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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
OS BENEFÍCIOS DO BRINQUEDO CANTADO NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DA FAIXA ETÁRIA
DE TRÊS A SEIS ANOS
Por: Fernanda Cristina Bastos da Silva
Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de janeiro
24 de julho de 2007.
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
OS BENEFÍCIOS DO BRINQUEDO CANTADO NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DA FAIXA ETÁRIA
DE TRÊS A SEIS ANOS
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes com requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicomotricidade sob orientação do Professor Vilson Sérgio Carvalho.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me permitido trilhar mais este caminho rumo ao meu crescimento. Aos amigos que não me deixaram esmorecer nos momentos de dúvida e à família, principal motivo desta jornada.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia ao meu filho Gabriel, que tanto colaborou para o aperfeiçoamento desse trabalho.
Aos momentos que passamos juntos cantando e “brincando” com as músicas que ele fez questão de me ensinar e que me serviram de inspiração.
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RESUMO
A infância pode ser considerada como uma aprendizagem necessária à idade adulta. É na infância que são desenvolvidos os esquemas psicomotores básicos, essenciais ao sucesso dos aspectos cognitivos, afetivos e sociais e sua preservação é fundamental como recurso para desenvolver e aperfeiçoar valores que fazem parte da cidadania. É através das tentativas de compreensão da infância e do universo lúdico que traçamos reflexões acerca de uma das possibilidades do "brincar" - as brincadeiras cantadas – que fornecem elementos pedagógicos para o desenvolvimento de crianças entre três e seis anos, em pleno desenvolvimento psicomotor no que diz respeito ao contexto educacional. As brincadeiras cantadas são visualizadas em sua construção cultural, em suas possibilidades rítmico-expressivas e contribuição educacional, por entendermos que se trata de uma manifestação da cultura de movimento humano que traduz sutilezas, peculiaridades e riquezas do universo infantil. Partindo de referenciais teóricos que investigam o universo da criança e de experiências no campo pedagógico, é que as brincadeiras cantadas são aqui tratadas como formas lúdicas de brincar com o corpo a partir da relação estabelecida entre movimento corporal e expressão vocal, seja na forma de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas, integrando a cultura popular ou fazendo parte das criações contemporâneas. O trato com este conhecimento, levando-se em consideração a criança em suas condições sociais, capacidades de movimento, autonomia e produção cultural, pode contribuir para a compreensão da multiplicidade cultural do universo lúdico infantil, bem como para a valorização do "brincar" no processo educativo e, de forma especial, na Educação Psicomotora favorecendo seu desenvolvimento integral.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada destina-se a pesquisar a importância do brinquedo cantado como de valor educacional no desenvolvimento psicomotor de crianças, especialmente na faixa etária que compreende os três aos seis anos, por ser de extrema importância na maturidade motora da criança.
Através dos brinquedos cantados a criança tem um aprendizado lúdico, o que o torna bem mais atrativo e interiorizado com mais facilidade.
Serão utilizados como referência, bibliografias e artigos de consulta buscados na Internet.
A proposta deste trabalho é mostrar a importância do desenvolvimento dos esquemas motores das crianças enquanto em processo de formação biopsicosocial.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
BRINQUEDO CANTADO 9
CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE 16
CAPÍTULO III
CIRANDAS E DANÇAS CANTADAS 42
CONCLUSÃO 63
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INTRODUÇÃO
A Psicomotricidade está presente em todas as atividades do universo da
criança, onde ela passa a conhecer e a dominar seu próprio corpo. É um fator
essencial e indispensável ao desenvolvimento global e uniforme da criança. Ela
é a base fundamental para o processo intelectivo e de aprendizagem.
Durante esse processo de aprendizagem, as áreas psicomotoras
básicas são utilizadas com freqüência. O período pré-escolar é onde se
constitui a base desse processo e qualquer problema ocorrido no
desenvolvimento de alguma destas áreas psicomotoras poderá prejudicar uma
boa aprendizagem.
Nada melhor do que aprender com prazer. E é isso que o brinquedo
cantado proporciona às crianças nesse período de educação de base:
aprendizado lúdico, o que o torna muito mais atrativo e mais facilmente
interiorizado.
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CAPÍTULO I
BRINQUEDO CANTADO
1.1-Definição:
"Jogo infantil que tem o ritmo como elemento central e
que se desenvolve de modo organizado, segundo regras
definidas, que disciplinam o canto e o movimento. O
brinquedo cantado é muito válido para estimular a
aprendizagem e a socialização da criança." (Braga,
Henriqueta, 1955, s/p).
Tal intuito não se encontra desvencilhado das problemáticas que tocam
o "brincar" na sociedade contemporânea, sendo a instrumentalização da
infância por meio do trabalho e das obrigações precoces uma das questões
abordadas. Partindo de referenciais teóricos que investigam o universo da
criança e de experiências no campo pedagógico, é que as brincadeiras
cantadas são aqui tratadas como formas lúdicas de brincar com o corpo a
partir da relação estabelecida entre movimento corporal e expressão vocal,
seja na forma de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas, integrando a
cultura popular ou fazendo parte das criações contemporâneas.
O trato com este conhecimento, levando-se em consideração a criança
em suas condições sociais, capacidades de movimento, autonomia e produção
cultural, pode contribuir para a compreensão da multiplicidade cultural do
universo lúdico infantil, bem como para a valorização do "brincar" no processo
educativo e, de forma especial, no seu desenvolvimento psicomotor.
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É através das tentativas de compreensão da infância e do universo
lúdico que traçamos reflexões acerca de uma das possibilidades do "brincar"-
as brincadeiras cantadas - fornecendo elementos pedagógicos para o seu
desenvolvimento no contexto educacional.
As brincadeiras cantadas são visualizadas em sua construção cultural,
em suas possibilidades rítmico-expressivas e contribuição educacional, por
entendermos que se trata de uma manifestação da cultura de movimento
humano que traduz sutilezas, peculiaridades e riquezas do universo infantil.
Oliveira (1986) nos orienta acerca de uma diferenciação entre
brincadeira e brinquedo a partir de duas destacadas linhas teóricas: uma
visualiza brincadeira como sinônimo de brinquedo (o brinquedo não é apenas o
material, mas se materializa no ato de brincar); outra que pensa a brincadeira
como o vivencial, a diversão, e não o objeto em si, sendo o brinquedo apenas
o instrumento utilizado para brincar (boneca, bola, pião e outros). O sociólogo
entende ser conveniente caracterizar os brinquedos como "objeto palpável,
finito e materialmente construído", que vão desde os artesanais até os
inteiramente industrializados. A brincadeira caracteriza-se por sua ação e seria
diferente do jogo.
As brincadeiras cantadas são entendidas como formas lúdicas de
brincar com o corpo a partir da relação estabelecida entre movimento corporal
e expressão vocal, na forma de músicas, frases, palavras ou sílabas ritmadas.
Integram a cultura popular ou fazem parte das criações contemporâneas,
representando uma possibilidade de potencializar o "lúdico" no contexto
educacional, manifestadas ora pelo ludus (comum na condução sistematizada
das brincadeiras, por exemplo, quando elas são ensinadas e explicadas) ora
pela paidia (geralmente presente nas atividades não-diretivas, como um
laboratório de criação, por exemplo).
Muitas brincadeiras cantadas podem ser caracterizadas como formas de
expressão do corpo que integram o folclore, especialmente o infantil, sendo
representadas pela associação de musicalidade e movimento. Escravos de Jó,
Terezinha de Jesus, Marcha soldado, Capelinha de melão e Ciranda-cirandinha
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são algumas cantigas que, associadas às formas diferenciadas do
"movimentar-se", caracterizam-se como brincadeiras cantadas de importante
contribuição educacional.
Embora sejam inúmeras as brincadeiras cantadas que integram o
folclore, existem aquelas que não fazem parte desse universo. Atualmente,
devido ao avanço tecnológico dos meios de comunicação, é crescente o
acesso ao trabalho de educadores que criam suas próprias músicas e formas
de brincá-la, tendo uma preocupação com os aspectos pedagógicos de suas
produções. Contudo, é preciso ficar atento às invasões ao universo infantil pelo
viés puramente comercial, consumista, levando a camuflar as manifestações
de domínio público ou a utilizá-las para fortalecimento da indústria cultural.
Trata-se de uma prática que vem tomando grande vulto na atualidade e que
precisa ser tratada com cautela pelo educador como forma de se precaver de
oportunismos desprovidos de compromisso educacional.
1.2 Brincadeiras cantadas e educação
Como o brincar pode ser visto primeiramente como produção cultural
predominantemente imaginária, dotada de significado, seu valor torna-se
inconteste na educação informal. Em particular, as brincadeiras cantadas
permitem a associação (tanto espontânea quanto organizada) de gesto e
sonoridade. Esta possibilidade, reconhecidamente prazerosa no contexto
infantil, permite que saberes culturais tradicionais sejam transmitidos a cada
geração.
Ninguém responde com certeza de onde vêm as brincadeiras. Elas são
universais e fazem parte da cultura popular. Costa (2000) entende ser
impossível dar a palavra final sobre o surgimento de uma brincadeira, pois ela
agrega variantes e se transforma ao longo do tempo. Faz menção aos jogos
infantis presentes na Odisséia de Homero, aos piões, bonecas, soldadinhos,
histórias de monstros e canções de ninar trazidas pelas famílias européias que
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chegavam ao Brasil, às danças africanas e suas criaturas assustadoras (tutu-
marambá, nironga), às danças, músicas e lendas indígenas, dentre outras,
revelando a dificuldade em saber a origem de determinada brincadeira,
brinquedo ou jogo, dadas as mesclas culturais que vão ocorrendo frente o
processo de construção cultural. Assim, mesmo sem uma noção clara da
origem das brincadeiras cantadas é possível visualizá-la a partir das mesclas
culturais entre branco, negro e índio que conduziram à criação de formas de
representação corporal, transmitidas e (re) significadas ao longo do tempo.
