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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS SABERES NA ESCOLA DO CAMPO: CONSTRUINDO UMA

IDENTIDADE PELA INVESTIGAÇÃO CAMPESINA NA CULTURA DO

CAFÉ

Autora: Maria Cristina Zuqui Laverdi1

Orientadora: Tania Aparecida Da Silva Klein2

RESUMO

As questões que nortearam este trabalho basearam-se na busca de uma identidade

para nossa comunidade escolar. Trazer para a reflexão um pensar e elaborar

coletivamente o repensar pedagógico diante do resgate de nosso jovem campesino e a

sua valorização, assim como os seus saberes pré existentes por uma organização

pedagógica eficaz e transformadora viabilizando uma discussão com a participação do

coletivo escolar, constituíram os principais objetivos da pesquisa. Durante a

implementação desta proposta realizamos ações com encontros em parceria com

universidade, fizemos sondagem com aplicação de questionários e curso presencial e a

distância, utilizamos o ambiente moodle, GTR (Grupo de trabalho em Rede), para que

realmente pudéssemos estabelecer quais os elos a serem superados, para construção

da escola do Campo. Foi possível compreender a organização dos saberes escolares

por meio da educação do campo e utilizar o tema “cultura do café” para abordar o

conhecimento científico na escola do campo. Houve envolvimento da comunidade

escolar durante as atividades propostas, fortalecendo a construção da identidade

campesina local.

Palavras- chave: Conhecimento. Jovem Campesino.Identidade.Valorização.

1Professora do Colégio Estadual do Campo Flórida do Ivaí, Grandes Rios, PR. Especialista em Formação

do Magistério do Ensino de 1º. e 2º. graus e Educação Especial. Graduada em Ciências Biológicas. E-mail: [email protected]. 2Professora Adjunta do Depto.de Biologia Geral da Universidade Estadual de Londrina. Doutora em

Ensino de Ciências e Educação Matemática pela UEL.

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1 INTRODUÇÃO

Este artigo faz parte da proposta do Programa De Desenvolvimento

Educacional Do Estado do Paraná (PDE), que nesta pesquisa leva ao repensar

questionamentos e desafios de modificar realidades postas em mudanças não apenas

de nomenclatura das escolas do campo mas, também como processo de

desenvolvimento concreto.

A Educação do Campo é uma política pública que nos últimos anos vem se concretizando no estado do Paraná, assim como no Brasil. Uma política pública pensada, mediante a ação conjunta de governo e sociedade civil organizada. Caracterizada como o resgate de uma dívida histórica do Estado aos sujeitos do campo, que tiveram negado o direito a uma educação de qualidade, uma vez que os modelos pedagógicos ora marginalizavam os sujeitos do campo, ora vinculavam-se ao mundo urbano, ignorando a diversidade sociocultural do povo brasileiro, especialmente aquela expressa na prática social dos diversos sujeitos do campo (LIMA FILHO, 2006, p. 9).

Para que possamos iniciar uma discussão na/da escola do campo se faz

necessário descobrir de maneira investigativa qual identidade dos sujeitos na

comunidade que iremos desenvolver este projeto, seus anseios, sua historicidade e

motivações. Quando nos propomos a estudar esta temática, de identificar nosso

alunado e suas inspirações, e os saberes ai construídos, devemos respeitar sua

identidade em formação. Para a eficácia do processo o levantamento de dados e a

investigação é um dado primordial.

A implementação fora realizada uma parte presencial e outra à distância.A

problemática relevante nesta etapa é um momento de suprir uma necessidade real de

ter um projeto político pedagógico, coeso que corresponda com a historicidade concreta

vivida pelo jovem camponês, a valorização, as vivências,a preparação de planejamento

pedagógico e com questões educativas metodológicas que dão sentido a organização

dos saberes, e de como pode estar sendo estruturado esse currículo em nossa escola

do campo. Para desenvolver a proposta a problemática levantada para esta pesquisa

primeiro aparece a necessidade de justificar a mudança de nomenclatura da escola

para escola do campo, fortalecer e trabalhar efetivamente a identidade da escola do

