Tesouros Peculiares - Katie Weldon Series - Volume 1 - Robin Jones Gunn

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  • Tesouros Peculiares

    Srie Katie 1

    Robin Jones Gunn

  • Para a minha Rachel,com amor sem fim e agradecimentospor todos os seus toques de beleza a essa histria.

    E para todos os Tesouros Peculiaresque me imploraram para escrever mais libros sobre esses personagens.

    Esta histria para vocs.

  • Captulo 1Katie segurou a saia de seu longo vestido de dama de honra e, empolgada, traou seu caminho at a aglomerao de convidadas do casamento:

    - Desculpe. Vim cumprir um dever. Mulher em uma misso aqui. Abram espao.

    A maioria dos convidados conhecia Katie e encarava com bom humor seus comentrios. Katie se plantou bem na frente e no centro. Ps-se em posio do interceptador da bola1 e discretamente, antes de ajeitar o cabelo vermelho- berrante atrs da orelha, gritou:

    - Aqui Cris! J estou pronta.

    Outra jovem tambm chegou mais perto e gritou suas prprias direes para a noiva:

    - Nada de favorito, hein, Cris!

    - Estou exatamente aqui na sua esquerda. Joga pra mim, na esquerda!

    - No, joga pra mim, Cris! Pra mim! Aqui!

    A noiva mantinha-se de costas para todas as convidadas, j que sua supereficiente tia agitava-se para ajustar a posio de Cris, para que seu perfil estivesse perfeito para as lentes do fotgrafo.

    -Mantenha os ombros para trs Cris, querida - Tia Marta advertia - Agora vire o queixo um pouquinho para a direita. No, nem tanto. Volte... Isso. Assim.

    O flash da cmera capturou a pose de Cris antes mesmo que a noiva pudesse respirar ou piscar.

    Outro flash surgiu, agora na direo de Katie e as outras impacientes convidadas. Katie era um pouco mais alta do que a maioria das garotas que estavam aglomeradas ao seu lado. Isso fazia com que a competio no parecesse to desafiadora.

    - Dama de Honra aqui! Katie gritou. Siga o som da minha voz, Cris!

    L do outro lado veio uma voz profunda.

    - Joga alto!

    1 Interceptador da bola - jogador do lado do lanador no jogo de beisebol, que intercepta a bola.

  • Katie conhecia aquela voz. Era a voz do Rick Doyle, seu quase namorado. Rick estava junto do restante dos padrinhos do noivo, na beira do gramado. Os outros rapazes, todos surfistas de nascena, j tinham tirado suas longas gravatas h uma hora, antes mesmo de o brinde ser oferecido. Eles estavam prontos para curtir confortavelmente a tarde quente do sul da Califrnia. Rick era o nico que mantinha o estilo pronto para a cmera, como dizia a Tia Marta. Ela estava satisfeitssima com Rick, mas irritadssima com os outros, inclusive com o noivo, Ted, que tinha arrancado o palet logo depois que ele e Cris cortaram o bolo.

    Alto, e de olhos castanhos Rick posicionou as mos em forma de copo, em frente a sua boca, e gritou de novo:

    - Joga alto, Cris!

    Por que ele est falando isso? Eu estou logo aqui na frente. Katie virou a cabea para trs para ver se Rick estava olhando para algum que estivesse na fileira de atrs das ansiosas caadoras de bouquet. Mas antes que ela pudesse localizar algum em particular, algo perfumado bateu do lado esquerdo de sua cabea.

    Todas as mulheres em volta gritaram.

    Katie flexionou seu brao esquerdo e puxou o objeto voador pro seu lado. Mas outra jovem, na tentativa de seu prprio alcance pelas flores, bateu com fora em Katie.

    - Ei! Katie comeou a tombar, mas viu que o bouquet estava prestes a ser agarrado.

    Outra jovem balanou seu brao para frente e sem calcular seus movimentos, lanou o mao de volta pro ar. O bouquet estava de volta ao jogo!

    L do outro lado, os rapazes gritavam. De dentro do amontoado de mulheres histricas, os berros aumentavam. De repente, todos os braos voltaram para o ar.

    O bouquet fugitivo parecia estar se divertindo com o seu momento de vo e s pararia nas mos de uma nica convidada ansiosa, que golpearia as flores como se elas fizessem parte de uma caa a passarinhos. Em meio a pulos e saltos, a travessa bola branca lanou uma nica rosa para uma mulher de braos longos antes que Katie pudesse saltar pra frente e agarrar o bouquet. Viva o bouquet!

    A garota alta do lado de Katie vacilou com a solitria rosa nas mos. E ento Katie levantou seu brao e deixou sua empolgao ser ouvida por toda a campina.

    - Peguei!

  • - Eu quase peguei - murmurou a mulher com o solitrio boto de rosa.

    Cris, que j tinha se virado para assistir ao show momentneo, deu uma risadaquando viu onde o bouquet parou.

    Katie imitou a expresso alegre de sua melhor amiga. Esse era o momento com que ambas haviam esperado durante anos. Muitos anos. As duas sabiam que Cris seria a primeira a se casar. A corajosa Katie sempre persistia em dizer que o noivo de Cris seria Ted, mesmo durante aquelas pocas em que Cris tinha l suas dvidas. Para incentivar os segredos de Cris durante aqueles duvidosos-mas- sonhadores momentos, Katie foi uma das melhores animadoras, S me prometa que voc vai jogar o bouquet pra mim. Aquele pensamento sempre as fazia rir uma da outra, da mesma forma que estavam fazendo agora.

    Misso cumprida.

    Dando uma rodada de triunfo, Katie deu de cara com Rick a observando. Pra quem quer que tenha sido aquele comentrio joga alto, agora no importava mais. Rick estava a encarando com aqueles olhos castanhos-chocolates, e ela parecia estar se derretendo por dentro, como se essa fosse sua primeira paixonite por Rick na escola.

    - Olhe pra c, por favor, disse o fotgrafo.

    Katie levantou a cabea e mostrou a ele eu maior sorriso.

    - Mais uma. Agora menos forado!

    Levando a fragrncia do bouquet branco da gardnia at o nariz, Katie mergulhou o queixo e inspirou lentamente o aroma doce e puro das flores. Ento esse o cheiro de estar casada.

    O fotgrafo capturou a pose, reajustou o ngulo da cmera e tirou outra.

    - timo, obrigada.

    Katie olhou de volta, pronta para dar uma piscada com seu brilhante e esverdeado olhar cheio de charme na direo de Rick, mas seu sorriso se desfez. Rick no estava mais a observando. Ele estava dando ateno ao grupo de rapazes solteiros prontos para capturar a liga1.

    Katie caminhou vagarosamente para o lado para se juntar ao grupo de espectadores enquanto tirava o cabelo da testa. Era estranho estar to bem

    1 Liga tira elstica que segura as meias. Assim como as mulheres solteiras ficam ansiosas para agarrar o bouquet da noiva, nos Estados Unidos, os homens solteiros apanham a liga que jogada pelo noivo.

  • vestida e ter uma foto sua capturada. Mas, at que essa experincia estranha foi agradvel. As selees de estilo pessoal de Katie foram por um longo tempo na rea do jeans e camiseta ou blusa de moletom. Durante o ano passado, ento, ela lanou uma chamada Verso-Katie atualizada. Ela comeou com um corte de cabelo que deu a sua juba vermelho-berrante um ar mais sofisticado, num estilo "fcil-de-lavar-e-sair".

    Ento ela adicionou umas saias mais coloridas ao seu guarda-roupa e foi procura de modelos mais femininos e confortveis. Essa roupa de dama de honra estava bem alm da forma como ela costumava se vestir, mas Katie gostou do jeito com que isso a fez se sentir mais sofisticada.

    Um rapaz que usava roupas casuais e uma barbicha-de-bode e culos escuros retangulares inclinou-se na direo de Katie que estava parada ao lado do grupo de rapazes. E sem olhar para ela disse baixinho:

    - A presilha ta escorregando.

    Katie virou seu olhar para o sol da tarde e piscou pra ele. Mesmo sem ter muita certeza se o comentrio dele tinha sido realmente para ela ou no. O rapaz continuava olhando para frente. Ele no repetiu o comentrio nem olhou de volta para ela. Atrs da orelha esquerda dele, ela viu uma fina e branca cicatriz na forma de um L.

    Katie ignorou o rapaz e voltou sua ateno ao grupo de rapazes que agora estavam importunando Ted, o adorvel noivo. Ele tinha posicionado a liga de Cris entre os dois dedos polegares na posio de projtil e malandramente mirou para trs de si prprio. Se ele soltasse agora, a liga iria desordenadamente atingir algum lugar no alto das palmeiras que se encurvavam para a festa de casamento, assim como as girafas fazem para alimentar seus filhotes.

    Um dos rapazes gritou:

    - Ei, direo errada, cara.

    Douglas, o nico padrinho do grupo que era casado, parou ao lado de Ted e virou seu corpo de forma que ele encarasse o grupo.

    - S mire nessa direo geral. Da, isso vai voar loucamente. Desse jeito, voc no precisar ficar de costas para eles.

    Ted parecia que estava se divertindo com isso, do mesmo jeito que pareceu ter adorado a cerimnia de casamento e a tranqila recepo. Katie sabia que apesar de todo o esforo que foi feito entre o casal, seus pais, e sua ansiosa e perfeccionista Tia Marta durante o planejamento deste dia, parecia mesmo que tudo tinha se tornado um momento super especial para Ted e Cris.

  • O casamento e a recepo tiveram apenas leves toques da influencia de Marta; a maioria do dia tinha sido planejada por Ted e Cris. Katie estava super feliz por seus amigos.

    Os rapazes pararam com suas posturas relaxadas na direo de Ted, era perceptvel pela expresso de seus rostos que eles estavam calmos demais para disputar a liga. Katie conhecia aquele grupo bem o suficiente para saber que eles iam entrar em ao a partir do momento que Ted lanasse a liga.

    E realmente. Ted levantou o queixo, e no comando de Douglas, ele lanou a faixa elstica de renda branca no meio do muito-calmo grupo de rapazes. E ai, baguna total.

    Katie notou que Rick foi um dos poucos rapazes que no entrou em ao. A liga deu voltas prximo ao rapaz de barbicha que estava perto de Katie. Mas antes que ele pudesse agarrar o frgil flutuante pedao de renda, outra mo surgiu e agarrou o prmio.

    Os ombros de Katie deram um solavanco involuntrio quando ela viu quem pegou a liga. David, o pequeno idiota. O irmo de Cris de 15 anos de idade comeou a fazer a dana da vitria. Infelizmente, aquela dana era estranha demais para os ps imensos do David, tornando penoso demais para Katie assisti-lo. Ela se virou para o outro lado da multido onde Rick estava parado. Ele estava conversando com o pai de Ted.

    -Excelente resgate na caa ao bouquet hein, Katie. O pai de Ted apontou com seu copo de plstico em sua direo e adicionou: Corra atrs do que deseja.

    - Obrigada. Virando para Rick, ela disse: Acho que no vi voc fazendo nenhum esforo herico para agarrar a liga l, Doyle.

    Rick deu uma risada forada e balanou os ombros.

    - No veio na minha direo.

    Essa a tal frase Filosofia-de-vida do Rick Doyle. Nos ltimos seis meses Katie tinha visto Rick passar por dzias de situaes extremamente desafiadoras sem agir com a mesma agressividade que ele demonstrava durante seus anos do segundo grau. Ele amadureceu. Talvez at demais.

    Ela deu uma longa olhada em Rick. Aquele era o seu amigo. De acordo com a ltima conversa que tiveram sobre a evoluo de seu relacionamento, seu quase namorado. Eles estiveram perto um do outro todos os dias durante os ltimos sete meses, e ela sentia que j no sabia mais quem ele era ou o que ele estava pensando.