As brincadeiras cantadas fundem musicalidade, dança dramatização,
mímica e jogos, (dependendo do enfoque a ser priorizado em cada atividade),
representando um conhecimento de grande contribuição à vida de movimento
da criança. As brincadeiras cantadas integram o conjunto de cantigas próprias
da criança e por ela entoadas em seus brinquedos ou ouvidas dos adultos
quando pretendem fazê-la adormecer ou instruí-la, transmitidas pela tradição
oral. Alguns dos objetivos visados com a aplicação dos brinquedos cantados
seriam:
• Auxiliar no desenvolvimento da coordenação sensório-motora;
• Educar o senso rítmico;
• Favorecer a socialização;
• Estimular o gosto pela música e pelo movimento;
• Perpetuar tradições folclóricas e incentivar o civismo;
• Favorecer o contato sadio entre indivíduos de ambos os sexos;
• Disciplinar emoções: timidez, agressividade, prepotência; incentivar a
auto-expressão e a criatividade.
Vale ressaltar que tais objetivos encontram-se atrelados a um outro
momento histórico, em que "incentivar o civismo" e "disciplinar emoções" eram
ressaltados na educação brasileira, sobretudo pela herança do regime militar.
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É importante, em meio a esses achados, destacar que, embora a
brincadeira cantada enseje em si mesma o objetivo de seu aprendizado, por
meio dela é possível tratar pedagogicamente outros conteúdos.
A principal intermediação estaria no desenvolvimento do ritmo e da
expressão, ou seja, o conhecimento das percepções e habilidades necessárias
ao corpo, bem como à produção de movimentos correspondentes às vibrações
sonoras e aos significados daquilo de que é cantado.
Entretanto, a realidade indica que as mudanças inseridas
exclusivamente pelos educadores - sem a cumplicidade da criança - parecem
não surtir efeito no cotidiano. Felinto (2000) esclarece que modificações
externas feitas pelos adultos para algumas músicas que integram as
brincadeiras infantis parecem não se fixar, como foi verificado na reportagem
supracitada.
É o que observa, por exemplo, para o que chama de "versão
politicamente correta" que alguns estudos registram para a cantiga de roda
"Atirei o pau no Gato", como segue:
Não atire o pau no ga-tô-tô
Por que isso - sô, não se faz-faz-faz.
O gati-nhô-nhô, é nosso ami-gô-gô
Não se deve maltratar os animais.
O fato desta versão não ser encontrada entre as crianças, é um indício
de que o folclore infantil resiste à modernidade, às suas ideologias e
tecnologias com mais vitalidade do que geralmente se imagina. Nesse sentido,
as brincadeiras de roda não se tratam de uma mera sobrevivência, mas de
uma continuidade sócio-cultural. "O contexto histórico-social se altera, é
verdade; contudo, preservaram-se condições que asseguraram vitalidade e
influência dinâmica aos elementos folclóricos” (Fernandes, 1989, p.62).
Não se busca conservar fórmulas, mas representações da vida, dos
valores, do mundo simbólico e moral da criança, perpetuadas pelo folclore.
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Parece-nos relevante ao educador, no trato com esse conhecimento,
estruturar metodologicamente suas aulas para:
Despertar o interesse dos alunos pelas manifestações culturais e pelo
reconhecimento dos temas sugeridos e desenvolvidos nas brincadeiras;
Entender a brincadeira cantada como meio de educação, ludicidade,
desenvolvimento rítmico, musical e gestual de contribuição ao mundo de
movimento dos indivíduos;
perspectivar a brincadeira cantada como fonte de simbologias e possibilidade
de interpretação de sentidos e conotações que possam sugerir;
Visualizar a brincadeira cantada como fonte de pesquisa e
conhecimento, sobretudo das transformações do próprio brincar, da infância e
do lúdico;
Oportunizar aos alunos o contato com brincadeiras cantadas
diversificadas que foquem tanto o jogo, quanto a dança, a dramatização e a
mímica, enriquecendo as suas possibilidades culturais.
É inegável a contribuição das brincadeiras cantadas ao mundo de
movimento dos alunos, embora seja lastimável a carência de profissionais que
se voltam a esse campo vasto das manifestações culturais. O "brincar" acaba
não sendo prioridade na sociedade do negócio, da negação do ócio. Prioriza-se
a "utilidade do saber" e nega-se o direito ao conhecimento do próprio corpo,
das suas limitações e possibilidades de superação. As pessoas acabam se
esquecendo que o direito à brincadeira, à infância propriamente dita, ao saber
escolar, pressupõe uma sociedade onde a mão-de-obra infantil não seja
explorada, em que crianças não precisem abandonar seus estudos para
assumir papéis de "gente grande", em que possam viver mais intensamente o
seu lado criança no mundo do "faz-de-conta". Nega-se o brincar, como algo
"não sério que é" e impede-se a concretização de uma educação que valorize o
"ser humano" como ser biopsicossocial. O trabalho com brincadeiras
cantadas, seja em aulas de Educação Física ou outros espaços de ação
pedagógica, requer do profissional a disposição de participar da multiplicidade
cultural do universo lúdico da criança.
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Assumir um compromisso com o mundo do saber infantil é vital no
sentido de possibilitar às crianças a manifestação de sua ludicidade e evitar
que percam em termos de movimento e experiências imprescindíveis ao seu
desenvolvimento psicomotor e construção social.
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CAPÍTULOII
PSICOMOTRICIDADE
2.1-Definição:
“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem
por meio de seu corpo em movimento e em relação ao
seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com
os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a imagem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas” (Geraldo
Pessanha Almeida de, 1999, p.17).
“Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para
uma concepção de movimento organizado e integrado,
em função das experiências vividas pelo sujeito cuja
ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem
e sua socialização”. (Geraldo Pessanha de Almeida,
1999, p.17).
As atividades psicomotoras devem ser trabalhadas principalmente com
crianças em fase de desenvolvimento: bebês de alto risco; crianças com
dificuldades/atraso no desenvolvimento global; pessoas portadoras de
necessidades especiais: deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas;
pessoas que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e
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relacionais em conseqüência de lesões neurológicas; família e pessoas da
terceira idade.
É possível, através de uma ação educativa, a partir dos movimentos
espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecer a gênese da
imagem do corpo, núcleo central da personalidade.
Contudo, certa confusão reina atualmente no domínio da terminologia e
da formulação das finalidades em psicomotricidade. Diferenciamos, por nossa
parte, a educação psicomotora da terapia psicomotora. Estas duas atitudes
correspondem a necessidades diferentes.
A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável
a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla
finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta
possibilidades da criança e ajudar sua afetividade e expandir-se e a equilibrar-
se através do intercâmbio com o ambiente humano.
2.2-Elementos básicos da psicomotricidade
2.2.1-O esquema corporal
“O Esquema corporal é um elemento básico indispensável para a
formação da personalidade da criança. É a representação relativamente global,
científica e diferenciada que a criança tem do seu próprio corpo”. (Wallon,
1968, p.9).
“O Esquema corporal é a organização das sensações
relativas ao próprio corpo, como resultado da associação
de elementos cada vez mais coordenados e complexos.
O esquema corporal nada mais é do que a imagem de si
mesmo, isto é, uma imagem que tem como
particularidade o interesse afetivo que lhe dirige o
sujeito” (Fátima Alves, 2007, p.24).
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O primeiro objeto que a criança percebe é seu próprio corpo. Este
conhecimento se estrutura através de sensações, mobilizações e
deslocamentos. A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas
que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá
graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de
suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.
A criança se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em
que o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se,
mas também para agir.
Uma criança que se sinta bem disposta em seu corpo e capaz de situar
seus membros em relação aos outros fará uma transposição de suas
descobertas: progressivamente localizará os objetos, as pessoas, os
acontecimentos em relação a si, depois entre eles. A estruturação espaço-
temporal fundamenta-se nas bases do esquema corporal sem o qual a criança,
não se reconhecendo em si mesma, só muito dificilmente poderia apreender o
espaço que a rodeia. Assim nos parece lógico abordar a psicomotricidade
através da constituição do esquema corporal antes da estruturação espacial ou
temporal.
Podemos considerar como duas faces de um mesmo fenômeno:
• O conhecimento de seu corpo, a unidade de suas diferentes
partes e a possibilidade de agir;
• A facilidade ou dificuldade do ser em reconhecer-se, aceitar-se,
responsabilizar-se por si.
Além disso, a forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua
disposição ou sua indisposição nas relações com coisas ou pessoas. Esse
aspecto psicológico, muito importante, ajuda-nos a identificar melhor certas
perturbações devidas a fatores afetivos. Chama também a atenção para a
possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, tornando
precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram gestos precisos e
adequados.
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A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu
corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e de
suas possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive. Vivenciar
estímulos sensoriais, para discriminar as partes do próprio corpo e exercer um
controle sobre elas, implica:
• A percepção do corpo;
• O equilíbrio;
• A lateralidade;
• A independência dos membros em relação ao tronco e entre si;
• O controle muscular;
• O controle de respiração.
É através do corpo que a criança vai descobrir o mundo, experimentar
sensações e situações, expressar-se, perceber-se e perceber as coisas que a
cercam. À medida que a criança se desenvolve quanto mais o meio permitir,
ela vai ampliando suas percepções e controlando seu corpo através da
interiorização das sensações. Com isso ela vai conhecendo seu corpo e
ampliando suas possibilidades de ação. O corpo é, portanto, o ponto de
referência que o ser humano possui parta conhecer e interagir com o mundo.
Ele servirá de base para o desenvolvimento cognitivo, para a aquisição de
conceitos referentes ao espaço e ao tempo, para um maior domínio de seus
gestos e harmonia de movimentos.
Todas essas aquisições vão se desenvolvendo lentamente na criança,
com o término total, aproximadamente aos 11/12 anos. Por este motivo, os
exercícios de conscientização corporal têm que estar presentes em todo o
processo de educação psicomotora.
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2.2.1.1-Etapas do desenvolvimento do esquema
corporal
ĺO corpo vivido (até os três anos de idade)
Corresponde à fase da inteligência sensório-motora de Piaget. Essa
etapa é dominada pela experiência vivida pela criança através da exploração
do meio. Seus primeiros movimentos são através dos movimentos dos outros.