“campo”, quais os saberes a serem trabalhados e valorizados na localidade em que a

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escola está inserida e suscitar nesta comunidade seus desejos e ajudar a vencer e

conhecer verdadeiramente os desafios que circundam o entorno deste espaço de

ensino. Os momentos preparados com cronograma de aplicabilidade, observação,

sondagem e momentos de discussão, para que no artigo final se possa estabelecer o

que podemos trabalhar para construir na coletividade uma identidade própria, com seu

Projeto Político pedagógico (PPP), Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e Plano do

Trabalho Docente (PTD), afinados com e no cotidiano desta escola do campo.

Assim, os objetivos deste artigo foram compreender como deve ser a

organização dos saberes escolares por meio da educação do campo; utilizar o tema

“cultura do café” para abordar o conhecimento científico na escola do campo

contemplando a cultura agrícola principal e economicamente ativa, nesta localidade.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 EDUCAÇÃO DO CAMPO

[...] a luta por uma educação voltada à realidade dos sujeitos do campo tem como finalidade promover desenvolvimento sociocultural e econômico respeitando diferenças históricas, uma educação que contribua para a permanência e a reprodução dos homens do campo e a melhora de sua qualidade de vida. Para isso não basta ter escolas no campo, é necessário construir escolas do campo, escolas com um Projeto Político Pedagógico vinculado às causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo (KOLLING apud PERES; WIZNIEWSKY, 2009, p. 2).

A Educação, construída por tantas divisões e tendências discutida por teóricos,

desde sua sistematização vem buscando acertar o compasso dos avanços, sociedade,

economia e políticas (nestas políticas, a implementação de leis onde deve-se respeitar

e valorizar a cultura e organização dos povos) demandando muitas vezes por, lutas

enfrentamentos e conflitos de interesses. Na construção de uma Educação que cumpra

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com seu papel social de formar o Cidadão. Segundo Paulo Freire (2007) ser cidadão é

o ser político, capaz de questionar, criticar, reivindicar, participar, ser militante e

engajado, contribuindo para a transformação de uma ordem social injusta e excludente.

[...] Falar da realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem comportado, quando não falar ou dissertar sobre algo completamente alheio a experiência dos educandos vem sendo realmente a suprema inquietação desta educação [...] Nele o educador aparece como seu indiscutível agente,como o seu real sujeito, cuja tarefa indeclinável é “encher” os educandos dos conteúdos de sua narração. Conteúdos que são retalhos da realidade desconectados da totalidade em que se engendram e em cuja visão ganhariam significação (FREIRE, 1975, p. 81).

A Educação voltada para educação campesina no mundo contemporâneo,

busca valorizar e desmistificar uma serie de tabus e mitos em desmerecimento a

formação da identidade dos povos do campo, e a pedagogia hoje posta em termos de

construção deve ser enfatizada pela inserção Histórico-critica dos saberes que se

fundem no âmbito educacional holístico, na observância de uma construção valorosa do

sujeito em busca de tecnologias e avanços em seus arredores no espaço escolar, onde

se deva preocupar com os anseios reais e desvelar e transcender por meio dos saberes

que é uma função do sistema educacional.

[...] os sujeitos do campo têm direito a uma educação pensada, desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua cultura e as suas necessidades humanas e sociais. Sendo assim, as Diretrizes Curriculares da Educação do Campo denotam um importante instrumento para a construção de uma educação pública e gratuita, presente e que respeite e valorize a diversidade humana, contribuindo assim com a construção de uma sociedade cada vez mais justa e solidária (ARCO-VERDE, 2006, p. 9).

Para isso, é necessário responder a alguns questionamentos: que conteúdos

culturais dos povos do campo devem estar presentes nas disciplinas para que

instrumentalizem os alunos a compreenderem o mundo em que vivem? Quais são os

saberes dos povos do campo que precisam integrar os currículos das disciplinas? A

resposta a tais questões somente será encontrada mediante a realização de

investigação, assunto que será discutido adiante.