  • De uma coisa ela tinha certeza: Ela queria ser a namorada do Rick. Ela estava feliz por ter ido nessa direo na noite em que Ted pediu a Cris em casamento na lanchonete Ninho da Pomba. Rick era o gerente do Ninho da Pomba, e apesar deles j terem se conhecido desde a escola, seus caminhos no tinham se cruzado durante anos.

    Depois de terem se reencontrado naquela noite, Katie e Rick comearam um relacionamento fixo. Num ritmo equilibrado. Ela at conseguiu um emprego no Ninho da Pomba. Os ltimos seis meses foram os mais estveis trechos da nova vida adulta de Katie, e ela no queria que isso mudasse. Tudo que ela queria era um titulo mais preciso para o relacionamento deles. Ela queria que fossem logo intitulados namorado e namorada.

    - Katie! Chamou a Tia de Cris de l da trelia do casamento.

    David j estava em posio, segurando a liga. O fotgrafo estava checando a intensidade da luz com o seu medidor.

    - Voc est sendo intimada - disse o pai de Ted.

    - , estou mesmo. Voc quer vir comigo? Ela agarrou o brao do Rick.

    - V em frente. Eu disse ao Douglas que iria ajud-lo com um... ... pequeno projeto.

    - Vocs, rapazes, no vo aprontar com o carro de Ted e Cris, vo?

    Rick apenas riu.

    O pai de Ted foi saindo.

    - Eu no ouvi nada. Estou fora do que quer que vocs, rapazes estejam planejando.

    - Rick, Cris no quer que vocs faam nada com o carro deles. Voc e o Douglas sabem disso, n?!

    - Katie! A voz de David os interrompeu - Tia Marta disse para voc andar logo.

    - Prometa-me que no vai fazer nada com o carro deles, Rick. Eu sou a dama de honra. Tenho que proteger Cris. Ajuda-me nisso. Por favor, no...

    - melhor ir - Rick apontou para a direo de Tia Marta e o fotgrafo. Alis, suas flores esto tortas.

  • Ela partiu em direo a trelia, olhando para o bouquet que estava em suas mos. O que ele quis dizer com suas flores esto tortas? Elas esto apenas fazendo o balano delas. Esto s um pouco espalhadas, e, talvez, faltando um boto de rosa.

    - Pelo amor de Deus, Katie, t tudo torto - Tia Marta chegou perto e deu uma puxada para o lado no enfeite de cabelo que Katie estava usando na cabea como uma coroa, que fazia parte do figurino de dama de honra.

    De repente, o comentrio que o rapaz com barbicha-de-bode fez sentido, assim como o comentrio do Rick tambm. A presilha dela tinha escorregado. Katie fez seus prprios ajustes com os dois grampos de cabelo depois que Marta terminou o seu ataque. Com o cabelo arrumado de novo, ela perguntou:

    - T melhor?

    - Vai ficar. Marta foi para o outro lado e estalou os dedos, como se estivesse encarregada de dar as ordens para o fotgrafo.

    David chegou mais perto de Katie e colocou seu brao em volta dos ombros dela.

    - O que est fazendo? Katie disse.

    - Posando para a foto.

    Ela se balanou pra fora do brao pesado dele.

    - Apenas sorria, David. Isso tudo o que voc precisa fazer. Sorrir. Desse jeito.

    Katie deu um largo sorriso de giz para o fotgrafo. O fotgrafo olhou por cimadas lentes de trs da cmera.

    - Um pouco menos exuberante, se voc no se importar. Ele capturou a pose e disse

    - Agora uma pose casual.

    David esticou o brao na direo de Katie. O odor do suor de adolescente era forte o suficiente para fazer as flores do bouquet murcharem.

    - Estou te avisando, David, tire suas patas de mim.

    As palavras de Katie escaparam por entre seu sorriso. David abaixou o brao.

    -Isso! O fotgrafo fez um aceno com a cabea e saiu com a cmera.

  • Katie soltou um Obrigada e notou que o rapaz da barbicha-de-bode estava parado no final da fileira de cadeiras perto de Trcia, a outra dama de honra. Trcia era casada com Douglas, e os dois estavam esperando seu primeiro beb em pouco menos de um ms.

    - Ted e Cris esto prontos para sair? Katie gritou por entre as fileiras de cadeiras vazias.

    Trcia confirmou com um aceno de cabea, suas mos envolviam o topo de sua barriga redonda.

    - Eu vim te chamar. Eles esto na capela assinando a certido de casamento. Eles precisam que voc assine como testemunha.

    Katie se apressou para atravessar o gramado em direo pequena capela de orao localizada na extremidade da universidade. A capela era um dos tesouros favoritos de Katie no campus do Rancho Corona. A campina gramada no fim da alta plancie que cercava o campus, geralmente era usada apenas como caminho para um longo passeio. Fazer o casamento ao ar livre nesse grandioso espao tinha sido idia do Ted, e foi uma tima idia. Sem dvida a campina, a partir de agora, passar a ser um local freqentemente requisitado por outros estudantes do Rancho Corona para a realizao de casamentos.

    Pegando um atalho por entre as palmeiras, Katie se surpreendeu com o vislumbre brilho do sol que de longe, refletia dentro do brumoso campo azul do Oceano Pacifico. O ar j estava ficando fresco.

    Profundamente, a camada atmosfrica de pssego com as sombras da primavera sugeria um toque de glria na paisagem do pr do sol.

    Katie sorriu. Ela achou fcil acreditar que Deus estava incrementando Seu toque festivo ao final do dia perfeito de Cris e Ted. Num sussurro, Katie disse: O Senhor ir abeno-los, Deus Pai? Abenoe todos os anos que eles iro viver. O Senhor tem sido to bom para eles.

    Com um n na garganta, ela adicionou: Eu no sei o que exatamente o Senhor tem em mente para mim a partir de agora, mas o Senhor ir me abenoar tambm? Se Rick no for o cara certo para mim, me faa perceber isso logo. Eu no quero tentar me convencer que ser a namorada do Rick uma de suas Coisas de Deus se isso for apenas uma Coisa da Katie.

    Chegando capela, Katie parou, e antes de abrir a porta adicionou um PS em sua orao: Se o Senhor no quer que eu e o Rick caminhemos mais adiante em nosso relacionamento, faa com que ns terminemos. Essa dvida de ser a quase namorada dele est me matando. Principalmente hoje.

  • Captulo 2- Hora certa - O pastor disse quando viu Katie por os ps dentro da capela. Ted tinha uma caneta em sua mo e estava assinando um documento anexado a uma prancheta. Cris assinou em seguida. Depois o pai de Ted, Bryan, que tinha sido o padrinho do noivo. A caneta foi passada para Katie, e ela sentiu o corao acelerar por um doce momento.

    - Vocs esto casados - ela disse com um enorme sorriso, enquanto escrevia"Katie Weldon" no documento.

    Ted se inclinou e beijou Cris na bochecha. Ele sussurrou alguma coisa que apenas Cris ouviu. No mesmo instante os clios dela baixaram e seu rosto aqueceu-se com um sorriso brilhante, Katie imaginou que talvez ele tenha dito alguma coisa muito maravilhosa. Alguma coisa que Cris provavelmente tenha esperado meia dcada para ouvi-lo dizer. Alguma coisa fora do comum para o Ted de antigamente que no expressava seus pensamentos.

    - Vocs dois esto prontos pra ir? O pai do Ted perguntou.

    - Eu estou - Ted disse - E voc, Kilikina?

    Pareceu conveniente pro Ted chamar Cris pelo seu nome havaiano - o apelido que ele lhe dera. Eles estavam a caminho de Maui para a lua de mel deles.

    Antes que Cris pudesse responder, a porta da capela se abriu e Tia Marta entrou falando alto, com o rosto vermelho. Seu marido, Bob, estava com ela.

    - Venha, venha! Estamos esperando por vocs. Marta informou. Todos em seus lugares. Grandes sorrisos. O fotografo estar a sua esquerda enquanto vocs vo em direo ao carro ento tenham certeza que...

    - O carro! Katie irrompeu: Eu quase me esqueci de falar pra vocs! Eu tenho certeza que Rick e Douglas esto tentando fazer alguma coisa com o carro de vocs. Eu tentei par-los, mas...

    Ted encolheu os ombros:

    - No importa.

    - Katie, eles no vo ao carro deles para o aeroporto - A rplica de Tia Marta soou um tanto alto para a pequena capela. Ate o pastor ergueu as sobrancelhas, e Bob deu um passo pra mais perto da esposa.

    - Como eles vo pra l? Katie perguntou

  • - De limusine, claro. Agora, por que estamos parados aqui? Venham. Por favor. Cris, voc poderia passar um pouco mais de brilho labial. Katie, onde esta o brilho? Voc deveria ser responsvel por retocar a maquiagem dela para as fotos.

    - Meus lbios esto timos, Tia Marta - Cris falou firmemente.

    - Seus lbios esto mais que timos. Dessa vez o comentrio de Ted no foi um sussurro. Ele disse em voz alta o que provavelmente vinha pensando, isso pareceu surpreend-lo mais que aos outros.

    Tio Bob foi o nico que riu. Claramente ele estava apreciando cada momento da celebrao do dia. A porta da capela aberta para a noiva corada e o noivo sorridente, Bob disse:

    - ltimos detalhes pra vocs dois. O motorista da limusine esta com suas passagens, os papeis do aluguel do carro, e duas chaves do condomnio. Vocs tm o numero do meu celular se precisar de mais alguma coisa.

    - Muito obrigada, tio Bob. Cris lhe deu um grande abrao e um beijo na bochecha.

    Marta levantou um pouco seu queixo para que sua bochecha estivesse mais acessvel ao beijo de agradecimento de Cris no seu caminho porta afora.

    Um pouco mais a frente os convidados do casamento tinham formado duas filas com a passagem em direo rea do estacionamento no meio. Assim que o grupo viu Ted e Cris saindo da capela de mos dadas, eles comearam a usar as lembrancinhas que tinham sido providenciadas para cada mesa. Os convidados lanaram varias bolhas de sabo ao invs da tradicional chuva de arroz. Nesse ponto, Katie tinha tentado convencer Cris a usar borboletas. Agora as bolhas de sabo pareciam uma opo mais adequada.

    Katie passou adiante dos recm casados que vinham mais devagar, passeando em direo ao tnel do amor de bolhas de sabo. Ela queria ter certeza que eles chegariam limusine sem nenhum problema.

    Trcia j se encontrava em posio bem no fim da fila junto aos pais de Cris.

    A me de Cris passou uma garrafinha extra de bolhas pra Katie. Ao invs de abrir e se juntar festa de bolhas de sabo, Katie olhou ao redor a procura de Rick.

    - Voc sabe pra onde os rapazes foram? Ela perguntou para Trcia.

    - No, eu esperava que eles estivessem com voc.

  • Ted e Cris j estavam na passagem que os levaria ao estacionamento. Centenas de bolhas cor-de-rosa brilhantes ao redor deles e danando no ar. Ted parou e esticou a mo, se permitindo que o momento encantador casse sobre ele. Ele manteve a palma da mo estendida como uma criana que tenta pegar pingos de chuva ou flocos de neve.

    Katie abriu sua garrafinha e adicionou mais bolhas a chuva de saudaes brilhantes.

    A primeira encantadora bolha que veio para a palma da mo de Ted estourou no impacto. Ele manteve a mo aberta para uma segunda bolha, e uma terceira e ento uma quarta. Os convidados aumentaram a produo de bolhas, cada um tentando ser aquele que poderia fazer a bolha singular e resistente que poderia flutuar ate a palma de sua mo e se tornar a perola indefinvel pela qual ele estava esperando.

