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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UNIOESTE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

ARTIGO CIENTÍFICO FINAL – PDE – TURMA 2013

CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO

PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO

ANA ELIZABETH BISATTO FERNANDES¹

ANELINE MARIA RUEDELL²

CASCAVEL – PARANÁ 2014

_____________________ ¹ Professora PDE, licenciada em Pedagogia, atuante na área na Educação Especial da Rede

Estadual de Ensino, em Cascavel, PR. ² Orientadora, Fisioterapeuta, mestre em Distúrbios da Comunicação Humana pela

Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Cascavel, PR.

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CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR

DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO

RESUMO: Uma abordagem centrada na família estimula os pais de crianças com baixa visão a compartilharem com o profissional que atende o seu filho, suas expectativas, dúvidas e angustias. Tem como objetivo verificar a percepção dos pais de crianças com baixa visão sobre o processo de desenvolvimento psicomotor de seu filho, com idade de 0 a 3 anos. Os pais responderam a dois questionários, sendo o primeiro para a verificação das idades materna e paterna, aspectos familiares, gestacionais e da situação socioeconômica. O segundo questionário foi utilizado para verificar como os pais veem seu filho, em relação ao comportamento, interação com ambiente, comunicação, linguagem e quais as principais preocupações dos pais em relação ao seu filho. Quanto à “interação e relação” da criança com adultos, os pais declararam que: 5 (38,46%) consideraram como ótima relação. Com crianças, a relação foi considerada ótima por quatro (30,77%) pais. Na questão sobre a preocupação dos pais quanto a dificuldade do filho em se comunicar, três (23,08%) expressaram muita preocupação. Como serão recebidos na escola, 7 (53,84%) pais se preocuparam muito. Quanto a escola não saber lidar com a criança com deficiência, 7 (53,84%) dos pais tiveram muito receio. Se na escola haverá material adaptado, 6 (46,16%) se preocuparam muito. Sete pais (53,84%) demonstraram muita preocupação da professora não receber orientações para trabalhar com seu filho. A maioria dos pais acredita que seu filho estabelece uma boa relação com adultos, com crianças. E a preocupação dos pais quanto ao futuro do filho, está vinculada principalmente na preparação da escola a chegada de seu filho. É preciso que a relação entre pais e profissionais seja a menos difusa possível e para um melhor entrosamento possível, é importante que estes profissionais conheçam e entendam a visão familiar sobre a baixa visão. PALAVRAS-CHAVE: Criança. Baixa visão. Desenvolvimento infantil. Pais.

INTRODUÇÃO

O MEC (2006) define pessoas com baixa visão como aquelas que

apresentam “desde condições de indicar projeção de luz até o grau em que a

redução da acuidade visual interfira ou limite seu desempenho”. Seu processo

educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais; ainda que com a

utilização de recursos específicos. Segundo dados do IBGE (2010), no Brasil,

6.056.654 pessoas possuem grande dificuldade permanente de enxergar (baixa

visão ou visão subnormal).

A baixa visão, muitas vezes é diagnosticada tardiamente em crianças pela

dificuldade na identificação e compreensão da própria deficiência. Inicialmente, as

famílias não percebem o prejuízo visual, principalmente com crianças menores que

caem facilmente, esbarram em móveis, olham e manipulam objetos de perto e os

deixam cair com frequência. De acordo com o MEC (2006), a baixa visão ainda

passa, muitas vezes, despercebida a pais e professores, manifestando-se com

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frequência no momento em que aumentam na escola os níveis de exigência quanto

ao desempenho visual da criança para perto.

A criança com baixa visão não é cega, porém enxerga pouco, mesmo com a

melhor correção óptica. Não apresenta clareza e precisão qualitativa da sua visão,

criando uma limitação nas informações advindas do ambiente. Desta forma, a

criança tem um conhecimento restrito do que a rodeia, sendo comum muitas serem

vistas como incapazes, com dificuldade de aprendizagem e até mesmo com

deficiência intelectual. De acordo com Bruno (1993), a ação da criança com

deficiência visual e a sua capacidade de construir conhecimento ficam muitas

vezes prejudicadas não apenas pela limitação da deficiência visual, mas

principalmente pela qualidade de troca de informações com o ambiente.

Neste contexto, ressalta-se a importância da educação psicomotora para a

criança com baixa visão logo no início de vida ou assim que for diagnosticada a

deficiência, a fim de garantir a estimulação necessária em todos os aspectos

fundamentais para o seu desenvolvimento global. Segundo Fuent (apud BUENO,

2011), o atendimento precoce deve desempenhar um papel fundamental,

sobretudo à detecção precoce e à intervenção direta, desde as primeiras idades; a

fim de facilitar o desenvolvimento da criança deficiente visual e evitar possíveis

lacunas que, mais tarde, serão mais difíceis de superar e dificultariam a

aprendizagem escolar.

Os Centros de Atendimento Especializado ao Deficiente Visual – CAEDV

oferecem subsídios necessários para esses procedimentos. O professor

especializado exerce um papel fundamental nos atendimentos oferecidos, pois é de

sua responsabilidade planejar, organizar e executar as atividades que venham a

desenvolver aspectos comportamentais e cognitivos. Para que possa obter êxito, o

professor deverá trabalhar em forma conjunta com os outros profissionais que

atendem a criança, como o médico oftalmologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,

dentre outros.

