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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
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Título: Gestão Escolar: articulação e organização do coletivo educador na perspectiva do desenvolvimento profissional docente
Autor(a): Cleicimara Aparecida Cretella
Disciplina/Área: Gestão Escolar
Escola de implementação do projeto e sua localização:
Colégio Estadual Humberto Alencar Castelo Branco
Município da escola: Pinhais – PR
Núcleo regional de educação:
Área Norte
Professor orientador: Prof. Dr. Oséias Santos de Oliveira.
Instituição de ensino superior:
Universidade Tecnológica Federal do Paraná -UTFPR
Relação interdisciplinar: Professores de todas as áreas Resumo: A proposta de articular e organizar o coletivo educador para o desenvolvimento profissional docente visa inserir uma prática mais alargada de formação continuada que toma o professor como protagonista no processo de aprendizagem ao longo da carreira. Para tal propósito este Projeto de Intervenção Pedagógica, a ser desenvolvido no Colégio Estadual Humberto Alencar Castelo Branco, localizado em Pinhais/PR, parte de um modelo que leva em conta a experiência, o saber-fazer, a história de vida, a motivação, a capacidade intelectual e emocional e a energia para aprender, as condições de trabalho, o contexto em que a escola está inserida, enfim, os vários elementos que figuram a complexidade da profissão docente. Pretende-se com isso desenvolver uma cultura de empoderamento conferindo aos professores a decisão sobre conhecimentos e procedimentos didático-metodológicos que se fazem necessário ao exercício de uma prática de ensino eficaz e gratificante. Para tanto, foram selecionados conteúdos e ações que, além de ampliar os conhecimentos sobre a profissão, servem também de instrumentais para os processos de ensino e de aprendizagem. Deste modo, a metodologia prevista para o desenvolvimento dessas práticas contempla um processo de formação colaborativa onde por meio da investigação-na-ação, da reflexão na, sobre e acerca da ação os professores possam questionar as teorias perfiladas e as teorias-em-uso e consequentemente obter o reconhecimento social da profissão. Como produto das discussões efetivadas em oficinas pretende-se construir um plano de desenvolvimento profissional docente, que será apresentado como contribuição ao processo de gestão escolar, em especial no que se refere à gestão pedagógica.
Palavras-chave: Desenvolvimento profissional docente; Conhecimentos para a docência; Modelos de aprendizagem
Formato do material didático:
Caderno Temático
Público: Professores
Ficha de identificação da Produção Didático-Pedagógica
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Integrante das produções do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pela Secretaria
de Educação do Estado do Paraná em parceria de orientação com
a Universidade Tecnológica do Paraná – UTFPR/Campus Curitiba,
este Caderno Temático deve ser compreendido como uma
produção didático-pedagógico de caráter estratégico que visa
atender os objetivos propostos no Projeto de Intervenção, titulado
Gestão Escolar: articulação e organização do coletivo educador na
perspectiva do desenvolvimento profissional docente.
Tal projeto tem como objetivo principal promover a reflexão
sobre a complexidade da profissão docente na perspectiva de
construção de uma proposta de desenvolvimento profissional, a
partir da articulação e organização do coletivo educador do Colégio
Estadual Humberto Alencar Castelo Branco, localizado no
município de Pinhais-PR.
Este Caderno Temático apresenta conceitos que compõem
o complexo universo no qual se insere a profissão docente, visando
subsidiar as reflexões e promover o desenvolvimento de diálogos
para além do senso comum, numa perspectiva de examinar as
chamadas teorias perfiladas e as teorias-em-uso, ou seja o que
dizemos sobre o que fazemos e o que fazemos sobre o que
dizemos, dentro de uma visão crítica e de responsabilidade social.
Diante do exposto e da delicada tarefa de articular e
organizar o coletivo educador no espaço escolar, planeia-se um
trabalho coletivo a partir da participação dos docentes em diversos
tipos de encontros a serem realizados nos momentos previstos no
calendário escolar. Essa intervenção no contexto escolar objetiva a
construção de um Plano de Desenvolvimento Profissional Docente,
que ao articular o coletivo dos professores, permitirá que sejam
repensadas as práticas de gestão, tanto sob o ponto de vista
pedagógico quanto administrativo-funcional.
Veja alguns tipos de encontros previstos neste caderno temático:
Palestra – exposição de assuntos de natureza educativa onde os ouvintes, após a apresentação poderão fazer questionamentos e ponderações sobre o conteúdo apresentado.
Seminário – evento que se divide em exposição, discussão e conclusão, propiciando assim, a participação da plateia.
Debate – discussão entre pessoas que defendem ponto de vista diferentes sobre um tema.
Colóquio – exposição de um tema em reunião fechada, que tem por objetivo esclarecer e tomar decisões.
Oficinas – reunião de trabalho e estudo com objetivo de obter ou aprofundar o conhecimento
Estudo do meio – estudo do contexto em que os participantes estão inseridos. Objetiva a reflexão e a aquisição de conhecimento.
Estratégia Phillips 66 – discussão rápida e em grupo. Serve tanto para mobilizar como para elaboração de sínteses.
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UNIDADE I - SENSIBILIZAÇÃO DO COLETIVO EDUCADOR
Atividade 1 - “Sentido de pertença em pesquisa descritiva – levantamento” .... 4
Atividade 2 - “Cultura escolar em diagnóstico participativo” ............................. 8
Atividade 3 - “Crenças limitantes em estratégias de superação” .................... 12
UNIDADE II – DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
Atividade 1 - “Selves da carreira em lista de discussão” ................................ 25
Atividade 2 - “Insatisfação positiva e humildade em Phillips 66” .................... 29
Atividade 3 - “Olhares sobre a escola em demonstração intelectual” ............. 32
1 Adicione um título ao seu documento
UNIDADE I
Sensibilização do coletivo
educador
“Para mobilizar é preciso sensibilizar e
motivar”
Marcelo Vitorino
2 Adicione um título ao seu documento
1 - SENTIDO DE PERTENÇA
Pertença não é apenas o ser parte, é mais, é fazer parte ativa. Este conceito
está relacionado às ideias de integração e interação, onde o indivíduo, ao fazer parte
de um grupo, dialoga com seus pares. E, na medida em que o comportamento de
cada indivíduo se torna estímulo para o outro, constrói e é construído, planeja e
também se vê parte de um projeto, que modifica e é modificado.
Em pesquisa realizada com
professores de escola pública Rodrigues
& Ferreira (2012, p. 7) constataram que
“o vínculo e o sentimento de pertença
são essenciais para os sentidos do
trabalho” e que “a pertença profissional
precisa ser elaborada”, pois é na vivência de seu trabalho que os professores podem
desenvolver esse sentimento e passar a compartilhar dos mesmos propósitos e
consequentemente a promover o fortalecimento e a expansão da instituição. Nesta
perspectiva podem ainda trabalhar coletivamente no sentido de mudar o status quo
por meio do desenvolvimento pessoal e profissional.
Desenvolver o sentido de
pertença significa rever crenças e
valores, aprender e transformar, a refletir
e partilhar, a construir um ideal comum a
partir de novas práticas de trabalho, em
equipe e com base no respeito e nos
princípios do bem comum. O que
envolve assumir compromisso com o
grupo e com a instituição, entendendo
que os resultados almejados mantêm
vínculo direto com as iniciativas de cada
um dos sujeitos.
Portanto, é fundamental que os professores se sintam parte integrante e
necessária no conjunto de responsabilidades e atribuições da profissão, uma vez que
'“a pertença profissional [...] é quando o sujeito se percebe
pertencente ao contexto por meio de seu trabalho e do reconhecimento que recebe através dele”. (RODRIGUES &
FERREIRA, 2012, p.2)
3 Adicione um título ao seu documento
a corresponsabilidade advém da consciência de que todo movimento gera uma
reação, positiva ou negativa, que interfere na ordem e pode, tanto servir de impulso
como provocar desconforto e comprometer a eficiência do trabalho coletivo.
O sentido de pertença representa no ambiente de trabalho uma interação
positiva, onde o reconhecimento responde a uma de nossas mais urgentes
necessidades. O professor experimenta o sentido de pertença na acolhida, na estima
e na valorização de seu trabalho pelos alunos, colegas e gestores e, ainda, na
consciência de que suas ideias e sugestões são ouvidas e consideradas. É um
sentimento que se reflete na “forma como cada categoria social vive e sente o
posicionamento que ocupa na sociedade” (BOURDIEU, 1999:4 apud CHALLINORD,
2011, p.480).
Por outro lado, o sentido de pertença pode elucidar um sentimento contrário de
querer ser parte e gerar desvio de responsabilidade. Este sentimento pode aflorar
diante de uma percepção de incompetência e desconforto quando da explanação de
resultados negativos sobre o processo educativo, que muito aquém dos desejados,
são indissociáveis da responsabilidade que deve ter o todo. Assim, levantar o grau de
pertença dos professores, permite não só explicitar tal sentimento, mas também
repensar nas atitudes e comportamentos do coletivo e, em específico, no modelo de
gestão que contribuem na formação deste sentido.
Portanto, o gestor escolar deve assumir uma postura ativa em busca de
desenvolver o sentimento de pertença, pois este constitui o primeiro passo para
minimizar os efeitos do trabalho isolado do professor, enraizado na profissão docente
e formatado no modelo tradicional de ensino, que apesar de não mais corresponder
as necessidades da sociedade do século XXI, ainda é o mais presente nas escolas
públicas.
LEVANTAMENTO DO SENTIDO DE PERTENÇA – QUESTIONÁRIO ON-LINE
(DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE NA P.4)
4 Adicione um título ao seu documento
Atividade-1 “Sentido de pertença em pesquisa descritiva - levantamento”
What - o que
(atividade)
Levantamento do sentido de pertença
Why - por que
(justificativa)
Explicitar o quanto os educadores estão se sentindo pertencente ao
contexto da escola.
Where – onde
(local)
Sala multimídia – abordagem do tema e fechamento.
Sala de informática – aplicação do questionário
When- quando
(tempo)
Tempo estimado de 1h30min - (15min apresentação do tema; 30 min
para responder questionário e 30min para fechamento)
Who - por quem Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How – como
(método)
- Após abordar o tema “Sentido de Pertença” propõe-se ao coletivo a
colaboração para responder um questionário.
- Aplicar questionário on-line sobre como o professor se sente em relação
ao sentido de pertença.
- Fazer o fechamento: com base na análise dos resultados obtidos
questionar o grupo sobre o que justifica as questões menos pontuadas e
o que é possível fazer para aumentar o grau de pertença.
Estratégia de ação: pesquisa descritiva (permite a descrição do objeto
de pesquisa e a elaboração de um censo mediante analise dos
resultados). Procedimento: levantamento por meio de interrogação
direta.
How much
(quanto)
(recursos)
Recursos: computadores, internet, questionário on-line: https://docs.google.com/forms/d/1L1iLmj-bA7AgDpAb50bfVcrG8SuEz1Obq9Dcy85WA_w/viewform
Interrogações: 1- Sinto-me integrado/agregado ao grupo de professores/escola?
(Selecione a opções que represente o quanto você se sente inserido
nas conversas, atividades etc.)
2- Você se vê como parte ativa/participante das discussões/tomadas
de decisões? (Selecione a opção que mais representa o seu nível de
participação em reuniões/encontros na escola)
3- Você dialoga com seus pares? (Selecione a opção que representa
melhor o quanto você troca informações, conhecimentos, experiências
com outros professores)
4- Você se sente responsável pelo "status quo" da escola, ou seja, pela
situação atual da escola com relação as avaliações externas (Prova
Brasil, Saeb) e pelos índices apontados no IDEB)? (Selecione a opção
que melhor representa o quanto você se sente responsável pelos
resultados divulgados)
5- Você se sente comprometido com a escola? (Selecione a opção
que melhor representa o quanto você se envolve na resolução de
problemas da escola)
6- Você se sente motivado e com energia para estudar, pesquisar e
inovar? (Selecione a opção que melhor representa seu grau de
motivação e energia na busca por novas teorias e metodologias de
ensino)
5 Adicione um título ao seu documento
2 - CULTURA ORGANIZACIONAL
O termo cultura organizacional toma espaço neste Caderno Temático por estar
relacionado com o desempenho de uma organização e por ser visto como agente de
maior restrição no que se refere às mudanças. Formada por crenças, valores, atitudes
pessoais, comportamentos, normas e artefatos, a mudança na cultura organizacional
exige um aprofundar-se nos hábitos e rotinas
básicas de uma organização. Denison et. al.