Como diz Freire (1987, p. 101):

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Não posso investigar o pensar dos outros, referindo ao mundo, se não penso. Mas não penso autenticamente, se os outros também não pensam. Simplesmente, não posso pensar pelos outros, nem para os outros. A investigação do pensar do povo não pode ser feita sem o povo, mas com ele, como sujeito de seu pensar. E se seu pensar é mágico ou ingênuo, será pensando o seu pensar, na ação, que ele mesmo se superará. E a superação não se faz no ato de consumir ideias, mas de produzi-las e de transformá-las na ação e na comunicação.

Segundo Fazenda (1994, p. 62-63), a tendência em olhar a sala de aula sob

uma única e determinada perspectiva acarreta sérias limitações; sobre às análises, as

sínteses enunciadas “[...] e coloca em dúvidas teorias construídas a partir de uma

atitude disciplinar que não podemos isolá-las ou anulá-las, mas enfatizar nelas o seu

caráter de provisoriedade.”

2.2 INTERDISCIPLINARIDADES NA ESCOLA CAMPESINA

Essa provisoriedade justifica-se pela complexidade dos fenômenos envolvidos

nas ocorrências de sala de aula. A atitude interdisciplinar visa, nesse sentido, uma

transgressão aos paradigmas rígidos da ciência escolar atual, na forma como vem se

configurando, disciplinarmente.

O surgimento de outra perspectiva de trabalho pedagógico não ocorre

repentinamente e sim pela análise do que existe, do seu caráter provisório e do que

pode vir a ser. Para a autora, a atitude interdisciplinar procura reindagar as certezas

paradigmáticas resultantes das teorias que configuram a atual ciência escolar e

considera fundamental para a construção dessa ciência a pesquisa criteriosa sobre as

ações comprometidas ocorridas em sala de aula. Dentre os seis fundamentos de uma

prática docente interdisciplinar, descritos por Fazenda (1994, p. 84-88).

A prática docente busca caracterizar a pedagogia aplicada nas práticas de

forma interdisciplinar, coletiva e pensada com compromisso de todos sujeitos

envolvidos.

Segundo Fazenda (1994, p. 84) a parceria “consiste numa tentativa de incitar o

diálogo com outras formas de conhecimento a que não estamos habituados, e nessa

tentativa a possibilidade de interpenetração delas”. Para a autora, a parceira surge

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como necessidade de troca; da solidão dos profissionais em relação às instituições que

habitam; como condição de sobrevivência do conhecimento educacional. Ela é “a

possibilidade de consolidação da intersubjetividade – a possibilidade de que um pensar

venha a se complementar no outro” (FAZENDA, 1994, p. 85).

O espaço, ambiente de ensino, o lugar, como possamos conotar se faz

naturalmente, pela subjetividade do sujeito.

[...] o perfil de uma sala de aula interdisciplinar – “A sala de aula é o lugar onde a interdisciplinaridade habita”, a autoridade é conquistada; a obrigação é alternada pela satisfação; a arrogância pela humildade; a reprodução pela produção de conhecimento; diferença no espaço arquitetônico e na organização do tempo (FAZENDA, 1994, p. 86, grifo do autor).

Partilhar experiências é fundamental

[...] terceiro alicerces do projeto interdisciplinar – a interdisciplinaridade decorre mais do encontro entre indivíduos do que entre disciplinas; pressupõe a presença de projetos pessoais de vida: “O projeto, a intencionalidade, o rigor características fundamentais de uma forma de pensar e de agir interdisciplinares, infelizmente em muitos casos, têm sido substituídas pela improvisação e pelo non sense” (FAZENDA, 1994, p. 86).

A possibilidade de efetivação de pesquisas interdisciplinares – para a autora

“aprender a pesquisar fazendo pesquisa, é próprio de uma educação interdisciplinar”.

Assim, a interdisciplinaridade é reconhecida como uma categoria de ação (FAZENDA,

1994, p. 88).