É em virtude da imagem do outro em movimento que ela aprende a mover-se
(imitação).
Nesta primeira etapa a criança faz diversos exercícios motores
apresentados em forma de jogos. O principal objetivo é levar a criança a
dominar seus movimentos e a perceber seu corpo globalmente, constituindo
um todo.
Esses exercícios passam da atividade espontânea da criança (que
utiliza em seus brinquedos) para uma atividade integrada: vai responder a
dados verbais (ande!... corra!... pule!...), a sensações (equilíbrio, parada...), a
uma representação nítida (andar de quatro e de cócoras...).
No final desta etapa já há uma imagem do corpo, pois o “eu” se torna
unificado e individualizado.
ĺO corpo percebido (três a sete anos de idade)
Corresponde à organização do esquema corporal devido à “função de
interiorização”. Le Boulch nos dá a definição de função de interiorização como
“a possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu corpo
próprio a fim de levar ‘a tomada de consciência” (Le Boulch, apud Fátima
Alves, 2007, p.51). A criança com isso passa a aperfeiçoar e refinar seus
movimentos, adquirindo uma maior coordenação dentro de um espaço e tempo
determinado.
Ela chega ‘a representação mental dos elementos do espaço, descobre
sua dominância e com ela seu eixo corporal. Passa a ver seu corpo como
ponto de referência para se situar e situar os objetos em seu espaço e tempo.
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Assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda etc., além das
noções temporais; o que vem antes, depois, primeiro, último.
O final desta etapa, diz Le Boulch, pode ser caracterizado como pré-
operatório, porque está submetido à percepção num espaço em parte
representado, mas ainda centralizado sobre o próprio corpo.
ĺO corpo representado (sete a doze anos de idade)
Estruturação do esquema corporal. A partir daí, ela amplia e organiza
seu esquema corporal.
ŹConhecimento das partes do corpo
Após a percepção global do corpo vem a etapa da tomada de
consciência de cada segmento corporal. Esta se realiza de forma interna,
(sentindo cada parte do corpo) e externa (vendo cada segmento em um
espelho, em uma outra criança ou em uma figura).
Convida-se a criança a situar todos os segmentos, um em relação ao
outro, a fim de reunificar a imagem corporal; deve também conseguir apontar,
nomear as diferentes partes do corpo e localizar uma percepção tátil.
ŹImagem corporal
A imagem corporal diz respeito aos sentimentos do indivíduo em relação
à estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e
equilíbrio corporal. As relações entre o corpo e os objetos situados no espaço
ao seu redor referem-se aos conceitos direcionais do indivíduo e à consciência
de si próprio e do desempenho do que ele cria no espaço.
Todas estas aquisições vão se desenvolvendo lentamente na criança,
com o término total, aproximadamente aos 11/12 anos. Por este motivo, os
exercícios de conscientização corporal têm que estar presentes em todo
processo de educação psicomotora.
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ĺOrientação espaço-corporal
Em seguida a criança passa:
A um trabalho sensorial mais elaborado;
À associação dos componentes corporais aos diversos objetos da vida
cotidiana; a um conhecimento mais analítico do espaço dos gestos (isto é, das
diferentes posições que fazemos cada parte do corpo tomar).
Nesta fase baseamo-nos em tomadas de posições diversas e não em
movimentos. Portanto devemos em cada exercício marcar um tempo de
parada suficiente para que a criança sinta a posição. Uma leve indisposição ou
cansaço para manter o segmento no lugar auxiliar a percepção dessa noção
de posição.
ĺOrganização espaço-corporal
É a etapa em que a criança poderá exercitar todas as suas
possibilidades corporais. Conhece mais partes do corpo, a disposição, as
posições. Vai movimentar-se:
• De forma analítica: chegará a um domínio corporal através de
exercícios de coordenação, equilíbrio, inibição, destreza;
• De forma sintética: por um lado, prevendo e adaptando seus
movimentos ao objetivo a ser alcançado; por outro, expressando por
intermédio de seu corpo uma ação, um sentimento, uma emoção.
A criança será levada a descrever um movimento, a compreender as
situações refletidas pelas atitudes e expressões das personagens, a exprimir.
23
ĺ Desenvolvimento da percepção corporal
O nosso corpo possui características que são somente nossas, embora
sejamos muito semelhantes. Cada corpo irá desenvolver uma ou várias
características que lhe serão particulares.
O corpo é formado de tantas partes, de tantas especificidades que uma
criança se surpreende todos os dias com tais descobertas. Assim, devemos
proporcionar a cada criança que viva plenamente estas descobertas. As
limitações sempre são e sempre serão atitudes condenáveis principalmente na
infância, onde as crianças ainda estão se descobrindo, e as experiências são
muito significativas para a vida que segue.
O trabalho do professor deve ser para reconhecer e perceber questões
estruturais do corpo, mas, acima de tudo, ele deve desenvolver atitudes onde a
criança possa se reconhecer descobrir suas próprias condições e, portanto,
seus limites de exploração, uso e ações corporais.
A aprendizagem da técnica, sem levar em consideração as
possibilidades do corpo, não só vai complicar o desenvolvimento corpóreo da
criança como também todas as questões da aprendizagem que partirão dela,
sobretudo, pelas características dos conteúdos e dos métodos de ensino, que
colocam o indivíduo em um mundo diferente daquele no qual ele vive, ou quer
viver, e pensar com seu corpo.
ĺDesenvolvimento de percepção espacial
O espaço é na infância e, também na vida adulta, um grande desafio. O
espaço requer pleno domínio do sujeito para a perfeita integração do ser ao
ambiente.
O espaço constitui muito mais que uma dimensão física: paredes,
portas, janelas, ruas, casas, prédios, entradas e saídas. Há nos espaços as
mais diferentes ações que o constitui como tal. Assim, ter condições de
reconhecer, interferir e agir sobre estes espaços e dentro deles passa a ser um
dos maiores desafios do trabalho de psicomotricidade escolar.
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Para Le Boulch (1982), a percepção do espaço se dá a partir das
relações de vizinhança, isto é, a proximidade dos elementos percebidos no
mesmo campo.
Em um primeiro momento, os elementos devem ser vizinhos para poder
integrá-los em um mesmo conjunto, depois a vizinhança poderá estender-se a
áreas mais afastadas. A separação é a segunda relação espacial elementar:
dois elementos vizinhos podem interpenetrar-se, confundindo-se em parte. A
possibilidade de considerá-lo como distintos possibilita estabelecer uma
relação de separação.
Uma outra observação importante é que esta percepção não é
desenvolvida assim tão uniforme ou tão rapidamente. Isto faz com que os
profissionais que estejam trabalhando com a criança tenham a percepção de
realizá-las mais de uma vez, sempre interferindo com dificuldades mais
acentuadas e levando a criança a perceber e a descobrir outros mecanismos
de relação no espaço. Caso contrário, a criança ficará muito abaixo da
regularidade que se espera para o bom desenvolvimento dela.
A falta de uma boa dominância espacial leva a criança a ter problemas
de localização na escola, na cidade onde vive em um passeio qualquer.
Também tem sempre problemas de localização nos desenhos, nos mapas e,
às vezes, pode até trocar letras de lado (letras espelhadas) porque não
relaciona o traço à direção dele.
Le Boulch (1982) afirma que a construção do espaço na criança ocorre
entre 18 meses e três anos de idade. A construção do espaço se faz a partir de
intuições muito elementares. A relação mais elementar é aquela da vizinhança,
isto é, a proximidade dos elementos percebidos no mesmo campo. Em um
primeiro momento os elementos devem ser vizinhos para poder integrá-los em
um mesmo conjunto, depois a vizinhança poderá estender-se a áreas mais
afastadas. A separação é uma relação espacial elementar: dois elementos
vizinhos podem interpenetrar-se, confundindo-se em parte.
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A possibilidade de considerá-los como distintos faz com que se
estabeleça uma relação de separação. A experiência da manipulação e do
deslocamento de um dos elementos em relação ao outro está determinada,
neste aspecto, pela percepção do espaço.
2.2.2-Coordenação motora ampla
As atividades que estão envolvidas nestas práticas dizem respeito à
organização geral do ritmo, ao desenvolvimento e às percepções gerais da
criança. A coordenação motora global é a condição que deve ser desenvolvida
primeiramente no espaço infantil.
É o trabalho que vai apurar os movimentos dos membros superiores
(braços, ombros, pescoço, cabeça) e, também, os membros inferiores (pernas,
pés, quadris etc.). Assim, uma grande organização corporal deve ser
construída a partir do trabalho de coordenação motora global. Danças,
expressões corporais, exercícios combinados e dissociados são os melhores
trabalhos para que a criança possa ter um bom desenvolvimento.
Se a criança conseguir acompanhar uma dança trabalhada pelo
professor, se a criança conseguir acompanhar uma atividade física com
movimentos associados e dissociados, se a criança tiver certo ritmo, se a
criança possuir equilíbrio, poderemos dizer que ela apresentará uma
coordenação motora global satisfatória.
2.2.3-Coordenação motora fina
Esta coordenação diz respeito aos trabalhos mais finos, aqueles que
podem ser executados com o auxílio das mãos e dos dedos, especificamente
aqueles com grande importância entre mãos e olhos. Quando uma criança
começa a desenvolver uma boa coordenação motora fina, será comum
observar que ela também apresentará uma boa tonicidade muscular nos
membros superiores e inferiores.
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Ela poderá apanhar copos de plástico com água sem derramar, poderá
apanhar objetos delicados sem amassá-los, poderá pintar e colorir sem muita
força, poderá equilibrar a força necessária para colorir desenhos nas mais
diferentes texturas e superfícies e assim por diante.
Também poderemos observar que é a coordenação motora fina quem
vai garantir um bom traçado de letra. A escrita da criança irá depender muito do
trabalho e do desenvolvimento da coordenação motora fina que a criança
estará apresentando.
Para isto, é necessário que o professor possa desenvolver atividades
motoras que possibilitem este desenvolvimento, no entanto jamais poderemos
desenvolver estas atividades dissociadas dos aspectos socioemocionais que
as envolve.
