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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3 Cadernos PDE I

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE

I

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1 Professora de Ciências do Estado do Paraná. Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental pela

UNIVALI. Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná.

2 Professora do Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná.

Doutora em Tecnologia de Alimentos.

O USO DO TABLET EDUCACIONAL PELOS PROFESSORES

JOUCOSKI, Juliana1 BARBOZA, Liane Maria Vargas2

Resumo

O presente trabalho teve por objetivo apresentar os resultados do estudo feito por meio de

diagnósticos e orientações, sobre o uso do Tablet Educacional em sala de aula com os professores

da rede estadual de ensino do Paraná. A metodologia empregada foi a pesquisa-ação. Para tanto, foi

implementado o projeto de intervenção pedagógica, desenvolvido no Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) do Estado do Paraná. O projeto foi desenvolvido em um colégio estadual da rede

pública de ensino do Paraná no ano de 2015 e com os professores inscritos no Grupo de Trabalho em

Rede (GTR), por meio da plataforma Moodle, elaborada pela Secretaria de Estado da Educação do

Paraná (SEED-PR). Para traçar o perfil dos professores quanto ao uso do tablet em sala de aula, foi

aplicado um instrumento de coleta de dados semi-estruturado. Os resultados do instrumento de coleta

de dados revelaram que a maioria dos professores não utilizavam o tablet em sala de aula, por não ter

conhecimento sobre o dispositivo móvel. A pesquisa apontou que os professores tinham interesse em

aprender a usar o tablet. A partir dos dados analisados foi organizado um curso de capacitação para

os professores aprenderem a usar o tablet em sala de aula. O curso de capacitação para o uso do

tablet em sala de aula foi positivo, os professores participaram ativamente do curso e houve apoio da

equipe pedagógica. O desenvolvimento deste projeto pode subsidiar novas atividades de capacitação

técnica e pedagógica dos professores da rede estadual de ensino.

Palavras-chave: Tecnologia. Tablet Educacional. Sala de aula.

1 Introdução

O tablet é um recurso didático-pedagógico que pode ser utilizado no processo

de ensino e aprendizagem. A inserção de novas tecnologias de informação e

comunicação no espaço escolar pode contribuir para tornar as aulas mais

interessantes para os alunos e professores.

O atual contexto escolar revela que o ensino vem sendo feito da mesma

maneira há muito tempo. O professor na frente da sala, junto ao quadro de giz, com o

livro didático na mão e os estudantes enfileirados nas suas carteiras, e diante dessa

situação, fica evidente a insatisfação dos alunos em relação às aulas ditas

“tradicionais”, ou seja, aulas expositivas nas quais se utiliza apenas o quadro de giz.

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Hoje se encontram disponíveis muitos recursos tecnológicos que podem

auxiliar o professor no desenvolvimento das atividades didático-pedagógicas.

Segundo Almeida e Moran (2005, p. 63), a educação do cidadão não pode estar

alheia ao novo contexto socioeconômico - tecnológico.

Os professores do Estado do Paraná já têm a sua disposição, além das

tecnologias mais comuns, a TV Multimídia, o Tablet e a Lousa Digital. O governo

capacitou os docentes para usar estes recursos, mas muitas vezes os educadores

ainda não sabem utilizar ou não acreditam nesses recursos didático-pedagógicos.

É preciso que esses educadores tenham a noção de que estes investimentos

só vieram para facilitar e inovar a sua prática pedagógica. De acordo com Souza

(2014), aulas modernizadas pelo uso de recursos tecnológicos têm vida longa e

podem ser adaptadas para vários perfis de alunos, para diferentes faixas etárias e

diversos níveis de aprendizado. Aulas bem planejadas contribuem para a

compreensão dos conteúdos e das temáticas a serem trabalhadas. O uso dos

recursos tecnológicos pode contribuir para o desenvolvimento de aulas mais

dinâmicas e com a prática pedagógica do professor.

Assim, Lévy (2004, p. 7) explica que:

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada.

Sabendo-se que existem inteligências diversas, cada aluno aprende de uma

maneira, e quanto mais recursos usados nas aulas, melhores os resultados. Por isso,

os professores precisam aprimorar sua didática ao longo da carreira, pois a

experiência prática confere à prática pedagógica uma qualidade potencialmente

superior (DIAS-DA-SILVA, 1998, p. 33).

O tablet é um dispositivo móvel e segundo Freitas (2013, p. 4) “permite o

acesso à aprendizagem em diferentes espaços e tempos, aprendizagem essa que

pode ser potencializada pela infraestrutura sem fios”.