Segundo Etges (1995) esta interdisciplinaridade na escola não pode consistir na

criação de uma mistura de conteúdos ou métodos das diferentes disciplinas. Este

procedimento não só destrói o saber posto, mas acaba com qualquer aprendizagem. Só

depois de aprendido e dominado o construto, o educando deve ser encorajado a

transcodificá-lo para sua vida cotidiana, para seus irmãos menores, para o grupo de

trabalho na escola, para as imagens do computador.

Um processo de construção da interdisciplinaridade não e algo fácil de

conseguir. Ha dificuldades de se conviver com as diferenças e diversidade, com as

inseguranças que permeiam este tipo de abordagem.Adotar a interdisciplinaridade nos

leva a profundas reflexões sobre, nossa maneira de atuar, principalmente no ensino,

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revendo aspectos éticos sociais,buscando amadurecimento profissional,que se reveste

de um novo saber.A interdisciplinaridade tanto na ciência quanto na educação é uma

questão de atitude (GATTÁS; FUREGATO, 2012).

Se esta é uma direção adequada, fica claro que a condição prévia para o trabalho interdisciplinar, tanto a nível de pesquisa como no trabalho pedagógico, é de que as concepções de realidade, conhecimento e os pressupostos e categorias de análise sejam criticamente explicitados. O convívio democrático e plural necessário em qualquer espaço humano, sobremaneira desejável nas instituições de pesquisa e educacionais, não implica na junção artificial, burocrática e falsa de pesquisadores ou docentes que objetivamente se situam em concepções teóricas e, forçosamente ideológica e politicamente diversas (FRIGOTTO, 1995, p. 26).

A Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional nº 9394/96, traz

reconhecimento da diversidade do campo:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o

pensamento, a arte e o saber (BRASIL, 1996).

Prevê também em seu Art. 28. Na oferta de educação básica para a população

rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação

às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e

interesses dos alunos da zona rural;

II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às

fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).

Verifica-se pelos documentos oficiais, uma preocupação com a educação

voltada para esta população o que nos orienta a seguir uma identidade preocupada e

antenada aos avanços da sociedade atual, mais também preocupada em respeitar

nosso alunado, a sua valorização cultural e ideais para permanência em seus lugares

de origem sem perder a capacidade de acompanhamento e superação dos ambientes

do campo e no campo, com uma proposta educacional que venha contribuir para seu

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crescimento, que leve em conta a identidade local, suas especificidades, seus desejos

e inquietações.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Abordagem qualitativa no contexto escola do campo e no campo. O objetivo

descritivo visa descrever as características de uma população ou fenômenos (GIL,1996;

DENKER,2000). E exploratório porque procura aprimorar ideias ou descobrir intuições.

Envolvendo em geral, problemas e práticas com problema pesquisado (COLLIS,

HUSSEY,2005), levantamentos de como aplicar políticas para respeitar a diversidade e

as populações do campo.

Além disso, a pesquisa qualitativa utiliza técnicas de dados como a observação

participante, história e relato de vida, entrevista e outros. (COLLIS, HUSSEY, 2005).

O local em que esta comunidade está inserida é de agricultura familiar,

plantadores de café e tomate como fonte complementar de renda, quando que aqueles

que moram na localidade muitos participam da agricultura as vezes como colhedores

nas safras, e porcenteiros. Para encaminhar estes questionamentos foi preparado um

caderno temático dando encaminhamentos de como este seria desenvolvido no Colégio

Estadual do Campo Flórida do Ivaí (Grandes Rios-Pr), quem seriam os participantes

para trabalhar o projeto aqui posto, a carga horária e a organização para as discussões

pertinentes a esta Comunidade escolar.

3.1 PÚBLICO ALVO

Professores, Comunidade, Equipe Diretiva, Funcionários e Alunos.

3.2 ATIVIDADES DE IMPLEMENTAÇÃO

Foi oferecido um Curso à distância e um curso presencial sobre a temática da

Educação Campesina (Tabela 1). As ações foram realizadas em parceria com a

Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Escola Milton Santos (município de

Maringá, PR).

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Além disso, as discussões ocorreram também com professores da rede

estadual no GTR (Grupo de trabalho em Rede), para que pudéssemos continuar

estabelecendo o diálogo para os quais os elos a serem superados, nesta escola do

campo fosse identificado no processo de aplicação desta proposta de trabalho coletivo

e dialógico.