Uma criança precisa ser motivada, precisa ser encorajada, precisa ser
levada à possibilidade da tentativa. Para isto, faz-se necessário que ela esteja
preparada para o erro, para a perda e, principalmente, para lidar com a
situação que, por ventura, possa surgir dali. Assim, jamais podemos deixar de
lado os aspectos psicológicos que envolvem uma atividade lúdica ou motora
para apreciar somente o lado técnico dela. É a junção destes dois universos
que dará um resultado infinitamente melhor.
2.2.4-Lateralidade
A capacidade de a criança poder olhar e agir para todas as direções,
com equilíbrio, com coordenação mínima corporal e com noções de espaço, é
a condição do trabalho de lateralidade. A lateralidade é uma condição que a
criança irá descobrindo aos poucos. Ela poderá perceber que será muito útil à
sua própria vida poder executar dois ou mais movimentos simultaneamente e
em lados opostos.
Quanto mais forte for a referência e o treino, mais desenvolvidas serão
as diferentes partes que compõem o todo. No entanto, devemos trabalhar com
muita calma para respeitar o tempo das crianças.
27
Já se sabe que a criança destra ou sinistra não é obrigatoriamente, ou
necessariamente, somente destra ou sinistra.
Ao longo do processo escolar, uma criança poderá “mudar de mão”, da
esquerda para a direita ou da direita para a esquerda como algo normal.
Quando isto acontece é porque a criança está testando suas próprias
condições internas.
O professor pode auxiliar nestas trocas e nestas tentativas, mas jamais
deve impor à criança com que mão ela deverá escrever. Esta deve ser uma
liberdade de escolha da própria criança.
ŹNoção de dominância lateral
Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral
na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou esquerdo. A lateralidade
corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos
hábitos sociais.
ŹDiferença entre a lateralidade e o conhecimento “esquerda-
direita”
Não se deve confundir lateralidade (dominância de um lado em relação
ao outro, a nível de força e de precisão) e conhecimento “esquerda-direita”
(domínio dos termos “esquerda” e “direita”).
O conhecimento “esquerda-direita” decorre da noção de dominância
lateral. É a generalização, da percepção do eixo corporal, a tudo que cerca a
criança; esse conhecimento será mais facilmente apreendido quanto mais
acentuada e homogênea for a lateralidade da criança. Com efeito, se a criança
percebe que trabalha naturalmente “com aquela mão”, guardará sem
dificuldade que “aquela mão” é a direita ou esquerda. Caso haja hesitação na
escolha da mão, noção de “esquerda-direita” não poderá firmar-se com
segurança.
28
Da mesma forma, em caso da lateralidade cruzada, a criança confundirá
facilmente os termos “esquerda” e “direita”, por ser ora mais forte do lado
direito (por exemplo, o pé), ora mais forte o lado esquerdo(a mão).
O conhecimento “esquerda-direita” faz parte da estruturação espacial
por referir-se à situação dos seres e das coisas, mas está de tal forma
vinculado à noção de dominância lateral que colocamos essa aprendizagem
imediatamente após a da lateralidade.
O conhecimento estável da esquerda e da direita só é possível aos 5 ou
6 anos e a reversibilidade (possibilidade de conhecer a mão direita ou a mão
esquerda de uma pessoa à sua frente) não pode ser abordada antes dos 6
anos, 6 anos e meio. De fato esse estudo precede os exercícios de simetria em
orientação especial.
2.2.5-Coordenação óculo-manual
Diz respeito à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus olhos e
suas mãos para concretizar uma tarefa.
2.2.6-Coordenação óculo pedal
Diz respeito à capacidade do indivíduo usar conjuntamente seus olhos e
seus pés para concretizar uma tarefa.
2.2.7-Equilíbrio
O equilíbrio é a base primordial de toda coordenação geral, assim como
toda ação diferenciada dos membros superiores “a colocação perfeita do centro
de gravidade e a combinação perfeita de ações musculares com o propósito de
sustentar o corpo sobre uma base” (Tubino apud Fátima Alves, 2007, p.60).
29
É a habilidade da criança em manter o controle do corpo utilizando
ambos os lados simultaneamente, um lado só ou ambos alternadamente. Se a
criança tem um bom equilíbrio, seu corpo age de forma integrada, permitindo
que desenvolva a habilidade de sentar ampliando sua capacidade de
concentração.
A manutenção do equilíbrio resulta da interação dos músculos,
trabalhando para sustentar o corpo e sua base.
O equilíbrio correto é a base primordial de toda coordenação motora
geral, assim como de ação diferenciada de membros superiores.
Existem 3 categorias de equilíbrio:
ĺEstático: capacidade de manter uma posição durante certo tempo;
ĺDinâmico: controle do corpo em movimento;
ĺCom objetos: sustenta objetos sem deixá-los cair, parado ou em
movimento.
2.2.8-Ritmo
O ritmo é considerado um dos conceitos mais importantes da orientação
temporal. Ele não envolve apenas noções de tempo, mas está ligado ao
espaço também. Toda criança tem um ritmo natural, espontâneo.
ĺRitmo motor: Está ligado ao movimento do organismo que se realiza
em um intervalo de tempo constante. É condição necessária que a criança
possua anteriormente uma coordenação global dos movimentos para que
estes se tornem ritmados. Exemplos: andar, nadar, correr.
ĺRitmo Auditivo: Normalmente é trabalhado em associação com algum
movimento. Exemplos: cantar, dançar, tocar instrumentos.
ĺRitmo Visual: Envolve a exploração sistemática de um ambiente visual
muito amplo para ser incluído no campo visual em uma só fixação. É
necessário que possua certa organização de ritmo também.
30
O ritmo permite uma maior flexibilidade de movimentos, maior poder de
atenção e concentração, pois obriga a criança a seguir uma cadência
determinada. A percepção da alternância de tempos fracos e fortes leva à
percepção do relaxamento e das pausas.
Assim que a criança adquire uma coordenação global dos movimentos e
uma ritmicidade espontânea, já poderão ser introduzidos a ela tempos
ritmados através de danças cantadas, por exemplo.
A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada,
com pontuação e entonação inadequadas.
Na parte gráfica, as dificuldades de ritmo contribuem para que a criança
escreva duas ou mais palavras unidas, adicione letras nas palavras ou omita
letras e sílabas.
ŹDesenvolvimento de percepção musical
Quando se fala em desenvolvimento de percepções, é importante que o
professor saiba que estas atividades não têm como objetivo desenvolver
excelência, mas sim talentos. É um trabalho, sobretudo de estimulação e,
como tal, busca-se, a partir dele, criar uma referência no universo infantil para
as questões que envolvem a musicalização ou a vocalização.
Estes trabalhos com as percepções musicais podem ser desenvolvidos
a fim de que a criança apure a audição para o reconhecimento e a prática da
fala, mas também para criar uma audição seletiva para a musicalização que
envolve cada ambiente, seja ele educacional ou não.
Dessa forma, todo tipo de trabalho que envolve a sonorização é bem-
vindo à escola. Cantiga de roda, músicas das mais diversas origens e
orientações, poesias e reproduções sonoras são algumas das infinitas
atividades que podem ser desenvolvidas no espaço escolar.
Uma das maiores preocupações é o modo como as crianças têm
acesso aos conhecimentos e, portanto, às variadas formas de estruturação do
saber. Teóricos, pais e profissionais das mais diversas áreas, buscando
31
aprimorar e desenvolver um modelo capaz de cotejar um desenvolvimento
amplo; na visão de alguns holísticos, que dê conta de uma gama muito maior
de habilidades, chegam facilmente a uma das respostas: a música está sim na
base sobre a qual desenvolverá as competências nos indivíduos.
A escola, por sua vez, tem total condição de fomentar este trabalho,
visto que para tal não há necessidade de grandes investimentos físicos, mas
sobretudo intelectual.
Tipos de músicas que podem ser trabalhadas na escola:
ĺMúsicas folclóricas
ĺSons bucais
ĺSons da natureza (vento, chuva, trovão, raio, mar)
ĺRisadas
ĺChoro
ĺSons de pássaros
Atividades que podem ser desenvolvidas a partir da música:
ĺAtividades para explorar sons do próprio corpo (usando pés, mãos,
estalando dedos, batendo dedo no peito, palmas);
ĺAtividades para movimentar-se a partir de sons.
2.3-Brincadeiras e jogos infantis
Segundo Lopes (2001) os jogos podem ser classificados de várias
formas, no entanto a melhor maneira de concebê-los é encarando-os como
forma de crescimento psicossocial. O jogo pode ser descrito de três formas:
jogos afetivos, jogos cognitivos e jogos corporais (Psicomotores).
32
2.3.1-Os jogos afetivos
São aqueles que possibilitam que as crianças tenham trocas afetivas
intensas durante a sua realização. A princípio, todos os jogos podem
desencadear estas concepções, no entanto há jogos em que estes aspectos
estão bem mais presentes.
É durante eles que a criança é testada a colocar em prática ações, em
que o amadurecimento é mostrado.
2.3.2-Os jogos cognitivos
São aqueles que estão mais voltados ao desenvolvimento do raciocínio
lógico-matemático. Estes jogos são práticas que requerem grandes períodos
de atenção e de concentração.
2.3.3-Os jogos corporais ou psicomotores
São aqueles que cobram uma boa dose de atividade motora. Para estes,
é necessário que a criança coloque seu corpo à disposição da atividade que
está sendo desenvolvida. Crianças com bom desenvolvimento motor costumam
figurar entre as lideranças das turmas ou dos grupos sociais que a pertencem.
A atividade corporal desenvolve múltiplas perspectivas da criança em
relação ao mundo e ao outro parceiro de descobertas e de realizações. Para
isso, é necessário que estes jogos cobrem verdade de gestos e de linguagem
corporal. Expressão, cirandas e danças são atividades que não podem faltar
nestas práticas.
Jogar é uma atividade natural do ser humano. O jogo faz com que a
criança se envolva com o que está fazendo, colocando seu sentimento e
emoção através da ação.