(2012) sugerem questionar e analisar se estes
hábitos são eficazes, se estão criando valores ou
não, uma vez que são passíveis de mudança.
Toda organização cria sua própria cultura.
Ela espelha a sabedoria coletiva, os hábitos e
costumes da instituição os quais são assimilados
ou transformados pelos sujeitos que
compartilham um mesmo ambiente ao longo de
um tempo.
Denison et..al. (2012) articulam que o
conhecimento incorporado em uma cultura corporativa, é um conhecimento
desenvolvido para atender desafios do passado e, portanto, precisam ser
reelaborados a medida que novos desafios se apresentam. E que, para se implantar
uma mudança positiva é preciso superar os desafios e “criar um conjunto de condições
que permitam as pessoas [...] saber mais, importar-se mais e contribuir mais”. (Idem,
p. 46). Diante disso apresentam algumas diretrizes de apoio que se resumem em:
Criar sentido de missão e direção de
uma organização
Construr um alto nível de adaptabili-
dade e flexibilidade.
Nutrir o envolvimento
e o engajamento
de seu pessoal.
Prover um conjunto
de valores essenciais.
Atividades de impacto positivo na cultura de uma organização - (Denison et
al, 2012, p. 2)
Investir no início para inculcar os valores, pois não se terá uma segunda
chance para causar uma primeira impressão;
Preparar cada pessoa para liderar, reconhecendo que a liderança
tem de acontecer em todos os níveis;
Usar a disciplina para construir o orgulho de fazer parte, estabelecendo
o que todos devem cumprir e fazendo-se presente em todos os setores.
Estabelecer equipes que têm responsabilidades coletivas.
6 Adicione um título ao seu documento
3 - CULTURA ESCOLAR
A cultura escolar reflete a identidade da escola desenhada pelo conjunto de
suas práticas, normas, ideias e procedimentos expresso nos modos de pensar e agir,
nas atitudes, rituais, mitos, discursos e ações de seus integrantes. Surge na dinâmica
das relações que envolve, além dos sujeitos da comunidade escolar, dos discursos,
das linguagens, das práticas, da organização da escola e do sistema educativo, as
contínuas mudanças nas políticas
educacionais.
A cultura escolar na concepção de
Schein apud Day (2001, p.126) representa “o
nível mais profundo de ideias e crenças
básicas, partilhadas pelos membros de uma
organização, que operam inconscientemente e
que definem, de uma forma assumida, a visão
da própria organização e do seu ambiente”.
Outras definições são empregadas em alusão
as diferentes realidades que as pessoas
constroem para si próprias, ou ainda, para fazer
referência ao “habitat social”, que na escola,
pode ser a cultura de sala de aula, dos setores
ou da escola em si.
Autores como Andy
Hargreaves (1994) e Jennifer Nias et al (1989) ao pesquisar
sobre a cultura escolar identificaram algumas implicações
de certas formas de cultura no trabalho docente e nas suas
oportunidades de desenvolvimento, como a do
individualismo, da balcanização, da colaboração superficial
e do colegiado artificial, as quais, com base no referencial
de Day (2001, p.128-130), serão apresentadas a seguir:
PARA SABER MAIS
SOBRE CULTURA
ESCOLAR, LEIA CAP 04;
AS CONDIÇÕES DE
TRABALHO DOS
PROFESSORES: AS SALAS
DE AULA, AS CULTURAS
E A LIDERANÇA. In. DAY,
DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL DE
PROFESSORES.
PORTUGAL: PORTO
EDITORA, 2001.
São esses mecanismos que
certamente informam os
processos pedagógicos,
os organizativos, de
gestão e de tomada de
decisões no interior da
escola, os quais vão além
da legislação ou das
recomendações feitas
pela(s) entidade(s)
mantenedora(s) e/ou pelo
poder público. Assim, a
escola, principal instituição
da sociedade,
responsável pela
educação formal dos
indivíduos, difere
grandemente de outras
organizações sociais”
(SILVA, 2006, p.203).
7 Adicione um título ao seu documento
Fig. 01: Implicações da cultura escolar, a partir do referencial de Day (2001). Elaboração própria
DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO - (DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE P.8)
8 Adicione um título ao seu documento
Atividade - 2 “Cultura escolar em diagnóstico participativo” .
What - o que
(atividade)
Cultura escolar - diagnóstico
Why - por que
(justificativa)
Ponderar sobre os aspectos constitutivos da identidade da escola e
tecer considerações que venham a contribuir para novos modos de
fazer e agir de seus componentes.
Where-onde
(local)
Sala multimídia
When- quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h - (30min exposição da temática; 50 min para o
diagnóstico; 30min para socializar e 10min fechamento)
Who - por quem Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How - como
(método)
Após abordar o tema “Cultura Organizacional e Cultura Escolar”
Formar pequenos grupos para realização de um diagnóstico de
acordo com o roteiro, pontuando os aspectos mais relevantes
expressos nos modos de pensar e agir, nas atitudes, rituais, mitos,
discursos, ações que refletem a cultura da escola.
Retornar ao grande grupo para socializar
Fechamento: apresentar imagens positivas e negativas relativas aos
aspectos visuais e lançar a questão “Você pode contribuir com sua
escola? De que maneira?”
Estratégia de ação: diagnóstico participativo (possibilita compartilhar
e analisar a percepção que temos das coisas)
How much
(quanto)
(recursos)
Aparelho multimídia, arquivo de imagem;
Roteiro de itens a diagnosticar:
1- Estrutura física da escola (espaços para atividades externas, salas
de aula, sala para repouso professores e alunos, sala para hora
atividade, banheiros, biblioteca, armários, cantina, acessibilidade);
2 - Aspecto visual da escola (limpeza, pintura, organização);
3 - recursos tecnológicos (computadores, internet, radio, materiais de
expediente, etc).
4 - Professores (rotatividade, cumpre horário, prazos etc, em número
adequado, apresentação, uso de uniforme, atitudes, ações,
relacionamento);
5 - Pedagógico (número de pedagogos, assiduidade, apoio
pedagógico aos professores, orientação aos alunos, pais);
6 - Gestão (Democrática? Participativa? Envolve o coletivo? Contribui
para o sentido de pertença?);
7 - Secretaria (receptividade para com os alunos e professores,
organização, recursos);
8 -Clima organizacional (confraternização, relacionamentos,
envolvimento etc);
9 – Cultura (balcanização? colegiado artificial? Colaboração
confortável? Individualismo?)
10 – Formação (tempo, espaços, que formação está sendo
propiciada? qual tipo de formação seria a ideal?)
9 Adicione um título ao seu documento
4 - IDENTIDADE DOCENTE
O pesquisador espanhol Carlos Marcelo, doutor em educação, discorre sobre
a importância de suscitar a reflexão sobre a identidade profissional docente, pois
considera ser por meio dela que nos percebemos, nos vemos e queremos que nos
vejam. Sua construção inclui valores, crenças, compromisso pessoal, disposição para
aprender e ensinar, conhecimentos da disciplina de atuação, pedagógicos e didáticos.
Na formação da identidade profissional as crenças são consideradas
proposições que o indivíduo mantém acerca do que considera verdadeiro, sendo
adquiridas por meio das experiências pessoais, das percepções sobre o meio e do
conhecimento formal sobre o que e como ensina. Nesse sentido Marcelo (2009)
apresenta uma distinção feita por Pajares (1992), entre conhecimento e crenças.
As crenças encontram-se carregadas de emoções e constituem um elemento
essencial de formação da
identidade profissional. “São
instrumentais ao definir tarefas e
selecionar os instrumentos
cognitivos para interpretar,
planejar e tomar decisões em
relação a essas tarefas; portanto,
desempenham um papel crucial ao
definir a conduta e organizar o
conhecimento e a informação”
(MARCELO, 2009, p.117).
10 Adicione um título ao seu documento
Portanto é preciso diferenciar razão da
emoção para compreender que esse caráter
afetivo da crença pode reduzir a razão, pois,
apesar de estar relacionado, o afetivo é tido como
um filtro através do qual interpretamos novos
fenômenos, pois como aponta Marcelo (2009), os
indivíduos tendem a manter crenças baseadas em
conhecimento incompleto ou incorreto.
Paiva & Del Prette (2009) realizaram uma pesquisa de âmbito qualiquantitativo
a respeito da influência das crenças educacionais e suas implicações para o processo
de ensino-aprendizagem. Na análise dos dados as autoras indicaram que os
professores facilitadores diferenciaram-se dos dificultadores basicamente em:
:
1
•maior concordância com a noção de que as relações interpessoais e o desenvolvimento socioemocional e intelectual dos alunos estão associados;
2
•maior valorização das habilidades sociais como componente do desenvolvimento socioemocional e da aprendizagem acadêmica dos alunos;
3
•maior quantidade e diversidade de explicações, analisadas em termos de atribuições de causalidade para o sucesso e fracasso escolar dos alunos.
Essas crenças
influenciam o processo
de ensino-
aprendizagem ao
mediarem as decisões
pedagógicas e as
interações que os
professores
estabelecem com seus
alunos, funcionando
como um filtro que os
leva a interpretar, a
valorizar e a reagir de
diferentes formas diante
dos progressos e
dificuldades dos seus
alunos, podendo,
inclusive, induzir o
comportamento real
destes alunos em
direção às suas
expectativas
(PAJARES, 1995 apud PAIVA &
PRETTES, 2009, p. 2)
As crenças educacionais são ideias e
convicções a respeito de temas
relacionados à Educação que se
revelam, conscientemente ou não,
nas ações dos professores
(RAYMOND & SANTOS, 1995 apud PAIVA &
DEL PRETTE, 2009, p. 2)
11 Adicione um título ao seu documento
Conhecer tais crenças e identificar padrões presentes no cotidiano da escola,
segundo Paiva & Del Prette (2009), pode constituir um importante foco de intervenção
e importante subsídio para se repensar a formação acadêmica e continuada de
professor. Avaliam que o estudo sobre o tema pode ser um ponto de partida para a
desconstrução de um discurso de fracasso escolar que não favorece ou ainda dificulta
o sucesso escolar, uma vez que seus estudos apontaram que
CRENÇAS LIMITANTES - PERCEPÇÃO E IMPLICAÇOES NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM - DESCRIÇÃO DA TIVIDADE P.12)
12 Adicione um título ao seu documento
Atividade - 3 “Crenças limitantes em estratégia de superação”
What - o que
(atividade)
Crenças limitantes: percepções e implicações no processo de ensino e
aprendizagem
Why - por que
(justificativa)
Refletir sobre os aspectos constitutivos da identidade da profissional e
tecer considerações sobres as implicações das crenças na tomada de
decisão de modo a possibilitar novos modos de fazer e agir.
Where – onde
(local)
Sala multimídia
When- quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h
(20min – exposição do tema; 20min exercício no grande grupo; 20min
apresentação da pesquisa; 30min atividade grupos menores; 30 min
ponderações e confronto)
Who - por quem Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How - como
(método)
Após abordar os temas “Identidade Docente” e “Crenças
Educacionais” realizar exercício de identificação de crenças
limitantes com apoio do PowerPoint, para que em conjunto, os
professores possam exercitar a reelaboração de uma crença limitante
que implica sobre o ensino-aprendizagem.
Apresentar pesquisa sobre crenças docentes e implicações para o
processo de ensino-aprendizagem para enfatizar sobre a relevância
do tema em discussão.
Formar grupos menores para identificação de uma crença limitante
relacionada à formação continuada dos professores e em que
contexto surgiu, e como transformá-la em crença favorável. Na
sequência retornar ao grande grupo para que um representante de
cada grupo socialize a crença levantada.
FECHAMENTO: abrir ponderações confrontando o resultado da
pesquisa com as crenças levantadas pelos grupos.
