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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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Fábula: um desafio para despertar leitores

Nilselene Regina Cavalheri Caresia¹ Aparecida de Fatima Peres ²

RESUMO. A leitura é o instrumento que norteia o aprendizado da escrita e exerce o papel de estimular a sensibilidade, a afetividade e a apropriação de conhecimentos para a vida cognitiva, social e humana. Partindo dessa constatação nosso artigo tem por objetivo principal propiciar aos professores um conjunto de atividades metodológicas que, somado ao material já existente na escola e ao conhecimento acumulado por suas experiências de trabalho, possa contribuir para elevar os índices de efetivo aprendizado dos alunos. Este conjunto de atividades foi organizado em torno do gênero textual fábula, obedecendo ao esquema descrito por Dolz et al. (2004), visando a colocar em prática as estratégias descritas por Solé (1998). Nessa perspectiva, pensamos em melhorar as atividades de estímulo de leitura, facilitando as práticas leitoras no ambiente escolar. Para tanto, apresentamos uma produção didático-pedagógica em que, inicialmente, foram utilizadas várias fábulas de autores diferentes, a fim de que os alunos apreendam as diferenças e/ou as semelhanças entre elas. Em seguida, direcionamos o trabalho para fábulas de Esopo, de La Fontaine e de Monteiro Lobato. Nesse sentido, o uso das estratégias de leitura de Solé(1998) visaram a uma distribuição da temática e a uma melhor compreensão do conteúdo abordado, além de aprimorar a competência do aluno na leitura, na fala e na escrita.

Palavras-chave: Leitura. Estratégias de Leitura. Fábula. ¹Professora e Especialista da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, na disciplina de Português no Colégio Estadual Marechal Costa e Silva – Ensino fundamental e médio. E-mail <[email protected]>. ²Professora Associada do Departamento de Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Maringá. Doutorada em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina (2007). Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina (2002). Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Maringá (1999). E-mail < [email protected]>.

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1. INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta um trabalho de pesquisa realizado a partir do estudo

e do uso de estratégias de compreensão leitora, segundo os pressupostos

teóricos de Solé (2008), com o objetivo de buscar a formação de um leitor ativo

que sabe o que lê, por que lê e que assume sua responsabilidade ante a leitura. A

pesquisa foi realizada com profissionais da educação da rede estadual e

municipal. O trabalho com o gênero textual, em particular, a fábula foi

desenvolvido por meio da apresentação de uma produção didático-pedagógica,

em que as atividades sugeridas giraram em torno de uma temática: o

aprimoramento da competência da leitura.

Partindo dessa constatação, nosso artigo tem por objetivo, incentivar a

leitura por meio do gênero textual Fábula, possibilitando o gosto, o prazer e a

construção de significados.

O texto apresenta conceitos e opiniões relativos à leitura como Freire

(1993, p.29), que pontua a leitura como uma “operação inteligente, difícil, exigente

e gratificante”. Para Solé (2008, p.22), que define a leitura como “um processo de

interação entre o leitor e o texto” (Ausebel apud SOLÉ, 2008, p.45) que vê a

leitura como “o ato de ler, o leitor deve ler para aprender, gerando uma

aprendizagem significativa que implica atribuir significado ao conteúdo em

questão”. Essa aprendizagem envolve habilidades de compreensão, leitura,

decodificação, procedimentos, estratégias cognitivas que nos levam a entender o

conteúdo do texto. Ainda apresenta algumas estratégias que o leitor deve utilizar

para ajudá-lo na compreensão do texto.

Inicialmente, foi apresentado às professoras cursistas o projeto “Fábula:

um desafio para despertar leitores” e a produção didático-pedagógica. Os

conteúdos trabalhados foram:

� O que é leitura?

� O que são estratégias de leitura?

� Quem é Solé?

� Qual a importância de se conhecer estratégias de leitura?

� Para que servem as estratégias de leitura segundo Solé?

� As estratégias de compreensão leitora para antes, durante e o depois da leitura.

� Como fazer da rotina escolar uma aliada.

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O objetivo inicial deste trabalho foi conhecer as Estratégias de Leitura a

fim de aplicá-las em sala de aula. Em um segundo momento, o trabalho estava

voltado, especificamente, para as fábulas de La Fontaine, Monteiro Lobato e

Esopo que serviram de base para a análise, para a aplicação das estratégias de

leitura e para a proposta de atividades dessa produção didático-pedagógica. Os

conteúdos abordados foram definições de fábula e de moral e as características

desse gênero discursivo.