No entanto, o envolvimento familiar é fundamental neste contexto. A família

precisa compreender e participar ativamente da estimulação visual e da educação

psicomotora. Os pais permanecem mais tempo com a criança e são responsáveis

por soluções dos problemas diários que surgem durante várias etapas do

desenvolvimento infantil, além de assegurar meios que ampliem sua qualidade de

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vida, a capacidade de independência e autonomia do seu filho (FUENT apud

BUENO, 2001).

Uma abordagem centrada na família estimula os pais a compartilharem com

o professor especializado suas expectativas, dúvidas e angústias em relação aos

atendimentos e futuro do seu filho. O profissional irá se inteirar do cotidiano desta

família, compreender como lidam com a deficiência visual de seu filho. Segundo o

MEC (2004) a participação ativa da família é fundamental, porque contribui com

informações sobre as necessidades da criança, seu interesse, como interage e

comunica-se. Desta forma, torna-se efetiva uma parceria entre a família e a

professora especializada, estabelecendo uma relação de troca para que juntos

possam satisfazer as necessidades da criança.

OBJETIVO GERAL

Verificar a percepção dos pais de crianças com baixa visão sobre o processo

de desenvolvimento psicomotor de seu filho, com idade de 0 a 3 anos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Verificar o conhecimento dos pais sobre as formas de comportamento,

interação com ambiente, comunicação e linguagem de seu filho;

Verificar os principais desejos e expectativas dos pais sobre o futuro de seu

filho.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo de corte transversal. O local

do estudo foi o Centro de Atendimento Especializado para Deficientes Visuais –

CAEDV, localizado nas dependências do Colégio Estadual Humberto de Alencar

Castelo Branco – Ensinos Fundamental e Médio, situado na cidade de Cascavel,

Paraná. Participaram do estudo pais de crianças de 0 a 3 anos frequentadoras do

CAEDV e que apresentavam diagnóstico de baixa visão. Em relação aos critérios

de exclusão estão: pais de crianças com faixa etária acima de 3 anos e cuja

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patologia ocular não interfira no seu desenvolvimento psicomotor, e pais que não

aceitarem sua participação no presente estudo.

Os pais responderam a dois questionários, sendo o primeiro para a

verificação das idades materna e paterna, aspectos familiares, gestacionais e da

situação socioeconômica para caracterização da amostra. O segundo questionário

com perguntas fechadas foi utilizado para verificar como os pais veem seu filho em

relação ao comportamento, interação com ambiente, comunicação, linguagem e

quais as principais preocupações dos pais em relação ao seu filho. Os pais

precisavam assinalar a resposta que eles consideravam a mais adequada. Este

instrumento foi baseado nas publicações “Avaliação Educacional de Alunos com

Baixa Visão e Múltipla Deficiência na Educação Infantil” de Bruno (2009), e “O

Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com Famílias” de Albuquerque

Willians e Rossito Aiello (2001). Foram utilizados dados descritivos como média,

desvio padrão e frequência. O programa utilizado foi o STATA 10.

RESULTADOS

A amostra foi composta por treze pais de crianças matriculadas no Centro de

Atendimento Especializado para Deficientes Visuais – CAEDV, na faixa etária de 0

a 3 anos, com média de idade de dois anos (±0,707); sendo seis (46,15%) do sexo

feminino e sete (53,85%) do sexo masculino. Nove (69,23%) não frequentam

escolas e nem Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs). Seis (46,15%)

frequentam além da estimulação visual outros atendimentos, como: fisioterapia,

nutricionista, fonoaudióloga, terapia ocupacional, fisioterapia aquática e sete

(53,85%) frequentam somente a estimulação visual.

Em relação à gestação destas crianças, dez (76,92%) mães desejaram o

filho; doze (92,30%) tiveram acompanhamento pré-natal; sendo que oito (61,53%)

fizeram cesárea e quatro (30,78%) mães tiveram intercorrências no parto, como:

deslocamento de placenta, pré-eclâmpsia e hemorragia. Das treze mães, três

(23,08%) sofreram aborto e uma (7,70%) teve a perda de um filho.

A média de idade das mães é de 36 anos (±7,10) e dos pais 38 anos (± 13,

61).

A tabela a seguir mostra o nível de instrução de pais e mães das crianças

em atendimento no CAEDV.

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Tabela 1 – Caracterização de pais e mães em relação ao nível de instrução

Nível de Instrução Pais (n/%)

Mães (n/f)

Analfabeto/ensino fundamental até a 4° séries incompleto 1/7,70 1/7,70 Fundamental até 4° série completo/fundamental até a 8° série incompleto

0/0,00 0/0,00

Fundamental até a 8° série completo/ensino médio incompleto

2/15,38 0/0,00

Ensino médio completo/superior incompleto 7/53,84 9/69,22 Ensino superior completo 2/15,38 3/23,08 Não respondeu 1/7,70 0/0,00 Total 13/100 13/100

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

No que se refere às condições econômicas, constatou-se que duas famílias

(15,38%) têm uma renda superior a cinco salários mínimos; três famílias (23,08%)

cinco salários mínimos; duas famílias (15,38%) quatro salários; quatro famílias

(30,77%) recebem três salários mínimos e duas famílias (15,38%) até dois salários

mínimos.

Quanto à moradia, dez famílias (76,92%) residem em casa própria; duas

(15,38%) em casa alugada e uma (7,70%) em casa cedida. Todas as residências

são de alvenaria e possuem de cinco a dez cômodos. Verificou-se também que os

eletrodomésticos citados na entrevista, todas as famílias apresentavam pelo menos

um de cada. Somente uma família (7,70%) não possui carro.