Estratégia de ação: 5 passos para vencer crenças limitantes (permite
a identificação de crenças limitantes e sua substituição por crenças
fortalecedoras).
How much
(quanto)
(recursos)
Aparelho multimídia.
Bloco de anotações, canetas.
PowerPoint “crenças limitantes” adaptação do vídeo “5 passos para
vencer crenças limitantes” disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=KBSB4UL5Y9k
Texto: crenças docentes e implicações para o processo de ensino-
aprendizagem disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pee/v13n1/v13n1a09.pdf>
13 Adicione um título ao seu documento
6 – PROFISSÃO DOCENTE
A carreira docente pode ser percebida a partir de uma trajetória individual e
pouco ligada às atividades coletivas, onde cabe aos professores a responsabilidade
sobre tudo o que acontece em sala de aula, o que nas palavras de Marcelo (2009) se
traduz numa
Apesar desta hiper-responsabilização, a profissão de docência não tem
reconhecimento em igual proporção. Diante da necessária valorização da profissão e,
consequentemente, do reconhecimento do professor como um profissional, torna-se
imprescindível um novo olhar sobre eles e para os aspectos que envolvem sua
profissionalização.
Para entender melhor o conceito de
profissional tomaremos algumas das
contribuições do professor e pesquisador
na área de educação, Christopher Day
(2001). Em seu livro Desenvolvimento
Profissional de Professores, levanta a
questão sobre o que significa ser professor
e explora a noção de profissionalismo. Traz
também as várias características de
profissional - como mostra o quadro ao
lado, e discorre sobre o fato do professor
não ter o controle sobre os padrões da
profissão e que por conta disso “o ensino
tem sido encarado como uma
semiprofissão” (ETZIONI, 1969, apud DAY,
2001, p.22).
espécie de hiper-responsabilização do docente, como se tanto as condições de acesso dos alunos, quanto as próprias condições em que se desenvolve sua atividade
profissional não estivessem limitadas por diretrizes, normas e relações de poder, tanto na escola, como na
sociedade (MARCELO, 2009, p.124).
Profissional é aquele que:
- possui um
conhecimento
especializado – cultura
técnica;
- possui o compromisso
de satisfazer as
necessidades dos clientes
– ética de serviço;
- possui uma forte
identidade coletiva –
compromisso profissional;
- possui controlo colegial,
em oposição ao controlo
burocrático, sobre as
práticas e padrões
profissionais.
(LARSON, 1977; TALBERT E
MCLAUGHLIN, 1994, apud
DAY 2oo1, p.21)
14 Adicione um título ao seu documento
No entanto, ao tomar como referência a
autonomia do professor na sala de aula Day (2001)
identifica os professores como possuidores de uma
profissionalidade restrita, pois seu trabalho costuma
ser centrado na sala de aula e baseado na experiência
dando-se pouco valor à teoria, não ter como hábito
comparar o seu trabalho com o de outros professores
e ainda, por tender a compreender as atividades dentro
de um contexto limitado.
Contrapondo a profissionalidade restrita, surge
a figura do profissional amplo. Profissional que
apresenta características reflexivas demonstradas
pela capacidade para o desenvolvimento profissional
autônomo que inclui: estudo individual sistemático,
estudo do trabalho de outros professores,
questionamento e verificação de teorias com base em
procedimentos de investigação. Esta nova postura do
professor é tomada como fundamental para a
qualidade dos processos de ensino e de
aprendizagem.
Além do modo como os professores reagem
enquanto profissionais, a profissão docente sofre com a constante desestabilização
provocada pelas mudanças na política educacional e pelos desafios econômicos,
sociais e tecnológicos.
Para enfrentar essas mudanças, podemos inserir aqui dois elementos que
segundo António Nóvoa (2012) são decisivos para a profissão docente: o primeiro é o
papel dos professores, que intitula como o regresso dos professores no sentido de
valorização da figura do professor, de tê-lo acima dos recursos e instrumentos
metodológicos, o que significa recuperar o prestígio social da profissão docente; O
segundo desafio está relacionado com a maneira que colocamos os dispositivos de
apoio a aprendizagens aos professores. Acrescenta ainda, a importância de se inserir
para dentro da profissão, novas formas de relacionamento com os professores, alunos
e responsáveis, tornando-as mais fortes e colaborativas.
A sociedade pede
aos professores que
resolvam todos os
problemas das
crianças e dos
jovens, e acredita
que é na escola que
se define um futuro
melhor. A sociedade
pede quase tudo
aos professores e dá-
lhes quase nada. [...]
A profissão de
professor necessita
de ser revalorizada
do ponto de vista
salarial, mas
também no que diz
respeito ao seu
estatuto social e
profissional.
(NÓVOA, 2012, In:
Revista Educação)
A profissão
15 Adicione um título ao seu documento
7 – SER PROFESSOR
São estas atribuições que conforme Day (2001, p.16) constituem o papel profissional do professor.
16 Adicione um título ao seu documento
Diante destas atribuições podemos compreender que o trabalho docente vai
além de um “conjunto de capacidades e conhecimentos que o professor deve aplicar
nas tarefas que constituem seu emprego” (ENGUITA, 1991 apud PIMENTA, 2005, p.
56). É preciso que o professor tome consciência de sua prática, num processo de
ação-reflexão.
Mas, apesar da certeza posta por vários pesquisadores de que, a melhoria da
qualidade da educação tem relação direta com a ação docente e, portanto, com seu
desenvolvimento profissional, este por vezes negligenciado pelas autoridades e,
muitas vezes também pelos professores, dado a intensificação do seu trabalho, seja
pelas demandas impostas às escolas, seja pela complexidade da profissão ou pelo
modelo atual de sociedade. Isso tudo, somado aos modelos de avaliação interna e
externa, tem contribuído para a diminuição da capacidade e da motivação do
professor para agir e adquirir qualificação adequada.
Tanto a complexidade da profissão, como os desafios tecnológicos,
econômicos e sociais que as escolas assumem, constituem conjunturas que recaem
sobre o sistema educativo exigindo transformação no modelo tradicional de ensino e
de perfil profissional. Essa transformação exige um programa de desenvolvimento
profissional eficaz, que leve em conta elementos essenciais como a história de vida e
de carreira, as condições sociais, o apoio da instituição e, ainda, a disposição do
professor e suas capacidades intelectuais (DAY, 2001).
Frente a estas mudanças, algumas contradições se fazem presentes no campo
da educação e elevam o desgaste mental e emocional, quando não físico, dos
professores. As várias mudanças no campo social, percebidas no declínio da
sensibilidade e dos sentimentos, na mudança e construção de valores e ainda no
“esvaziamento do papel formador da família, dos grupos etários e, sobretudo, na
atualidade, dos meios de comunicação” embaça as ações educacionais (ALMEIDA
JR, 2009, p. 4). Tais contradições são elencadas por Day (2001) conforme segue:
De fato, de tempos em tempos, sobretudo diante de ciclos históricos,
-como a atual transição de séculos e de milênios, a sociedade busca redefinir os
pressupostos, os objetivos, os conteúdos e as metodologias da educação. (ALMEIDA JR,
2012, p.3)
17 Adicione um título ao seu documento
Além destas contradições, o processo de mudança implica que os professores
tenham responsabilidades e capacidade de resposta, sejam capazes de ultrapassar a
mera transmissão de conhecimentos, experiências e destrezas, para assim assumir
uma nova postura em sala de aula, que lhes traga equilíbrio emocional e reduza seu
nível de stress. Nesta perspectiva Day (2001) destaca algumas qualidades que devem
ter os professores. Estes devem ser:
Bem informados, mas respeitadores daqueles que são ignorantes...
Amáveis e atenciosos, mas exigentes e severos se a situação assim o exigir...
Inteiramente livres de preconceitos e absolutamente justos na forma de lidar
com os outros...
Atentos às necessidades individuais dos alunos, sem negligenciar a turma
como um todo...
Capazes de manter a disciplina e a ordem, embora permitindo a
espontaneidade e a fantasia...
Otimistas e entusiastas, mesmo acalentando dúvidas e apreensões
pessoais...
Capazes de lidar com o imprevisto e, às vezes, mesmo com alunos difíceis e
mal-educados, sem perder a compostura e o controle...
Capazes de sorrir e de perceberem estar bem-dispostos nos dias em que
não se sentem bem e prefeririam estar noutro lugar qualquer...
(JACKSON et al apud DAY, 2001, p. 39)
18 Adicione um título ao seu documento
Atividade - 4_”Ofício de professor em GV e GO”_____________ ___
What - o que
(atividade)
Ofício de professor em grupos de verbalização e observação (GV-
GO)
Why - por
que
(justificativa)
Refletir sobre a profissão e o papel da escola.
Where –
onde
(local)
Sala multimídia – exposição dos temas e GV x GO
Salas de aula – vídeo
When-
quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h30min
(30min – exposição do tema; 50min para assistir vídeo e organizar
anotações; 50 min para GV x GO; 20min para fechamento)
Who - por
quem
Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How – como
(método)
Reunir os professores e fazer exposição do tema.
Formar três grupos organizando-os em sala separada,
disponibilizando para cada grupo uma parte da palestra “Ofício
de Professor” de António Nóvoa e questões norteadoras para
discussão – solicitar que cada grupo escolha em coordenador e
um redator. Caberá o coordenador organizar a verbalização de
conteúdos (GV) e ao redator registrar as observações (GO).
Após assistir o vídeo reunir novamente os professores, porém
agora formando um círculo onde centro ficará o grupo que vai
verbalizar o conteúdo e no exterior o grupo que via observar
para posterior questionamento/esclarecimento.
Fechamento: solicitar aos professores que comente sobre os
conteúdos e sobre a experiência proporcionada pela atividade.
Estratégia de ação: GV x GO (técnica aplicada para construção
do conhecimento)
How much
(quanto)
(recursos)
Material para anotações
Vídeo 1 -23:38 - http://www.youtube.com/watch?v=txleZKamajE
Vídeo 2-30:47- http://www.youtube.com/watch?v=fh_bMGwY4lg
tp://www.youtube.
Vídeo 3- 26:28 - http://www.youtube.com/watch?v=r47dGUdrTfA
Questões norteadoras: Equipe vídeo 1 - Tema: Formação e profissão – O que Nóvoa quer dizer
com “passar a formação de professores para dentro da profissão”?
Equipe vídeo 2 – Temas: Partilha e cooperação e a escola como lugar
de aprendizagens e de futuro – O que dificulta a partilha e a
cooperação e o que caracteriza a dispersão do trabalho
pedagógico?
Equipe vídeo 3 – Temas: Aprendizagens sugestão de leitura.
Que tipos de conhecimentos podem servir de suporte ao trabalho
docente e o que significa “dar à escola o que é da escola”?
19 Adicione um título ao seu documento
UNIDADE II
Desenvolvimento
Profissional Docente
“É na mobilização...articulada de saberes que os
professores encontram referencial para desenvolverem
a capacidade de investigar a própria atividade e, a
partir dela, constituírem e transformarem os seus
saberes-fazeres docentes, num processo contínuo de
construção de suas identidades como professores”
Selma Garrido Pimenta
20 Adicione um título ao seu documento
No decorrer de sua carreira o professor atravessa diferentes fases de
desenvolvimento e que acontece sob momentos de turbulência, alterações e
incertezas que caracterizam a educação. Além disso, os processos de formação de
docentes não acompanharam as consideráveis mudanças sociais e, em muitos casos,
segundo Vaillant & Marcelo (2012, p. 16), “os esforços realizados não serviram para
garantir um desenvolvimento profissional docente sustentável”, atribuindo esta
situação as reformas que não levaram suficientemente em conta a figura do professor
na perspectiva de seu desenvolvimento profissional e pessoal.
Essa perspectiva centrada na figura do professor é colocada por Day (2001)
como mais importante que a centrada na instrução, pois reconhece a história de vida
e de carreira do aprendente, sua disposição e capacidades intelectuais, as condições
sociais e o apoio institucional como fatores que contribuem para a qualidade da
aprendizagem profissional.