Para conclusão da implementação da proposta em EAD, foram apresentadas

questões em formato de fóruns, questionários e diários conforme modelo do ambiente

moodle, onde os tópicos apresentavam as atividades a serem desenvolvidas e

enviadas, no decorrer do curso fora disponibilizado links, vídeos e atividades de

perguntas e respostas estruturados em quatro etapas com prazos a serem realizados.

Os encontros presenciais foram de 20 horas e EAD (Educação a distância) e 20

horas presenciais, totalizando 40 horas divididos entre fevereiro a julho do ano de 2014.

Direcionando as ações para um público diverso propomos a escola um momento de

parada para fosse oportunizado a todos Educadores, Funcionários, Alunos, Equipe

Diretiva e Pais.

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TABELA 1. Descrição das atividades realizadas no Curso Presencial e à Distância, na

implementação do projeto.

CARGA HORÁRIA

AÇÃO

04 h Fórum de Lançamento do Projeto

Palestra sobre a Educação do Campo

04 h

Apresentação da estruturação da educação desde sua sistematização e como foi sua intencionalidade, percorrendo o crescimento da valorização da urbanização e desvalorização rural, com a intenção de subsidiar as ações e refletir sobre a atual matriz curricular e o modelo trabalhado uniformemente, sem priorizar as características da comunidade escolar e suas realidades e vivências. Fazendo um roteiro de análise pedagógica da escola tradicional, nova, tecnicista, histórica crítica e emancipadora.

04 h

Explanação dos Conceitos de Multidisciplinaridade, Pluridisciplinariedade, Interdisciplinaridade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, Educação Formal, não-formal e informal.

04 h

Apresentação de dados atuais de aprendizagem dos alunos, por meio de uma sondagem realizada previamente pela equipe pedagógica do Colégio e estabelecer discussões direcionadas. Esta atividade foi descrita para posteriores discussões de início e para reflexões avaliativas no término da implementação desta proposta. Apresentação de vídeo com propostas que contemplem direcionamentos para construção de um PPP (Projeto Político Pedagógico) aplicável para a Educação do Campo, consequentemente o PTD (Plano de trabalho Docente).

20 h

Ocorreu à distância com uma proposta de endereços e sites que subsidiem um estudo sobre a cultura do café desde sua chegada ao Brasil e nossa localidade de Flórida do Ivaí. Para esta etapa o professor trabalhou sua pesquisa, amparado por um dispositivo como endereço eletrônico ou rede social para comunicação, ajudando no cumprimento do estudo dirigido. Também respondeu um questionário (instrumento de uma sondagem da comunidade local).

4 h

Para a conclusão desta discussão, foi proposto um estudo a partir de uma imagem do café, com o objetivo de suscitar uma aprendizagem coletiva de todas as disciplinas participantes, cada uma com um conteúdo estruturante.

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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Na abertura da implementação tivemos a presença de profissionais da Escola

Milton Santos de Maringá uma escola do campo de origem do MSTs (Movimento dos

Trabalhadores sem Terra), acompanhada por vários profissionais da UEM, do Núcleo

de Agroecologia (professores, estagiários e agrônomos já formados que fazem parte de

um projeto sobre agroecologia em alguns municípios).

Neste primeiro encontro foram divididos dois momentos, um em que a

professora pedagoga convidada, relatou sua experiência e caminhada pedagógica na

Educação do Campo e no Campo, informações trazidas que fortaleceram caminhos já

desenvolvidos pela escola e outras tantas notícias, nos situando em tempo e espaço

para este desafio de buscar no coletivo escolar, construir nossa identidade campesina

sem perder de foco a aplicação de nosso currículo necessariamente respeitado dentro

de seus eixos norteadores.

No outro momento, profissionais da Universidade puderem dar uma valorosa

contribuição, conectando as atividades da agroecologia e do sistema vigente, a

responsabilidade de manutenção de vida e da qualidade de vida a partir do tema

Produção X Sustentabilidade.