Na tabela 2, as respostas são vinculadas ao modo como os pais veem seus

filhos em relação ao seu comportamento.

Tabela 2 - Como os pais veem seus filhos em relação ao seu comportamento

Variáveis Muito Regular Pouco

N (%) N (%) N (%) Felizes 11 (84,62) 2 (15,38) 0 (0,00) Agitados 5 (38,46) 4 (30,77) 4 (30,77) Irritados 3 (23,08) 3 (23,08) 7 (53,84) Atentos 7 (53,84) 5 (38,46) 1 (7,70) Comunicativo 10 (76,92) 1 (7,70) 2 (15,38) Participativos 8 (61,53) 4 (30,77) 1 (7,70) Independente 2 (15,38) 3 (23,08) 8 (61,53)

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

Quanto à “interação e relação” da criança com adultos, os pais declararam

que: cinco (38,46%) consideraram como ótima relação, sete (53,84%) como boa e

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um (7,70%) como regular. Com crianças, a relação foi considerada ótima por

quatro (30,77%) pais; sete (53,84%) consideraram como boa e dois (15,38%) como

regular. Com relação aos objetos, oito (61,53%) pais acharam ótima; um (7,70%)

boa e quatro (30,77%) como regular. Quanto à exploração de objetos, cinco pais

(38,46%) disseram ser ótima, cinco (38,46%) boa e três (23,07%) como ruim. Na

busca ativa dos objetos, sete (53,84%) relataram ser ótima; dois (15,38%) boa; três

(23,07%) regular e um (7,70%) ruim.

No que se refere a “interação, comunicação e linguagem” da criança, os pais

responderam de acordo com a tabela 3.

Tabela 3 - Como é a interação, comunicação e linguagem das crianças pelo ponto de vista dos pais

Variáveis Muito Regular Pouco

N (%) N (%) N (%) Sorrisos 10 (76,92) 3 (23,08) 0 (0,00) Olhar 6 (79,34) 4 (30,76) 3 (23,08) Movimento do corpo 9 (69,23) 3 (23,08) 1 (7,69) Aceita contato físico 10 (76,92) 3 (23,08) 0 (0,00) Tolera situações novas e frustrações 2 (15,38) 6 (79,34) 5 (38,46) Responde a gestos e sinais 10 (76,92) 1 (7,70) 2 (15,38) Compreende ordens simples e complexas

6 (79,34) 4 (30,76) 3 (23,08)

Brinca de faz de conta 8 (61,53) 3 (23,08) 2 (15,38) Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

Na questão sobre a preocupação dos pais quanto a dificuldade do filho em

comunicar o que sente e deseja, três (23,08%) expressaram muita preocupação;

sete (53,84%) pouca e três (23,08%) nenhuma. Como serão recebidos na escola,

sete (53,84%) pais se preocuparam muito e seis (46,16%) tem pouca preocupação.

Em relação à integração social, seis pais (46,16%) tiveram muita apreensão; cinco

(38,46%) pouca e dois (15,38%) nenhuma. Quanto à escola não saber lidar com a

criança com deficiência, sete (53,84%) dos pais tiveram muito receio; quatro

(30,76%) pouco e dois (15,38%) nenhum receio. Se na escola haverá material

adaptado, seis (46,16%) se preocuparam muito; cinco (38,46%) pouco e dois

(15,38%) não tiveram nenhuma preocupação. Sete pais (53,84%) demonstraram

muita preocupação da professora não receber orientações para trabalhar com seu

filho, quatro (30,76%) pouca preocupação e dois (15,38%) nenhuma.

Todos os pais demonstraram muita preocupação para que o seu filho

enxergue melhor. Em relação a outras preocupações, segue a tabela 4.

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Tabela 4 - Preocupação dos pais diante do futuro do filho

Variáveis Muito Pouco Nenhum

N (%) N (%) N (%) Vai ser feliz e independente 12 (92,30) 1 (7,70) 0 (0,00) Vai ter amigos 8 (61,53) 4 (30,76) 1( 7,70) Inclusão escolar e social 7 (53,84) 6 (46,16) 0 (0,00) Vai brincar com outras crianças 11 (84,61) 1 (7,70) 1 (7,70) Como vai aprender 5 (38,46) 6 (46,16) 2 (15,38) Se o óculos vai auxiliar a ver melhor 7 (53,84) 4 (30,76) 2 (15,38)

Fonte: Elaborado pelo autor (2014)

DISCUSSÃO

O desenvolvimento psicomotor adequado de uma criança com baixa visão

depende de uma adequada intervenção precoce e do envolvimento familiar. De

acordo com Le Boulch (2001), as potencialidades da criança se desenvolvem na

medida em que há um ambiente favorável. O ambiente onde a criança crescerá

deverá ter estímulos de natureza física e condições afetivas indispensáveis ao

desenvolvimento. Dessa forma, o profissional envolvido no atendimento de

crianças com baixa visão deverá manter contato direto com os familiares no intuito

de conhecer suas expectativas e percepções sobre seu filho, podendo obter uma

maior participação familiar na intervenção realizada.

É comum os familiares relatarem angústia, medo e insegurança ao terem a

notícia da deficiência visual de seus filhos. Segundo Martín e Bueno (2003) os pais

apresentam um estado de angústia ao terem a notícia de que seu filho tem uma

deficiência, podendo influenciar de forma negativa o desenvolvimento da criança.

De acordo com Bruno (1993) diante de uma criança diferente daquela que

esperávamos, podemos viver ou manifestar uma grande frustração; muito

compreensível porque não é o que sonhávamos ou desejávamos.