A tabela abaixo ilustra de que forma estes fatores se encontram interligados:
21 Adicione um título ao seu documento
Considerar as histórias de vida dos professores, suas necessidades de
aprendizagem e de desenvolvimento profissional e as condições de trabalho, assim
como, dos alunos que estes ensinam, ainda parecem ser um desafio no processo de
profissionalização dos professores. Pesquisas nesta área revelam que as ofertas de
formação, no geral, não têm atendido as necessidades intelectuais e de motivação
dos professores e tão pouco levam em consideração os componentes emocionais,
representados pelos selves substantivos e profissionais.
Day (2001, p.86-87) apresenta dois estudos que identificam tais selves,
propiciando mais clareza sobre o que eles representam na carreira e na motivação do
professor, são eles:
Selves substantivos
(Kelchtermans,
1993 – Bélgica)
Selves profissionais
(Nelson,
1993 – América)
Autoimagem,
autoestima, motivação
profissional, realização
profissional, percepção
de tarefas e
perspectivas futuras
A vontade de ir para além do
cumprimento do dever, a
comunicação eficaz, o sentir-se
realizado no ensino, os
relacionamentos com os colegas, a
satisfação com sucessos específicos
dos alunos, as perspectivas dos
alunos e a aprendizagem através da
reflexão sobre a prática.
Além destes componentes dos “eus” que constituem aspectos fundamentais da
vida do professor e que precisam ser considerados no desenvolvimento profissional
do professor, também as disposições psicológicas e sociais que podem avigorar ou
atenuar a sua aprendizagem devem ser consideradas (DAY, 2001).
22 Adicione um título ao seu documento
Estudos sobre a carreira docente revelam que à medida que os anos de
trabalho avançam, a curva de aprendizagem torna-se cada vez mais plana, ou seja,
no início da carreira os professores demonstram maior interesse em aprender e, na
medida que a atividade de docência vai se tornando repetitiva e mecanizada, os
professores tendem a se tornarem resistentes às aprendizagens, em consequência
do esgotamento e da acomodação na carreira. Tal apontamento pode ser reforçado
pelas observações de Farber (apud DAY, 2001) no que diz
as dificuldades inevitáveis do ensino interagem com assuntos pessoais e com a sua vulnerabilidade, bem como com a pressão social e outros valores, resultando num sentimento de frustração e conduzindo a uma reavaliação das possibilidades da profissão e do investimento que nela se tenciona fazer. (FARBER, 1991:36 apud DAY, 2001, p.86).
Portanto, ao se pensar num projeto de desenvolvimento faz-se necessário a
compreensão destes aspectos. Uma análise sobre o saber-fazer e as experiências
dos professores, sobre o conhecimento, a competência e a capacidade profissional e
ainda sobre as fases de desenvolvimento dos professores pode ser extremamente
significativa na elaboração de uma proposta de formação continuada.
O reconhecimento por vários estudiosos de que o professor aprende pela
experiência é legítimo, porém o que se questiona é o que se entende por experiência.
O catedrático António Nóvoa, assegura que não basta ter vários anos de profissão
para se ter experiência. É preciso que o professor seja reflexivo em sua prática.
Outros dados levantados por Michael Huberman (1995) e inseridos na obra de
Day (2001, p. 101) sobre a carreira dos professores e dos fatores internos e externos
que mais a influenciam, indicam que os professores atravessam cinco fases:
Entrada na carreira: sobrevivência e descoberta
Estabilização: integração
Experimentação/Diversificação: questionamentos
Serenidade: conservadorismo
Desinvestimento: sereno ou amargo
Na tabela a seguir podemos conhecer algumas das características de cada
fase.
23 Adicione um título ao seu documento
FASES CARACTERÍSTICAS
Entrada na carreira
(Início fáceis e difíceis: lua-
de-mel, crise, de fracasso
ou de ir andando - período
de 1 a 3 anos)
O início da carreira pode ser fácil ou difícil
dependendo da capacidade o professor de lidar
com a organização, com a gestão de sala de aula,
com o conhecimento pedagógico e do currículo,
bem como as extensões da cultura de sala de aula
e da sala dos professores.
Estabilização:
(Consolidação,
emancipação, integração
em grupos e pares - período
entre 4 a 6 anos)
Nesta fase o professor passa a ser aceito como
colega experiente e sente-se mais seguro do seu
conhecimento da prática docente e do conteúdo.
É uma fase de maturidade acompanhada de
extensão de repertórios de ensino e de um
desenvolvimento educacional
Experimentação/
diversificação
(Novas preocupações
(experimentação,
responsabilidade,
preocupação, período
entre 7 a 18 anos)
Fase intermediária entre a estabilização e a
plataforma de conhecimento. Nesta fase o apoio a
um novo estímulo, a novas ideias é fundamental
para que os professores assumam novos desafios,
compromissos de maior âmbito e projetos mais
significativos.
Serenidade
(Sentido de mortalidade,
deixar de se esforçar por
obter uma promoção,
apreciar o ensino ou
estagnar, período entre 19
a 30 anos)
Esta fase contempla trajetórias diversas, inclui a
progressão da carreira, a cultura da escola e o
modo como os professores reagem aos de colegas
e alunos, que por um lado proporciona segurança,
por outro pode causar sua acomodação. Também
pode ser um momento de buscar novos desafios,
seja assumindo novas responsabilidades na mesma
escola ou buscando-as fora dela.
Desinvestimento
(Fase final e de maior saber-
fazer (maior preocupação
com a aprendizagem dos
alunos e procura acrescida
de interesses externos,
desencanto, contradição
da atividade profissional e
do interesse. Período entre
31 a 40 anos)
São os últimos 10-15 anos da carreira, que tende a
ser a fase de maior saber-fazer no ensino, bem
como uma preocupação maior com a saúde e à
família. É uma fase que pressupõe maior
conservadorismo, descrença com os benefícios da
mudanças e queixas mais frequentes sobre o
comportamento, empenho e valores dos alunos.
Seus níveis de entusiasmo, empenho emocional e
intelectual pode não mais acompanhar o ato
didático.
Resumo p. 102-108 da obra de Christopher Day “Desenvolvimento Profissional de
Professores: os desafios da aprendizagem permanente” – 2001.
Contudo, considerando a complexidade e a dinâmica da vida em sala de aula,
Osher (1993) coloca a experiência como algo adquirido de modo não coerente, de
caráter hesitante e com excesso de significado. Já Elliot (1993) toma a experiência
como um processo de interação que leva em consideração a elaboração e rebates
24 Adicione um título ao seu documento
aos contextos pessoais, profissionais, organizacionais e políticos em movimentos
(DAY, 2001, p. 90).
Outros pesquisadores citados por Day (2001, p.106), como Fessler e
Christensen (1992) propuseram um modelo de trabalho baseado na análise sobre os
estágios da carreira, que podem contribuir para o planejamento do desenvolvimento
profissional dos professores.
Nesse modelo apresentam três categorias de influências:
Dinâmicas do ciclo de carreira do professor (FESSLER e CRISTENSEN, 1992:36 apud DAY,
2001, p.106)
Estas influências fomentam um fluxo e refluxo na medida em que o professor
entra e sai de diferentes estágios e, portanto, necessita de apoio personalizado em
todos os diversos momentos de sua carreira.
Além do saber-fazer e das fases da carreira, novas pesquisas revelam a
existência de outros elementos que devem ser considerados quando se trata do
desenvolvimento profissional docente. Entre eles, o estádio cognitivo-
desenvolvimentais e as condições de trabalho. Sobre o estádio cognitivo-
desenvolvimentais Day (2001) cita o trabalho de Oja e seus colegas (1989) no qual
reconhecem a importância de se atender às necessidades de desenvolvimento
intelectual e emocional dos professores, enquanto nas condições de trabalho, às
necessidades relacionadas salas de aula, a cultura e a liderança da escola.
Meio pessoal – família, incidentes críticos positivos, crises, disposições individuais, orientação vocacional e
estádios da vida.
Meio organizacional – regras, estilo de gestão, confiança pública, expectativas sociais, organizações profissionais,
sindicatos.
Ciclo de carreira – indução, desenvolvimento de competência, entusiasmo e crescimento, frustação, estabilidade,
desinvestimento, saída da carreira.
25 Adicione um título ao seu documento
Atividade 1 – “Selves da carreira em lista de discussão” _____________
What - o que
(atividade)
Selves da carreira de José Pacheco
Why - por que
(justificativa)
Oferecer exemplo de partilha e reflexão sobre a experiência na
carreira docente.
Where – onde
(local)
Sala multimídia – exposição dos temas
Salas de aula – vídeo
When- quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h30min
(30min – exposição do tema; 20min para assistir vídeo; 30min
para discussão a respeito das reflexões trazidas por José
Pacheco; 20min para fechamento)
Who - por
quem
Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How - como
(método)
Reunir professores em um grande grupo e fazer exposição do
tema;
Assistir vídeo de José Pacheco (organização e estrutura da
Escola da Ponte)
Abrir diálogo sobre as ponderações feitas por Pacheco;
Fechar com reflexões sobre as possibilidades de inserir práticas
de troca de experiências entre os professores.
Estratégias de ação: adaptação da “Lista de Discussão” –
possibilita o debate democrático sobre um tema e a
elaboração de sínteses, em um ou mais grupos, dentro de um
tempo limite.
How much
(quanto)
(recursos)
Vídeo 1 – Experiências inovadoras na educação: José Pacheco.
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=reOEnY8jkjo
Pontos de reflexões:
- Trabalho em equipe;
- Relações humanas;
- Dispositivos de aprendizagens;
- Valores comuns;
- Postura ativa;
- Valorização das pessoas e seus saberes;
- “o professor transmite o que é, não o que ensina”
- Uso de metodologia da pesquisa;
- identificação necessidades e problemas.
26 Adicione um título ao seu documento
Ao longo dos tempos, vários foram os conceitos utilizados para referir-se aos
processos de formação que os docentes desenvolvem durante sua carreira: formação
permanente, formação continuada, formação em serviço, desenvolvimento de
recursos humanos, aprendizagem ao longo da vida, reciclagem ou capacitação. No
entanto, como outros autores, Marcelo & Vaillant (2012) consideram a expressão
desenvolvimento profissional docente ser a que melhor se adapta a concepção do
docente como profissional de ensino. Entendem que o conceito de desenvolvimento
“tem uma conotação de evolução e continuidade que supera a tradicional justaposição
entre formação inicial e aperfeiçoamento dos docentes” (Idem, p. 167).
O desenvolvimento profissional docente
também é entendido como “a capacidade de um
docente para manter a curiosidade sobre a sala
de aula; identificar interesses significativos no
processo de ensino e aprendizagem; valorizar e
buscar o diálogo com colegas experientes,
como apoio na análise de dados”. (RUDDUCK
apud MARCELO & VAILLANT, 2012, p.167), o
que representa uma atitude constante do
professor de análise, questionamento, troca e
reflexão.
Enquanto Marcelo & Vaillant (2012),
tomam o desenvolvimento profissional como
uma ferramenta indispensável para a melhoria
escolar, uma vez que não se aceita mais a ideia
de que a formação inicial somada a experiência
seja suficiente para o exercício da atividade
docente. Heidman e Flullan (1990 apud
MARCELO & VAILLANT, 2012, p.168)
acrescentam que o desenvolvimento
profissional docente pode ser concebido dentro
O desenvolvimento
profissional docente inclui
todas as experiências de
aprendizagens naturais e
aquelas planejadas e
conscientes, que tentam
direta ou indiretamente
beneficiar os indivíduos ou
grupos e que contribuem
para a melhoria da
qualidade da educação nas
aulas. É o processo mediante
o qual professores, sozinhos
ou com outros, revisam,
renovam e desenvolvem seu
compromisso como agentes
de mudança, com propósitos
morais de ensino e mediante
os quais adquirem e
desenvolvem habilidades de
inteligência emocional,
essenciais para o bom
pensamento profissional,
para o planejamento e a
prática com crianças, jovens
e seus companheiros, ao
longo de cada uma das
etapas de sua vida como
docentes.