O jogo integra os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais e seria
muito interessante todos os profissionais da área e o professor criarem
oportunidades para que a emoção permita aos alunos participarem ativamente
33
do processo ensino-aprendizagem. A psicomotricidade pode ajudar muito,
através de exercícios preparatórios, tais como o brinquedo cantado entre
outros.
2.4 - A estruturação espacial
Lembremos que o esquema corporal é a tomada de consciência, pela
criança, de possibilidade de agir e de expressar-se.
A estruturação espacial funciona como estruturação do mundo exterior
referindo-se primeiro ao referencial, depois a outros objetos ou pessoas em
posição estática ou em movimento. É a tomada de consciência da situação de
seu próprio corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que
pode ter em relação às pessoas e coisas; a tomada de consciência da situação
das coisas entre si; ou ainda a possibilidade, para o sujeito, de organizar-se
perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em
um lugar, de movimentá-las.
A todo instante, a criança encontra-se em um espaço bem preciso onde
lhe é solicitado que se situe (está sentada em uma cadeira, diante de uma
mesa etc.), que situe os objetos um em relação ao outro (a vasilha de tinta
encontra-se ao lado de sua folha, o pincel está dentro da vasilha de tinta) e que
se organize em função do espaço de que dispõe (espontaneamente a criança
desenha um sol no canto superior da folha, uma casa no meio e uma árvore à
direita da casa).
Portanto, a estruturação espacial é parte integrante de nossa vida; aliás,
é difícil dissociar os três elementos fundamentais da psicomotricidade: corpo-
espaço-tempo, e quando operamos com toda essa dissociação, limitamo-nos a
um aspecto bem preciso e restrito da realidade.
Entretanto a clareza obriga-nos a tratar desses aspectos
separadamente, mas é evidente que nossa abordagem sobre criança deve
considerar o conjunto. Assim, quando desejamos que adquira uma noção
espacial, não podemos deixar de levar em conta suas possibilidades e
34
conhecimentos corporais, sua emotividade (diante do educador e das outras
crianças), o tempo de que dispõe seu próprio ritmo.
2.4.1-Orientação espacial
Quando a criança domina os diversos termos espaciais, ensinamo-lhe a
orientar-se, isto é: poder virar-se, ir para frente, para trás, para a direita, para a
esquerda, etc.; poder ficar em fila.
Nesta etapa a criança:
ĺ aprende a orientar os objetos: deverá colar um adesivo no alto da folha
conforme orientação do educador;
ĺ deve perceber, nas discriminações visuais, o que se encontra orientado na
mesma direção;
ĺ deve adquirir direção gráfica; deve situar um objeto segundo a colocação
ordinal.
A importância dessa etapa nas aprendizagens escolares dispensa
comentários.
2.5 - Conceito de imagem do corpo e sua evolução
A imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as funções
psicomotoras e a sua maturidade. Ela não corresponde só a uma função, mas
sim a um conjunto funcional cuja finalidade é favorecer o desenvolvimento. A
atividade motora e sensório-motora, graças à qual o indivíduo explora e
maneja o meio, é essencial na sua evolução.
A educação psicomotora se torna um meio prático de ajudar a criança a
dispor de uma imagem do corpo operatório, a partir da qual poderá exercer sua
disponibilidade. Esta conquista passa por vários estágios de equilíbrio, que
correspondem aos estágios da evolução psicomotora.
35
A etapa do “corpo vivido” termina na primeira imagem do corpo
identificado pela criança como seu próprio EU.
A etapa do “corpo percebido” corresponde à organização do “esquema
corporal”. Antes deste período, este conceito não tinha fundamento na medida
em que descrevia uma atitude perceptiva, cujo desenvolvimento só era
possível depois da chegada da maturação da função de interiorização. A partir
deste período, à imagem visual do corpo estarão associadas às sensações
cinestésicas correspondentes.
A estruturação do esquema corporal organiza-se a partir de uma estreita
interligação entre as duas imagens. Como resultado, a criança dispõe de uma
imagem do corpo “operatório” no sentido piagetiano, um suporte que permite
programar mentalmente ações em torno do objeto e também em torno do seu
“próprio corpo”.
“A corrente educativa em psicomotricidade tem nascido das
insuficiências na Educação Física que não teve condições de corresponder às
necessidades de uma educação real do corpo”. (Le Boulch, 1986, p.23).
2.5.1-A criança na descoberta do seu próprio eu
No fim do período do “corpo vivido”, em torno dos 3 anos, é que a
criança reconhece seu corpo como objeto.
Esta aquisição tardia é bem posterior à descoberta do “objeto libidinal”,
depois do “objeto permanente”, piagetiano. Até então a criança nomeava-se
em terceira pessoa, nesta etapa que ela vai começar a usar os pronomes. O
eu, o meu, a minha adquirem todo o sentido como forma de expressão da
personalidade da criança.
Aos 3 anos, esta experiência vivida da criança chega ao fim com o
reconhecimento de seu corpo como objeto. As urgências da adaptação no
mundo exterior têm sido resolvidas de forma global, graças ao jogo da função
de ajustamento. Resta agora integrar esta experiência a um nível mais
consciente, permitindo uma consciência melhor do vivenciado.
36
Le Boulch justificava a introdução da educação psicomotora no ensino
primário: ”em todos os casos onde os transtornos de relação fundamental entre
o EU e o mundo são evidentes, a reeducação psicomotora tem permitido obter
resultados espetaculares. Isto também é válido para crianças normais durante
todo período de maturação de seu esquema corporal”. (Le Boulch, 1986, p.24).
Em resposta a Le Boulch, o trabalho de Comissão de renovação
pedagógica para o primeiro grau deu seu apoio:
“A educação psicomotora deve ser considerada como
uma educação de base na escola primária. Ela
condiciona todos os aprendizados pré-escolares e
escolares; leva a criança a tomar consciência de seu
corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar
o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus
gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser
praticada desde a mais tenra idade; conduzida com
perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de
corrigir quando já estruturadas...” (Comissão de
renovação pedagógica, apud Le Boulch ,p.24/25).
Decreto ministerial de 7 de agosto de 1969 colocava o horário semanal
de seis horas na prática de educação psicomotora.
2.5.2-O que oferece a educação pelo movimento?
Os argumentos geralmente invocados para justificar a educação
psicomotora na escola primária colocam em evidência seu papel na prevenção
das dificuldades escolares.
Menosprezar a influência de um bom desenvolvimento psicomotor, seria
limitar a importância da educação do corpo e recair numa atitude intelectualista.
É de bom tom conferir à educação psicomotora todas as virtudes no
“desenvolvimento total” da pessoa.
37
“O esquema corporal é a base fundamental da função de
ajustamento e o ponto de partida necessário de qualquer
movimento” (Le boulch, 1986, p.24).
2.6-A evolução psicomotora dos 3 aos 6 anos
Estruturação perceptiva
O estágio dos 3 aos 6 anos é um período transitório tanto na
estruturação espaço- temporal quanto na estruturação do esquema corporal. A
educação psicomotora deve preparar a criança a passar sem produzir uma
ruptura entre o universo mágico no qual se projeta sua subjetividade e o
universo onde reina uma organização e uma estrutura.
O jogo da função de ajustamento continua global e desenvolve-se em
dois planos. Por um lado, está submetido a uma intencionalidade práxica que
permite à criança resolver os problemas motores e, por outro lado, a expressão
do corpo traduz as experiências emocionais e afetivas conscientes e
inconscientes. O jogo simbólico adquire muita importância na medida em que,
agindo num mundo imaginário, a criança pode satisfazer seus desejos.
2.6.1-O desenvolvimento motor da criança de 3 anos
A criança de 3 anos que tem se beneficiado num ambiente humano
afetivo, que, graças à ajuda materna, tem podido se confrontar no mundo dos
objetos com sucesso e que não tem sido superprotegida ou, ao contrário, muito
livre, deve ter uma motricidade espontânea harmoniosa. Seus deslocamentos
não são mais problemas, o equilíbrio está assegurado, a coordenação braços-
pernas tem se adquirido e a motricidade é perfeitamente rítmica. Sobe e desce
escadas rapidamente e tem adquirido muita “habilidade” no plano da
coordenação óculo-manual. Bebe sem derramar o líquido, agarra a colher e o
garfo entre o polegar e o indicador. Deve ter adquirido um bom controle
esfincteriano e começa a se vestir só.
38
Uma das características essenciais de gestos, movimentos e atitudes
das crianças de “escola maternal” é sua espontaneidade e sua naturalidade.
Toda manifestação contrária-inibição, rigidez, tensões desnecessárias,
incoordenação, arritmia, sincinesias-são expressões de dificuldade que a
criança apresenta na organização de sua personalidade.
É nesta idade que as gesticulações e movimentos da criança podem
realizar-se em toda sua plenitude e não estão cerceados por oposições
racionais. A espontaneidade motora durante as atividades de exploração
permite à criança experimentar e continuar enriquecendo sua bagagem
práxica.
Neste estágio, a criança dirige intencionalmente as explorações a um fim
determinado. O bem-estar corporal que adquiriu em etapas precedentes lhe
permite agir com segurança e chegar a um fim determinado sem dificuldade.
Dispõe de uma verdadeira memória do corpo, carregada de afetividade e
orientada também pelo afeto depende de suas experiências vividas
anteriormente com sucesso e valorizadas pelo adulto.
Espontâneo não quer dizer cego. A energia usada no movimento não é
impulsiva; já tem certo controle cortical. O equilíbrio entre o nível energético e
de inibição ativa é função da ajuda que o meio familiar tem dado à criança, em
particular na forma de propor e mantendo um certo número de interdições.
A ação educativa da escola maternal será, dentro do possível,
desenvolver esta espontaneidade adaptada ao ambiente, visando o
desenvolvimento das habilidades psicomotoras já adquiridas pela criança.
2.6.2-Expressão e movimento
Até os 3 anos, os interesses da criança estão sobretudo centrados no
mundo exterior e, em especial, sobre o aspecto práxico do movimento. É
importante salientar o jogo simbólico através do qual se observa o papel
expressivo do movimento.
