Os Custos da Inflação Prof. Giácomo Balbinotto Neto UFRGS.

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Os Custos da Inflação

Prof. Giácomo Balbinotto NetoUFRGS

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Os custos da inflação

- Shoeleather costs [custos de sola de sapatos];

- Menu Costs;

- Aumento da variabilidade dos preços relativos;

- mudanças não desejadas nas obrigações fiscais;

- Confusão e inconveniência;

- arbitrariedade na distribuição de renda.

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Os custos da inflação: os custos de menu

- durante o período inflacionário, é necessário atualizar as listas de preço e outros preços fixados por meio de listas;

Isto constitui-se num processo de consome recursos de outras atividades produtivas

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Os Custos da Inflação: Shoeleather Costs

" Shoeleather Costs “ são custos que surgem devido ao aumento na incerteza econômica durante o processo inflacionários. Isto ococre através de um aumento na velocidade de circulação da moeda, visto que as pessoas buscam evitar sofrer perdas do valor da moeda.

Quando inflação for elevada, a busca por informações torna-se um négócio lucrativo, pois vale a pena comparar preços e gastar mais tempo [search] e recursos em procura antes de realizar uma compra.

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Os Custos da Inflação: Shoeleather Costs

Os custos Shoe-leather costs são custos referentes, também a maiores idas aos bancos decorrentes da preseça da inflação.

Eles refletem um aumento no custo de oportunidade de se manter moeda [saldos reais de caixa].

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Os custos da inflação: aumento da variabilidade dos preços

relativos

Durante os períodos inflacionários, há uma defasagem entre os aumentos de preços. Enquanto que alguns preços são constantes, outros estão subindo.

Assim, torna-se mais díficil saber quais são os preços relativos relavantes para a tomada de decisão econômica, pois os preços se modificam de um modo irregular.

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Os custos da inflação: aumento nos impostos em termos reais

Com a inflação, rendas não ajustadas são tratadas como ganhos reais. Consequentemente, com uma taxação progressiva, aumentos nas rendas nomimais são taxadas mais pesadamente.

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Os custos da inflação: aumento nos impostos em termos reais

Quando a quantidade de moeda aumenta, o Banco Central aumenta seus lucros, pois a base monetária é utilizada para aquirir dívida pública, a qual paga uma taxa de juros positiva.

Os lucros do Banco Central são transferidos para o governo que, assim obtém mais receita – o chamado imposto inflacionário.

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Senhoriagem e Inflação

mP

M

M

dtdM

P

dtdMS

//

Imposto Inflacionário

P

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P

M /P

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P

M

dt

dM

Pdt

PMd /1)/(

Quando 0)/(

dt

PMd senhoriagem será igual ao imposto

inflacionário

P

dP

P

M

dt

dM

P

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Usando a demanda de moeda como m chegamos:* eS

Em equilíbrio estacionário: Logo: eS

A condição de maximização é::

010 ee

A elasticidade da demanda de moeda em relação a inflação:

/

///

d

mdmdtdmdm

A condição de máximo corresponde a condição de lucro máximo de Monopólio e o imposto inflacionário que maximiza a senhoriagem é aquele em que a elasticidade da base em relação ao imposto é -1

Max mS

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Os custos da inflação: confusão e inconveniência

Com a inflação, é necessário fazer-se correções constantes a fim de comparar as rendas reais, custos e lucros ao longo do tempo.

O tempo gasto na realização de tais ajustamentos poderia ser utilizado para a produção de bens e serviços.

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Os custos da inflação: distribuição arbitrária da riqueza

Com uma inflação não antecipada ou incorretamente antecipada, a riqueza é distribuida entre os devedores líquidos e credores.

Isto pode resultar em transferências de renda que não seriam, de outro modo, aceitáveis.

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Os custos da inflação: distribuição arbitrária da riqueza

Quando um país enfrenta uma inflação como a existente no Brasil [na década de 1960], o principal determinante das taxas nominais de juros passa a ser o ritmo esperado da taxa da alta geral de preços.

As previsões quanto a taxa de inflação, todavia, são inevitavelmente precárias e arriscadas, sobretudo quando se estendem a prazos não muito curtos. Esse problema conduz à redução dos prazos de operação do mercado de crédito, criando impasse de difícil solução para as operações de longo prazo.