(DAY, 1999, p.4 apud
MARCELO 2012, p.168)
27 Adicione um título ao seu documento
de um processo individual ou coletivo, que permeia experiências diversas
contextualizadas na escola e inclui qualquer ação que tenha por objetivo melhorar
destrezas, atitudes, compreensão ou atuação.
E, considerando as crescentes mudanças sociais, (idem 2012, p.167) concluem
que “o desenvolvimento profissional, longe de ser uma questão voluntária e casual,
transformou-se em uma necessidade de qualquer profissional, incluindo os docentes”.
Nesta perspectiva, Ávalos (2000 apud MARCELO & VAILLANT, 2012) observa uma
revitalização do conceito de “profissional docente” no que descreve
A ênfase hoje em dia é colocada não só na defesa da docência como profissão,
mas também na função de construção da profissão por parte do próprio docente,
realizada através do conhecimento que lhe traz sua experiência e das oportunidades
de ampliar sua visão às que tem acesso. Mas não somente isso. Junto ao poder
epistemológico dado pelo fortalecimento de seu conhecimento, ser profissional
significa poder decidir e influir na mudança educacional, quer dizer, contar com
poder político... O desenvolvimento profissional envolve, então, a oportunidade para
fortalecer as condições que permeiam o exercício de poder profissional: o que se
denomina em inglês de empowerment. (ÁVALOS, 2000 apud MARCELO & VAILLANT,
2012, p.170)
Porém, ao mesmo tempo em que se destaca a importância do desenvolvimento
profissional tanto para o docente como para o alcance da qualidade nos processos de
ensino e de aprendizagem, ressalta-se que críticas são dissipadas aos modelos de
formação continuada elaborada dentro das práticas tradicionais. Para Díaz-Maggioli
(2004 apud MARCELO & VAILLANT, 2012), por exemplo, elas se baseiam na ideia
de que os docentes necessitam ser “recuperados”, pois se os alunos não aprendem é
porque os professores não sabem ensinar. Além disso, os próprios professores
questionam tais programas de formação, muitas vezes esporádicos e superficiais, e
que muitas vezes não se ajustam as necessidades que surgem em distintas etapas
da vida profissional e aos diferentes tipos de experiências por qual passam os
professores, embora como pondera Marcelo & Vaillant (2012) seja uma situação que
vem paulatinamente mudando.
Hawley & Valli (1998 apud MARCELO & VAILLANT, 2012), após pesquisas
sobre o desenvolvimento profissional, sistematizaram nove princípios que podem
orientar as práticas de desenvolvimento profissional, os quais são apresentados
resumidamente:
28 Adicione um título ao seu documento
1- O conteúdo do desenvolvimento profissional determina sua eficácia -
centrar os estudos nos conteúdos que os alunos aprenderão e em estratégias
didáticas eficazes;
2- O eixo articulador é a análise da aprendizagem dos estudantes – centrar os
estudos na análise sobre o que os docentes necessitam saber para encurtar a
distância entre o aprendizado e o aprendizado desejado;
3- Os docentes devem identificar o que necessitam aprender – os estudos
devem centrar na resolução de problemas que surgem na prática docente, sem
deixar de buscar outros conhecimentos;
4- A escola é o telão de fundo – os estudos devem tomar a escola e o trabalho
diário de ensino, pois os professores aprendem com seu trabalho, desde que este
seja planejado e avaliado;
5- A resolução colaborativa de problemas é um pilar – estudos devem promover
atividades que permitam aos docentes trabalharem juntos para identificar
problemas e depois solucioná-los;
6- O desenvolvimento profissional deveria ser contínuo e evolutivo – os estudos
devem ser formatados considerando o tempo de aplicação das novas ideias,
sendo necessário o acompanhamento e apoio para a melhoria contínua;
7- É preciso garantir a incorporação de múltiplas fontes de informação – os
estudos devem incluir as informações sobre o processo de aprendizagem,
resultados das aprendizagens e a autoavaliação;
8- É necessário levar em consideração as crenças – os estudos devem
contemplar as crenças, pois estas orientam a conduta, bem como as experiências
e hábitos dos docentes;
9- O desenvolvimento profissional integra um processo de mudança – os
estudos devem promover um processo de mudança que contempla não só a
capacidade do docente com vistas a melhoria das aprendizagens, mas também
de tempo e oportunidades de praticar novos métodos, apoio técnico e
acompanhamento sustentável, bem como salário adequado.
29 Adicione um título ao seu documento
Atividade – 2 “Insatisfação positiva e humildade em Phillips 66” .
What – o que
(atividade) Insatisfação positiva e humildade.
Why - por que
(justificativa)
Elucidar a necessidade de transformar-se mediante o
desenvolvimento profissional e pessoal.
Where – onde
(local)
Sala multimídia – exposição dos temas
Salas de aula - Estratégia Philips 66
When- quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h30min
(30min – exposição do tema; 20min para assistir vídeo; 10min
para estratégia Philips 66; 30 minutos para apresentação dos
grupos; 10 min para fechamento.
Who - por
quem Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How - como
(método)
Reunir professores em um grande grupo e fazer exposição do
tema;
Assistir vídeo 1 - Mario Sérgio Cortella – Qual a postura de um
professor ideal? Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI>
Utilizar a estratégia de ensino Philips 66 – dividindo os professores
em 6 grupos, que durante 6 min deverão discutir sobre um dos
assuntos abordado no vídeo e em seguida preparar a melhor
forma de socializar sua síntese aos demais grupos.
Fechamento: Envolver os aspectos abordados nas sínteses dos
grupos com o desenvolvimento profissional e apresentar as
dicas de Cortella (vídeo 2 – Ser um bom professor. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI)
Estratégia de ação: Fillips 66 (atividade grupal de análise e
discussão, indicada para obtenção rápida de informação sobre
interesses, problema, sugestões etc.)
How much
(quanto)
(recursos)
Vídeo 1 (28min) – Mario Sérgio Cortella – Qual a postura de um
professor ideal? Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI
Vídeo 2 (2min) - Ser um bom professor. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=dz4lMxhVTEI
30 Adicione um título ao seu documento
4 - A ESCOLA, O ENSINO, E O QUE QUEREMOS
“Se queremos que, de facto, todos os alunos aprendam da forma que
sugerem os novos padrões e que a complexa sociedade de hoje exige,
teremos de proporcionar um ensino que ultrapasse a transmissão de
informações, a realização de testes e a atribuição de notas. Teremos de
encontrar formas de ensinar que vão ao encontro das diversas perspectivas
dos alunos face à aprendizagem, formas essas que se devem estruturar de
modo a tirar proveito dos pontos de partida singulares de cada aluno, servindo
de base a esforços conducentes a desempenhos mais proficientes. Também
precisamos de entender aquilo que as escolas devem fazer para se
organizarem no sentido de apoiar esse tipo de ensino e de aprendizagem... as
escolas do século XXI têm de passar de um padrão selectivo - ´caracterizado
pela variação mínima das condições escolares de aprendizagem` em que
´apenas estão disponíveis uma pequena variedade de opções instrutivas e
um número limitado de formas de ter êxito na aprendizagem` - para um
padrão adaptativo, em que ´o ambiente educacional passa proporcionar
uma ampla variedade de oportunidades para o sucesso escolar”.
(DAY, 2001, p. 115-116)
...dominar, além do conteúdo que ensina, os conhecimentos didáticos e
metodológicos, os conhecimentos mais amplos sobre o processo educativo e
o papel da escola no mundo de hoje, [...] entender as relações entre o
processo educativo, a escola e a cultura. [...] Pensar em como se deve
responder à situação de desigualdade e à diversidade cultural que
encontramos em nossa sociedade. [...] Compreender como se processa a
aprendizagem principalmente no caso do concreto, real, com que lida todo
dia e que difere do modelo que gostaria de encontrar em sala de aula. [...]
Compreender como as novas tecnologias podem constituir um importante
instrumento para democratizar o acesso aos conhecimentos e às distintas
manifestações culturais e como, em muitos casos, essas novas tecnologias são
apresentadas como uma varinha de condão capaz de resolver todos os
problemas que o professor e a professora enfrentam em suas práticas. [...]
Refletir sobre que valores têm sido difundidos pela escola e que valores
precisam ser difundidos. [...] Refletir sobre as identidades sociais que a escola
tem ajudado a construir e que poderiam ser pensadas
(GARCIA & MOREIRA, 2008 p. 07-11 apud TEIXEIRA & YENG).
31 Adicione um título ao seu documento
As citações apresentadas na abertura deste capítulo partilham de uma intenção
de melhoramento dos níveis da educação que abrange escola, aluno, ensino,
aprendizagem e sociedade com fortes implicações sobre o “saber-fazer profissional
por parte dos professores e uma liderança mais dinâmica, complexa e interventiva por
parte dos diretores das escolas e de outros agentes educativos, no sentido de
assegurar o desenvolvimento contínuo da escola” (DAY, 2001, p.116). Nesse sentido
a ação desenvolvida pelos envolvidos com o processo educativo pode resultar em
níveis diferentes, que tanto pode limitar-se aos padrões ou promover mudanças
significativas.
Na educação, o trabalho docente é tomado como ponto crucial na melhoria da
qualidade da escola pública. E “pensar em qualidade de ensino é pensar também em
qualificação docente, questão problemática da escola pública, e esta extrapola as
questões pedagógicas” (PIMENTA, 2005, p.58). Também em Day (2001) podemos
vincular os investimentos na educação com investimentos no desenvolvimento
profissional contínuo dos professores, pois estes
têm de encarrar os seus currículos individuais de aprendizagem como meio de criar e recriar a compreensão, as destrezas de pensamento crítico, a inteligência emocional, as destrezas da sua arte e a flexibilidade intelectual que lhes são exigidos à medida que preparam os alunos para mundos incertos nos quais nem o processo de aprendizagem corporativo nem individual é opcional (DAY, 2001, p.319).
Qualificar o trabalho docente pode ser ainda, um caminho para buscar
motivação e recuperar o moral, a autoconfiança e autoeficácia dos professores, que
se apresentam reduzidas diante das mudanças nas condições, na intensificação e no
aumento do volume de trabalho – dentro e fora da escola.
OLHARES SOBRE A ESCOLA - (DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE P.32)
32 Adicione um título ao seu documento
Atividade - 3 “Olhares sobre a escola em demonstração intelectual”
What - o que
(atividade)
Olhares sobre a escola
Why - por que
(justificativa)
Alargar os conhecimentos de escola, sua função e seus
contextos
Where – onde
(local)
Sala multimídia – exposição dos temas
Salas de aula - vídeos e estudo do meio
When- quando
(tempo)
Tempo previsto de 2h30min
(15min – exposição do tema; 1h min para assistir vídeo;
30 minutos para exposição dialogada; 20 min para
fechamento)
Who - por quem Professor responsável (PDE)
Professores participantes
How – como
(método)
Reunir professores em um grande grupo e fazer exposição do
tema;
Fazer introdução sobre a atividade e entregar fichas de
registro solicitando aos professores que façam anotações
sobre os elementos mais significativos para posterior discussão;
Assistir seleção de conteúdos apresentados na série
audiovisual “Ser ou não ser” onde Viviane Mosé fala sobre
educação, escola e os modelos inovadores.
Estratégia de ação: demonstração intelectual – tipo de
demonstração incluída no método de demonstração que
consiste mostrar como funciona, o que acontece, como deve
ser feito. No caso da demonstração intelectual apresenta-se
argumentos lógicos e fatos que levem o aprendente à
compreensão.
Fechamento: compilar os apontamentos sobre os elementos
mais significativo de cada modelo de escola, de modo a dar
um direcionamento sobre o modelo de escola e de práticas
possíveis de serem aplicadas no Colégio H. A. Castelo Branco.
How much
(quanto) Resource
(recursos)
Fichas de registro, canetas.