Os objetivos foram discutir as estratégias de leitura, a fim de aplicá-las em

sala de aula e analisar o conhecimento prévio dos educandos quanto ao gênero

textual fábula. Assim, o encaminhamento pedagógico foi por meio da discussão

oral, fazendo levantamento de hipóteses. Dessa forma, a produção didático-

pedagógica que foi apresentada visou a desenvolver em sala de aula estratégias

de leitura que auxiliaram o trabalho do professor.

Outro fator que contribuiu para a escolha do trabalho com fábulas foi

motivado pelo fato de observar a falta de interesse dos alunos pela leitura de

diferentes gêneros textuais apresentados pelos professores em sala de aula. A

presente proposta de intervenção foi baseada nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica e, consequentemente, na prática de professores de 6.ºs anos do

Ensino Fundamental do Colégio Estadual Marechal Costa e Silva - de Cidade

Gaúcha, Núcleo Regional de Cianorte – PR.

Nota-se que os alunos, ao saírem das séries iniciais, ingressam ao 6.º ano

na perspectiva de encontrar algo diferente que lhes proporcione prazer em

estudar e vivenciar o contato com diversos atos de atividade humana. Por isso,

existe a necessidade de transformação na aplicação de novas metodologias de

leituras dentro dos gêneros textuais. O prazer da leitura deve iniciar-se desde a

pré-escola, para, assim, formar os alunos como leitores até o final de sua vida. O

professor pode buscar o interesse do aluno com inovações e entusiasmo,

passando o valor e a importância do estudo ao aluno dentro da sala de aula.

Nesse contexto, o estudo do tema se justificou pela necessidade de se ter

diversas estratégias e práticas de ensino para incentivar o aluno no hábito da

leitura. Sendo assim, o trabalho desenvolvido teve a rotina de trabalho como

pressuposto de base, sendo que, a escolha dessa rotina de trabalho se deu em

razão da organização das aulas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

O ensino de Língua Portuguesa passou a fazer parte dos currículos

escolares brasileiros apenas no final do século XIX. Nessa época, acreditava-se

que a linguagem se constituía no interior da mente, portanto sua manifestação era

considerada como a expressão do pensamento, e o objetivo era conhecer as

regras da gramática normativa. Em 1970, com a Lei nº 5692/71, instituiu-se no

Brasil a pedagogia tecnicista, em que a Língua Portuguesa passou a denominação

de Comunicação e Expressão. Com o fim do regime militar, foram discutidos os

papéis da educação na transformação da sociedade brasileira, período em que

acelerou-seo processo acadêmico de cunho pedagógico. A língua deixa de ser

vista como sistema de regras estáveis para ser concebida como processo de

interação entre sujeitos sócio-historicamente situados (PARANÁ, 2010, p.135).

Na década de 1990, os estudos de Geraldi (1997) e de seus seguidores

foram incorporados, ampliados e redimensionados em documentos nacionais como

os Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa – PCN - (BRASIL, 1998), ao

entenderem a linguagem como um trabalho coletivo, consequentemente em sua

natureza sócio-histórica e, então, "como uma ação orientada para uma finalidade

específica (...) que se realiza nas práticas sociais existentes, nos diferentes grupos

sociais, nos distintos momentos da história" (BRASIL, 1998, p. 20).

Os PCN (BRASIL, 1988), adotando concepção interativa de linguagem,

enfatizam a visão de que discurso, quando produzido, manifesta-se por meio de

textos e todo o texto se organiza dentro de determinado gênero. Elegem, assim,

como objeto de ensino e eixo de progressão e articulação curricular os gêneros

discursivo-enunciados relativamente estáveis, que circulam em diferentes esferas

de atividades humanas. Com isso, os documentos oficiais foram modificando-se

para atender às necessidades contemporâneas, até chegar à criação das

Diretrizes Curriculares da Educação Básica, em 2008.

As Diretrizes Curriculares da rede pública de Educação Básica do Paraná –

Língua Portuguesa – DCE (PARANÁ, 2008) abordam que a consolidação da

abertura política resultou em pesquisas que fortaleceram a pedagogia histórico-

crítica, que propicia uma rede de outras pesquisas, inserindo, no pedagógico dos

anos 1980, uma vertente progressista. A pedagogia histórico-crítica vê a educação

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como mediação da prática social. “A prática social, põe-se, portanto, como ponto de

partida e ponto de chegada da prática educativa” (SAVIANI, 2007, p. 420). O autor

ressalta a importância da bagagem de história de vida do aluno, podendo ser um

início de estudo onde apontarão as direções de aprendizagem. A vida social do

cidadão, muitas vezes, rica em letramento e não pode ser desperdiçada.