Estes equipamentos chegaram às escolas a partir de 2013, por meio do

projeto chamado Educação Digital do Ministério da Educação, com o objetivo de

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oferecer instrumentos e formação aos professores e gestores das escolas públicas

para intensificar o processo de ensino e aprendizagem (MERCADANTE, 2012).

Nesse sentido, faz-se necessário que o professor use o tablet nas suas

aulas, pois segundo EducatuX (2014)

Estima-se que, pelo menos 50% das escolas já fazem algum tipo de uso de tablets em salas de aulas e bibliotecas. Se os tablets educacionais forem utilizados de forma hábil e com objetivos claros, podem significar uma grande transformação na educação em todo o mundo. O empenho dos professores nessa nova transmissão dos conhecimentos pedagógicos é fundamental para que ocorra uma reforma educacional.

Para que o trabalho alcance seus objetivos, é indispensável à ação e a união

de todos os envolvidos no processo: Secretaria de Educação, gestores, educadores

e alunos. Todos precisam compreender que são elementos fundamentais para o

aperfeiçoamento da educação no país.

Os cursos fornecidos pelo governo não atingem a totalidade dos professores

por vários motivos, como limitação do número de vagas e divulgação ineficiente.

Diante deste cenário, o trabalho teve por objetivo realizar uma pesquisa para

diagnosticar o uso da tecnologia tablet pelos professores, e ajudá-los a aperfeiçoar a

prática do uso deste recurso, sensibilizando-os para a importância da inclusão de

novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo a cognição,

motivação e dialogicidade nas aulas, e estimulando o interesse dos estudantes por

aulas mais dinâmicas.

2 Revisão de Literatura

As tecnologias nascem em virtude das demandas da sociedade e acabam

modificando valores e hábitos da população. Possui variados conceitos, que mudam

de acordo com o contexto empregado.

Segundo Garcia de Rícart (1999 apud Veraszto et al., 2007, p.1)

A tecnologia é fruto de um processo dinâmico que ocorre na sociedade como um todo e engloba em si os mais diferentes fatores sociais, econômicos, políticos, éticos, estéticos, metodológicos e educacionais. A tecnologia não somente está presente nos artefatos que nos cercam, como também em processos que envolvem decisões e julgamentos que objetivam o bem estar humano. E, levando em consideração que nossa sociedade é transformada

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a cada instante devido às próprias demandas que ela mesma impõe, fazendo surgir a cada dia novos artefatos, precisa-se pensar também em introduzir modificações significativas no nosso sistema educacional rapidamente.

Nos dias atuais, a tecnologia está presente na vida das pessoas de forma

cada vez mais ampla. Os estudantes de hoje já nasceram na era da tecnologia, e por

isso acabam trazendo seus hábitos para dentro da escola. Porém, é muito comum

encontrarem resistência quanto a esta questão, dentro das escolas.

Ao se analisar registros e estudos das mais variadas épocas da história da

humanidade, observamos a dificuldade do ser humano em aceitar o novo e as suas

possibilidades. Qualquer que seja o período estudado, temos indícios dos receios

humanos frente às descobertas e achados do seu tempo (KALINKE, 2003, p. 15).

Estudiosos da pedagogia já perceberam que mudanças devem ser feitas

neste contexto, e por isso são muitos os estudos acerca deste assunto, chamada de

“nova pedagogia”.

O governo tem investido neste setor, como citado por Nascimento (2007, p.25)

A partir de várias iniciativas, foi estabelecida uma sólida base para a criação de um Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) 549/GM. O Proninfe tinha por finalidade: desenvolver a informática educativa no Brasil, através de projetos e atividades, articulados e convergentes, apoiados em fundamentação pedagógica sólida e atualizada, de modo a assegurar a unidade política, técnica e científica imprescindível ao êxito dos esforços e investimentos envolvidos.

A incorporação das inovações tecnológicas só tem sentido se contribuir para a

melhoria da qualidade do ensino. A simples presença de novas tecnologias na escola

não é, por si só, garantia de maior qualidade na educação, pois a aparente

modernidade pode mascarar um ensino tradicional baseado na recepção e na

memorização de informações (GATTI, 1993, p. 43).