    Mais duas bolhas pousaram e estouraram antes de Cris colocar em pratica seu novssimo poder de persuaso como esposa. Ela foi em direo a Ted e esticou o brao, colocando sua mo na dele. Ted se voltou para olhar sua noiva. Um pequeno sorriso surgiu enquanto ele entrelaava os dedos dela em sua mo. O verdadeiro encanto do momento estava claro; Cris era a perola do corao de Ted. Ele no precisava mais tentar alcanar anseios to frgeis quanto bolhas de sabo. Ele tinha seu tesouro em suas mos, e ela seria o presente que faria dele um homem rico.

    Assim que Cris e Ted chegaram ao fim da passagem formada pelos amigos, eles pararam e deram me e ao pai de Cris um ltimo abrao e beijo. Katie engasgou quando viu o pai de Cris se derramando em lagrimas dar pra sua filha agoratotalmentecrescida um enorme abrao de urso.

    Uma pontada aguda de dor surgiu no corao de Katie quando ela percebeu que nunca tinha recebido um abrao como aquele de seu prprio pai. To rapidamente quanto a dor surgiu, ela a evitou.

    Ela estava indo bem nisso de superar a dor em velocidade recorde.

    - Ligue pra gente quando puder. A me de Cris disse para os recm-casados.

    - Ns ligaremos. Ted deu um abrao na sua nova sogra.

    Cris parou em frente Katie, e as duas se deram as mos. O sorriso aquecedor que elas trocaram era tudo que as duas melhores amigas precisavam pra comunicar seus sentimentos uma para a outra nesse momento de despedida. Ento com rpidos abraos em Trcia, o novo casal acenou para o restante dos convidados e se apressaram para abrir a porta da limusine que os estava esperando.

  • - Espero que Douglas e Rick no estejam perdendo isso. Trcia disse.

    - O que voc quer dizer com perdendo isso? Ns estamos bem aqui. Douglas surgiu atrs delas. Rick estava com ele.

    - Onde vocs dois estavam? Trcia perguntou.

    Rick colocou o brao ao redor de Katie e murmurou em seu ouvido:

    - Voc fica bonita com bolhas de sabo em seu cabelo.

    Rick era bom com as palavras. s vezes um pouco bom demais. Katie se afastou, tentando olhar mais claramente a expresso no rosto dele.

    - Voc est apenas tentando me distrair pra que eu no descubra o que vocs fizeram com o carro deles.

    Rick olhou pra ela com uma falsa expresso de choque.

    - No se preocupe - Douglas disse. - ns no fizemos nada com o carro. Por falar nisso voc viu o motorista da limusine? Ou deveria dizer o gorila da limusine?

    - Ei, a gente poderia ter derrubado ele se a gente quisesse. Rick falou.

    - Mas a gente no quis, no , Rick?

    - No. O sorriso inocente de Rick se transformou em um malicioso. Katie sabia que aquilo significava problema.

    - O que vocs dois fizeram?

    Ela olhou para Douglas esperando uma resposta sincera.

    - Vocs tm que me dizer. Eu sei que vocs fizeram alguma coisa.

    - No foi nada ruim, Katie. Rick colocou sua mo no ombro dela. Apenas relaxa.

    - Eu vou relaxar depois que vocs me contarem o que fizeram.

    - Cara - Douglas disse - ela inflexvel, no ?

    - Voc no faz idia. Rick ajustou sua jaqueta. Tudo que fizemos foi adicionar um presentinho na mala deles.

    - Que tipo de presente?

  • - Um kit de sobrevivncia pra lua de mel.

    - Um o que?

    Trcia entrou na conversa.

    - T certo, Katie. Eu os ajudei a organizar tudo. um monte de pequenos itens com notas neles. Como um frasco de anti-sptico bucal que diz, Abra em caso de mau hlito de manh e um par de meias para cada um deles com uma nota que diz, Em caso de ps resfriados .

    A limusine saiu bem lentamente pelo estacionamento de cascalho. Os convidados acenaram e sopraram mais algumas bolhas na direo do casal.

    - No tem nada pra voc ficar zangada, Katie, Douglas disse. Quando eles chegarem a Maui e Cris abrir a mala dela, eles vo ter alguma coisa engraada pra rir.

    Katie ainda no estava convencida.

    - A mala da Cris? Por que vocs no colocaram essas coisas na mala do Ted?

    Rick riu.

    - A mala do Ted uma velha mochila de nylon com um dos lados remendado com fita adesiva. No tinha como a gente colocar mais nada l sem que a mochila explodisse. A gente teve que arrumar um pequeno espao na mala da Cris, mas coube tudo.

    - Arrumar um pequeno espao? O que vocs tiraram?

    - S alguns papis.

    - Que papeis? Katie e Trcia perguntaram em unssono.

    Rick tirou do bolso da jaqueta um monte de folhas de papel bem dobradas e atadas com uma bonita fita de renda. Parecia uma coleo de cartas escritas mo.

    Katie gelou.

    -Rick, voc no!

    - Douglas! Dessa vez o grito agudo de Trcia foi mais alto que o de Katie.

    - O que?

  • Katie pegou as cartas e saiu correndo atrs da limusine.

    - Espera! Pra!

    Seu sapato do p esquerdo saiu, mas ela continuou correndo. Atrs dela comeou a crescer o som de risos dos que estavam vendo a cena. Ela sabia quo ridcula estava naquele momento, uma dama de honra com um p de sapato perseguindo freneticamente a limusine que ia embora. Mas nenhum deles entendia. As cartas em sua mo eram o corao de Cris.

    Desde o tempo que Cris tinha 16 anos, ela vinha escrevendo cartas para seu futuro marido, dizendo que ela estava orando por ele e se guardando pra ele. Ted no sabia nada sobre as cartas, e nem deveria. Essas palavras cuidadosamente preservadas eram o presente de casamento de Cris pra ele. Rick e Douglas no tinham o direito de roubar isso deles.

    - Pare! Katie gritava. Ela acenava furiosamente tentando chamar a ateno do motorista pelo espelho retrovisor do lado dele. Espera.

    A limusine diminuiu a velocidade e parou. Katie se lanou na direo da porta da limusine que estava aberta e sem ar entrou s pra ver Ted e Cris se beijando.

    - Katie! Cris disse

    - Desculpa! Katie falou, rapidamente escondendo as cartas atrs de si.

    - O que voc esta fazendo? Ted perguntou

    - Me desculpem. Isso realmente, realmente muito importante. Ted, voc poderia virar seu rosto pro outro lado? S por 1 minuto.

    Katie raramente tinha visto Ted ficar zangado. Naquele momento ele definitivamente estava zangado.

    - Eu prometo, Ted. Eu no quero bagunar nada aqui. Isso extremamente importante. Se voc pudesse s, exatamente assim. Mantenha sua cabea virada pra l e feche os olhos.

    - Katie - a voz de Cris era firme e sua expresso dura - melhor que isso seja...

    - . Eu prometo. Sem dizer mais nenhuma palavra, Katie tirou a mo de trs de si e mostrou o monte de cartas.

    Os olhos e a boca de Cris se abriram.

    - Eu sei, Katie disse, eu explico tudo depois.

  • Cris pegou as cartas e rapidamente sentou em cima delas, colocando-as embaixo das pregas de seu vestido de noiva.

    - Katie, voc no faz idia...

    - Sim, eu acho que sim.

    - Obrigada, Katie! A voz de Cris soou aguda.

    - Com certeza. Tudo em um dia de trabalho para uma dama de honra.

    Ted se voltou pra elas e com o olhar questionou as duas.

    - Ok. Katie tirou os cabelos dos olhos. Eu tenho que ir agora. Eu sei, eu sei que vocs dois realmente desejam que eu possa ficar, mas, bem, ei. Eu preciso usar meus super-poderes em outros lugares. Amo vocs.

    Katie fez uma pausa e acrescentou com um sorriso

    - At mais, Sra. Spencer.

    Ted fez seu costumeiro gesto de levantar o queixo:

    - Mais tarde.

    - - Katie disse, saindo da limusine - Mais tarde.

    Ela virou a cabea e trombou no peito do motorista da limusine que agora estava de guarda perto da porta aberta do carro. Katie se endireitou e levantou o olhar para o no-to-divertido, homem tamanho-gorila.

    Uau, Douglas estava certo! Ela se virou e mancando voltou para o estacionamento de cascalho a procura de seu sapato perdido.

    Um dos divertidos convidados tinha pegado o sapato de Katie. Ela o entregou aKatie como se fosse um pagamento para ficar por dentro das informaes.

    - O que aconteceu? T tudo certo? Eles esqueceram alguma coisa?

    - Tudo esta timo. Perfeito, na verdade. Voc me d licena?

    Ela era, mais uma vez, uma mulher em ao. Dessa vez seu objetivo era caar dois certos travessos e dar a eles um pedao do seu crebro. No exatamente um pedao. Uma fatia grossa. Ou um pedao bem grande. Um pedao bem grande de seu crebro, to grande que os dois se engasgariam.

  • Uma mulher alta de uns 30 anos surgiu andando rapidamente ao lado de Katie assim que ela comeou sua jornada atravs do prado.

    - Katie, voc tem um minuto?

    Katie parou e olhou de relance para a mulher. Ela tinha certeza de j t-la visto pelo campus. O lapso de memria de Katie deve ter ficado evidente em seu rosto porque a mulher se apresentou.

    - Sou Julia Trubec. Sou a diretora residente da ala feminina no Crown Hall.

    - Oh, certo! Selena morou no Crown Hall Norte esse ano. Vocs tiveram a melhor festa de Natal de todos os dormitrios no ultimo dezembro.

    - Obrigada. As festas de Natal esto se tornando nossa tradio.

    - Bem, continuem que uma tima tradio.

    Katie comeou a caminhar.

    - Na verdade, se voc tiver um minuto, eu estava procurando por voc.

    Esquecendo seu objetivo de caar Rick e Douglas, Katie voltou e disse:

    - Se sobre o cheiro que estava na cozinha no Crown Hall Norte na sexta noite duas semanas atrs, eu posso explicar.

    Julia olhou surpresa e intrigada. Seu rosto tinha uma galxia de sardas que no eram obvias a primeira vista porque se misturavam muito bem com o tom quente da cor de sua pele. Seu cabelo marrom areia tinha traos de algumas luzes. Katie teve a impresso de que ela era uma pessoa que tinha cruzado o Oceano Pacifico em um barco a vela e agora carregava consigo os efeitos sem fim do sol em seu cabelo e em sua pele.

    - Eu confesso: eu fui uma das que colocou os sapatos da Vick no forno. Katie disse.

    - Os sapatos da Vick?

    - A gente s estava se divertindo. Fazendo uma brincadeira com ela antes do grande encontro dela. Selena e eu s planejvamos esconde-los l por uns, dez minutos. Nos jamais imaginamos que algum ligaria o forno. Quer dizer, quem comea a fazer biscoitos e liga o forno sem primeiro olhar? Voc ta entendendo o que estou dizendo? E obviamente que nunca espervamos que os solados derretessem da forma como derreteram e formassem aqueles esquisitos, no-

  • amigos-do-ecossistema estalagmites, mas Selena disse que limparia o forno, e eu j paguei Vick pra ela comprar outro par...

    Julia levantou a mo.

    - O que eu estava querendo perguntar no tinha nada a ver com o forno. Entretanto, obrigada. Eu aprecio ficar por dentro dessa historia.

    Katie pressionou os lbios um contra o outro. Selena vai me estrangular por ter contado!

    - Na verdade eu queria te perguntar se voc talvez considerasse a possibilidade de ser uma AR no outono.

    Katie piscou.

    - Uma assistente residente? Eu? Voc tem certeza que esta falando com a Katie certa?

    - Sim. Tenho certeza que voc em a Katie certa. O problema : ns temos outro AR nesse cargo no Crown Norte, mas ela acabou de nos informar que no poder retornar no outono. Ns pedimos recomendaes por ai, e seu nome apareceu.