Hoje, o desafio do ensino da Língua Portuguesa é assumir um novo fazer

pedagógico. Na prática frequente de diversos gêneros textuais, o aluno aprende a

reconhecer as convenções exigidas para cada situação, ampliando seu

vocabulário, distinguindo os tipos de textos existentes, apropriam das regras

gramaticais e conseguem organizar o texto tanto oral como escrito, ou seja,

“incorporam as normas sociais de uso da linguagem para um comportamento

linguístico adequado a cada situação sociodiscursiva” (PARANÁ, 2010, p. 138).

2.2 CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM E ENSINO

Há tempos, o ser humano passou por muitas adaptações, mudanças e

renovações, tanto na vida cotidiana como nos avanços tecnológicos. E a

linguagem, por sua vez, também passou por uma grande evolução, necessitando

de aprimoramento na interação entre os homens.

Segundo Travaglia (1995), Geraldi (1997a) e Koch (1997), são três as

possibilidades de concepções de linguagem: expressão do pensamento;

instrumento de comunicação; forma de interação. Essas três concepções de

linguagem influenciaram o desenvolvimento da linguística e, com o passar do

tempo, as teorias sobre leitura também sofreram influência de tais concepções,

pois, até os dias de hoje, buscam-se inovações para a melhoria da educação

brasileira no sentido aprendizagem.

A concepção “expressão do pensamento” considera que a linguagem

necessita de regras que devem ser seguidas para a construção do pensamento.

Esta é concebida como um “ato monológico” independente “de para quem se fala

em que situação se fala (onde, como quando), para quem se fala” (TRAVAGLIA,

1995, p. 22). Quanto ao desenvolvimento da leitura, conforme Barbosa (1992),

desde o século XVI, havia propostas de ensino de leitura e de escrita elaboradas

por diversos autores, as quais fundamentavam a alfabetização das crianças.

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Na concepção “instrumento de comunicação”, a linguagem é vista como

um instrumento e a língua, como um conjunto de sons combinados por meio de

regras para transmitir mensagens ou informações. O leitor pode ser comparado a

um “receptáculo” no qual é depositado “o saber contido no texto, unidade que é

preciso capturar para construir o sentido” (CORACINI, 1995, p. 14).

A concepção “ Forma de interação” é entendida como uma forma de

interação. Nessa concepção de linguagem, são consideradas as condições de

produção: os interlocutores, o contexto sócio-histórico e ideológico.

2.3 LEITURA

As DCE (PARANÁ, 2008, p. 56) compreendem a leitura como um ato

dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas,

econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo

busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação

familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que os constituem. E ainda

ressaltam que a leitura promove no leitor, a capacidade de formular e reformular

hipóteses, de elaborar sua conclusão, possui argumento linguístico, demonstra

experiência na sua vivência sociocultural. Ser capaz de ler é relacionar-se com textos

variados em diversas esferas sociais. Muitas pessoas leem um enunciado, mas não

o entendem e não conseguem compreender e interpretar o lógico, a sequência, a

comunicação, seja ela, através do escrito ou mesmo na oralidade.

Acredita Silva (2002) que

“a qualificação e a capacitação contínua dos leitores ao longo das séries escolares colocam-se como uma garantia de acesso ao saber sistematizado, aos conteúdos do conhecimento que a escola tem de tornar disponíveis aos estudantes” (SILVA, 2002, p. 07).

Isso mostra que o grande aliado nessa busca é ainda o professor, que,

com sua insistência e estratégias diversificadas, diariamente, poderá conseguir

grandes avanços na aprendizagem.

A leitura é um processo no qual o leitor atribui sentido ao texto de forma

ativa, “é o processo no qual o leitor realiza um trabalho, a partir de seus objetivos,

de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a

linguagem” (BRASIL, 1998, p. 68). Há a possibilidade de encontrar no gênero

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fábula mais um meio do aluno ampliar sua leitura e voltar-se à pluralidade de

inúmeros significados, contribuindo no processo-aprendizagem.

O aluno deve trazer à realidade inferências e atividades de letramentos

sociais para sua formação. Morais, 1996 ressalta que

“Não lemos todos, um mesmo texto da mesma maneira. Há leituras respeitosas, analíticas, leituras para ouvir as palavras e as frases, leituras para reescrever, imaginar, sonhar, leituras mágicas em que seres e sentimentos inesperados se materializam e saltam diante de nossos olhos espantados” (MORAIS, 1996, p. 13).