Segundo Valente (2001, p.4)

A inclusão tecnológica nas escolas públicas como elemento catalisador de mudanças, auxilia o educador a compreender a educação como um processo de construção de conhecimento pelo aluno, como produto de seu próprio engajamento intelectual e não uma simples transferência de conteúdos. O grande desafio para a implantação desta mudança pedagógica é a formação de recursos humanos capazes de passar de uma pedagogia tradicional, diretiva e reprodutora, para uma pedagogia ativa, criativa, dinâmica, libertadora, apoiada na descoberta, na investigação e no diálogo.

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Para Souza (2014) o aluno tem direito ao acesso às tecnologias na escola, e

assim, esta cumpre duplamente seu papel: ensina e educa, educando para um

mundo no qual a tecnologia é não só necessária, mas também essencial. O uso da

tecnologia na escola pode contribuir para a formação pessoal, profissional e para a

construção da cidadania. O professor precisa planejar atividades onde os estudantes

possam pesquisar, refletir e discutir sobre temáticas relacionadas ao cotidiano dos

mesmos.

No início de 2013 o Ministério da Educação (MEC) começou a distribuição, e

posteriormente a formação de professores, de tablets educacionais em um projeto

complementar a educação digital. O objetivo inicial da Secretaria de Estado da

Educação do Paraná (SEED), era de que o professor pudesse planejar seu trabalho,

utilizar-se de ferramentas e aplicativos, organizar arquivos, ler livros digitais, facilitar

o registro de classe e acessar a internet.

Além disso, era necessário que a instituição assegurasse as condições de

infraestrutura física, de rede banda larga e também a manutenção dos

equipamentos. O fomento em adotar tecnologias digitais em escolas públicas,

através de programas de governo, faz com que as comunidades escolares se

organizem e as adotem em suas atividades cotidianas.

Muitos professores têm resistência em adotar essas tecnologias como

ferramenta pedagógica. Para incentivá-los a utilizar as TICs em sala de aula, é

necessário oferecer cursos de formação, o que possibilitará com que os professores

aprendam a utilizar de forma adequada e produtiva, visto que essas tecnologias

estão cada vez mais presentes na sociedade e nas mais variadas atividades do

cotidiano.

Diante desta realidade, é importante que os professores tenham conhecimento

sobre a informática educativa no espaço escolar. Para tanto, os professores

precisam buscar capacitação na área das tecnologias de informação e comunicação,

visando o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais interessantes, dinâmicas e

inovadoras.

Este tipo de trabalho será facilitado na medida em que o professor dominar o saber relativo às tecnologias, tanto em termos de valoração e conscientização de sua utilização (ou seja, por que e para que utilizá-las), quanto em termos de conhecimentos técnicos (ou seja, como utilizá-las de acordo com as suas características) e de conhecimento pedagógico (ou seja, como integrá-las ao processo educativo) (POCHO et al., 2003, p.13).

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O desenvolvimento de projetos para trabalhar as tecnologias na escola pode

subsidiar o planejamento de aulas com um pouco mais de segurança e bastante

criatividade. É importante realizar atividades onde o professor possa conhecer as

tecnologias e saber utilizá-las como recurso didático pedagógicos no apoio para suas

aulas.

Segundo Moran (2000, p. 30) a aquisição da informação, dos dados,

dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor – o papel principal – é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.

É importante enfatizar que os professores jamais serão substituídos pela

tecnologia, pois seu papel é o de mediador, auxiliando o aluno a alcançar seu

potencial máximo, aproveitando todos os benefícios educativos que os recursos

tecnológicos podem oferecer. Educar é colaborar para que professores e alunos

transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem (MORAN,

2000, p. 13). O termo usado pelo educador Celso Antunes, demonstra que a

mudança se faz necessária, já que existem professores e “professauros” (ANTUNES,

2007).

Nesse sentido, os professores precisam estar abertos para as mudanças na

área educacional, principalmente para a alfabetização tecnológica. A integração das

novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem permite uma maior

integração entre professores e alunos na atual sociedade da informação.

3 Metodologia

A pesquisa realizada foi a pesquisa-ação, pois uma vez detectado o problema

com a utilização do recurso tecnológico tablet pelos professores, foi realizada uma

palestra na escola, visando diminuir as resistências ao uso desta tecnologia. Pode-se

definir pesquisa-ação como uma forma de investigação-ação que utiliza técnicas de

pesquisa consagradas para informar à ação que se decide tomar para melhorar a

prática (TRIPP, 2005, p. 447).