A presença do medo quanto ao futuro, da aceitação da deficiência, do que

esperar de seu filho, do sentimento de culpa, de como interpretar os sinais

corporais da criança e como comunicar-se com ele, aumentam ainda a mais a

angústia e insegurança dos familiares. Roveda (2007) revelou que o sentimento de

angústia e insegurança, quando não canalizados de forma positiva, ou seja,

quando os familiares não encontram caminhos alternativos a fim de descobrir

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novas possibilidades, pode-se evoluir para um quadro de depressão. Segundo

Bruno (1993) o choque, a frustração, o sentimento de pena ou culpa influenciam

profundamente a maternidade e a interação mãe-filho, e podem ser responsáveis

pela não construção de um vínculo saudável e pela desestruturação da dinâmica e

relação familiar.

Apesar das situações descritas, a maioria das mães relatou apresentar uma

relação estável, o que para elas facilitava a dedicação exclusiva ao seu filho. Desta

forma, no que diz respeito às condições econômicas, algumas afirmaram estarem

em situação precária financeiramente. Mesmo assim, optaram em não trabalhar

fora de casa para se dedicarem aos cuidados do seu filho, visto que, estes

participam de outros atendimentos. Leyser, Heinze e Kapperman (1996, apud

CUNHA & ENUMO, 2003) relataram que os pais desse tipo de criança demonstram

diversas preocupações, tanto com relação ao futuro dos filhos quanto com relação

a sua própria vida pessoal. Dificuldade em encontrar ajuda profissional adequada

para a criança, stress devido a problemas financeiros ou indisponibilidade de tempo

para se dedicarem a eles próprios e/ou ao seu companheiro (marido/esposa) são

alguns dos fatores encontrados por aqueles autores como estressantes na

educação da criança com baixa visão.

Sobre a escolaridade dos pais/mães, a maioria apresentou ensino médio

completo/superior incompleto. Este aspecto pode auxiliar as crianças do presente

estudo, já que pais mais escolarizados contribuem para um ambiente domiciliar

mais favorável a aprendizagem, estes passam a compreender melhor como podem

apoiar seus filhos nas atividades (FELICIO, 2007).

Para o mesmo autor, outro fator que influencia no desenvolvimento da

criança é o rendimento econômico da família. A situação financeira pode ajudar ou

atrapalhar a criança em seu desenvolvimento, pois experimenta junto com a família

as primeiras situações de aprendizagem, além de influenciar na qualidade e na

disponibilidade da educação. No presente estudo, a renda familiar de 11 famílias

fica em torno de dois a cinco salários mínimos, podendo dificultar estas crianças;

porém vale ressaltar que estas crianças recebem atendimento de estimulação

visual gratuitamente.

Os entrevistados ao responderam como veem seus filhos, os pontos

positivos prevaleceram; sendo que a maioria respondeu que consideram seus

filhos felizes, comunicativos e participativos. O desenvolvimento sócio-afetivo da

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criança com deficiência visual nos primeiros anos de vida dependerá da interação

com o adulto. Para Batista e Enumo (2000) o comportamento de apego se traduz

pelos comportamentos de responsavidade emocional seletiva para determinadas

pessoas, respostas positivas para um grupo restrito de pessoas, como os pais e

familiares.

A maioria dos entrevistados mostrou-se satisfeita e consideraram seus filhos

socialmente ativos, capazes de se relacionarem de forma espontânea com todas

as pessoas que se aproximam delas. Apenas três consideram essa relação ruim,

mas devido às condições de seus filhos que junto com a deficiência visual possuem

ainda outras dificuldades, prejudicando a criação de vínculos com outras pessoas.

Para Le Boulch (2001) é por intermédio da mãe que a criança faz a experiência da

comunicação com segurança. Esta experiência, desencadeando prazer, vai incitá-

la a generalizar progressivamente todo o ambiente humano. A respeito disso,

Bruno (1993) relatou que as estruturas mentais vão ser construídas pela criança

através de suas possibilidades de interação e ação sobre o meio e pela qualidade

de solicitação do ambiente. A interação com o meio, da relação com pessoas,

objetos e acontecimentos, incorporados aos esquemas de ação é que a criança vai

tomando consciência de si, do outro e do mundo ao seu redor. Dessa forma, vale

ressaltar que os profissionais vinculados às crianças com baixa visão devem

demonstrar às mães a importância da participação efetiva delas no

desenvolvimento psicomotor.

As mães perceberam como seus filhos demonstram sua interação,

comunicação e linguagem. As crianças demonstram das mais diferentes formas,

como: sorriso, movimentos do corpo, aceitação ao toque. É importante que os

familiares entendam estas diferentes formas, pois para Bueno (2001) a linguagem

constitui o principal elemento para a aprendizagem e a interiorização dos

elementos socioculturais do meio ambiente que rodeia a criança. A linguagem,

fundamental instrumento de comunicação social, constitui o nexo pelo qual aqueles

elementos se integram à personalidade para poder adaptar-se assim ao meio. As

mediações realizadas pela linguagem dependem das experiências sociais e das

relações com os videntes, pelas quais novas vias de interação acontecem,

impulsionam para possibilidades de aprendizagem e inserções sociais, superando

as dificuldades inerentes a deficiência visual (VIGOTSKI, 2010). A linguagem citada

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é ampla e está relacionada com a comunicação e interação com o ambiente em

suas diferentes formas.

