corporal bem planejada tem a capacidade de aumentar a

sensibilidade do autista aos medicamentos e diminuir estereotipias (REID &

COLLIER, 2002; GRASSELI E PAULA, 2002 apud ARAÚJO e SOUZA, 2009).

CORREIA (2014) afirma que a criança, desde o nascimento e ao longo da

primeira infância, possui condições motoras mínimas para agirem no meio aquático,

desde que tenham assistência, sendo assim, a atividade aquática auxilia no estímulo

do desenvolvimento e no aumento de experiências motoras da criança, ou seja, a

criança é capaz de adquirir uma maior conscientização do seu corpo e de si próprio,

através de atividades lúdicas que favoreçam as noções perceptivo-corporais.

Campion (2000), também ressalta que a intervenção no meio aquático promove e

acompanha o desenvolvimento global da criança, principalmente em áreas do

desenvolvimento como área psicomotora, perceptivo-motor, afetivo e social.

Crianças com problemas de coordenação e/ou diminuição da amplitude de

movimentos, no meio liquido conseguem realizar exercícios que não executam em

terra ou tem uma grande dificuldade, por exemplo a impulsão que auxilia em uma

melhor movimento da criança, pois esta impulsão provoca uma resistência,

possibilitando um maior aumento, correção, controle e adaptação de ações motoras

(CORREIA, 2014).

Em síntese a natação em um contexto mais amplo traz benefícios motores e

cognitivos trabalhando o lado social da criança; promove o desenvolvimento global

da criança, favorecendo o desenvolvimento de sua personalidade, melhoria da

noção do corpo e do movimento, facilita o controle da respiração e dos movimentos

da cabeça, e é de grande importância para indivíduos com problemas emocionais,

de distração e distanciamento, como a verbalização e a exploração da linguagem.

2.2.2. O PAPEL DO PROFESSOR

14

O professor tem um papel crucial na prática de atividade, pois é este que vai

acompanhar a criança durante seu processo de desenvolvimento, através do

planejamento de aulas e da avaliação da criança. Ao se trabalhar com crianças

autistas é necessário, acima de tudo, o entendimento deste transtorno e suas

características, para saber lidar com uma criança autista. Uma problemática

observada atualmente são instituições não estruturadas adequadamente para

atender crianças autistas ou com professores capacitados, porém que aceitam

crianças autistas da mesma forma, essas ações podem acarretar um não

desenvolvimento da criança por não ser feito um trabalho que atenda suas

necessidades assim como uma regressão no desenvolvimento da criança.

Porém, muitos profissionais sejam do campo da saúde ou educação ainda

desconhecem do assunto e não sabem a forma adequada de lidar com elas e assim

ajudá-las de algum modo, e também são poucos os professores que tem formação e

experiência necessária para incluir alunos autistas em suas aulas (HOLLERBUSCH,

2001).

Essa formação e experiência são fundamentais no processo de

desenvolvimento da criança, pois é o professor que irá intervir na relação do aluno

com a aula através de motivação e de métodos adequados para assim alcançar a

criança, para que esta possa vir a desenvolver principais características como a

interação social, comunicação, além de trabalhar a área motora da criança. Neste

sentido temos o professor como principal personagem no processo de

desenvolvimento da criança, no qual este profissional precisa estar preparado para

propor estratégias de abordagem corporal e intervenção pedagógica, além de

perceber as formas de expressão corporal do aluno, e conseguir ajudá-lo a superar

as dificuldades encontradas, ou seja não se trata apenas de organizar os espaços,

materiais e objetos disponibilizados (CHICON, 2014).

Hollerbusch (2001), afirma que o profissional que trabalha com crianças

autistas deve ter uma posição filosófica atuante, para construir uma ponte entre

teoria e prática, entre o conhecimento teórico e as suas consequências na

metodologia de intervenção educativa. O professor também deve ajustar o seu

próprio comportamento, permitindo o estabelecimento de uma relação com a

criança.

Chicon (2014) em sua pesquisa apresenta que uma boa relação entre

professor e aluno com autismo possibilita a construção de um clima de tranquilidade

15

o que favorece em trocas sócio-afetivas entre os alunos. Dentro da sua pesquisa foi

possível observar que a mediação do professor levou a criança com autismo tomar

uma iniciativa para brincar e que esta iniciativa está relacionada à segurança da

criança, a sua curiosidade e desejo exploratório, o qual a partir de suas

características não são atitudes comuns de crianças autistas. Assim sendo a

mediação do professor capacitado, em especial o de educação física é decisiva para

os avanços de aprendizagem e desenvolvimento da criança, considerando seus

pontos mais importantes que não seriam alcançados espontaneamente.