Segundo Severino (2010, p. 120), a pesquisa-ação

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É aquela que, além de compreender, visa intervir na situação, com vistas a modificá-la. O conhecimento visado articula-se a uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada. Assim, ao mesmo tempo em que realiza um diagnóstico e a análise de uma determinada situação, a pesquisa-ação propõe ao conjunto de sujeitos envolvidos mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas.

Neste contexto, a pesquisa-ação envolve os sujeitos de modo cooperativo e

participativo. As ações interventivas a serem desenvolvidas, visam esclarecer e/ou

solucionar os problemas encontrados. É importante que as ações ao serem

implementadas sejam simultaneamente acompanhadas e avaliadas, permitindo ao

pesquisador refletir criticamente sobre as ações planejadas.

O trabalho de pesquisa foi realizado no Colégio Estadual Padre Silvestre

Kandora, localizado no município de Curitiba, e envolveu os professores de diversas

áreas do conhecimento, que estavam disponíveis no horário do desenvolvimento do

projeto e se dispuseram a participar da pesquisa, entre os meses de fevereiro e

outubro de 2015. O trabalho de pesquisa foi desenvolvido com a implementação do

projeto de intervenção pedagógica desenvolvido no Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) do Estado do Paraná.

Este projeto também foi trabalhado com os professores inscritos no Grupo de

Trabalho em Rede (GTR), por meio da plataforma Moodle, elaborada pela Secretaria

de Estado da Educação do Paraná.

Para traçar o perfil dos professores quanto ao uso do tablet em sala de aula,

foi aplicado um instrumento de coleta de dados semi-estruturado.

Para apresentar os resultados da pesquisa, os professores que participaram

da implementação do projeto no colégio foram codificados P1 a P21.

Com base nos resultados do instrumento de coleta de dados foi organizado

um curso de capacitação, para o uso do tablet em sala de aula.

4 Resultados e Discussão

O projeto intitulado “O uso do Tablet Educacional pelos professores” foi

apresentado ao corpo docente do Colégio Estadual Padre Silvestre Kandora durante

a Semana Pedagógica. Foi bem aceito, e alguns professores ficaram felizes em

saber que teriam ajuda para aprender a usar o dispositivo. A pedagoga responsável

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foi muito colaborativa, e ajudou com as questões práticas da escola, inclusive dando

ideias que facilitaram a execução.

Durante a aplicação do instrumento de coleta de dados, algumas dificuldades

foram encontradas, como horários dos professores diferentes dos horários da

professora PDE no colégio.

Dos professores pesquisados (21), a maioria respondeu o instrumento de

coleta de dados na hora atividade.

No Gráfico 1 pode ser observado o nível de atuação dos professores.

Gráfico 1 - Nível de ensino onde atuam os professores envolvidos na pesquisa

De acordo com o gráfico, constatou-se que 7 professores atuam no Ensino

Fundamental, 4 no Ensino Médio e 10 em ambos os níveis de ensino.

A participação dos professores no curso ofertado pela SEED para se usar o

Tablet Educacional está apresentado no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Participação dos professores no curso Uso do Tablet Educacional

0

2

4

6

8

10

12

Nível de atuação dos professores

E. Fundamental

E. Médio

Ambos

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Participação no curso

Sim

Não

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De acordo com o gráfico 2, apenas 4 professores disseram ter participado do

curso ofertado pela SEED.

As justificativas para que os professores não tenham participado do curso

foram às seguintes: falta de oportunidade, falta de tempo, curso cancelado e também

por ser professor do Processo Seletivo Simplificado (PSS), o qual não poderia fazer o

curso.

O uso do tablet pelos professores pesquisados pode ser observado no Gráfico

3.

Gráfico 3 - Utilização do tablet educacional em sala de aula

Com base no gráfico 3, observou-se que somente 3 professores usam o tablet

em sala de aula e 13 gostariam de aprender a usar o dispositivo.

A manutenção do tablet pode ser observada no Gráfico 4.

Gráfico 4 - Tablets que apresentaram algum defeito e precisaram de concerto

0

5

10

15

20

Número de professores que usam o tablet em sala de aula, ou não.

Sim

Não

9,4

9,6

9,8

10

10,2

10,4

10,6

10,8

11

11,2

Número de tablets que precisaram de conserto

Sim

Não

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Como pode ser observado no Gráfico 4, dos 21 tablets distribuídos para os

professores, 10 apresentaram defeitos e precisaram de manutenção.

A partir dos dados coletados foi possível atender individualmente os

professores que se mostraram interessados em receber informações acerca do tablet

educacional.