Vídeo 1 - http://www.youtube.com/watch?v=eJZ7OBZsbcc
Vídeo 2 - http://www.youtube.com/watch?v=9Wa_HQvoAi0
Vídeo 3 - http://www.youtube.com/watch?v=1qwI6qiC7gE
Vídeo 4 - http://www.youtube.com/watch?v=xeY30CPDx9I
Vídeo 5 - http://www.youtube.com/watch?v=VGGsgcRcVsY
Vídeo 6 - http://www.youtube.com/watch?v=_wX4XR9gkRw
Vídeo 7 - http://www.youtube.com/watch?v=Dz-2afG3bGM
33 Adicione um título ao seu documento
UNIDADE III
EM BUSCA DE UMA PROPOSTA
DE DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL
“As competências de que necessitamos
enquanto profissionais têm de incluir a
competência de atravessar fronteiras, culturas e
dialetos...”
Walker, 1996
34 Adicione um título ao seu documento
Transformar as escolas com suas práticas e culturas tradicionais e burocráticas que acentuam a exclusão social, em escolas que eduquem as crianças e jovens superando os efeitos perversos das retenções e evasões, propiciando-lhes um desenvolvimento cultural, científico e tecnológico que lhes assegure condições para fazerem frente às exigências do mundo contemporâneo, não é tarefa simples, nem para poucos. Requer esforço do coletivo de profissionais da educação, de alunos, de pais e de governantes (PIMENTA,2005, p.7).
A presente citação deixa explícita a situação preponderante nas escolas
públicas e ao mesmo tempo credita sua transformação no esforço coletivo. Porém
como são os professores os profissionais considerados essenciais na construção
dessa escola que educa, na medida em que contribuem com seus saberes, seus
valores e suas competências, precisam estar “dotados de perspectivas de análise que
os ajudem a compreender os contextos históricos/sociais/culturais/ organizacionais
nos quais se dá a atividade docente” (PIMENTA, 2005, p. 7).
No entanto, tornar esses profissionais em professores reflexivos, capazes de
investigarem suas próprias práticas e ascende-las ao nível das teorias para então
construírem e transformarem os seus saberes-fazeres, depende de uma mobilização
em prol da valorização e do desenvolvimento profissional ao longo da carreira.
E é pensando neste desenvolvimento profissional e nos saberes que um
professor precisa ter para atender as demandas da educação no século XXI, que
buscamos nos apontamentos de Almeida Jr (2000), Day (2001), Pimenta (2005),
Vaillant & Marcelo (2012) e de Veiga (1998; 2012) componentes norteadores que
possibilitem projetar pesquisas nesta direção.
35 Adicione um título ao seu documento
O conhecimento do conteúdo, a matéria que se ensina, é o saber primário que
o docente deve ter, pois “conhecer algo nos permite ensiná-lo; e conhecer um
conteúdo com profundidade significa estar mentalmente organizado e bem preparado
para ensiná-lo de forma geral” (BUCHAMANN apud MARCELO & VAILLANT, 2012,
p.72). Neste sentido, o professor deve tomar ciência em primeiro lugar, dos
conhecimentos mais representativos do conteúdo a ensinar – conhecimentos
substantivo e sintático, e em segundo, conhecimento psicopedagógico.
Marcelo & Vaillant (2012) certificam que o conhecimento que os professores
trazem sobre o conteúdo de sua especialidade incide sobre o que ensinam e no como
ensinam. Alertam que o conhecimento da matéria não é condição suficiente de
qualidade, e destacam ainda que, se o docente não possuir conhecimentos
adequados da estrutura da disciplina que está ensinando, poderá apresentar
erroneamente o conteúdo a seus alunos. Nesta linha Pimenta (2005) defende que, de
modo geral, os professores têm clareza de que sem o conhecimento da matéria de
ensino dificilmente ensinarão bem. No entanto, acrescenta
36 Adicione um título ao seu documento
poucos já se perguntaram qual o significado de tais conhecimentos para si
próprios; qual o significado desses conhecimentos na sociedade contemporânea;
qual a diferença entre conhecimentos e informações; até que ponto o
conhecimento é poder; qual o papel do conhecimento no mundo do trabalho;
qual a relação entre a ciência e produção material; entre ciência e produção
existencial; entre ciência e sociedade informática; como se colocam aí os
conhecimentos históricos, matemáticos, biológicos, das artes cênicas, plásticas,
musicais, das ciências sociais e geográficas, da educação física. Qual a relação
entre esses conhecimentos? Para que ensiná-los e que significados têm na vida
das crianças e dos jovens (alunos dos quais serão professores)? Como as escolas
trabalham o conhecimento? Que resultados conseguem? Que condições existem
nas escolas para o trabalho com o conhecimento na sociedade atual? Como o
trabalho das escolas com o conhecimento produz o fracasso escolar?
(PIMENTA, 2005, p.21)
Em Veiga (2012, p. 56) encontramos argumentos para levar o professor, ao
definir o que ensinar, fazer distinção entre o conhecimento educativo e o
conhecimento cotidiano da comunidade a fim de “estabelecer referenciais didáticos
no processo pedagógico entre docentes
e discentes [...] pois a escola não pode
ser reprodutora do senso comum, pois
se assim o faz “passa a não ter sentido
na estrutura social”. Isso significa elevar
o conhecimento comum ao
conhecimento especializado e
legitimado nos referenciais teóricos.
Em Day (2001, p. 24-25)
encontramos ênfase na necessidade do
conhecimento “ser atualizado, e a
organização do ensino, os métodos e as
destrezas reanalisados”, pois o ensino
exige professores que estudem sua
prática e “a forma como aplicam princípios de diferenciação, coerência, progressão,
continuidade e equilíbrio, não só no que e no como ensinar, mas também no porquê”.
O conhecimento educativo é
um conhecimento fora do
sentido comum. É um
conhecimento liberado do
particular, do local, por meio
das diversas linguagens das
ciências ou formas de reflexão
das letras, o que torna possível
a criação e o desenvolvimento
de novas realidades. Isto
estabelece imediatamente a
questão da relação que há
entre conhecimento da escola
que não é sentido comum e
conhecimento comum, o
conhecimento cotidiano, do
aluno, sua família e seu grupo
de iguais. (BERNSTEIN apud
VEIGA, 2012, p.56)
37 Adicione um título ao seu documento
É comum encontrarmos na fala de alunos frases que imprimem o arquétipo de
professor que sabe a matéria, mas não sabe ensinar. Essa percepção revela a
deficiência na aquisição de saberes didáticos e pedagógicos que o docente precisa
ter para ganhar competência no ensinar. Segundo Pimenta (2005, p.24) estes saberes
precisam ser construídos a partir das necessidades pedagógicas, uma vez que
“compete a didática contemporânea proceder a leitura crítica da prática social de
ensinar, partindo da realidade existente”. Neste sentido ressalta
a importância de um balanço crítico tanto das novas colaborações da psicologia e da sociologia educacionais, como das iniciativas institucionais que têm procurado fazer frente ao fracasso escolar, apoiadas na renovação de métodos e de sistemáticas de organização e funcionamento das escolas..] (PIMENTA, 2005, p.25).
É comum também encontrarmos nas escolas o que Yinger (1979 apud DAY
2001, p. 49) denominou de “rotinas”, ou seja, “padrões de trabalho rotineiros; reações
intuitivas rápidas, face às situações e acontecimentos de sala de aula; assunção de
ideias tidas como certas que enformam as práticas e discursos...”. São hábitos que
“limitam o pensamento dos professores e a sua predisposição para o
desenvolvimento”, os quais podem ser constatados pelas teorias de ação, pois
permitem distinguir componentes do comportamento humano: as teorias perfiladas (o
que a pessoa diz sobre o que faz) e as teorias-em-uso (o que a pessoa faz em sala
de aula). Na prática, essas teorias têm demonstrado “evidentes inconsistências e
contradições” sobre o que se faz e o que se diz sobre o que se faz. (DAY, 2001, p.50).
Em oposição a isto o autor sugere tornar explícito as teorias de ação questionando-as
e avaliando-as de modo a ajustar as ações e assim ampliar o conhecimento.
38 Adicione um título ao seu documento
Nesta dialética, a Figura 2 mostra que podemos chamar de entraves do
processo de reflexão sobre as teorias do comportamento:
Figura 2: Dilemas relativos à prática reflexiva a partir do referencial de Day (2001, p.51-53). Elaboração própria.
Sobre essas questões Day (2001) acrescenta a necessidade de apoio
intelectual e afetivo para que os professores possam, individual ou coletivamente, se
envolver em reflexões sobre o seu próprio pensamento, sobre os valores e sobre os
contextos em que trabalham, para então, se tornarem investigadores e ampliarem o
conhecimento sobre suas práticas, fazendo uso da reflexão na, sobre e acerca da
ação.
Os dilemas relativos as contratições encontradas nas teorias da ação podem ser justificadas pela falta de tempo, de energia, de sistemas de apoio e saber-fazer profissional que possibilite sair do implícito e intuitivo e passar para a reflexão sistemática e explícita.
Questionar nossas teorias de ação gera
sentimentos de angústia e incopetência para o
enfrentamento das demandas que surgem
com a problematização da prática e da
percepção do nosso comportamento apartir
da perspectivas de outros.
PR
OB
LEM
ATI
ZA
ÇÃ
O
JUSTIFIC
ATIV
A
39 Adicione um título ao seu documento
Para elucidar de forma mais pontuada os modelos de reflexão reportemo-nos
a tabela elaborada por Hatton e Smith (1995), apresentada por Day (2001, p.59):
TIPOS DE REFLEXÃO NATUREZA DA REFLEXÃO POSSÍVEL CONTEXTO
Reflexão-na-ação
(Schõn, 1983, 1987)
Visa preocupações de
IMPACTO em relação a
algumas experiências
da profissão.
5. Contextualização de
múltiplos pontos de vista, a
partir de qualquer uma das
possibilidades 1-4, abaixo
descritas, aplicada às
situações tais como elas
ocorrem.
Lidar com problemas
profissionais, no
momento, à medida que
eles surgem (o
pensamento pode ser
evocado e partilhado
com outros mais tarde)
Reflexão-sobre-a-ação
(Schõn, 1983; Smith e
Lovat, 1990; Smith e
Hatton, 1992, 1993)
Visa preocupações de
TAREFA DE IMPACTO
nas últimas fases de um
programa de formação
inicial.
4. Crítica (de reconstrução
social), encarando como
problemáticos os objetivos
e as práticas da própria
profissão, de acordo com
critérios éticos.
3. De diálogo (deliberativo,
cognitivo, narrativo),
avaliar reinvindicações e
pontos de vista diferentes e
depois explorar soluções
alternativas.
2. Descritivas (eficiência
social,
desenvolvimentalista,
personalista), procurando o
que é considerado a
“melhor prática possível”.
Refletir sobre os efeitos
que as próprias ações
podem ter nos outros,
tendo em consideração
forças sociais, políticas
e/ou culturais (que
podem ser partilhadas).
Ouvir-se a si próprio
(sozinho ou
acompanhado),
explorando formas
alternativas de resolver
problemas numa
situação profissional.
Analisar o próprio
desempenho do papel
profissional
(provavelmente sozinho),
justificando as atitudes
tomadas.
Racionalidade técnica
(Schõn, 1983;
Schulmann 1988; van
Manen, 1977)
Visa preocupações
relacionadas CONSIGO
PRÓPRIO e com a
TAREFA no início de um
programa de formação
inicial.
1. Técnica (tomada de
decisão sobre
comportamentos ou
destrezas imediatas), a
partir de uma determinada
base teórica ou de
investigação, mas sempre
interpretada à luz das
inquietações pessoais e
das experiências
anteriores.
Começar a examinar
(geralmente com
colegas) o uso que se faz
das destrezas básicas
para competências
gerais, tais como são
aplicadas em cenários
controlados e em
pequena escala.
Tipos de reflexão relacionados com preocupações docentes (HATTON & SCHIMT, 1995:59)
40 Adicione um título ao seu documento
O refletir na ação, sobre a ação e acerca da ação constitui uma proposta
metodológica que altera a concepção de professores meros aplicadores de valores,
normas, diretrizes e decisões político-curriculares para professores críticos-reflexivos,
investigadores e com autonomia de pensamento (NÓVOA apud PIMENTA 2005). O
resultado dessa prática, construída no cotidiano do trabalho docente, é o que constitui
o saber pedagógico e que possibilita o professor interagir com os seus alunos.