    - Apareceu? De quem? Selena?

    - Na verdade, todas as recomendaes vieram dos funcionrios e docentes. Voc tem uma tima reputao no departamento de biologia.

    - Ok, bem, o que quer que seja que lhe disseram sobre o tempo que 3 dos 5 estudantes de botnica tiveram reao alrgica depois de provarem meu ch de ervas, bem... Na verdade, bem verdadeiro. Ou talvez fossem 3 dos 5 que apresentaram problemas estomacais e apenas 2 dos 5 tiveram alergia. Mas Julia fez uma careta

    - Voc esta dizendo que devemos te manter longe dos jardins orgnicos na parte mais baixa do campus assim como longe da cozinha?

    - , basicamente. Eu sou muito melhor com pessoas do que com plantas e eletrodomsticos.

    - Como voc com os animais?

    - Animais?

    Julia sorriu como se Katie tivesse entendido a piada.

  • - Ok, bem o primeiro peixe-vermelho que eu tive no outono passado era realmente velho quando o comprei. Acho que eles tinham um aqurio geritrico especial que no estava etiquetado como tal, mas eles me cobrariam mais caro. Rudy era to velho que deveria ter vindo com uma bengala. Ou um andador. Serio. E o segundo peixe-vermelho, bem...

    - Katie, eu s estou brincando! Julia riu enquanto Katie s desejava encontrar uma forma de terminar a conversa graciosamente.

    - Escuta, Katie. O trabalho de uma AR no tem nada a ver com peixe, ch ou manuteno de forno. Voc boa com as pessoas, isso que importa.

    -Oh, ok. Katie percebeu que se ela no tivesse causado uma m primeira impresso dela pra Julia, ela provavelmente teria uma chance de obter uma posio no campus lucrativa para seu ultimo ano na faculdade. Ela ouviu com os lbios pressionados enquanto Julia lhe dava mais detalhes. Parecia muito bom.

    - Voc poderia vir ao Crown Hall na segunda tarde por volta das 3 horas? - Julia perguntou - Craig, o outro DR, estar l.

    - Com certeza

    - Perfeito. Te vejo l ento. Oh, e Katie... Sua confisso sobre o forno esta a salvo comigo.

    Katie sorriu.

    - Obrigada.

    Por alguma razo ela teve o sentimento de que nenhuma confisso estaria a salvo com Julia. Ela tambm se deu conta que essa vaga de AR poderia ser uma resposta para a orao que ela nem sequer tinha tido tempo de fazer.

  • Captulo 3Com um passo determinado, Katie puxou a saia de seu vestido azul de dama-de- honra, agora sujo e desajeitado, e colocou seu queixo para frente.

    - Ei, uma voz masculina disse atrs dela. Sua aurola est...

    - Sim, sim. Eu sei. Est caindo de novo.

    - No, dessa vez sua aurola saiu. O cara do cavanhaque segurou sua grinalda que tinha cado.

    Muito agitada para pegar sua coroa de flores e tentar reposicionar na sua cabea, Katie abanou o ar e continuou andando:

    - Apenas jogue fora pra mim, ta?

    Dirigindo-se para a rea da recepo, onde os convidados que restaram estavam reunidos, ela localizou Rick e Douglas em p ao lado da mesa do bolo. Ambos estavam saboreando grossas fatias do bolo de casamento enquanto os garons limpavam a mesa principal.

    Katie marchou na direo deles com uma expresso sria e zangada no rosto. Douglas se voluntariou:

    - Ei, eu sei que voc est realmente chateada com o que ns fizemos, mas oua. A Trcia acabou de nos contar sobre as cartas. Ns no sabamos.

    Rick entrou na conversa:

    - Katie, ns no fazamos a mnima idia do que eram as cartas.

    - O ponto no esse - Katie colocou as mos nos quadris -independentemente de o que vocs sabiam, vocs no deveriam t-las tirado da mala dela. Alis, vocs no deveriam ter mexido em nada da Cris. Isso grosseiro.

    - Voc est certa. Disse Douglas.

    - Voc sabe que ns s estvamos querendo fazer algo engraado para eles, no sabe? Rick disse. Ns no estvamos tentando sabotar a lua de mel deles.

    Katie olhou para Rick, examinando-o cuidadosamente. Depois olhou com raiva para Douglas.

  • - Wow! Disse Douglas. Eu no vejo essa expresso no seu rosto desde aquela viagem de barco quando eu acidentalmente te dei aquele nariz sangrando.

    Reprimindo o sorriso que, sobre outras circunstncias, viria acompanhando aquela memria h muito tempo esquecida, ela disse:

    - Sim, mas se eu me lembro corretamente, eu sujei seu rosto muito bem com um brownie naquela viagem.

    - Um brownie com creme batido, Douglas adicionou. E voc est certa. Voc me acertou em cheio daquela vez. Eu no vi aquele vindo.

    Katie notou que Douglas ainda estava segurando o prato com seu pedao-bnus de bolo de casamento. Dando um passo para trs antes que Douglas tivesse alguma idia, Katie sentiu sua indignao ir embora. Ela tinha marchado na direo deles, pronto para dar a Douglas e Rick uma lio sobre etiquetas em casamentos, ainda que a histria tivesse provado que ela no era uma boa pessoa para ensinar ningum nesse assunto.

    - Est tudo perdoado? Rick perguntou.

    Katie concordou. Ela tinha tido um pouco de prtica em estender perdo para esses meninos durante os ltimos anos. Especialmente para Rick Doyle. Ela sabia que no conseguia ficar brava com ele.

    - Voc foi mais rpida em aceitar desculpas do que minha esposa, disse Douglas. Ele fez uma careta como se ele soubesse que ainda estava em encrenca com a Trcia.

    - Onde est a Trcia? Katie perguntou.

    Douglas apontou para uma cadeira a alguns metros dali. Sua pequena e grvida esposa estava desajeitadamente despojada, apertando sua mo na sua cintura.

    - Trcia? Katie chamou. Voc est bem?

    Ele concordou com a cabea e tentou um sorriso.

    - Ns devemos ir, disse Douglas. Eu sei que ela est cansada. Durante a recepo ela disse que o beb estava chutando muito. Ele engoliu mais duas mordidas do bolo e entregou o prato para um dos garons antes de sair com Trcia.

    - Voc gostaria de uma fatia? Perguntou a garonete a Katie.

    - No, obrigada. Katie olhou ao redor a rea da recepo deserta. Eu sinto que deveria ajud-los a limpar. Vocs precisam que ns faamos alguma coisa?

  • A jovem mulher sorriu:

    - No, ns temos tudo sob controle.

    Katie notou que Rick estava dando pra ela um olhar de t-falando-srio?.

    - O qu?

    - Eu acho que voc est trabalhando no Ninho da Pomba h muito tempo.

    - Por que voc est dizendo isso? Katie franziu a testa e tentou ler sua expresso.

    Esta a maneira esperta do Rick de me dizer que eu estou despedida? Ele no est dizendo que quer terminar, est?

    - Por que voc est parecendo to preocupada? Rick perguntou.

    - Por que voc disse que eu estou trabalhando no Ninho da Pomba h muito tempo?

    - Bem, por que outra razo voc se ofereceria to rapidamente para ajudar na limpeza?

    - Ah, isso... - Katie olhou ao redor de novo. Eu s no sei o que mais eu devo fazer como dama de honra.

    - Eu acho que voc ficou oficialmente fora do seu dever de dama de honra quando a limusine desapareceu das nossas vistas. Voc est dispensada agora.

    - Acho que estou.

    s vezes a natureza espordica dos seus pensamentos deixava Katie at um pouco doida. De vez em quando ela se sentia como um guarda de zoolgico encarregado por umas 4 dzias de macacos. Quando os macacos ficavam na jaula deles, tudo ia bem no zoolgico da Katie. Um pouco barulhento s vezes, mas controlvel. Quando esses macacos escapavam, bem... Ela tinha que dar crdito ao Rick pelas muitas vezes que ele estava com ela enquanto ela corria em volta com uma rede de macacos.

    Colocando o dedo no pedao de bolo de Rick para experimentar, ela disse:

    - O que voc acha? Quer ir embora agora ou ficar mais um pouco?

    - Estou pronto pra ir. Rick tocou seu garfo na cobertura fofa, gelada e branca e marcou a ponta do nariz de Katie. Ele se afastou e sorriu para o seu trabalho.

  • Katie cruzou seus olhos, tentando focalizar na marca.

    S ento Tia Marta veio falar com eles.

    - Katie, voc esqueceu o buqu de noiva. Isto seu para guardar.

    - Oh, obrigada. Ela no tinha removido a cobertura do seu nariz. Era muito engraado esperar para ver se tia Marta iria notar.

    Marta j tinha voltado sua ateno para Rick.

    - Voc pegou as bandejas que os garons pegaram emprestado do seu restaurante? Eu especifiquei para eles devolverem as bandejas limpas para voc. Eles fizeram isso?

    - Sim. Elas j esto no meu carro.

    - timo. Agora, eu tenho uma pequena coisa para cada um de vocs. Marta entregou dois pequenos envelopes para Rick e Katie. Uma demonstrao do meu agradecimento pela ajuda de vocs hoje.

    - Voc no precisava nos dar nada, disse Katie.

    - Sim, eu precisava, disse Marta. Vocs tm sido importantes para a vida de Cris e Ted por muitos anos, e vocs deveriam ser reconhecidos neste dia.

    - Isso muita gentil de sua parte, Rick disse, recebendo o envelope. Obrigado.

    - apenas uma pequena demonstrao, disse Marta. Espero que vocs gostem.

    Katie se aproximou e deu um beijo na bochecha de tia Marta. Com um tom debrincadeira na voz ela disse:

    - No importa o que o Rick diga sobre voc, eu acho voc um pssego.

    Com uma leve satisfao Marta disse:

    - Se voc acha que eu vou cair nesse comentrio ou que eu no notei a cobertura, voc est enganada. Voc vai ter que tentar mais do que isso para me irritar depois de um dia como esse, Senhorita Katie Weldon.

    Apesar de Katie gostar da idia de levar a tia de Cris nesse desafio, ela deixou a oportunidade pra l e suavizou sua sada quebrando o gelo e dizendo:

    - Voc fez um timo trabalho com tudo, Marta. O casamento, a recepo, tudo estava perfeito.

  • - Estava, no estava?

    Rick e Katie deixaram Marta se deliciando no amvel sucesso do seu planejamento e andaram para o clssico Mustang vermelho-cereja de Rick onde ele abriu a porta para Katie. Ela abaixou a janela para deixar sair o ar quente. Enquanto Rick andava para o seu lado do carro, Katie abriu seu envelope.

    - Wow, ela disse. Isto muito bom. Voc gosta dessa loja, no gosta? Katie segurou seu carto-presente para Rick ver.

    Ele concordou.

    - Pena que eles s vendem roupas, disse Katie. Se eles vendessem gasolina, minhas despesas com transportes no vero estariam cobertas.

    - Voc pode comprar algo legal pra voc. Rick ligou o motor. Eu gosto desse tom de azul em voc.

    Antes que ela pudesse pensar se Marta e Rick estariam em associao, tentando melhorar o guarda-roupa de Katie, um velho Toyota Camry branco passou por eles. Katie notou um crculo de pequenas flores brancas pendurado no retrovisor interno.

    - Ei, minhas flores! O que ele est fazendo com minhas flores?

    - Do que voc est falando? O buqu ta no seu colo.

    - No, no essas flores. Minha aureola.

    - Sua aureola?

    Katie no podia mais ver o outro carro. Ela virou para trs no seu banco e piscou.Por que ele ficaria com as minhas flores?

    - Ei, Anjinha, o que voc est pensando?

    - Anjinha? Katie fez uma cara para Rick. Esse tem que ser uma das piores at agora.