A orientação contemplou as funções iniciais do tablet. Para isso, foi

disponibilizada a Produção Didática produzida durante o PDE, um material

elaborado com conceitos básicos. Ocorreram indicações e instalação de aplicativos.

Foram abordadas também questões mais técnicas como acoplar o tablet à TV

Multimídia ou ao projetor. Foram momentos de muito aprendizado e troca de

informações, que poderão contribuir com o processo de ensino-aprendizagem dos

envolvidos, possibilitando autonomia para organizar situações de aprendizagem

interativas e construção de novos saberes.

Uma das dificuldades encontradas nesta etapa foi a qualidade da rede wi-fi do

colégio, que não contempla todas as áreas do estabelecimento.

Além das orientações, foi realizada uma atividade que não estava inicialmente

proposta, que se relaciona com o mau funcionamento dos equipamentos. Como a

parceria do governo do Estado com a assistência técnica acabou, o tablet que

apresenta defeito precisa ser levado à Coordenação Regional de Tecnologia na

Educação (CRTE) do Núcleo Regional de Educação (NRE), para que os técnicos e

assessores verifiquem se o mesmo precisa ser consertado ou trocado. Sendo assim,

foram levados à CRTE/NRE dois tablets que não estavam ligando. Uma semana

depois os equipamentos já estavam funcionando normalmente, e foram devolvidos

aos professores.

Para finalizar a implementação do projeto, foi feita uma palestra no colégio

com a presença de um assessor pedagógico da Coordenação de Tecnologias

Educacionais (CRTE) do Núcleo Regional de Educação (NRE). Nesta, estavam

presentes cerca de 20 professores do colégio, sendo que 7 deles estavam portando

seus tablets.

O palestrante iniciou explicando o por quê da distribuição dos tablets, como

ela ocorreu, a importância de se buscar alternativas para o aprendizado docente,

como ocorreram os cursos e porque estes não são mais ofertados. Muitas dúvidas

foram esclarecidas e os professores se mostraram interessados.

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Nesta oportunidade, foi explicado também sobre o Registro de Classe On-

Line, o qual substituirá o Livro de Registro de Classe, e o Projeto Conectados, que

levará kits com tablets (para uso dos alunos), cartões de memória e roteadores para

as escolas. Porém, não foi possível executar a parte prática com o tablet, pois a rede

de wi-fi da escola estava com problema, e o técnico ainda não tinha comparecido

para fazer o concerto.

Como resultado da pesquisa pode-se destacar que uma grande parcela dos

professores que desconhecia o uso do tablet, com dificuldades de inserir o uso dessa

ferramenta nas suas aulas, teve interesse em testar o uso após o atendimento

individual e a palestra com o técnico do Núcleo Regional de Educação (NRE).

O feedback dado pelos mesmos, revelou que uma capacitação adequada, que

é possível de ser desenvolvida no colégio, poderá contribuir com a forma de trabalhar

e preparar aulas diferenciadas, que sejam atrativas para seus alunos da atual

geração de ciberconectados,

Isso por si só é um desafio, como descreve Neves e Cardoso (2014)

No entanto, para adolescentes e crianças nascidos nas décadas de 80 (Geração Y) e 90 (Geração Z) a cibercultura é habitual e familiar. Eles se sentem em casa nos ambientes de comunicação digital, pois já nasceram inseridos na teia global interconectada pela internet. O modo como esses jovens aprendem e interagem, a forma como lidam com o conhecimento e a informação, a maneira de enxergar o mundo do trabalho e a escola não são nem de perto parecidos com os da Geração X.

Neste contexto, é preciso superar barreiras, buscar novas capacitações e

formação continuada, pois, como os próprios professores reconheceram, para

acompanhar essa geração Y e Z, faz-se necessário que os mesmos estejam

conectados com as novas formas desse aluno encarar o mundo, suas novas

linguagens e anseios.

A exemplo do que ocorreu no Rio Grande do Sul, descrito por Radaelli (2013,

p. 3)

Foi oportunizado aos professores para em grupos participarem de oficinas interativas para conhecimento do Sistema Operacional Android do Tablet Educacional. Nestes encontros foram apresentadas as funções básicas de operacionalização do tablet, como também formas de buscar novos aplicativos, descobrir suas funções e usar o navegador disponibilizado no Tablet Educacional para acesso à Internet.