Pimenta (2005) diferencia o saber pedagógico de conhecimento pedagógico
mas sem deixar de relacioná-los. Enquanto o saber pedagógico refere ao saber
construído pelo professor no cotidiano de seu trabalho, o conhecimento pedagógico é
tido como o elaborado por teóricos e técnicos da educação. A diferença reside no
processo de construção do conhecimento, por um lado de forma empírica pelo
professor e por outro, dentro de uma organização intencional, com base em métodos
de investigação e sistematização.
A educação é um processo cultural presente em todas as sociedades, emerge
nas relações humanas “onde todos os indivíduos e grupos sociais funcionam como
agentes educadores”. Com o desenvolvimento das sociedades, as funções de assistir
e modelar o indivíduo passaram às escolas, consideradas agências sociais
especializadas. Nasce então, a educação de base pedagógica, uma educação
planejada e organizada, com estruturas e funcionamento definidos e reguladas por lei
(ALMEIDA JR, 2000).
Apesar da escola assumir o papel de educar, não significa que os indivíduos
deixaram de aprender fora dela. Ao contrário, com os avanços tecnológicos, a
ampliação das redes sociais e do papel da mídia, a disseminação de valores, hábitos,
costumes e conhecimentos, os processos educativos foram alargados. Diante deste
fato a questão que levanta é se este papel é educacional ou educativo. Almeida Jr.
(2000) difere os termos da seguinte forma: educacional é gênero, educativo é espécie.
E, portanto, entende que as agências “serão educativas apenas se contribuírem para
41 Adicione um título ao seu documento
a formação da pessoa [...] em conformidade com os valores universais de verdadeiro,
belo e bom, tanto no plano individual como social” (Idem, p. 4).
Este entendimento contribuí para pensarmos no papel da escola na
contemporaneidade defendido por Almeida Jr. (2000) uma escola que seja educativa,
com um ensino voltado para a cidadania, para o desenvolvimento ecologicamente
autossustentável, para a prática do pensamento e da ação permeados por valores de
juízo ético e estético.
A escola enquanto instituição educacional converteu-se em um elemento de
inclusão social, assumindo um processo de democratização da sociedade onde a
garantia, o acesso e a permanência na escola se tornam direito de todos. Ainda que
esse todo não esteja na escola, o que constituí um dos grandes desafios da educação
brasileira, outros olhares se faz necessário, como a necessidade de ajustar o processo
educativo rumo a qualidade da educação, e
uma educação de qualidade, requer a seleção de conhecimentos relevantes, que incentivem mudanças individuais e sociais, assim como formas de organização e de distribuição dos conhecimentos escolares que possibilitem sua apreensão e sua crítica (BRASIL, 2007).
Investir na qualidade da educação é uma necessidade apontada por todos os
que se dedicam a analisar a escola uma vez que sua função é, em primeira instância,
formar cidadãos
com conhecimentos e habilidades cognitivas que lhes possibilitem entender e interpretar toda a gama de valores e informações que lhes são transmitidas no cotidiano, nas suas práticas sociais, nas suas relações com o mundo, habilitando-as para uma participação mais ativa e crítica da vida social e política (MARQUES apud PIMENTA, 2005, p.85).
Mas, dar esse empoderamento para o exercício da cidadania depende de
determinantes fatores presentes nos currículos escolares, seja ele oficial, explicitado
nas propostas, ou oculto, expressos nas atitudes e valores transmitidos nas relações
humanas dentro do espaço escolar.
42 Adicione um título ao seu documento
No currículo oficial temos um conjunto de ações ou esforços pedagógicos
desenvolvidos com intenções educativas e sistematizados de acordo com os níveis
de ensino e, no currículo oculto, a transmissão de valores muitas vezes não
intencionais, por meio de rituais, práticas, regras, organização das turmas e das
atividades, ou seja, é um currículo não formalizado que surge na dimensão das
crenças e comportamentos e que acabam embutindo valores por meio de uma
educação pelo exemplo.
Dado o convívio num espaço onde todos atuam e interferem uns aos outros, a
escola torna-se um espaço de diversidade cultural, sendo esta uma vertente que toma
frente nos estudos atuais sobre o currículo. A atenção de currículo e conhecimento é
transferida para currículo e cultura, pela forte presença da cultura na organização da
vida social.
Figura 3: Currículo, cultura e conhecimento escolar a partir do referencial de Brasil (2007) Elaboração própria.
A compreensão de currículo e de cultura como um conjunto de prática que se
concretizam dentro e fora da escola, permite-nos ajuizar que a pluralidade cultural no
espaço escolar consiste em mais um desafio à educação, pois traz a necessidade de
se gerenciar conflitos. Por outro lado, pode servir de ferramenta para um
realinhamento do currículo escolar para fazer frente aos currículos extraclasse que
hasteiam valores, como consumismo, individualismo, padronização entre outros.
Valores que são projetados nas salas de aula afetando o trabalho pedagógico
(BRASIL, 2007).
43 Adicione um título ao seu documento
A diversidade cultural, entendida dentro de uma posição de isolamento de
classe social, sexo, nacionalidade, origem étnica/regional entre outros, tem sido
motivo de várias pesquisas no campo da educação, dada a antinomia entre o direito
a igualdade e o respeito a diversidade. Nesse conjunto, pesquisas discorrem sobre as
concepções de escola: escola somente para elite, escola privada para ricos e escola
pública para pobres, educação para todos, escola com currículo voltado à
oportunidade de aprendizagem igual para todos, currículo de equidade - onde se dá
mais a quem tem menos com foco na igualdade de resultados. São concepções
empregadas para corresponder aos diferentes tipos de desigualdade que
Apesar das tentativas de proporcionar maior igualdade de oportunidades —tanto ao nível das condições de acesso como das condições escolares, de modo a garantir igualdade de oportunidades a nível também dos resultados—os processos de segregação escolar não têm deixado de se fazer sentir, assumindo, nesta fase de ampla escolarização de todos, diversas formas no interior do próprio sistema de ensino (SEABRA,2009, p. 79).
Para minimizar ou combater as desigualdades no campo da aprendizagem,
propostas como a de manter objetivos comuns, porém diferenciando os modos de
atingi-los, dando “a todos, condições adequadas ao domínio de um conjunto de
saberes, normas e valores que sustentem a integração social e o exercício da
cidadania” tem sido consideradas eficazes (SEABRA, 2009, p. 80).
44 Adicione um título ao seu documento
Numa sociedade em que questões sociais e econômicas se atrelam a
educação, onde o acesso e a permanência tem ligação estreita com a renda das
famílias, onde os valores não mais são difundidos com base no ético, no justo, onde
o ser humano muito mais vale enquanto “ter” do que “ser”, onde o processo educativo
se diferencia nos limites do público e do privado, onde os objetivos tomados a princípio
visam a inclusão, questiona-se o papel da escola e a finalidade da educação ofertada.
Diante destas considerações é oportuno pensar como António Nóvoa, entre
outros defensores da educação, em “dar a escola o que é da escola” para que esta
possa operar de forma a atender a finalidade da educação básica estabelecida no
artigo 22 da LDB – Lei nº 9394/96 no expõe: “A educação básica tem por finalidade
desenvolver o educando, assegurar-lhe formação comum indispensável para o
exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores”.
No entanto, tomar consciência da finalidade da educação por si só não basta
para objetivar o processo educativo. Faz se necessário o entendimento do que
representa “desenvolver o educando”, “o que representa ser cidadão e exercer sua
cidadania”, “de que trabalho falamos, que conceito tomamos para direcionar o ensino”
e ainda “que direcionamento é preciso dar para que o aluno sinta o desejo e o
interesse em desenvolver-se ao longo da vida”. E para ajudar nestas reflexões
podemos utilizar os apontamentos feitos por De Masi (2000), no que diz que
“...partimos de uma sociedade onde uma grande parte da vida das pessoas era dedicada ao trabalho, estamos caminhando em direção a uma sociedade na qual grande parte do tempo, e em parte já é, dedicado a outra coisa”. (p.13)
“...entre as atividades que realizamos com o cérebro, as mais apreciadas e mais valorizadas no mercado de trabalho são as atividades criativas. Assim sendo, acredito que o foco [...] deve ser esta dupla passagem da espécie humana: da atividade física à intelectual, da atividade repetitiva à criativa" (p”14)
“...somos os únicos animais que não recomeçam sempre do início, mas que, além das características hereditárias e do saber instintivo, recebem dos adultos o saber cultural” (p.23)
“...o processo de aculturação torna-se mais extenso e generalizado [...] para chegarmos aos dias de hoje, nos quais os meios de comunicação de massa nos “educam” e nos “aculturam” desde o nascimento até a nossa morte.” (p.31)
45 Adicione um título ao seu documento
Como podemos observar no campo do trabalho, por exemplo, a educação deve
partir de um conceito de trabalho entendido como um conjunto de atividades físicas
ou intelectuais empregadas para atingir objetivos, diferenciando de trabalho enquanto
emprego, profissão ou ofício que caracterize a venda desse esforço em prol de uma
remuneração mensal.
Portanto, quando falamos na finalidade da educação partimos de alguns
pressupostos, seja eles fundamentais ou instrumentais. Almeida Jr. (2000) ao
especificar estes pressupostos, defende que entendê-los é abrir caminho para a clara
definição pedagógica dos elementos curriculares - objetivos, conteúdos e
metodologias – presentes em todas as modalidades e em todos os níveis de ensino.
Pre
ssu
po
sto
s fu
nd
am
en
tais:
- A humanidade seja capaz de operar a felicidade (alegria, beleza, prosperidade);
- Seja positiva a imagem do homem que vai ser formado;
- A pessoa humana seja perfectível (completa);
- A pessoa esteja capacitada para a liberdade;
- A pessoa esteja capacidade para a responsabilidade.
Pre
ssu
po
sto
s in
stru
me
nta
is:
- A educação seja um processo dialógico;
- A finalidade da educação seja fundamentada;
- As estruturas escolares sejam adequadas;
- Os conteúdos escolares estejam de acordo com a verdade;
- A avaliação escolar não seja tendenciosa;
- Quem ensina seja capaz de ensinar;
- Quem ensina tenha vontade de ensinar;
- A mensagem coletiva possa ser criticamente processada e individualizada por cada educando;
- A motivação do educando seja real;
- A competência adquirida seja realizada na prática;
- A educação não seja manipulação;
- A virtude possa ser ensinada pela vivência.
46 Adicione um título ao seu documento
Diante da finalidade da educação e do perfil do educador para o século XXI,
questiona-se que tipo de formação se faz necessário para atender as complexidades
da profissão docente. Nesta linha apresentamos algumas facetas necessárias à
profissão docente elaboradas por José Maria G. de Almeida Jr. (2000), consultor
legislativo na área de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Câmara
dos Deputados, a saber:
E para aquisição destes conhecimentos sugere a adoção de métodos que
contemple o estudo individual sistemático, o estudo do trabalho de outros professores,
questionamentos e verificação de teorias e a adoção de procedimentos de
investigação.
Pedagógica – conhecimento das teorias da educação e da instrução; estudo dos ideais da educação segundo determinada concepção de vida, e dos processos e técnicas mais eficientes para realizá-los;
Epistemológica – domínio de conhecimentos geral e específico, sobretudo de metodologias para a produção, conservação, transformação, aplicação e transmissão de conhecimento;
Axiológico – ético e estético – compromisso individual e social com a realização do verdadeiro, do belo e do bom. Deve ser entendido como prática do pensamento e da ação no sentido e na direção que se dá aos valores que permitiram escolhas pelo indivíduo, pelo grupo social ou pela sociedade, que podem ser benéficas ou maléficas.