Analisando o autor acima citado, as pessoas têm inúmeras versões de

entendimentos, principalmente de gêneros textuais como a poesia, o poema e a

Bíblia Sagrada. A imaginação é grandiosa e analisa fatos que o outro não

conseguiu ler. Diferente do gênero bula de remédio, cujas interpretações são

menos diversas. Por isso é interessante destacar que a interação entre alunos

também provoca o desenvolvimento dos alunos, por isso a importância da

intervenção do professor.

O processo de apropriação do conhecimento da leitura é longo. “Ser leitor

é construir uma barreira contra a distração e, ao mesmo tempo, desenvolver

habilidades para selecionar e organizar a ampla variedade de informações”

(Zimmer, 2014). Sabe-se que não é fácil ser um bom leitor, por isso a

competência e a habilidade da prática da leitura devem ser mostradas pelo

professor em sala de aula. Porque, para ser leitor competente, é preciso lidar com

informações de diversos gêneros textuais.

[...] a leitura é um ato de posicionamento político diante do mundo. Enquanto mais consciência o sujeito tiver deste processo, mais independente será sua leitura, já que não tomará o que se afirma no texto que lê como verdade ou como criação original, mas sim como produto. A ignorância do caráter político do ato de ler, por sua vez, não anula seu componente político, porque este é constitutivo do processo, mas conduz à mitificação da leitura e dos textos impressos e ao não reconhecimento dos interesses e compromissos dos agentes produtores de textos (BRITTO, 2001, p. 84-85).

O produto final, ou seja, o resultado pós-leitura trará ao aluno a capacidade

de distinguir o certo do errado, a verdade da ficção, o denotativo do conotativo,

levando-o a refletir e aprender o conteúdo lido, tornando-o consciente de suas

atitudes e ações.

Portanto, nas aulas de leitura, o ideal é dar voz ao aluno, para que, a partir

de sua leitura, o professor possa intervir como mediador, sendo uma ponte de

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equilíbrio dentro da sala de aula. O ideal é que o professor seja um bom leitor.

Cabe a ele proporcionar aos estudantes um convívio estimulante com a leitura,

assim como possibilitar que esta cumpra seu papel, que é de ampliar a leitura da

palavra, a leitura de mundo. A observação e contraste da leitura entre os alunos

devem ter a consciência crítica da sua realidade. “À medida que o texto evidencia

um aspecto deficitário do sistema, ele oferece uma possível compreensão do

funcionamento do sistema” (ISER, 1996, p. 139). Dessa forma, a literatura situa o

leitor em seu momento histórico, pois, possibilita-lhe, por meio da leitura,

distanciar-se de sua realidade e participar das experiências de outros. O autor dá

exemplo sobre o texto ficcional, como “O texto ficcional deve ser visto

principalmente como comunicação, enquanto a leitura se apresenta em primeiro

lugar como uma relação dialógica” (ISER, 1996, p. 123).

2.4 OS GÊNEROS DO DISCURSO NA LÍNGUA PORTUGUESA

Bakhtin — pensador russo que, no início do século XX, dedicou-se aos

estudos da linguagem e da literatura — foi o primeiro a empregar a palavra

gêneros com um sentido mais amplo, referindo-se aos textos que empregamos

nas situações do dia a dia dentro da comunicação.

Os gêneros para serem criados, precisam de leituras e estudos

aprofundados, que atendam suas particularidades. Conforme as DCE (PARANÁ,

2008, p. 46), deve-se aos teóricos do Círculo de Bakhtin o avanço dos estudos

em torno da natureza sociológica da linguagem. O círculo criticava a reflexão

linguística de caráter formal-sistemático por considerar tal concepção

incompatível com uma abordagem histórica e viva da língua, uma vez que “a

língua constitui um processo de evolução ininterrupto, que se realiza através da

interação verbal social dos locutores” (BAKTHIN/VOLOCHINOV, 1999, p. 127).