39
Tornando-se consciente, esta expressão perde sua espontaneidade no
momento em que a criança se dá conta do efeito que ela produz na outra
pessoa. Aos 4 anos, a criança está consciente de suas atitudes e entra na
“idade da comédia”, multiplicando as suas fisionomias, sorrisos, através dos
quais ela “mostra-se interessante”.
A criança, durante o jogo expressivo, vai poder identificar-se aos
personagens sociais marcantes: professor da escola, bombeiro, heróis de
desenhos. Gostará muito das transformações, das fantasias. A possibilidade de
fazer e compreender diversas atitudes permitem o intercâmbio com a outra
pessoa. Este intercâmbio é o sinal de socialização.
2.6.3-Jogos simbólicos e imaginação
Até agora os jogos funcionais tornaram possível à
criança confrontar-se com o mundo dos objetos, permitindo-lhe
a aquisição de numerosas praxias e desenvolvendo sua função
de ajustamento. A emergência da função de interiorização, que
é paralela ao rápido desenvolvimento da função simbólica, vai
passar além do jogo funcional ao jogo simbólico, verdadeira
atividade projetiva própria para criar um universo mágico onde
o real e o imaginário se misturam.
2.6.4-Reforço verbal dessas percepções
É importante que as experiências perceptivas da criança em relação a
seu próprio corpo estejam associadas à verbalização. A denominação das
diferentes partes do corpo, que corresponde a um nível de utilização da função
simbólica, deverá seguir passo a passo as verdadeiras aquisições feitas no
plano cinestésico. Não se deve cometer o erro de fazer a criança aprender
verbalmente os nomes das diferentes partes do corpo sem relacioná-las a uma
experiência perceptiva suficiente.
40
Desaconselha-se também certas práticas freqüentes que consiste em
nomear as partes do corpo em uma imagem ou uma boneca. Deve ser
proposta uma associação cinestésica verbal referida à percepção visual e não
só uma associação verbo-visual.
A criança que entra na escola maternal, no fim do período do “corpo
vivido”, deverá dispor de uma motricidade global bem organizada
temporalmente. O caráter rítmico do movimento espontâneo lhe confere sua
harmonia e sua coordenação. O primeiro trabalho do ritmo consiste em deixar
expressar o próprio tempo da criança durante os jogos da criança e as
atividades de expressão livre.
A atividade psicomotora não tem por objetivo fazer a criança adquirir os
ritmos, senão favorecer a expressão de sua motricidade natural, cuja
característica essencial é a ritmicidade, sendo complementada pela prática de
cirandas e danças cantadas.
2.7 - Necessidades biopsicofisiológicas da criança.
Formação Física: é o alcance dos níveis gerais e satisfatórios para o
desenvolvimento corporal, orgânico, postural e motor.
Desenvolvimento e Ajustamento da Psicomotricidade: é o responsável
pelo desenvolvimento do acervo motor da criança. Novas estruturas
psicomotoras são encorporadas e experiências motoras adquiridas são
ajustadas.
Aptidões perceptivas e estruturação espaço temporal são desenvolvidas,
melhorando o esquema corporal.
Objetivos específicos:
ŹEsquema Corporal:
ĺ Reconhecer as possibilidades cinéticas do corpo,
através de movimentos que o afetem, como uma totalidade;
41
ĺReconhecer o corpo, no seu todo, e diferenciar cada uma de suas
partes, por meio do movimento;
ĺRealizar movimentos independentes e interdependentes, com os
diversos segmentos do corpo;
ĺ Definir sua dominância lateral.
ŹOrientação Espaço-Temporal:
ĺ Orientar-se no espaço, discriminando localização, direção e
dimensão;
ĺ Movimentar-se, discriminando diferentes momentos do tempo, seu
curso regular e seu fracionamento;
ĺ Identificar e efetuar movimentos, discriminando as diferentes
velocidades e trajetórias, no deslocamento do corpo e objetos.
42
CAPÍTULO III
3.1-Cirandas e danças cantadas
Além de ter grande valor, o folclore infantil, transmitido de geração em
geração, mantém a tradição pitoresca, a simplicidade, a carga afetiva e
contribui para a educação rítmica e a formação musical das crianças pequenas.
Em particular, as crianças que têm dificuldades em coordenação global
encontrarão um suporte privilegiado para alcançar, com o movimento, certa
harmonia e certo bem-estar, fontes de prazer. Com efeito, o caráter coletivo
destas danças, a participação do professor, o canto que acompanha, fazem
com que cada criança possa participar ativamente, com alegria geral, e
encontre, nesta atividade, uma segurança e uma situação favorável à
expressão motora liberada. Independentemente destas condições afetivas
essenciais, dois outros fatores jogam um papel importante do ponto de vista
psicomotor:
A relação corporal estreita que une essas crianças, na medida em que
elas se dão as mãos. Nesta situação, o deslocamento dos mais desinibidos
estimula os mais tímidos, induzindo uma organização temporal: as pernas de
uns levam as pernas dos outros. A roda é como a família:é o princípio do
grupo, dando a sensação de pertencer a ele. É por isso que a criança
demonstra satisfação de estar de mãos dadas com as outras, de participar dos
mesmos gestos, dos mesmos movimentos, porque sente pertencer à roda.
O objetivo principal do Brinquedos Cantados é contribuir para contribuir
para a educação integral da criança, tanto no aspecto físico, psicológico e
social formando o verdadeiro cidadão.
A associação do canto e do movimento permite à criança sentir a
identidade rítmica, ligando os movimentos do corpo e os sons musicais.
43
Estes sons musicais cantados, emitidos pelas crianças e ligados à
própria respiração, não têm o caráter agressivo que pode revestir um tema
musical no qual a criança deve adaptar-se aos exercícios de sincronização
sensório-motora. Esta atividade representa um estágio prévio ao ajustamento a
um suporte musical imposto à criança.
3.2-Brinquedos do Folclore Brasileiro
Uma das atividades físicas mais aplicáveis à recreação das crianças é,
sem dúvida, o brinquedo cantado, por ser uma atividade lúdica que ajuda a
desenvolver os esquemas motores das crianças, principalmente no período
pré-escolar, além de contribuir no processo de socialização.
Em todas as partes do mundo, ao passarmos por uma rua, onde
crianças brincam despreocupadamente, é comum ver, de maneira natural e
espontânea, a utilização do brinquedo cantado, em qualquer das suas formas.
Impossível determinar-se o seu aparecimento através do tempo. Sempre
existiram, entre todos os povos, através do cancioneiro folclórico infantil, para
alegria das crianças e de todos, quer através das cantigas de ninar, das toadas
ou das cantigas avulsas.
Sua origem pode ser rebuscada nos restos de velhas cerimônias dos
povos do passado, em caráter de jogos e folguedos e, posteriormente, em
formas de entretenimento das crianças.
3.3-A influência dos Brinquedos Cantados na formação
integral da criança
Não faz muito tempo que os Brinquedos Cantados foram reconhecidos
como fator de educação. Primeiro, precisou-se evidenciar o valor pedagógico
do jogo e da música vocal em coro para se chegar depois, a ver nos
brinquedos cantados, poderoso elemento educativo.
44
Os Brinquedos Cantados atuam também na educação motora da criança
oportunizando o desenvolvimento do ritmo e de suas estruturas temporais,
organizando seus movimentos no espaço e influindo na dominância da
lateralidade, que é a preservação integrada dos dois lados do corpo, quando a
criança é solicitada a apresentar a mão direita, perna direita, mão esquerda,
perna esquerda e assim por diante.
Permitem uma grande variedade de atividades cada qual com suas
oportunidades diferentes para o desenvolvimento destas habilidades. Por
representar a vantagem da associação do jogo ao canto coletivo, os
Brinquedos Cantados visam estimular o aparelho motor da criança em sua
necessidade de movimentar-se, através de harmoniosos movimentos da
cabeça, dos braços, das mãos, bem como batidas de mãos e pés, juntamente
com passos de dança. Esta iniciação à dança educa o senso rítmico, firmando
a voz, desenvolvendo a acuidade auditiva, solicitando movimentos respiratórios
mais amplos. Aprimora a memória auditiva e ajuda na evolução do esquema
corporal, promovendo o conhecimento intelectual das partes do corpo. “O
esquema corporal é um elemento básico para a formação da personalidade da
criança, pois reflete o equilíbrio entre as funções psicomotoras e suas
maturidade” (Bueno, 1998, p.132).
Enfim, os Brinquedos Cantados têm como finalidade proporcionar um
ensino prazeroso respeitando a alegria, a ludicidade e a expressão espontânea
da criança.
3.4-O brinquedo cantado e sua incidência sobre a
escolaridade
Para a maioria das crianças que passam por dificuldades de
escolaridade, a causa do problema não está no nível da classe a que
chegaram, mas bem antes, no nível das bases.
45
Os elementos básicos ou “Pré-Requisitos”, condições mínimas
necessárias para uma boa aprendizagem, constituem a estrutura da educação
psicomotora.
Uma criança cujo esquema corporal é mal constituído não coordena
bem os movimentos. Na escola a caligrafia é feia e a leitura inexpressiva, não-
harmoniosa: a criança não segue o ritmo da leitura ou então pára no meio de
uma palavra.
Uma criança cuja lateralidade não está bem definida encontra
problemas de ordem espacial, não percebe a diferença entre seu lado
dominante e o outro lado, não distingue a diferença entre esquerda e direita, é
incapaz de seguir a direção gráfica (leitura começando pela esquerda).
Igualmente não consegue reconhecer a ordem de um quadro.
Os problemas quanto à orientação temporal e orientação espacial,
como, por exemplo, com a noção de antes e depois, acarretam principalmente
confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba. A criança sente
dificuldade em reconstruir uma frase cujas palavras estejam misturadas sendo
a análise gramatical um quebra-cabeça para ela.
Uma má organização espacial ou temporal acarreta dificuldade em
matemática. Com efeito, para calcular a criança deve ter pontos de referência,
colocar os números corretamente, possuir noção de fileira e coluna; deve
conseguir combinar as formas para fazer construções geométricas.
Como percebemos, a psicomotricidade pesa consideravelmente sobre o
rendimento escolar.