    Nos quase 7 meses que Rick e Katie estavam juntos, Rick tentou sem sucesso surgir com um apelido para ela. No ensino mdio, ele tinha dado a ela o apelido de Veloz1" depois de um incidente com um tren. Katie rapidamente vetou Veloz como um apelido nessa nova temporada do relacionamento deles. Mas Rick estava determinado a inventar algo novo para ela.

    1 Speed

  • - Falando nisso, voc estava linda hoje, ele disse. Mesmo que voc no queira ser chamada de Anjo , voc parecia um.

    - Ah, sim, certo. Tenho certeza que eu parecia divina correndo atrs na limusine numa moda Cinderela, usando apenas um sapato e com minha aureola caindo.

    Rick sorri.

    - Voc no tem idia de como voc estava bonita. Confie em mim, todos os olhos estavam em voc.

    A msica de fundo tocando no rdio parecia chamar a ateno dele. Ele aumentou o volume.

    Voc a nica pra mim, Menina Atrevida.

    Voc deixa os outros na poeira.

    Vem comigo, Menina de Classe.

    Eu sou o homem que voc pode confiar.

    Katie nunca gostou dessa msica. Mas ela gostava de Rick. Especialmente em momentos como esse, quando ele estava sorrindo para ela e dizendo que ela era linda. Suas dvidas sobre ele do incio do dia foram embora.

    Ele pode no ser o melhor em gestos romnticos, mas ele tem seus momentos de charme. E estes so os momentos que eu nunca fui capaz de resistir.

    - Que tal Menina Atrevida? Sugeriu Rick.

    - Ah, esse seria negativo centsima potncia. E nem tente Menina de Classe como substituto.

    - Ok, eu vou continuar trabalhando nisso. Ei, eu tenho que levar as bandejas de volta pro trabalho. Voc quer que eu te deixe no dormitrio, ou voc quer ir ao Ninho da Pomba comigo?

    - Eu vou com voc.

    - Eu esperava que voc dissesse isso.

    - Eu esperava que voc perguntasse.

    Eles trocaram sorrisos confortveis, e Rick ligou a msica de novo. Ele gostava do som bom e alto enquanto ele dirigia. Especialmente em noites quentes como

  • esta, com o vidro do carro aberto. Ele colocaria a mo do lado de fora da janela e usaria a porta continuar batucando com a msica.

    O hbito de Katie era cantar junto, o que fazia Rick rir. Na verdade, era uma ambigidade se a expresso dele era mais um sorriso ou uma expresso arrogante. De qualquer jeito, os dois tinham seu ritmo e tinham gasto vrias horas na estrada com a msica ligando os intervalos de conversa. Nenhum deles parecia se importar com os interldios musicais.

    Mas dessa vez Katie no caiu na rotina de cantar junto. Ao invs, ela reclinou e vagueou em um canto feliz do seu corao onde ela podia retroceder o dia e ir bem calmamente por suas partes favoritas.

    Eu imagino como ser o dia do meu casamento. Ser que eu vou casar ao ar livre? Meu casamento vai ser to grande quanto o de Cris e Ted?

    Ela soltou um suspiro de contentamento. Com quem eu vou acabar casando?

    Olhando para o elegvel solteiro ao lado dela, Katie deixou sua mente fazer a pergunta bvia. Poderia ser o Rick?

    Ela sabia que estava indo muito alm de onde o relacionamento deles estava, mas hoje era o tipo de dia em que qualquer mulher com um pouco de romantismo faria este tipo de pergunta.

    Ela estudou o perfil de Rick como se a resposta para sua pergunta nunca antes feita em voz alta pudesse ser encontrada nas linhas de sua forte mandbula.

    Rick pareceu sentir seu olhar. Ele virou rapidamente para ela.

    - Voc disse alguma coisa?

    - No. Katie sorriu para si mesma.

  • Captulo 4Quando eles chegaram ao Ninho da Pomba, Rick saiu do carro, mas Katie no.

    - Eu acho que vou esperar aqui, ela disse.

    Ele olhou surpreso. Katie geralmente no se afastava de uma potencial oportunidade social.

    - Voc est bem?

    - Sim, eu s quero sentar por um minuto. Eu vou entrar se ficar entediada.

    - Ok. Eu j volto.

    Ela pensou que se ela sentasse sozinha por alguns minutos, algumas respostas viriam a ela em relao a vrias questes da vida que a estavam pressionando.

    Seu relacionamento com Rick estava sempre no quadro Para discusso na mente de Katie. Em segundo estava a inesperada oferta de Julia para o cargo de AR1. A terceira deciso pendente era sua carreira.

    Mais cedo nessa semana Katie teve uma conversa no muito agradvel com seu conselheiro. Quando ela comeou na Universidade Rancho Corona, Katie tinha sido transferida com uma variedade de crditos da faculdade comunitria2 e tinha declarado botnica como sua carreira. Aps suas tentativas no to bem sucedidas criando seus prprios chs de ervas, ela tinha mudado para biologia com o pensamento de que ela poderia se tornar uma professora. Esta opodeixou de ser atrativa para ela h uns quatro meses atrs.

    Agora que ela estava para completar seu penltimo ano na faculdade, seu conselheiro apresentou algumas possibilidades nas cincias. Nenhuma das opes pareceu desejvel ou boa escolha para Katie. Ela tinha evitado sua reunio marcada por dois cursos de vero com aulas de educao geral. Ela tambm deixou escritas as palavras no declarado em um formulrio onde uma carreira precisava ser listada antes que ela pudesse completar seu registro para o ltimo ano.

    Katie tinha conversado com Rick por duas vezes sobre o que ela chamava de dilema de carreira. Ele sugeriu que ela seguisse a carreira de negcios, mas Katie no conseguia visualizar isso. Ela no queria gerenciar um Caf como Rick fez.

    1 Assistente dos residentes2 Faculdade para alunos de uma comunidade especfica.

  • Mas ento, ela no conseguia se ver em nenhuma outra carreira em particular.

    Talvez eu nem devesse estar indo para a faculdade. Talvez eu devesse parar agora e esperar at que saiba o que eu quero ser quando eu crescer.

    Ela encostou-se porta do carro e passou os dedos nas ptalas do buqu de Cris. Katie tinha deixado seu dilema de carreira fora das suas conversas com Cris nas ltimas semanas. Sua melhor amiga estava muito ocupada com suas provas finais, formatura e planos de casamento. Ela no precisava ajudar Katie a resolver seus problemas. Katie estava determinada a resolver este por conta prpria.

    S que no exatamente agora.

    Rick no voltou para o carro to rpido quanto Katie esperava. E ela no gostou tanto de ficar sozinha quando ela pensava que iria gostar.

    Deixando o buqu no carro, Katie entrou no Ninho da Pomba. Ela achou Rick na cozinha, deitado no cho com a cabea embaixo da pia.

    - Me diga que voc no est fazendo o que eu acho que voc est fazendo.

    - Katie, olhe s isso. Carlos disse que ele acha que as formigas esto entrando na parede por aqui, na conexo dos canos.

    Katie cuidadosamente ficou com as mos e os joelhos no cho e girou a cabea para olhar embaixo da pia. Ela no via nenhuma formiga.

    - Rick, est na hora de voc chamar um profissional. Srio.

    - Um exterminador?

    - Ou um exterminador para matar suas formigas imaginrias ou um terapeuta profissional para te convencer que as formigas no existem.

    - Elas existem. Voc s no estava aqui quando elas vieram em massa.

    - Se voc est dizendo. E por falar nisso, voc ainda est usando um terno alugado. S em caso de voc ter esquecido.

    Ele levantou e ofereceu a mo a Katie.

    Ela levantou.

    - O que agora? Voc est planejando ir para a lixeira para ver se voc encontra algum roedor?

  • Rick abaixou o queixo.

    - Roedores, h?

    - Sim, porque, voc sabe, parece que voc est vestido para um pequeno mergulho na lixeira.

    - Se eu estou indo, voc vai comigo.

    - Ah, ? Eu gostaria de ver isso acontecer.

    Num rpido movimento, Rick agarrou Katie em volta dos joelhos e a colocou sobre suas costas como se ela fosse um saco de batatas vestido num vestido de dama azul.

    - Rick!

    Ele cruzou a cozinha em quatro passos largos e disse: Lixo, como se ele sasseem direo lixeira.

    Katie riu e bateu nas costas de Rick com as mos fechadas. Antes que ela pudesse amea-lo, duas garotas da Racho Corona a chamaram. Elas estavam estacionadas perto da rea da lixeira.

    Rick rapidamente colocou Katie no cho, como se de repente percebesse o quanto ele estava sendo no-profissional em seu lugar de trabalho. Katie ajeitou o cabelo para trs; seu rosto ficou rosado. As duas meninas saram do carro e cumprimentaram Katie, mas os olhos delas estavam em Rick.

    - Ei, Carley, Tifannie, disse Katie descontraidamente. Linda noite, vocs no acham?

    As duas meninas estavam usando camisetas rosa. O cabelo loiro de Carley estava preso em um rabo de cavalo, e Tifannie usava seu cabelo loiro em duas tranas frouxas.

    - Ns demos uma pausa no estudo para comer. O que vocs esto fazendo? Carley perguntou.

    - Ns estamos dando uma pausa no estudo tambm. Katie deu um sorriso de lado para Rick. Um de ns estava estudando formigas e um estava coletando dados para uma pesquisa sobre roedores.

    - Formigas? Tifannie perguntou.

    - Roedores? Carley completou. Vestidos assim?

  • - Ns estvamos em um casamento hoje cedo, Rick explicou.

    - Voc o Rick, no ? Carley perguntou. Voc o gerente aqui, certo?

    Ele concordou, com uma expresso que parecia ser uma mistura de vergonha por ter sido pego em um comportamento inapropriado e orgulho por ter sido identificado como gerente. Katie percebeu que no foi bom ter mencionado sobre formigas e roedores no restaurante de Rick.

    - Ns amamos sua pizza San Felipe, disse Carley.

    - Sim, nossa favorita. Tifannie concordou.

    Carley listou suas bebidas favoritas do cardpio do Ninho da Pomba, e Tiffanie concordando com tudo.

    Rick continuou sorrindo, o que fez com que Katie quisesse dar um tapa nele e dizer: No v ter uma overdose com tanta bajulao, Doyle. Ela estava acostumada com sua rotina de gerente amigvel e seria a primeira a dizer que Rick era timo em relaes pblicas.

    - Eu tenho que voltar l dentro e pegar minhas chaves, Rick disse. Quando vocs duas forem pedir, chamem a Andrea. Eu vou garantir que ela d a vocs duas xcaras de expresso como minha contribuio para a pausa no estudo de vocs.

    - Wow, obrigada!

    Rick correu de volta para a porta da cozinha, e Carley disse para Katie:

    - Seu namorado o melhor cara que existe.

    - Meu namorado... Katie repetiu, gostando da forma como soou.

    No estranho silncio que se seguiu, Carley adicionou:

    - Ele seu namorado, no ?

    Antes que Katie pudesse surgir com algum tipo de resposta, Rick voltou e disse:

    - Tudo certo. Andrea est esperando por vocs. Pronta, Katie?

    - Sim, estou pronta.

    Katie podia sentir o olhar das meninas enquanto elas assistiam sua sada com Rick. Ela teria adorado se Rick tivesse colocado seu brao em volta dela ou segurado sua mo. Qualquer gesto de afeio para mostrar a Carley e Tiffanie

  • que Katie e Rick estavam juntos. Mas Rick manteve suas mos para si mesmo. Ele e Katie andaram lado a lado, se comportando como empregados respeitveis e bem-vestidos do Ninho da Pomba.

    Enquanto eles voltavam para Rancho Corona, Katie girava o buqu de Cris no seu colo. Ela foi atrada pelo perfume das gardnias murchas e riu, pensando em Cris e Ted. Eles estavam no avio agora, voando para Maui.