2.3. O AUTISMO E PRÁTICA DA NATAÇÃO

A natação, como disciplina desportiva pode ser ensinada e assimilada por

indivíduos com autismo, pois a natação tem a capacidade de contribuir para o

desenvolvimento de competências de interação social da criança, pois esta é um

incentivador de interação com pessoas, objetos e com o ambiente, fazendo com que

estes fatores ganhem um significado para uma criança autista, porém é necessário

ser feito um plano de intervenção adequado para o atendimento desta criança

(CORREIA, 2014).

Na organização de atividades a serem desenvolvidas é essencial respeitar o

principio de especificidade e individualidade biológica de cada aluno, pois enquanto

uma atividade pode dar certo para alguns alunos para outros não. É importante

também o uso de alternativas distintas para que os alunos evoluam seu grau de

conhecimento (BONA & MELLO s/data).

Para Miranda (2011) o meio aquático é um elemento facilitador da

aprendizagem, pois quando há a passagem de um estágio para outro, significa a

passagem de um nível rudimentar de execução para um nível superior, no entanto

esta passagem de estágio pode ser afetada se a especificidade da criança não for

levada em consideração, pois quando há uma dificuldade inicial que restringe à

oportunidades de aprendizagem da criança, essa restrição pode conduzir à

dificuldades secundárias.

Chicon et al(2014) apresenta uma proposta de ensino da natação baseada

nas atividades lúdicas, no qual afirma que no meio líquido é possível criar

estratégias pedagógicas que tenham ações lúdicas que ajudam a estimular uma

melhor adaptação da criança a este espaço, ampliar a interação social, a

aprendizagem de técnicas básicas da natação como a flutuação, respiração e

16

propulsão. Ao fazer isso o professor de Educação física ajuda no desenvolvimento

socioafetivo e psicomotor da criança.

Para Hollerbusch (2001) o jogo desempenha um papel fundamental para o

desenvolvimento da criança autista, pois durante uma aula o jogo é capaz além de

promover o exercício de funções motoras e cognitivas, ele permite desenvolver a

socialização ao tomar consciência do parceiro. Logo, o trabalho lúdico tem grande

importância quando se trata de chamar o interesse da criança autista para que esta

saia do seu isolamento e crie iniciativa para participar de exercícios durante aulas

práticas e durante as aulas de natação a utilização desses jogos garante um

resultado positivo.

Na pesquisa realizada por Correia (2014), a autora descreve a natação de

uma forma mais competitiva, visando a performance da técnica dos nados, pela

instituição que o estudo foi realizado ser voltada para formação de atletas, porém

durante o processo as atividades lúdicas não foram descartadas sendo utilizadas no

processo iniciativo de adaptação ao meio aquático, após este processo há a

mudança para a natação mais técnica, onde a criança autista poderá alcançar uma

elevada capacidade física com o aprendizado da técnica dos 4 nados.

Miranda (2011) em sua dissertação conclui que crianças autistas possuem

capacidades de desenvolver técnicas alternadas da natação e que dentre os 4

nados o estilo costa mostra-se de aprendizagem facilitada. Além disso a propulsão

da água foi um agente facilitador na execução de ações motoras intencionais

Nos estudos realizados nessa linha de pesquisa constataram efeitos

satisfatórios nos seguintes aspectos da criança: melhora no processo de

socialização o que faz da natação ou do aprender a nadar também um processo de

aprendizagem de socialização, nas atividades lúdicas observa-se a possível de

evolução no trabalho de imaginação da criança e ampliação de seus movimentos e

vivências de brincar. O meio líquido também e importante, pois nele a criança é

impelida a interagir com professor e a se comportar de maneira mais centrada, o que

contribui para o seu desenvolvimento. A natação também ajuda no desenvolvimento

da lateralidade e coordenação de movimentos diminuindo movimentos

estereotipados comuns entre crianças com autismo (MIRANDA, 2011; CORREIA,

2014; CHICON, 2014).

Para Shiunk et al (s/data), a natação para indivíduos com autismo tem grande

benefícios na coordenação, condicionamento aeróbio, contribui no processo de

17

reabilitação e na redução do grau de fraqueza e de outras complicações e diferentes

de outras atividades a natação resulta em menos fadiga.