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Comparando o curso ofertado no Paraná e o do Rio Grande do Sul, observam-

se diferenças na forma de capacitação. A Secretaria de Estado da Educação do

Paraná optou por oferecer treinamento presencial a um número selecionado de

professores, o que limitou o número de vagas. Nossa proposta de atendimento e

implementação do projeto também foi a opção por atendimento individual, e levou em

consideração o grau de conhecimento de cada professor e suas dificuldades,

diferentemente da forma como o Rio Grande do Sul, que ofertou através de Ambiente

Virtual de aprendizagem (AVA), usando a plataforma virtual.

O diferencial das duas formas de oferta do curso sobre o uso do tablet está

justamente quando surgem as dúvidas e dificuldades. No caso da forma de

atendimento individualizado e palestra, houve a discussão das dúvidas e o

saneamento das mesmas no mesmo momento em que foi colocada a questão, o que

não ocorre imediatamente em cursos online. Essa forma de esclarecimentos de

dúvidas acaba por ser um diferencial para o professor que, muitas vezes, deseja

esclarecer as dúvidas e aprender ao mesmo tempo, utilizando o aparelho, não

através de leitura de material.

Vários dos professores experimentaram o uso após os atendimentos e durante

a implementação do projeto, descrevendo a experiência como inovadora.

Com relação à necessidade de formação do professor, Neves e Cardoso

(2014), concluíram em sua pesquisa

Foi destacado o papel crucial que a gestão da escola tem nesse processo, mas também não nos esqueçamos do papel da gestão da própria SEDF, que precisa rever a questão logística de compra e distribuição dos tablets, mas, principalmente, de organização do oferecimento do curso de formação – ele precisa ser antes ou concomitante ao recebimento do aparelho e, talvez, em uma modalidade presencial ou semipresencial.

Da mesma forma como ocorreu nas escolas do Distrito Federal, essa

mudança na forma de distribuir e ofertar a capacitação também foi observada com os

professores do Estado do Paraná, pois alguns dos professores que participaram da

implementação da pesquisa observaram e relataram a necessidade da ampliação de

cursos presenciais, considerando que muitas vezes, o professor necessita do

atendimento direto, que nem sempre um curso online pode oferecer.

Por último, quanto ao número de tablets que apresentaram defeito, é bastante

significativo o número de aparelhos que necessitaram de algum tipo de manutenção,

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o que deixa a preocupação quanto ao assunto, pois se, no caso especifico da

pesquisa, de 21 aparelhos, 10 apresentaram algum defeito, projetando esse número

para todo o Estado do Paraná, representa quase a metade do número de tablets

distribuídos.

A discussão sobre o uso do tablet também foi desenvolvida com os

professores da rede estadual de ensino do Paraná, através do Grupo de Trabalho em

Rede (GTR), por meio da plataforma Moodle, onde foi possível discutir amplamente a

viabilidade de uso do tablet em sala de aula. Os professores participantes do GTR

participaram ativamente das discussões e atividades propostas na plataforma

Moodle.

Os professores do GTR revelaram interesse em aprender a utilizar o tablet

para o planejamento, desenvolvimento e registro das aulas.

A produção didático-pedagógica sobre o uso do tablet foi avaliada como muito

bem elaborada por todos os professores.

Os resultados da implementação do projeto na escola e no GTR foram

considerados positivos, pois, todos os professores que participaram durante a

implementação do projeto apresentaram muita curiosidade e interesse em aprender a

manusear o tablet e sentiram-se atendidos em suas expectativas ao final dos

trabalhos e da implementação do projeto.

5 Considerações Finais

Com a implementação do projeto, ficou evidente que uma grande parcela dos

docentes não utiliza o tablet, seja por desconhecimento sobre como usar, seja por

comodismo, ou medo de inovações, uma vez que nem todos os professores sentem-

se confortáveis em mudar sua metodologia de trabalho, temendo os resultados

dessas mudanças.

No atual contexto, cabe ao professor repensar sua metodologia de trabalho e

buscar ampliar sua capacitação, tomando conhecimento sobre essas novas

tecnologias, testando as que mais são adequadas ao seu ambiente de trabalho e

fazendo uso das que a escola pode oferecer.

A migração do uso do Livro de Registro de Classe para o Registro de Classe

on-line contribuirá para que os professores participem de cursos de capacitação para

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uso do tablet em sala de aula.

A capacitação para o uso do tablet em sala de aula foi avaliada como positiva,

pois os professores da escola e do GTR, participaram ativamente das ações

desenvolvidas e houve apoio da equipe pedagógica.

O desenvolvimento deste projeto pode subsidiar novas atividades de

capacitação técnica e pedagógica dos professores da rede estadual de ensino.

Referências

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