47 Adicione um título ao seu documento
Considerando que a atuação do professor pode ocorrer em diferentes
modalidades e níveis de ensino, a ideia de elaborar uma proposta de desenvolvimento
profissional tem como premissa buscar conhecimentos que conduza o trabalho
docente dentro de uma perspectiva mais suave e gratificante. Entendendo que
A formação do professor está sendo cada vez mais reconhecida como um processo complexo, que envolve a pessoa nas suas dimensões intelectual, social, moral, emocional e estética (Beattie, 1995). Para Dominicé (2000), a formação não pode ser dada, nem transmitida, nem oferecida nos catálogos, pois pertence exclusivamente àquele que se forma. Qualquer que seja o grau de dependência em relação aos apoios externos, às vinculações institucionais ou às características econômicas, sociais e culturais, cada um forja sua biografia e dá-lhe forma. Ainda nesse sentido, Fusari (1992) indica ser necessário estimular nos educadores uma atitude de busca contínua de aperfeiçoamento do seu processo de desenvolvimento pessoal (cidadania) e profissional (trabalho) (MEGID NETO, JACOBUCCI, 2007, p.75).
Os desafios postos por estes autores pode servir de referencial para uma
proposta de formação, uma vez que declara a necessidade do professor ser envolvido
nesse processo, indicando a partir de sua experiência conteúdos que lhe apresente
sentido e que tenham aplicabilidade na sua prática docente. Nesse sentido Megid
Neto et.al. (2007, p.76) acrescentam a necessidade de “investigar o que os
professores desejam e como eles buscam e entendem a formação continuada, a partir
da vivência na profissão”. Portanto para o desenvolvimento da proposta, é importante
ressaltar alguns argumentos delineados por Medig Neto et al
Vários autores têm colocado que os conteúdos abordados nos programas de formação continuada devem corresponder aos questionamentos que os professores fazem sobre a prática docente, além de levar em conta o conhecimento do professor e as limitações da realidade escolar. Para Gil Pérez (1996), muitos dos problemas do processo ensino-aprendizagem não adquirem sentido até que o professor os tenha enfrentado em sua própria prática e, dessa forma, o estabelecimento de uma estrutura de formação continuada pode minorar esses problemas. A formação continuada oferece, quase sempre, recursos para que o professor se muna de conhecimentos teóricos, aparatos didáticos, metodológicos e técnicos; no entanto, não pode jamais estar desvinculada do processo escolar. Nesse sentido, os programas de formação continuada devem considerar criticamente o que os professores percebem sobre a própria formação continuada (Sampaio; Leite, 2000). Propor atividades que atendam a todos os quesitos necessários para realmente contribuir com a formação continuada de professores é uma provocação às secretarias de educação, universidades, sindicatos e escolas de todos os níveis de ensino. Isso porque não se trata de simplesmente pensar a atividade, fazer os professores participarem, divulgar o programa e atuar respeitando o que os professores querem (MEGID NETO e JACOBUCCI, 2007, p.76).
48 Adicione um título ao seu documento
No que se refere aos conhecimentos, apresentamos aqui o arranjo de enfoques
entendido por Almeida Jr. (2000) como necessários à formação do professor, a saber:
Após a compreensão sobre conteúdos que devem fazer parte de uma
proposta de formação, cabe então pensar no modelo de formação, entendendo que
em cada modelo estão inseridos intensões e orientações que vislumbram saberes
e/ou experiências que os aprendentes precisam adquirir e/ou vivenciar em função de
sua formação.
Os vários modelos de formação apresentam características que revelam o
caráter da formação. Dentro do modelo clássico, por exemplo, as propostas de
desenvolvimento são construídas e aplicadas por técnicos, onde o professor
aprendente não participa da sua elaboração. Elas são implementadas normalmente
por meio de palestras, oficinas, seminários e, principalmente através cursos de
capacitação ou treinamento e trazem uma visão tecnicista de formação, pois objetivam
instrumentalizar o professor para a aplicação de conteúdos em sala de aula. A
•ênfase nas disciplinas de fundamentação, como filosofia, antropologia e pedagogia da educação e nas de instrumentação, sobretudo as que dizem respeito aos métodos e técnicas de ensino e de aprendizagem.
FORMAÇÃO PEDAGÓGICA
•ênfase na área de atuação específica do professor, metodologias de aquisição e aprimoramento de conhecimento.
FORMAÇÃO DE CONTEÚDO
•ênfase na língua portuguesa oral e escrita para que se cultive a norma culta em todas as situações, pois estamos sempre sendo observados;
•ênfase nas competências relacionais, para integração em equipes de trabalho e para manter um bom relacionamento e uma conduta ética, responsável e adequada.
•ênfase na reação aos estímos e nas respostas aos mais diversos estímulos a fim de manter o equilíbrio físico e emocional.
FORMAÇÃO COMPORTAMENTAL
49 Adicione um título ao seu documento
metodologia de ensino é de base tradicional - transmissão-recepção, ou seja, cabe a
equipe técnica transmitir o conhecimento e, ao professor aprendente, apenas recebe-
lo sem que haja interação ou troca de experiências entre as partes. Portanto, anula
qualquer discussão acerca da prática pedagógica do professor e dos problemas
escolares e sociais relacionados ao exercício da profissão, sendo o foco os conteúdos.
Portanto, a definição de um modelo de formação depende do posicionamento
dos futuros aprendentes e da forma como se colocam diante de um processo de
formação, de desenvolvimento profissional e do conhecimento sobre os vários tipos
de formação continuada.
OUTROS MODELOS DE FORMAÇÃO.
Figura 4: Modelos de formação a partir do referencial de Mogid Neto et al (2007). Elaboração própria.
No entanto, como no modelo emancipatório-político, é de suma importância
atrelar teoria e prática, sendo a teoria tomada como instrumento de arranjo às
soluções competentes diante de dificuldades encontradas nas atividades da prática
docente, enquanto a prática, carregada de saberes proporcionados pela experiência
do “fazer” e do “ser” professor, contribui e corrobora com as teorias ou ainda as
questiona.
50 Adicione um título ao seu documento
“Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em
quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento
com o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles que, em
lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelarem a um
passado de rotina” (PAULO FREIRE, 2002).
Com objetivo claro de desenvolvimento profissional docente e de dinamizar o
processo, estimular o engajamento e de estabelecer ou aprimorar vínculos
interpessoais, tomaremos como dispositivo as oficinas pedagógicas, tidas
como uma metodologia de trabalho em grupo e caracterizada pela “construção coletiva de um saber, de análise da realidade, de confrontação e intercâmbio de experiências” (CANDAU, 1999, p.23), em que o saber não se constitui apenas no resultado final do processo de aprendizagem, mas também no processo de construção do conhecimento (MOITA & ANDRADE, s/d, p.5).
Nas oficinas vamos procurar desenvolver diálogos e reflexões sobre a prática
docente e a produção do conhecimento, bem como praticar alguns métodos de
aprendizagem e de pesquisa. Também contar-se-á com o apoio de gestores,
pedagogos, professores e funcionários da escola, uma vez que a eficácia das oficinas
depende da “estabilidade dos grupos” e de “um vínculo com a instituição que permita
a motivação e o investimento pessoal no trabalho pedagógico” (MOITA & ANDRADE,
s/d, p.14).
Day (2001) sugere a investigação-ação e a narrativa como meios para
sustentar o pensamento crítico e a inteligência emocional, os quais podem ser usados
em certos momentos para determinados propósitos e durante períodos limitados. A
investigação-ação é definida como
uma forma de investigação auto-reflexiva, desenvolvida pelos participantes em situações sociais (incluindo educacionais), com vistas a melhorar a racionalidade e justiça (a) das suas próprias práticas sociais ou educacionais, (b) da sua compreensão sobre essas mesmas práticas e (c) das situações em que essas práticas se realizam (CARR e KEMMIS apud DAY, 2001, p.65).
Esta forma de pensar nos propósitos e processos de ensino, segundo Day
(2001), contribui não só “para melhorar a prática”, mas também, constitui um meio de
“gerar teorias de ação que incluam uma consideração crítica do papel desempenhado
pelo ambiente escolar ao condicionar ou ao moderar essa mesma ação.” (idem, p.65)
51 Adicione um título ao seu documento
Como a investigação-ação no âmbito escolar pode não se ajustar de forma
direta ao dia-a-dia do trabalho docente, alguns autores sugerem a investigação
narrativa, considerada um modo menos constrangedor de explorar a prática, pois “os
professores aprendem ao ouvirem e contarem histórias. A investigação narrativa “é
uma forma particularmente natural de os professores se conhecerem a si próprios e à
sua prática” (JOHNSTON apud DAY 2001, p.67)
A exploração das histórias de vida pessoais e profissionais pode funcionar como uma janela através da qual os professore podem localizar a origem das crenças, valores e perspectivas que influenciam e informam as teorias e práticas atuais sobre o ensino e sobre o que é “ser-se” professor (DAY, 2001,
p.67).
Mas para que os professores ampliem o seu conhecimento sobre a prática ao
longo da carreira Day (2001) defende a necessidade desses profissionais se
envolverem individual ou coletivamente em diferentes tipos de reflexão (ver tabela
p.41) pois considera que a reflexão na, sobre e acerca da ação possibilita aos
professores reinterpretar e reenquadrar o seu trabalho de forma a torna-lo mais eficaz.
Pretende-se ainda no desenvolvimento das oficinas recorrer a outros
instrumentos que permitam o diálogo, a escuta, as leituras e releituras sobre temas
alocados dentro da metodologia dos 5 W e 2H, alocando nesta, mais três itens –
cronograma, avaliação e bibliografias, a fim de garantir que as atividades e
intervenções sejam conduzidas dentro de um propósito. Assim, para cada
problemática levantada o quadro abaixo apresentado, denominado por mim de Tabela
Diretriz, deverá ser preenchido, dando direcionamento e objetividade às ações
investigativas a serem tomadas.
What - o que (atividade)
Why - por que (justificativa)
Tabela Diretriz
Where – onde (local)
When- quando (tempo)
Who - por quem
How – como (método)
How much (quanto) (recursos)
Cronograma
Avaliação
Bibliografias
52 Adicione um título ao seu documento
Para atingir os propósitos do Projeto de Intervenção, intitulado de “Gestão
Escolar: articulação e organização do coletivo educador na perspectiva do
desenvolvimento profissional docente”, idealizou-se cinco oficinas pedagógicas:
“Necessidades de formação”, “Tempos e espaços de formação”, “Metodologias e
estratégias de formação”, “Gestão do pedagógico” e “Avaliação, cronograma e
referencial bibliográfico”.
Na sua concepção as Oficinas Pedagógicas correspondem a ação coleteviva
de construção de saberes provenientes de análises e reflexões. Portanto, cada
oficina será provida de atividades pré-definidas, onde em grupo, os professores
possam se envolver de forma ativa e democrática em discussões objetivas sobre os
assuntos elencados em cada módulo.
54 Adicione um título ao seu documento
Oficina destinada a atender as etapas “por quem” e “recursos”, ou seja,
definição e delegação de responsabilidades e dos recursos didático-metodológicos
necessários ao desenvolvimento profissional, bem como o gerenciamento das ações
e datas previstas. Também nesta oficina deve-se prever a necessidade de inclusão
de agentes e instituições externas para fomentar o processo de desenvolvimento
profissional no campo emocional, físico e intelectual. Caberá também ao grupo pensar
nas relações humanas e no envolvimento ativo de todos, de modo que cada membro
se sinta importante e inserido no processo.
55 Adicione um título ao seu documento
Oficina destinada à elaboração e/ou definição de procedimentos de análise e
reflexão sobre os resultados relativos ao desenvolvimento da proposta, contemplando
a participação, a motivação, os agentes de apoio psicológico e material. Também
nesta oficina deve-se discutir sobre os modelos de avaliação e os critérios e objetivos
deste processo.
Com relação ao cronograma da oficina, este será planificado no início do ano
letivo, logo após a escola concluir a organização dos horários de trabalho dos
professores, dada a necessidade de agendar as oficinas, neste primeiro momento, de
acordo com a tabela de hora-atividade do corpo docente.
E no que diz respeito ao referencial bibliográfico, abrir-se-á discussão sobre a
criação e organização de um acervo material e virtual de fácil acesso, de apoio teórico
e instrumental.
Organização do Plano de Desenvolvimento Profissional Docente e
apresentação do documento aos professores, equipe diretiva e pedagógica do
colégio.
56 Adicione um título ao seu documento
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