A preocupação dos pais quanto ao futuro do filho, está vinculada

principalmente na preparação da escola a chegada de seu filho. Para Bruno (1993)

o processo educacional deve começar ainda no berço, através de apoio e

orientação à família para interação com sua criança; uma criança bem adaptada é

integrada à sua família, consequentemente terá condições de adaptar-se e

integrar-se à escola. O processo de integração pré-escolar é possível mediante o

exercício da independência e autonomia da criança com baixa visão. Dessa forma,

pode-se ressaltar a importância do trabalho do CAEDV.

CONCLUSÃO

A maioria das mães entrevistada revelou que desejaram a gravidez e

apenas uma não teve acompanhamento pré-natal. Outro aspecto de grande

relevância é o fato da maioria dos participantes do presente estudo serem jovens e

terem uma boa escolaridade. Ressalta-se, no entanto, que a renda familiar é mais

baixa, mas a maioria das famílias não vive em situações de extrema pobreza.

A maior parte dos entrevistados acredita que seu filho é muito feliz,

participativo e comunicativo. Outras características afirmadas por eles é que a

criança é agitada e em algumas situações mostra-se irritada a novas situações e

pouco independente. Outro aspecto afirmado pela maioria dos pais é que seu filho

estabelece uma boa relação com adultos, com crianças e apresentam boa

exploração dos objetos. Os pais percebem que a forma de interação do seu filho

ocorre de diferentes maneiras, como através do sorriso, olhar, movimento do corpo,

aceitação de contato físico e através de gestos.

Cabe ressaltar que as questões pertinentes à interação social da criança na

escola é motivo de muita preocupação para alguns pais. A forma como ela será

recebida, como a escola lidará com a deficiência, se haverá material adequado e

se a professora estará preparada. Além disso, a maioria dos entrevistados

demonstrou preocupação referente à independência da criança, se vai ser feliz, vai

ter amigos e brincar com outras crianças. Ainda assim, foi unanime a preocupação

de todos quanto ao desenvolvimento visual do seu filho no futuro, pois todos

esperam que haja cura para a deficiência visual que os aflige.

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Neste sentido, é muito importante que ao ser detectada a deficiência visual,

a família seja encaminhada a um centro de atendimento especializado, para que

possa receber as orientações necessárias ao desenvolvimento da criança e que

esta também inicie a estimulação o mais cedo possível, a fim de prevenir ou

amenizar os possíveis prejuízos causados pela deficiência visual.

Este atendimento irá favorecer a criança na interação com o seu meio,

facilitando as aprendizagens e potencializando suas capacidades motoras, afetivas

e cognitivas; fazendo com que se desenvolva de forma mais segura nas suas

ações e menos dependente dos outros.

Porém, todo este esforço depende do entrosamento da família e dos

profissionais que atendem esta criança, que vai do médico ao professor

especializado, do fisioterapeuta, da fonoaudióloga e outros. É preciso que essa

relação seja o menos difusa possível, pois todos devem ter o mesmo objetivo que é

a valorização do potencial da aprendizagem psicomotora da criança. E para um

melhor entrosamento possível, é importante que estes profissionais conheçam e

entendam a visão familiar sobre a baixa visão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que o objetivo principal da pesquisa foi o de investigar a

percepção dos pais quanto ao desenvolvimento da educação psicomotora do seu

filho com baixa visão de 0 a 3 anos, constatou-se durante as entrevistas, a

dificuldade deles frente aos novos desafios impostos; por julgarem–se incapazes

de contribuir de forma plena para o desenvolvimento do seu filho, uma vez que

além de não compreenderem muito sobre a deficiência visual ainda não sabiam

como agir diante do problema.

Percebeu-se que o diagnóstico da deficiência visual causou reações de

insegurança e medo a todos os pais entrevistados, vindo a confirmar o que as

literaturas estudadas apontavam; de que o nascimento de uma criança com

deficiência visual gera alterações na dinâmica familiar e que estes necessitam da

mediação e orientação de profissionais da área. Outro dado percebido foi a

superproteção materna que dificultava o seu filho de vivenciar diferentes

experiências. Geralmente estas crianças chegam ao CAEDV tímidas e inseguras,

ficando restritas em seus movimentos e não tendo domínio do espaço a sua volta.

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Foi possível perceber que os pais criaram uma expectativa positiva quanto

aos atendimentos e muitas inquietações afloraram durante o desenrolar da

pesquisa. No CAEDV, os pais se depararam com um espaço acolhedor, que lhes

possibilitou relatar suas angústias, incertezas e preocupações quanto ao futuro do

seu filho; e ao mesmo tempo lhe foi mostrado possibilidades para o

desenvolvimento dele.

Um item considerado primordial nos atendimentos, é que os pais tivessem a

clareza que seu filho mesmo tendo a deficiência visual, é considerado uma criança

igual àquelas ditas normais, com as mesmas necessidades para que o seu

desenvolvimento ocorra de forma satisfatória. E que muitas vezes os atrasos

encontrados em seu filho nem sempre são causados pela deficiência visual e sim

pela falta de estímulos adequados as suas necessidades, os quais muitas vezes

ocorrem por vias alternativas à visão.

No transcorrer do estudo houve algumas mudanças significativas nas

atitudes de algumas famílias participantes. Sendo uma delas, o ingresso de

algumas crianças nos Centros Municipais de Educação Infantil - CMEIS, levando

alguns pais a terem coragem de expor seus filhos a novos desafios. Três alunos

foram matriculados na educação infantil e quatro estão na espera por uma vaga.