É importante observar que os gêneros podem fazer com que o aluno desperte

para gostos variados de leituras e produções textuais. Cada gênero apresenta suas

características próprias, e o aluno precisa aprender a desenvolver o gosto e definir

suas prioridade de leitura conforme suas necessidades. O profissional da educação

deve intervir para que todos os gêneros se tornem prioridades na escola,

referenciando, valorizando e mostrando a necessidade de aprendizagem de todos os

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tipos de textos. “O ponto comum de referências, no entanto, não é dado enquanto tal

e deve ser por isso imaginado. É nesse ponto que o papel do leitor, delineado na

estrutura do texto, ganha seu caráter efetivo” (ISER, 1996, p.75)

O gênero não é apenas um instrumento de comunicação, mas um objeto

de ensino-aprendizagem, pelo qual a escola propicia aos alunos situações em

que o ato de ler aconteça pelas mesmas razões que se lê fora dela: por prazer,

para informar-se, para estudar, para ampliar sua visão de mundo. “Desse modo,

no processo de leitura, interagem incessantemente expectativas modificadas e

lembranças novamente transformadas” (ISER, 1999, p. 17). O aluno transforma-

se nas suas capacidades de interação, desenvolvendo suas funções psíquicas e

intelectuais, pois poderá enxergar coisas que antes não conseguia.

2.5 GÊNERO TEXTUAL FÁBULA

A fábula “é uma narrativa geralmente curta na qual as personagens

adquirem características humanas para transmitir alguma mensagem: um preceito

moral, uma crítica aos costumes ou uma sátira política” (JELIN, 2013, p. 9).

Segundo o mesmo autor, a fábula tem uma longa história, e entre as mais

conhecidas estão as de Esopo, escravo grego que viveu no século VI a. C. que em

suas histórias há sempre um fundo moral; as de La Fontaine, poeta francês do

século XVII, em cuja maioria das fábulas sua debocha das fraquezas humanas,

como a estupidez, a ambição e a vaidade; as de Ambroise Bieece, norte-americano

do século XIX, que fala sobre o cinismo e o humor negro; Monteiro Lobato, que

reconta as conhecidas fábulas de Esopo e La Fontaine para os heróis do Sítio do

Pica-Pau Amarelo; Millôr Fernandes, que ironiza e satiriza a realidade brasileira.

Menegassi (2010, p.44) cita La Fontaine, que, no século XVII, já tinha em

vista o público infantil, enfatizando a fábula e sua função formativa, bem como a

importância dos animais como personagens representativas dos seres humanos:

Somos a síntese do que há de bom e de mal nas criaturas irracionais. As fábulas, portanto, são um quadro onde cada um de nós se acha descrito. O que elas nos representa confirma os conhecimentos hauridos em virtude da experiência pelas pessoas idosas e ensina às crianças o que convém que elas saibam. E como estas são recém-chegadas neste mundo, não devemos deixá-las nessa ignorância senão durante o menor tempo possível. Elas têm que saber o que é um leão, o que é uma raposa, e assim por diante, portanto às

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vezes se compara o homem a um destes animais. Para isto servem as fábulas, pois é delas que provêm as primeiras noções desses fatos (La Fontaine, 1989, p. 39).

Conforme Oliveira (2009, p.56), a palavra fábula veio do latim e significa

“conversar”, “narrar”. Elas foram transmitidas de geração em geração, ou seja,

sempre existiram em todas as épocas e ainda hoje são contadas e apreciadas por

todos os alunos. E pelo visto, os alunos amam, reproduzem, dramatizam e a

transforma em outros tipos de gêneros, como por exemplo, nas Histórias em

Quadrinhos e no Teatro

O gênero textual fábula deve ser aplicado por meio de uma prática

constante e motivadora de leitura e produções textuais efetivadas em condições

prazerosas. O drama apresentado na fábula que dialoga com o mundo íntimo e

colabora no conhecimento que necessita para o desenvolvimento do aluno. A

educação moral não é aplicada na vida da criança por meio de suas leituras, mas

sim por meio de suas próprias experiências com a vida e ações.

O gênero discursivo fábula contempla os quatro grandes conteúdos

curriculares básicos da área: leitura, produção de texto, linguagem oral e reflexão

sobre a língua e a linguagem. Sua estrutura apresenta quatro situações: situação

inicial, desenvolvimento, clímax e situação final da narrativa. Conforme Menegassi

(2005, p.146-147), o narrador apresenta as personagens; uma das personagens

inicia a ação; a outra personagem responde à ação; depois apresenta a proposta

da fábula e, por fim, o narrador transmite o ensinamento.

Segundo Solé (1998),

[...] podemos afirmar que, quando um leitor compreende o que lê, está aprendendo, à medida que sua leitura o informa, permite que se aproxime do mundo de significados de um autor e lhe oferece novas perspectivas ou opiniões sobre determinados aspectos...etc. A leitura nos aproxima da cultura, ou melhor, de múltiplas culturas e, neste sentido, sempre é uma contribuição essencial para a cultura própria do leitor. Talvez pudéssemos dizer que na leitura ocorre um processo de aprendizagem não-intencional, mesmo quando os objetivos do leitor possuem outras características, como no caso de ler por prazer. (SOLÉ, 1998, p. 46).