Os frutos desta parceria ainda permanecem nessa escola, mantendo este

diálogo e buscando oportunizar aos agricultores familiares da localidade melhores

perspectivas de avanços em nossas culturas, pois vêm sofrendo a diminuição de áreas

de cultivo por fatores econômicos, mão de obra, fenômenos climáticos e desvalorização

da cultura e dos agricultores que vivem aqui principalmente em sua grande maioria do

café.

Na apresentação do Projeto para a comunidade escolar, foram utilizados

recursos midiáticos e tecnológicos. Neste encontro foram apresentados

direcionamentos, trazendo o caminhar da construção educacional de nosso país, com

as tendências educacionais até os dias atuais, numa perspectiva de apresentar aos

cursistas o desenvolvimento da construção dos saberes, levando em conta o acesso e

interpretação deste público de grande diversidade cultural e de aprendizagens. O

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encaminhamento para discussão do projeto de implementação e para conhecer os

objetivo e problemática do mesmo, foram divididos os grupos dos diversos segmentos

para um melhor entendimento do trabalho, reconhecendo as limitações e respeitando

as compreensões dos mesmos.

Na sequência realizamos um pequeno Seminário de apresentações, onde cada

grupo expunha visões sobre a proposta: Construir a Identidade da escola do campo na

localidade de Flórida Do Ivaí, respeitando suas características peculiares na construção

do PPP (Projeto Político Pedagógico) e do PTD (Proposta Trabalho Docente).

Considerando que esses avanços viessem a organizar e integrar os saberes n-formais

e informais nos Formais.

Abordagens de cunho disciplinar, e sua definição Interdisciplinar, Multidisciplinar

e Transdisciplinar, apresentadas neste encontro fortaleceram a organização de um

planejamento pensando por todos os agentes construtores desta educação do campo,

onde seus sujeitos, seus prévios conhecimentos, suas realidades foram levadas em

conta no momento de elaborar o Plano de Trabalho desta escola, constituída por jovens

campesinos em sua grande maioria vindos de atividades da Agricultura Familiar.

Para finalizar o encontro, deixamos espaço para os participantes fazerem suas

considerações, momento este valoroso e importante no processo do coletivo, as

contribuições se somam as expectativas de que surge um despertar de que o diálogo

está no topo de quaisquer decisão e resoluções, e que os diversos saberes se

conectam no processo de crescimento do coletivo escolar. Ainda que timidamente há

de se dizer que a participação desta comunidade ao pensar educação e currículo com

certeza vai garantir os avanços esperados pela mesmo segundo sensivelmente

percebe-se em sua característica

Como parte da proposta, participamos da 13ª Jornada Agroecológica em

Maringá (Escola Milton Santos, de 03 a 07 de Maio de 2014), onde observamos um

espaço com abordagens que instigaram o repensar de lutas e busca por ideais, as

brigadas, os acampamentos, as cozinhas e a co participação de todos. Ao conhecer

esta realidade, percebemos o quanto de opiniões formadas de maneira grosseira e

arbitraria ainda co existem. Diante das realidades apresentadas, vividas e defendidas

pelas organizações dos diferentes movimentos, podemos e devemos conhecer não só

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que superficialmente mais de maneira mais próxima e opinar baseados em

fundamentação.

Dentro da produção didática pedagógica dos cursistas, propomos uma parte da

carga horária a distância, levando em contas dois aspectos, um de respeitar o tempo e

a autonomia de cada participante para organizar seu tempo de estudo. Outro aspecto

levado em consideração, foi o de disponibilizar um recurso tecnológico novo, para que o

acesso ao mundo virtual possibilitasse vivências de acordo com as demandas atuais de

acesso às redes e ao ambiente virtual. Desbravar fronteiras na rede mundial de

computadores, acessar espaços e informações dirigidas via internet em ambientes

pensados para a formação dos diferentes segmentos, concretizam e diminuem as

distâncias de acesso as informações e quando se trata de buscar os saberes. Isso foi

vivenciado pelos cursistas, que aprenderam a fazer buscas específicas na internet e

acessar diferentes modos de apresentação da informação.