    - Por que voc est rindo? Perguntou Rick.

    - Por nada.

    Rick olhou com um olhar de dvida para ela.

    - Ok, eu no posso mentir. Eu estava pensando sobre Ted e Cris e o casamento e, voc sabe, um monte de coisas melosas.

    - Coisas melosas, h?

    - Sim, coisas melosas.

    - Voc quer saber o que eu estava pensando? Esta era uma pergunta rara vinda doRick.

    - Claro. O que voc estava pensando?

    - Eu estou muito feliz com o jeito que nosso relacionamento est. Eu acho que as coisas esto indo bem.

    Katie esperou que ele adicionasse alguma coisa mais comprometedora. Ele no disse mais nada.

    Ento Katie adicionou seus prprios pensamentos.

    - Eu acho que ns estamos na pista lenta por muito tempo.

    Rick olhou para ela, parecendo confuso.

    - Esta estrada s tem uma pista nessa direo.

    - Eu quis dizer a pista lenta na estrada do nosso relacionamento.

    Rick ainda parecia confuso.

    Katie virou os olhos.

  • - Rick, eu e voc estamos levando nosso relacionamento lento por muito tempo. Quer dizer, l-e-n-t-o. No que eu tenha nenhuma reclamao importante. Eu s pensei que talvez voc fosse dizer que estava pronto para ligar a seta.

    - E ligar a seta significaria que ns estamos prontos para ir para uma pista rpida?

    - Certo. Ou pelo menos pensando em mudar de pista. E isso no tem que ser uma mudana para a pista rpida. Poderia ser a pista do meio. Ou se ns estivssemos num relacionamento com uma estrada de seis pistas, ento esta seria uma mudana de pista ainda menor. que ns estamos nessa pista lenta por tanto tempo que ns camos na rota dessa estrada.

    Rick continuou dirigindo. Mesma pista. Mesma velocidade. Sem comentrios.

    Katie olhou pela janela e desejou que no tivesse dito nada. Ao menos no a analogia toda com mudana de pista e rota. Ele no gostou do jeito como seus pensamentos tinham sado. A verdade era que ela no queria ser a responsvel por acelerar as coisas. Ela nem tinha certeza se estava pronta para fazer uma mudana de pista no relacionamento deles com todas as outras decises que ela tinha frente dela. Mas hoje parecia um dia para declaraes de amor ou ao menos de afeio. O discurso as coisas esto indo bem de Rick era apenas bl.

    - o seguinte - ela virou para Rick. Quando voc voltou para pegar suas chaves, Carley perguntou se voc era meu namorado.

    - O que voc disse pra ela?

    - Eu no disse que voc era, mas tambm no disse que voc no era. Eu queria dizer: Sim, Rick Doyle meu namorado. Ele no timo?. Mas eu no podia dizer isso. Quer dizer, eu posso dizer que voc timo. Mas desde que ns decidimos no usar as etiquetas namorado-namorada at que ns dois estivssemos prontos para o prximo nvel de compromisso.

    - Voc est? Perguntou Rick.

    - Eu estou o que?

    - Pronta para o prximo nvel de compromisso?

    Katie no tinha uma resposta. Isso a deixou surpresa.

    Rick refez sua pergunta como se ela no tivesse entendido o que ele estava perguntado.

    - Voc est pensando que ns estamos prontas para fazer a mudana de pista? Ns estamos prontos para ser namorados?

  • A resposta imediata e sem pensar foi:

    - Eu no sei.

    A resposta espontnea a surpreendeu de novo. Ela acreditou que era honesta, ento ela ficou presa com isso, mesmo ela sabendo que se ele tivesse feito essa mesma pergunta mais cedo naquele dia ela provavelmente teria gritado: Finalmente! Sim!

    Katie jogou a batata quente de volta para Rick.

    - Voc est?

    - Se eu estou pronto para ser oficialmente namorado?

    - Sim. Est?

    Rick deu uma pausa.

    - Quase. Veja, eu no acho que rotas sejam ruins. Rotas so rotinas, e rotinas so boas. Elas so estveis e previsveis. Rotinas levam voc pra onde voc est indo. Ns precisamos continuar orando sobre o que est por vir para ns. Ns temos o vero inteiro nossa frente, e no prximo outono voc vai ser...

    - Uma assistente dos residentes. Possivelmente. Ou talvez uma desistente da faculdade. Eu estou entre essas duas.

    Rick riu.

    - No ria. Eu estou falando srio. Sobre o cargo de AR, principalmente.

    Katie colocou Rick a par da sua conversa com Julia e concluiu com:

    - Eu no decidi, mas estou pensando seriamente sobre isso. E eu vou orar sobre isso. E voc est certo sobre ns orarmos sobre o que est por vir para ns. Eu preciso orar um pouco mais sobre isso.

    O carro seguiu na estrada sem que nenhum deles falasse nada por alguns minutos. Quando Rick falou, seu tom era grave.

    - Esta uma grande deciso, voc sabe.

    - Qual deciso? Sobre namorados ou sobre assistente dos residentes?

    - As duas.

  • - Eu sei. Adicione essas ao carrinho de compras com meu dilema da carreira, e eu tenho trs grandes itens indo ao caixa da vida nesse momento.

    Rick entrou com o carro no estacionamento do dormitrio de Katie e desligou o carro. Ele encostou-se porta com seu brao sobre o volante.

    - Se voc aceitar o cargo de AR, isso significaria que voc iria trabalhar menos tempo no Ninho da Pomba. Isso seria um problema, j que voc disse que precisa de mais dinheiro no prximo ano.

    - Eu sei. Mas esta a parte boa sobre o emprego. Se eu aceitar o cargo de AR, meu quarto e minhas refeies sero cobertas. Quarto e refeio, Rick! Eu no conseguiria dinheiro suficiente para cobrir quarto e refeio trabalhando no Ninho da Pomba meio expediente. E eu no posso trabalhar mais horas do que eu j trabalho, porque, mesmo com o curso de vero, meu conselheiro disse que provavelmente eu vou ter que pegar 18 crditos no outono independente de qual carreira eu escolher. Quer dizer, contanto que eu escolha uma carreira.

    Katie estava exausta. Ela no queria terminar esse dia glorioso examinando todas as decises no ter terminadas na sua vida. Era deprimente.

    A mandbula de Rick se movia pra frente e pra trs como se ele mascasse as palavras de Katie.

    - Voc sabe que ns nos veramos muito menos, ele disse.

    - No necessariamente, Katie retrucou.

    Obviamente o Sr. Eu-gosto-de-estar-numa-rota no gostou da potencial sada de Katie da rotina estabelecida deles. Talvez fosse bom que o relacionamento deles ainda estivesse indo devagar. Se ele mudasse radicalmente, poderia ser um ponto final.

    Assim que Katie percebeu o potencial resultado da sua deciso, sua garganta deu um n. Ela no queria terminar. Ela preferia a pista lenta a nenhuma pista.

    Seguindo a rotina, Rick levou Katie ao seu dormitrio, deu um abrao e disse que ligaria mais tarde.

    Ela respirou fundo. Mais tarde sempre foi uma das palavras favoritas de Ted. Katie percebeu que esta tambm era a palavra que estava evitando que seu relacionamento com Rick se tornasse num grande e meloso romance. Mais tarde nunca seriam suas palavras favoritas.

  • Captulo 5Katie abriu a porta do seu dormitrio e ficou em p, parada, com seu vestido de dama de honra. Ela no entrou imediatamente. Ela odiava, odiava, odiava entrar no seu quarto sozinha naquela noite. Ela odiava que Cris estava casada e tinha ido embora e nunca mais seria sua colega de quarto. Nos ltimos nove meses Cris tinha estado a apenas alguns passos de distncia toda noite, e elas podiam se dar ao luxo de conversar por horas no conforto de suas camas. Esta Era tinha acabado pra sempre.

    Katie jogou o buqu na cama vazia de Cris e deixou a porta bater atrs dela. Ela odiava estar sozinha. Ela odiava estar presa na pista lenta. Ela odiava ter tantas decises no resolvidas na sua vida.

    Na mesma hora, Katie decidiu que ela iria aceitar o trabalho de AR. Ela queria esse cargo. Ela gostava da idia de ser parceira de Nicole, a outra AR que estaria no seu andar. Ela gostava da possibilidade de se apresentar para Julia. Alm do mais, os salrios iam de encontro s suas necessidades financeiras para moradia e alimentao.

    Isso, um problema resolvido.

    Apenas declarar sua deciso para si mesma j foi um grande alvio.

    Deixando seu vestido de dama de honra pendurado no encosto da cadeira de sua escrivaninha, Katie colocou seu roupo peludo amarelo e desceu o corredor para tomar um banho.

    Assim que a gua morna caiu em suas costas, ela pensou se no teria decidido muito rpido. isso que tu queres, Deus? Porque se o Senhor no quer que eu aceite este trabalho, ento feche as portas. Eu farei alguma outra coisa para o dinheiro. O que tu quiseres, est bom para mim. que isso faz sentido, e eu amo a idia de estar cercada por tantas pessoas novas no prximo ano, agora que a Cris se foi e a Selena estar no Brasil. Isto , se o Senhor quiser que eu continue nesta faculdade. Eu preciso decidir minha carreira. O que o Senhor quer que eu faa da minha vida? Com meu relacionamento com Rick? Eu sou tua. Eu estou pronta para que tu realizes teu plano para esta prxima etapa da minha vida.

    Eu vou tentar ser paciente, mas no se esquece de mim, certo? Eu sei que oSenhor no vai esquecer.

    Katie fechou a gua e respirou fundo no vestirio quieto. Ela enrolou o cabelo em uma toalha, colocou o roupo, e desceu o corredor para o seu quarto. Entrando no espao que agora estava livre de qualquer evidncia de Cris, exceto pelo

  • buqu de casamento, Katie fechou a porta e chorou. Ela no chorava com muita freqncia, mas quando ela chorava, a cascata poderia ser significativa. Uma das coisas boas sobre Katie e suas emoes to evidentes era que uma vez que o momento passava, estava terminado. Ao invs de guardar seus sentimentos e curtir um mau-humor por um longe perodo, ela se considerava ser mais uma emotiva de pagamento vista.

    Assim que ela gastava suas lgrimas, ela estava bem. Katie se deitou na cama e caiu no sono com seu cabelo molhado ainda enrolado na toalha.

    Seu celular a acordou na manh seguinte. Ela podia dizer pelo toque personalizado que era Rick que estava ligando.

    - Oi. Katie sentou e tentou desembaar seus olhos para ver as horas no alarme da sua mesa. A toalha caiu da sua cabea e foi parar no cho.

    - Eu queria saber se voc ia fazer alguma coisa hoje.

    - No sei. Eu acho que estava planejando ir igreja mais tarde. Est muito cedo, Rick.

    - Eu sei. Meus pais ligaram e me pediram pra ir a casa deles hoje. Eu estava pensando se voc gostaria de ir comigo.

    - Quando voc vai sair?

    - Umas sete e meia.

    - Isso daqui a uns vinte minutos.

    - Acho que sim. Escute, eu sei que voc no uma pessoa matutina, mas eu queria chegar l a tempo de ir igreja com eles. Eu preciso tirar o resto das minhas coisas da garagem esta tarde e trazer para o meu apartamento. A casa deles vai venda na segunda-feira.

    Katie jogou as cobertas para trs e tentou ligar seu crebro.

    - A casa nova deles j est pronta?

    - No, mas eles acham que ficar pronta assim que eles venderem a casa deEscondido.

    Os pais de Rick moravam um pouco mais de uma hora de distncia de RanchoCorona.

  • Eles tinham construdo o Ninho da Pomba e a livraria crist Arca h quase um ano atrs numa rea onde o aluguel para salas comerciais era muito mais barato que perto da casa deles, em Escondido. O negcio foi to bem que eles decidiram construir uma nova casa perto do caf e da livraria.