A autora ressalta a leitura como um instrumento de aprendizagem e

questiona a crença que, “quando a criança aprende a ler, já pode ler de tudo e

também pode ler para aprender” (SOLÉ, 1998, p. 47).

Recorre-se ao gênero fábula, considerada neste projeto, como um

importante aliado para o trabalho pedagógico com a língua oral, a leitura e a

língua escrita, (ALVES, 2007, p.24). Quando o aluno lê por prazer, sem dúvida

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“busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação

familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem” (PARANÁ,

2008, p. 56). Ou seja, sempre há aquele aluno que faz comparações de uma

fábula com um acontecimento parecido de sua vida devendo o professor,

aproveitar esse momento para novos aprendizados.

3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGI CA

As atividades descritas no projeto de implementação foram desenvolvidas

com a participação de professores da rede estadual e municipal, período

vespertino, no Colégio Estadual Marechal Costa e Silva – Ensino Fundamental e

Médio, município de Cidade Gaúcha, pertencente ao Núcleo Regional de

Cianorte-PR, seguindo as orientações estabelecidas pelas DCE.

No decorrer das atividades – período de julho a setembro de 2015 – nossa

intenção foi focalizar habilidades e competências relativas à proficiência leitora de

nossos alunos de acordo com as estratégias de leitura da Solé (1998) e com base

nas concepções de língua e texto que norteiam os Parâmetros Curriculares

Nacionais de Língua Portuguesa. Para tanto, utilizamos as fábulas de La

Fontaine, Monteiro Lobato e de Esopo. Nosso trabalho embasou-se

principalmente nos estudos desenvolvidos por Solé (1998) sobre a utilização de

estratégias de leitura para o ensino aprendizagem da língua.

As atividades foram realizadas em etapas de acordo com um cronograma

previamente estabelecido. É importante salientar que, em todas as etapas

propostas, houve uma ampla discussão sobre os ensinamentos contidos implícita

ou explicitamente nas fábulas por meio da moralidade.

Na primeira ação ou primeira etapa, foram realizados encontros, sendo o

primeiro, realizado para a apresentação do projeto e a produção. O trabalho

iniciou-se com a apresentação da situação, momento em que as professoras

cursistas combinaram com a professora PDE que estudariam sobre o gênero

fábula e produziriam no final do trabalho uma rotina de trabalho com o gênero

estudado, com aplicabilidades das estratégias de leitura.

A segunda ação, diz respeito ao desenvolvimento prático-pedagógico,

quando foram apresentadas as etapas da leitura, e as fábulas.

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Etapas da Leitura segundo Solé

Objetivo: trabalhar com as estratégias de leitura, no sentido de a criança ir

tomando consciência de que o processo de ler prevê seleção, antecipação,

inferência e verificação de aspectos do texto que se lê.

Desenvolvimento do trabalho

Os três momentos de trabalho a seguir representam um modo de ler diferente.

Agora se trata de fazer uma espécie de “modelagem” das estratégias que um

leitor proficiente faz para compreender o que lê.

Momento A – antes da leitura

Atividades cujos objetivos são trazer o repertório do leitor (seus conhecimentos

prévios) para a compreensão textual, discutindo os elementos contextualizadores

do texto: autor, portador, título, sumário, capas, assunto/tema, ilustrações.

Momento B – durante a leitura

Atividades cujas finalidades são apresentar alguns objetivos orientadores do ato de

ler, por meio de um levantamento de aspectos que auxiliem a construção dos

sentidos do texto: o tema, o gênero textual em suas funções e características, os

recursos expressivos utilizados pelo autor. Dessa forma, estabelecem-se com os

estudantes alguns objetivos para antecipar aspectos importantes do texto, por meio

de um mapa textual que ajude os leitores na compreensão global do que vão ler.

Momento C – depois da leitura

Atividades cujos objetivos são ampliar as referências culturais dos leitores,

especialmente os conteúdos das várias áreas do conhecimento implicadas no

texto, refletindo sobre seus aspectos polêmicos e, ainda, discutir as perspectivas

do narrador e do leitor. É também momento de ensinar o estudante a fazer

paráfrases (orais ou escritas) do que leu e produzir textos em outras linguagens

(desenho, pintura, dramatização, etc.).