Outro ponto a ser ressaltado foi a participação ativa dos pais nos

atendimentos, os quais demonstraram grande interesse nas atividades propostas e

com relação ao desenvolvimento da criança. Dessa forma, além dos benefícios ao

desenvolvimento do seu filho, este entrosamento com a professora especializada

diminuiu a ansiedade gerada em torno da deficiência visual.

Além disso, segue em anexo um manual que foi construído durante a

aplicação da Unidade Didática na escola, para orientar os pais no desenvolvimento

motor, cognitivo e afetivo da criança de baixa visão de 0 a 3 anos; constando neste

material a evolução de cada etapa e formas de desenvolver brincadeiras e

materiais que podem ser utilizados e adaptados.

Para o êxito da implementação da Unidade Didática, foi relevante a

discussão online com quinze professoras da Rede Estadual de Ensino que se

inscreveram no Grupo de Trabalho em Rede – GTR. Destas profissionais, a

maioria está ligada à Educação Especial. Logo, foi notória a preocupação de todas

quanto ao envolvimento dos pais no processo da educação psicomotora, e que

esta estrutura é a base fundamental para o processo de aprendizagem da criança.

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A partir dos textos lidos e com as trocas de experiências e dinâmicas

vivenciadas, houve uma contribuição significativa por parte das participantes deste

GTR, que de alguma forma estão envolvidas nos atendimentos de crianças com

deficiência visual e suas famílias. Contudo, não podemos esquecer o compromisso

de auxiliar estas crianças no uso de seu resíduo visual, bem como a melhora do

seu desenvolvimento global. Outro desafio a ser enfrentado é o aperfeiçoamento

constante dos profissionais que atendem estas crianças, pois muitas vezes a

família depende dos conhecimentos específicos dos mesmos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIRALIAN, M. L. T. M. A deficiência redescoberta: a orientação de pais de crianças com deficiência visual Revista de Psicopedagogia. São Paulo, v.20 n 62 . p 107 – 115, fev. 2003. BATISTA, C.G. & ENUMO, S.R.F. Desenvolvimento humano e impedimentos de origem orgânica: o caso da deficiência visual. 2000. Disponível em: http://www.lite.fe.unicamp.br/cursos/nt/ta2.4.htm. Acesso em: 24 ago. 2014 BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. ______. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização. Deficiência visual. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2004. BRUNO, M. M. G. O Desenvolvimento Integral do Portador de Deficiência Visual. São Paulo: Newswork, 1993. ______, M. M. G. Educação Infantil: saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação sinalização: deficiência visual, 4. Ed. Brasília, DF: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006 ______, M. M. G. Avaliação Educacional de Alunos com Baixa Visão e Múltipla Deficiência na Educação Infantil. UFGD, 2009.

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CUNHA, A.C.; ENUMO, S.R. Desenvolvimento da criança com deficiência visual e interacção mãe-criança: algumas considerações. Disponível em: <http://www.deficienciavisual.pt/txt-desenv_crianca_DV_e_interacao_mae_crianca.htm>. Acesso em: 26 ago. 2014

FARIAS, G.C.de. Intervenção Precoce: Reflexões Sobre O Desenvolvimento Da Criança Cega Até Dois Anos De Idade. Revista Benjamin Constant, Edição 26 - Dezembro de 2003. FELICIO, F. de. Fatores Associados ao Sucesso Escolar: Levantamento, Classificação e análise dos Estudos Realizados no Brasil. Disponível em <http://ww2.itau.com.br/itausocial/site_fundacao/Biblioteca/Publicacoes/fatores_sucesso_escolar.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2014 IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/default.php>. Acesso em: 16 jun. 2013. INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT. Conceituando baixa visão. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?catid=149&blogid=1&itemid=10171>. Acesso em: 25 ago. 2014 LE BOULCH, J. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. ______, J. O Desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos seis anos. 7ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. MARTIN, M. B.; BUENO, S. Deficiência Visual: Aspectos Psicoevolutivos e Educativos. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2003. MARTÍN, V.G; GASPAR, J.M; GONZÁLEZ, J.P.S. O acesso ao currículo: adaptações curriculares. In: Matín MB, Bueno ST. Deficiência visual: aspectos psicoevolutivos e educativos. São Paulo: Santos; 2003 ROVEDA P. A. Pedagogia do Significado: Contribuições à Intervenção Precoce em Bebés com Deficiência Visual. Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://tede.pucrs.br/tde_arquivos/10/TDE-2007-04-02T084005Z-466/Publico/388463.pdf>. Acesso em: 09 set. 2014 SIAULYS, M. O. de C. O papel da família na educação e inclusão de crianças com deficiência visual. Laramara: a mudança na prática, na atitude e nas relações com

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a família. In: MASINI, Elcie F. Salzano(Org.). A pessoa com deficiência visual: um livro para educadores, São Paulo: Vetor Editora, 2007. VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martis Fontes, 2010 WILLIANS, L. C. de A.; AIELLO, A. L. R. O Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com a Família. São Paulo: Memnon, 2001.