Foi observado que a motivação, a atração pela água tornou-se de grande

importância no processo de desenvolvimento da criança, sendo altamente facilitador

na aquisição de competências tornando o meio aquático promotor do

desenvolvimento de cognição, favorecendo aspectos relacionados a comunicação,

consequentemente estimulando a aquisição da linguagem por parte da criança

autista. há também uma melhora no humor da criança pelo ambiente facilitador e

harmonioso que a natação oferece (MIRANDA, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo deste estudo foi possível observar o quanto é complexo a questão

sobre o autismo, por suas controvérsias acerca de sua etiologia e suas

características, o que torna o trabalho com autismo difícil para aqueles que não

possuem conhecimento acerca deste assunto.

Foi observado também que devido as suas principais características e as

disfunções encontradas nas aptidões físicas a prática de atividade física é essencial

para o desenvolvimento desta criança, sendo importante tanto para o

desenvolvimento motor, quanto para o desenvolvimento cognitivo e interativo, e a

natação como modalidade esportiva é de grande eficácia para estas crianças, por

ser uma modalidade completa que beneficia a área motora podendo elevar o nível

de aptidão física de uma criança autista e atua nas principais características

diagnósticas deste transtorno; comunicação, interação social e imaginação.

É necessário considerar o importante papel que o professor tem neste

processo de desenvolvimento no que diz respeito à inclusão desta criança na aula e

acima de tudo a aceitação da aula pela mesma, para que assim o seu

desenvolvimento aumente de forma gradativa e espontânea. No entanto, vale

ressaltar como foi dito anteriormente que a criança autista mesmo com suas

características comuns, cada uma possui sua especificidade e personalidade, e o

grau de severidade do autismo pode mudar de uma criança para outra por isso é

necessário uma intervenção adequada do professor para planejamentos de aulas,

diversificação de exercícios, atendendo as especificidades de cada aluno. Ou seja, a

implementação de um plano de intervenção adequado precisa nortear todos os

conteúdos de aprendizagem.

18

THE BENEFITS OF THE PRACTICE OF AUTISTIC CHILDREN SWIMMING IN DEVELOPMENT

ABSTRACT

This study describes the benefits that swimming practice provides for the development of autistic children. The goal is to identify the beneficial effects of this sport, check what role physical education teacher should have to deal with autistic children through knowledge about autism. The study was developed through a literature review of articles, theses, monographs and dissertations. Swimming is considered a complete sport that helps to increase motor actions, respect the limits, and the development of social interaction and communication, as well as being a form able to be taught and assimilated by an autistic child, but for effective results are achieved an adequate mediation of a physical education teacher trained is required.

Keywords: Childhood autism, swimming, development.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Daniela Caetano da Silva. Instituições de Porto Alegre Com Práticas

Corporais Para Autistas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,

2009.

ARAÚJO, L. G.; SOUZA, T. G.. Natação Para Portadores de Necessidades

Especiais. Revista Digital – Buenos Aires, 2009.

BARREIROS, João; NETO, Carlos. O Desenvolvimento Motor e o Gênero.

Faculdade de Motricidade Humana. Universidade Técnica de Lisboa.

BONA, Cleiton Chiamonti; MELLO, Paulo Cezar. Atividades Motoras Aquáticas

Para Pessoas Com Síndrome Do Espectro do Autismo. Faculdade de Educação

Física e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo.

CAMPION, Margareth.- Hidroterapia: princípios e prática. São Paulo: ed. Manole, 2000.

CHICON, José Francisco. Natação, Ludicidade e Mediação: A Inclusão da

Criança Autista na Aula. Revista da Sociedade Brasileira de Atividade Motora

Adaptada, Vol 15, No 1, 2014.

COELHO, Francislei. Conhecendo um pouco de Natação. Artigos.etc.com 2012.

Disponível em: <http://www.artigos.etc.br/conhecendo-um-pouco-de-natacao.html>.

acessado em 28/04/2015 ás 20:00.

CORREIA, Antonio Miguel. O Autismo e o Atraso Global de Desenvolvimento;

Um Estudo de Caso. Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti –

Departamento de Educação Especial. Porto, 2013.

19

CORREIA, Helga Maria B.S. Contribuições da Atividade de Natação Num

Individuo Com Pertubações do Espectro do Autismo – Estudo Caso.