A terceira ação foi propiciarmos o reconhecimento do gênero por meio de

pesquisas e várias atividades de leitura, levando em consideração o contexto de

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produção, a função social e o conteúdo temático, com perguntas de

decodificação, interpretação e compreensão. Para a análise linguística,

exploramos amplamente o uso do discurso direto e indireto, o uso da pontuação e

a ampliação vocabular, sempre provocando reflexões sobre os diferentes modos

de uso da língua e não apenas decorando normas gramaticais.

Foi notório o quanto os professores cresceram no decorrer do processo,

não apenas em relação à leitura e à escrita, mas também no posicionamento e na

tomada de atitudes diante da importância das estratégias de leitura de Solé

(1998) e no interesse que demonstraram durante todas as etapas da produção

didático-pedagógica, pois sabiam que estavam conhecendo e aprendendo algo

que facilitaria seu desenvolvimento durante as aulas e que o resulto dessas

estratégias seria utilizado para estabelecer uma melhor relação de comunicação

entre aluno e professor. Sendo assim, defendemos que a utilização das

estratégias de leitura por meio dessa produção didático-pedagógica é um dos

caminhos possíveis para a abordagem do gênero e pode assegurar ao professor

um maior domínio sobre as metodologias em sala de aula, na modalidade escrita

ou oral, sendo este um dos objetivos do Currículo Básico para a Escola Pública.

Em outras palavras, o projeto “Fábula: um desafio para despertar leitores”

foi concebido com o intuito de que os professores do Colégio Estadual Marechal

Costa e Silva pudessem, em suas práticas como professores das séries iniciais

do Ensino Fundamental, apropriar-se de conhecimentos sobre gênero textual

fábula e sobre produção didático-pedagógica, percebendo-os como recursos

pedagógicos importantes e atrativos para a condução de atividades de leitura e de

produção textual em sala de aula, visando ao desenvolvimento das habilidades

básicas de falar/ouvir e ler/escrever previstas nos PCN como sendo as principais

habilidades a serem desenvolvidas no período de formação das séries iniciais.

Assim, partimos para proposta de atividade prática, isto é, elaborar uma

rotina de trabalho com o gênero estudado. O recurso utilizado foi o laboratório de

informática. Tendo como conteúdo de aplicabilidade as estratégias de leitura

apresentada por Solé (1998). Fornecemos aos professores os materiais

necessários: textos de fábulas e modelos de rotina de trabalho, explicando como

trabalhar as estratégias de leitura. O acompanhamento das professoras cursistas

no desenvolvimento das atividades era feito por mim.

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É de suma importância ressaltar que, para o desenvolvimento completo dessa

produção didático-pedagógica, foram oito encontros de quatro horas semanais. Para

a elaboração desta rotina de trabalho, as professoras tiveram um período de quatro

horas presenciais administradas por mim no 7.º encontro e mais uma semana, com

direito à pesquisa. Depois desse tempo para pesquisa, o trabalho delas foi

socializado em outro encontro, para toda a turma e foram analisados, por mim. Essas

rotinas de trabalho foram apresentadas por um representante do grupo por meio de

recursos como Power Point e Datashow. Com esse trabalho, obtivemos uma maior

compreensão sobre a proposta do nosso projeto e percebemos que a leitura é

realmente de suma importância para a formação de bons leitores. Nessa terceira

etapa, o trabalho sobre estratégias de leitura no gênero fábula foi concluído. Isso

certamente possibilitou a construção do sentido dos textos que foram trabalhados, e

as professoras foram motivadas a realizar uma rotina de trabalho onde apresentaram

resultados positivos e gratificantes.

4. RESULTADOS ALCANÇADOS

Nossa intenção, em todas as atividades, foi propiciar aos professores um

conjunto de atividades metodológicas que, somadas ao material já existente na

escola e ao conhecimento acumulado por suas experiências de trabalho, pudesse

contribuir para elevar os índices de efetivo aprendizado dos alunos. Obtivemos

evidências de que esse objetivo foi alcançado, observando a participação e o

interesse nas atividades realizadas.

Durante a implementação do projeto, observamos que os professores

demonstraram interesse e participaram em todas as atividades propostas.

Acreditamos que esse resultado seja decorrente da utilização das estratégias de

leitura de Solé (1998), desenvolvidas com o gênero textual fábula, pois, ao

transmitir o conteúdo, o professor adquiriu outros conhecimentos e com variadas

metodologias, visando ao melhor aprendizado do aluno, buscou trabalhar uma

forma de explorar e valorizar os conhecimentos prévios do educando, respeitando

o seu conhecimento de mundo, sua formação familiar, religiosa e cultural.