Através de avaliação, podemos descobrir as causas de possíveis
lacunas ou perturbações psicomotoras e saná-las ou atenuá-las através de
exercícios/atividades psicomotoras específicas.
“As parlendas e cantigas são manifestações riquíssimas
da nossa cultura, refletindo muito sobre nossa história e
nossos costumes. Muitas delas têm origem em outras
46
culturas (Portuguesa, Indígena, Africana) e foram
mesclando-se com a cultura popular, transformando-se
hoje em um cancioneiro rico e diverso” (José Aristodemo
Pinotti, 2006, p.83).
Para Novaes (1983):
“O brinquedo ou cantiga de roda é, sem dúvida, uma
atividade de grande valor educativo. É modalidade de
jogo muito simples e, por incluir tradição, música e
movimento, constitui-se num poderoso agente
socializador” (p.7).
De acordo com Net (1995) os objetivos da Educação Física no âmbito
desenvolvimentista devem ser os seguintes:
Proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento motor e lúdico;
Estimular o desenvolvimento da habilidade perspectiva para melhoria do
controle motor;
Estimular a aquisição e o aperfeiçoamento de padrões motores
fundamentais;
Estimular a aquisição de habilidades motoras básicas e específicas;
Proporcionar à criança condições que favorecem o desenvolvimento das
habilidades de solução de problemas motores.
Para Le Boulch (1982) “Desde o início do desenvolvimento psicomotor
inicia-se o processo de socialização, uma vez que o equilíbrio da pessoa só
pode ser pensado pela e na relação com outrem” (p.37).
Através destes elementos a criança se percebe e os seres e as coisas
que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá
graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de
suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. A criança se
47
sentirá bem à medida que seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em
que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas também para agir.
3.5-O comportamento do professor com relação ao aluno
O comportamento de um professor que quer trabalhar com
psicomotricidade é sempre de um observador, afinal, é nas atividades diárias
que este profissional vai introduzindo práticas com objetos psicomotores. Ele
facilita o desenvolvimento da capacidade de aprender, dando à criança tempo
para as suas próprias descobertas, oferecendo situações e estímulos cada vez
mais variados, proporcionando experiências concretas e plenamente vividas
com o corpo inteiro; não deixar que sejam transmitidas apenas verbalmente,
para que ela própria possa construir seu desenvolvimento global.
Não se podem dissociar as execuções. Motricidade deve estar ao lado
da afetividade. São estes dois aspectos que se juntam para formar uma
concepção maior que chamamos de trabalho psicomotor. Portanto, o
comportamento é uma atitude de o professor não desqualificar as relações
vividas pelos alunos nos ambientes educativos. Pelo contrário, é fazer com que
cada ação, por mais simples que seja, possa ser percebida pelo aluno na sua
complexidade e na sua essência.
O aluno precisa encontrar o outro aluno nas relações diárias. É este
encontro que possibilitará a socialização e a humanização das relações. Para
isto acontecer e para que o aluno possa viver os problemas e as conquistas
destes atos, é imprescindível que o comportamento do professor seja de um
observador/interventor, nunca de vigia, que policia e castiga. O observador
chama a atenção, provoca a intervenção e continua a observação. Se houver
necessidade de repreensão, ela se dará naquele contexto, com as
especificidades daquele clima e, portanto, será sempre melhor absorvida por
todos.
Os materiais são sempre importantes na prática docente. Eles ampliam
nossas ações, eles possibilitam que as crianças possam intervir e se relacionar
48
com objetos concretos, tornando o processo educativo mais próprio e mais
pertinente.
Os ambientes psicomotores educativos são aqueles em que se busca
explorar cada ação acontecida ali. Toda e qualquer relação humana tem que
ser considerada porque a criança está em pleno momento de construção de
referências para ela e para o mundo. É neste momento em que a criança está
elaborando e apurando sua forma de olhar para o mundo e sua forma de
concebê-lo. Também é neste momento em que a criança está buscando qual é
o lugar dela no meio de adultos e como os adultos vão abrindo espaços para
que ela possa ocupar.
Também é neste momento que o corpo está em pleno desenvolvimento
orgânico. A criança já fala, já anda e, portanto, já pode executar movimentos
que até então eram somente observados.
Para que este desenvolvimento tome a concepção mais lúdica que aqui
está sendo proposta, é a brincadeira infantil, é a expressão corporal, é o
movimento que fazem com que a criança chegue até o seu pleno vigor de uma
forma muito mais prazerosa, no entanto, se sabe que nem sempre as coisas
são desta maneira.
A criança vai encontrar obstáculos pelo caminho. Estes obstáculos são
bons momentos para que elas possam desenvolver mecanismos e ferramentas
de inserção social. Mas nem só de perda, de problemas e de dores se constrói
um homem forte. A alegria, as brincadeiras e a ludicidade também fazem parte
da construção do homem.
Quanto mais a criança tiver uma boa imagem de si, quanto mais a
criança se reconhecer como única no meio da multiplicidade das diferenças,
mais ela terá condições de perceber o outro, que afinal também será diferente.
Le Boulch (1982) afirma que a imagem do corpo representa uma forma
de equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade. Ela não
corresponde só a uma função, mas sim a um conjunto funcional cuja finalidade
é favorecer o desenvolvimento.
49
Se esta educação tem muita importância, ela deve ser zelada enquanto
a criança tem plenas condições de desenvolvimento. O difícil é perceber que o
trabalho psicomotor ainda encontra muitas resistências nos espaços de
educação infantil. Muitos profissionais, muitas escolas e muitos materiais
usados nas escolas deixam a psicomotricidade para um segundo plano ou às
vezes simplesmente ignoram-na. Com isto, a criança acaba perdendo o
momento certo para desenvolver suas coordenações motoras, suas
percepções temporais, suas percepções espaciais, sua lateralidade e,
principalmente, acaba sendo pouco estimulada para outras atividades como
música, dança, pintura e também para o encontro com o outro, que é sem
dúvida, a perda maior.
Le Boulch defende que a educação psicomotora deve ser considerada
uma educação de base da escola primária. Ela condiciona todos os
aprendizados pré-escolares e escolares; leva a criança a formar consciência do
próprio corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a
adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos.“A educação
psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com
perseverança, permite previnir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas”. (1982, p.26)
A defesa que Le Boulch faz da educação motora na mais tenra idade já
é a defesa de muitos outros teóricos da educação infantil e, portanto, também
da educação básica, seja ela escola regular ou escola especial.
Ainda segundo Le Boulch (1982), as crianças que apresentam um bom
desenvolvimento psicomotor e uma gama considerável de gestuais exercem
grande domínio sobre as outras crianças e ambientes onde não encontram
concorrentes.
No período maternal, é bastante fácil perceber estas práticas. Crianças
que lideram as demais para qualquer tipo de atividade, mesmo que seja para
“aprontar algo”.
50
Essa capacidade está ligada às possibilidades reais apresentadas pela
própria criança, capacidades estas ainda meio sem definições ou
especificidades. Aí entram os educadores para canalizar todas essas
potencialidades apresentadas pela criança.
“Saber discernir quando um fato pode e deve ser usado
como troca de experiência é saber o significado da
palavra sabedoria, que só vem com a vivência e, quase
sempre, de fora da sala de aula. Saber encontrar em
cada um dos alunos algo que o faça especial e, portanto
único, é também o dever daqueles que estão na
condução desse processo. Penso que os insucessos e
as falhas de relacionamento interpessoais devem ser
trabalhados pela escola, afinal ignora-los seria
infantilidade, pinta-los de tons irreais. Mas lembrar que a
escola não é e não deve ser nunca o lugar da excelência,
eis nossa missão mais sublime” (Le Boulch,1982, p.38).
Os recursos e as ferramentas que podem ser percebidos pela criança
lhe serão muito importantes para garantir suas inserções sociais, sua
socialização e sua interação com o mundo real, porém que eles não sejam
desenvolvidos apenas como defesa do medo, mas, sobretudo, como
mecanismos de entendimento do medo, aqueles elaborados pelos ambientes.
3.6 - A psicomotricidade na vida social e afetiva da
criança
Uma criança cujo desenvolvimento psicomotor ocorre harmoniosamente
estará equipada para uma vida social próspera no momento em que encontra
confiança em si e convive com companheiros de brincadeiras, simplesmente
51
pelo fato de lhe termos ensinado a perceber melhor seu corpo ou o espaço que
a cerca.
A psicomotricidade ajuda a viver em grupo. Nos exercícios psicomotores
as crianças devem respeitar as regras dos jogos. Cada uma compreende que o
desrespeito às regras torna o jogo impossível ou injusto e, por essa meio,
aceita mais facilmente as regras da vida social. Os jogos coletivos ajudam a
viver em sociedade.
3.7-Brinquedos cantados e áreas psicomotoras
trabalhadas
Música: Cabeça, ombro, perna e pé.
I
Cabeça, ombro, perna e pé.
Perna e pé
Cabeça, ombro, perna e pé.
Perna e pé
Olhos, ouvidos, boca e nariz.
Cabeça, ombro, perna e pé.
Perna e pé
II
Ombro, cotovelo, pulso e mão.
Pulso e mão
Ombro, cotovelo, pulso e mão.
Pulso e mão
Olhos, ouvidos, boca e nariz.
52
Cabeça, ombro, perna e pé.
Perna e pé
Áreas Psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
lateralidade, ritmo, coordenação óculo-manual, atenção.
Execução: Aqui todas as partes do corpo são citadas. O
jogo é uma cantiga de roda e, na medida em que as partes do
corpo forem nomeadas e apontadas pelo professor, as crianças
deverão apontá-las com as mãos.
Música: Um atrás do outro
Ande, ande amiguinho,
Ande, ande devagar.
Ande, ande atrás do outro.
Sem a roda desmanchar.
Variações: Pular, correr, saltar, marchar.
Áreas Psicomotoras trabalhadas: sociabilidade,
atenção, rapidez de reação, percepção espacial, coordenação
motora, noção espaço temporal.
Execução: as crianças deverão fazer uma roda e
realizar os movimentos que a música pede.