[cf. Simonsen (1970, p.135-136)]

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Os custos da inflação: a instabilidade e a desordem salarial

Segundo Simonsen (1970) a inflação provoca uma instabilidade nos salários reais, visto que eles se tornam oscilantes pela conjugação de altas de preços contínuas com revisões intermitentes das remunerações nominais.

Some-se a isto o fato de que as hierarquias de remuneração são distorcidas pelo processo inflacionário.

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Os Custos da InflaçãoQuais os reais custos da inflação?

Os custos da inflação dependem do nível de sua taxa e de sua previsibilidade;

Quanto maior a taxa de inflação, maior será o custo,

e quanto mais imprevisível a taxa, maior será o custo.

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Estabilização aumenta a eficiência econômica

Capital financeiroCapital financeiro

Capital realCapital realCapital realCapital real

Razão de preços nãodistorcidosRazão de preços nãodistorcidos

B

G

F

EE

A

Distorção da Distorção da inflaçãoinflaçãoDistorção da Distorção da inflaçãoinflação

45°

Produto em tProduto em t11Produto em tProduto em t11

Produto em toProduto em to

Razão da distorçãodistorção de preçosRazão da distorçãodistorção de preços

CC

DD

HO

Equilíbrio inicial

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Efeitos sobre o crescimento econômico per capita de um aumento da inflação de 5% para

50% ao ano.Autores Número

de países

Período Tipo de dado Efeito sobre o crescimento

(%)

Heitger (1985) 115 1950-80 Panel data -0,9 a -4,5

Barro (1990) 117 1960-1985 Cross section insignificante e fraca

Fischer (1991) 73 1970-1985 cross section -2,1

Grimes (1991) 21 1960-1987 panel data -5,0

Roubini e Sala-i-Martin (1992)

98 1960-1985 Cross section -2,2

Montley (1994) 78 1960-1990 Cross section -1,3 a -4,5

Sarel (1996) 87 1970-1990 Panel data -5,8

Taylor (1996) EUA 1952-1993 Times series -11,2

Gylfason (1999) 105 1985-1994 Cross section -2,3

Rousseau e Wachtel (2001)

84 1960-1995 Panel data -0,14

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Efeitos sobre o crescimento econômico per capita de um aumento da inflação de 5% para

50% ao ano.Autores Número de países

Período Tipo de dado Efeito sobre o crescimento (%)

Fischer (1991) 73 1970-85 Cross-section -2,1

Gylfason (1991) 37 1980-85 Cross-section -2,0

Roubini & Sala-i-Matin (1992)

98 1960-1985

Cross-section -2,2

De Gregorio (1993) 12 1950-1985

Cross-section -0,7

Fisher (1993) 80 1960-89 Cross-section -1,8

Barro (1995) 100 1960-92 Cross-section -1,0 -1,5

Gylfason & Herbertsson (1996)

145-170 1960-92 Panel data - 0,6 ; 1,3

Barro (1997) 80-87 1960-90 Panel data 1,3-1,81,2

Bruno & Easterly (1998)

97 1961-92 Panel data -1,2

Gylfason (1991) 160 1985-94 Cross-section -2,4

Gylfason (2001) 170 1960-92 Panel data -0,6 a -1,3

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Mais inflação e menos crescimento?

100

1000

10000

100000

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Inflation distortion 1970-1995

GN

P p

er

cap

ita in

19

95

(U

SD

)G

NP p

er

cap

ita in

19

95

(U

SD

)

Argentina

BrazilMexico

Uruguay

Austria

Nicaragua

Latvia

Spain

Zambia

Ecuador

Burundi

Israel

Barbados

Sierra Leone

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Finalizando ...Por certo a estabilidade de preços não é condição suficiente para que um país cresça. Mas a teoria e o bom senso também deixam claro que a inflação dificilmente será ingrediente de uma trajetória ótima de desenvolvimento. O processo inflacionário, afinal, resulta apenas da tentativa de se implantar um conjunto de aspirações incompatíveis da sociedade, do desejo de dividir o bolo em fatias de soma superior ao todo. E a revolta contra a aritmética jamais constituiu arma eficiente para a construção do progresso de qualquer país.

Mário Henrique Simonsen (1970)

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Sites Recomendados

http://www.rep.org.br/pdf/55-9.pdf - imposto inflacionário no Brasil