Observamos que a motivação maior do professor foi o uso das estratégias

de leitura de Solé (1998), somadas ao material diferenciado, uma apostila para

cada encontro com variadas sugestões de atividades da implementação do

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projeto para trabalhar com os alunos, com a aplicabilidade das estratégias da

autora acima citada.

No decorrer das atividades, sugerimos muitas atividades para o professor

trabalhar com os alunos, com a finalidade de fazê-los observarem situações do dia a

dia, levando-os a refletir sobre ensinamentos de cidadania, respeito, solidariedade e

ética. Pudemos perceber que os professores aprovaram as atividades

Quanto à parte pedagógico-metodológica, observou-se que a fábula

facilitou a identificação da temática por meio de questionamentos que

encaminharam os alunos à compreensão e à interpretação, levando-os a

participarem ativamente, diferenciando-a dos demais gêneros, preparando-os

para o mundo letrado com segurança e tranquilidade para possíveis

transformações no seu futuro como estudantes.

As estratégias de leitura fizeram parte da adequação do uso da oralidade e

da escrita, por meio de ilustrações e de dramatizações que buscaram lições de

sabedoria e ética, com uso de animais em produções escritas e de figuras de

objetos imaginários, permitindo aos alunos o aprimoramento linguístico e a

reflexão sobre a linguagem.

As estratégias de leitura utilizadas nessa implementação pedagógica com o

gênero fábula permitiram que os professores oportunizassem novas estratégias

de leitura para os alunos compreenderem o que estavam lendo e apontarem as

principais características do gênero, bem com o assunto e o tema. Observamos

que o trabalho contribuiu com o processo de ensino aprendizagem, resultando na

ampliação de seus conhecimentos e de suas expectativas.

Concluímos o trabalho desenvolvido sobre estratégias de leitura, por meio

do gênero fábula, no qual buscamos desenvolver com as professoras novas

metodologias que possibilitavam a construção do sentido do texto, onde elas

produziram uma rotina de trabalho com o gênero fábulas, com a aplicabilidade

das estratégias de leitura de Solé (1998).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A implementação didático-pedagógica com as estratégias de leitura de

Solé (1998), aplicadas no trabalho com o gênero fábula, fazendo releituras e

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ativando o conhecimento prévio, permitiu que os professores compreendessem

um novo método de ensino e aprendizagem com relação às estratégias de

leitura, principalmente na aplicação de novas metodologias de leituras com os

gêneros textuais, motivando os alunos a despertarem o interesse pela leitura.

“Felizmente, nem tudo são trevas quando o assunto é o despertar da leitura no

Brasil” (LINARDI, 2008). Com essa visão, buscamos neste artigo sobre o gênero

fábula a construção do ensino e da aprendizagem da leitura dentro de uma

perspectiva de incentivo, de prazer, ao mesmo tempo em que lançamos ao

professor um desafio para despertar leitores. Pensando no crescimento intelectual

do aluno através das fábulas, procuramos atingir, além da parte cognitiva,

também os conceitos humanos de forma que os modifiquem e os reformem,

levando-os a agirem de maneira digna e responsável, tanto no ambiente escolar

como no familiar.

Assim, como nosso objetivo principal no início deste trabalho era o de

propiciarmos aos professores um conjunto de atividades metodológicas que,

somadas ao material já existente na escola e ao conhecimento acumulado por suas

experiências de trabalho, obtivemos evidências de que esse alvo foi alcançado,

tendo em vista a participação e o interesse deles nas atividades realizadas.

Constatamos que as estratégias de leitura de Solé,(1998) deveriam ser

aplicadas não somente em Língua Portuguesa, mas em todas as disciplinas e ser de

conhecimento dos professores da rede estadual e municipal para uma melhor

compreensão e construção de sentido. A leitura, ampliada e desenvolvida, visa ao

uso efetivo da linguagem, formando pessoas conscientes prontas para o exigente

mercado de trabalho; e a aprendizagem e o domínio da prática da leitura fazem que

os sujeitos “exerçam seus direitos e possam participar da sociedade com cidadania,

informar-se e aprender coisas novas ao longo de toda a vida” (PARANÁ, 2006, p.7).

Embora haja ainda muitas dificuldades a serem vencidas, cremos que essa

pesquisa-ação contribuirá para melhorar a formação de professores e que, por

meio das variadas estratégias de leitura, possam-se desenvolver o hábito e o

prazer da leitura. Assim, este estudo ajudará os professores a refletirem e a

buscarem procedimentos diferenciados para exercer o papel de guia, construir

andaimes, auxiliar o aluno a adquirir hábitos de leitura e de aprender a aprender.

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