53
Música: ciranda, cirandinha
Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar,
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar.
O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
Senhora dona Chica,
Entre dentro desta roda,
Diga um verso bem bonito,
Diga adeus e vá-se embora.
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
orientação espaço temporal, ritmo, lateralidade, imagem
corporal.
Execução: as crianças deverão fazer uma roda e
realizar os movimentos que a música pede.
Música: Pai Francisco
Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão,
Bambaram bambão.
54
Vem de lá seu delegado,
E Pai Francisco
Foi pra prisão.
Como ele vem, todo requebrado, parece um boneco
desengonçado.
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
orientação espaço temporal, ritmo, equilíbrio.
Execução: as crianças deverão fazer uma roda e
realizar os movimentos que a música pede.
Música: Mexendo depressa
Cabeça, ombro, joelho e pé,
Joelho, pé, cabeça e ombro,
Cabeça, pé, joelho e cabeça,
Ombro, joelho, cabeça e pé.
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
ritmo, coordenação motora ampla, atenção.
Execução: Aqui todas as partes do corpo são citadas. O
jogo é uma cantiga de roda e, na medida em que as partes do
corpo forem nomeadas e apontadas pelo professor, as crianças
deverão apontá-las com as mãos e verbaliza-las.
55
Música: Sambalelê
Sambalelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada,
Sambalelê precisava
É de uma boa lambada...
Samba, samba, samba,
O lelê
Samba, samba, samba,
O lalá
Samba, samba, samba,
O lelê
Pisa na barra da saia
O lalá...
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
ritmo.
Execução: As ações pedidas pela música devem ser
interpretadas pela criança.
56
Música: Vamos passear no bosque
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está acordando...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está escovando os dentes...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está tomando banho...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
57
Está botando a roupa...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está calçando o sapato...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está vestindo o casaco...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está pegando a chave...
Vamos passear no bosque, enquanto
seu lobo não vem...
Seu lobo está em casa?
Está...
Quê que ele está fazendo?
Está abrindo a porta...
58
Ai! Socorro! Socorro!
Lá vem seu lobo!
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
ritmo, coordenação motora ampla, percepção espacial.
Execução: Aqui são citadas várias ações. Na medida
em que forem citadas pelo professor, as crianças deverão
realizar os gestos que indiquem as ações.
Música: Minha boneca de lata
Minha boneca de lata
Bateu a cabeça no chão.
Levou mais de uma hora pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui pra ficar boa.
Minha boneca de lata
Bateu o nariz no chão.
Levou mais duas horas pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui, desamassa ali,
Pra ficar boa.
Minha boneca de lata
Bateu a barriga no chão.
Levou umas três horas pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui, desamassa ali, desamassa aqui,
Pra ficar boa.
59
Minha boneca de lata
Bateu o bumbum no chão.
Levou umas quatro horas pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui, desamassa ali,
desamassa aqui, desamassa ali,
Pra ficar boa.
Minha boneca de lata
Bateu com o joelho no chão.
Levou umas cinco horas pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui, desamassa ali,
desamassa aqui, desamassa ali, desamassa aqui,
Pra ficar boa.
Minha boneca de lata
Bateu com o pé no chão.
Levou umas seis horas pra fazer a arrumação.
Desamassa aqui, desamassa ali,
desamassa aqui, desamassa ali, desamassa aqui,
desamassa ali,
Pra ficar boa.
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
ritmo, coordenação motora ampla, atenção, memória.
60
Execução: Aqui todas as partes do corpo são citadas. O
jogo é uma cantiga de roda e, na medida em que as partes do
corpo forem nomeadas e apontadas pelo professor, as crianças
deverão apontá-las com as mãos e verbaliza-las, seguindo a
coreografia.
Música: Ciranda do anel
Perdi meu anel no mar
Não pude mais encontrar
E o mar, me trouxe a concha,
De presente pra me dar.
Perdi meu anel no mar...
Olha a ciranda!
É debaixo do sol...
É debaixo da lua...
Bem no meio da praia,
Bem no meio da rua.
Pé esquerdo pra frente,
Pé esquerdo pra trás
Olha a onda do mar na
Minha mão,
Eu vou fazer uma onda do mar.
É o peixinho que pula sem parar,
Mergulhando no azul da
Onda do mar.
61
É a ciranda do anel que eu vou dançar,
Até o dia clarear.
Uma vez chorei na praia,
Pra um anel que se perdeu
Meu anel que virou concha,
Nunca mais apareceu.
Parou na goela da baleia,
Ou foi pro dedo da sereia,
Ou quem sabe um pescador
Encontrou o anel,
E deu pro seu amor.
Áreas psicomotoras trabalhadas: Esquema corporal,
ritmo, coordenação motora ampla, lateralidade, imagem
corporal.
Execução: O jogo é uma cantiga de roda e, na medida
em que o professor pedir que execute o movimento a criança
deverá imitá-lo ou criar seu próprio movimento, dentro daquilo
que é pedido na canção.
Música: Escravos de Jó
Escravos de Jô
Jogavam caxangá
Tira, bota
Deixa ficar
62
Guerreiros com guerreiros
Fazem zigue, zigue, zá!
Áreas psicomotoras trabalhadas: Ritmo, coordenação
motora ampla, lateralidade, imagem corporal.
Execução: roda com crianças sentadas, tendo na mão
um objeto qualquer. Cantando, a criança coloca o objeto que
está em suas mãos à frente da que se acha à sua direita. A
seguir, apanha o objeto deixado pelo companheiro da esquerda
e, da mesma maneira o passa a diante. Quando cantarem “tira”
todos devem levantar o objeto. Quando cantarem “bota” todos
devem recoloca-lo no lugar. No último “Zá” deixam o objeto com
o companheiro da direita.
63
CONCLUSÃO
A Psicomotricidade hoje é uma ciência da educação e visa a
representação e a expressão motora. Através da utilização mental do indivíduo.
Isso significa que ela deixou de ser utilizada isoladamente e foi enriquecida
com estudos de outras áreas da educação.
Entende-se que a psicomotricidade é capaz de desenvolver capacidades
básicas das crianças no período pré-escolar, aumentando seu potencial motor,
utilizando-o para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais.
Aos três anos a criança possui todas as coordenações neuromotoras
essenciais do seu desenvolvimento: anda, corre, pula. O que nos mostra ser o
resultado de uma maturação orgânica progressiva complementada por uma
boa educação psicomotora de base. Surgem então as aquisições motoras e
perceptivo-motoras, onde as crianças tomam consciência do seu próprio corpo,
afirma sua dominância lateral, e se posiciona em relação ao mundo exterior. O
período de três a quatro anos é essencial no que diz respeito à socialização. É
o período escolar onde a psicomotricidade deve ser desenvolvida em
atividades enriquecedoras e agradáveis aos seus praticantes. A criança precisa
se sentir segura para executar suas possibilidades.
Na educação infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter
percepção adequada de si mesma, compreender suas possibilidades e
limitações e expressar-se com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando
competências motoras.
O professor não passará de mero auxiliar neste processo, uma vez que
o verdadeiro objeto a ser lapidado é a criança, que criará, através de seu
desenvolvimento psicomotor, condições necessárias para uma boa relação
com o outro e com o mundo.
64
BIBLIOGRAFIA
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atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 2º edição. Rio de
Janeiro: ed. WAK, 2007.
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Janeiro: ed. Wak, 2007.
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Psychomotricité Éducation Et Reéducation-Tradutoras: Ana Maria Izique
Galubian e Setsuko Ono. São Paulo: ed. Manole, 1970.
65
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Infantis: Origem e desenvolvimento. Sugestões didáticas. 2ª edição. Porto
Alegre: ed. Sulina, 1990.
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canto.html. 2-2 p, acessado em 29/06/2007
Ione Maria Ramos de Paiva. Banco de teses e dissertações.
http://teses.eps.ufsc.br/resumo. 1-1 p., acessado em 30/06/2007.
67
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
BRINQUEDO CANTADO
1.1 - Definição 9
1.2 - Brincadeiras cantadas e educação 11
CAPÍTULO II
PSICOMOTRICIDADE
2.1 – Definição 16
2.2 - Elementos básicos da psicomotricidade 17
2.2.1 - O esquema corporal 17
2.2.1.1 – Etapas do desenvolvimento do
esquema corporal 20
2.2.2 – Coordenação motora ampla 25
2.2.3 - Coordenação motora fina 25
2.2.4 – Lateralidade 26
2.2.5 - Coordenação óculo-manual 28
2.2.6 - Coordenação óculo-pedal 28
2.2.7 – Equilíbrio 28
2.2.8 – Ritmo 29
68
2.3 - Brincadeiras e jogos infantis 31
2.3.1 – Jogos afetivos 31
2.3.2 – Jogos cognitivos 32
2.3.3 – Jogos corporais ou psicomotores 32
2.4 - Estruturação espacial 33
2.4.1 – Orientação espacial 34
2.5 - Conceito de imagem do corpo e sua evolução 34
2.5.1 – A criança na descoberta do seu próprio eu 35
2.5.2 – O que oferece a educação pelo movimento? 36
2.6 - A evolução psicomotora dos 3 aos 6 anos 37
2.6.1 – O desenvolvimento motor da criança de 3 anos 37
2.6.2 – Expressão e movimento 39
2.6.3 – Jogos simbólicos e imaginação 39
2.6.4 – Reforço verbal das percepções 39
2.7 - Necessidades biopsicofisiológicas da criança 40
CAPÍTULO III
CIRANDAS E DANÇAS CANTADAS
3.1-Cirandas e danças cantadas 42
3.2-Brinquedos do Folclore Brasileiro 43
3.3-A influência dos Brinquedos Cantados na
formação integral da criança 43
69
3.4-O brinquedo cantado e sua incidência sobre a
escolaridade 44
3.5-O comportamento do professor com relação ao
aluno 47
3.6-A psicomotricidade na vida social e afetiva
da criança 50
3.7-Brinquedos cantados e áreas psicomotoras
trabalhadas 51
CONCLUSÃO 63
BIBLIOGRAFIA 64
WEBGRAFIA 66
ÍNDICE 67