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ANEXO 1 - FORMULARIO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS 1. Identificação 1. Nome da criança: _________________________________________________Sexo (F) (M)

Data de nascimento:___________________________ Natural de:_____________________ Endereço:______________________________________Bairro: _______________________ Cidade:_________________________Fone:_______________________________________ Escola/CMEI:________________________________________________________________

1.1 Quais são os atendimentos especializados que o aluno já frequenta( fisioterapia, fonoaudiologia, etc) _______________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________

1.2 Quando e por quem foi notado o problema visual? Quais as providencias tomadas? 1.3 Antecedentes históricos:

Parentesco entre os pais:__________________________________________________

Abortos (naturais ou provocados):___________________________________________

Filhos falecidos:_________________________________________________________

Posição da criança na família:______________________________________________

A gravidez foi desejada:___________________________________________________

Como se desenvolveu a gestação teve vomito, hemorragia, ameaças de aborto, enfermidades da mãe, raio x ...). Fez pré-natal? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Parto (normal,fórceps, cesariana, muito rápido, demorado, o bebe chorou logo, necessitou de incubadora ou oxigênio...)? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Condições após o nascimento (cuidados especiais, alimentação, sono, periodo que foi amamentado no seio, reação a introdução de outros tipos de alimento: ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

1.4 Periodo neonatal: Peso:_________ Estatura:__________ Teste do Pesinho:___________ Teste da Orelhinha:______________ Teste do Olhinho:_______________

1.5 Enfermidades: icterícia, desidratação, febres altas, sarampo, rubéola, meningite, convulções,

anemia, desnutrição... . Hospitalização, cirurgias, quedas. Medicamentos que tomou ou está tomando. Detalhar a evolução das doenças:

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Observações __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Dados do pai:

Nome:______________________________________________Datadenascimento:____________ Profissão:__________________________________________Salário: ____________________ Localdetrabalho:_______________________________________________________________ Nível de Instrução: ( ) Analfabeto/ ensino fundamental até a 4° série incompleto ( ) Fundamental até a 4° série completo/fundamental até a 8° série incompleto ( ) Fundamental até a 8° série completo/ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo/superior incompleto ( ) Ensino superior completo

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2. Dados da mãe:

Nome:_________________________________________ Data de nascimento:_____________ Profissão:___________________________________________ Salário: __________________ Local de trabalho:______________________________________________________________ Nível de Instrução: ( ) Analfabeto/ ensino fundamental até a 4° série incompleto ( ) Fundamental até a 4° série completo/fundamental até a 8° série incompleto ( ) Fundamental até a 8° série completo/ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo/superior incompleto ( ) Ensino superior completo

3. Composição familiar ( residentes na casa ):

Nome Idade Sexo Estado Civil

Grau de parentesco

Instrução Local de trabalho

4.1. Qual rendimento médio familiar mensal? ( ) até 2 salários mínimos ( ) até 3 salários mínimos ( ) até 4 salários mínimos ( ) até 5 salários mínimos ( ) mais de 5 salários mínimos 5. Habitação: ( ) casa própria ( ) alugada ( ) cedida 5.1. Tipo de construção ( ) alvenaria ( ) madeira ( )chão batido 5.2. Numero de dependências ( total )_____________________________________________ Quantos: ( ) quarto ( ) banheiro 5.3 Quantos itens abaixo existem na sua casa?

Itens Pontuação

nenhum 1 2 3 4 ou +

Tv a cores

Radio

Automóvel

Aspirador de pó

Geladeira

Maquina de lavar

Freezer

DVD

Microcomputador

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Forno microondas

4. Os pais

6.1 Preocupações Muita Pouca Nenhuma

Dificuldade do filho em comunicar o que sente e deseja

Como será recebido na escola

Interação com as outras crianças

Integração social

Dificuldade na escola

A escola não sabe lidar com a criança com deficiência

Na escola não há material adaptado

A professora não recebe orientações para trabalhar com esta criança

Que o filho enxergue melhor

Preocupação com o futuro

Acessibilidade

Receio de deixar o filho com outras pessoas

6.2 Desejos e expectativas Muita Pouca Nenhuma

Comunicar-se mais

Ser feliz

Ser independente

Ter amigos

Incluir na escola e comunidade

Andar

Falar

Brincar como as outras crianças

Brincar com outras crianças

Aprender

Usar óculos para ver melhor

Prescrição de recursos ópticos especiais

Responsável pelos dados da entrevista _______________________________________________________

Professora responsável pela entrevista______________________________________________

CASCAVEL,_____________________________________________________

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ANEXO 2 - FORMULARIO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS

ALUNO (A):__________________________________________________IDADE:________

1. A CRIANÇA

1.1 Como e seu filho (a)? Muito Regular Pouco Observação Feliz

Alegre

Tranquilo

Agitado

Irritado

Humor inconstante

Nervoso

Chorão

Desligado

Atento

Interessado

Desinteressado

Comunicativo

Participativo

Brincalhão

Independente

Dependente

1.2 Interação e relação Ótima Boa Regular Ruim Observação Interação com adultos

Interação com crianças

Interação com objetos

Manipulação do objeto

Exploração do objeto

Busca ativa do objeto

1.3 Comunicação e linguagem Muito Regular Pouco Observação Fala

Realiza vocalizações

Sorriso

Olhar

Gesto manual

Movimento do corpo

Choro

Grito

Mostra reação a presença e voz de familiares

Aceita contato físico, toque, beijo

Busca contato físico

Busca contato visual

Identifica pessoas estranhas

Manifesta intenção comunicativa: olhar, sorriso, gestos, movimentos

Aceita situações novas

Tolera frustrações

Indica com gestos que reconhece objetos

Imita jogos vocais, de expressões e ritmos

Responde ao nome

Responde a gestos e sinais (bate palma, da tchau)

Compreende comunicação simples: oi, da, não...