    Katie passou perto do espelho e soltou um involuntrio: Wow!

    - Que foi? Rick perguntou.

    - Nada. Katie no queria explicar como ela estava naquele momento. Seu cabelo tinha se ajei tado por conta prpria durante a noite, e agora o lado direito estava pro alto, formando um cacho engraado no topo, como um pica-pau.

    Intrigada, Katie virou o cabelo para o lado direito. A onda permaneceu no mesmo lugar. Ela virou-o para a esquerda, e a onda vermelha formou uma crista e caiu. Katie caiu na gargalhada.

    - O que est acontecendo? Rick perguntou.

    - o meu cabelo. Katie sacudiu seu cabelo pra frente e pra trs em frente ao espelho e assistiu seu cabelo fazer todos os tipos de travessura. Ela riu pelo comportamento de seu penteado hilrio.

    - O que to engraado?

    - Voc no vai acreditar nisso. Na verdade, isto bom demais para perder. Eu vou tirar uma foto e mandar pra voc. Desligue e me ligue de volta quando a foto chegar.

    Katie desligou. Ela segurou o telefone, abaixou o queixo para pegar o efeito completo do seu cabelo selvagem, e tirou a foto. Ela caiu na gargalhada de novo quando viu a foto e mandou para o Rick.

    Um momento depois seus celular tocou a msica de Rick.

    - O que que voc fez com seu cabelo?

    - Eu fui dormir com ele ainda molhado. Essa no a coisa mais hilria que voc j viu?

    - Katie, voc a mais...

    - O qu? V em frente. Diga. A mulher mais acabada que voc j conheceu?

    Rick no concordou nem discordou.

  • - Ento, o que voc decidiu? Voc e seu cabelo acabado querem ir a Escondido comigo daqui a dez minutos?

    - Eu acho que meu cabelo super-sonic e eu devemos ficar em casa. Eu tenho uma prova na segunda, e um trabalho de sete pginas para entregar na tera, e mais duas provas na quarta. Se eu for com voc no vou conseguir estudar nada.

    - Ok, eu entendo.

    Katie pensou ter detectado desapontamento na sua voz. Isso era bom. Ela gostou de nesse momento no ser oficialmente a namorada de Rick. Se eles tivessem decidido fazer uma mudana de pista da noite passada, ela tinha o sentimento de que teria ido com ele porque isso parecia uma coisa que uma namorada deveria fazer.

    - Eu te ligo mais tarde, disse Rick. Talvez voc esteja pronta para dar uma pausa no seu estudo.

    - Parece bom. Tenha um timo dia com seus pais. Ah, e se voc vier mesmo noite, traga comida. Katie se jogou novamente na cama e ficou olhando para o teto. Dentro de dois minutos ela caiu no sono e no acordou at o meio-dia.

    Wow! Eu deveria mesmo estar precisando desse sono.

    Depois de um banho rpido para acalmar suas madeixas selvagens, Katie se vestiu e comeou a se organizar. Sua primeira tarefa foi um passeio at a mquina no final do corredor onde ela esvaziou suas moedinhas e se estocou com lanches para o estudo.

    Quando eu me mudar para Crown Hall, eu vou comprar uma geladeirinha para eu poder guardar lanches no meu quarto. E leite!

    A idia de jantar uma tigela de sucrilhos com leite gelado e ao mesmo tempo pular pra de baixo das cobertas a qualquer hora fez Katie sorrir.

    Ela lembrou que no tinha falado com Rick sobre sua deciso de aceitar o cargo de AR. Seu cabelo a tinha distrado. Ela contaria para ele de noite.

    Entretanto, quando Rick ligou naquela noite, era ele quem tinha uma surpresa para ela.

    - Voc est a fim de dar uma volta?

    - Claro.

    - Eu estou a trs minutos do seu dormitrio, e o Max est comigo.

  • - Est? O Max est no seu carro? Katie sabia que o Dogue Alemo da famlia de Rick era muito velho e muito grande para estar confortvel por muito tempo no banco de trs do Mustang de Rick. Ela nunca tinha visto Rick deixar Max entrar no seu carro meticulosamente cuidado.

    - Max vai ficar comigo por um tempo, j que ele no exatamente uma pea de destaque na venda da casa dos meus pais.

    - Eu sabia que voc estava procurando por um colega de quarto, mas a questo : o Max pode cobrir a parte dele do aluguel?

    - Espero que sim. Ento, est pronta para sair da sua caverna de estudo? Eu pensei que ns poderamos levar o Max para dar uma volta. Ah, e eu trouxe pizza.

    - Bem, neste caso, eu j estou indo.

    Katie calou os chinelos e correu para o estacionamento. Rick estava chegando. Ele no estava dirigindo seu Mustang. Ele tinha alugado uma caminhonete, e Max estava no banco do carona, com a cabea pra fora da janela aberta. Katie foi cumprimentada com um beijo babado que cobriu metade da sua bochecha e metade do pescoo.

    - Max, voc um paquerador e tanto. Ela limpou a bochecha e o pescoo com a manga da blusa e puxou a orelha de Max, que era seu jeito prprio de cumprimentar o velho cachorro. Voc quer passear?

    Max conhecia a palavra passear e latiu bem alto para a oferta de Katie.

    - Ele est claramente feliz em te ver, disse Rick. Em todo o caminho pra c ele estava gemendo como um beb.

    - Isso porque ele um bebezo, no , Max? Voc um bebezo, e voc sabe disso.

    Rick prendeu a correia na coleira de Max, e o velho e desajeitado cachorro pulou da caminhonete. Eles tomaram um passo rpido, com Max liderando o caminho por curiosidade e necessidade. Algum tempo depois seu passo ficou mais devagar, e Rick disse:

    - Tenho que dizer que estou decepcionado.

    - Por qu?

    Rick apontou para o cabelo de Katie.

  • - Voc no est parecida com a foto.

    Katie riu.

    - Aprenda a viver com a decepo. Falando nisso, voc me atraiu aqui pra fora com pizza, e eu no estou vendo nenhuma pizza.

    - Eu deixei na parte de trs da caminhonete. Eu no queria dividir com o Max.

    Quando ele ouviu seu nome, Max sentou.

    - Vamos l, Max, essa volta no foi nada.

    - Ele parece bem cansado, Katie disse.

    - Foi um dia louco l em casa. Eu tenho gua para ele na caminhonete. Ns podemos voltar.

    - Vamos, Max. Katie bateu na perna. Levante. Vamos beber um pouco de gua.

    Max estava ofegante enquanto voltava para a caminhonete, ento bebeu comprazer a gua que Rick colocou para ele na vasilha de plstico. Katie riu para ojeito que Rick pensava em tudo, incluindo as necessidades de seu co. Ele tambm pensou em tudo o que eles precisariam para um piquenique na caamba da caminhonete, incluindo a bebida favorita de Katie ultimamente, cream soda1.

    - Voc lembrou, ela disse.

    Rick ficou feliz por ela ter notado.

    - O que tem na pizza? Ela perguntou quando ele pegou a caixa grande, lisa e branca.

    - Tudo. Mas sem pimento.

    - Boa. Eu odeio pimento.

    - Eu sei. Eu me lembrei disso tambm.

    - Especialmente, no gosto daqueles amarelos brilhantes, que parecem cera. Diga-me outra comida que seja amarelo brilhante. No natural, pode crer!

    Rick abriu a caixa e mostrou para Katie que nenhuma comida com cores no naturais tinha sido includa na pizza deles.

    1 Cream soda - Refrigerante sabor baunilha

  • Eles tinham dado apenas duas mordidas quando um carro parou do lado deles. Carley abriu sua janela e chamou:

    - Oi, vocs dois!

    Max deu um latido. Woof.

    - Voc est de mudana cedo, Katie? Carley desligou seu carro e saiu.

    - No, essas coisas so do Rick. Eu vou ficar aqui durante todo o vero.

    - Voc vai?

    - Sim, semana passada eu decidi ficar para o curso de vero.

    - Eu deveria voltar para casa no Texas. Eu no quero ir. Os olhos de Carley estavam na pizza, o que Katie achou melhor do que se os olhos de Carley estivessem fixos em Rick.

    - Voc quer um pouco? Rick ofereceu. Ns temos bastante.

    - Claro. Carley pegou um pedao e sentou na caamba perto de Katie.

    Antes que Katie pudesse colocar mais uma mordida na boca, mais dois alunos chegaram para perto da caminhonete e cumprimentaram Katie e Carley como se fossem velhos amigos. Parecia que todos tinham sado para dar uma pausa nos estudos ao mesmo tempo, e a pizza era como um localizador. Rick tinha trazido bastante e suas habilidades de relaes pblicas fizeram com que ele ficasse ansioso para dividir. Entre mordidas, o pequeno grupo falava sobre as provas finais e a ultima semana de aula.

    Todos expressavam o mesmo tipo de stress que Katie estava sentindo. Ela no estava sozinha como ela pensara na noite anterior.

    Uma vez terminada a pizza, o grupo se dispersou. Rick fechou a porta da caamba e ajudou Max a entrar na cabine. Ento Rick virou e Katie abriu seus braos, oferecendo um abrao de despedida.

    - Eu estou muito suado e sujo de limpar a garagem, ele disse, abrindo seus braos para ela.

    - Ei, eu j fui babada pelo seu cachorro. Voc no pode ser nem 50% to nojento quanto Max. Sem ofensas, Max. Katie envolveu seus braos em volta da cintura de Rick e encostou sua bochecha contra o peito dele.

  • Ela pde ouvir Rick respirar fundo, e sentiu o ar ser liberado lentamente das narinas dele e tocar seu cabelo. Um canto esperanoso do seu corao imaginou se Rick havia reconsiderado sua deciso da noite anterior. Talvez ele tivesse decidido sair da pista lenta. E se ele tivesse percebido que isto era uma coisa boa para eles e estava pronto para mudar de pista?

    Olhando para cima, Katie chegou para trs e levantou seu queixo na direo dele. Se Rick quisesse mudar de pista, tudo o que ele tinha que fazer era selar aquele momento com um beijo. Nenhuma palavra era necessria.

    Rick e Katie estavam guardando esse beijo para quando eles estivessem prontos para estabelecerem-se oficialmente como um casal. Katie ainda no tinha certeza se estava pronta, mas ela estava aberta para essa possibilidade. Seus lbios estavam disponveis.

    Rick sorriu para ela, mantendo seus lbios para si mesmo.

    - Ainda no, ele sussurrou.

    - Eu sei, ela sussurrou de volta.

    Saindo lentamente do abrao, Katie disse:

    - Eu estou feliz que voc tenha vindo.

    - Eu tambm.

    - Obrigada pela pizza.

    - Disponha. Te vejo amanh. Rick entrou na caminhonete e ligou o motor barulhento.

    Katie acenou enquanto ele ia embora. Ento ela cruzou os braos, tentando segurar o calor de Rick que tinha estado ali h alguns momentos. Por mais que ela tivesse concordado com a deciso de guardar o beijo, Katie no gostava da sensao de no-concluso toda vez que Rick ia embora, deixando seus lbios intocados.

    Eles estavam fazendo a coisa certa. Ela sabia disso. Ela tambm sabia que seu nvel de stress estava afetando seus pensamentos. Suas emoes estavam por todo lado. Semana de provas no era uma semana para tomar decises importantes.

    Mas em momentos como esse, todo o autocontrole a estava matando, porqueKatie j sabia como era beijar Rick Doyle e beij-lo mais que uma vez.