5.CONSIDERACÕES FINAIS

Após aplicado esta proposta, percebe-se que caminhamos para o fomentar de

novos discursos, repensares e instigados a necessidade de mudar procedimentos e

radicalizando aqui o discurso, a escola do campo nem de longe tem conseguido

organizar seus saberes voltados para seus campesinos.

Conclui-se que esta é uma das muitas etapas de discussões, sendo para a

escola em pesquisa, apenas o início. Dúvidas que persistem para compreensão clara

de selecionar “como” e o “que” deve ser importante elencar para a construção deste

coletivo espaço pedagógico. Percebemos a necessidade de encontros constantes para

formação, e o reavaliar de como estamos direcionando o processo de ensino na escola

do campo, aprimorar o ouvir e dialogar com a comunidade escolar. Os diversos

documentos aqui citados e a contribuição dos envolvidos nesta implementação deixa

claro que para alcançarmos esta identidade campesina os encontros pré-organizados e

a capacitação continuem sendo motivados e apareçam dentro da proposta curricular

pedagógica PPC e idealizada na construção do PPP. Importante neste ponto da

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pesquisa reforçar que durante a aplicação desta pesquisa, as discussões e atividades

foram de considerável importância na elaboração e encaminhamentos para o novo PPP

da escola do campo, a parceria concretizada com a UEM, que trouxe para a escola um

núcleo de agroecologia, e que estaremos dando continuidade nos anos vindouros,

trazendo perspectivas otimistas, quanto ao crescimento da escola bem como da

comunidade, pois conhecendo novas técnicas e organizações possíveis, todos são

fortalecidos no campo.

Naturalmente houve resistência desta discussão, que se explica em alguns

casos pelo desinteresse do tema ou pela causa, outro fator que deve ser levado em

conta e já citado neste texto de que depende por vezes do alcance deste trabalho por

vivencias educacionais, o fator tempo, a dificuldade de encontros, a organização de

horários,e o compromisso dos professores em outras escolas, dificultaram o

fechamento pensado, o qual fora proposto neste projeto.

Quando falamos em um novo modelo a ser pensado percebo que a limitação

engessa e faz com que primeiro se elenque as dificuldades para pensar esta estrutura

escolar do campo, depois enumera-se problemas que se agigantam, e que a motivação

acaba por ficar prejudicada. Diante das queixas e do desabafo de não ter certeza do

caminhar a seguir para o pedagógico da escola do campo, mesmo com os desafios

apresentados nos encontros,os cursistas contribuíram, externando suas opiniões e que

o projeto é uma construção continua, que passa primeiro pelas angustias e a

desestabilização, tanto no ambiente escolar como fora dele.

Reconhecemos a riqueza do espaço que se vive, temos voz e vez, opinamos e

somos ouvidos, e percebemos que durante os anos vindouros estaremos construindo

pelo coletivo a nossa identidade, enquanto escola do campo. Por esta comunidade ser

aberta ao diálogo as alternativas pensadas e as propostas de aproximar e avançar os

saberes pré-existentes, com os científicos resultará em eficiência de conhecimento

apreendido e se assim o for à sociedade representada nesta localidade assegurara com

via de mão dupla, a permanência do jovem no campo, o domínio de técnicas, e uma

consciência ambiental fundamentada por conhecimentos que efetivam o entendimento

do papel fundante da instituição escola.

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O que se pretendeu nesta pesquisa foi exatamente, o PARAR, OBSERVAR,

PERCEBER, SENTIR e REAGIR. Diante do exposto mundo Globalizado, gritando por

estudantes e seres Humanos que aproveitem seu espaço e tempo escolar, com a

garantia de que aqui se dê a apropriação dos saberes formais que dão significados

aqueles que previamente já se estabelecem em seu dia-a-dia. O jovem campesino

aparece quase que em todos momentos da implementação como quem grita “eu quero

ter valor”, aqui como força de expressão (reconhecimento de sua força de trabalho,

produção, cultura, espaço de lazer, direito ao uso e acesso as novas e facilitadoras

tecnologias).

REFERÊNCIAS

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