Universidade Portocalense. Porto, dezembro de 2014.

COSTA, Maria Ione Ferreira; NUNESMAIA, Henrique Gil da Silva. Diagnóstico

Genético e Clínico do Autismo Infantil. Universidade Federal da Paraíba. João

Pessoa – PB, 1997.

DIAS, N.F. Natação Adaptada: Análise da Função Pulmonar de Pessoas com

Deficiência. UNESP – Departamento de Educação Física. São Paulo, 2011.

FARAH, Leila Sandra Damião; PERISSINOTO, Jacy; CHIARI, Brasília Maria.

Estudo Longitudinal da Atenção Compartilhada em Crianças Autistas Não-

Verbais. Rev. CEFAC. UNIFESP, São Paulo, 2009.

FERNANDES, Fabiana Soares. Psicoterapias Corporais podem auxiliar no tratamento do Autismo? In: ENCONTRO PARANAENSE, CONGRESSO BRASILEIRO, CONVENÇÃO BRASIL/LATINO-AMÉRICA, XIII, VIII, II, 2008. FERREIRA, Carlos Alberto. Psicomotricidade: Da Educação à Gerontologia. Ed. Lovise, 2000.

HOLLERBUSCH, R.M.S.L. O Desenvolvimento da Interação Social das Crianças com Alteração do Espectro do Autismo – Estudo exploratório da influência da Educação Física na promoção do relacionamento interpessoal. Uiversidade do Porto, Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Porto, 2001.

LAMPREIA, Carolina. Avaliações Quantitativa e Qualitativa De Um Menino Autista: Uma Análise Crítica. Psicologia em Estudo, Maringá, v.8, n.1, p 57-65, jan./jun. 2003.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Linha de Cuidado Para Atenção Integral Ás Pessoas

com Espectro do Autismo e Suas Famílias No Sistema único de Saúde. Brasília,

2013.

MIRANDA, Daniel Bruno. Programa Específico de Natação para Crianças

Autistas. Escola Superior de Educação Almeida Garrett. Lisboa, 2011.

ORRÚ, S. E. Aspectos inerentes ao Desenvolvimento da Criança com Autismo.

Psicopedagogia On Line - Portal da Educação e Saúde Mental, 2002.

PIMENTA, R. A. Programa de atividade aquática adaptada para pessoas com

transtorno do espectro do autismo: avaliação dos efeitos nas habilidades

aquáticas e nas variáveis comportamentais. Faculdade de Desporto, Universidade

do Porto. 2012.

REID, G; COLLIER, D. Motor Behavior and the Autism Spectrum Disorders –

Introduction. Rev. Palestra, Fall, 2002.

20

ROCHA, F.H. O Tratamento de Crianças Psicóticas e Autistas Entre a

Psicanálise e a Educação: Aproximações Iniciais. An. 3 Col. LEPSI IP/ FE-USP,

2002.

SANTOS, S; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J.A. Desenvolvimento motor de crianças,

de idosos e de pessoas com transtornos da coordenação. Rev. paul. Educ. Fís.,

São Paulo, v.18, p.33-44, ago. 2004. N.esp.

SCHUINK, Elisiana; GABRIEL, Bruno José; JÚNIOR, Miguel Archanjo de Freitas.

NATAÇÃO X AUTISMO: Benefícios da Natação Para o Autismo.

SILVA, Evandro Ferreira; SOARES,Maria Antônia. A Importância Da Educação Física Nos Programas De Ensino Para Autistas: Uma Revisão Bibliográfica. CBAMA 2014 – IX Congresso Brasileiro de Atividade Motora Adaptada e Seminário de Esportes Inclusivos, Participativos e de Lazer. Presidente Prudente – SP, 2014

SOARES, Carla. O ESPECTRO DO AUTISMO. Escola Superior de Educação Paula

Frassinetti – Pós Graduação em Educação Especial. Porto, 2008/2009.

TAMANAHA, Ana Carina; PERISSINOTO, Jacy; CHIARA, Brasilia Maria. UMA

BREVE REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A CONSTRUÇÃO DOS CONCEITOS DO

AUTISMO INFANTIL E DA SÍNDROME DE ASPERGER. Rev Soc Bras Fonoaudiol-

UNIFESP. São Paulo, 2008.

UMEKI, M.Y. Análise Comparativa Entre Crianças Autistas E Não Autistas

Quanto À Aprendizagem E Desenvolvimento Motor. São Paulo, 2005.