  • Captulo 6Em vez de voltar para o dormitrio depois que Rick saiu com sua caminhonete alugada, Katie decidiu andar at Crown Hall e fazer um Neemias. H um ano, um dos professores de Bblia de Katie tinha usado essa expresso e ela tinha gostado do conceito, mas ainda no tinha usado. A premissa era andar ao redor de uma nova situao e avali-la antes de mergulhar nela. O profeta Neemias do Antigo Testamento fez uma caminhada durante a noite ao redor das runas das muralhas de Jerusalm antes de comear a grande tarefa de reconstru-las.

    Katie percebeu que ela podia estar usando a viagem de espionagem de Neemias como uma razo para evitar estudar. Se ela estivesse, no estaria sozinha no seu adiamento. Apesar de j ter passado das dez, todos os estudantes do campus pareciam estar bem acordados e procurando por qualquer coisa para fazer que no fosse estudar para as provas finais.

    Quando Katie passou pelo chafariz no centro do campus, duas meninas estavam sentadas tocando violo. Um cara passou e cumprimentou as musicistas. Ele esta carregando duas bandejas carregadas com copos grandes de expressos. Oito dos seus colegas de estudo estariam comemorando daqui a alguns minutos.

    Katie olhou para o cu escuro acima de sua cabea. Algumas pequenas estrelas piscaram para ela de trs de seus cobertores de nuvens. Elas no tinham provas na manh seguinte, ento elas podiam ir dormir se quisessem.

    Katie no estava pronta para dormir. Ela percebia o quanto ela amava essa escola, esse campus, essa comunidade de pessoas. Mesmo que a Cris tivesse ido embora, Katie ainda queria estar ali por outro ano. No, ela queria estar ali por mais dez anos. Pelo resto da sua vida! Este campus parecia mais seu lar do que a casa de seus pais em Escondido jamais foi.

    Aproximando-se da porta de vidro aberta de Crown Hall, Katie viu Julia em p l dentro direita. Ela estava conversando com Craig, o diretor de residentes para os meninos que moravam em Crown Hall. Julia olhou para Katie e acenou.

    Katie chegou mais perto. Julia a apresentou para Craig, e Katie disse:

    - Bem, estou dentro.

    Craig concordou como se fosse bvio que, sim, ela estava dentro do prdio.

    Julia, por outro lado, entendeu o que Katie quis dizer e abriu um largo sorriso.

    - Srio?

  • Katie concordou. Ela adorou que Julia tivesse entendido o seu comunicado peculiar.

    - Fantstico, Katie. Isso timo.

    - Eu decidi aceitar o cargo de AR, Katie disse para que Craig pudesse entender.

    Ele pareceu impressionado com sua atitude decidida.

    - Estou feliz de ouvir isso. Ns estvamos falando agora mesmo sobre a reunio de amanh s trs horas. Esta hora estaria boa para voc?

    - Claro.

    Katie percebeu novamente que ainda no tinha contado ao Rick sobre sua deciso de aceitar o cargo. Com Max e todos os colegas de piquenique inesperados, Katie tinha se esquecido de falar sobre esse assunto. Ela sentia que no precisava de sua permisso ou beno ou o que seja, mas teria sido bom se ela tivesse conversado com ele antes de se comprometer em aceitar o trabalho. Mas a situao era a seguinte: ela tinha acabado de declarar que ela estava dentro.

    Sentindo-se na obrigao de oferecer uma clusula de escape, Katie disse:

    - Eu acho que deveria dizer que apesar de achar que sei que isto o que Deus quer que eu faa, se Deus fechar a porta, ento, bem... Eu vou entender.

    Julia aproximou seu olhar.

    - E o que isto que voc vai entender, exatamente?

    - Eu vou entender que isto no a vontade de Deus para mim.

    - A velha teologia da dobradia, Craig sorriu. Escute, eu odeio ir, mas eu preciso correr l pra cima. Verei vocs amanh.

    Assim que Craig saiu da conversa, Katie virou para Julia.

    - O que ele quis dizer com teologia da dobradia?

    - Todo estudante que ns j aconselhamos falou uma vez ou outra a mesma coisa, sobre Deus abrindo ou fechando portas. A teoria do Craig que para muitos jovens, a vontade de Deus parece se restringir direo em que as portas de oportunidades abrem.

    - E o que h de errado nisso? Katie perguntou.

  • - Deus no est limitado a se expressar atravs de portas abertas ou fechadas.

    - Eu sei. Ele usa janelas fechadas e abertas tambm. Eu assisti A Novia Rebelde.

    Julia riu.

    - Quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela. Katie adicionou. Ou seria quando ele abre uma porta, fecha uma janela?

    - Eu acho que porta fechada e janela aberta.

    - Ok, mas se voc est dizendo que a teologia da dobradia no legal, ento o que seria uma teologia melhor? Katie perguntou. Eu quero dizer, se muita presuno limitar Deus a abrir e fechar portas, ento qual seria um jeito melhor de descobrir o que Ele quer quando voc tem que tomar uma grande deciso?

    Julia sorriu.

    - Eu gosto de voc, Katie.

    - Isso bom, Katie disse com sua atitude brincalhona. Eu tambm gosto de voc. Mas voc no respondeu minha pergunta.

    Julia riu de novo.

    - Voc est certa, eu no respondi. Voc realmente quer saber minha opinio?

    - Sim.

    - Ok.

    Sem adicionar nenhuma informao, Julia virou e saiu andando. Ela abriu caminho atravs de outros estudantes reunidos no lobby e sentou em um dos sofs do outro lado da sala. Ento ela moveu seus lbios, mas Katie no podia escut-la.

    Katie permaneceu perto da porta com uma expresso de h? no rosto. Obviamente, se ela queria ouvir a resposta de Julia, era melhor segui-la no caminho atravs do lobby.

    Katie se jogou no sof com uma expresso expectante.

    - Ento?

    - Ento, isso, disse Julia.

  • - isso o que?

    - Esta minha demonstrao visual de como eu acho que descobrir a vontade de Deus.

    Katie no estava entendendo.

    - Tudo o que voc fez foi andar at aqui e sentar.

    - Certo. Eu fiz isso. Ento eu disse, Ento, isso , m as voc no me ouviu da primeira vez que eu disse. E voc quis uma resposta de mim, certo? Voc queria ouvir o que eu tinha para dizer. Ento voc me seguiu. Julia levantou uma sobrancelha como se ela tivesse acabado de revelar um antigo segredo.

    Katie concordou movendo a cabea lentamente. Bem lentamente.

    - Craig chama isso de teologia grudar no p1, Julia disse. assim que eu acho que com Deus. Se voc quer saber o que Ele tem a dizer, apenas siga-o. Fique perto. Voc pergunta e continua perguntando, e voc ouve. Ele vai fazer isso claramente. Quanto mais perto voc est dELe, mais fcil ouvir o que Ele est dizendo.

    Katie deixou os pensamentos flurem.

    Julia recostou, parecendo confortvel. A aparncia confortvel no vinha do jeito que ela estava sentada, o que ela estava vestindo, ou qualquer outra influencia externa. Julia simplesmente parecia confortvel em sua prpria pele e no que estava acontecendo naquele momento. Seu foco estava em Katie, no nela prpria ou no que estava acontecendo ao seu redor. Katie no sabia se ela j havia estado perto de algum to tranqilo antes. Era bom.

    - Voc j pensou alguma vez sobre como Cristo guiava seus discpulos durante os trs ou mais anos que eles estavam juntos? Julia perguntou. Quando voc l os evangelhos, parece que eles esto por todo o lado. Um dia Jesus estava em um barco com eles; no dia seguinte eles estavam subindo as montanhas. A jornada parecia sem rumo. Se voc tentar mapear o caminho deles, pareceria um monte de ziguezagues que no levam a lugar nenhum. Mas Jesus tinha um plano, obviamente. Ele disse que ele cumpria tudo o que o Pai mandava. Tudo que os discpulos tinham que fazer era grudar no p de Jesus e confiar nele.

    Katie nunca tinha pensado em seguir a Jesus daquele jeito.

    Julia sorriu como se pudesse ler os pensamentos de Katie.

    1 Muito perto, atrs de algum

  • - Esta a minha teologia. Voc deve ficar perto de Jesus. Lembre-se que ser um dos discpulos de Jesus vai parecer como uma aventura sem roteiro na maioria das vezes. A jornada definitivamente no um tamanho nico. Mas ele tem um plano. Ele est cumprindo Seus objetivos na sua vida.

    - Eu concordo com isso, Katie disse. Meu versculo para este ano passado foi: O Senhor vai cumprir seus propsitos para mim. E eu sei que ele fez. Ele faz. que neste momento certas coisas na minha vida no esto indo pra frente e isto pode afetar minha deciso de aceitar o cargo de AR.

    - Que tipo de coisas? Julia perguntou.

    - Eu preciso de uma carreira. Principalmente. o meu dilema de carreira.

    - Ah, disse Julia balanando a cabea.

    - Eu estou terminando meu penltimo ano essa semana, e eu estou sem uma carreira. Vou fazer o curso de vero para terminar os crditos bsicos, mas no posso me matricular para as aulas no outono ate que eu declare minha carreira. por isso que eu disse que Deus pode fechar a porta de AR para mim. Entende? Sem carreira, sem matricula, sem aula, sem prximo semestre, sem trabalho de AR.

    Julia concordou.

    - Quando eu conheci meu conselheiro, ele me entregou uma lista de carreiras no departamento de cincias e me pediu para escolher uma imediatamente. Nenhuma me parecia certa. Ento eu disse a ele que no podia escolher nenhuma daquelas.

    - O que o seu conselheiro disse?

    - Ele disse, Se voc no consegue tomar uma deciso, eu no posso te ajudar.

    - Parece uma resposta honesta, disse Julia.

    - Honesta ou no, no meu ajudou nem um pouco. Katie mastigou a cutcula ao lado da unha do dedo. Afastando sua mo, ela perguntou: Ento, qual o seu conselho para o meu dilema de carreira?

    - Qual a sua paixo, Katie? Julia perguntou.

    Nenhuma resposta imediata surgiu no pensamento de Katie.

  • - Pense nisso, Julia disse. Eu vou te perguntar de novo amanh. Pense sobre o que te d energia e te faz feliz. Se voc responder a essas perguntas, sua carreira provavelmente vai estar bem na sua frente.

    Katie pensou que a resposta de Julia era um pouco orgnica demais. Muito aerada e sem parecer promissora. Mas ela disse que daria uma idia.

    - Eu tenho que checar algumas meninas, disse Julia. Te vejo amanh? s trs no escritrio do terceiro andar?

    Katie concordou, e Julia deixou-a no sof do saguo com seus pensamentos.

    A ponderao de Katie durou uns dois minutos. Ela no queria estar sozinha ali. Ento ela se dirigiu para o familiar corredor que levava ao quarto de Selena e Vicki, o corredor onde Katie seria AR isto , se ela achasse uma carreira. Ela debateu se preferia parar para visitar suas amigas ou apenas prosseguir e terminar sua caminhada de espionagem Neemias. A opo da caminhada de espionagem venceu, e Katie continuou andando no longo corredor.

    Vrias portas estavam abertas ao longo do caminho, espalhando uma variedade de fragrncias, msicas e vozes. No final do corredor estava o quarto onde Katie moraria. Geralmente duas ARs ficavam nos quartos localizados em cada ponta do corredor.

    Katie olhou para as decoraes na parede frente da porta de seu futuro quarto. Uma variedade de expresses artsticas dos alunos cobria as paredes da maior parte do longo corredor dos dormitrios. Entretanto, nessa poca do ano, a maioria das decoraes e dos psteres estava estragada, restando apenas mais alguns dias do seu dever de embelezamento antes de serem jogados fora. Geralmente as paredes eram pintadas ou reparadas durante os meses de vero para estarem prontas para o prximo ciclo de decoraes com a chegada dos residentes.

    Katie no tinha visto esta parede antes, mas ela tambm nuca tinha andado todo o caminho at o final do corredor. O desenho era bem feito e dava a impresso de um