Utiliza silabas ou palavras

Compreende ordens simples

Compreende ordens complexas

Nomeia a si próprio, familiares e colegas

Utiliza a linguagem para expressar ideias, sentimentos, desejos e necessidades

Conta historia

Descreve fatos e cenas

Utiliza argumentos

Inicia dialogo espontaneamente

Compreende linguagem figurada

Nomeia objetos

Nomeia as partes do corpo

Nomeia figuras

Nomeia ações e função de objetos

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Imita situações vividas na presença do modelo (nanar, dar banho)

Percebe semelhanças e diferenças nos objetos, reconhecendo propriedades: cheio, vazio, grande, pequeno

Realiza construções, ordenando por tamanho, cor, forma e diferenças

Classifica e relaciona objetos por uso e função

Classifica e seria formas por: cor, textura, tamanho, comprimento, espessura

Relaciona parte todo em objetos e figuras ( quebra-cabeça)

Compreende e organiza sequencia temporal em ações e figuras

Conta com sequencia uma historia

1.4 Atividades que gosta Muito Regular Pouco Observação Brincar com pessoas

Brincar com objetos

Brincadeira imitativa

Brincadeira de faz de conta

Jogos de encaixe

Jogos de construção

Jogos de quebra-cabeça

Passear

Conversar

Cantar

Ouvir musica

Ouvir historia

Ver tv

Ficar deitado

Colocar objetos na boca

Brincar com movimentos repetitivos

Fazer barulho com brinquedos

Jogar objetos no chão

Pular

Correr

Nadar

Ver figuras

Ver livros e revistas

Pintar

Desenhar

Escrever

Dormir

Comer

Tomar banho

Vestir-se

Escovar os dentes

Pentear o cabelo

Festa

Grito

Ruídos inusitados

Ruídos fortes

Ajudar a guardar os pertences

Obedecer

Mover-se

Andar

Ir a escola

1.5 Interesse por objetos Muito Regular Pouco Observação Sonoros

Táteis

Com alto contraste

Brilho

Iluminados

Multi-sensoriais

1.7 Reconhece pessoas pela Frequentemente Às vezes Nunca Visão

Voz

Cheiro

Toque

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1.8 Habilidade sensório- motora Sim Não Observação

A) Organização postural e movimentos

Mantém a cabeça em linha media

Controla o tronco

Movimenta-se e rola espontaneamente

Senta-se sozinho

Realiza flexão e extensão dos membros inferiores e superiores

Desloca-se e muda de posição

Fica em pe sozinho

Anda

Pula e corre

Sobe e desce escada

B) Uso funcional das mãos e esquema de ação

Abre e fecha as mãos

Agarra e solta objetos

Mantém preensão palmar (palmar, pinça, radial)

Realiza flexões de cotovelos, pulso, dedos

Usa indicador para apontar objetos

Manipula ativamente os objetos

Come com as mãos

Utiliza caneca, garfo e colher

Manipula massa, separa, junta

C)Coordenação dos esquemas e experimentação ativa

Realiza o alcance dirigido do dedo(visual, auditivo ou tatilmente)

Busca objetos perdidos

Explora objetos com as duas mãos

Puxa,sacode,agita, bate e joga objetos

Tira e poe objetos de caixa

Combina esquemas para atingir fim( puxa o cordão para pegar um objeto)

Abre e fecha potes, garrafas

Empilha e encaixa objetos

ESCOLA AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE HABILIDADES VISUAIS E NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

Função Habilidades

Atividades

Sim

Não

Observação

Nív

el l

Fu

nção v

isual

Básic

a

Sensibilidade a contraste

Reação ao movimento, vulto, pessoas e objetos

a luz

as cores

a forma

ao rosto

Mantém contato visual

Olhar: atento, desligado, distante, fuga

Nív

el ll

V

iso -

Perc

eptivo

Esfera Visual (distancia em cm ou metro)

Posição ocular: simétrica ou assimétrica

Orienta cabeça e olhos: a luz, pessoas e objetos

Focalização: flutuante, rastreada ou dirigida

Fixação: mantém, rastreada ou fugaz

Seguimento com a cabeça e olhos: a luz, movimento, rosto e objetos

Coordenação: olho-mao/ olho-objeto

Muda o olhar entre dois objetos ou mais

Explora o ambiente visualmente

Localiza pessoas/objetos no espaço

Procura objeto fora do campo visual

Movimenta-se com o corpo no espaço

Desloca-se com o corpo no espaço

Localiza e desvia de obstáculos

Seleciona objetos no espaço

Utiliza referencias no espaço

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Niv

el lll

V

iso -

Perc

eptivo

Reconhece objetos familiares/ não familiares

Identifica objetos agrupados

Explora e analisa objetos visualmente

Cores: discrimina, associa e nomeia

Reconhece sua imagem no espelho e fotos

Identifica rostos e fotos familiares

Decodifica gestos e expressões/ imita

Decodifica objetos por uso e função

Discrimina figuras simples e complexas

Identifica detalhes em objetos e figuras

Decodifica figuras separadas ou agrupadas

Descreve características e semelhanças em objetos/ figura

Estabelece relações visuais(reconhece lugares)

Identifica ações, descreve e interpreta cenas

Responsável pelos dados da entrevista _______________________________________________________

Professora responsável pela entrevista__________________________________________________

CASCAVEL,_____________________________________________________

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APÊNDICE A – LIVRO 1 A 12 MESES

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APÊNDICE B – LIVRO 12 A 24 MESES

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APÊNDICE C – LIVRO 24 A 36 MESES

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